Caminho para amadurecer- GUIA (10 ano - Ligações.Itinerário de educação à Fé)

Page 1

Começa um novo caminho… um Caminho para Amadurecer! Tens nas mãos o guia do 10º ano de catequese do Ligações. Itinerário de educação à Fé.

Este ano, o teu grupo vai centrar-se nos traços da vida de Jesus e na relação que Ele mantém com o Pai e o Espírito Santo. Como catequista, não te será pedido que apenas exponhas conteúdos da fé. O que te propomos é que, a partir desses conteúdos, conduzas cada elemento do grupo num caminho de amadurecimento pessoal como cristão.

AMADURECER

10

10

Esta caminhada irá desenvolver-se em reuniões de 90 minutos. Optamos por reduzir o número de catequeses, privilegiando a qualidade dos encontros. O grupo precisa de tempo para dialogar, partilhar e fortalecer laços.

Caminho para Caminho para AMADURECER

Ligações. Itinerário de educação à Fé Projeto de catequese inovador que ajuda crianças e jovens de hoje a conhecer, celebrar e viver a Fé.

As tarefas de expressão de fé (a oração, o renovado estilo de vida inspirado pela Palavra, o reforço do sentido eclesial) merecem-nos grande atenção e pedem o tempo adequado. Não há o risco de as catequeses se tornarem maçudas ou repetitivas, porque o leque de experiências a fazer é entusiasmante.

GUIA DO CATEQUISTA

Pedimos-te que orientes cada encontro num estilo dialogante. A tua capacidade de escuta e de aproximação ajudarão a criar no grupo um clima de confiança recíproca. O teu coração bondoso e generoso ajudarão neste caminho para amadurecer.

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 edisal@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Ligações. Itinerário de educação à Fé

GUIA do

catequista



Catequese

1

Eu, os outros, Jesus e o Reino

15


C

1 Para o Catequista

Apresentação Começa com esta catequese uma nova fase na caminhada de fé dos adolescentes e jovens a quem foste enviado. Muitos deles estão pela primeira vez no ensino secundário, sentem mais o peso da responsabilidade. Alguns deles podem viver a fé como uma experiência importante e positiva na sua vida; mas outros podem estar a perder o interesse pelas “coisas” religiosas. Com esta catequese queremos relacionar a tarefa central dos adolescentes (a construção da identidade) com a experiência central de Jesus: a vivência e o anúncio do Reino de Deus. Os psicólogos e os educadores insistem, de muitas formas: uma identidade bem resolvida é aquela em que se descobre a alteridade. É na relação positiva com os outros que descobrimos quem somos realmente. É no amor aos outros que podemos ser felizes. Vamos nesta catequese descobrir que com o Reino de Deus sucede o mesmo. O Reino acontece quando saímos do nosso egoísmo, deixamos que Deus reine mesmo no nosso coração e vivemos a nossa liberdade numa lógica de amor, de atenção e serviço ao outro.

Objetivos Relacionar o desafio da construção da identidade com a proposta do Reino de Deus feita por Jesus. Associar Jesus à causa do Reino. Conhecer as caraterísticas que Jesus atribuía ao Reino. Crescer em entusiasmo pela causa do Reino.

Conteúdos Conceitos: yy O “Reino de Deus” na visão de Jesus yy Os sinais do Reino atuados por Jesus: curas corporais, exorcismos, perdão dos pecados Procedimentos: yy Leitura crítica e orante dos textos bíblicos yy Avaliação da vida pessoal e de grupo à luz dos critérios do Reino yy Oração de petição Atitudes: yy Tomar consciência da tensão egoísmo-alteridade yy Ganhar (ou recuperar) o gosto pela oração pessoal e em grupo

16


Esquema Experiência humana

1º encontro

2º encontro Anúncio da Palavra 3º encontro

Expressão de fé

4º encontro

Atividade: Se eu fosse

15’

**

Atividade: Como é que eu sou?

40’

**

Atividade: Festinhas ao Ego

30’

***

Oração: Eu aceito

5’

*

Atividade: Sonhar com(o) Jesus

30’

**

Atividade: Jesus e o Reino

50’

****

Oração: Senhor, quero sonhar contigo

10’

**

Atividade: Seguir os passos de Jesus

70’

****

Oração: Senhor, abençoa os nossos pés

10’

**

Atividade: Venha a nós o vosso Reino

45’

**

Oração: Cura as nossas mãos

30’

***

Termómetro do grupo

15’

***

Do Catecismo 541. «Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia. Aí proclamava a Boa-Nova da vinda de Deus, nestes termos: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na Boa-Nova!”» (Mc 1, 14-15). «Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos céus». Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à participação da vida divina». E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o princípio» do Reino de Deus».

Síntese de conteúdos Ao longo desta catequese queremos ajudar os catequizandos a fazerem sua a causa de Jesus. Como? Entusiasmando-se como Ele com o “Reino de Deus”. Jesus anunciou e viveu o Reino durante a sua vida terrena. Será que esse Reino a que Jesus nos convida pode ser vivido já na adolescência?

Identidade e alteridade na adolescência A adolescência, a fase da vida em que estes catequizandos habitam, tem como tarefa prioritária a descoberta e a construção da identidade. Mesmo sem se darem conta, a maior parte dos esforços, energias e emoções dos adolescentes está ao serviço desta tarefa. É uma tarefa para toda a vida. Mas é na adolescência que ela tem mais urgência. Até ­chegar a esta idade, as pessoas são “filhos”: dos pais, das experiências vividas em família, na escola… Com a adolescência, essas agências e pessoas continuam a exercer a sua ­influência sobre nós, mas nesta fase começamos a ter a possibilidade de decidir o que fazemos com essa influência. Tornamo-nos senhores de nós mesmos. Alguns psicólogos descobriram que os adolescentes usam duas estratégias principais para conseguir este objetivo: a exploração e o compromisso. Os adolescentes exploram novas possibilidades, novas ideias, novas formas de vestir, novos papéis sociais. Ou não: podem agarrar-se às formas que já tinham. E podem comprometer-se com determinadas escolhas. Ou podem estar numa hesitação.

