DM1 - Raízes - Guia para o Catequista

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1 DM DM Raízes

A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), por delegação da Conferência Episcopal Portuguesa, aprova o recurso catequético “Raízes”, correspondente ao percurso 1 do Tempo Discipulado Missionário, do “Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias”.

Lisboa, 18 de julho de 2024

Dia de S. Bartolomeu dos Mártires, padroeiro dos Catequistas

D. António Augusto de Oliveira Azevedo, Presidente da CEECDF

Raízes - DM1

Elaboração dos materiais Acessoria Catequética Revisão teológica e pedagógica

Projeto gráfico Capa

Paginação Ilustrações Fotos

Revisão geral da edição

Impressão e acabamento ISBN Depósito Legal

Primeira edicão

João Matos, Marta Esteves, Rui Alberto Pe. Tiago Neto

D. José Alves, D. Manuel Pelino

Salesianos Editora

Paulo Santos

João Cerqueira

Giovanni T. © Dreamstime.com / Freepik.com

Departamento da Catequese do Secretariado Nacional da Educação Cristã

Gráfica Almondina - Torres Novas 978-989-8822-92-5 534 748/24

Julho 2024

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Apresentação

Cara(o) Amiga(o) Catequista,

A evangelização é tarefa que cada cristão abraça no cumprimento do mandato missionário de Jesus: «Ide, fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos tempos» (Mt 28, 19-20).

Temos a convicção profunda de que só o Evangelho de Jesus oferece vida abundante e feliz às pessoas de qualquer tempo, de qualquer idade, de qualquer condição. Por isso, sentimo-nos desafiados a construir novas formas de dizer, com entusiasmo e credibilidade, a mensagem que sempre recebemos do Senhor Jesus.

Este quarto tempo do Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias quer ajudar os nossos adolescentes a aprofundar a sua identidade como discípulos missionários. É um tempo qualitativamente audaz porque a adolescência traz os seus próprios desafios, portanto é necessário um tempo para que aquilo que foi semeado possa dar fruto. Pretende-se, assim, dar especial atenção a estas duas dimensões:

ƒ Aprofundar o querigma, a experiência fundante do encontro com Deus através de Jesus morto e ressuscitado;

ƒ Crescer no amor fraterno, na vida comunitária e na vocação de serviço.

Diz-nos o Papa Francisco que “cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários» (EG 120).O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontrámos o Messias» (Jo 1, 41)”.

Caríssimo(a) catequista, acolhe este convite dirigido a cada um(a) para cuidar e dar a conhecer aquilo que tens no coração. Faz teu, também, este caminho de fé com os adolescentes que precisam de ter, ao seu lado, testemunhas convictas e envolventes, enraizadas somente em Jesus Cristo. Porque esperas tu?

Confiamos na tua missão, agradecemos a tua disponibilidade e contigo rezamos ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, ao Deus de Jesus Cristo.

Lisboa, 18 de julho de 2024

Dia de S. Bartolomeu dos Mártires, padroeiro dos Catequistas

A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé

Introdução

Caros catequistas, bem-vindos a este percurso Raízes, neste tempo do Discipulado Missionário

Fazer catequese com um novo Itinerário

Nos últimos anos, a Igreja que peregrina em Portugal, sintonizada com a Igreja universal, tem procurado novos caminhos para a catequese. Como povo de Deus, sentimo-nos gratos pela experiência feliz da fé. E sentimos o chamamento de partilhar com todos a alegria do Evangelho. O Espírito de Jesus ressuscitado estimula a comunidade cristã a discernir as melhores formas de dizer e fazer acontecer a grande e bela notícia que Jesus nos deixou, a única que dá esperança e sabor à vida.

Dentro deste empenho, a Conferência Episcopal Portuguesa elaborou o documento “Itinerário de Iniciação à Vida Cristã das Crianças e dos Adolescentes com as Famílias” (=IIVC) para oferecer a toda a Igreja algumas orientações práticas.

Para concretizar as intuições dos nossos bispos surge esta coleção de materiais catequéticos chamada Emaús.

Um tempo de discipulado missionário

A exortação do Papa Francisco A alegria do Evangelho popularizou a expressão discípulos missionários. O Papa quis sublinhar o íntimo nexo entre o ser discípulos e o ser missionário. “Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos missionários».” (EG 120)

Este quarto tempo do Itinerário de Iniciação à Vida Cristã quer ajudar os nossos adolescentes a aprofundar a sua identidade como discípulos missionários.

Este tempo é diferente, a muitos níveis, dos anteriores. A idade e as novas possibilidades da adolescência desafiam-nos a uma catequese onde tudo o que foi aprendido, experimentado e vivido nos tempos anteriores pode ser integrado numa identidade comprometida com a causa de Jesus.

Este tempo presta especial atenção a duas áreas de conteúdos:

1. Aprofundar o querigma, a experiência fundante do encontro com Deus através de Jesus morto e ressuscitado;

2. Crescer no amor fraterno, na vida comunitária e na atitude de serviço.

A maneira de fazer catequese durante este tempo assume também algumas opções:

1. Reconhece-se o protagonismo dos jovens e valoriza-se a sua corresponsabilidade no processo de catequese;

2. Presta-se atenção às linguagens juvenis;

3. Oferece-se a possibilidade de acompanhamento personalizado e de uma vida de grupo com qualidade.

Um percurso em torno das raízes

Este percurso do discipulado missionário tem como título “Raízes”. É uma metáfora poderosa. O Papa serve-se dela para apontar algumas opções de qualidade para a vida dos adolescentes e dos jovens:

Já me aconteceu ver árvores jovens, belas, que elevavam seus ramos sempre mais alto para o céu; pareciam uma canção de esperança. Mais tarde, depois duma tempestade, encontrei-as caídas, sem vida. Estenderam os seus ramos sem se enraizar bem na terra e, por ter poucas raízes, sucumbiram aos assaltos da natureza. Por isso, custa-me ver que alguns propõem aos jovens construir um futuro sem raízes, como se o mundo começasse agora. Com efeito, «é impossível uma pessoa crescer, se não possui raízes fortes que a ajudem a estar firme de pé e agarrada à terra. É fácil extraviar-se, quando não temos onde agarrar-nos, onde firmar-nos». (Christus vivit 179)

A possibilidade de construir uma identidade como discípulos missionários pede um enraizamento forte na cultura, nas relações e na fé. As raízes permitem aos jovens superar uma vida superficial e abraçar uma vida com mais qualidade:

“Proponho-vos outro caminho, feito de liberdade, entusiasmo, criatividade, horizontes novos, mas cultivando ao mesmo tempo as raízes que nutrem e sustentam.” (Christis vivit, 184)

A realidade dos catequizandos

Conhecer bem os catequizandos, o seu mundo, as suas tarefas de desenvolvimento, é fundamental para fazermos uma catequese de qualidade.

Como catequistas, temos ainda memória da nossa própria adolescência. Ao fazermos catequese com os adolescentes de hoje, temos de superar a tentação de ver os adolescentes de hoje como os de ontem.

Conhecer melhor é um serviço

O mundo onde os catequizandos vivem não é o nosso, o mundo dos adultos catequistas. É importante conhecer as caraterísticas desta faixa etária, reconhecer que eles não são como nós somos, não pensam como nós pensamos, muito menos se assemelham ao que nós fomos na sua idade. Conhecer melhor é um serviço que prestamos, de modo a podermos “dizer” melhor o Evangelho e lhes tocarmos no seu coração. Para chegar a cada um dos catequizandos, devemos reconhecer cada um deles como um ser único. Nenhum deles é uma página em branco: cada um tem a sua história, os seus sonhos, os seus fracassos, as suas qualidades, os seus defeitos.

É em cada um destes catequizandos que devemos enraizar o Evangelho, com todos os desafios que nos são colocados nesta missão.

Entre os especialistas, existem opiniões diversas e contraditórias sobre o período da adolescência, mesmo tendo em conta o intervalo de idades, chegando mesmo a dizer-se que ela se prolonga para lá dos 20 e poucos anos. Desta forma, conhecer os adolescentes e o seu mundo não é fácil e muito do que pensamos sobre esta faixa etária centra-se em alguns mitos: a adolescência é um tempo problemático, um tempo de “tempestade e pressão”; a adolescência não é mais do que um processo biológico e as suas consequências e a adolescência é um tempo encantador de sonhos, de generosidade.

Generalizando desta forma, não consideramos que cada adolescente enfrenta os problemas à sua maneira e que os contextos familiares e educativos, em que cada catequizando se insere, têm elevada importância para o seu desenvolvimento.

Mais sensato será ver a adolescência como um processo de crescimento, onde há mudanças físicas, psicológicas, sociais, estando estes aspetos interligados. O adolescente, por sua vez, é bastante “plástico”, moldando-se de forma criativa às suas circunstâncias.

A adolescência em traços gerais

A maior parte dos catequizandos já atravessou a puberdade, onde se dá o desenvolvimento dos carateres sexuais primários e secundários. Esta experiência biológica intensa é acompanhada, também, por mudanças psicológicas e sociais. Há mudanças nos comportamentos, nas emoções e na inteligência.

Nos rapazes há um aumento dos níveis de testosterona, o que leva a um aumento do comportamento antissocial e a uma postura mais agressiva, menos tolerante, tornando-se mais irritáveis. Não existem tantos estudos sobre a relação entre o aumento dos níveis de estrogénio nas raparigas e a agressividade, mas sugere-se que se passa algo semelhante.

A nível emocional, esta época da vida é muito intensa, devido à presença de uma alta carga de hormonas e à rapidez do crescimento físico. Os adolescentes tendem a sentir-se estranhos com o seu próprio corpo, sendo este mal-estar emocional mais frequente e intenso nas raparigas.

Tanta novidade na vida do adolescente leva a níveis elevados de “stress”.

O desenvolvimento cognitivo não está tanto associado à puberdade, mas sim à idade. É nesta fase da vida que eles se tornam capazes do raciocínio hipotético-dedutivo, isto é, começam a gerar hipóteses para tentar explicar o que observam, usando a experimentação e o raciocínio para as provar.

Cada adolescente vai viver estes anos consoante os seus contextos: a família, os amigos, a escola e os vizinhos. Esta vivência será tanto mais serena quanto mais a família os preparar para a chegada da puberdade e a estabilidade entre os pais. É comum que os pais, ao darem-se conta da maior maturidade dos filhos, tentem aumentar o controlo. Isto é visto com pouco agrado pelos filhos.

A nível relacional, os amigos começam a ganhar mais importância: no tempo que passam juntos, na imitação e na possibilidade de terem alguém com quem se comparar. Esta relação tem algo de misterioso, uma vez que eles tendem a dar-se com colegas parecidos com eles nos valores e nos hábitos. Se o adolescente escolhe o grupo pelos interesses partilhados, ou se esse comportamento é influenciado pelo grupo, é algo que nem sempre se consegue explicar.

Há uma certa “concorrência” entre os pais e os amigos. Os adolescentes não querem anular o papel dos pais, mas em vez da atenção que pretendiam na infância, agora preferem os pais para resolver outras necessidades: a escola, valores éticos, carreira profissional. Os amigos são aqueles que alimentam as necessidades de contacto interpessoal.

Digital omnipresente

Todas as gerações têm as suas especificidades. A atual geração de adolescentes foi a primeira a ter acesso, desde muito novos, à Internet e aos dispositivos móveis. Este fascínio que os adolescentes têm pelo digital, impressiona muito os adultos. Preferem ter o telemóvel na mão para jogar e falar uns com os outros do que fazer exercício físico ou falar com pessoas de carne e osso. O interesse deles são as redes sociais. Nelas fazem amigos, socializam e namoram. Porém, ao estarem sempre sujeitos à “avaliação” dos amigos das redes sociais, apresentam maiores taxas de depressão.

Esta geração é também caracterizada por ter menos gente: há mais filhos únicos. Um bom número dos adolescentes não vive com os pais, porque a taxa de divórcios em Portugal é elevada. Esta geração não sobe às árvores, começa a beber álcool mais tarde, fuma menos e tem uma iniciação sexual mais tardia. Em alguns aspetos, ficam debaixo da tutela dos pais até mais tarde. Os comportamentos mais “perigosos” da adolescência são, assim, evitados à custa de uma maior imaturidade e falta de autonomia.

Relação com as famílias

Os adolescentes em Portugal avaliam muito positivamente a qualidade da vida familiar. Consideram elevado o apoio que recebem dela. Sentem que é fácil comunicar com os pais: acima de tudo com a mãe, um pouco menos com o pai e bastante menos com padrastos/madrastas.

