A fé que nos sustém

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João António Pinheiro Teixeira

Uma aproximação

teo-vivencial ao Credo

João António Pinheiro Teixeira

SALESIANOS EDITORA

Ficha Técnica:

A Fé que nos sustém

Uma aproximação teo-vivencial ao Credo

© 2024 João António Pinheiro Teixeira

Copyright desta edição:

© 2024 Salesianos Editora

Rua Duque de Palmela, 11

4000-373 Porto | Tel: 225 365 750 geral@editora.salesianos.pt www.editora.salesianos.pt

Capa: Paulo Santos

Paginação: João Cerqueira

Imagem de Capa: Dreamstime.com

1ª edição: Junho 2024

ISBN: 978-989-9134-35-5

Depósito Legal.: 531939/24

Impressão e acabamento: Totem

Reservados todos os direitos. Nos termos do Código do Direito de Autor, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo a fotocópia e o tratamento informático, sem a autorização expressa dos titulares dos direitos.

Aos meus queridos e saudosos Pais, para quem tudo provinha da fé e na fé desaguava; foi com eles que aprendi a crer, a crer vivendo e a viver crendo. Por isso, deposito no seu regaço esta Profissão de Fé no ano em que completo 35 anos de sacerdote. Sempre convosco, meus amados Pais, sempre unidos, agora que vos encontrais «no tempo das estrelas»(Lídia Jorge)!

«Deus existe, logo eu existo».

«Deus é exactamente como as mães: liberta os Seus filhos e haverá de buscá-los eternamente».

(Valter Hugo Mãe)

«Não se faça o que eu quero, mas o que Tu queres».

(cf. Mc 14, 36)

Em modo de compromisso

QUANDO DIGO «CREIO»…

… digo, no fundo, que não me pertenço: digo que pertenço a Deus e à Igreja que me ensinou a crer em Deus e a pertencer a Deus. Não digo apenas que acredito em Deus, na Sua existência e na Sua revelação. Digo igualmente – e fundamentalmente – que me entrego a Ele, reconhecendo que é Ele que me conduz (cf. Sal 23, 3).

Assim sendo, quando digo «Creio», não digo somente que vivo; digo, acima de tudo, que é Deus que vive em mim (cf. Gál 2, 20). Ou seja, a minha existência não é uma ego-vivência, mas uma teo-vivência.

Por conseguinte, vivo para crer e creio para viver: sem viver não teria possibilidade de crer; mas sem crer não conseguiria simplesmente viver. Pode até acontecer que não compreenda –devida e inteiramente – em quem e o que creio. Mas, mesmo que a minha compreensão não seja a mais ajustada, continuarei a viver n’Aquele em quem creio.

É nesta medida que, quando digo «Creio», digo que me disponho a viver em função de Deus: 1) para Deus (ad Deum); 2) segundo Deus (secundum Deum) e 3) em Deus (in Deo).

É como se declarasse que sou um alienado, saudavelmente alienado.

1. Crer é deixar de ser para passar a ser

Em conformidade, quando digo «Creio», deduzo que não tenho fé, assumindo que a fé é que me tem, a mim, Se fosse eu a ter fé, a iniciativa e a decisão estariam em mim. Seria eu a deliberar sobre Aquele em quem creio e sobre aquilo em que creio.

Ora, Aquele em quem creio e aquilo em que creio precedem-me e transcendem-me. Por isso, na fé não crio: creio.

A minha atitude é, prioritariamente, receptiva: acolho Aquele em quem creio e hospedo aquilo em que creio. Não sou eu que determino a fé; a fé é que me determina, a mim.

Consequentemente, não posso pretender que a fé esteja adequada a mim; a minha vida é que está adequada à fé. Tanto mais que «não fomos nós que produzimos a fé; foi ela que nos produziu, a nós. Pelo que não podemos subtrair-nos a ela de modo total e duradouro; já nos encontramos nela»1.

Não deixa de ser curioso notar que, na resposta ao pedido para aumentar a fé dos discípulos, Jesus propõe como modelo uma coisa pequena: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda…» (Lc 17, 6).

Subliminarmente, o que se nos mostra é que a grandeza da fé não é aquisição nossa, mas dom de Deus. E como reparou Tomás Halik, não estará Jesus a dizer-nos que apenas «uma fé pequena como um grão de mostarda, poderá dar fruto»2?

Uma fé que alguém presume possuir em grande dimensão pode ser, na prática, uma fé de chumbo e inchada, que oculta a

1 BERNHARD WELTE, Che cosa è credere (Brescia 1983) 49.

2 TOMÁS HALIK, A noite do confessor. A fé cristã numa era de incerteza (Lisboa 2013) 40.

ansiedade da falta de esperança. Pelo contrário, a fé que aguenta o fogo da cruz sem bater em retirada será mais semelhante ao Deus que é representado por Aquele que foi crucificado. É esta fé que nos dá a coragem para optar pelo caminho do altruísmo, da não-violência e do amor generoso.

