No abraço de Jesus (GUIA - 2º ano - Ligações.Itinerário de educação à Fé)

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LigaçõeS. Itinerário de Educação à Fé

GUIA 2 DO CATEQUISTA

o ç a r b a o N

s u s e J de




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Ficha técnica: © Edições Salesianas, 2020 Alguns conteúdos adaptados de: Impronte di misericordia e di perdono © 2017, Centro Evangelizzazione e Catechesi Don Bosco - Torino Valerio Bocci, Gianluca Carrega, Mario Ciola, Federica Bernardi, Nives Gribaudo, Alberto Martelli, Gabriele Mecca, Michele Roselli © 2016, Editrice ELLEDICI Ilustração da capa: Ilaria Pigaglio

Capa: adaptado por Paulo Santos sobre design de Maison ADV (TO) Paginação: Paulo Santos © 2020, EDIÇÕES SALESIANAS Rua Duque de Palmela, 11 - 4000-373 Porto editora@edicoes.salesianos.pt | www.edisal.salesianos.pt Coordenação: Equipa Ligações: Rui Alberto 1ª edição: Agosto 2020 ISBN: 978-989-8982-41-4 Depósito legal: 472611/20 Impressão e acabamento: Totem


Introdução 2º ano Caro/a catequista: aqui tens o guia de “No abraço de Jesus”. É um material catequético para fazeres catequese com as crianças do 2º ano. Faz parte do projeto Ligações. Itinerário de educação à fé que os Salesianos elaboraram como um serviço a toda a Igreja.

Ligações Chamámos “Ligações” a este itinerário de educação à fé, porque ele estabelece várias ligações felizes: Entre Deus que Se revelou plenamente em Jesus de Nazaré e cada um dos catequizandos; Entre a comunidade cristã, tornada presente por ti e pelos outros catequistas, que bebem do Evangelho a sua força, e os desafios colocados pela vida real dos catequizandos, das suas famílias, dos seus contextos; Entre os vários catequizandos que são convidados a experimentar já o que é ser Igreja, comunidade dos que querem seguir Jesus e o seu Evangelho; Entre a situação atual de cada catequizando e o crente maduro e feliz que Deus está a chamar; Entre a Igreja e as famílias que pedem para os seus filhos uma boa educação na fé. Este itinerário de educação à fé surge no caminho de renovação evangelizadora dos últimos anos. A Igreja, a nível universal com o magistério e a animação dos Papas, e a nível nacional com os documentos recentes sobre a melhoria da catequese, incentiva todos a um maior entusiasmo por levar a alegria do Evangelho às pessoas concretas de hoje. Alinhados com esse esforço, oferecemos o contributo da tradição espiritual, educativa e pastoral salesiana ao esforço de renovação e qualificação da catequese em Portugal. Num mundo plural, complexo e cheio de contradições, como é o século XXI, é uma bênção a existência de propostas diferenciadas.

Descobrir a fé Ao longo deste percurso de fé em que acompanhamos as crianças e adolescentes dos 6 aos 18 anos, muita coisa vai mudar na vida dos catequizandos: a nível físico, a nível psicológico, a nível social, a nível de fé. Para ter essas mudanças em conta, organizámos este itinerário de fé em quatro fases de três anos cada uma. Cada uma destas fases faz uma escolha dos conteúdos, objetivos e metodologias que melhor se adaptam à idade e que mais contribuem para a finalidade da catequese. “No abraço de Jesus” é a proposta para o segundo ano desta primeira fase, que se segue à proposta para o primeiro ano (“Nos passos de Jesus”) e a que se seguirá a proposta para o terceiro ano (“No coração de Jesus”). Esta primeira fase quer ajudar as crianças a descobrir a fé. Para algumas delas, essa descoberta já começou em casa, com os pais ou avós; para muitas outras, “estas coisas” da fé serão uma novidade total. A uns e a outros oferecemos a possibilidade de descobrir a fé e a alegria que dela provém.

Indicadores de avaliação No final destes três anos de caminho na primeira fase, gostaríamos que os catequizandos tivessem interiorizado e dominado um conjunto de atitudes e competências. Eis os indicadores de sucesso, para cada uma das seis tarefas da catequese:

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Fase 1: Descobrir a fé Favorecer o conhecimento da fé

O catequizando conhece a atitude de fé confiante que Jesus tinha face ao Pai e experimenta uma atitude semelhante à de Jesus.

A educação litúrgica

O catequizando celebra com proveito os sacramentos da Eucaristia e da reconciliação.

A formação moral

O catequizando acolhe as indicações morais de Jesus em favor do altruísmo e da bondade.

Ensinar a rezar

O catequizando vive a oração como diálogo com Deus através de fórmulas existentes e de orações espontâneas.

A educação para a vida comunitária

O catequizando sente-se parte do grupo dos amigos e companheiros de Jesus.

A iniciação à missão

O catequizando cultiva atitudes de bondade e respeito para com todos.

2º ano: roteiro Com as sete catequeses que propomos para este segundo ano, queremos ajudar as crianças e as suas famílias a descobrir o poder transformador da misericórdia do Pai, revelada em Jesus. Começamos (“Jesus é diferente”) descobrindo que Jesus trata as pessoas de forma diferente. O encontro de Jesus com Zaqueu ou com a mulher pecadora mostra-nos Jesus a oferecer a sua amizade a gente que, na aparência, não a merece. Refletimos sobre o que dá qualidade à amizade e agradecemos a amizade que Jesus nos oferece. Na segunda catequese (“O olhar de Jesus”) apuramos o sentido do bem e do mal e vemos como Jesus reage diante dos quatro amigos que carregam um paralítico até junto de Jesus: Ele oferece cura física e perdão dos pecados. A terceira catequese (“Jesus encontra-me no batismo”) oferece uma série de atividades que familiarizam os catequizandos com os diferentes ritos do batismo. Ao fazer memória do batismo, as crianças descobrem que a ação bondosa e salvadora de Jesus (descoberta nas duas primeiras catequeses) acontece para elas, a partir do sacramento do batismo. O terceiro encontro desta catequese, com a presença de pais e padrinhos, valoriza fortemente a entrega do pai-nosso. A quarta catequese (“A alegria do Pai”) apresenta-nos as primeiras duas parábolas da misericórdia: a ovelha perdida e a moeda perdida (Lc 15). A experiência de estar perdido e ser encontrado toca o coração das crianças e ajuda-as a perceber o que é a misericórdia de Deus. A quinta catequese (“O Pai misericordioso”) apresenta-nos a parábola do filho pródigo. É um texto emocionante que mostra bem quem nós somos e, acima de tudo, quem é Deus e como é grande o seu coração e o seu abraço. Através de atividades dinâmicas e intensas, as crianças experimentam o que está em causa na parábola. A sexta catequese (“A festa do perdão”) dá continuidade à parábola do filho pródigo. Propomo-nos encontrar os gestos e as palavras que nos fazem experimentar o mesmo perdão que o filho pródigo recebeu. Esta catequese prepara as crianças para a sua primeira confissão. A sétima catequese (“Vai e faz o mesmo!”) apresenta a parábola do bom samaritano e coloca-se na continuidade das anteriores. Nós que experimentámos o perdão e a misericórdia de Deus, somos convidados por Jesus a “transmitir” esse perdão e misericórdia aos nossos “próximos”.

A festa do pai nosso Ao longo do ano contactamos com alguns encontros, milagres e parábolas de Jesus. Tudo isto nos ajuda a perceber melhor o rosto desse Deus a quem Jesus chamava “Pai”. Na catequese 3, ao descobrir o batismo, aprendemos que a comunidade entrega aos pais e padrinhos o pai nosso, esta oração que nos coloca numa relação de filhos confiantes diante de Deus. A partir deste momento 4


seria possível e conveniente celebrar com a comunidade cristã, numa liturgia de Domingo, a entrega do pai nosso. A melhor tradição da catequese da Igreja sempre valorizou este rito da entrega dos principais “documentos” da fé. A comunidade entrega o pai-nosso e ampara o catequizando no seu processo de apropriação e interiorização. É motivo de alegria para toda a comunidade acompanhar os seus irmãos mais novos neste caminho. Com eles, com os seus pais e padrinhos, rezamos juntos o pai-nosso e crescemos nesta relação de confiança com esse Pai que tanto nos ama. A data exata para fazer este rito dependerá da programação da catequese e da vida paroquial. Deveria ser, obviamente, depois da catequese 3, mas não muito depois.

Primeira Reconciliação Propomos que a primeira reconciliação seja também celebrada neste segundo ano de catequese. A catequese 6 prepara explicitamente para esse sacramento, enquanto experiência pessoal de receber o perdão e o abraço de Deus. Muitas práticas de catequese consideram o sacramento da reconciliação como um mero rito preparatório para a comunhão. Não é esse o nosso entendimento. Ao longo do ano, as crianças descobrem e experimentam o rosto de um Pai cheio de misericórdia e que deseja vida feliz e abundante para todos. E agora convidamo-las a experimentar que a experiência feliz que o filho pródigo fez não é apenas coisa do passado, “estória” contada por Jesus. É experiência que pode ser feita na primeira pessoa, hoje, na mediação dos ritos deste sacramento e na presença do sacerdote que atua em nome do próprio Jesus.

Como fazer catequese? As pessoas Bons catequistas Este projeto de catequese precisa de catequistas com qualidade. Precisa de alguém como tu. Precisa de catequistas disponíveis, sem medo de se comprometer. Não precisa de ser uma pessoa excecional, um especialista ou um santo. Não precisa de ter um curso de teologia nem de ser um educador profissional. Precisa de alguém entusiasmado com a fé, disponível para se envolver nesta aventura de evangelizar os mais novos, capaz de se colocar à disposição das crianças e dos pais. Convidamos-te a seres alguém que dá o seu tempo e a sua energia por amor às crianças. Convidamos-te a cuidares da tua preparação, a partilhar a tua experiência de fé, a deixares-te espantar pela presença de Deus nos outros, sobretudo nos mais pequenos. Uma catequese de qualidade pede um catequista ativo, capaz de se colocar à escuta, capaz de esperar. Alguém que se envolve e que suscita o envolvimento de outros. Alguém que está ao serviço para fazer os outros caminhar, sem ter a pretensão de dirigir. Alguém que, na força da Ressurreição, se sente alegre, sabe brincar e é criativo na procura das melhores soluções. O catequista que as crianças precisam sabe falar com o coração. Dá testemunho da sua fé com a coerência da sua vida e sente-se feliz na sua intimidade com Cristo. Sente-se apenas uma pequena ajuda no crescimento de fé dos mais novos, porque sabe bem que a catequese é, acima de tudo, obra do Espírito de Deus.