Há diferenças relevantes na perceção dos rapazes e das raparigas. Os rapazes referem ter uma melhor qualidade de relação com a família, assim como um maior apoio familiar. À medida que a idade avança, a qualidade da relação com a família vai baixando.

Viver a fé aos 14-15 anos

Uma boa percentagem de famílias, em Portugal, coloca os seus filhos na catequese, pelo menos até à primeira comunhão, motivadas por uma pluralidade de fatores: alguma fé pessoal, o desejo de transmissão de valores, expectativas sociais, a noção que há uma forte relação entre a infância e religião, o acolhimento de alguma influência dos avós, entre outras.

Com a entrada na adolescência, muitos destes fatores perdem força, uma vez que os pais dão mais autonomia aos filhos e prestam menos atenção ao tema da fé.

Os adolescentes, confrontados com outras fontes de saber (escola, os media, redes sociais…), começam a ter dúvidas sobre a fé da infância. Não a sentindo pessoalmente, com a autonomia dada pelos pais, os adolescentes acabam por desistir dela.

A experiência religiosa que fazem tem de lhes dizer alguma coisa, tem de ser capaz de dar resposta aos desafios que a vida lhes coloca. Os adolescentes estão cada vez mais conscientes de si mesmos e começam a “pensar pela sua própria cabeça”. Se esta experiência não for ao encontro da sua vida e dos seus anseios, a reação mais “fácil” é deixá-la de lado.

A pedagogia usada

A catequese, sendo uma realidade dinâmica e complexa ao serviço da palavra de Deus, acompanha, e forma na fé e para a fé, introduz na celebração do mistério, ilumina e interpreta a vida e a história humana (Cf. DC 55). Esta catequese faz-se em vários lugares e momentos: nas famílias, na comunidade cristã, na liturgia e, claro, também nos encontros propostos por este Itinerário e projetos que os catequizandos construam a partir deles.

Catequeses e encontros semanais

Neste tempo do Discipulado Missionário, propomos para cada percurso um encontro inicial e cinco catequeses, com quatro encontros semanais cada uma.

O encontro inicial pretende colocar os catequizandos em sintonia com os conteúdos do ano, reforçar os laços de grupo e incrementar o entusiasmo pela catequese.

Cada catequese acontece em quatro encontros semanais.

O primeiro destes encontros acontece sob o sinal da Escuta. Propõe-se escutar os desafios que a Palavra de Deus lança à nossa existência. Normalmente tem três momentos:

ƒ A postos – Faz o acolhimento e sensibiliza ao tema;

ƒ Escutar a Palavra – Ajuda a ler e a entender o texto bíblico, e a descobrir como a Palavra pode iluminar a existência concreta;

ƒ Oração – É um momento de oração que ecoa a Palavra estudada. Pode ajudar a fazer a síntese.

O segundo encontro (Observa) ajuda os adolescentes a ler a realidade, à sua volta e dentro de si. Também ele está organizado em três momentos habituais.

ƒ A nossa experiência – Permite fazer o acolhimento e tomar consciência dos processos e situações quotidianas relacionadas com o tema da catequese;

ƒ Com Jesus – Ajuda a reler o quotidiano a partir da Palavra de Deus e dos critérios que ela nos oferece. Serve também para acolher os desafios e os recursos deixados por Jesus;

ƒ Anuncia – Identifica os apelos e possibilidades para viver e anunciar tudo o que se descobriu. Estimula ao compromisso pessoal.

O terceiro encontro é dedicado à oração: Reza. Quer ser um momento para a oração com qualidade. Não tem uma estrutura constante ao longo das várias catequeses. Em cada uma delas, propõem-se diferentes formas de oração.

O quarto encontro está virado para a ação: Vive. Ao longo deste percurso Raízes, desafiamos os catequizandos a escolher, preparar, executar e avaliar um projeto de serviço intergeracional. Este quarto encontro de cada catequese está à disposição do grupo para esta tarefa.

O projeto

O Itinerário de Iniciação à Vida Cristã (nº 25) valoriza algumas dimensões, entre as quais o “crescimento no amor fraterno, na vida comunitária e no serviço”. Para que estes conteúdos não sejam apenas ocasião de diálogo e reflexão, cada grupo está chamado a desenvolver ao longo do ano um projeto de serviço intergeracional.

Este projeto de serviço é realmente parte do caminho catequético a fazer pelo grupo. É importante que os adolescentes, as suas famílias e o catequista o assumam como momento importante da catequese.

A pedagogia do projeto na catequese com adolescentes estrutura-se em quatro momentos essenciais traduzidos em quatro verbos inspirados na Parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37; cf. DCE 31): 1 – Sentir; 2 – Pensar; 3 – Fazer; 4 – Festejar. Estes quatro verbos vão ao encontro das 4 fases do projeto já abordadas no percurso AM: Idealização/Escolha, Preparação, Realização e Avaliação. Antes da elaboração do projeto é realizado um lançamento do tema, correspondendo ao verbo “sentir”.

Estes momentos encadeiam-se do seguinte modo:

Etapas Pistas

1 Sentir

Revê o caminho feito (Lançamento)

2 Pensar

Idealização e escolha do projeto

3 Fazer

Transforma o mundo

Preparação e realização do projeto

y O Senhor convida a rever o caminho; Síntese de temas

y O Senhor desafia-te a sair; Agora nós – o que podem fazer e onde?

y Formular objetivos;

y Propor ideias; Partilhar ideias em grupo; Discutir as ideias e aprofundá-las.

y Conseguir consenso; Ver a exequibilidade dos projetos; Votar e escolher o projeto; Enriquecer com o contributo de todos.

y Elaborar o projeto; Concretizar a proposta; Tabela: nome do projeto, data e local, objetivos, tempo e etapas de realização, tarefas e responsáveis, pessoas ou instituições a contactar

y Tornar o projeto realidade; Pôr em prática o projeto; Trabalhar em equipa e saber pedir ajuda.

4

Festejar

Recorda, partilha, celebra Avaliação do projeto

y Refletir sobre o que viveram; Avaliar a preparação e realização

Avaliar a mudança pessoal e de grupo/comunidade y Inspirar outros;

Divulgar na paróquia, diocese, Reunir fotos, vídeos ou documentos Contar a todos o que fizeram y Celebrar e partilhar na oração comunitária;

Estas etapas devem ser vividas ao longo do ano. Para tal, em cada catequese, reservámos o encontro Vive para o projeto.

É muito importante que o catequista não se substitua pelos catequizandos (“Deixem estar, que eu trato de tudo!”), mas que os ajude a identificar dificuldades, elencar as escolhas que têm de ser feitas. Apesar da soberania do grupo na escolha e preparação do projeto, o catequista deve ter presente a real autonomia do grupo.

O catequista deve ser, muitas vezes, a voz do realismo, quando as ideias são muito maiores que as possibilidades (de tempo, de recursos, de capacidade…), mas também um “insuflador de sonhos” para aqueles grupos que são pouco ambiciosos ou que não se julgam capazes de fazer coisas grandes. Em qualquer dos casos, a postura do catequista será a de responsabilizar e envolver.

A ligação à comunidade

O catequista deve ter entre as suas preocupações a promoção da ligação dos catequizandos à comunidade cristã local. Para além de encorajar e motivar a participar ativamente na Eucaristia dominical, é importante promover a participação nos eventos e processos da comunidade: os tempos fortes da liturgia e as suas vivências, o intercâmbio positivo com os outros grupos de catequese e de evangelização.

Aprender com atividades

Os encontros semanais estão estruturados em diferentes atividades, concebidas a partir de algumas convicções educativas e catequéticas.

Aprendemos fazendo

O catequizando deve ser o “protagonista” da sua aprendizagem, sem pôr em causa a objetividade e riqueza dos conteúdos de fé. Não nos interessa que o catequista transmita conteúdos explicando-os, mas que os proponha de modo a que os catequizandos os descubram e interiorizem.

Sem renunciar a uma catequese rica de conteúdos e sem cair no construcionismo (em que a verdade é definida pelos educandos), propomos atividades em que o catequizando e o grupo aprendam, atividades que ajudem os catequizandos a interiorizar os conteúdos propostos. Revemo-nos, desta forma, numa aprendizagem ativa.

Atividades em dois

níveis

Escolhemos atividades que funcionem a dois níveis. Num primeiro nível, há um conjunto de tarefas a realizar pelos catequizandos. E, num segundo nível, mais profundo, reconhecer que o tal primeiro nível gera emoções, mudanças cognitivas e transformações nas atitudes. Um caso clássico são as dinâmicas de apresentação. No primeiro nível são bastante elementares, com uma simples troca de informações ou alguns gestos. Contudo, num clima adequado (o papel do catequista é fundamental!), acontece a unidade de grupo, a diversão, o prazer de estar juntos e a confiança.

Aprender juntos

Desde a sua génese, a fé é sempre uma experiência eclesial. Propor isto, em tempos de forte individualismo como aqueles que atravessamos, traz algumas dificuldades. Porque acreditamos que a qualidade da relação é fundamental para o desenvolvimento dos catequizandos procuramos atividades que promovam a criação de um “nós”.

Sabemos também que as novas gerações são carentes de algumas competências sociais básicas, mas que necessitam de as adquirir para o seu desenvolvimento pessoal. Desta forma, consideramos que a qualidade de relação dentro do grupo (com o catequista e entre os catequizandos) pode tornar-se um espaço precioso e raro na vida dos catequizandos.

Ao escolher as atividades, tivemos em conta que, ao longo do ciclo de vida pessoal, a configuração possível da relação catequista-grupo se vai alterando. O mesmo sucede dentro da história de vida de cada grupo.

Espetacularidade e economia

Ao desenhar as atividades, tentamos prestar atenção a estas duas caraterísticas, aceitando a natural tensão que existe entre elas. Procuramos atividades “espetaculares”, isto é, que suscitem a atenção, que superem o ruído de fundo, que abram o coração para a novidade radical que é o Evangelho. E, ao mesmo tempo, procuramos uma postura “económica” e simples. Esta abordagem criteriosa permite uma gestão do tempo mais inteligente, uma maior atenção às reais competências do catequista e uma vontade de acolher os catequizandos menos motivados.

Esta atenção “económica” ajuda a evitar processos de exclusão, mormente dos menos dotados ou dos menos motivados.

A “espetacularidade” passa também pela variedade na tipologia das atividades e dos materiais usados. Procuramos usar uma variedade ampla de recursos:

ƒ Dinâmicas de grupo;

ƒ Música e Canção;

ƒ Vídeo;

ƒ Expressão corporal;

ƒ Desenho e pintura;

ƒ Conto e narração;

ƒ Manualidades.

Uma Catequese “em saída”

“Em saída” significa que sempre que o tema a isso o motiva, o encontro deve ser realizada fora do espaço habitual. Pode ser realizada noutros espaços da paróquia ou da comunidade, ou mesmo trazer a comunidade “para dentro” do encontro do grupo.

Ao aceitar este desafio, a preparação dos encontros torna-se mais complexa, mas, ao mesmo tempo, enriquecedora, uma vez que fazemos “tocar” a fé por outros sentidos.

Esta dimensão da experiência é, de modo especial, reforçada em cada trimestre com o projeto que deve lançar o grupo para fora dos espaços e tempos habituais da catequese.

O grupo

A catequese é o processo pelo qual as pessoas passam a ser discípulas de Jesus e integram a grande realidade da Igreja, esse povo de discípulos, apaixonados seguidores do Mestre. Desta forma, a catequese deve educar os adolescentes ao sentido comunitário, ao sentido eclesial, ao sentido de grupo.

Especialmente com os adolescentes, o grupo é uma opção essencial e fundamental para profundar a experiência de “ser Igreja” e se estabelecerem relações significativas.

Este grupo não é uma turma da escola, em que o catequista é o professor, nem os catequizandos são os alunos, nem os os conteúdos programáticos são o catecismo. Neste grupo, os catequizandos reunidos têm um papel ativo no acolhimento e apropriação da mensagem catequética. O catequista tem a tarefa essencial de cuidar do grupo e animá-lo enquanto comunidade viva de catequizandos.

No que diz respeito ao número de elementos num grupo nesta faixa etária, o número ideal, segundo a investigação e a experiência, é entre os 8 e 12 catequizandos. É possível descer até aos 5 e é possível subir até aos 15.Fora destes parâmetros, o grupo perde a sua funcionalidade. Tendo em conta que o “ótimo é inimigo do bom”, deve ter-se em conta as diversas realidades e adaptar na medida que for possível, tendo em conta o número de catequistas e catequizandos.