17


É uma tarefa exigente e nem sempre bem sucedida. Muitos assustam-se com as novas possibilidades que a vida lhes traz. Outros não arranjam coragem para se comprometer com valores e escolhas concretas. A cultura que nos rodeia insiste muito no valor da auto-realização, o que leva tanta gente, adultos ou adolescentes, a fechar-se cada vez mais em si mesmos. É preciso alguma coragem para reconhecer que a nossa identidade só está bem construída quando somos capazes de nos abrirmos aos outros. Podemos dizer que a boa identidade é a alteridade. Está superada a ideia da adolescência como um tempo de tempestades emocionais e ­desequilíbrios patológicos. Mas deve reconhecer-se que é uma fase difícil de atravessar. Os desafios colocados aos adolescentes pedem-lhes um grande esforço. Há muitas dúvidas, muitos medos. Há também muitas decisões erradas… que têm sempre faturas mais ou menos pesadas. A proximidade de adultos presentes, significativos, capazes de dar apoio é fundamental. Como fundamental é o sentirem-se amados por um Deus que os quer ver felizes e maduros.

O Reino inaugurado por Jesus Quando lemos os evangelhos, mesmo distraidamente, percebemos logo qual o sonho de Jesus: o Reino de Deus. Com essa expressão (ou “Reino dos Céus” no evangelho de Mateus), Jesus exprime o seu sonho e o seu desejo que este mundo seja cada vez mais parecido com o projeto de Deus. Mas o que era, no concreto, esse Reino? Jesus nunca explicou teoricamente o que queria dizer. Mas os seus gestos mostravam com clareza o que era o Reino. Basta olharmos para a maneira como Jesus Se relacionava com as pessoas individuais e na postura que Jesus assumiu perante as divisões sociais do seu tempo.

Uma mudança individual Na relação que Jesus estabelece com pessoas concretas podemos ver o Reino em ação. Uma das formas é a cura das doenças. Os evangelhos recordam muitos relatos de curas físicas: coxos, leprosos, cegos. Estas narrativas mostram o desejo de Jesus em livrar o corpo humano de tudo o que nos torna infelizes e sofredores. Da pessoa de Jesus emanava uma força de vida (Lc 6, 19) que expulsava a doença e a morte e a todos devolvia a vida. Cada cura de Jesus antecipa as ressurreições que Ele operou (filha de Jairo Mc 5, 35-42; filho da viúva de Naim Lc 7, 11-16; Lázaro Jo 11, 1-44) e a sua própria ressurreição e vitória sobre a morte. Estes gestos poderosos de Jesus mostram bem o que é o Reino que Ele proclama: Deus estabelece a sua soberania eliminando as doenças corporais, que são uma manifestação da morte. Outro gesto de Jesus são os exorcismos. A palavra “exorcismo” sugere logo algum filme de terror, fenómenos sobrenaturais assustadores. Tu, como catequista, deves ter um entendimento sereno do que são os exorcismos que Jesus faz. Só assim poderás ajudar o teu grupo a descobrir esta parte importante da ação de Jesus. Os povos antigos atribuem à ação de espíritos malignos muito sofrimento de tipo físico ou psicológico. Jesus faz muitos exorcismos, liberta muitas pessoas da ação desses espíritos maus. Há dentro das pessoas, de hoje ou do tempo de Jesus, muita “doença” e sofrimento interior; pode-se dizer que a causa é um “espírito mau” ou uma doença psicológica de nome complicado. O importante é que com a força de Deus, Jesus devolve às vítimas do mal a sua integridade. E assim se vê em ação a soberania de Deus. O Reino é a expulsão e a recusa de tudo aquilo que nos impede uma vida saudável e feliz. Uma outra forma de cura com que Jesus manifesta a presença do Reino é o perdão dos pecados. A palavra “pecado” tem, na Bíblia, muitos significados. Mas no tempo de Jesus era visto como uma dívida que a pessoa tinha perante Deus. Quem pecava transgredindo a Lei, era visto como um devedor face a Deus. Para saldar essa dívida, era necessário praticar uma série complicada de rituais (Lev cc. 4-5). Mas muita gente, principalmente os mais 18


pobres, não o conseguiam fazer. Muitas pessoas ficavam com os seus pecados na consciência, devorados pela culpa e resignados à sua mediocridade. Até que Jesus entra em cena e perdoa os pecados em nome de Deus. Alguns ficavam escandalizados com a ousadia de Jesus, mas os perdoados sentiam um grande alívio. Com este gesto de perdoar os pecados, Jesus mostrava o que era o Reino: superação do mal, do pecado e das suas consequências destruidoras. Através das curas, dos exorcismos e do perdão dos pecados de cada pessoa, Jesus mostrava brilhantemente o que era o Reino de Deus. Deus começava a reinar quando as pessoas eram curadas da sua triste condição de doentes, quando eram libertadas das forças negativas que não lhes permitiam ser elas mesmas ou quando o seu coração era purificado do peso da culpa e da dívida contraída para com Deus. O Reino elimina todas estas formas de morte para dar espaço à vida e à presença de Deus na vida das pessoas.

Uma mudança social Para Jesus, o Reino deve mudar e melhorar a vida humana, enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Os seres humanos não são ilhas, vivem em sociedade. Por isso, Jesus atua também de modo a criar comunhão onde há fratura e divisão. Numa sociedade religiosa como a de Jesus, uma das divisões mais evidentes é aquela entre justos e pecadores. Os “justos” são os que cumprem oficialmente a Lei de Deus, os que se consideram amados por Deus e dignos da sua bênção. Os “pecadores” não eram apenas as pessoas que cometiam pecados; certos grupos eram automaticamente incluídos nesta categoria: cobradores de impostos, prostitutas, cegos, coxos, paralíticos, pastores, filhos ilegítimos… Na prática, a gente mais simples do povo era vista como pecadora porque, ignorante da Lei, não a podia observar. O abismo entre uns e outros era enorme. Mas Jesus tem uma atitude surpreendente: “Eu não vim chamar os justos mas os pecadores”. ­Senta-Se com eles à mesa, entra em sua casa, deixa-Se tocar por eles. Sem medo de ir contra as convenções sociais e o desejo muito humano de dividir e catalogar as pessoas, Jesus dá prioridade à misericórdia de Deus. Com a sua atitude descomplexada, Jesus acolhe os pecadores e espelha o amor de Deus. Um segundo conflito existe em todas as sociedades humanas: entre ricos e pobres. No tempo de Jesus, há uma pequena minoria (Herodes e a sua corte, as famílias ligadas ao Templo e os anciãos do Sinédrio que detinham a maior parte das terras) com riqueza, com capacidade de se servir das leis e dos tribunais. Há ainda um pequeno grupo de trabalhadores independentes que embora não fossem ricos, tinham a sobrevivência segura graças ao seu trabalho. O resto do povo, a grande maioria, vivia em pobreza. Mais do que um estado de miséria, era uma situação de precaridade. Gente que procurava a sobrevivência cada dia, esperando como o Lázaro da parábola (Lc 16, 20-21) as migalhas que caíam da mesa dos ricos. Jesus percebe que esta injusta distribuição de riqueza não respeita a dignidade da pessoa humana. Vai contra o projeto criador de Deus. Jesus não tem um programa político, revolucionário ou pacífico, para consertar a sociedade do seu tempo. Mas insiste que a chegada do Reino pede a criação de uma sociedade mais justa, mais respeitadora da dignidade de todos. O terceiro conflito social que Jesus tentou colmatar foi aquele entre homens e mulheres. Tal como em boa parte das sociedades do tempo, a condição das mulheres não era famosa. Tinham menos direitos e estavam quase sempre na dependência dos homens. Quando lemos os evangelhos facilmente concluímos que a postura de Jesus é clara desde o início: Ele toma partido a favor da mulher que sofre as pesadas consequências da sua ­marginalização. Jesus nunca Se aproxima de uma mulher como se esta fosse uma “coisa”. Pelo contrário, trata-a como alguém digno de respeito. Também diante desta clivagem social, Jesus age como anunciador do Reino: coloca-Se do lado de quem sofre mais diretamente as consequências da exclusão. 19


