Com as devidas licenças
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P. OLIVEIROS DE JESUS REIS
MÊS DO CORAÇÃO DE JESUS 12ª EDIÇÃO
Ficha Técnica: © 2019 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel: 225 365 750 www.edisal.salesianos.pt editora@edicoes.salesianos.pt Cavaleiro da Imaculada cavaleiro.imaculada@edicoes.salesianos.pt 11ª Edição publicada em 2017 Reimpressão da 11ª edição em 2019 Impressão: Uniarte Gráfica, SA ISBN: 978-989-8982-03-2 D.L.: 457568/19 Visto pela Congregação - Vila do Conde, 5-7-89 P.e Manuel Caminha Nihil obstat - Braga, 7-9-89 P.e Fernando Leite
AO LEITOR
Há cerca de trinta e dois anos, estive à morte, Pedi todos os Sacramentos dos enfermos e determinei até, como seria o funeral e como iria vestido. Não tinha chegado ainda a minha hora. Lembro-me, ao pensar na comparência perante o tribunal Divino, onde a sua Justiça me pediria contas, que me serviria de motivo, para contar com a sua infinita Misericórdia entre outras coisas, a sua promessa feita a Santa Margarida Maria: «Quem propagar esta devoção, terá o seu nome escrito no meu Coração, donde jamais será riscado.» Dizia então de mim para mim: embora sem merecimento nenhum da minha parte, tenho confiança de que Jesus será para mim todo doçura e misericórdia, pois tenho sido um apóstolo da devoção ao seu Coração Misericordioso. E estava confiante. Além da Missa de Reparação e Reinado dos Sagrados Corações que rezo por amor todos os meses, tenho propagado o culto aos Sagrados Corações de — 5
Jesus e de Maria, pela palavra escrita e oral. Várias pagelas sobre o Coração de Jesus têm sido por mim escritas e editadas sucessivamente, com muitos milhares de exemplares. Várias vezes tenho pensado que o meu peregrinar por este mundo está quase no fim e isto me tem estimulado para mais e melhor aproveitar o tempo que me resta, fazendo boas obras que me acompanhem para a eternidade e que, mesmo depois da morte, continuem a tornar conhecidos e amados os Corações Santíssimos de Jesus e de Maria. Um dos melhores meios que Deus deu aos homens para esta presença continuada é a imprensa. Dizem que o meu estilo é claro e convincente, cheio de simplicidade. É um dom de Deus que tenho obrigação de empregar e fazer render para sua glória, meu bem e bem das almas. Quero homenagear mais o Coração de Jesus e por isso me decidi a escrever este pequeno livro em sua honra. Que ele encha as minhas palavras de unção e de amor, para O glorificar e ajudar a salvar as almas dos meus irmãos.
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CAPÍTULO I
O CORAÇÃO DE JESUS E A SUA CONFIDENTE MARGARIDA MARIA A devoção ao Coração Santíssimo de Jesus manifestada e pedida por Ele a Santa Margarida Maria no século XVII, não é mais do que o recordar o Amor infinito de Deus, patente na Obra da Criação e de modo especial na sua Obra Redentora que atinge o auge com a Crucifixão no Calvário e na instituição da Sagrada Eucaristia. Este amor infinito de Deus pelos homens é-nos narrado oficialmente pela Revelação Divina contida na Sagrada Escritura e na Tradição Patrística. Jesus pede que este Amor seja representado por um Coração de carne, para tocar os homens insensíveis a tantas provas da sua ternura e predilecção. A seguir à conversão do Imperador Constantino no ano 313 da nossa era que pôs termo às perseguições sangrentas de três séculos, a paz foi dada à Igreja. O império Romano vai-se convertendo até atingir a plenitude. Depois convertem-se os Bárbaros que o invadiram. Durante os treze séculos que se seguiram à conversão à Fé cristã do impe-
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rador romano, a Igreja conservou as nações cristãs sob a lei do Evangelho, simbolizada na bandeira da cruz dada a Constantino Magno. No século XVI os povos começaram a fugir do suave jugo do Senhor. Os costumes pagãos, através do movimento chamado «Renascença», vêm substituir, em parte, a pureza do Evangelho. Um mau sacerdote, Martinho Lutero, professor numa Universidade da Alemanha, lança o grito de revolta em 1517 e corta a unidade da Igreja e da Fé. Pela aplicação das suas falsas doutrinas, a Inglaterra Católica faz-se também protestante e deixa de obedecer ao Papa; muitas outras nações lhe seguem o exemplo, e até a própria França, a filha primogénita da Igreja, fica dividida em parte. No seu eterno presente, Deus sabe o resultado final e desastroso a que esta traição ao evangelho, por parte dos homens e nações, os irá levar, se não se converterem ao seu Amor. A Santa Margarida Maria, o nosso Divino Redentor aponta os males e indica os remédios salvadores, fazendo solenes promessas para todos os que abraçam a devoção ao seu Sacratíssimo Coração. Todas as nações foram dadas por herança a Nosso Senhor Jesus Cristo, todas devem aceitar o reinado social do Sagrado Coração. Temos de verificar pelos factos que, na maioria, nem os homens nem as nações aceitaram o convite de Jesus, dado através da sua embaixatriz Margarida Maria, e por isso na Inglaterra protestante surgirá a sociedade secreta da Maçonaria, que