A relação entre o catequista e os catequizandos Neste projeto “Ligações”, estamos profundamente convencidos da força educativa e evangelizadora que tem a relação de qualidade entre os catequistas e as crianças. Ao mesmo tempo, temos ­ tividades. consciência que esta boa relação entre catequista e catequizandos é sempre mediada por a O catequista é valorizado pelas crianças na medida em que assegura um ambiente seguro onde todos podem estar e porque oferece afeto. É apreciado, porque oferece atividades estimulantes onde aprendemos, onde nos divertimos, onde crescemos.

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Para a criação desta boa relação entre catequista e catequizandos, são muito importantes aqueles momentos de acolhimento e convívio antes da catequese começar. Podem decorrer dentro ou fora da sala de catequese. Trata-se do primeiro impacto, o momento em que encontramos as crianças. Sublinhamos o valor do sorriso e a atenção individualizada que faz com que a criança se sinta acolhida como verdadeiramente é. Uma boa maneira de iniciar um encontro é o “recordar a semana”, isto é, consentir que as crianças, sentadas em círculo, contem alguma coisa (de belo ou de menos belo) que lhes aconteceu durante a semana . É o momento em que todos acolhem a vida de todos e podem partilhar em grupo as suas alegrias e tristezas.

A relação dentro do grupo de catequese Muitas crianças têm dificuldade em saber estar em grupo. Filhos únicos e filhos de uma cultura individualista crescem sem saber estar bem com os outros. Queremos que aprendam a gostar de estar em grupo. Por isso, procuramos que cada catequizando se relacione bem com todos os colegas e não apenas com o catequista. No decorrer das catequeses, vão ter oportunidade de, ao fazer as atividades propostas, ser escutados, acolhidos pelos outros. Para isso, o catequista está muito atento para não deixar cair o grupo na tradicional sala de aula, onde o catequista age como um professor que distribui conhecimentos e prémios e onde a única tarefa dos catequizandos-alunos seria apenas aprender passivamente e competir com os outros pelo respeito do “professor”.

A relação com os pais Além das propostas explícitas (a participação no terceiro encontro de cada catequese e o laboratório de pais), não faltam ocasiões para dar qualidade aos contactos entre a catequese e os pais. Antes da catequese começar e quando termina, há sempre uma ocasião para trocar algumas impressões e para reforçar a aliança entre pais e catequese no comum empenho de fazer crescer as crianças da melhor forma possível. É importante que o catequista aceite com serenidade que nem todos os pais se comprometem com o itinerário de catequese de maneira ideal. Há muitas atitudes dos pais que contrariam, por ação ou por omissão, todos os nossos esforços por fazer uma catequese de qualidade. É inútil, apesar disso, olhar para os pais como “adversários”. É muito mais interessante procurar aqueles interesses comuns que poderão já melhorar a catequese que é oferecida aos filhos e, mais cedo ou mais tarde, contribuir para que os pais amadureçam atitudes mais colaborativas.

Como fazer catequese? As práticas Laboratório de catequistas A propósito de cada catequese, oferecemos ao grupo de catequistas que usa este guia um tempo de qualidade. Chamámos-lhe “laboratório de catequistas”, porque quer ser um espaço de experimentação, de partilha, de descoberta. Quer ser mais do que “apenas” as indicações doutrinais ou pedagógicas para preparar cada catequese. Como catequistas somos também homens e mulheres de fé. Este tempo, em grupo, quer ser uma ocasião para aprofundarmos e experimentarmos os conteúdos que iremos propor aos catequizandos. Estes laboratórios de catequistas não devem ser vistos como mais uma reunião de tipo burocrático. Devem ser uma ocasião para nos encontrarmos, para, juntos, descobrirmos os desafios que a Palavra de Deus nos lança; para, em Igreja, procurarmos caminhos para viver a fé com mais entusiasmo e alegria.

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Encontros semanais Nestes três primeiros anos do “Ligações. Itinerário de educação à fé”, propomos um número pequeno de catequeses (sete) distribuídas em três encontros semanais. Cada um destes encontros semanais tem a duração máxima de uma hora. Os dois primeiros encontros de cada catequese contam com a presença do catequista e das crianças, que, com entusiasmo, descobrem a vida de Jesus através de atividades, de um clima participativo, seguro e alegre. Estes dois primeiros encontros centram-se nas atividades a realizar com as crianças: um jogo, uma construção, um canto, um cartaz… São atividades diversas, concretas e afastados o mais possível da ideia de “lição de catequese”, para trabalhar de forma concreta (com as mãos) juntamente com as crianças e interiorizar com elas o tema da catequese. O terceiro encontro de cada catequese tem uma marca mais celebrativa e pede a presença dos familiares. É uma celebração a viver juntamente com as crianças: um encontro de oração “formato criança” que prevê um lugar adequado, o canto, o silêncio, a atenção à Palavra, a interiorização de gestos e atitudes, que ajudam a viver este momento especial com Jesus. Haverá pais que veem com agrado esta possibilidade de celebrar a fé juntamente com os seus filhos. Outros sentem-se mais desconfiados em relação a essa possibilidade. Os catequistas devem ser criativos na hora de convidar os familiares a participar nestes encontros. Deve-se sublinhar a importância da colaboração entre a catequese e as famílias, mas, com realismo, aceita-se que alguns pais e familiares não possam ou não queiram este tipo de presença. Os momentos celebrativos podem ser vividos a nível intergeracional, isto é, como atividade em que se reúnem as crianças e os pais (ou os avós) para uma convivência profunda. Partilhar estes momentos de oração serve para interiorizar, por parte de todos os protagonistas, a beleza de um caminho feito juntos para descobrir a pessoa de Jesus Mestre nas diversas etapas da vida.

Laboratórios de pais Oferecemos aos pais (ou outros familiares) a possibilidade de participarem em “laboratórios de pais”. Está previsto um para cada catequese. Pretendemos que estes encontros possibilitem aos pais uma maior familiaridade com os conteúdos de fé que os seus filhos estão a descobrir nessa catequese. Queremos que sejam vividos como “laboratórios” e não como “aulas”. Tal como os laboratórios de catequistas, a prioridade deve ser dada à descoberta, à partilha, ao aprofundamento. Quer os catequistas quer os pais devem sentir-se protagonistas deste momento e não recetores passivos de uma qualquer “lição”. Mas devemos estar atentos às diferenças entre os catequistas e os pais. Muitos pais têm uma fé e/ou uma participação eclesial débil. Alguns têm preconceitos negativos em relação à fé ou à Igreja. Estes laboratórios são espaços onde propomos, de forma adulta, a adultos, os mesmos temas trabalhados com as crianças. Também para os pais é importante cuidar do ambiente físico onde vai decorrer a atividade: um lugar “quente”, cadeiras em círculo e alguma flor na mesa. Tornemos belo este lugar de encontro. Ao entrar na relação com os adultos é fundamental que os pais percebam que os tratamos como tais, ou seja, que sabemos propor-lhes um encontro que diga respeito à sua vida de adultos, que sabemos respeitar a história pessoal de cada um sem preconceitos, que todos se sentirão à vontade. Um café e um biscoito podem ajudar a um acolhimento recíproco e a criar um clima fraterno. Desejaríamos que se sentisse a atmosfera de quem participa num encontro pensado para ele juntamente com as outras pessoas que vivem as mesmas alegrias e tristezas. Sobretudo um clima perfumado de abertura que não faça sentir a ninguém que está fora do lugar.

Momentos do ato catequético Tem bastante tradição em Portugal a ideia de organizar o caminho da catequese em três momentos: a experiência humana, o anúncio da Palavra e a expressão de fé. Tem tradição e inspira-se na prática evangelizadora do próprio Jesus.

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Experiência humana: A catequese deve começar com a vida real dos catequizandos. É aí, nas suas experiências, sonhos e problemas de cada dia, que deverá começar o caminho que leva à fé. O mundo vital das crianças de hoje, a sua experiência, não é a mesma que tu, catequista, tens enquanto jovem ou adulto. Nem sequer é a mesma que tu tiveste, há uns anos, quando tinhas seis ou sete anos. Para seres um bom catequista tens de fazer como Jesus, que Se abeirava dos homens e mulheres do seu tempo, com profundo respeito pelas suas experiências. Anúncio da Palavra: Depois de ter encontrado e acolhido as experiências vitais das crianças, oferecemos a boa e saborosa notícia da Palavra de Deus. Propomos esta Palavra convencidos que só ela é capaz de iluminar e libertar a vida. É a Palavra de Deus que está no centro da catequese. Mais do que fornecer conhecimentos sobre a Bíblia, queremos ajudar os catequizandos a apropriarem-se da Palavra, a fazê-la palavra sua. Os cristãos adultos, e tu com eles, já descobriram como é bom ter a Palavra luminosa e amorosa de Deus no coração. A tua tarefa, como catequista, é ajudar as crianças, mesmo estas mais novas, a experimentar como a Palavra de Deus pode dar um novo e melhor sabor às suas vidas. Expressão de fé: Toda a Palavra de Deus é como um convite que Deus faz. Ela pede sempre uma resposta. Uma boa catequese ampara as crianças neste empenho de dizer “sim”, de deixar que os seus gestos e atitudes sejam cada vez mais inspirados pelo Evangelho. Ajudamo-las a agradecer e louvar este Deus que nos falou na Palavra.

Como fazer catequese? Os recursos O espaço da catequese As crianças são muito marcadas pelo espaço e pela sua decoração. Elas conhecem o espaço da sua casa e os espaços da brincadeira; agora, no 1º ciclo, estão a descobrir a sala de aula. A sua tendência natural é imaginar que este novo espaço (a sala de catequese) é como um desses espaços que já conhece. E, naturalmente, assumirá na catequese a postura que lhe é habitual nesses outros espaços. Mas a catequese é uma experiência diferente. Para ajudar a criança a perceber isso, a decoração do espaço deve ajudar a comunicar essa diferença. Procuramos um lugar “informal”, com cadeiras de tamanho adequado à idade destas crianças. A distribuição em círculo, de forma que todos se possam ver e ouvir bem, favorece a coesão do grupo. É importante que seja fácil mudar a posição das cadeiras: pode ser necessário ver um vídeo, fazer um jogo que precise de mais espaço ou fazer um momento de oração. Muitas vezes, para trabalhar juntos é conveniente ter mesas. Mas é importante evitar a noção de “carteiras” escolares.

