Prévia: Livro PITTY.

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Cronografia: Uma trajet贸ria em fotos





CAROLINE BITTENCOURT


Copyright © 2014, Pitty Copyright desta edição © 2014, Edições Ideal Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em sistema de recuperação ou transmitida, em qualquer forma ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros), sem a permissão por escrito da editora.

Editor convidado: Luiz Cesar Pimentel Coeditor: Marcelo Viegas Textos: Pitty (com colaboração de Luiz Cesar Pimentel) Capa, projeto gráfico e diagramação: Guilherme Theodoro Foto da capa: Otavio Sousa Fotos das guardas: Divulgação Deck/Otavio Sousa Revisão: Mário Gonçalino Diretor de Marketing: Felipe Gasnier Agradecimento especial: Rafael Ramos e Deckdisc Fotógrafos: os créditos fotográficos deste livro estão posicionados nas próprias fotos.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Bibliotecária: Fernanda Pinheiro de S. Landin CRB-7: 6304 P693p Pitty, 1977Pitty: cronografia : uma trajetória em fotos / Pitty. São Paulo: Edições Ideal, 2014. 168 p. ; 25 cm. ISBN 978-85-62885-08-2 1. Pitty, 1977- - Obras ilustradas. 2. Cantoras - Brasil - Biografia - Obras ilustradas. 3. Pitty (Músicos de rock). I. Título.

CDD: 927.8166

18.07.2014

EDIÇÕES IDEAL

Caixa Postal 78237 São Bernardo do Campo/SP CEP: 09720-970 Tel: 11 4941-6669 Site: www.edicoesideal.com

Este livro foi composto em Courier New, com textos auxiliares em DIN e Veener.

Impresso pela gráfica RR Donnelley, em papel couche fosco 150g/m2. São Paulo, Brasil, 2014.


Cronografia: Uma trajet贸ria em fotos


sumário página 07

página 09

página 19

página 31

página 41

página 73

página 93

página 115

DIVULGAÇÃO DECK / OTAVIO SOUSA

página 135

prefácio Gênese inkoma shes pitty agridoce clipes backstage show



DIVULGAÇÃO DECK / CAROLINE BITTENCOURT


Prefácio 2005 ou 2006. Estava com a Pitty na área de descanso de

começo de carreira (solo) recusar tocar em horário

jornalistas e artistas em festival gringo. Ela se di-

mais que nobre porque não faria playback. Lembro de

vertia tirando fotos dos cabelos europeus quando vi o

ter pensado: “Putz. Atitude. Mas...será?”. E foi.

ex-Queens of the Stone Age Nick Olivieri se aproximar.

Pouco tempo depois, quem fez a concessão foi o pro-

Comentei com ela com uma intenção perversa. Ver na in-

grama e ela se apresentou ao vivo.

versão de papéis como ela se comportaria, pois à época sabia que o ex-grupo do baixista estava em seu Top 3.

E é como você a encontra nas páginas desta cronogra-

Ela só comentou: “Os meninos da banda são muito fãs

fia. Sempre orgânica. Da gênese ao...bem, apocalipse

dele. Vou ligar e contar”. Pegou o celular e foi isso.

virá em futuro distante.

Fiquei lá, murcho. Se não consegui prever a reação

Foi um grande elogio ela ter me convidado para editar

dela à época, somados todos esses anos de sal ami-

o livro e fazer esta apresentação. A premissa (que

go compartilhado e alguns tantos shows do Slayer,

defini sozinho) para seleção de material foi atuar

consigo dizer o que você nunca a verá fazendo. Como

como um justo superego, pois sei que se ela mesma

não a verá fazendo neste livro-história, cabe contar

pinçasse no acervo você menos veria sua carreira e

aqui. (Depois eu conto sobre o livro, fica tranquilo.)

mais veria quem ela considera que a ajudou nesta.

Você nunca a verá virar as costas para um amigo,

Até os 45 minutos do segundo tempo foi assim. Enquanto

deixar de lembrar das pessoas que lhe são caras,

este texto tomava forma, tome e-mail dela com inter-

segurar talheres de realeza em ilhas abonadas e abo-

rogações: “Mas e fulano de tal (está nas fotos)?”.

badas ou abrir a porta de seu closet (mentira, ela nem tem closet) para câmeras desconhecidas. E algo

Tanto suor em cada vírgula em que participa garante

que separei da lista para enfatizar: você nunca a

que você tenha um livro-história-em-fotos com qua-

verá fazer concessões.

lidade irretocável na mão. É assim que as coisas da Pitty acontecem. Seja música, seja a relação com as