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pretende dominar toda a humanidade com princípios contrários ao Evangelho. Tendo passado à França, as suas ideias alastram por todo o mundo, dando origem à célebre Revolução Francesa, que corta com a Igreja como mãe e mestra dos povos e derruba o trono, levando à guilhotina Luís XVI. Uma noção falsa da liberdade se espalhará então, em que o homem se sobrepõe a Deus e «não Lhe reconhece direitos de Criador, Senhor, Pai e Redentor». Das ideias da Revolução Francesa, nascerá o liberalismo económico condenado várias vezes pela Igreja e depois o socialismo anti-religioso, que terá o seu apogeu nas doutrinas de Marx que darão origem ao comunismo ateu que se alimentará de anarquia, guerras, ódios e banhos de sangue fratricida. Tudo isto o Coração de Jesus quis evitar. Os homens e as nações não atenderam o seu apelo de Amor, mas apesar de tudo, Ele prometeu que triunfaria, dizendo à sua confidente que se lamentava de não ver o seu triunfo: «Tem confiança minha filha, Eu hei-de reinar apesar dos esforços contrários de Satanás e dos seus satélites.» Aliás este triunfo, já vem indicado no Antigo Testamento acerca do Messias-Rei, nesta frase do salmo 109: «Disse o Senhor ao meu Senhor: senta-Te à Minha direita até que Eu reduza os Teus inimigos a escabelo dos Teus pés»; e ainda, entre outros, no Salmo 2 por estas palavras: «Fui Eu quem ungiu o meu Rei. Tu és o meu Filho, Eu hoje te gerei. Pede-Me e te darei as Nações por herança e os confins da Terra para Teu domínio». Jesus, também
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disse: «Eu tenho outras ovelhas que não pertencem a este aprisco, é necessario que Eu as traga e haverá um só rebanho e um só Pastor». (Jo. X. 16).
QUEM ERA MARGARIDA MARIA A confidente do Sagrado Coração de Jesus, Margarida Maria Alacoque, nasceu a 22 de Julho de 1647 em Lantecourt, na paróquia de Vérosvres, diocese de Autun, França. seu pai o honrado senhor Alacoque era notário real muito considerado e a sua família um modelo de autêntico cristianismo. Como disse alguém, a cruz é a parteira dos grandes acontecimentos e foi no sofrimento que Nosso Senhor preparou a alma da sua confidente já que a parte essencial da devoção ao Coração de Jesus é um amor reparador. O lar de Cláudio Alacoque e de Felisberta Lamyn, os pais da nossa Santa, foi abençoado por Deus com sete filhos, dois dos quais morreram em pequenos. Os padrinhos de Baptismo de todos eles, pertenciam às mais ilustres famílias da região, devido ao conceito elevado em que todos tinham o notário Alacoque. Aos quatro anos de idade, Margarida foi viver com a sua madrinha, a senhora de Corcheval, por esta assim o desejar, para lhe fazer companhia pois era muito doente. Os pais acederam e Margarida trocou o lar paterno pelo castelo de Corcheval, que ficava a uma légua de distância. A fraca saúde da madrinha não lhe permitia dedicar-se ao cuidado da sua afilhada, pelo que a entregou a duas damas
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DIA 24
A CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS É O MAIOR PREVENTIVO DO PECADO MORTAL É de Fé que, Nosso Senhor Jesus Cristo morreu por todos nós e a Sagrada Escritura declara isto mesmo: «É vontade de Deus que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.» (1.º Tim. 2,4). Há mais alegria no Céu por um só pecador que se converte e faz penitência do que por noventa e nove que não têm necessidade de conversão. (Luc 15). Deus persegue ciosamente o pecador para que se converta e a devoção ao Coração de Jesus é um dos meios mais extraordinários de graça e misericórdia que Ele nos oferece para sairmos dos caminhos do pecado e progredindo depois de graça em graça, chegarmos até à mais alta santidade. Os pecadores que desejem verdadeiramente converter-se por mais perversos que sejam, saibam que o Senhor o deseja muito mais. Comecem por fazer a consagração ao Coração de Jesus e por venerarem a sua imagem que devem expor em lugar de honra na própria casa; tragam a medalha ou o escapulário do Sagrado Coração e repitam muitas vezes várias jaculató-
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rias em sua honra, sobretudo a chamada jaculatória milagrosa: «Sagrado Coração de Jesus eu tenho confiança em Vós.» E também esta: «Doce Coração de Jesus que tanto nos amais, fazei que vos ame cada vez mais.» Embora demore a conversão, ou pareça aos olhos humanos impossível, continuem a dizê-las pois é absolutamente certo que o Senhor virá em socorro destes seus filhos que O invocam e confiam nas suas Promessas. O desejo que se tem de sair do pecado já é princípio de conversão. Persistamos, dando o que for possível na nossa pobreza e Deus fará o resto. O Sagrado Coração de Jesus pagará por nós e suprirá a nossa fragilidade. Tenham intenção de invocar o Sagrado Coração com a mesma confiança com que Nossa Senhora o faria.