Livro do Catequizando O Livro do Catequizando tem um formato A4. É muito colorido e atraente. Inclui ainda um suplemento ao Livro do Catequizando. À escuta: É uma releitura do texto bíblico central de cada catequese. Como se fosse um repórter de hoje, enviado à Terra Santa. O texto que aqui está não é o texto bíblico; é uma releitura divertida que pode ajudar os familiares, em casa, a interessarem-se pelo tema da catequese dos filhos. Aos segredos com Jesus: Palavras para rezar, para ganhar confiança e intimidade com Jesus. Muitas vezes está pevisto usar estas orações dentro das catequeses. Mas podem ser sempre usadas, pelo catequizando e pelas famílias, em casa.

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Em família: Atividades a fazer em casa, com a família. O catequista, no final do terceiro encontro de cada catequese (onde as famílias também estão presentes) ou no laboratório de pais deve motivar os pais a realizar estas atividades em casa. Em cantigas: As letras das canções que usamos na catequese. Palavra-chave: Palavras que são como chaves que abrem o coração. O catequista convida os catequizandos e a família a escreverem com esmero a palavra mais importante que aprenderam em cada catequese. É bom, no final do terceiro encontro de cada catequese (onde estão presentes os pais) ou no final do laboratório de pais, estimular os pais a esta tarefa. A lembrar: Ideias a reter na memória e no coração. Há aqui espaço para exprimir o que de mais importante se disse, se viveu e se sentiu ao longo dos três encontros de catequese. O catequista encoraja os catequizandos a usar o desenho, a colagem, a escrita neste espaço. Em casa, sozinhos ou ajudados pelos familiares, há aqui um espaço de protagonismo e de personalização da fé. É importante que o catequista vá observando o que as crianças aqui vão colocando. Dar sempre um feedback positivo e encorajar aqueles que não o têm usado.

Recursos de apoio Para dar mais qualidade à comunicação dentro da catequese, este guia faz uso de vários recursos. Em papel: Podem ser cartazes os letreiros feitos pelo catequista. Ou podem ser cartazes e fotografias a cores disponíveis na pasta de apoio. Em suporte digital: São canções, ficheiros áudio com a leitura de textos, música de fundo, apresentações, vídeos. São usados como documentos e recurso em vários momentos da catequese (experiência humana, anúncio da Palavra, expressão de fé). Eles estão disponíveis numa pen multimédia ou no site https://vimeo.com/ondemand/noabracodejesus. No guia refere-se sempre a sua inclusão numa pen multimedia mas podem também ser adquiridos online no site referido. Para os usar e necessário um computador, um projetor multimédia e colunas de som. Site de apoio: em ligações.net, estão disponíveis materiais complementares e alternativas ao que está proposto neste guia.

Para usar o guia do catequista O material referente a cada catequese está dividido em quatro partes. Para o catequista Desenvolvimento Laboratório de catequistas Laboratório de pais “Para o catequista” inclui algum material para a tua leitura, para te ajudar a preparar bem a catequese. Começa com uma Apresentação, onde se faz uma breve motivação à catequese. Os Objetivos indicam os “resultados” que devem aparecer nos catequizandos, ao final da ­catequese. Os Conteúdos listam os vários tipos de conteúdos com que vamos trabalhar ao longo da catequese. Podem ser de tipo cognitivo (Conceitos), comportamental (Procedimentos) ou atitudinal (Valores). O Esquema mostra numa tabela o que pretendemos fazer ao longo da catequese. A primeira coluna à esquerda apresenta os três momentos da catequese: Experiência humana, Anúncio da Palavra e Expressão de fé. A segunda coluna faz a lista dos três encontros previstos. A terceira coluna tem o nome das várias atividades a realizar em cada encontro. Segue-se na quarta coluna a duração prevista para cada uma das atividades. Por fim, na quinta coluna está o grau de dificuldade que atribuímos à atividade. Não se refere ao grau de dificuldade para a realização da atividade por parte dos catequizandos, mas ao grau de dificuldade para a dinamização da atividade por parte 9


do catequista. As estrelas podem ir de uma a cinco, sendo as cinco estrelas sinal de dificuldade elevada. Esta classificação não é uma ciência rigorosa; é antes uma ajuda para o catequista estar mais atento na preparação e na execução das atividades mais difíceis. Do Catecismo ou Do Magistério oferece um pequeno texto tirado do Catecismo da Igreja Católica ou de outro documento do Magistério da Igreja, que te ajuda a situares-te perante o património de fé da Igreja. É sempre um convite a ler os números seguintes. A Síntese de conteúdos oferece num texto breve algumas informações para enriquecer os teus conhecimentos e competências. São informações de tipo doutrinal e pedagógico. Como em cada catequese há um texto bíblico central, oferecemos uma “tradução” muito adaptada à realidade contemporânea desse texto evangélico. Damos explicações sobre os termos mais importantes. O “Desenvolvimento” contém as indicações para orientar cada um dos encontros de catequese. Indica-se sempre o número do encontro e em que momento do ato catequético nos encontramos. Em cada encontro está sempre a lista de Material que vai ser necessário ao longo do mesmo. Segue-se a Atividade. Cada uma tem o seu nome específico. Na linha seguinte, está a duração prevista para o todo da atividade. As atividades estão divididas em Etapas. As Etapas estão numeradas e indica-se a duração prevista de cada uma delas. Nalguns casos, antes de apresentar as Etapas da Atividade, pede-se uma ­Preparação: algo que o catequista deve fazer previamente, antes de iniciar o encontro de c­ atequese. O “Laboratório de catequistas” e o “Laboratório de pais” têm uma estrutura simples. Começam com um título. Segue-se a lista de Material a ter preparado. Indicam-se a seguir as várias tarefas a realizar, com indicação dos tempos previstos.

Para programar uma catequese A catequese é um caminho: partimos da vida concreta dos catequizandos, temos uma ideia clara da meta onde chegar, fazemos algumas ações que ajudam os catequizandos a aproximar-se dessa meta. É dentro desta comparação da catequese com o caminho que aparece a tarefa de programar. Programar é definir, com o rigor possível, os percursos a percorrer, os tempos a usar, os recursos humanos e materiais necessários. Diante do desafio de programar há várias atitudes. Uma é espiritualista: há pessoas que sentem que essa atenção aos processos educativos esvazia a ação de Deus no processo de fé. Numa postura oposta estão os tecnicistas, convencidos que o rigor de programação é suficiente para assegurar o sucesso da catequese. Aqui, no Ligações. Itinerário de educação à fé, revemo-nos numa estrada mista, mais equilibrada, capaz de conjugar as exigências de uma e outra tendência. As propostas que incluímos neste Guia são, já em si mesmas, uma forma de programação. Mas é importante ter em conta as tuas características como catequista, a dimensão do teu grupo, a reação habitual dos teus catequizandos. Para programar uma catequese, deves começar por ler com atenção as indicações do Guia. Repara como se articula o que se diz no “Para o Catequista” com o “Desenvolvimento”. Pergunta-te se as propostas feitas no “Desenvolvimento” servem realmente para atingir os objetivos, se ajudarão os catequizandos do teu grupo concreto a assimilar e experimentar os conteúdos propostos. Verifica se dispões dos recursos previstos pelo guia: vídeo, música, espaços para a oração. Se não dispões, pensa, em primeiro lugar, se os consegues encontrar. Se concluíres que não os podes encontrar, terás de modificar a nossa proposta e alterar as atividades sugeridas. Programar é também prestar atenção ao tempo. Num projeto de catequese como este, damos muita importância à comunicação dentro do grupo, à partilha, ao aprender fazendo. Ora isso torna mais variável a duração das atividades. Com o conhecimento que tens do teu grupo, verifica se os tempos que indicámos são realistas. No caso de preveres que as atividades durarão mais do que 10


o previsto, tens de decidir o que fazer. Decides que algumas atividades vão durar mais tempo e reduzes o tempo dedicado a outras? Há alguma atividade que desistes de fazer? Se, ao programar, tiveres de eliminar alguma atividade, evita a tentação de eliminar as mais difíceis (aquelas classificadas com mais estrelas); pode ser que sejam as mais importantes.

Para programar o ano Além de programar cada uma das catequeses em sequência, o catequista deve programar as suas intervenções ao longo do ano todo. Em primeiro lugar, trata-se de assinalar no calendário as datas de todas as catequeses e encontros semanais. Mas devemos ir mais além. Que atividades extra se quer propor ao grupo (passeios, celebrações penitenciais, atividades nos tempos fortes…)? Há propostas feitas a nível de paróquia, vigararia/arciprestado, diocese em que seria interessante os catequizandos participarem? Como vamos assinalar os tempos fortes da liturgia? Quase sempre, esta programação anual deve ser feita em diálogo com os outros catequistas e até com outras pessoas da paróquia. Esta programação a nível do ano deve ter em conta, tanto quanto possível, a ligação aos tempos litúrgicos. Ao propormos apenas 7 catequeses (com um total de 21 encontros) ficamos com um bom número de semanas livres para fazer outras experiências que o grupo de catequistas julgue interessantes e importantes. A título de sugestão: visitar a Igreja e aprender a estar nela, iniciar à celebração da Eucaristia, trabalhar a oração pessoal e de grupo…

O baú dos tesouros da confiança Ao longo das catequeses vamos construindo objetos, escrevendo textos que dão forma visível ao caminho de fé interior que se vai fazendo. Estes objetos devem ser guardados num recipiente adequado em causa. Chamamos a este recipiente o baú dos tesouros da confiança. O catequista tem um baú do grupo, que traz para todos os encontros de catequese. Os objetos que dentro dele se vão juntando são uma memória bem visual do caminho e das descobertas que se vão fazendo. E cada catequizando, em sua casa, gere também o seu baú. Este baú pessoal é mais um pretexto de conversa em família sobre as realidades da fé. Eis a lista dos objetos a colocar ao longo do ano: Diamante da amizade (catequese 1) Smiles (catequese 2) Cartão com os nomes e as qualidades (catequese 3) Livro com o sinal da cruz (catequese 3) Cartões em forma de borboleta, ovelha e criança (catequese 4) Material do jogo “Na estrada para casa” (catequese 5) Orações recortadas no suplemento para o ato de contrição (catequese 6) Cruz entregue no final da celebração penitencial (catequese 6) Pulseiras de compromisso (catequese 7) Ficha de reflexão pessoal (catequese 7) Evidentemente, além destes objetos, a criatividade do catequista pode sugerir outros.