O problema é que, em tempos de pendor sobre-individualista, o subjectivismo tenderá a adentrar-se pelos próprios umbrais da experiência da fé. A hermenêutica hiper-autónoma posiciona-se como padrão intocável e indiscutido.

Sufragada no conhecido – e vulgaríssimo – postulado «eu cá tenho a minha fé», tal hermenêutica delega a cada um o encargo de triar as suas escolhas. É neste quadro que há quem creia em Deus, mas não na Trindade; na existência de Jesus, mas não na Sua ressurreição, nem na ressurreição dos mortos, nem na vida do «mundo que há-de vir»3.

Daí que seja imperioso olhar para a fé não a partir de nós, mas a partir de Deus. Para tal e como entreviu Dietrich Bonhoeffer, só aprenderemos a fé se aprendermos a crer4. Aprenderemos a crer se nos capacitarmos de que a vida não faz sentido em função do eu de cada um, mas em função do eu de Deus. Ou, para ser trinitariamente mais preciso, em função do nós divino.

2. Crer é ser outramente

Quando confessamos Deus como Senhor, estamos a aceitar que Ele é o dono da nossa vida. É a Sua vontade que deve

3 HENRIQUE DENZINGER, El Magistério de la Iglesia. Manual de los Símbolos, Definiciones y Declaraciones de la Iglesia en matéria de Fe y Costumbres (Barcelona 1983). Este Enhiridion será citado pela letra D seguida do número do parágrafo. Neste caso, D 86.

4 DIETRICH BONHOEFFER, Resistencia y sumisión. Cartas y apuntes desde el cautiverio (Espluges de Llobregat 1969) 215.

ser feita (cf. Mt 6, 10) e não a nossa (cf. Mc 14, 36). Como notou Roger Garaudy, «a fé está em nós, mas não é de nós»5; ela não é possessiva, mas oblativa.

Daqui decorre que não tenho vida própria. Pelo que o modelo prototípico de crente é o discípulo, isto é, aquele que não se limita a ouvir o Mestre, mas que vai ao ponto de viver a vida do Mestre (cf. Mc 3, 14).

A fé pode ser então descrita como uma invasão. A fé acontece quando Deus invade completamente a vida humana. A fé é o ser de Deus no ser de cada um. Ela é «a reciprocidade de dois fiat, de dois sim, o encontro do amor descendente de Deus com o amor ascendente do homem»6.

Resultado? Crer é ser eu sendo outro, é ser outramente. Existe, portanto, uma alemdidade na fé, que consiste no facto de, em mim, eu procurar ir além de mim. A consequência é que a fé não é definível. A fé não se define: ela não tem fim, é ilimitada.

Aqui chegados, é lícito depreender que, quando digo «Creio», digo que sou amado e amo. Aliás, eu amo porque Deus me ama primeiro (cf. 1Jo 4, 19). A esta luz, o que professamos no Credo é uma história de amor, protagonizada por Aquele que «é amor» (1Jo 4, 8.16).

A conexão entre a fé e o amor é estreitíssima. A fé e o amor estão mutuamente ubiquadas: «A fé dá confiança ao amor»7; o amor oferece credibilidade à fé. Pelo que o acto de fé é também um acto de amor uma vez que só posso aderir, autêntica

5 ROGER GARAUDY, Ainda é tempo de viver (Lisboa 1981) 23.

6 PAUL EVDOKIMOV, A loucura do amor de Deus (Lisboa 1979) 27.

7 PAOLO SCQUIZZATO, O elogio da imperfeição. O caminho da fragilidade (Lisboa 2017, 3ª edição) 43.

e pessoalmente, a quem confio e a quem amo, e a quem confia em mim e me ama.

O amor é a nascente e o ápice da fé: creio porque amo e amo para que creia n’Aquele que me ama. Como já São Tomás observou, a fé constitui «uma espécie de núpcias com Deus»8. Donde, no dizer de Hans Urs von Balthasar, «só o amor é digno de fé»9. E «os que mais amam a Deus são os que mais sabem d’Ele»10.

De resto, a etimologia é suficientemente clarificadora. Em alemão e inglês, crer (glauben, believe) tem a mesma raiz de amar (lieben, love). E, no latim, o verbo credere (crer) procede, segundo algumas derivações, de cor-dare, dar o coração.