Reino de Deus: uma síntese Depois de recordarmos os gestos de Jesus, fica mais fácil percebermos o que Ele entendia por “Reino de Deus”. O Reino seria a implantação plena e estável da soberania de Deus no mundo. Este mundo deve tornar-se mais parecido com a vontade criadora original de Deus. O Reino consiste na vitória integral e definitiva de Deus e do seu plano de amor e vida sobre todas as formas de mal existentes à face da terra.

O Reino de Deus e os adolescentes Sem forçar os textos bíblicos, podemos ler a situação dos nossos catequizandos adolescentes à luz da ação de Jesus e do Reino a que Ele nos convida. Os adolescentes são parecidos com o mundo em que Jesus viveu. Também eles precisam de ser curados e apoiados na superação de tantas dificuldades individuais; também eles precisam de superar as barreiras que nos dividem e que impedem a plena realização da humanidade a que Deus nos chama.

Para cresceres Toda esta conversa sobre o “Reino” pode deixar-te uma sensação amarga. Jesus falou disso há tantos anos… e parece que está tudo na mesma. E, contudo, são hoje bastantes os sinais de que o Reino anunciado por Jesus está mesmo a acontecer. Identifica, nos ambientes em que vives (casa, trabalho, vizinhança, igreja…), os sinais (atitudes, regras…) que mostram a presença forte do Reino. Identifica, dentro de ti, as atitudes, as memórias, as maneiras de estar e de falar que ainda estão fora da lógica do Reino. É importante sentirmo-nos próximos de Jesus, deixarmo-nos contagiar pelo seu entusiasmo pela causa do Reino. Que sugestões darias a outro catequista para dar mais qualidade e energia à relação com Jesus? Quais as pessoas que te poderiam ajudar, a ti, a melhorar essa relação com Jesus? A Igreja que somos quer colaborar com Jesus na construção do Reino. Identifica as “doenças” que deves curar; Identifica os “demónios” que deves expulsar; Identifica os “perdões” que deves conceder.

20


C

1 Desenvolvimento 1º encontro Experiência humana

Neste primeiro encontro, propomos vários exercícios que permitem aos participantes relacionar o conhecimento que têm de si com o apreço pelo outro.

Material Folhas brancas A4 Fita cola Computador, projetor multimédia, colunas Música de fundo (diretório mp3/fundo01 | disponível no CD de apoio) Vídeo “Aceito” (disponível no DVD de apoio)

Atividade: Se eu fosse Duração: 15 min. O catequista começa por dizer: «Quero convidar-vos a fazer uma apresentação criativa. Este jogo chama-se ‘Se eu fosse’. Tu podes apresentar-te a partir de objetos e experiências do quotidiano. Imagina que eras um programa de televisão. Em concreto, tu, naquilo que te torna único e especial, que programa é que serias? Claro que convém justificares ao resto do grupo as razões da tua escolha.» Se eu fosse um livro, seria… (o catequizando pode designar um livro ou o género do livro – romance, ficção, poesia, aventura, etc.), porque… Se eu fosse um filme, seria… (o catequizando pode designar um filme ou o género do filme – romance, ficção, ação, comédia, drama, terror, musical, etc.), porque… Se eu fosse uma música, seria… (o catequizando pode designar uma música ou o género musical – pop, rock, clássico, etc.), porque… Se eu fosse um animal, seria…, porque… Se eu fosse um objeto, seria…, porque…

Atividade: Como é que eu sou Duração: 40 min. Etapa 1 Duração: 20 min. Depois de ter avaliado muito brevemente a atividade anterior, o catequista motiva a fazer uma outra atividade de autoconhecimento. O catequista convida cada participante a preencher o documento “Como é que eu sou?” que está no Livro do Catequizando. Pede aos participantes que leiam a lista de adjetivos 21


e que a cada um deles atribuam o número 1 (“Eu quase nunca sou…”), o número 2 (“Eu às vezes sou…”), ou o número 3 (“Eu quase sempre sou…”), consoante o que considerem mais ajustado. No final da atribuição de um número a todos os adjetivos, os participantes completam a frase “Eu quase sempre sou…” com os adjetivos que classificaram com o número 3 e a frase “Eu quase nunca sou” com os adjetivos que classificaram com o número 1, ficando assim com uma definição/caracterização pessoal. Etapa 2 Duração: 20 min. Quando todos tiverem concluído, o catequista convida-os a, à vez, partilharem com o grupo as suas definições, lendo as frases “Eu quase sempre sou…” e “Eu quase nunca sou…” e os adjetivos com que as completaram.

Atividade: Festinhas ao ego Duração: 30 min. Etapa 1 Duração: 15 min. O catequista diz: «Até aqui estivemos a fazer atividades de autoconhecimento. Cada um de nós pensava um pouco e a seguir apresentava-se ao resto do grupo. Como nos sentimos felizes por partilharmos quem somos, desafio-vos a fazer uma outra atividade de autoconhecimento. Só que desta vez teremos de ser nós a falar sobre os outros.» Dá as indicações necessárias. Cola-se uma folha branca nas costas de cada elemento do grupo. Depois disso, todos os membros do grupo circulam pela sala. Cada um deles escreve nas costas dos colegas uma característica positiva (o catequista deve sublinhar que só valem positivas). Todos devem escrever nas folhas de todos. Etapa 2 Duração: 20 min. Em círculo, à vez, cada um lê as características que os colegas lhe atribuíram. O catequista deve ir ajudando à exploração e integração, perguntando, por exemplo, se o modo como os colegas o veem corresponde ao modo como ele se vê, se alguma característica o surpreendeu, etc.