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Jesus ĂŠ diferente

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1 Para o Catequista

Apresentação Jesus é como nós em tantas coisas. Gosta de fazer amigos. Mas trata os amigos de uma maneira diferente de nós. E escolhe para amigos, pessoas que nós nem queremos perto de nós..

Objetivos Descobrir que Jesus quer ser amigo de todos.

Conteúdos Conceitos: yy A amizade assenta em valores profundos yy Jesus ama sem olhar às qualidades yy Jesus encontra-Se com Zaqueu e com a mulher pecadora Procedimentos: yy Movimento e música Atitudes: yy Crescer nas motivações mais profundas para a amizade yy Ligar a oração à amizade

Esquema Experiência humana

Anúncio da Palavra

Expressão de fé

1º encontro

2º encontro

3º encontro

Atividade: Apartamentos

5’

**

Atividade: Construir a amizade

25’

***

Atividade: Quem tem um amigo, tem um tesouro

30’

***

Atividade: Os nomes e os números

10’

**

Atividade: Zaqueu, desce depressa

30’

***

Atividade: Jesus e a mulher pecadora

10’

**

Atividade: Jesus, amigo de todos

10’

**

Atividade: O meu melhor amigo

20’

**

Atividade: Oração da amizade

20’

***

Atividade: Mural da amizade

20’

**

Do Magistério Jesus tinha uma confiança incondicional no Pai, cuidava da amizade com os seus discípulos e, inclusivamente, nos momentos críticos, permaneceu fiel a eles. Manifestou uma profunda 14


compaixão pelos mais débeis, de modo especial pelos pobres, pelos doentes, pelos pecadores e pelos excluídos. (Francisco, Cristo vive, 31)

Síntese de conteúdos Jesus… continua na moda! As pessoas, mesmo aquelas que não são muito de Igreja, têm d’Ele uma boa impressão. Ele era especial.

Um personagem especial Tinha algumas qualidade notáveis: Dava-se bem com os amigos. Encontrava-se com todos verdadeiramente. Tinha um olhar penetrante, capaz de ler o coração das pessoas. Andava de terra em terra pela Palestina para Se encontrar com o maior número possível de pessoas. Entrava em sintonia perfeita com aqueles que encontrava. Escutava a todos, sem distinções. Dava a máxima atenção a cada um. Não ligava às críticas e “bocas” dos bem-pensantes do costume. Para todos aqueles que precisavam, tinha palavras de ternura, de conforto e de coragem. Contava histórias fabulosas e inovadoras (as parábolas) para falar de Deus, seu Pai, e do seu amor.

Jesus e os amigos Formou à sua volta um grupo especial de 12 amigos: os apóstolos. Estavam sempre com Ele e, de vez em quando, enviava-os em missão em seu nome. Mas, além destes 12, tinha um belo grupo de amigos com quem Se encontrava sempre que podia: os discípulos. Com eles convivia e falava sobre Deus, a vida e o futuro. Dentro deste grupo havia um trio de irmãos: Marta, Maria e Lázaro. Moravam em Betânia, uma aldeia perto de Jerusalém. Na casa dos três irmãos, Jesus “era de casa”. Jesus sentia-Se bem na casa destes três. E os três irmãos sentiam-se privilegiados porque este homem vindo de Nazaré tinha um especial afeto por eles. Já naquela altura era verdadeiro o provérbio: quem tem um amigo, tem um tesouro. Esta maneira de ser e de agir de Jesus, lembra-nos que o afeto por um amigo é mais importante e vem primeiro do que aquilo que podemos fazer com ele. Jesus é acolhido pelos seus amigos por aquilo que é. E, por sua vez, acolhe os seus amigos porque são importantes para Ele. Jesus sabe bem que para amar a sério, é preciso cultivar relações verdadeiras, concretas. E o mesmo sucede connosco: as nossas amizades ajudam-nos a crescer em humanidade, a viver “com os pés na terra” e fazem bem ao nosso coração.

Trazer os de fora para dentro Jesus preferia encontrar-Se, encorajar e ajudar sobretudo quem tinha dificuldades para viver: os doentes, os que sofriam, os que eram mal-vistos, os cansados por causa dos erros passados ou dos pecados graves. Ele oferecia-Se a todos aqueles que, segundo o pensamento da época, não “mereciam”: os “maus”, os desonestos, os que tinham outra religião ou que levavam uma vida irregular. São famosos os encontros de Jesus com Zaqueu, o chefe dos publicanos de Jericó e com a mulher pecadora encontrada em casa de Simão, o fariseu. Através de uma palavra dita com compaixão, de um gesto de ternura ou de um olhar de misericórdia, Jesus conseguia ultrapassar as muralhas do coração e endireitar as pessoas mais extraviadas. O segredo de Jesus era encontrar não o pobre enquanto pobre, o pecador enquanto pecador, o excluído enquanto excluído. Se fizesse isso, teria continuado a etiquetar as pessoas! Mas Jesus encontrava o outro enquanto pessoa como Ele. Como Ele chamado a viver animado pelo amor do Pai. E ao olhar para os outros com esta visão, Jesus acendia 15


neles um desejo de vida feliz e abundante, oferecia-lhes a coragem para abraçar o futuro com uma esperança renovada. Em cada pessoa há um ponto acessível ao bem: Jesus sabia encontrar esse ponto mesmo nos mais miseráveis.

Um homem numa árvore O texto central desta catequese é o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19, 1-10). Aqui está esse episódio numa linguagem de hoje: Em Jericó havia um homem que olhava para todos de cima para baixo… embora fosse um minorca de um metro e pouco. Chamava-se Zaqueu e era o chefe daqueles que recolhiam os impostos. Por isso era muito rico. Um dia ouviu dizer que passará por ali o tal Jesus de Nazaré. Queria vê-lo, mas com a sua altura nunca conseguiria nada no meio da multidão. Mas Zaqueu não era um tipo que se atrapalhasse com problemas: trepou para cima de um sicómoro e encontrou um bom posto de observação. Mas então aconteceu o que ele não estava à espera: Jesus levanta a cabeça e tem a distinta lata de se fazer convidar para almoçar. Zaqueu desce depressa para acolher Jesus com alegria. Mas os bem-pensantes murmuram: Jesus entrou em casa de um pecador! Zaqueu levanta-se e diz: «Eu já não sou um pecador: ofereço a metade dos meus bens aos pobres e devolvo quatro vezes o que roubei!» E assim cala a boca aos seus adversários. Mas Jesus comenta este facto dizendo que hoje a salvação tinha entrado na casa de Zaqueu. Há algumas palavras importantes, a precisar de atenção: Sicómoro: É uma árvore que chega aos 20 metros de altura, comum no Médio Oriente e em África. Tem ramos fortes que formam uma espécie de coroa na copa. Por isso é fácil trepar por ela e encontrar um ponto de apoio sem risco de cair. Pecador: Algumas categorias de pessoas eram habitualmente malvistas e a gente achava que quem fizesse parte desses grupos era automaticamente um pecador. Entre estes, estavam os cobradores de impostos. Porque trabalhavam para os romanos (que ocupavam a Palestina); eram traidores que colaboravam com o inimigo. Mas também porque metiam ao bolso uma boa parte do que cobravam. Hoje: No Evangelho de Lucas, hoje indica o tempo da salvação. Na noite de Natal, o anjo diz aos pastores: «Hoje, nasceu para vós um salvador» (Lc 2, 11). Na sinagoga de Nazaré Jesus comentava um texto do profeta Isaías que descreve as promessas de Deus dizendo: «Hoje cumpriu-se esta palavra da escritura» (Lc 4, 21). E sobre a cruz, Jesus promete ao bom ladrão: «Hoje estarás comigo no paraíso» (Lc 24, 43).

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1 Desenvolvimento 1º encontro Experiência humana

Neste encontro ajudamos as crianças a tomarem consciência das atitudes que dão mais qualidade à amizade.

Material Cartaz nº 01 (disponível na pasta de apoio) Caixote do lixo “Bostik” Tiras de papel

Atividade: Apartamentos Duração: 5 min. Preparação O catequista divide o grupo em trios, que serão os apartamentos. Para formar um apartamento duas crianças colocam-se em frente uma da outra agarrando-se as mãos; a terceira coloca-se no meio, rodeada pelos braços das duas primeiras. A que está no interior será o inquilino e as que estão ao seu lado serão a parede esquerda e a parede direita. A pessoa que ficou sem apartamento (se o grupo é múltiplo de três, será o catequista; se há dois sem apartamento, jogam como se fossem um só) vai tentar arranjar apartamento. Pode dizer uma destas coisas: parede direita, parede esquerda, inquilino ou terramoto. Nos três primeiros casos, as pessoas cujo papel é nomeado têm que mudar de apartamento. Nesta altura, o que estava sem apartamento aproveita para ocupar o seu lugar. No caso de dizer terramoto toda a gente tem de mudar de apartamento. Quem ficar sem apartamento continua o jogo.

Atividade: Construir a amizade Duração: 25 min. Etapa 1 Duração: 3 min. O catequista apresenta o cartaz nº 01. Pede aos catequizandos que o descrevam. Depois o catequista coloca um caixote do lixo junto ao cartaz.