Um bom clima no grupo

Nem sempre é fácil para os adolescentes a experiência de grupo devido às características específicas destas idades. A dificuldade em falar cara a cara, em estabelecer relações pessoais, a insegurança sobre a maneira como são vistos, a dificuldade em gerir os seus próprios sentimentos e expectativas, dificultam a vida do grupo.

O catequista tem um papel fundamental em cuidar da boa qualidade das relações do grupo, gerindo os conflitos existentes e promovendo um espaço seguro aos catequizandos.

O estilo do catequista

Com a convicção educativa e catequética, que os nossos catequizandos aprendem fazendo, o catequista deve evitar o estilo expositivo e adotar um estilo dialogante. O diálogo com os adolescentes deve ser sincero e o catequista deve aceitar que está numa experiência de enriquecimento recíproco, onde o catequista também aprende com os catequizandos.

Se, para alguns, esta capacidade de comunicação pessoal é um dom inato, a maioria de nós precisa de exercício, esforço de escuta e aproximação dos adolescentes. Independentemente de todos seguirem o estilo educativo de Jesus e pedirem a Deus um coração bom e generoso.

O espaço da catequese

Idealmente, o grupo deve reunir-se sempre no mesmo local, um local limpo, bem iluminado e bem arejado. O espaço da catequese deve ter, se possível, as seguintes caraterísticas:

ƒ Local onde afixar, sem grande dificuldade, cartazes, fotografias e outros elementos de papel;

ƒ Condições para visionamento de vídeos, isto é, condições para utilizar um écran ou projetor de vídeo;

ƒ Poder alterar a disposição das cadeiras para os jogos e momentos de oração;

ƒ Facilidade de decoração.

O local onde decorrem as sessões de catequese deve garantir uma experiência de qualidade aos catequizandos.

Acolhimento

Um bom acolhimento é fundamental para ajudar os catequizandos a fazer a transição entre o “lá fora” e o “cá dentro”. O catequista deve ter em conta que os catequizandos chegam ao encontro semanal depois de uma semana cheia de eventos na escola, na família, nas redes sociais, e, muitas vezes, não estão tão motivados para a catequese quanto tu.

Desta forma, o catequista deve prever um momento inicial de acolhimento com um diálogo descontraído, falar brevemente sobre os acontecimentos da semana ou usar um bans que ajude o grupo a sentir-se presente.

Neste guia não estão indicadas estas atividades de acolhimento, pressupondo que o catequista e o grupo dediquem alguns minutos a sentirem-se em casa e em grupo. O catequista deve pensar em alguns jogos e dinâmicas de acolhimento para estes momentos.

Como ler o guia do catequista

Este guia que se apresenta está escrito tendo o catequista como sujeito. Deve ser, em primeiro lugar, o guião que o catequista deve propor ao grupo de catequese. Cada catequese está dividida em duas secções: “Para o catequista” e “Desenvolvimento”.

A secção “Para o Catequista” apresenta as informações essenciais para o desenvolvimento da catequese, isto é, os objetivos, conteúdos, duração das atividades e material necessário. Oferece, também, alguns apontamentos para a formação teológica do catequista. É acompanhada de uma pequena citação do Catecismo da Igreja Católica ou de algum apontamento do magistério e um pequeno texto de síntese sobre a temática a abordar e os conteúdos da catequese.

Apresentação

Texto curto que apresenta o tema a abordar no encontro de catequese e motive o catequista para a sua importância.

Objetivos

Dirigidos aos catequizandos, através de verbos ativos, visam a transformação que deve acontecer no interior de cada um deles. Não devem ser confundidos com os conteúdos ou metodologias.

Esquema

Sequência das atividades a realizar, com os tempos de duração previstos e indicador do grau de dificuldade de execução.

Magistério/ Catecismo

Pequena citação alusiva ao tema retirada do Catecismo da Igreja Católica ou de algum documento relevante do Magistério.

Síntese de conteúdos

Síntese teológica e existencial dos conteúdos de fé a trabalhar em cada encontro de catequese.

Material

Lista de material necessário para o encontro de catequese. Se, em primeira instância, os materiais se encontram no Livro do Catequizando, também prevemos materiais em papel disponíveis na pasta de apoio (cartazes, fotos) ou em suporte digital disponíveis na pen multimédia (vídeos, canções, músicas de fundo, gravações áudio). Quando não está referido onde encontrar o material necessário, deve ser o catequista a preparar o mesmo.

Desenvolvimento

Na secção “Desenvolvimento” está descrito o que deve acontecer no grupo durante o encontro de catequese. Em cada secção existem diversas atividades sequenciais. No guia, encontra-se, de forma indicativa, a duração para cada atividade e para cada etapa dentro de cada atividade.

Apesar das sessões se encontrarem estruturadas, o catequista ou grupo de catequistas não está dispensado de três importantes tarefas: programar, realizar e avaliar

Materiais disponíveis

O catequista, para além do guia do catequista, tem à sua disposição um conjunto de materiais necessários, que facilitam a realização do programa proposto para as sessões de catequese, tais como: o livro do catequizando, a pasta de apoio, a pen multimédia e a Bíblia.

Livro do catequizando

Tradicionalmente chamados de “catecismos”, continham os textos doutrinais ou devocionais que os catequizandos tinham de estudar. A mudança do nome, para “livro do catequizando”, traduz uma alteração de finalidade, uma vez que este contém os textos e imagens que o guia propõe para leitura individual, bem como outras secções que podem ser usadas ao longo da semana pelos catequizandos e/ou família.

Cada catequizando deve ter sempre consigo o seu livro do catequizando em todas as catequeses. Uma vez que nele os catequizandos vão escrever, pintar e desenhar, este não é reutilizável.

Falando

Descobrimos mais sobre a origem e significado de alguma palavra importante para a catequese.

Escavando

Um conto que ajuda a pensar de outra forma.

Curiosando

Informações ou factos que enriquecem a experiência.

Atuando

Sugestões para a ação do catequizando.

As canções

As letras das canções que vamos usar na catequese.

Orações

Um texto para rezarmos. Muitas vezes são usados durante a catequese.

Frase bíblica

Pode ser ilustrada pelos catequizandos.

Pasta de apoio

Na pasta de apoio encontram-se todos os materiais impressos previstos no guia do catequista, isto é, os cartazes, as fotografias, os dísticos e materiais para jogos. Os materiais da pasta de apoio são reutilizáveis de ano para ano, ou seja, nunca será necessário escrever neles ou danificá-los. Desta forma, deve ter-se o cuidado de não perder nenhum dos materiais.

Para não danificar os materiais nem a parede, deve evitar-se o uso de alfinetes ou pioneses. Assim, é preferível usar bostik, ou outro produto similar, que permita a fixação e remoção facilmente. É recomendável que a sala de catequese disponha de um quadro em cortiça ou outro material flexível que permita a afixação de outros materiais elaborados pelo catequista ou catequizandos.

Os cartazes maiores, presentes na pasta de apoio, têm tamanho A2, que é adequado para a exposição num grupo até 15 elementos.

Pen multimédia

Na pen multimédia encontram-se os conteúdos em suporte digital previstos na programação das sessões de catequese, isto é, as canções, música ambiente, os textos gravados, os vídeos.

Cabe ao catequista providenciar os meios para reprodução dos materiais, tendo em conta o espaço onde se realiza o encontro de catequese e o número de catequizandos. Os equipamentos de reprodução não são referidos nas listas de material pedidos, encontrando-se implícitos.

Para o material áudio, disponível no formato mp3, será necessário um dispositivo de leitura e umas colunas adequadas ao espaço e à dimensão do grupo e, no caso dos vídeos, será necessário um projetor de vídeo ou um ecrã, bem como um computador.

Bíblia

Durante a catequese, a Palavra de Deus está muito presente. Convidamos todos os catequizandos a trazerem sempre o seu exemplar da Bíblia. É a partir dele que se deve ler a Palavra. Se necessário, a Escritura pode também ser consultada em suporte digital.

Site de apoio

O site de apoio emaus.pt está construído em moodle, uma plataforma de gestão de aprendizagem, aberta e gratuita. É muito usada em âmbito educativo e profissional. A terminologia usada internamente é muito influenciada pelo mundo da escola e pode parecer estranha em contexto de catequese.

Está disponível uma “disciplina” com o código DM1 que corresponde a este percurso. Aqui se encontram alguns recursos digitais previstos no guia: ficheiros pdf a imprimir, apresentações “PowerPoint”, “links” para vídeos recomendados… Todos os catequistas podem, livremente, aceder e descarregar esses recursos. Além disso, nessa secção, estão também uma série de recursos e atividades extra, quer para os catequistas, quer para os catequizandos. Não é possível editar, alterar ou personalizar esta disciplina.

O catequisa pode requisitar uma cópia dessa disciplina, a partir do seu “email”. Será criada uma nova disciplina, de que o catequista é “professor-editor”. O catequista receberá duas senhas. Uma delas permite aos pais inscrever-se na disciplina e terão acesso a conteúdos só para eles. A outra senha permite aos catequizandos a inscrição. Só os catequizandos e pais terão acesso aos conteúdos aqui partilhados. O catequista pode acrescentar outras atividades e interagir com pais e catequizandos.

Para bem preparar

A preparação é fundamental para o desenrolar do encontro de catequese. Logo, cada catequista ou grupo de catequistas deve dedicar algum tempo a preparar a sua tarefa.

Aprofundar os conteúdos

Antes de pensar no que se vai fazer com os catequizandos, isto é, nos aspetos educativos, é importante estudar os conteúdos que lhes vamos propor. Esses conteúdos, como vimos anteriormente, estão presentes na “síntese de conteúdos” de cada catequese.

O que vamos propor na catequese são mais do que informações sobre Deus: são boa e saborosa notícia que traz luz à vida concreta de cada um. De cada catequizando, de cada família e de cada catequista. Individualmente ou em grupo, deve prever-se um tempo para o estudo e meditação destes conteúdos, preferencialmente com ritmo semanal. Em alternativa, pode prever-se um tempo trimestral para ficar com uma panorâmica global do bloco. Neste último caso, a abordagem pode ser feita em grupos mais alargados, juntando catequistas da mesma zona, de várias paróquias.

Preparar cada catequese

Preparar cada encontro de catequese é importante para propor os conteúdos da forma mais adequada possível, antecipar reações dos catequizandos e adaptar, quando necessário.

Este Guia contém uma proposta de plano no Esquema, onde se sugerem um conjunto de atividades, com os seus tempos de duração. Ao planificar, o catequista deve ler com calma a proposta e tentar perceber a sua lógica, analisando se, nas suas circunstâncias concretas, tem condições para as realizar.

O catequista pode fazer a seguinte análise:

ƒ Há espaço para as atividades previstas?

ƒ Existem os materiais necessários?

ƒ O que é preciso fazer?

ƒ Como reagirá o grupo à proposta?

ƒ Que dificuldades esta proposta me traz?

ƒ Como lidar com as dificuldades?

ƒ Que soluções existem?

Uma boa prática na preparação será consultar catequistas que estejam a trabalhar o mesmo material ou outros que o tenham feito em anos anteriores, antecipando as dificuldades e encontrando soluções, com inteligência e prudência, respeitando sempre os objetivos e conteúdos.

Avaliar

Avaliar é a tarefa que ajuda os catequistas e os catequizandos a olharem para o caminho feito e a perceber se estão, e em que grau, a ponto de chegar à meta proposta.

Cada catequese, cada encontro, cada percurso pode ser comparado a um caminho que o catequizando faz.

Tudo o que fazemos deve ajudar os catequizandos a fazer esse caminho de crescimento. E, no caminho, é boa prática parar para perceber onde se está e perguntar:

ƒ Chegámos perto da meta, do objetivo, a que nos tínhamos proposto?

ƒ Seguimos a rota inicialmente escolhida ou tivemos de procurar alternativas?

ƒ Em que aspetos estamos a crescer? Como grupo e pessoalmente.

A isto chamamos avaliar. Não se trata de “dar notas” aos catequizandos, fazer testes ou procurar culpados quando as coisas não correm bem. Avaliar é reconhecer e alegrar-se pelo caminho feito, identificar lacunas e aspetos a corrigir para reforçar o que ajuda e ajustar o que correu mal. Cabe ao catequista ou grupo de catequistas prever quando e como vai avaliar o caminho.

O papel dos catequistas

Vivemos tempos novos na Igreja e na catequese. Sentimos a urgência de renovar materiais e formas de fazer. Porém, nada disso será possível sem ti e sem tantos outros catequistas. Os catequistas são homens e mulheres entusiasmados com a sua fé. Encontrar Jesus foi a melhor coisa que lhes aconteceu. E sentem-se felizes por partilhar a sua experiência alegre do Evangelho com os outros. Sentem que Deus os chamou para este serviço. E, com confiança, entregam-se à missão. Sabem que não são perfeitos, que a sua própria fé está a ainda a fazer caminho, que a sua cultura teológica pode crescer, que não dominam todas as pedagogias. E, mesmo assim, aceitam o desafio da missão de ser catequistas e de fazer catequese com entusiasmo.