Oração: Eu aceito Duração: 5 min. No final deste primeiro encontro, o catequista propõe um breve momento de oração. É possível que um número elevado de participantes não tenha grande prática de oração. Mas mesmo assim é importante introduzir a oração (ainda que breve) como um dos momentos “obrigatórios” da vida de grupo. Para isso, o catequista convida a criar um clima de recolhimento. Depois, lê-se em silêncio este texto. Esta leitura pode ser apoiada com música de fundo. Ou pode usar-se o vídeo “Aceito”.

22


Senhor, nesta hora, eu aceito o teu projeto de amor sobre mim, mesmo quando é difícil descobri-lo em cada dia. Aceito, com entusiasmo e alegria, o teu projeto de amor sobre toda a criação e sobre os meus companheiros e companheiras. Aceito viver nesta terra ativamente. Sem me render, realizando o teu projeto de modo responsável e consciente. Aceito continuar a tua obra: cuidar do universo e fazer do mundo uma casa acolhedora para todos. Aceito seguir as tuas pegadas, entusiasmar-me pela tua causa mesmo quando esteja cansado. Sei que cada passo para Ti me afasta do egoísmo mesquinho que em mim se esconde e me aproxima do meu eu verdadeiro.

2º encontro Anúncio da Palavra Neste encontro, procuramos com as atividades propostas ajudar os participantes a pensarem nos seus sonhos e projetos e a descobrirem o “Reino de Deus” como o grande projeto de Jesus.

Material Imagens “Fotos simbólicas” (ficheiro disponível para impressão no site de apoio; também é possível recortar imagens de revistas e jornais) Cartaz nº 1 “Jesus e o Reino” (disponível na pasta de apoio) Computador, projetor multimédia, colunas Vídeo “Jesus apresenta o Reino de Deus” (disponível no DVD de apoio) Canto “O Reino de Deus” (faixa nº 1 do CD de apoio)

Atividade: Sonhar com(o) Jesus Duração: 30 min. Etapa 1 Duração: 15 min. O catequista coloca numa mesa, ou no chão da sala, uma grande quantidade de imagens “Fotos simbólicas”. Convida os participantes a, num ambiente de silêncio, escolherem a imagem que melhor representa o seu sonho, o seu desejo mais importante. Cada um faz, em silêncio, a sua escolha. Quando todos tiverem escolhido, cada um dos catequizandos comunica ao resto do grupo o seu sonho e explica como é que a foto o ilustra.

23


Etapa 2 Duração: 15 min. O catequista lança depois uma pergunta: «E que foto escolheria Jesus de Nazaré?» E convida o grupo a pôr-se de acordo sobre qual a foto que Jesus escolheria se estivesse fisicamente presente no grupo. Como é previsível, o diálogo desloca-se da imagem para a determinação do que é o sonho de Jesus. O catequista intervém pontualmente para ajudar o grupo a perceber isso mesmo: a escolha da imagem deve responder à perceção que eles têm do que é o sonho de Jesus. Se o grupo não chegar a acordo sobre qual o sonho de Jesus (o Reino de Deus), o catequista convida a ler alguns textos bíblicos, disponíveis no Livro do Catequizando: Lucas 12, 49: Eu vim lançar fogo sobre a terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado. Mateus 13, 44: O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo; um homem encontra-o e torna a escondê-lo. Vai e vende tudo o que possui para comprar aquele campo. Lucas 9, 59-60: “Segue-me.” E ele respondeu: “Permite-me ir primeiro enterrar meu pai.” “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos. Tu, vai anunciar o Reino de Deus.” Lucas 9, 61-62: “Eu Te seguirei, Senhor, mas permite que me vá despedir dos meus parentes.” E Jesus respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é digno do Reino de Deus.” Depois do contacto com esses textos, o catequista evidencia que o sonho que verdadeiramente entusiasmava Jesus era aquilo a que Ele chamava o “Reino de Deus”.

Atividade: Jesus e o Reino Duração: 50 min. Etapa 1 Duração: 15 min. O catequista introduz o cartaz nº 1 “Jesus e o Reino”, que consiste numa infografia sobre os seis temas a serem trabalhados. Distribui os participantes em seis grupos. Cada grupo deve ter pelo menos duas pessoas. Se não for possível formar os seis conjuntos, pode-se omitir algum dos grupos. O catequista procura que haja equilíbrio entre o primeiro bloco de textos (1 a 3) e o segundo bloco (4 a 6). Explica que vão estudar alguns documentos que os ajudarão a descobrir o que entendia Jesus por “Reino de Deus”. Cada texto começa com uma breve citação dos evangelhos; segue-se uma explicação resumida. Estes textos estão disponíveis no Livro do Catequizando. O catequista propõe que os grupos reflitam sobre as seguintes questões: Que ideia de Reino está presente no texto? Como se concretiza, no texto, o sonho de Jesus? Quais as ações realizadas ou referidas no texto que fazem acontecer o sonho de Jesus? Quem pode entrar no Reino sonhado por Jesus? Grupo 1: A cura das doenças (Mc 5, 35-42) Diante daqueles homens e mulheres que viviam em sofrimento físico, Jesus manifesta o desejo de os libertar e curar. Da pessoa de Jesus brota uma força de vida 24