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Etapa 2 Duração: 5 min. E começa a contar as aventuras de Clara, Francisco e Margarida. O catequista pode enriquecer as histórias que aqui propomos com detalhes que suscitem a atenção dos catequizandos e os ajude a descobrir a palavra-chave a inserir no cartaz. As três crianças são grandes amigos desde o jardim de infância. Mas desde há uns tempos as coisas não estão muito bem entre eles… Clara e Francisco passam por casa de Margarida e perguntam-lhe se quer vir com eles para a escola a pé. Margarida não está muito convencida com o casaco e os sapatos que tem e pede conselho aos amigos: “Devo voltar a casa e mudar-me?” Mas já é tarde e os amigos mentem e dizem-lhe que assim está muito bem! Chegados à escola todos os colegas se riem do vestuário da Margarida… O catequista pede ao grupo que identifique aquilo que está errado neste relato, que faz mal à amizade entre os três. Identificar também os valores que devem ser promovidos. Escrevem-se os valores positivos numa tira de papel que é afixada com bostik ao cartaz. Escrevem-se as atitudes negativas numa tira de papel que é amarrotada e deitada no caixote do lixo. Neste primeiro exemplo deitamos fora as mentiras, a falsidade. Por outro lado, construir a amizade significa ser sinceros, ser honestos ou dizer a verdade. Etapa 3 Duração: 17 min. Nesta etapa, o catequista vai introduzindo novos episódios daquele dia. A seguir a cada relato, o catequista convida a identificar as atitudes negativas (a escrever na tira de papel e a deitar ao lixo) e as qualidades a valorizar (a escrever na tira de papel que é afixado no cartaz). O catequista conta mais uma história com os três amigos: Durante o recreio, Clara vê passar um aluno do 4º ano que acha muito giro. Baixinho, partilha isso com o Francisco. Depois de almoço, o Francisco encontra o tal colega do 4º ano e, em troca de uns autocolantes, revela-lhe um segredo: a Clara está “apaixonada” por ele… Fazem o mesmo exercício da etapa anterior: identificar as atitudes negativas e deitá-las no lixo (bisbilhotice, trair, falar pelas costas) e as qualidades (ser leal, fiável, fiel, respeitar) E a história dos três amigos continua: Ao saber o que o Francisco fez, a Clara ficou muito zangada. Dá um empurrão ao Francisco que o faz cair em cima dumas pedras, chama-lhe muitos nomes e sai dali a chorar e gritando-lhe que nunca mais serão amigos! Mais uma vez as crianças são convidadas a identificar o que está errado (palavrões, insultos, agressão) e o que estaria certo (perdoar, ser compreensivos). O catequista continua a narrar as aventuras desse dia: Clara está desesperada com a maldade que Francisco lhe fez e vai ter com Margarida para ser consolada. Mas Margarida não tem tempo porque na sua sala há uma colega nova, muito simpática e que, tal como ela, gosta de dança e de música… No caixote deitamos a pressa, a indiferença. No cartaz tomamos nota de saber escutar, prestar atenção, estar disponíveis, tomar conta… Será que as coisas vão melhorar? Oiçam o episódio seguinte: Margarida dá-se conta que agiu mal e não foi correta com a amiga Clara. Assim que tocou a campainha no intervalo seguinte, vai ter com a Clara, pede-lhe desculpa e 18


convida-a a almoçar com ela. “A minha mãe mandou-me uma grande fatia de bolo… Se quiseres dou-te metade… No caixote deita-se rancor, incompreensão, egoísmo… E no cartaz acrescenta-se fazer as pazes, ser compreensivo, generosos, dar gratuitamente, partilhar… E as coisas continuam a melhorar: E também o Francisco percebe que fez mal. Muito mal! Ele sente a falta da Clara e da Margarida. Não tem jeito nenhum estar sozinho a almoçar. Ele olha para elas, de longe. Aproxima-se devagarinho, pede desculpa às duas e oferece uma goma a cada uma que tinha encontrado no fundo da sua mochila… No caixote despejamos orgulho, dureza de coração… E no cartaz colocamos saudade, empenhar-se, paciência, amabilidade… E ainda não chegámos ao fim. Clara e Margarida ficam espantadas com a atitude do Francisco. Mesmo sem falar, percebem que este dia foi onde todos errarem e onde todos precisam de perdoar uns aos outros. E depois de alguns momentos de hesitação, abraçam-se. E partilham não só a sobremesa mas as aventuras e os sonhos de futuro. Para o caixote vai a hostilidade, fechamento, desconfiança… E no cartaz está admiração, ser gentil, alegrar-se, abraçar, perdoar…

Atividade: Quem tem um amigo, tem um tesouro Duração: 30 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida o grupo a escutar a canção “A alegria é a amizade” que fala da amizade. Podem seguir a letra na página 7 do livro do catequizando. Canção “A alegria é a amizade” (Sílvio Monteiro, António Borges)

Ajudar e dividir partilhar e cuidar dar a mão e sorrir entre nós há um tesouro

Sonhar e escutar crescer e tentar viver e festejar entre nós há um tesouro

Mesmo quando tu te sentes desiludido e sozinho há alguém que a teu lado põe os pés ao caminho

Quando o mundo está tão escuro E os sonhos não são rosa Um amigo é um diamante Uma pedra preciosa

Entre nós, a alegria é a amizade Pega em ti e vem acolher e entregar Etapa 2 Duração: 5 min. O catequista pede que peguem numa caneta ou num lápis e sublinhem as palavras da letra da canção que, segundo eles, exprimem melhor as qualidades que deve ter um verdadeiro amigo. 19


Etapa 3 Duração: 5 min. Na página 6 do livro do catequizando está um cofre com um tesouro lá dentro. Cada criança deve escrever na tampa do cofre as qualidades do seu melhor amigo. Etapa 4 Duração: 15 min. O catequista prepara uma coreografia para a canção com o grupo. No site de apoio (www.ligacoes.net) está um vídeo com sugestões para a coreografia

2º encontro Anúncio da Palavra Neste segundo encontro, vamos descobrir a maneira como Jesus Se dava com os amigos..

Material Baú do tesouro Diamante da amizade; a montar (disponível na pasta de apoio e no site de apoio ligacoes.net) Vídeo “Zaqueu” (disponível na pen multimédia) Computador, projetor multimédia, coluna “Diamante” (disponível no suplemento) Tesouras, cola Vídeo “Jesus e a mulher pecadora” (disponível na pen multimédia) Canção “Se Jesus é teu amigo”(disponível na pen multimédia) Lápis de cor ou marcadores

Atividade: Os nomes e os números Duração: 10 min. Os catequizandos passeiam pela sala até que o catequista diz um número. Nesse instante todos se tentam juntar formando grupos de pessoas com o mesmo número anunciado pelo catequista. Aí, rapidamente têm que dizer o seu nome aos colegas. Rapidamente, o catequista diz um novo número e a tarefa recomeça. Se parecer bem ao catequista a tarefa a fazer nos grupos pode ir mudando: dizer os nomes dos pais, dos avós, gostos preferidos…

Atividade: Zaqueu, desce depressa Duração: 30 min. Etapa 1 Duração: 5 min. Com ar misterioso, o catequista mostra (ou vai buscar fora da sala) o “baú do tesouro” bem fechado. Este baú vai acompanhar o grupo durante todo o caminho. Com ar teatral o 20


catequista pergunta-se e pergunta ao grupo o que estará dentro deste baú. Seguramente, algo de muito precioso. Depois de pedir aos catequizandos que tentem adivinhar, tira lá de dentro um belo diamante (de cartolina). E explica que neste diamante estão vários amigos de Jesus. Etapa 2 Duração: 3 min. O catequista diz que uma das histórias que aparece referida no diamante é a de Zaqueu. Para conhecer melhor o que se passou entre Jesus e Zaqueu, convida a ver o vídeo (baseado em Lucas 19, 1-10) Etapa 3 Duração: 3 min. O catequista pede ao grupo que reconte a história de Zaqueu. Etapa 4 Duração: 15 min. O catequista entrega a cada um o suplemento do livro do catequizando e uma tesoura. Haverá também alguns tubos de cola à disposição. O catequista explica que, com muito cuidado, devem cortar com a tesoura pelo picotado. A seguir devem, com as mãos fazer as dobras e colar. Etapa 5 Duração: 4 min. Depois de montado e colado o “diamante” de Jesus, cada um escreve nas faces as frases mais importantes deste episódio: Procurava ver Jesus Correndo à frente Subiu a uma árvore Desce depressa Acolheu Jesus Cheio de alegria

Atividade: Jesus e a mulher pecadora Duração: 10 min. Etapa 1 Duração: 3 min. O catequista passa pelo grupo o seu diamante. Lá aparecem vários dos encontros onde se vê que Jesus era um grande e bom amigo. Lá aparece Zaqueu. Mas também um encontro com uma senhora que não se portava muito bem. Etapa 2 Duração: 3 min. O catequista convida a ver o vídeo “Jesus e a mulher pecadora”.

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Etapa 3 Duração: 4 min. O catequista ensina ao grupo a canção “Se Jesus é teu amigo” e os respetivos gestos Se Jesus é teu amigo, bate as palmas. Se Jesus é teu amigo, bate as palmas. Se Jesus é teu amigo, Ele está sempre contigo. Se Jesus é teu amigo bate as palmas. Bate os pés... Faz uhuh... Faz os três...

Atividade: Jesus, amigo de todos Duração: 10 min. Etapa 1 Duração: 3 min. O catequista pede ao grupo que recorde a história de Clara, Francisco e Margarida. Dá espaço para, brevemente, o grupo reconstruir o relato visto no encontro anterior. No fim, o catequista conclui: “É fácil ser amigo de quem gosta de ti, quando tudo corre bem. Mas é muito mais difícil ser amigo de quem se porta mal ou de quem te fez sofrer.”. Etapa 2 Duração: 5 min. O catequista explica que Jesus era amigo mesmo de gente que se portava mal como o Zaqueu ou aquela senhora. Convida a abrir o livro do catequizando na página 8. Ali estão, a preto e branco, as imagens relativas a estes dois encontros de Jesus. Vemos que Jesus fala. O que é que Ele diz à senhora? E a Zaqueu? Estão uns balões de pensamento vazios junto a Zaqueu e à senhora. Imagina que tu estavas no lugar de Zaqueu ou daquela senhora… O que é que estarias a pensar? Como é que te sentirias ao ver que Jesus te perdoa e quer ser teu amigo? Escreve esses pensamentos e sentimentos. Depois, pinta as imagens com lápis de cor ou marcadores.