Aproveitam com gosto as ocasiões de formação. Para aprender mais sobre a mensagem que anunciam. Para conhecer melhor a realidade dos catequizandos e das suas famílias. Para melhorarem as suas competências como comunicadores da Boa Notícia.

Para o Catequista

Apresentação

O melhor uso que se pode dar à vida e à liberdade é usá-las, colocando-nos ao lado de Jesus no seu empenho por tornar realidade o Reino de Deus. Nos nossos valores, nas nossas práticas. Haverá dificuldades e contradições. Com Ele aprendemos a superar as tentações e as mentiras que nos roubam a liberdade e distorcem a identidade.

Objetivos

ƒ Descobrir em Jesus um homem livre;

ƒ Aprofundar o chamamento a ser livre.

Conteúdos

ƒ Saber:

y Jesus é um homem livre;

y No episódio das tentações, Jesus articula liberdade e fidelidade ao projeto de Deus.

ƒ Fazer:

y Via-Sacra;

y Elaborar o cronograma do projeto.

ƒ Ser:

y Apreço pela liberdade segundo o modo como Jesus a vive;

y Ser livre permite renunciar ao mal;

y Cultivar a ligação entre liberdade e projeto de vida inspirado no Evangelho.

Esquema

A postos

1º Encontro Escuta

Vivo ou morto 15’**

Escutar a Palavra Caminhar como Jesus 34’****

Oração

2º Encontro Observa

3º Encontro Reza

4º Encontro Vive

Vai ao encontro do amor 12’**

A nossa experiênciaO rei tirano 30’*****

Com Jesus

Anuncia

O código da liberdade 10’***

Jesus, homem livre 15’**

O caminho de Jesus: Livre e fiel até à morte 60’****

Os pormenores do projeto 50’ ****

Livres para servir 10’*

Do Catecismo

1731. A liberdade é o poder, radicado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, praticando assim, por si mesmo, ações deliberadas. Pelo livre arbítrio, cada qual dispõe de si. A liberdade é, no homem, uma força de crescimento e de maturação na verdade e na bondade. E atinge a sua perfeição quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventurança.

Síntese de conteúdos

Liberdade é…

Paradoxalmente, o tema da liberdade está a cair em desuso. É um dos pilares das sociedades modernas, mas os grupos e as pessoas individuais vão aceitando crescentes limitações à liberdade individual. O próprio ideal de se ir tornando cada vez mais livre recolhe cada vez menos entusiasmo. A forma cristã de ver e viver a vida valoriza a liberdade. Como valor cívico e como experiência de fé. A partir de Jesus, os Cristãos vivem e procuram uma liberdade que não se reduz à ausência de proibições, uma liberdade que rima com responsabilidade, uma liberdade que leva cada um a agir de acordo com a sua consciência.

Rejeitamos as formas de ver a vida em que a pessoa nunca é “livre”, estando sempre dependente de forças externas ou internas. É certo que o nosso passado, as condições sociais e culturais em que nos movemos, a educação que recebemos... tudo nos influencia por vezes, de forma muito forte. No entanto, como crentes e como cidadãos, continuamos a afirmar o valor da liberdade: apesar de sermos influenciados, condicionados, manipulados por tantas coisas, somos livres. Somos responsáveis pelas decisões que tomamos.

Esta afirmação da liberdade ganha força por causa da nossa fé. Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição, liberta os seus irmãos de todas as prisões. Em Cristo, está ao nosso alcance agirmos em liberdade na busca do bem e da felicidade.

As tentações

A afirmação otimista da liberdade não nos torna ingénuos. Sabemos bem como o uso da liberdade não é linear. Não é fácil mantermo-nos na “gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (usando a expressão de S. Paulo). Há tentações, há uma série de apelos a usarmos a nossa liberdade da forma mais fácil e mais pobre. Em todos os aspetos da vida: no consumo, no trabalho, nas relações e na fé.

A tentação de optar pelo mais fácil não nasce apenas da nossa fragilidade. Há movimentos e ideologias, muito presentes nos media e em tantos fazedores de mentalidades, que defendem como valor o “não te prives”, o evitar problemas, a ética ausente (“Quem tem ética passa fome”)... Mas há quem reaja contra isso. Na série “Harry Potter”, uma das personagens usa frequentemente a frase: “Está a chegar o tempo em que teremos de escolher entre o que é fácil e o que está certo”.

A tentação faz parte do cenário em que decorre o enredo da nossa vida. Uma boa catequese faz tomar consciência da sua presença, ajuda a desmontar as suas “mentiras” e forja uma personalidade forte, capaz de amar os valores, capaz de configurar uma vida digna e com qualidade e de rejeitar a mediocridade.

Liberdade e identidade na adolescência

Todas estas questões da liberdade e da dificuldade de superar os enganos da “tentação” são particularmente sentidas pelos adolescentes, a braços com os desafios de definirem a sua identidade. Para eles, as questões não são apenas saber se compram estas calças ou este telemóvel. Eles defrontam-se com questões muito mais “importantes” e decisivas: Quem quero ser? Qual o estilo de relacionamento com os outros? Ou, ainda mais sério: Quem vai ser o autor de mim mesmo? Vou continuar a ser “feito” pelos adultos e pelas pressões sociais ou serei capaz de construir a minha própria identidade?

Os especialistas sugerem que os adolescentes seguem uma dupla estratégia para construir a sua identidade: a exploração e o compromisso. Nos vários âmbitos da sua vida, eles experimentam novas possibilidades e papéis. Tentam novas roupas, novos hábitos de consumo, novas maneiras de falar. Todas estas novidades podem deixar pais e educadores surpreendidos e até assustados. Mas são apenas modos de explorar possibilidades novas. Os adolescentes darão, com o tempo, continuidade a algumas dessas explorações e deixarão outras para trás. Vão comprometer-se com algumas possibilidades e deixar cair outras.

Estas estratégias só terão possibilidade de sucesso num clima de liberdade, onde o adolescente se sente seguro para experimentar e assumir novas possibilidades. Muitas vezes, pais e educadores reprimem essa liberdade, pois pressentem que pode levar a maus caminhos. Daqui pode nascer um estado de conflito entre gerações. Os adolescentes reclamam mais liberdade para experimentar novas possibilidades, enquanto os adultos tendem a opor-se.

A complicar todo este esforço está o facto de os adolescentes terem um débil controlo de impulsos. Isto leva-os, muitas vezes, a gestos irrefletidos, a atitudes pouco ponderadas.

Jesus no deserto

Todos os anos, no começo da Quaresma lemos o episódio das tentações de Jesus. É um texto importante, que aparece, com óticas diferentes, nos três evangelhos sinópticos.

O relato das tentações surge logo a seguir ao batismo de Jesus, cena em que Jesus Se sente como Filho amado por Deus, por Ele ungido. O Espírito Santo leva Jesus para o deserto. O deserto é lugar de prova e tentação, morada do mal que ataca o homem, mas é também espaço de encontro com Deus, onde acontece a salvação. Ali Jesus está quarenta dias. É um número cheio de simbolismo. Quarenta dias e noites durou o dilúvio; quarenta dias ficou Moisés no monte em diálogo com Deus;

quarenta anos peregrinou Israel pelo deserto; quarenta dias andou Elias pelo deserto antes de chegar ao monte santo. Quarenta é um tempo longo em que acontece algo de importante. Ali no deserto e no jejum, vem ao encontro de Jesus uma personagem estranha. É o “diabo”, aquele que divide, que separa de Deus, que desfaz a nossa unidade interna. É o “tentador” que oferece soluções fáceis.

Esta personagem é mentirosa. Tenta distorcer a identidade de Jesus. Na primeira e na segunda tentação começa com “Se Tu és o filho de Deus” e convida Jesus a reduzir a sua identidade a soluções fáceis: “ordena que as pedras se transformem em pães””, “deita-te daqui abaixo”.

Jesus é realmente Filho de Deus, como o episódio imediatamente anterior do Batismo o demonstrou (Mt 3, 13-17).

Quem é que Jesus quer ser? Filho de Deus entregue ao amor do Pai? Ou reduzir-se à satisfação das necessidades e do desejo de dar nas vistas? Numa e noutra tentação, Jesus mantém-se fiel à sua identidade de Filho, apoiando-Se na Palavra de Deus.

Na terceira tentação, o tentador desafia Jesus a deixar de lado a sua relação com Deus e a adorá-lo em troca de todo o poder do mundo. Como se dissesse: “A tua identidade, Jesus, nada tem que ver com Deus. Tu serás o que tens, todo o poder do mundo, desde que te submetas e te coloques na minha dependência”. Jesus recusa energicamente esta mentira e a conversa fica por ali. “Sai daqui” é a resposta de Jesus. O tentador é “Satanás”, o adversário. Esta opção de ser alguém que não é filho amado de Deus, alguém rendido ao poder e às suas mentiras é sentida por Jesus como “adversário”. Isto é o contrário da identidade verdadeira de Jesus.

Via-Sacra: o que é?

A Via-Sacra é uma experiência de oração tradicional e muito atual. Leva as pessoas a sintonizarem-se melhor com o mistério pascal de Jesus, com a sua morte e ressurreição.

É como uma série com vários episódios. Cada um desses episódios, a que se chama estações, detém-se num dos acontecimentos da Paixão de Jesus.

Esta devoção nasceu em Jerusalém. Os peregrinos, ao visitarem a Cidade Santa, costumavam percorrer com sentido de oração a Via Dolorosa, o caminho que vai da casa de Pilatos ao Calvário e ao Santo Sepulcro.

A partir do século XIII, esta prática espalhou-se um pouco por todo o lado. Fixou-se em 14 o número habitual das estações. A maior parte delas recorda episódios que constam dos Evangelhos, mas algumas são baseadas em outras tradições: as três quedas de Jesus, os encontros com a Verónica ou com sua mãe.

Desenvolvimento

1º Encontro | Escuta

Neste encontro damos prioridade à escuta da Palavra, principalmente através da atividade “Caminhar como Jesus”. O catequista deve fazer um esforço extra para planificar bem as atividades, a sua duração e os materiais a usar.

Material

ƒ Canção “Liberdade” (disponível no Youtube);

ƒ Frases para os espaços “Caminhar com Jesus” (disponível na pasta de apoio);

ƒ Um espelho;

ƒ Pedras;

ƒ Gravação “Áudio 06” (disponível na pen multimédia);

ƒ Penas de pavão, uma escova, maquilhagem, um telemóvel;

ƒ Gravação “Áudio 07” (disponível na pen multimédia);

ƒ Fantoche ou marioneta;

ƒ Gravação “Áudio 08” (disponível na pen multimédia);

ƒ Canção “Vai ao encontro do amor” (diponível na pen multimédia).

A postos: Vivo ou morto.

Duração: 15 min.

f Etapa 1 | Acolhimento e canção 5 min.

O catequista dá as boas-vindas e convida a escutar a canção “Liberdade”. Se for possível pode, também, ver-se o vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=4d64QUtQIv4).

Podem acompanhar a letra no livro do catequizando, página 76:

Canção “Liberdade”

(Priscilla Alcântara)

CANÇÃO

Não parece certo alguém

Que tem asas ser colocado

Dentro de uma caixa, sem ver

A luz do sol brilhar.

Pra mim, não faz sentido alguém

Que tem asas não ter o céu

Inteiro para poder voar

Se tenho asas, eu sei que o céu é o meu lugar.

Eu só queria voar, eu só queria voar

Eu só queria voar, eu só queria voar

Enfim, a liberdade me ouviu

E abriu aquela caixa onde eu estava

Tentei voar, mas minhas asas

Não funcionavam mais (não funcionavam mais).

Eu passei tanto tempo ali

Tanto tempo que desaprendi

O que eu mais amava fazer

Que era voar com você.

A liberdade me chamou de canto e disse assim

Não deixe nada te dizer quem você é

Você é o que vê em mim.

Eu aprendi a voar, eu aprendi a voar

Eu aprendi a voar, eu aprendi a voar

Você me ensinou a voar, você me ensinou a voar

Eu aprendi a voar quando te vi em mim.

Eu aprendi a voar, eu aprendi a voar (quando te vi em mim)

Quando te vi em mim, quando te vi em mim.

A liberdade me chamou de canto e disse assim

Não deixe nada te dizer quem você é

Você é o que vê em mim.

f Etapa 2 | Aprofundar a letra da canção individualmente 5 min.