que afasta a doença e a morte e devolve as pessoas à vida. Quando Jesus cura as doenças, Ele “mostra” o que é o Reino de Deus: a força soberana de Deus que derrota tudo o que Se lhe opõe: a morte, a doença, tudo aquilo que impede que o plano de Deus (vida para os seus filhos) se realize. Grupo 2: Os exorcismos (Mc 1, 23-26) No mundo antigo, os espíritos malignos eram considerados responsáveis por muitos fenómenos que nós hoje chamamos doenças psicológicas. Um exorcismo era a libertação desses espíritos; era a cura de um mal-estar interior. São muitos os exemplos de exorcismos feitos por Jesus. Ao libertar as pessoas das forças que as atormentavam, que as impediam de viver com dignidade, Jesus mostra a soberania de Deus em ação: em nome de Deus, Jesus expulsa e recusa tudo aquilo que não nos deixa viver uma vida saudável. Grupo 3: O perdão dos pecados (Mc 2, 3-12) Jesus manifesta o poder de Deus e a sua vontade que os homens e as mulheres vivam uma vida feliz, perdoando os seus pecados. Perdoar os pecados era um novo começo na relação com Deus. Deus mostra o seu poder libertando as pessoas do seu sentimento de culpa de forma totalmente gratuita. Como se Deus dissesse: “O meu Reino, a minha vontade de vida feliz é maior do que os teus pecados.” Grupo 4: Os justos e os pecadores (Lc 15, 4-7) No mundo religioso onde Jesus se movia, as pessoas estavam separadas em dois grupos: os justos (os que cumpriam as leis religiosas) e os pecadores. Jesus mostra uma ternura especial para com os pecadores. Em nome de Deus, ­diz-lhes que também para eles é possível viverem segundo a lei de Deus. Segundo Jesus, o poder de Deus, a sua realeza, era suficientemente poderosa para trazer de novo os pecadores à companhia de Deus. Grupo 5: Ricos e pobres (Lc 16, 19-21) A sociedade de Jesus tem uma distribuição de riqueza muito desigual: há uma elite com grandes fortunas e uma imensa maioria sem recursos e sem direitos. Jesus, em nome de Deus, traz uma salvação que é para todos; também para aqueles que estão habitualmente excluídos. Até os pobres são felizes. Não porque a falta de recursos seja uma coisa boa mas porque Deus está do seu lado. Grupo 6: Homens e Mulheres (Lc 8, 1-3) Outro dos conflitos sociais onde Jesus mostra já presente o Reino é a relação entre homens e mulheres. Na sociedade do seu tempo, as mulheres eram sistematicamente marginalizadas e discriminadas. Jesus torna presente o Reino de Deus agindo perante as mulheres de forma inovadora. Jesus recusa-Se a tratar as mulheres como objetos, trata-as com o respeito devido a todos os seres humanos; Ele coloca-Se ao lado de quem sofre as consequências da injustiça. Etapa 2 Duração: 25 min. Em plenário, cada grupo de trabalho apresenta a ideia central do texto que estudou e partilha as dúvidas e dificuldades que possam ter surgido. Quanto possível, o catequista faz a ponte entre os conteúdos apresentados pelos grupos e o cartaz nº1 “Jesus e o Reino”. 25


Etapa 3 Duração: 10 min. Depois, o catequista elabora uma síntese com recurso ao vídeo “Jesus apresenta o Reino de Deus”.

Guião do vídeo: Curar doenças, expulsar demónios, viajar sem equipamento, confiar em Deus sem medo aos riscos... Estamos a ler o Evangelho ou isto é o trailer de um filme? Todas estas coisas podem parecer-te muito estranhas, distantes da tua vida. Mas são mesmo propostas que Jesus nos faz para pormos em prática em cada dia. É evidente que a vida de hoje em dia é muito diferente da vida no tempo de Jesus; mas o essencial da missão continua igual. Qual era o sonho de Jesus? Qual era a sua missão? Segundo o que Ele mesmo disse era o “Reino de Deus”. Isso a que Ele chamava “reino de Deus” era aquilo que o tinha mesmo entusiasmado. Para anunciar esse tempo novo e feliz, Jesus falava, contava histórias… Mas, principalmente Ele fazia gestos que mostravam que esse Reino estava já presente. Curava as doenças físicas, libertava as pessoas do seu sofrimento psicológico, perdoava os pecados. Tudo isso eram sinais fortes que Deus estava por perto. Isso do Reino não era só uma promessa; era algo que se podia já experimentar. O interessante é que Jesus não era o único a fazer esses sinais maravilhosos, cheios de esperança. Ele envolveu os discípulos, os daquele tempo e nós agora, nesta missão. Também eles, e nós hoje, podemos fazer os mesmos gestos de vida feliz que Jesus fez. Mas seguir Jesus traz alguns riscos. Jesus avisou os discípulos que eles seriam rejeitados em alguns lugares. Os discípulos bem sabiam que a beleza e a força do Reino iria incomodar muita gente. E ao colaborarem com Ele, bem sabiam que se estavam a meter em problemas. Também nós devemos estar preparados para enfrentar hostilidades quando tentamos viver à maneira do Reino de Deus, à maneira de Jesus. Jesus ordenou aos discípulos que não levassem dinheiro nem equipamento extra. Jesus era exigente. Ele queria que os discípulos se concentrassem apenas na sua missão e não no seu bem-estar. Era também uma forma de aprender a confiar radicalmente em Deus. Nós somos os herdeiros destes primeiros discípulos. Continuar a missão de Jesus é a nossa tarefa, agora. Nós fazemos o Reino de Deus acontecer lutando contra o mal, contra a injustiça e trazendo a cura e o perdão de Deus às pessoas que nos rodeiam. E devemos fazê-lo sem darmos demasiada importância às dificuldades do dia a dia. É normal que haja rejeições: gente que se ri dos nossos valores e das nossas tentativas de lutar contra a injustiça. Sem stress. Estamos com Jesus, estamos bem.

Oração: Senhor, quero sonhar contigo Duração: 10 min. Canto: O Reino de Deus (Original: Tu és Fonte de Vida. Cânticos de Taizé. Nova Terra Livraria | Rezar Juntos. Orações e cânticos de Taizé, nº 62, Edições Salesianas)

O Reino de Deus é um Reino de paz, justiça e alegria. Senhor, em nós vem abrir as portas do teu Reino. A seguir, o catequista ou algum participante proclama Lc 12, 49: Eu vim lançar fogo sobre a terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado! No final, o grupo reza em coros alternados: 26


Coro 1: Senhor Jesus, ajuda-nos a sonhar contigo, a pôr no centro dos nossos desejos a tua causa, a tua luta pelo Reino. Coro 2: Senhor Jesus, ajuda-nos a tornar realidade o teu sonho, a fazer dos nossos corpos, do nosso tempo, das nossas vidas vidas onde Deus reina. Coro 1: Senhor Jesus, faz o teu Reino acontecer dentro de cada um de nós. Cura-nos. Liberta-nos. Perdoa-nos. Para podermos viver a vida em plenitude. Para que Deus reine nas nossas vidas. Coro 2: Senhor Jesus, faz o teu Reino acontecer em redor de nós. Ajuda-nos a abater os muros de divisão, os preconceitos e as desigualdades.