Etapa 3 Duração: 2 min. Pode-se concluir este encontro cantando de novo “Se Jesus é teu amigo” e fazendo os gestos. 22


3º encontro Expressão de fé - Celebração: “Jesus amigo” Idealmente este encontro deveria decorrer em dois espaços diferentes. A primeira atividade (O meu melhor amigo) deve decorrer com todos (crianças e pais) sentados em cadeiras, em redor do cartaz nº 02. A segunda atividade (Oração da amizade) deve decorrer em redor do escadote; se possível, estão todos sentados no chão, em almofadas ou tapetes. Se só houver um único espaço, o catequista deve organizá-lo de forma a marcar as diferenças entre os dois momentos.

Material Escadote Bíblia Cartões com um smile; um por participante (ficheiro disponível no site de apoio ligacoes.net) Marcadores Cartaz nº 02 (disponível na pasta de apoio) Material para prender o cartaz nº 02 ao topo do escadote (molas, réguas…) Cópia em grande formato de “Jesus e Zaqueu” (ficheiro disponível no site de apoio ligacoes.net) Tinta de água de várias cores Material de limpeza

Atividade: O meu melhor amigo Duração: 20 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista dá as boas vindas aos catequizandos e aos pais. Explica que neste momento de oração e celebração vamos dar grande atenção à amizade. “Cada um de nós conhece muita gente, damo-nos bem com tantas pessoas… Mas cada um de nós tem alguns amigos especiais…” O catequista convida cada participante (criança ou adulto) a pensar em silêncio no seu melhor amigo ou amiga. Etapa 2 Duração: 5 min. “Porque é que essa pessoa é o teu melhor amigo?”, pergunta o catequista. Nesta etapa ajudam-se as crianças a refletir sobre os motivos porque nos sentimos ligados aos amigos. O catequista, num clima de liberdade e sinceridade, estimula o diálogo e a partilha. Oportunamente ajuda-os a ir para lá da simpatia, sublinhando valores como o respeito, o altruísmo, a generosidade ou a disponibilidade.

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Etapa 3 Duração: 5 min. O catequista entrega a cada participante um cartão com um smile. Cada um deve escrever os motivos pelos quais se sente ligado ao seu melhor amigo. Etapa 4 Duração: 5 min. O catequista expõe o cartaz nº 02. Convida cada um a colar o seu smile com bostik no cartaz. Cada um escolhe o local onde colar o seu smile. No entretanto, o catequisa faz ouvir a canção “A alegria é a amizade”.

Atividade: Oração da amizade Duração: 20 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista convida todos a sentarem-se no chão junto a um escadote aberto. Logo no primeiro degrau do escadote estará a Bíblia aberta em Lucas 19, 1-6. Um dos pais lê esse texto, dando muito ênfase aos versículos 5 e 6. Etapa 2 Duração: 5 min. O catequista pede atenção às crianças e que imaginem que este escadote é a árvore que Zaqueu usou: Imagina Zaqueu a trepar até lá acima. Ele quer mesmo ver Jesus! Agora imagina, cá em baixo, Jesus a passar ao pé de nós. Jesus nota onde está Zaqueu, pára e pede-lhe que desça porque quer ir a casa dele. Imagina o Zaqueu a descer, cheio de pressa e de alegria. Zaqueu sente que este Jesus é mesmo amigo dele!

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Etapa 3 Duração: 5 min. Neste momento, o catequista pendura o cartaz nº 02 à parte mais alta do escadote. Pode pedir a ajuda a algumas das crianças. O catequista convida cada um a abrir o seu livro do catequizando na página 9 para lermos todos juntos a oração da amizade. Como Tu, Jesus, eu tenho muitos amigos. E queria ter ainda mais! Mas é difícil encontrar alguém simpático, alegre, disposto a brincar comigo e que não me minta. Sem amigos, a vida fica mais triste. Os meus amigos são um presente que Tu me deste. São um tesouro, um diamante, que me faz ser mais feliz. Digo-te obrigado por cada um dos meus amigos. Ensina-me a ser um bom amigo para todos: alguém que sabe dar e perdoar, alguém que faz pontes e não muros. Tu, que és o maior amigo de todos, ajuda-nos a todos a ser felizes. Etapa 4 Duração: 5 min. Mantendo um clima de silêncio, o catequista convida quem quiser a ler em voz alta aquilo que escreveu no balão de Zaqueu (livro do catequizando, página 8).

Atividade: Mural da amizade Duração: 20 min. Preparação No site de apoio está o ficheiro com a imagem do encontro entre Zaqueu e Jesus. O catequista deve fazer uma cópia grande desta imagem. Pode imprimir em folhas A3 e juntá-las. Ou pode projetar a imagem em papel cenário e desenhar o tracejado. O catequista coloca no chão ou numa parede uma grande folha de papel contendo a imagem do encontro entre Jesus e Zaqueu a preto e branco. Crianças e pais devem pintá-la, mas usando apenas a impressão das suas mãos. O catequista assinala previamente quais as cores que serão usadas em cada zona. Disponibiliza vários recipientes com as várias cores bem como maneira de lavar as mãos. Crianças e pais, de forma livre e divertida, vão “pintando” a imagem com a impressão das suas mãos. O “quadro” assim produzido ficará exposto na sala até ao final do ano.

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1 Laboratório do catequista Encontrar-Te, põe-me de pé Material Bíblia aberta e vela acesa Cartões com as imagens do sicómoro (disponível no site de apoio)

1. Breve momento de oração (5 min.) Começamos com o sinal da cruz. A seguir, pede-se que todos os participantes abram a sua bíblia no salmo 139. Rezamos juntos este salmo de louvor (ou, pelo menos, os primeiros 14 versículos).

2. Apresentação do tema (15 min.) O tema que trabalhamos com as crianças nesta catequese é pertinente para nós também. Há três ideias fundamentais: A fé começa sempre com um encontro; Encontrar Jesus põe-me de pé; Posso ajudar outros a ficarem de pé se eu encontrei Jesus. No início… um encontro A fé começa sempre com um encontro. Basta pensar no encontro de Jesus com Zaqueu. Jesus encontra-Se com um personagem do pior… mas este encontro mudou Zaqueu e fez dele um discípulo exemplar. Zaqueu “não tem emenda”. Apesar disso, há nele o desejo de um encontro especial, com Alguém especial. E Jesus não Se furta a este desafio. Jesus não mora fora da cidade; Ele atravessa a cidade. Mesmo se a cidade é um lugar complicado. Como as nossas vidas. Um lugar onde, às vezes, dá vontade de fugir. Jesus não quer ficar à margem. Ele participa das nossas vidas para Se encontrar connosco. Onde? No quotidiano, nas nossas tarefas em família ou no emprego, nos momentos de cansaço e naqueles em que conseguimos dedicar atenção à Palavra e à oração. Muitas vezes dizemos para nós mesmos: “Como é difícil encontrar tempo para encontrar-Te, Senhor!” Como Zaqueu, sentimo-nos pequeninos, não conseguimos ver Jesus, andamos atrás d’Ele no meio da multidão e da confusão. Mas talvez esteja na hora de olhar para a nossa vida com um olhar diferente. Jesus convida-nos a “descer”, a meter os pés no chão: Ele vem ao nosso encontro nos pensamentos que saltitam na nossa cabeça, nas emoções que experimentamos face a quem vive ao nosso lado, nas relações que marcam o nosso dia. É Ele que Se move. É Ele quem vem à nossa procura. Ele entra na nossa vida e diz a cada um: “Hoje quero ficar em tua casa!” Jesus fez da sua vida um encontro de confiança: na sua relação com o Pai, no caminho com os seus discípulos, no procurar cada um de nós. E nós? Quando conseguiremos fiar-nos (= fé) deste encontro?

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De pé Encontrar Jesus põe-me de pé. O Papa Francisco disse: “O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os próprios pecados. Se um cristão não é capaz de sentir-se pecador e salvo pelo sangue de Cristo, é um cristão que fica a meio do caminho; é um cristão tépido. E quando nós encontramos igrejas decadentes, quando encontramos paróquias decadentes, de certeza que os cristãos que ali estão nunca encontraram Jesus Cristo ou se esqueceram daquele encontro com Jesus Cristo. A força da vida cristã e a força da Palavra de Deus está precisamente naquele momento em que eu, pecador, encontro Jesus Cristo e esse encontro dá uma reviravolta à vida, muda a vida… E te dá a força para anunciar a salvação aos outros”. (Homilia em Sta. Marta, 4 setembro 2014) A nossa debilidade e fragilidade, o nosso sentir-se indignos e pecadores é precisamente o lugar em que se realiza o encontro privilegiado com Jesus. Tiremos da cabeça a ideia que Jesus exija a nossa perfeição para começar. Ele conhece perfeitamente o ser humano, experimentou na sua pele a fragilidade e o esforço que nos caracterizam. O encontro com Jesus “dá uma reviravolta à vida”, diz o Papa: ficam do avesso as nossas certezas, tudo se mete ao contrário para tomar nova forma, aquela que se aproxima mais da sua Palavra. O encontro com o Mestre é capaz de nos pôr de pé, de nos fazer recomeçar, de dar a cada um a chave de leitura para a sua própria vida. Isto acontece de forma especial no sacramento da Reconciliação: no lugar da minha máxima fragilidade (o pecado!), Jesus oferece-me um encontro especial, precisamente para mim, e perdoa-me “pondo em pé” os aspetos da minha vida que se afastavam da proposta do seu Evangelho. E a partir daí retomo as três atitudes que segundo o Papa Francisco resumem a vida do cristão: estar de pé, em silêncio, em saída. Levantar outros Posso ajudar outros a ficarem de pé se eu mesmo encontrei Jesus. E é este o último salto da nossa reflexão: encontrar o Senhor “põe-nos de pé” nas nossas vidas reais. E este encontro torna-nos capazes de anúncio. Leva-nos a ser pessoas “em saída”, disponíveis para o encontro com o outro, desejosos de levar o anúncio do Reino às pessoas que encontramos. Mesmo quando se trata das crianças barulhentas do nosso grupo de catequese que tentamos ajudar a crescer como “crianças de pé”, capazes de reconhecer a presença de Jesus na sua vida. Na catequese, não se trata de debitar grandes discursos. Aliás, o Papa Francisco convida a ser capaz de silêncio, para nos colocarmos à escuta da Palavra! Para ajudar quem passa próximo de nós a ficar de pé basta, às vezes, um sorriso, uma troca de palavras simpáticas, uma ajuda concreta num momento de dificuldade. Se vivemos ligados a Jesus, como homens e mulheres “em pé”, conseguiremos ligar outros à sua rede de amor. O meu encontro pessoal com Jesus torna-se “viral”: mete-me a mim em pé, que ajudo outros a ficarem em pé… que, por sua vez, irão ajudar outros… Uma epidemia de bem que se espalha à nossa volta!