O catequista convida cada um dos participantes a um tempo de reflexão pessoal sobre a letra da canção a partir das seguintes tarefas:

y Sublinha as expressões que mais te chamaram à atenção;

y Rodeia as expressões ou palavras que para ti são sinónimo de liberdade;

y Risca em cima das palavras ou expressões que para ti não têm significado de liberdade;

y Dá outro título à canção e escreve-o no início.

f Etapa 3 | Diálogo em grupo 5 min.

O catequista agradece o empenho posto no trabalho individual e convida a partilhar em grupo. Começa por fazer uma ronda em que cada um resume a canção com uma palavra apenas.

Depois, com liberdade, cada um vai partilhando as suas escolhas acerca da canção. O catequista preocupa-se em criar um clima de partilha aberta e sincera.

No final, comentando os títulos alternativos propostos para a canção, o catequista diz: “São muito imaginativas as vossas propostas. São maneiras diferentes e originais de descrever o tema da liberdade.

Que é o tema que iremos aprofundar ao longo deste e dos próximos encontros.”

Escutar a Palavra: Caminhar como Jesus.

Duração: 34 min.

Preparação:

Antes do encontro, na sala onde o mesmo decorre (se for possível, pode usar-se um espaço ao ar livre ou mais amplo), o catequista prepara quatro cantos ou espaços. Cada um representa quatro momentos do texto bíblico sobre as tentações de Jesus. Num dos cantos, coloca um espelho e a frase “Quem és?”. Num outro canto, coloca um monte de pedras e a frase “Se tu és...”. No terceiro canto, coloca as penas de pavão, um telemóvel, uma escova e maquilhagem e a frase “Se és tu...”. No quarto e último canto, coloca uma marioneta ou fantoche e frase “Se me adorares…”.

f Etapa 1 | Proclamação da Palavra 3 min.

O catequista convida os participantes a procurarem o episódio das tentações de Jesus, na versão de S. Mateus (Mt 4, 1-11). E motiva à sua leitura:

“Podemos aprender muito sobre a liberdade a partir de Jesus. Logo no início da sua vida pública, Jesus vai para o deserto, para clarificar a sua identidade e a sua missão. E aí é confrontado com várias tentações, com várias escolhas. Pode ser interessante para nós aprender com Jesus a usar bem a nossa liberdade.”

Um voluntário, previamente ensaiado, proclama a Palavra de Deus. Os outros catequizandos acompanham a leitura nas suas bíblias.

Leitura do Evangelho segundo S. Mateus (4, 1-11)

LEITURA Em seguida, Jesus, conduzido pelo Espírito Santo, retirou-se para o deserto a fim de ser ali tentado pelo Diabo. Depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus teve fome. O tentador aproximou-se dele e disse: «Se és filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.» Jesus respondeu: «A Sagrada Escritura diz: Não se vive só de pão, mas também de toda a palavra que vem de Deus.»

Então o Diabo levou-o à cidade santa, colocou-o no ponto mais alto do templo, e disse-lhe: «Se és o filho de Deus, atira-te daqui abaixo, porque diz a Escritura: Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito: eles hão de segurar-te nas mãos para evitar que magoes os pés contra as pedras.»

«Mas a Escritura diz também: Não tentarás o Senhor teu Deus», respondeu Jesus.

O Diabo levou-o ainda a um monte muito alto, mostrou-lhe dali todos os países do mundo com as suas grandezas e disse: «Tudo isto te darei se de joelhos

me adorares.» Jesus respondeu: «Vai-te, Satanás! A Escritura diz: Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto.»

O Diabo então deixou-o e aproximaram-se alguns anjos que começaram a servi-lo.

f Etapa 2 | Comentário breve 3 min.

Para motivar e enquadrar as etapas seguintes, o catequista faz um breve comentário ao texto, com estas ou outras palavras. De acordo com as circunstâncias, as ideias abaixo recolhidas podem ser trabalhadas num diálogo entre catequista e catequizandos.

y Jesus vai para o deserto. É um tempo para Ele mesmo, para clarificar quem é, o que vai fazer da vida, como vai usar a sua liberdade.

y E ali, no deserto, surgem as tentações, respostas fáceis para perguntas sérias.

y Jesus não cede às tentações subtis, por melhores que elas possam parecer, porque é filho amado de Deus.

y Jesus mantém-Se fiel à sua identidade de Filho de Deus, enviado como Salvador do povo.

y Não se deixa seduzir pelo que é fácil ou agradável, nem pelo poder e a glória. Esquecido de si mesmo, opta por aquilo que é coerente com a sua missão.

y Mostra a todos que, aceitar ser seu discípulo, passa também por enfrentar e vencer a tentação, como Ele fez.

f Etapa 3 | Quem és? 7 min.

O catequista explica que o texto que escutámos pode ser dividido em quatro momentos. Para descobrirmos o sentido profundo desta Palavra que Deus nos deixou, vamos visitar quatro cantos ou espaços e em cada um deles vamos deter-nos em alguns detalhes.

O catequista pede que todos se levantem e o acompanhem ao primeiro espaço.

Neste espaço está um espelho e um letreiro “Quem és?”.

O catequista pede que todos se olhem ao espelho e que escrevam, no livro do catequizando, página 76, a resposta à pergunta: “Quem és?”. Só podem usar três palavras.

Depois de todos terem dado individualmente as suas respostas, o catequista comenta:

“Mesmo antes de vir para o deserto, Jesus tinha sido batizado e Deus tinha clarificado qual era a identidade de Jesus. A voz do Pai tinha dito solenemente:

Tu és o meu filho muito amado. Aqui no deserto, Jesus vai ser tentado. Será que Ele permanece fiel a Si mesmo, às suas raízes, ao amor de Deus? Ou tenta ser outra pessoa?”

O catequista convida os participantes a pensarem e a responderem às perguntas que estão no livro do catequizando, página 77.

y Ser filho amado por Deus faz parte da minha identidade?

y Quais são as minhas tentações? O que é que me dificulta ser eu mesmo?

f Etapa 4 | As pedras 7 min.

O catequista conduz o grupo ao segundo espaço, onde estão algumas pedras e a frase “Se tu és…”

Convida os catequizandos a instalar-se para escutar a meditação “As pedras” (Áudio 06).

O catequista pede que escrevam no livro do catequizando, página 78, as expressões que lhes tenham chamado mais a atenção durante a escuta.

“As pedras”

AUDIO

Aqui no meio do deserto, Jesus enfrenta a tentação sobre quem Ele é e quem está chamado a ser.

Ele sente-Se filho amado de Deus, mas tem fome. E uma voz lança-lhe uma mentira suave: “Se és filho de Deus, transforma estas pedras em pães.”

Tu, como Jesus, tens dificuldades em cada dia e, às vezes, é complicado ser fiel à melhor versão de ti mesmo. A verdade de Jesus era sentir-Se amado por Deus. Mas surge a tentação de usar a sua liberdade para alimentar as suas necessidades. Jesus pode deixar de ser quem é, pode desistir de ser filho amado de Deus.

Pode ser alguém que manda, que usa as coisas e as pessoas em benefício do seu bem-estar.

Jesus, como tu, é livre de Se esquecer de Deus e do seu projeto de amor. O tentador oferece-Lhe a possibilidade de ser alguém que usa a sua identidade apenas para se sentir confortável.

Jesus tem de decidir. Ou permanece fiel ao amor terno do Pai e assume a sua missão de anunciador do Reino, ou cede a outros projetos mais fáceis e mais egoístas. Para nós, a tentação é parecida: ou nos assumimos como filhos amados por Deus, comprometidos com Jesus e como Jesus na causa do Reino ou desistimos do amor, rendendo-nos aos desejos comodistas.

A seguir, cada um partilha as expressões escolhidas com o resto do grupo.

f Etapa 5 | As aparências 7 min.

O catequista guia o grupo até ao terceiro espaço onde estão alguns objetos: telemóvel, penas de pavão, uma escova de cabelo e um letreiro “Se és tu…”

O catequista pede que se sentem e que observem os objetos. Inicia um diálogo sobre os mesmos, com estas ou outras perguntas:

y Que objeto achas mais estranho estar aqui?

y O que poderá ele significar?

y Com qual dos objetos mais te identificas?

y Qual deles está mais presente na tua vida?

Depois do diálogo o catequista faz ouvir o Áudio 07

“As aparências”

AUDIO A liberdade de Jesus continua a ser desafiada. A segunda tentação acontece no Templo de Jerusalém, a casa de Deus. “Se és filho de Deus, atira-te daqui abaixo…”

No meio das dificuldades porque não pedir a Deus que faça da nossa vida um espetáculo?

É tão fácil… eu seria mais feliz se tivesse melhor aparência, se pudesse ter um telemóvel mais caro, ou se tivesse mais seguidores nas redes sociais… Jesus sente a tentação de trocar a sua identidade de filho amado por uma identidade baseada na fama, no aplauso dos outros. E isto é tremendo. Trata-se de usar a Palavra de Deus, a sua mensagem de amor, como um instrumento ao serviço dos nossos interesses e das nossas vaidades! Tudo ficaria ao serviço do nosso êxito. Até Deus!

Mas Jesus não Se deixa enganar na sua liberdade. No seu eu verdadeiro, a prioridade está em Deus e não nas aparências.

O catequista pede que escrevam, no livro do catequizando, página 79, duas situações concretas em que deram demasiada importância à sua aparência ou à maneira como são vistos pelos outros. Depois, se o catequista o considerar pertinente, faz-se a partilha em grupo . Obviamente, que esta deve ser feita num clima respeitoso e seguro.

f Etapa 6 | Fantoche 7 min.

O catequista acompanha o grupo até ao quarto e último espaço onde está um fantoche ou marioneta e a frase “Se me adorares…”.

Pede ao grupo que recorde em que consistiu a última tentação que o diabo lançou a Jesus.

Convida a sentarem-se e a escutarem atentamente a gravação (Áudio 08). “Fantoche”

AUDIO

A terceira tentação é mais descarada. O diabo tenta convencer Jesus a mudar de lado. Promete-Lhe poder sobre todo o mundo, se renunciar à amizade com Deus e adorar o tentador, tornando-Se um fantoche nas mãos do mal.

Quer que Jesus se converta num dominador da humanidade. Que Jesus esqueça o amor e a liberdade que nascem de Deus e aceite a opressão, a violência e a vaidade.

Jesus, sem papas na língua, rejeita mais esta mentira. Ele entrega-Se todo à “adoração de Deus”, que O leva a construir o seu Reino de vida abundante e feliz para toda a humanidade.

Esta tentação de Jesus é também a nossa. Somos tentados a usar a nossa liberdade negando o lugar central de Deus na nossa vida e aceitando ser fantoches manipulados pela vaidade, pela violência, pelo sucesso e pelo egoísmo.

Mas pode ser também nossa a resposta de Jesus. “Vai-te embora!” Como Jesus, usamos a liberdade para colocar a relação com Deus e o compromisso com o Evangelho no centro do nosso existir e para rejeitar o mal e a mentira.

Depois de escutar a meditação, o catequista pede aos participantes que identifiquem os “tentadores” que existem na sociedade, que tentam manipular a nossa liberdade e que procuram impedir-nos de optar por uma vida mais abundante e feliz .

De acordo com a maturidade do grupo, o catequista pode propor uma segunda questão: quais as formas de contrariar e combater esses “tentadores” identificados na questão anterior.

Oração: Vai ao encontro do amor.

Duração: 12 min.

f Etapa 1 | Canção 5 min.

De regresso ao lugar habitual de encontro do grupo, o catequista convida a um momento de oração. Indica que se devem sentar comodamente, acalmar a respiração e colocar-se na presença de Deus.

Faz escutar a canção “Vai ao encontro do amor”. Sugere que acompanhem a letra no livro do catequizando, página 80.

CANÇÃO

Canção “Vai ao encontro do amor”

(Leonel Claro)

Vai ao encontro do amor,

segue os passos de quem te convida.

Vai ao encontro do amor, deixa Cristo guiar tua vida

Lança o olhar no futuro, é a ti de o construir

Vai ao encontro do amor, aceita o convite a partir.

Destrói os muros que te cercam e te escondem a verdade, Vai ao encontro do amor de ilusões constrói liberdade.

Vai, há alguém que te espera, deixa o medo, tu és capaz.

Vai ao encontro do amor p’ra cantar um hino de paz.

Segue o vento que te chama; ouve o Cristo que te envia

Vai ao encontro do amor, da tristeza faz alegria.

f Etapa 2 | Ecos da canção e preces 7 min.