O amor desponta como a «porta da fé», expressão que se encontra no centro do Livro dos Actos dos Apóstolos (17, 24). Isto significa que a fé nunca pode ficar só pela fé. A fé só é fé pelo amor, ambos tonificados pela esperança.

Por conseguinte, crer é amar e amar é crer. Quem não crê raramente ama e quem não ama dificilmente crê. Haja em vista que a profissão de fé do povo eleito não é introduzida pelo verbo crer, mas pelo verbo amar. «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Deut 6, 4-9).

Noutro contexto, São Paulo acentua que o lugar da fé é o amor (cf. Gál 5, 6). A fé aflui necessariamente para o amor: no amor constante e no amor instante. E o certo é que o amor faz mais pela difusão do Evangelho do que as mais convincen-

8 SÃO TOMÁS de AQUINO, Credo. Exposição do Símbolo dos Apóstolos (Lisboa 2010) 15.

9 HANS URS von BALTHASAR, Solo el amor es digno de fe (Salamanca 2007).

10 Ibidem 12.

tes peças de oratória. Tertuliano notava que muitos, olhando para os cristãos, diziam: «Vede como eles se amam»11. Ou seja, «vede como eles vivem o que crêem».

Era pelo amor que eles mostravam o que eram. Daí que, entre os cristãos da primeira hora, não houvesse «qualquer necessitado» (Act 4, 34). Como tinham «um só coração e uma só alma» (Act 4, 32), todos punham tudo em comum (cf. Act 4, 32). Ninguém considerava seu o que era comum; pelo contrário, todos consideravam comum o que era seu (cf. Act 4, 32-34).

O comunalismo cristão foi levado, assim, até ao paroxismo do dom.

Ninguém era possuidor de nada e ninguém era carente de nada; ninguém tinha nada e a ninguém faltava nada. Os cristãos sentiam-se compelidos a dar tudo em obediência Àquele que Se dera todo (cf. Jo 19, 34).

Foi neste sentido que muitos, como Santo Agostinho, perceberam que aquilo que se dá aos pobres é «património que se põe nas mãos de Deus»12. Afinal e como assinalou São Jerónimo, quem bate à nossa porta «não é o pobre, é Cristo no pobre». Portanto, «quem estende as mãos ao pobre estende as mãos a Cristo»13.

A Igreja, enquanto «casa da verdade»14, tem de ser também o «lugar do amor»15. É que, como notou Romano Guardini, a

11 TERTULIANO, Apologeticum, 39.

12 In https://theosfera.blogs.sapo.pt/o-comunalismo-cristao-3457125.

13 In https://theosfera.blogs.sapo.pt/o-comunalismo-cristao-3457125.

14 WALTER KASPER, Teología e Iglesia (Barcelona 1989) 382.

15 KARL RAHNER, Curso Fundamental da Fé. Introdução ao conceito de Cristianismo (São Paulo 1989) 462.

verdade só é encontrada no amor: «A prioridade pertence à verdade, mas à verdade no amor»16.

Apenas o amor consegue superar todas as barreiras e ultrapassar todas as medidas. Apenas no amor, o impossível se torna possível. Em suma, «o amor é o que há de mais grandioso»17. Daí que «um verdadeiro crente seja um sorriso de Deus»18.

É, pois, com amor que vou procurar expor a fé que me possui, que desde sempre me tocou e tomou conta de mim. Sendo a fé uma história de amor, condensada no Credo, é nela que alimento a esperança na transformação de todas as coisas (cf. Ap 21, 5): agora e no mundo que há-de vir!

16 ROMANO GUARDINI, O Espírito da Liturgia (Fátima 2017, 2ª edição) 106.

17 L. cit.

18 PAUL EVDOKIMOV, A loucura do amor de Deus 64.

O SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS

Em português

Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra;

E em Jesus Cristo, Seu único Filho, Nosso Senhor; Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia; Subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso; De onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos; Creio no Espírito Santo;

Na santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos;

Na remissão dos pecados;

Na ressurreição da carne;

Na vida eterna. Ámen.

Em latim

Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae; Et in Iesum Christum, Filium Eius unicum, Dominum Nostrum; Qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria Virgine; Passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus et sepultus; Descendit ad inferos, tertia die resurrexit a mortuis; Ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis; Unde venturus est iudicare vivos et mortuos; Credo in Spiritum Sanctum; Sanctam Ecclesiam catholicam, sanctorum communionem; Remissionem peccatorum; Carnis resurrectionem; Vitam aeternam. Amen.

E

5. Deus é criador e não apenas no princípio ............................

6. Se o mundo é bom, porque há nele tanto mal?

7.