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3. Reflexão individual (10 min.) Propomos agora algumas pistas para a tua reflexão pessoal Zaqueu precisou de trepar para cima de um sicómoro para encontrar o olhar de Jesus Repenso na minha história… Quem é que foi o meu “sicómoro”? Quem me ajudou a encontrar o Mestre, a seguir a sua Palavra, a estabelecer a minha “ligação” com Ele?

Eu também sou sicómoro para alguém: o meu ser catequista é estar à disposição para “abraçar” os outros, de os fazer encontrar o olhar do Mestre para que O possam encontrar. Para quem é que eu sou uma ajuda neste encontro?

Quais das minhas atitudes favorecem o encontro com Jesus às crianças e aos seus pais?

Quais das minhas atitudes dificultam o encontro com Jesus às crianças e aos seus pais?

No final desta reflexão pessoal, o coordenador distribui um cartão com a imagem de um sicómoro e espaço para escrever uma atitude que podemos viver para sermos “facilitadores” no encontro com Jesus. Que modos de ser facilitam “ligação” dos outros ao Mestre? Os catequistas escrevem a sua atitude e colocam o cartão em redor da vela acesa. Se o grupo o desejar, pode-se partilhar em voz alta a atitude escolhida e o motivo de tal escolha. 28


4. Na fonte (5 min.) Leitura da Palavra (Lucas 19, 1-6). Proposta de um momento de silêncio para interiorizar a Palavra.

5. Atividade (10 min.) Observar com atenção o vídeo “Encontrar Jesus”

6. Oração (10 min.) No final do vídeo, cada catequista é convidado a exprimir uma oração de agradecimento pelas pessoas que foram sicómoro na sua vida.. Jesus, Tu quiseste parar na casa de Zaqueu: antes que ele Te visse Tu já o tinhas olhado e reconhecido como filho amado pelo Pai. Ajuda-nos a reconhecer as ajudas que colocas no nosso caminho. Ajuda-nos a ser pessoas que entusiasmam os outros a ligarem-se a Ti. Pai nosso…

7. À distância Depois de um laboratório tão intenso proponho que, nos próximos dias, cada um repense com calma naquilo que aqui dissemos e vivemos. Podemos ser criativos e partilhar nas nossas redes sociais todas as ideias que ajudem o nosso grupo a ser catequistas em caminho.

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1 Laboratório de pais Olhados diversamente Material Vídeo “Zaqueu” (disponível na pen multimédia) Computador, projetor multimédia, colunas Apresentação powerpoint (disponível no site de apoio ligacoes.net) Música de fundo “fundo01” (disponível na pen multimédia) Cópias do documento “Eu, Zaqueu e Jesus” (disponível no site de apoio ligacoes.net)

1. Acolhimento (10 min.) No primeiro encontro deste novo ano é importante valorizar o tempo do acolhimento. Um estilo caloroso e cordial, algumas fotografias das atividades do ano anterior, alguns comes e bebes… geram um clima festivo e descontraído que favorece o encontro.

2. Para entrar no assunto (30 min.) O orientador convida a escutar este conto: Andava eu a mendigar de porta em porta, pelos caminhos da aldeia, quando ao longe me apareceu um áureo coche, como se fosse um sonho maravilhoso. Perguntei a mim mesmo: “Quem será este rei de todos os reis?” As minhas esperanças aumentaram e pensei que tinham desaparecido para sempre os dias tristes. Fiquei à espera que me fosse dada a esmola, sem ser necessário pedi-la, e que as riquezas surgissem do nada. O coche parou junto de mim. O rei olhou-me e desceu com um sorriso. Pensei que tinha chegado o momento mais importante da minha vida. Mas, de repente, ele estendeu-me a mão direita e perguntou-me: - Que tens tu para me dar? Imaginem! O rei a estender a mão para pedir esmola a um pobre como eu! Hesitante e confundido, tirei lentamente do meu saco um grão de trigo e dei-lho. Mas, qual não foi a minha surpresa quando, ao fim do dia, esvaziei o meu saco e encontrei, junto aos outros grãos de trigo, um grãozinho de ouro! Chorei amargamente por não ter um coração suficiente para lhe oferecer tudo o que possuía… Se o número de participantes o justificar, formam-se grupos de 6 a 8 pais. Trocar impressões sobre o conto. As seguintes perguntas podem orientar o trabalho: O que penso desta história? Acho-a curiosa? Acho-a incómoda? Partilho a mensagem da história? Porquê? Não é necessário que esta partilha em pequeno grupo seja partilhada com o grande grupo.

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3. Anúncio (10 min.) A Bíblia fala-nos, a certa altura de um tal Zaqueu, um homem com uma vida complicada, que fez a experiência de ser encontrado por Jesus. Lê-se o texto do encontro (Lucas 19, 1-10). Ou pode-se usar o vídeo “Zaqueu”. Depois, de uma forma ágil e, se possível, em interação com os participantes, o orientador ajuda a aprofundar o texto bíblico. Este aprofundamento pode ser apoiado por uma apresentação em PowerPoint. Zaqueu procura ver Jesus, mas não consegue: ele é baixote e a multidão impede a visão, o contacto com Jesus. E então decide subir a uma árvore, um sicómoro. Jesus devia passar por ali. E Jesus pára, olha para ele e chama-o pelo nome. Para Jesus, encontrar este homem pecador (pelo menos é assim que a multidão olha para Zaqueu) é um dever, é uma urgência. Ao passar, Jesus levanta os olhos para ver Zaqueu. E é engraçado porque também Zaqueu queria ver Jesus. E naquele momento os seus olhares cruzam-se. Jesus chama pelo nome a Zaqueu. Quem Lhe teria dito o nome daquele publicano? Ninguém. Jesus conhece-o pelo nome e não pela fama, e ama-o. E continua: “Hoje tenho de ficar em tua casa”. O que é que isto quer dizer? A “casa” é o lugar das relações, da intimidade… entrar em casa de alguém é procurar a sua amizade, entrar na sua vida, no seu quotidiano. Zaqueu responde à iniciativa de Jesus e põe-se em movimento: desce imediatamente, acolhe Jesus e está cheio de alegria. “Hoje, a salvação entrou nesta casa”, diz Jesus, entrando na casa de Zaqueu. É verdade também para nós. O nome “Jesus” quer mesmo dizer “Deus salva”. E quando Jesus entra em casa de Zaqueu (e na nossa) há salvação e alegria. Jesus olha para Zaqueu com um olhar diferente. A maioria das pessoas via em Zaqueu apenas um pecador, um colaboracionista, um explorador. E é precisamente este olhar diferente que converte, que muda, Zaqueu. E pode suceder o mesmo connosco: a salvação, a alegria, acontece quando alguém olha para nós de forma diferente. Quando alguém nos procura e nos ama. Disto podemos ter a certeza: Deus ama-nos gratuitamente e sem condições. Não está à espera que a gente ponha a vida em ordem para nos querer bem. É antes o seu amor que nos desafia a abrir-Lhe a porta da nossa vida para que a nossa casa, a nossa vida, fique cheia da sua alegria.

4. Para aprofundar (15 min.) O orientador coloca uma música de fundo e entrega a cada participante uma caneta e uma cópia do documento “Eu, Zaqueu e Jesus”. Contém algumas perguntas para a reflexão pessoal: E se isto que sucedeu com Zaqueu tivesse a ver também comigo? E se esta história do Evangelho contasse também um pouco da minha história? Imagina que esta página do Evangelho é um mapa da tua vida… Onde é que te colocas? Nas linhas iniciais, agarrado a uma árvore porque procuro ver Jesus? Ou um pouco mais adiante porque alguma coisa (se calhar dentro de mim), alguma situação ou alguém, me impede de ver Jesus Ou estou mais à frente porque já reconheci o seu olhar sobre mim? Ou, talvez, já acolhi Jesus em minha casa, cheio de alegria, por Ele ter entrado na minha história? 31


Ou posso estar fora do mapa: não me revejo em nenhuma destas situações. Tento localizar-me neste mapa indicando a palavra que melhor me representa nesta fase da vida.

5. Para concluir (5 min.) Pode-se ler este conto de Anthony de Mello: Durante anos fui um neurótico. Era um ser angustiado, deprimido e egoísta. E toda a gente insistia comigo que mudasse. E não deixavam de me recordar o quão neurótico eu era. E eu ofendia-me, porque estava de acordo com eles, e desejava mudar, mas não havia maneira de o conseguir por muito que tentasse. O pior era que o meu amigo também não deixava de me recordar o neurótico que eu estava. E também insistia na necessidade de que eu mudasse. E também com ele eu estava de acordo, e não podia sentir-me ofendido com ele. De maneira que me sentia impotente e como que preso. Mas um dia ele disse-me: «Não mudes. Continua a ser como és. Na realidade, não importa que mudes ou que deixes de mudar. Eu amo-te tal como és e não posso deixar de te amar.» Aquelas palavras soaram aos meus ouvidos como música: «Não mudes. Não mudes. Não mudes… Amo-te…» Então fiquei tranquilo. E senti-me vivo. E, que maravilha!, mudei. Agora sei que, na realidade, não poderia mudar até encontrar alguém que me amasse, independentemente de eu mudar ou deixar de mudar. É assim como Tu me amas, meu Deus?

6. Propostas de atividades em família (5 min.) O orientador recorda que durante a catequese as crianças trabalharam com dois exemplos da amizade de Jesus: Zaqueu (Lc 19, 1-10) e a mulher pecadora (Lc 7, 36-50). Na página 7 do livro do catequizando há referências a outros episódios onde se vê a amizade de Jesus: João 11, 1-44 a ressurreição de Lázaro, Marcos 10, 17-22 o encontro com o jovem rico, Mateus 4, 4, 24 Jesus cura os doentes, João 15, 13-16 Jesus está disposto a dar a vida pelos amigos. Pode ser interessante ler estes episódios em família. E pegando no estilo de Jesus que (nos) olha de forma diferente, pode ser interessante descobrir em família “como é que olhamos uns para os outros”. Formando pares (pai-mãe, filho/a-pai, filho/a-mãe…) perguntam-se um ao outro: O que é que eu te estou sempre a dizer? O que é que me deixa feliz? O que é que gosto de fazer? Em que é que eu sou bom? O que gostas de fazer comigo? O que é que faz orgulhoso de ti?