Sempre mantendo um clima de oração, o catequista convida os participantes a uma leitura atenta da letra da canção. Diz o catequista:

“O episódio das tentações de Jesus mostrou como é difícil usar bem a nossa liberdade. Podemos usá-la mal, deixando de ser nós mesmos, traindo a nossa relação com Deus. Ou podemos fazer como Jesus: mantermo-nos fiéis à nossa identidade e à nossa relação com Deus.”

Pede que cada um escolha uma das frases da canção que exprima bem algumas das possibilidades entusiasmantes que estão na sua vida. “Tu podes fazer muitas coisas com a tua liberdade. À luz de quem és, animado por quem Deus te chama a ser, escolhe uma frase que descreva um bom uso que podes dar à tua liberdade.”

O catequista orienta a partilha das frases. Não é necessário justificar as escolhas feitas.

O catequista divide o grupo em dois coros para fazerem as preces que estão no livro do catequizando, página 81.

Coro 1: Senhor, ajuda-me a viver a liberdade contigo. Em Ti, encontro luz e coragem. Tu não me abandonas.

Coro 2: Senhor, ajuda-me a ser livre. Dá-me coragem para assumir com fé e amor os meus compromissos.

Coro 1: Senhor, ilumina a minha liberdade. Ajuda-me a fazer boas escolhas.

Coro 2: Senhor, liberta-me de tudo o que me torna infeliz. Cura-me de medos e ansiedades.

Terminam a oração rezando juntos a oração do Pai-Nosso.

2º Encontro | Observa

Material

ƒ Balões (2 por participante);

ƒ Papéis brancos (1 por participante);

ƒ Fio (1 por participante);

ƒ Vídeo “Jesus no deserto” (disponível na pen multimédia);

ƒ Música ambiente “fundo 17” (disponível na pen multimédia).

A nossa experiência: Rei Tirano.

Duração: 30 min.

Preparação:

O catequista prepara um lugar bastante espaçoso e sem obstáculos (poderá ser um pátio exterior, por exemplo). Ninguém poderá sair deste espaço. Este representa o reino do rei tirano. Numa parte desse reino, haverá uma zona mais pequena, bem assinalada, que servirá de prisão ou masmorra real.

f Etapa 1 | Preparar o jogo 5 min.

O catequista dá as boas-vindas a todos. Convida o grupo a jogar ao «Rei tirano». Entrega a cada catequizando um pequeno papel, dois balões e um fio. Pede aos catequizandos que escrevam no papel a ideia que têm de liberdade.

Os catequizandos, sem mostrar aos colegas o que escreveram, enrolam o papel e introduzem-no num dos dois balões. Enchem o balão que contém o papel, dão-lhe um nó e atam-no com um fio, numa das pernas, a 30 cm do pé. Este balão será o símbolo da liberdade. Guardam o segundo balão num bolso.

f Etapa 2 | Jogar 7 min.

O catequista escolhe agora um voluntário para fazer de rei tirano. Este andará sempre com o seu balão na mão, enquanto os outros deverão atá-lo a um pé, de maneira que fique a cerca de 30 cm do pé. Explica a área disponível que representa o reino do rei tirano e a área que representa a prisão real. Depois, explica as regras do jogo:

y No início, todos podem mover-se pelo reino, livremente e sem medo;

y Quando o catequista bater palmas (ou usar outro sinal), o rei começará a perseguir todos os habitantes do seu reino. Tenta rebentar o balão de cada um para lhes tirar a liberdade;

y Quando o rei consegue rebentar o balão a um jogador, este pode fazer uma de duas coisas: ir para a prisão e passar o resto da vida a pão e água, ou tornar-se escravo do rei e ajudá-lo a rebentar os balões aos colegas. Depois de tomar a sua decisão, não poderá alterá-la;

y Os papéis que estavam nos balões rebentados ficam no chão, mostrando que a liberdade foi pisada pelo rei tirano;

y Se o fio se romper ou o nó se desatar, o rei não poderá rebentar o balão até voltar a estar preso novamente ao pé;

y Os que ficarem na prisão real só poderão escapar se algum outro cidadão do reino ainda livre os libertar dando-lhe o segundo balão que foi fornecido no início do jogo. Aí, o encarcerado enche-o, ata-o ao pé e sai da prisão. Os encarcerados não poderão encher o seu segundo balão, nem o podem oferecer aos outros prisioneiros;

y Ganhará o rei se conseguir tirar a todos a liberdade, levando-os para a prisão ou tornando-os seus escravos;

y Ganhará a Liberdade (e irá o rei para a prisão) se durante cinco minutos o rei não conseguir apanhar todos, tornando-os escravos ou prisioneiros. Se o balão do rei tocar no chão, ganha a Liberdade e o rei vai para a prisão, acabando assim o jogo;

y Ninguém, exceto o último que está em liberdade, poderá tocar no rei e no seu balão. Quem o fizer, é eliminado do jogo. Quando só restar um cidadão do reino em liberdade, este poderá tentar tirar o balão ao rei e fazer com que toque no chão ou rebentá-lo. Se o conseguir, ganhou a liberdade para todos e o rei perdeu.

Se o catequista achar conveniente e houver tempo, pode voltar a jogar-se o jogo, trocando a pessoa que faz de rei.

f Etapa 3 | As ideias sobre a liberdade 5 min.

No final, o catequista convida os catequizandos a apanharem os papéis do chão (e os balões) e a lerem em conjunto o que, para cada um, significa a Liberdade. Para ajudar à partilha, o catequista pode indicar a regra: cada um deve apanhar o papel que estiver mais perto de si e que é esse papel que lê.

f Etapa 4 | Analisar o jogo 13 min.

O catequista convida a refletir sobre a liberdade a partir da experiência feita durante o jogo do “rei tirano”.

Começa por pedir as impressões iniciais, sobre como se sentiram, o que apreciaram mais e menos durante o jogo.

Depois avança para um aprofundamento com estas ou outras perguntas.

y Quando ficaste sem balão, porque é que decidiste ser escravo (ou prisioneiro)?

y Na vida real, preferirias passar dificuldades em vez de te juntares aos que fazem o mal (o rei tirano)?

y Porque é que achas que há pessoas que querem tirar a liberdade a outras?

y O que entendes por escravidão?

y Que situações é que, nos dias de hoje, podem transformar as pessoas em escravos sem que elas dêem conta?

y Há quem diga que o amor é o contrário da escravidão. Concordas?

y A liberdade ou a ausência dela condiciona um verdadeiro amor?

Com Jesus: O código da liberdade.

Duração: 10 min.

f Etapa 1 | Vídeo “Jesus no deserto” 3 min.

O catequista convida a recordar o episódio das tentações de Jesus a partir do vídeo “Jesus no deserto”.

Guião do vídeo “Jesus no deserto”

VÍDEO Em seguida, Jesus, conduzido pelo Espírito Santo, retirou-se para o deserto a fim de ser ali tentado pelo Diabo. Depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus teve fome. O tentador aproximou-se dele e disse: «Se és filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.» Jesus respondeu: «A Sagrada Escritura diz: Não se vive só de pão, mas também de toda a palavra que vem de Deus.»

Então o Diabo levou-o à cidade santa, colocou-o no ponto mais alto do templo, e disse-lhe: «Se és o filho de Deus, atira-te daqui abaixo, porque diz a Escritura: Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito: eles hão de segurar-te nas mãos para evitar que magoes os pés contra as pedras.»

«Mas a Escritura diz também: Não tentarás o Senhor teu Deus», respondeu Jesus.

O Diabo levou-o ainda a um monte muito alto, mostrou-lhe dali todos os países do mundo com as suas grandezas e disse: «Tudo isto te darei se de joelhos me adorares.» Jesus respondeu: «Vai-te, Satanás! A Escritura diz: Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto.»

O Diabo então deixou-o e aproximaram-se alguns anjos que começaram a servi-lo.

f Etapa 2 | Jesus e a liberdade 7 min.

O catequista pergunta: “O que é que podemos aprender com Jesus sobre a liberdade que Ele mostra neste episódio (e em tantos outros momentos da sua vida)?”

O catequista promove um diálogo sobre Jesus e a liberdade. Ajuda os catequizandos a comparar a experiência feita no jogo do “Rei tirano” com o episódio bíblico.

Anuncia: Jesus, homem livre.

Duração: 15 min.

f Etapa 1 | Para um compromisso com Jesus 15 min.

O catequista convida a prestar atenção ao texto “Jesus, homem livre”, no livro do catequizando, páginas 84 e 85. Contém uma série de frases sobre Jesus.

Jesus, homem livre

y É profundamente humano. Mostra os seus sentimentos de afeto, carinho, amizade.

y Tem uma grande constância e vontade. Nunca desanima no seu projeto de anunciar o Reino de Deus.

y Deseja para toda a gente a felicidade e as maiores alegrias.

y Semeia à sua volta: vida, alegria, esperança, sentido de viver.

y Trata a todos de forma igual, embora sinta predileção pelos mais pobres, pelos últimos.

y É solidário com todos: ri com os que riem e chora com os que choram.

y Mostra-se respeitador, paciente, tolerante, compassivo.

y Acredita nas pessoas. Por isso, dá-lhes sempre uma nova oportunidade.

y Não é individualista. Faz grupo-comunidade.

y Não tem vergonha de anunciar que Deus é Pai e Amor, com palavras e com factos.

y Gosta da companhia e da solidão, do silêncio e do diálogo, da reflexão e da ação.

y Ama a natureza, contempla-a e admira-a. Sabe ver nela a beleza e o amor de Deus.

y Sabe remar contra a maré, graças à força do Espírito que n´Ele habita.

y Nada nem ninguém o ata nem escraviza. Libertou-se de tudo para amar melhor a todos.

y Confia totalmente em Deus Pai, que o há de glorificar um dia.

O catequista coloca música ambiente (fundo 17) e pede que leiam com calma todas as frases. Depois, diz: “Destas frases que descrevem o estilo de vida de Jesus e a maneira como Ele usa a sua liberdade, com qual te desejas comprometer?”

O catequista dá espaço para que cada um faça a sua escolha.

A seguir, partilha-se em grupo.

Havendo oportunidade, pode também escolher-se uma frase que seja importante para o grupo enquanto tal.

3º Encontro | Reza

Material

ƒ 6 pedaços de madeira com buracos (ver abaixo esquema de montagem);

ƒ Canetas de feltro grossas;

ƒ Cordas;

ƒ Tesoura;

ƒ Imagens para as estações da Via-Sacra (disponível na pasta de apoio);

ƒ Espinhos ou arame farpado (para a coroa de espinhos);

ƒ Canção “Ninguém te ama como eu” (disponível na pen multimédia);

ƒ Cópias dos testemunhos (PDF disponível no site de apoio);

ƒ Canção “Tuas feridas nos curaram” (disponível na pen multimédia).

Este encontro consiste numa Via-Sacra feita com os catequizandos. Os caminhos livres de Jesus levaram-n’O a amar todos e sempre. Até à morte. Fazer a Via-Sacra é cruzar os nossos caminhos com o caminho final de Jesus. E ao fazer memória do seu amor até ao fim, encontramos inspiração para ser livres como Ele, amando como Ele.

Terá apenas seis estações para permitir uma boa gestão do tempo, já que em cada uma delas haverá várias tarefas a realizar. Se necessário, o catequista explica esta diferença em relação à forma habitual de celebrar a Via-Sacra com 14 estações. Em cada estação escutam-se os testemunhos de algumas personagens, o catequista propõe uma meditação. Os catequizandos colocam a sua reflexão nas várias peças que irão formar a cruz. O local de cada estação estará assinalado pelas imagens disponibilizadas na pasta de apoio.

Não fazemos sugestão de tempos em cada etapa, pois o catequista, de acordo com as necessidades do seu grupo, pode dedicar mais tempo à reflexão e ao diálogo numas estações do que noutras.

O esquema da Via-Sacra que aqui deixamos ajuda os catequizandos a descobrir o paralelismo entre o caminho de Jesus e os seus próprios caminhos. Um desenvolvimento possível desta Via-Sacra seria a celebração da reconciliação sacramental. No final desta celebração poder-se-ia oferecer a possibilidade de se confessarem.

Atividade: O caminho de Jesus: livre e fiel até à morte.

Duração: 60 min.

Preparação

É importante que os materiais necessários estejam à disposição, nos locais apropriados, para não haver ruídos nem distrações.

Os textos são distribuídos e ensaiados previamente por diferentes leitores. Procuram uma leitura pausada, que exprima o sentimento das personagens e que ajude os ouvintes à reflexão.

Os momentos de “meditação pessoal” devem ser orientados pelo catequista.