Quando digo concessões, não entenda como rigidez de

pessoas, seja um livro.

cabeça. Mas abrir mão de algo que lhe tem valor. Como o olho no olho, o afeto e a música. Eu a vi no

Luiz Cesar Pimentel



Gênese

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fotos ARQUIVO PESSOAL PITTY


ARQUIVO PESSOAL PITTY


Sempre teve música em casa. Desde que consigo lembrar. Meu pai tinha bar, e a tradição era a

português bateu de verdade em mim. As mensagens eram contundentes e dava vontade de escrever também.

seresta de sexta-feira. Na seresta, ele

Era complicado, pois tinha apenas uma loja

mistura de Geraldo Azevedo com o rock na-

lar, São João, acho, estava andando pela

cantava e tocava. Música de barzinho, uma cional que fazia sucesso na época, começo dos anos 1980.

Uma das primeiras memórias que tenho é da minha mãe me levando a um programa

de calouros, da tia Arilma, na TV (Aratu, programa “Recreio”), onde crianças se apresentavam. Cantei “Menino do Rio”, e voltei lá umas três ou quatro vezes. Lembro

de

ver

o

primeiro

Rock

in

Rio

(1985) pela TV e ficar extasiada. Nessa época me encantei por Rita Lee. E ficava fuçando os discos dos meus pais, tinha

Beatles, Celly Campelo, coisas da jovem guarda… e de repente teve o Natal em que

de discos na cidade. Teve uma festa popu-

Passarela do Álcool e em uma barraquinha tinha uma TV. O que estava rolando me hip-

notizou. Fui fisgada pelo vídeo e fiquei lá vendo até o final, uma coisa muito maluca,

e só bem mais tarde fui descobrir que era o The Wall (Pink Floyd).

Era época do tráfico de fitinhas cassete. Eu tinha quatro fitas – The Wall, o álbum

preto do Metallica, uma que era AC/DC de um lado e Accept de outro e o Appetite for Destruction, do Guns (N´Roses). Lembro

muito de “Hells Bells”, do AC/DC – nem sabia quem eram os grupos; só sabia que gostava. Nem sabia que caras os caras tinham.

ganhei meu primeiro disco “de adulto”, de

O lance da imagem veio depois, quando a

com os dois em um mar de celofane (aquele

tinha TV a cabo, obviamente não existia

Rita Lee e Roberto de Carvalho, capa azul que tem a música “Flagra”).

O rock aconteceu quando fui pra Porto Seguro. Mudei para a cidade e fiquei lá dos

MTV veio pro Brasil (em 1990). Eu não Internet e revistas não chegavam lá de

imediato. Só fui saber como era o Angus Young muito tempo depois.

11 aos quase 15 anos. Estava naquela fase

Uma tia minha tinha TV a cabo. Estava na

em Porto Seguro que meu gosto musical foi

clipes de rock. E nessa época rolava muito

de gostar de Beatles e Elis Regina, e foi

se definindo. Especialmente quando encon-

trei na lanchonete dos meus pais uma fita cassete com músicas de Raul Seixas: foi então que a coisa de rock com letra em

casa dela e descobri um canal que passava

clipe do Faith No More, Ramones, Nirvana e

Pixies. Não queria fazer outra coisa a não ser absorver aquele tanto de música diferente que eu nunca tinha visto na vida.

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Em Porto Seguro deixei de ser criança e

virei mulher. Foi uma fase de definição de personalidade. Quando voltei para Salva-

dor encontrei minha turma, gente que curtia rua, skate e o mesmo tipo de som que eu naquela época.

Era bermudão, raspar os lados da cabe-

ça pra ficar igual ao Mike Patton, camisa xadrez e mergulhei em uma onda Jane´s

Addiction, Soundgarden, Mudhoney. Grunge

total. Junto com isso, o hardcore e o punk

rock já estavam ganhando cada vez mais espaço no meu dia a dia.

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Página ao lado (sentido horário) _Com dois anos, na Praça do Garcia, em Salvador. _Aos seis anos, no final de uma apresentação de dança.

Nesta página (sentido horário) _Julho de 1980, por volta dos três anos.

fotos ARQUIVO PESSOAL PITTY

_No Jardim de Alah, em Salvador, aos 10 anos.

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Nesta página (sentido horário) _Na Praia de Itapuã com minha mãe, aos quatro anos. _Por volta de dois anos. _Por volta de dois anos, na Praça do Garcia.

Página ao lado (sentido horário) _Por volta de um ano e meio. _Com meu pai, na Praia de Itapuã, aos oito meses de idade.

fotos ARQUIVO PESSOAL PITTY

_Aos oito anos.