3º encontro Anúncio da Palavra Neste encontro, convidamos os participantes a explorarem a sua participação e contribuição no projeto do Reino.

Material Computador, projetor multimédia, colunas Áudio de Lucas 9, 1-6 (diretório mp3/audio01 | disponível no CD de apoio) Papel de embrulho Marcadores Tesouras Canto “Não vou parar” (faixa nº 2 do CD de apoio) Vídeo “Aprendo a rezar com os pés” (disponível no DVD de apoio)

Atividade: Seguir os passos de Jesus Duração: 70 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista pede aos participantes que abram as suas bíblias em Lucas 9, 1-6, para poderem seguir a leitura que vai ser proclamada. Criado o ambiente de concentração necessário,

27


proclama Lucas 9, 1-6 ou pede a alguém bem preparado que o faça. Também pode usar a gravação áudio disponível no CD de apoio. Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a BoaNova e realizando curas por toda a parte. Etapa 2 Duração: 15 min. O catequista inicia um diálogo sobre o que foi proclamado. Pode usar estas ou outras perguntas: Qual a palavra ou frase desta passagem que mais te chamou a atenção? Qual das instruções que Jesus deu seriam mais difíceis para ti de pôr em prática? Porquê? Os cristãos que conheces veem-se a si mesmos como anunciadores do Reino de Deus, colaborando com Jesus? Porque sim ou porque não? Etapa 3 Duração: 10 min. O catequista recorda aos participantes que Jesus precisa de discípulos, gente que, como Ele, anuncie o Reino; gente que siga os seus passos. Os primeiros discípulos andaram literalmente de terra em terra a partilhar a boa notícia do Reino de Deus. O texto que escutámos relata o que aconteceu a primeira vez que os discípulos foram, por conta deles, a anunciar. O catequista distribui tesouras, papel de embrulho e marcadores coloridos. Cada um deve desenhar o rebordo do seu pé direito e do seu pé esquerdo no papel. Depois, deve recortar a silhueta dos seus pés. Etapa 4 Duração: 20 min. O catequista pede a cada um que decore a silhueta do seu pé direito com imagens, palavras ou símbolos que indiquem três formas (pelo menos) que eles têm de seguir os passos de Jesus a anunciar o Reino; de algum modo, trata-se de indicar três áreas da sua vida que já estão em sintonia com a lógica do Reino. O catequista pode dar alguma sugestão para auxiliar os menos habituados a exprimir-se desta forma: desenhar uma orelha para mostrar que se é um ouvinte atento dos colegas; desenhar um penso se se costuma ajudar um companheiro que sofre... Depois, pede a todos que decorem a silhueta do pé esquerdo com imagens, palavras ou símbolos que reflitam, pelo menos, três áreas em que sentem que não estão a seguir os passos de Jesus na construção do Reino. Mais uma vez, a título apenas indicativo, pode dar exemplos: uma boca fechada, se têm dificuldade em dar testemunho que são cristãos; um sinal de interrogação, se sentem que a fé ainda é frágil... Quando os participantes tiverem terminado, o catequista incentiva-os a mostrarem os seus “pés” e as suas razões. 28


Etapa 5 Duração: 20 min. Depois de todos terem partilhado, o catequista convida o grupo a sintetizar a partilha feita, podendo usar estas questões: Houve semelhanças entre os “pés direitos”? E entre os “pés esquerdos”? Que sugestões farias para ultrapassar as dificuldades e contradições que apareceram nos “pés esquerdos”? Que conselhos nos daria Jesus? Agora que ouviste a partilha dos outros colegas do grupo, que palavras ou símbolos gostarias de acrescentar aos teus pés?

Oração: Senhor, abençoa os nossos pés Duração: 10 min. Canto: “Não vou parar” (Original: Não vou parar, Banda Jota, Edições Salesianas)

Às vezes, tenho de me ultrapassar Por vezes, contra a maré tenho de nadar Só com luta e com amor Teu nome honrarei Dar-te-ei o meu louvor! Não vou parar Irei lutar Insistir com Tua força. Com Tua força eu vou conseguir! Não vou temer, nem me espantar Tu estás por mim por onde eu andar Só com trabalho e alguma dor Tudo compensas Pois és Rei, Tu és Senhor Após escutar o canto, o catequista diz: «Depois de termos usado os pés como metáfora que indicava a nossa adesão à proposta do Reino feita por Jesus, vamos reforçar essa adesão.» Em roda, convida os participantes, um a um e em silêncio, a colocarem os seus “pés” (construídos na atividade anterior) ao centro. Depois do gesto, o catequista convida 6 leitores para fazer a oração que se encontra no Livro do Catequizando: Leitor 1: Senhor Jesus, Tu nos chamaste a acolher o Reino, a deixarmo-nos curar e a ir curar, a deixarmo-nos libertar do que nos aprisiona e a libertarmos, a abolir as barreiras que nos dividem. Todos: Senhor, abençoa os nossos pés.

29


Leitor 2: Jesus, nosso mestre, Tu nos convidas a seguir os teus passos, a sermos teus discípulos. Ajuda‑nos a seguir-Te. Todos: Senhor, abençoa os nossos pés. Leitor 3: Jesus, nosso irmão, Tu lavaste os pés aos teus discípulos para nos mostrares que entre nós valem mais a humildade e o serviço. Ajuda-nos a seguir-Te. Todos: Senhor, abençoa os nossos pés. Leitor 4: Jesus, nosso salvador, os teus pés foram pregados na cruz. Às vezes, seguir-Te é difícil. Pede sacrifício. Implica renunciar ao nosso egoísmo para irmos ao encontro do outro. Ajuda-nos a seguir-Te. Todos: Senhor, abençoa os nossos pés. Leitor 5: Jesus, enviado do Pai, Tu disseste aos teus discípulos que sacudissem o pó dos seus pés quando as pessoas os rejeitavam. Por vezes, sentimo-nos com medo ou com vergonha de partilhar a tua Palavra; sentimos medo da rejeição. Ajuda-nos a seguir-Te. Todos: Senhor, abençoa os nossos pés. Leitor 6: Senhor Jesus, nós Te pedimos que abençoes os nossos pés. Que eles possam sempre pisar as estradas do Reino. Que eles caminhem seguros e firmes ao teu lado. Ajuda-nos a seguir-Te. Todos: Senhor, abençoa os nossos pés.

Proposta Alternativa Como proposta alternativa para este momento final, o catequista pode convidar o grupo a ver o vídeo “Aprendo a rezar com os pés”, seguindo-se um momento de oração espontânea.