Ao começar cada estação, pode cantar-se uma canção ou refrão. No final de cada estação reza-se oPai-Nosso e as jaculatórias habituais na paróquia.

Todo o grupo deve participar no transporte da cruz entre as estações. A cruz é formada por 6 tábuas unidas que vão sendo trabalhadas pelo grupo.

O catequista deve preparar previamente o percurso da Via-Sacra e identificar o local de cada estação.

f Etapa 1 | Começar a Via-Sacra.

Com estas ou outras palavras, o catequista explica como vai decorrer a Via-Sacra: “ Fazer a Via-Sacra é aproximar-se do caminho de Jesus. É confrontar-se com a morte Dele e colocá-la em diálogo com a nossa vida.

Começamos aqui o caminho da “Via-Sacra”. Recordamos Jesus que viveu a sua liberdade em favor dos outros e da causa do reino de Deus. Lembramos os últimos passos de Jesus e como se manteve um homem livre. Ao longo deste caminho, contemplaremos o mistério da morte de Jesus com a ajuda de diferentes personagens que nos falarão da sua experiência. Teremos momentos para refletir, para rezar, para fazermos pequenos gestos que nos aproximam da experiência de Jesus. Disponhamo-nos a caminhar com Jesus.”

O grupo desloca-se para o local da primeira estação.

f Etapa 2 | 1ª Estação: Jesus é condenado à morte

Canção “Ninguém te ama como Eu”

(Martín Valverde)

CANÇÃO Quanto esperei este momento

Quanto esperei que estivesses aqui

Quanto esperei que me falasses

Quanto esperei que viesses a Mim

Sei bem o que tens vivido

Sei bem porque tens chorado

Eu sei porque tens sofrido

Sempre estive ao teu lado

Ninguém te ama como Eu (x2)

Olha p’rá cruz é a minha maior prova

Ninguém te ama como Eu

Ninguém te ama como Eu (x2)

Foi por ti, só por ti, porque Te amo

Ninguém te ama como Eu

Eu sei bem o que me dizes

Mesmo que às vezes não me fales

Eu sei bem o que tu sentes

Mesmo que tu não partilhes comigo

A teu lado caminhei

Junto a ti Eu sempre estive

Tenho sido o teu apoio

Fui o teu melhor amigo

O catequista faz a saudação inicial: Em nome do Pai…

Memória

Homens do Sinédrio: Decidimos condenar Jesus à morte. A sua voz incomoda-nos. O que diz e faz passa dos limites: amar os inimigos. Onde é que já se viu? Anda metido com a escumalha da cidade (pobres, prostitutas, marginais, leprosos), quer trazer uma nova sociedade, um “novo Reino”. Fala de Deus como de um Pai, diz-Se Filho de Deus. E isso não podemos admitir. Com esta condenação, acabamos com estas manias e mantemos tudo como estava. Decidimos condená-Lo. “Crucifica-O!”, pedimos a Pilatos. E assim aconteceu.

Pilatos: Ele estava ali, à minha frente... um olhar diferente. Perguntei-Lhe: “O que é a verdade?” Não percebi a resposta d’Ele. Decidi lavar as mãos. Eles, o seu povo, queriam-no morto. Crucificado, para “servir de exemplo”. Pois que assim seja. Eu digo-vos: nisto, lavo as minhas mãos. Não me comprometo. Não tenho nada a ver com esta história.

Meditação

Catequista: Descobrimos que Jesus era um homem livre e que usava a sua liberdade para responder ao amor do Pai e o partilhar com todos.

Agora, paramos para pensar.

(O catequista faz as perguntas que se seguem com calma. Dá alguma pausa entre cada pergunta. De acordo com o espaço, o catequista pode indicar aos catequizandos que se sentem ou que permaneçam de pé.)

Como vivo o “meu amor”?

De forma egoísta, pensando só em mim?

Condenando aqueles que me rodeiam (a minha família, os meus amigos, os meus companheiros de estudo ou trabalho)?

Condeno, tambem, aqueles que ninguém quer (os pobres, os arrumadores, os deficientes, os infectados de mil doenças)?

Quem são os “condenados” do nosso tempo? Quem é condenado nas guerras do mundo?

Quem é condenado pelo bullying dos colegas ou é vítima da violência dos mais fortes?

Quem é condenado com a minha violência e as palavras agressivas? Quem condeno nas minhas mentiras, nos meus maus juízos e preconceitos?

Gesto

Início da cruz

Leitor: Começamos a montar a “nossa cruz”. Hoje, no labirinto da vida, tantas vezes marcado pela dor, por “becos sem saída”, queremos encontrar uma “bússola”: a tua cruz, Senhor. Para saber usar a liberdade, para viver no amor.

O catequista pede que cada um escreva o seu nome no primeiro retângulo da cruz (com letra legível, maiúscula, de preferência).

Todos: Hoje na tua cruz, Senhor, sou eu que peso.

Pai-Nosso

Canto: Refrão

f Etapa 3 | 2ª Estação: Jesus é coroado de espinhos.

Soldados: Todos diziam que Ele era “Rei dos Judeus”. Para nós, soldados, tanto fazia. Mas um rei tem de ter uma coroa. E demos-Lhe uma… feita de espinhos. Mais umas vergastadas e estava pronto para seguir caminho. Durante a tortura, Ele não disse nada. Despojado das suas roupas, despojado de tudo, era simplesmente um homem condenado. Só os piores eram condenados à cruz. Eles lá sabiam porque é que O condenaram... nós cumprimos ordens. Ele não disse nada. Eis o homem: está preparado.

Multidão: Um verdadeiro “circo de feras”. Há uns dias, Ele era, para nós, o maior. No Dia de Ramos aclamámo-Lo como rei. Agora, rimo-nos d’Ele e mandamos-Lhe “bocas”. Disse coisas tão bonitas, mas hoje só sobram as lágrimas e os insultos. Com Ele, vão mais dois condenados. Um verdadeiro circo!

Meditação

Catequista: Jesus morre ainda jovem. É condenado nas guerras que ensanguentam o mundo; é coroado de espinhos nos jovens que vivem com medo; é condenado nos lares de terceira idade, onde tantos idosos morrem de solidão; é condenado por ti e por mim...

Como vivo os espinhos que coloco a Jesus? Como vivo os espinhos que coloco na minha família, naqueles que me amam e vivem perto de mim? Como vivo os espinhos que coloco nos meus amigos quando faço da mentira verdade, quando os manipulo na direção dos meus interesses, quando não amo, mas exijo receber amor?

Como vivo os espinhos que Jesus sofre naqueles que sofrem hoje? É-me mais fácil falar que fazer algo para mudar... É-me mais fácil dar soluções aos outros do que solucionar, realmente, o que me é possível... É-me mais fácil colocar os espinhos nos outros – para me livrar deles! – do que destruí-los de uma vez por todas da minha vida.

Gesto

Coroação de espinhos

O catequista propõe que se faça uma coroa de espinhos. Ela será colocada no topo da cruz, quando esta estiver terminada. Motiva os catequizandos com estas palavras ou outras semelhantes: “A nossa cruz, para ser completa, tem também uma coroa de espinhos. Hoje, os seus espinhos são feitos de mentira, injustiça, egoísmo e indiferença.”

Todos: Hoje sou eu que faço a tua coroa de espinhos, Senhor.

Até ao final da via-sacra, a coroa fica na mão dos catequizandos.

Pai-Nosso

Canto: Refrão

f Etapa 4 | 3ª Estação: Jesus carrega com a cruz e cai.

Um dos Discípulos: Assistimos a tudo de longe. Temos medo de nos aproximarmos... Não queremos ser vistos perto de Jesus. Ele vai carregado com a cruz. Vê-se que pesa imenso! E Jesus cai, cansado e ferido. É duro vê-Lo assim. O rosto cheio de pó, a vida caída no chão. Todos riem... e exigem que Se levante com insultos. Até onde dura este caminho? Ainda falta tanto! Nada a fazer. A cobardia impede-nos de ficar do lado Dele. Sim, somos seus amigos… Mas há sempre um “mas” a impedir-nos de fazer a diferença. Nós sabemos que Ele é inocente, como tudo isto é injusto.

Meditação

Catequista: Ele carrega a nossa cruz. Carrega o peso dos nossos pecados e pesam tanto as nossas decisões egoístas. Nós ficamos a olhar, de longe. Temos medo de nos aproximarmos e pedirmos perdão das nossas faltas que tornam imenso o peso da sua cruz. Quantas vezes dizemos que não temos pecados, que não fazemos mal a ninguém, que não roubamos, que não matamos, só as coisas do dia-a-dia, como se tudo isso fosse pouco, ou nada... Jesus carrega sobre Si as nossas culpas para nos perdoar. Hoje, ao lado de Jesus caído ao chão, olhamos com honestidade para nós mesmos e avaliamos a maneira como temos usado a nossa liberdade.

Pensa nos teus egoísmos, na maneira como vives a vida, na sinceridade do teu coração, nas vezes em que não fizeste nada, nas vezes em que viveste só para ti, pensaste só em ti, só te amaste a ti.

E diante de Deus? Como O tens esquecido! Rezamos pouco, não fazemos comunidade, não perdoamos os nossos amigos (e menos ainda os inimigos!). Quantas vezes vejo o mal nos outros e não vejo o meu!

Pensa um pouco na tua “quota-parte” da pesada cruz de Jesus.

Gesto

Unir três partes da cruz

A cruz de Jesus é feita de “pequenas partes”. O peso da sua cruz é o peso das “nossas partes” na cruz de Jesus. E num gesto de amor sem limites, Jesus leva todo esse peso, para nós podermos viver a vida em liberdade e alegria. As nossas quedas, a traição à nossa liberdade é o peso que faz Jesus cair ao chão.

O catequista apresenta mais três pedaços da cruz. Os catequizandos unem com corda esses pedaços.

O catequista convida cada um a escrever os gestos e as atitudes que atiram Jesus ao chão. Podem ser palavras como abandono, tristeza, pecado, morte, egoísmo, comodismo, violência, opressão, condenação, preconceitos, entre outros.

Todos: Hoje o peso da Tua cruz, Senhor, são os meus limites e os meus pecados.

Pai-Nosso

Canto: Refrão

f Etapa 5 | 4ª Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu e encontra as mulheres de Jerusalém.

Memória

Cireneu: Não me ofereci como voluntário. Fui obrigado. Estava no lugar errado, à hora errada. O condenado tinha de morrer na cruz, não pelo caminho. Não pediram a minha opinião: puseram-me às costas a cruz deste Jesus. Vi a coragem daquele homem no seu olhar. Fraco, cansado... mas fiel àquilo ou Àquele em que acreditava. Ferido e esmagado, mas não derrotado. E por Ele, pus-me no lugar dos que são vítimas, não da parte dos tiranos e descobri uma coisa: é grande a alegria de ajudar o outro a suportar o seu peso. Primeiro, pensava que estava a ajudar um condenado, um criminoso. N’Ele descobri um homem diferente e ao lado d’Ele também eu fiquei diferente!

Mulheres de Jerusalém: Éramos quatro ou cinco. Íamos por onde podíamos para O acompanhar. Os soldados não nos deixavam aproximar... Não conseguíamos fazer nada. Uma de nós passou por entre os soldados para limpar o seu rosto, enquanto todos O insultavam... Não precisava das nossas lágrimas, disse-nos Ele. Mas pediu-nos que escolhêssemos a verdade e a justiça; que nos puséssemos ao lado daqueles que sofrem; que não chorássemos os nossos males e os males dos outros, mas que ajudássemos a superar esses males com a nossa liberdade. Ao limpar o suor da miséria e da pobreza, ao limpar o rosto do doente terminal, ao limpar o rosto imundo de mal para lhe dar uma nova cor, a cor da vida. E prosseguiu no seu caminho sagrado.

Meditação

Catequista: Jesus tem o rosto marcado por muitas dores. É um rosto sofredor, precisando de uma mão que afague as feridas.

Quantas vezes afagaste um rosto de um doente? Como vives a tua liberdade na vida, na ação, no amor real e verdadeiro para com os outros? Quantas vezes saciaste a fome de uma mão estendida na rua? Quantas vezes visitaste os que sabes sozinhos?

Quantas vezes disseste à tua família o quanto os amas? Quantas vezes ficaste em casa a ouvir as histórias dos mais velhos? Quantas vezes ouviste os conselhos daqueles que te deram a vida e te querem ver feliz?

Gesto

Outros nomes

O catequista explica que naquele momento vão acrescentar mais uma parte da nossa cruz (a quarta vertical, com quatro furos): “Há muita gente por quem Cristo dá a sua vida. Conscientes que estamos a escrever na cruz de Jesus, anotamos os nomes de pessoas, de perto ou de longe, que passam necessidade.”