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fotos ARQUIVO PESSOAL PITTY


Na página ao lado Aos sete anos, numa apresentação de dança. Minha mãe disse que essa cara é porque alguma coleguinha tinha errado um passo e eu fiquei tirando onda.

Nesta página Aos nove anos, no encerramento do curso de manequim (pois é, nessa época se chamava assim).


sora maia


INKOMA

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sora maia



sora maia

Com Pedro Pererê, guitarrista da formação original do Inkoma.

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Acima Lançamento do EP Influir. Com participação de Nancy Viegas cantando (2000).

Ao lado B. Negão, eu, Renzo (D.F.C) e Frango (Galinha

participação no disco do D.F.C.

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arquivo pessoal pitty

Preta); quando fui pra Brasília gravar uma


arquivo pessoal pitty

Eu trabalho desde bem novinha. Minha tia

estranho o Deep Purple, mas ok, gostava

to Seguro, e me arrumou para ser bike girl.

Era época de muito rapcore, crossover.

trabalhava na Associação Comercial, em PorFazia entregas de bicicleta para descolar

muito de punk, Dead Kennedys, Bad Brains.

uma grana. Era algo natural trabalhar, eu

A banda era o Inkoma.

tonomia, o que eu associava com liberdade.

No começo a gente ensaiava no quarto do

Quando voltei a Salvador, comecei a tra-

cada querendo fazer um som. As formações

curtia e buscava isso porque me dava au-

balhar no comitê eleitoral do meu tio Clarindo. Ele era candidato e tinha um comitê no centrão da cidade, perto do Pelourinho. Eu ficava tirando cópias em xerox.

R.E.M. bombando no rádio, Dee Lite, e logo na primeira grana que tirei fiz uma tatua-

gem horrorosa na perna. Com o dinheiro que tinha não dava pra fazer melhor, então fiz qualquer coisa que minha grana bancava.

Meu próximo emprego definiu o rumo das coi-

sas. Fui trabalhar como recepcionista em um estúdio. Era um estúdio de publicidade, faziam jingles, mas sei que tinha mi-

batera, uma coisa bem mambembe, era moleforam mudando, também porque era hora de

definição de vida, né? Um foi fazer faculdade, o outro foi trampar com outra coisa

e a vida ia levando cada um para um lado. Eu queria que acontecesse, queria estar

nos palcos e não só tocando nas festas

da galera em condomínios. Queria tocar em festivais, gravar fita demo, fazer parte daquilo. Botava pilha nesse sentido, inclusive de insistirmos em um repertório cada vez mais autoral - eu escrevia bas-

tante e estava louca pra ter onde desaguar esses escritos.

crofone e equipamento, então era música.

E começamos a crescer dentro da cena, co-

Uma menina trabalhava lá e chegou pra mim

tes da cidade, formar um público massa.

um dia e perguntou: “Você canta?”. Respondi: “Claro!”. Porra nenhuma, nunca tinha

cantado de verdade; só em karaokê e bandas de escola. E ela me falou que o irmão dela

tinha uma banda, com um vocalista já, mas queriam experimentar com dois, uma menina cantando junto.

Fui falar com eles e disseram: “A gente ouve Ramones, Sex Pistols e Deep Purple”. Achei

meçamos a tocar nos festivais importanClaro que era uma cena pequena, mas era algo acontecendo. Trabalhamos e ralamos bastante,

participamos

de

coletâneas,

trocava fita demo com outras bandas pelo país afora, conhecia galera de zines, toda uma movimentação de underground que

estava bastante consistente ali no final dos anos 90.

O Inkoma durou de 1995 a 2001.

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Atenção. Esta é apenas uma prévia. A versão final deste livro possui 160 páginas.



SETEVIDAS, lanรงado em 10 de junho de 2014.

autorretrato

Da sessรฃo de autorretratos para a capa do รกlbum


Cronografia: Uma trajet贸ria em fotos


Cronografia: Uma trajetória em fotos

“Sempre teve música em casa. Desde que consigo lembrar.” É a primeira frase de Cronografia, que conta a trajetória de Pitty em fotos e em suas próprias palavras.

O livro vai além da biografia da cantora. É uma radiografia da carreira de quase duas décadas de Pitty. Das lembranças de

infância na Bahia e dos primeiros passos no palco (com Inkoma e Shes) até a volta ao mundo com a bem-sucedida carreira solo. Registros visuais que contam uma história musical.

ISBN 9788562885082

edicoesideal.com 9 788562 88508 2 >


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