Guião do vídeo: Caminham em filas ao lado das estradas nacionais, por trilhos de terra batida, atravessando pequenos povoados que antes desconheciam, cruzando horas e horas a paisagem de giestas e silêncio. Têm em português um nome que deriva de uma forma latina: Per ager, que significa “através dos campos”; ou Per eger, “para lá das fronteiras”. Experimentam uma espécie de nomadismo: não se demoram em parte alguma, comem ao sabor da própria jornada, dormem aqui e ali. Num tempo ferozmente cioso da produção e do consumo, eles são um elogio da frugalidade e do dom. Relativizam a prisão de comodismos, necessidades, fatalismos e desculpas. E o seu coração abre-se à revelação de um sentido maior. A verdade é que é difícil ter uma vida interior de qualidade, se nem vida se tem, no atropelo de um quotidiano que devora tudo. Na saturação das imagens que nos são impostas, vamos perdendo a capacidade de ver. No excesso de informação e de palavra, esquecemos a arte de ouvir e comunicar vida. Damos por nós, e há, à nossa volta, um deserto sem resposta que cresce. E quando nos voltamos para Deus, parece que não sabemos rezar. Estes peregrinos que tornam a encher as estradas de Fátima (mas também de Santiago, de Chartres, do Loreto…) assinalam-nos o dever de buscar a estrada luminosa da própria vida. Já não separam a existência por gavetas estanques, mas o seu corpo e a sua alma respiram em uníssono. A oração torna-se natural como uma conversa, e as conversas enchem-se de profundidade, de atenção, de sorrisos. A parte mais importante dos quilómetros que percorrem não está em nenhum mapa: eles caminham para um centro invisível onde pode acontecer o encontro e o renascimento.

30


Queria dedicar este texto a um amigo que, neste mês de Maio, fez a sua primeira peregrinação. A meio do caminho enviou-me uma mensagem a dizer: «Aprendo a rezar com os pés». (José Tolentino Mendonça)

4º encontro Expressão de fé Depois do caminho feito nos encontros anteriores, esta quarta reunião pretende que os catequizandos assumam o seu compromisso e empenho no projeto do Reino, determinando como se podem aproximar dele.

Material Computador, projetor multimédia, colunas Vídeo “Parábola do tesouro” (disponível no DVD de apoio) Música de fundo (diretório mp3/fundo02 | disponível no CD de apoio) Canto “Quem és Tu?” (faixa nº 3 do CD de apoio)

Atividade: Venha a nós o vosso Reino Duração: 40 min. Etapa 1 Duração: 5 min. Como ponto de partida, o catequista apresenta o vídeo “Parábola do tesouro”, baseado no texto Mt 13, 44.

Guião do vídeo: «O Reino dos Céus é parecido com um tesouro escondido num campo, que um homem encontra. Volta a escondê-lo e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que possui e compra o campo.» Jesus salienta a entrega total que começa a despontar dentro do indivíduo quando recebe o anúncio do Reino de Deus e compreende o seu verdadeiro valor. O Reino é um tesouro que, quando descoberto, provoca uma alegria impossível de conter. Uma alegria tão profunda que leva a “vender tudo o que se possui” para conseguir comprar o campo. A primeira pessoa a quem esta parábola pode referir-se é ao próprio Jesus. Ele, para obter o tesouro encontrado, entregou tudo o que tinha e tudo o que era. Por este motivo Se fez Mestre de vida no meio da sua gente, entregou até a sua própria existência. Etapa 2 Duração: 10 min. O catequista recorda aos participantes a oração do Pai-Nosso, destacando a atitude pressuposta pela súplica “Venha a nós o vosso Reino”. O catequista pode perguntar ao grupo: «Quando dizemos estas palavras de cada vez que rezamos a oração do Pai-Nosso, em que é que pensamos? Desejamos, de facto, que o Reino de Deus venha até nós? De que forma? Será que nós colocamos condições a essa vinda? Em que casos? Com que pessoas?»

31


Etapa 3 Duração: 15 min. Concluído um primeiro aprofundamento, o catequista propõe aos catequizandos que reflitam, individualmente, sobre a sua adesão ao projeto de Jesus, materializado no sonho do Reino. Em seguida, pede-lhes que completem as seguintes afirmações no Livro do Catequizando. Quero entrar no Reino, apesar de… Quero entrar no Reino, porque… Quero entrar no Reino, fazendo… Etapa 4 Duração: 15 min. Depois de finalizado o momento de reflexão individual, o catequista convida os participantes a fazer a partilha, perante o grande grupo.

Oração: Cura as minhas mãos Duração: 30 min. Etapa 1 Duração: 10 min. Canto “Quem és tu?” (Original: Musikatu. Lanzate a vivir, Felix Jiménez Albiztur, Assisi Producciones)

Quem és Tu? Quem és Tu? Diz-nos quem és. Diz-nos ó Jesus! Quem és Tu? Quem és Tu? Diz-nos quem és. Diz-nos ó Jesus! São muitos os que dizem que eras um tipo estupendo, cordial com os amigos, com os ricos tão tremendo! No entanto há quem suspeite de algo raro quando vê que abandonas a família e que vives sem mulher! Segundo o que dizem foste um louco fracassado, Um profeta controverso que acabou crucificado. Mas contudo, há quem pense que a cruz não é o final... que a morte não é tudo, porque Tu vais triunfar! Se quero ser sincero algo devo confessar-Te senti o teu olhar com frequência ao contemplar-Te. Saindo destas sombras algo claro nasce em mim: és tudo o que eu quero e minha vida é para Ti! És a luz és a paz és caminho, vida e liberdade és o Senhor és a canção és verdade destino e salvação 32