Pode aproveitar-se para apresentar um pouco o porquê desse nome, porque se escolheu...

Todos: Na tua cruz, Jesus, estão as dores de muitos dos nossos irmãos.

Pai-Nosso

Canto: Refrão

f Etapa 6 | 5ª Estação: Jesus é crucificado

Memória

Centurião Romano: Dá muito trabalho fazer uma crucificação bem-feita.... Espetar os pregos nos pulsos e nos pés, ver o sangue e lágrimas do condenado… Ouvir os seus gritos.

Já me tinham falado deste Jesus de Nazaré, mas não O conhecia. Não gritou como os outros. Olhou-me nos olhos e compreendi naquele instante que a condenação era injusta. Os meus soldados sortearam entre eles a sua túnica... Eu olhava para Ele, triste, e não aguentei mais. Este homem era inocente: era verdadeiramente Filho de Deus. Este Filho de Deus que torturaram era maior do que a tortura. Pode crucificar-se este homem numa cruz, mas não podemos crucificar o seu amor, que jamais poderei esquecer.

Meditação

Catequista: Esta é uma história que se repete. Colocamos na cruz muitas coisas, de preferência os outros, mas também a nós próprios. Os nossos medos, as nossas angústias, o nosso sofrer. E crucificados com Jesus estão tantos jovens… paralisados para toda a vida, fruto de um acidente de trânsito ou um acidente da vida. Com Jesus, estão crucificados os portadores de doenças incuráveis – físicas e psicológicas. Crucificados com Jesus estão os que morrem de fome e de sede...

“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Jesus dirige-Se ao Pai, pedindo-Lhe para perdoar todos os erros que trazemos no coração e nós somos incapazes de perdoar uma ofensa que nos fizeram há um ano, há um mês ou uma semana.

“Tenho sede”. Ter sede, que humano! Mas Jesus tem sede de algo novo: que venha depressa o Reino do Pai e que termine a injustiça, o abuso e a violência.

“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”. Jesus sente-Se só. Abandonado. Abandonado por todos e até por Deus Pai. Mas mesmo assim, continua a confiar, vencendo a solidão e o medo e nós aprendemos com Jesus que Ele nunca nos abandonou.

Gesto

Braços da cruz

O catequista pede que se coloquem os braços na cruz. Serão as quinta e sexta peças da cruz.

Todos: Na tua cruz, Jesus, Tu nunca nos abandonas.

Pai-Nosso

Canto: Refrão

f Etapa 7 | 6ª Estação: Jesus morre na cruz

A memória

Maria: Deixaram-me estar ali, perto d’Ele, neste momento final. Comigo estava João. Quando um filho sofre desta maneira, o lugar da sua mãe é ali perto. Os golpes, os insultos, as quedas, os pregos, eu senti tudo. Olhava para Ele com afeto: tinha medo de agravar mais o seu sofrimento, mostrando a minha dor. D’Ele aprendi o perdão. E pouco antes do fim, entregou-me o discípulo amado. “Tudo está consumado!”. Não havia nada a fazer. O meu filho morreu na cruz.

Silêncio

Meditação

Catequista: Não há palavras. Tudo chega ao fim. Abrindo os braços na cruz, traçaste o símbolo do teu amor. Recordamos o que antes disseste: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). Por mim deste a vida na cruz. Quando contemplamos a cruz, compreendemos como Ele nos amou.

Silêncio

Que significa hoje para mim a morte de Jesus? Tenho mesmo a noção de que Jesus morreu por mim? Que Jesus morreu mesmo?

Tudo está consumado. Como tenho de morrer para mim mesmo para dar a vida pelos outros?

Gesto

Coroação de espinhos

O catequista pede que se coloque a coroa no topo da cruz.

Depois diz: “Fizemos um caminho longo. Um caminho com Jesus. Foi um tempo para pensarmos, refletirmos, vivermos com intensidade este mistério de amor único que Jesus nos oferece. Construímos uma cruz: uma cruz cheia com os nossos nomes, mas também com as dores. As nossas e as do mundo em que estamos.

Todos: Da tua cruz, Jesus, cresce em nós a liberdade de amar como Tu.

Pai-Nosso

Canção “Tuas feridas nos curaram” (Kairoi)

CANÇÃO Tuas feridas nos curaram, tua morte nos traz a salvação. E na cruz nos dás a vida p’lo teu sangue o perdão.

Condenam-Te à morte por ser fiel inocente, testemunho do amor, e Te carregam o peso da cruz esquecido na tua pena e na tua dor.

Hoje, Senhor, Te voltamos a cravar nos homens que morrem sem razão torturado, esfomeado, sem teto, sendo injustos fechando o coração.

Despojado de toda a dignidade

Condenam-Te o ódio e o rancor, Coroado de espinhos como Rei,

Dás a vida pelo reino de Deus.

Hoje Teu sangue derrama-se de novo.

Por gritar os direitos e o Amor

Morre o justo que diz a verdade,

Os mais pobres, os que não têm voz.

4º Encontro | Vive

Este encontro vai ser usado para que o grupo, ajudado pelo catequista, defina os pormenores do projeto de serviço intergeracional.

Atividade: Os pormenores do projeto.

Duração: 50 min.

No último encontro Vive, o grupo tentou responder a estas perguntas:

y O que queremos fazer?

y Quando o queremos fazer?

y Como o queremos fazer?

y De que “coisas” vamos precisar?

y A quem vamos ter de pedir ajuda?

y Como saber se o projeto foi bem sucedido?

As respostas dadas configuram o projeto. O catequista, ou alguns catequizandos, puseram por escrito o que foi decidido no anterior encontro Vive (atividade “Esboçar o projeto”). Entrega-se uma cópia com o esboço do projeto a cada participante. É preferível que seja uma cópia em papel, em que cada um possa escrever, tomar notas, acrescentar melhorias.

O catequista propicia um diálogo dentro do grupo para sedimentar as “respostas” dadas às diferentes perguntas. O encontro de hoje quer completar, clarificar, concretizar a configuração do projeto que tem vindo a ser elaborado ao longo do ano.

Respeitando o protagonismo do grupo, será sempre possível alterar decisões tomadas antes. Contudo isso não deve ser feito de ânimo leve nem por motivos fúteis.

A primeira questão a abordar é “O que queremos fazer?”. O diálogo em grupo deve assegurar que há consenso na resposta dada. Pode melhorar-se a redação da resposta, mas o importante é que o grupo se sinta identificado com a resposta que construíram.

O projeto concretiza-se nas duas questões seguintes: “Quando o queremos fazer?” e “Como o queremos fazer?”.

O catequista recorda as respostas dadas. Abre-se espaço para encontrar objeções, sugestões de melhoria.

O catequista ajuda os participantes a recordar que o projeto tem dois tempos. O mais importante é a ação de serviço intergeracional com o grupo-alvo. Deve fazer-se uma planificação detalhada: quais as atividades que vamos animar? A que horas? Em que locais? Consistindo em quê? Contando com que pessoas?

Mas é importante também planificar bem o tempo que leva de agora até à data do projeto. O que é necessário preparar antes? Quando o iremos fazer? Quem o irá fazer?

Exemplo: O grupo decide apresentar uma dança ao grupo-alvo. Deve estar bem previsto a que horas se apresentará a dança, em que espaço e verificar se há todo o material necessário. Mas é também necessário decidir qual dança se irá fazer (Pode decidir-se já hoje ou em data posterior) e quando é que serão os ensaios.

No fundo, o grupo tem de decidir quem faz o quê e quando. Conforme o grau de autonomia do grupo de catequese e a complexidade do projeto, esta planificação pode apresentar-se como um conjunto de frases num documento ou como um cronograma feito à mão ou usando algum software. (Mesmo em Excel se pode elaborar um cronograma.)

Che gados aqui, há que prestar atenção às perguntas seguintes: “De que coisas vamos precisar?” e “A quem vamos ter de pedir ajuda?”. Quais os recursos materiais e humanos necessários?

Cada uma das atividades previstas pode necessitar de alguns materiais. Há que decidir quem os prepara, quem os encontra. Ou, pelo menos, calendarizar quando é que essa decisão vai ser tomada ou quando é que os materiais vão ser preparados.

Quanto aos recursos humanos, contamos à partida com os catequizandos e o catequista. Mas pode ser necessário pedir a ajuda a pessoas exteriores ao grupo. Este é o tempo para identificar as pessoas a quem contactar, o que se lhes vai pedir, quem as contacta. Pode também suceder que se descubra que o nosso grupo não tem capacidade de executar uma certa atividade e não conhece ninguém que nos possa ajudar; isto pode levar a rever a atividade.

Este tópico dos recursos materiais e humanos pode justificar algumas entradas novas no cronograma.

Por fim, o grupo tem de clarificar o seu modo de avaliação. “Como saber se o projeto foi bem sucedido?” O grupo deve decidir nesta fase de planificação quais os indicadores de sucesso do projeto. É claro que, quando chegarmos ao tempo da avaliação, poderão surgir outros indicadores. Mas é importante, na medida do possível, planificar o processo de avaliação.

Durante este trabalho de planificação mais detalhada podem surgir dificuldades. Algumas nascem da exigência do projeto: não conseguimos ver claramente quais as melhores decisões, não sabemos se temos as forças para bem o realizar… Mas há dificuldades que nascem dos processos internos do grupo. Pode haver desmotivação, conflitos, dificuldade em trabalhar em grupo.

Se o catequista julgar necessário melhorar o clima cooperativo dentro do grupo, pode propor este texto que é uma fábula sobre a cooperação:

Na tarde de um dia quente e cansativo, comentou entredentes uma velha abelha:

«Isto de viver na colmeia, não tem grande piada.

Coloco o meu mel neste velho favo para que outras possam comer, viver e prosperar.

É que trabalho mais eu num dia do que algumas colegas em três.

Trabalho, esforço-me, poupo e acumulo…

Mas, no fim, só me dão alguma comida e alojamento.

Queria ter um favo só para mim e para os doces frutos do meu trabalho.»

E assim a abelha começou a voar sozinha, por sua conta, num prado e começou a colher o pólen só para ela.

Deixou de pensar nas outras abelhas e concentrou-se nas suas flores e no mel que, sozinha, iria fabricar.

«Ah!, isto sim, é viver!», exclamou a abelha solitária.

Mas o verão estava a chegar ao fim; os dias estavam cada vez mais curtos e tristes.

Tal como as flores, ela também estava cada vez mais murcha.

Apareceram uns insectos que devoraram a sua pequena dispensa, o seu mel esgotou-se e o seu coração estava cada vez mais amargo. Mas teve a coragem de regressar à sua antiga colmeia para tomar o seu alimento ao lado das outras abelhas.

Em seguida, o catequista pede ao grupo que complete a frase “Cooperar é…”. O catequista, ajudado se necessário por algum catequizando, vai tomando nota das respostas num quadro ou numa cartolina.

Repete-se a tarefa com a frase “Competir é…”

Depois, o catequista convida o grupo a identificar cinco atitudes que melhorem a forma como trabalhamos em grupo.

Atividade: Livres para servir.

Duração: 10 min.

O catequista convida a um momento de oração.

“Ao longo do ano temos vindo a usar a nossa imaginação e generosidade para preparar este projeto de serviço. Não tem sido fácil, mas juntos estamos a amadurecer algo de belo. Vamos terminar este nosso encontro com um momento de oração. É um tempo de qualidade na companhia de Deus. De um Deus que nos ama. Que nos ajuda a descobrir e a construir uma identidade feliz. De um Deus que nos envia a servir.”

Canta-se a canção “Vai ao encontro do amor” (já usada no 1º encontro, livro do catequizando, página 80).

Depois, cada um lê em silêncio a oração “Liberta-nos” (livro do catequizando, página 92). Cada um pode ler em voz alta a frase que acha mais relevante.

Liberta-nos

Liberta-nos, Senhor, do orgulho que nos faz crescer como árvores sem raízes.

Liberta-nos da preguiça e da apatia que nos tornam indiferentes aos outros.

Liberta-nos do lixo e caprichos que deixam vazio os nossos corações.

Liberta-nos das máscaras de fingimento que ocultam o melhor que temos no coração.

Liberta-nos dos medos e das inseguranças que destroem a nossa identidade.

Para avaliar

ƒ Qual o estilo de relação que assumes habitualmente com o grupo?

ƒ Como poderias melhorar a tua organização nas atividades mais complexas ou que pedem mais materiais?

ƒ Os catequizandos colaboram contigo na preparação ou organização de algumas atividades?

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Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças

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