EXEMPLO Numa das grande cidades da Europa, alguém teve a ideia de entronizar o Sagrado Coração de Jesus na cadeia principal, na cela dos presos. O Sacerdote Capelão ajudado por alguns Senhores começou a fazê- lo, e começaram as conversões. Só um criminoso condenado a pena maior recusou a Imagem de Jesus, na sua cela. Chegou o dia da grande cerimónia. De manhã confissões e comunhão geral dos presos, e à tarde
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a entronização do Coração de Jesus na cadeia, e depois na cela de cada um seria também posto um quadro do Sagrado Coração. Havia alguns convidados, alegria e lágrimas de comoção em muitos olhos. Foi então que uma senhora, pedindo licença ao director da cadeia, levou um quadro do Coração de Jesus e penetrou na cela do criminoso obstinado onde cheia de Fé lhe falou da misericórdia infinita de Deus, pedindo-lhe que deixasse ficar o quadro daquele grande amigo para o confortar e lhe lembrar o seu amor. Pouco a pouco os clarões da Divina graça penetraram no coração daquele desgraçado que começou a chorar. Disse então: — Minha senhora, se o Coração de Jesus quer usar de misericórdia para comigo como dizeis, eu em troca peço que a justiça humana me castigue como deve. Fuzilai-me porque o mereço, ou metam-me por toda a vida numa penitenciária. Desejo além disso que me autorizem a fazer no pátio desta prisão, diante dos meus juízes e na presença de todos os presos, a confissão pública dos meus crimes. A petição foi deferida e alguns dias depois o penitente confessou publicamente os seus crimes. Finda a exposição, o convertido apontando dois dos seus companheiros de infortúnio exclamou: — Senhores juízes, eis dois homens que foram condenados por crimes que não cometeram. Um único culpado existe, sou eu. Estão inocentes e peço que lhe restituais a liberdade. Há uns meses que andais a fazer um
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inquérito para descobrirdes o autor de um atentado. Suspendei esse trabalho, fui eu também que pratiquei esse crime. Peço uma sentença definitiva e irrevogável, ou pena de morte ou a prisão perpétua. Os juízes assombrados condenaram-no a prisão perpétua. Este ao ter a notícia beijou com devoção a Imagem do Coração de Jesus e exclamou: — Agradeço aos meus juízes a justa sentença que proferiram. É para mim um grande alívio poder expiar todos os meus crimes numa cela, o que é mil vezes preferível a viver com remorsos e a ver os inocentes sofrer por minha causa, pois que para sempre terei comigo a meu lado a confortar-me na prisão, o divino prisioneiro do Amor! Perante semelhantes prodígios, quem não afirmará convicto que, verdadeiramente o Coração de Jesus é a esperança dos que n’Ele confiam? (A devoção ao S. C. de Jesus por E. D. M.)
DIA 25
O SAGRADO CORAÇÃO QUER A SUA IMAGEM EXPOSTA PUBLICAMENTE PARA MOVER O CORAÇÃO INSENSÍVEL DOS HOMEMS No Antigo Testamento não era permitido representar a Deus em estátuas, para evitar a confusão com os ídolos dos pagãos. Mas desde
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Í N D I C E Ao leitor ............................................................................
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CAPÍTULO I O Coração de Jesus e a sua confidente Margarida Maria
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CAPÍTULO II As grandes manifestações do Coração de Jesus .............
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CAPÍTULO III O reinado social do Sagrado Coração ..............................
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CAPÍTULO IV Promessas do Coração de Jesus aos seus devotos .........
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CAPÍTULO V Orações para o mês do coração de Jesus .......................
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Últimas palavras ............................................................... 114 Conselhos ......................................................................... 116
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