és amor és saúde és irmão guia e plenitude és paixão és perdão és palavra, alento e compreensão és Jesus de Nazaré és promessa, novidade e fé és oração e transformação és surpresa, amigo e redenção O catequista lê ou convida um participante a ler Marcos 3, 1-6. Novamente entrou na sinagoga. E estava lá um homem que tinha uma das mãos paralisada. Ora eles observavam-n’O, para ver se iria curá-lo ao sábado, a fim de O poderem acusar. Jesus disse ao homem da mão paralisada: «Levantate e vem para o meio.» E a eles perguntou: «É permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou matá-la?» Eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e magoado com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão.» Estendeu-a, e a mão ficou curada. Assim que saíram, os fariseus reuniram-se com os partidários de Herodes para deliberar como haviam de matar Jesus. O catequista faz um comentário breve, salientando que o sonho de Jesus não é uma utopia, mas um projeto de Deus para a humanidade inteira, pessoa a pessoa, que pode realizar-se num programa de vida concreto, presente em cada escolha individual, todos os dias. Etapa 2 Duração: 10 min. O catequista coloca música de fundo e convida todos a um tempo de reflexão em silêncio. Estas questões (que se encontram no Livro do Catequizando) podem ajudar a fazer uma síntese da catequese: Sinto que Deus é capaz de curar a minha mão paralisada? Acredito que Deus tem poder e vontade de libertar a humanidade de tudo o que nos impede uma vida plena e feliz? A fé que tenho em Deus é suficiente para me empenhar na mudança pessoal e na mudança da realidade à minha volta? A certeza de que nada nos pode separar da bondade de Deus ajuda-me a apreciar as coisas positivas da vida, ainda que pequenas e frágeis? Etapa 3 Duração: 10 min. Para finalizar a oração, o catequista convida o grupo a rezar o Pai-nosso, mas inserindo uma variante por ocasião da súplica “Venha a nós o vosso Reino”. Assim que se pronuncie pela primeira vez esta expressão, cada elemento do grupo recita a frase com que comple33


tou a reflexão da atividade anterior “Quero entrar no Reino, fazendo…”. (Ex.: Todos: “Venha a nós o vosso Reino…”; Catequizando 1: “… sempre que eu seja capaz de me aproximar daquele colega de quem toda a gente quer distância.”; Todos: “Venha a nós o vosso Reino…”; Catequizando 2: “… em todas as ocasiões em que eu escolha mimar a minha família.”; Todos: “Venha a nós o vosso Reino…”) Quando todos tiverem rezado a sua intenção, continua-se a oração do Pai Nosso, retomando em “Seja feita a vossa vontade…”.

Termómetro do grupo Duração: 15 min. A concluir o encontro, o catequista propõe ao grupo um momento de avaliação. Para orientar a reflexão partilhada, pode ter por base as seguintes questões: Como te sentes no grupo? Com quem falaste menos e mais ao longo dos encontros? O que achas que pode ser melhorado na dinâmica do grupo? Identifica a atividade que mais te surpreendeu. Como vês a postura do teu catequista? Sentes-te mais entusiasmado com o Reino de que Jesus nos fala?

Para avaliar O ano está a arrancar… Como avalias a motivação dos participantes? E a qualidade das suas interações? Como é que o grupo está relativamente ao grau de proximidade/afastamento dos seus elementos? Nas atividades de autoconhecimento, foram capazes de olhar para dentro deles e dar voz ao que pensam e sentem sobre si próprios? Qual foi a postura do grupo nos momentos de oração?

34


Conteúdo Introdução............................................................................................................................................................................................................................. 3 CATEQUESE 1: Eu, os outros, Jesus e o Reino............................................................................................................15 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................16 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 16 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................21 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 21 2º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................... 23 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................... 27 4º encontro - Expressão de fé................................................................................................................................................................. 31 CATEQUESE 2: Um Deus que Se torna próximo.........................................................................................................35 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................36 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 36 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................39 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 39 2º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 41 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................... 46 4º encontro - Expressão de fé................................................................................................................................................................. 52 CATEQUESE 3: Encontro, confiança e oração..............................................................................................................57 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................58 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 58 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................61 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 61 2º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 64 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................... 67 4º encontro - Expressão de fé................................................................................................................................................................. 72 CATEQUESE 4: Um Deus que é Pai....................................................................................................................................77 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................78 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 78 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................81 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 81 2º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 83 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................... 86 4º encontro - Expressão de fé................................................................................................................................................................. 88 CATEQUESE 5: O Espírito que guia Jesus......................................................................................................................95 Para o Catequista.....................................................................................................................................................................96 Apresentação................................................................................................................................................................................................................... 96 Desenvolvimento.......................................................................................................................................................................99 1º encontro - Experiência humana........................................................................................................................................................ 99 2º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................103 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................107 4º encontro - Expressão de fé..............................................................................................................................................................112

175


CATEQUESE 6: Um Deus que nos fala na Bíblia.......................................................................................................123 Para o Catequista..................................................................................................................................................................124 Apresentação................................................................................................................................................................................................................124 Desenvolvimento....................................................................................................................................................................127 1º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................127 2º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................133 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................135 4º encontro - Expressão de fé..............................................................................................................................................................142 CATEQUESE 7:; Ser fiel à causa com(o) Jesus..........................................................................................................153 Para o Catequista..................................................................................................................................................................154 Apresentação................................................................................................................................................................................................................154 Desenvolvimento....................................................................................................................................................................157 1º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................157 2º encontro - Experiência humana.....................................................................................................................................................162 3º encontro - Anúncio da Palavra.......................................................................................................................................................164 4º encontro - Expressão de fé..............................................................................................................................................................169

176



Começa um novo caminho… um Caminho para Amadurecer! Tens nas mãos o guia do 10º ano de catequese do Ligações. Itinerário de educação à Fé.

Este ano, o teu grupo vai centrar-se nos traços da vida de Jesus e na relação que Ele mantém com o Pai e o Espírito Santo. Como catequista, não te será pedido que apenas exponhas conteúdos da fé. O que te propomos é que, a partir desses conteúdos, conduzas cada elemento do grupo num caminho de amadurecimento pessoal como cristão.

AMADURECER

10

10

Esta caminhada irá desenvolver-se em reuniões de 90 minutos. Optamos por reduzir o número de catequeses, privilegiando a qualidade dos encontros. O grupo precisa de tempo para dialogar, partilhar e fortalecer laços.

Caminho para Caminho para AMADURECER

Ligações. Itinerário de educação à Fé Projeto de catequese inovador que ajuda crianças e jovens de hoje a conhecer, celebrar e viver a Fé.

As tarefas de expressão de fé (a oração, o renovado estilo de vida inspirado pela Palavra, o reforço do sentido eclesial) merecem-nos grande atenção e pedem o tempo adequado. Não há o risco de as catequeses se tornarem maçudas ou repetitivas, porque o leque de experiências a fazer é entusiasmante.

GUIA DO CATEQUISTA

Pedimos-te que orientes cada encontro num estilo dialogante. A tua capacidade de escuta e de aproximação ajudarão a criar no grupo um clima de confiança recíproca. O teu coração bondoso e generoso ajudarão neste caminho para amadurecer.

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 edisal@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Ligações. Itinerário de educação à Fé

GUIA do

catequista


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.