Capítulo 03

Capítulo 04

Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da

2. Foi em silêncio que a Palavra chegou ao mundo .................

3. Cristo inaugura um tempo novo, no qual permanecemos......

4. A mulher em que Deus Se fez homem .................................

5. Em Maria, Deus vem para o homem, mas não pelo homem .......................................................... 80

6. Mãe e, ao mesmo tempo, Virgem? «Para Deus, nada é impossível» (Lc 1, 37) .......................... 82

Capítulo 05

Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado

1. O supremo paradoxo: o impassível sofre, o imortal morre ....

2. Uma desmesura de amor ..................................................... 91

3. «Matou a morte com a Sua morte» ..................................... 93

4. O que se passou no Sábado Santo? ..................................... 95

5. «Sob Pôncio Pilatos» ........................................................... 98

6. O papel de Pilatos na condenação de Jesus ....................... 100

7. Afinal, quem pretendia condenar Jesus? ............................ 102

Capítulo 06

Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia ............

1. Que fez Jesus quando morreu? .......................................... 107

2. Um morto que devolve a vida ........................................... 110

3. Afinal, a morte não é o fim ............................................... 113

4. Ressuscitar não é regressar ao antigo, é ingressar no novo .... 116

Capítulo 07

Subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso..........................................................

1. Não uma despedida, mas uma presença nova ................... 121

2. Cristo continua a intervir na história ................................ 125

3. Onde encontramos Jesus hoje? .......................................... 127

Capítulo 08

De onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos ........................... 131

1. Como adquiriu Jesus o direito de julgar? .......................... 131

2. Quando virá? .................................................................... 133

3. A pauta para o Juízo final ................................................. 136

Capítulo 09

Creio no Espírito Santo ............................................................... 141

1. Tão próximo e ainda tão desconhecido ............................. 141

2. Constância da fé, oscilações na linguagem ........................ 143

3. Não fala, mas inspira quem fala ........................................ 148

4. Vivemos no tempo do Espírito .......................................... 151

Capítulo 10

(Creio) na santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos .......... 155

1.Os pecados na Igreja obscurecem a santidade da Igreja? .... 155

2.A santidade da Igreja prevalece sobre os pecados na Igreja ..... 158

3. Uma invenção divina ......................................................... 161

4. Imagem da Trindade ......................................................... 164

5. Como reconhecer a Igreja? ................................................ 168

5.1 Pela unidade e santidade ........................................... 169

5.2 Pela catolicidade e apostolicidade ............................. 174

Capítulo 11 (Creio) na remissão dos pecados ................................................. 179

1. Quem nunca incorreu em pecado? .................................... 179

2. Quem reconhece que precisa de perdão? ........................... 180

3. O perdão de Deus numa sociedade que desaprendeu de perdoar .............................................. 182

4. Onde encontramos o perdão de Deus? .............................. 187

Capítulo 12 (Creio) na ressurreição da carne .................................................. 191

1. Cristo ressuscitou, nós ressuscitaremos ............................. 191

2. A Ressurreição é integral; portanto, também é carnal ....... 193

3. Tudo será novo: o homem e o mundo ............................... 195

4. Com que corpo ressuscitaremos? ...................................... 199

5. E antes da ressurreição final? ........................................... 202

Capítulo 13

1. Como será depois do fim? ................................................. 205

2. O definitivo já foi revelado ............................................... 207

3. A eternidade não é só depois ............................................. 209

4. Um agora que não passará ................................................ 212

5. Como entrar na eternidade já no tempo? .......................... 213

6. Céu, Inferno e Purgatório .................................................. 215

7. Quem cristoviver nada tem a temer ................................... 219

1. Dizer para viver ................................................................ 221

2. Acreditar para reerguer a esperança e fazer arder o amor...... 224

A fé não é possessiva, mas oblativa. Se fosse eu a ter fé, a iniciativa e a decisão partiriam de mim. Seria eu a deliberar sobre aquilo em que creio.

Sucede que, quando confessamos Deus como Senhor, estamos a aceitar que Ele é o dono da nossa vida. É a Sua vontade que deve ser feita (cf. Mt 6, 10) e não a nossa (cf. Mc 14, 36): a fé é, pois, um preenchimento da vida humana pela vida divina. Não somos nós que a temos; é ela que nos tem, a nós.

Daqui decorre que não temos vida própria. Pelo que o modelo prototípico de crente é o discípulo, isto é, aquele que não se limita a ouvir o Mestre, mas que vai ao ponto de viver a vida do Mestre (cf. Mc 3, 14).

Aprenderemos a crer se nos capacitarmos de que a vida não faz sentido em função do eu de cada um, mas em função do eu de Deus. Ou, para ser trinitariamente mais preciso, em função do nós divino. Crer é ser eu sendo outro, é ser outramente!

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