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O olhar de Jesus

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2 Para o Catequista

Apresentação Jesus olha para cada pessoa de uma forma… diferente. Olha com amor, com ternura… E o seu olhar muda a vida. Cura. Liberta. Perdoa.

Objetivos Tomar consciência do olhar misericordioso de Jesus. Acolher a presença redentora de Jesus.

Conteúdos Conceitos: yy A diferença entre o bem e o mal yy Jesus olha com misericórdia yy Jesus cura e perdoa Procedimentos: yy Exercitar a confiança yy Empatizar Atitudes: yy Empenhar-se, com Jesus, na procura do bem yy Reconhecer a importância das relações yy Sentir-se grato pelo olhar misericordioso de Jesus

Esquema Experiência humana

Anúncio da Palavra

Expressão de fé

1º encontro

2º encontro

3º encontro

Atividade: Saber olhar

15’

**

Atividade: As escolhas

25’

***

Atividade: bem e o mal

20’

***

Atividade: O fio da confiança

10’

***

Atividade: Jesus, um olhar terno

45’

***

Atividade: Os magos do gelo

10’

***

Atividade: Celebração

20’

****

Atividade: O saco do bem

10’

**

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Do Catecismo 1421. O Senhor Jesus Cristo, médico das nossas almas e dos nossos corpos, que perdoou os pecados ao paralítico e lhe restituiu a saúde do corpo quis que a sua Igreja continuasse, com a força do Espírito Santo, a sua obra de cura e de salvação, mesmo para com os seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramente da Penitência e o da Unção dos enfermos..

Síntese de conteúdos Jesus entra em ação com força: cura, liberta e perdoa. A ternura de Deus que enche o seu coração, transmite-se para fora e toca, transformando, os corações de quem é olhado por Jesus.

Olhos Uma parte importante do nosso corpo são os olhos. São como duas janelas abertas ao mundo que nos rodeia. Os olhos permitem-nos ver e reconhecer as coisas e as pessoas. São também um “espelho da alma”: eles refletem de maneira imediata as nossas emoções, os nossos medos, os nossos sentimentos mais profundos. Demasiadas vezes, olhamos para os outros de forma superficial. Olhamos com os nossos preconceitos, com os nossos medos e não vemos o outro; vemos apenas aquilo que projetamos. E quando isso acontece, a relação e a comunicação degradam-se. Mas quando os outros olham para nós e vêm quem somos realmente, o caso muda de figura. Sentimo-nos reconhecidos, vivos. Sermos visto é a primeira forma de sentir a confiança dada pelos outros. Jesus, como descobrimos na catequese anterior, tinha um olhar límpido, sincero e acolhedor. Ele sabia demonstrar o seu amor profundo pelas pessoas e trazer para a luz o que estava presente no coração de cada um.

O olhar de Jesus Os evangelistas, aqueles que tão bem escreveram a história verdadeira de Jesus, prestam muita atenção à maneira como Jesus via o mundo e as pessoas. Jesus tinha um olhar capaz de descobrir a fé nos gestos realizados pelas pessoas. Ele empenhou-Se em educar todos os que encontrava para mudarem a maneira como viam a Deus. Foi o que sucedeu, um dia, na cidade de Cafarnaum. Jesus estava em casa, rodeado de tanta gente que com gosto O escutava a falar de Deus. De repente, aparece um homem totalmente paralisado, descido do teto por quatro dos seus amigos. A reação de Jesus é maravilhosa! Lê aquele gesto corajoso e generoso como um “sinal concreto da fé daquelas pessoas”. Aqueles quatro amigos anónimos do paralítico, ao correrem tantos riscos, ao darem-se a tanto trabalho, demonstram, com gestos, que confiam em Jesus. Eles tinham a certeza que Jesus poderia ter para com o seu amigo um gesto de misericórdia ou dizer-lhe uma palavra boa. E Jesus não os desilude. A situação do amigo toca o seu coração e Jesus vai fazer qualquer coisa. Ao mesmo tempo, Jesus aproveita a ocasião para desfazer uma ideia presente na cabeça de muita gente. No tempo de Jesus, muitas pessoas pensavam que a doença fosse uma “maldição de Deus”. Se uma pessoa, como por exemplo este paralítico, estava numa situação de sofrimento, era porque o “merecia”: era um castigo de Deus. Ou ele ou um familiar tinham feito um pecado qualquer ou tinham uma culpa grave. Mas, segundo Jesus, Deus não é vingativo, não Se diverte a mandar o mal porque te portaste mal. Deus é um Pai bondoso e misericordioso que deseja o teu bem e quer que a tua vida seja feliz em todos os aspetos. 35


Jesus tinha a capacidade de olhar em profundidade, de ver para lá da aparência. E o seu olhar demonstrava como amava a vida de todos.

Uma releitura de Marcos 2, 1-12 Dizem que é a história de um homem paralítico, isto é, imobilizado na sua cama. Mas é também a história dos quatro amigos que o acompanhavam. São eles a tomar a iniciativa de o apresentar a Jesus. São eles que se desenrascam quando a multidão tapa a porta: fazem um buraco no teto e descem-nos com umas cordas. Jesus fica impressionado com a sua fé e responde à sua maneira: em grande! Diz ao paralítico: “Os teus pecados estão perdoados!” As autoridades religiosas presentes ficam escandalizadas porque no seu coração pensam que Jesus não tem este poder. Mas Jesus lê os seus pensamentos e responde: “Acham que é mais fácil falar do que curá-lo da doença, não é?! Então, Eu vou pô-lo de pé. E assim já percebem que sou capaz de fazer o mais fácil, perdoar-lhe os pecados”. Dito e feito! Jesus diz ao paralítico que pegue na sua padiola e manda-o para casa, em cima das duas pernas sãs. A multidão fica de boca aberta e comenta dizendo que nunca se viu coisa assim. Há algumas palavras que merecem especial atenção. Paralítico: A paralisia, a impossibilidade de mover os braços e as pernas deste homem, simboliza, na realidade, o bloqueio que o pecado provoca em nós. Quando o pecado domina uma pessoa, ela perde o gosto de fazer o bem. Acontece ao nível do “coração” o mesmo que acontece exteriormente no corpo. Mas Jesus é capaz de libertar-nos de tudo o que nos imobiliza. Teto: As casas israelitas não tinham telhas e traves como as nossas. A cobertura era feita com ramos secos ou palha; era fácil de afastar sem grandes prejuízos. Como era uma região quente, havia escadas que levavam ao teto para que as pessoas, de noite, pudessem dormir mais frescas. Pensamentos: Os evangelhos dizem que Jesus era capaz de ler os pensamentos das pessoas mesmo quando não diziam nada. O Senhor conhece-nos por dentro. É inútil tentar esconder-Lhe quem somos. Ao menos com Ele, o melhor é sermos sinceros. Padiola: É uma espécie de maca onde se podia deslocar uma pessoa doente. É uma frase poderosa quando Jesus diz ao paralítico que leve consigo a sua padiola: antes era a padiola que o levava, agora é ao contrário.

Que pedagogia? As atividades propostas nesta catequese levam as crianças a refletir (dentro das suas possibilidades) sobre o bem e o mal que fazem e sobre a alternativa de perdão e vida nova que Jesus oferece. O catequista deve ter o cuidado de não ser moralista, de não reduzir a sua mensagem a Não te portes mal! Propomos um caminho muito mais enriquecedor. Começamos por convidar a maior exigência na qualidade das relações. Como? Alertando para o sofrimento causado (em si e nos outros) pelos gestos maus e egoístas. A partir daí entramos em contacto com a Palavra e a experiência de Jesus que oferece um olhar novo, redentor, alternativo ao mal e à dor.

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2 Desenvolvimento 1º encontro Experiência humana

Neste primeiro encontro, convidamos os catequizandos a fazer algumas experiências que os ajudarão a refletir sobre a qualidade das suas relações, sobre os efeitos que as nossas boas e más ações têm nos outros.

Material 2 séries de cartões com smiles (disponível na pasta de apoio) Cola, tesouras Smiles a recortar (disponível no suplemento) Paus de gelado (um para cada catequizando)

Atividade: Saber olhar Duração: 15 min. Etapa 1 Duração: 15 min. Este jogo começa com todos sentados em círculo. O catequista pede um voluntário. Este desloca-se para o centro do círculo. O catequista convida todos a observarem com muita atenção o voluntário. É preciso estar atentos a todos os detalhes. Ao fim de um minuto de observação, o catequista pede ao voluntário que saia da sala. Então, o catequista faz uma pergunta sobre algum detalhe específico. Isto serve para ver até que ponto estavam atentos. Eis alguns exemplos: De que cor eram as meias? De que cor são as hastes dos óculos que usa? De que cor são os atacadores dos sapatos? O jogo continua com outros voluntários. Etapa 2 Duração: 3 min. O catequista, com os seus botões, tenta identificar um participante que esteja bem-disposto. A certa altura, escolhe-o como voluntário e pede-lhe que saia da sala. Não se chega a fazer o tempo de observação. Pergunta ao grupo: Está bem ou mal disposto? Como é o seu olhar? Sereno, triste, preocupado…?

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Etapa 3 Duração: 2 min. Em jeito de conclusão, o catequista resume: “Com óculos ou sem eles, todos nós somos capazes de ver bem. Mas, às vezes, olhamos distraídos para as coisas e as pessoas que nos rodeiam. Nesta catequese vamos aprender a olhar com mais atenção, com mais profundidade. E vamos descobrir como é que Jesus olhava.”

Atividade: As escolhas Duração: 25 min. Etapa 1 Duração: 5 min. O catequista pergunta às crianças se conhecem a diferença entre o bem e o mal. E se sabem o que acontece depois de se fazer o bem ou o mal. Com ordem, convida os catequizandos a exprimir-se. Etapa 2 Duração: 15 min. O catequista divide as crianças em dois grupos. Entrega a cada grupo um conjunto de cartões com os smiles. Cada um destes smiles representa uma maneira de olhar e de reagir. Explica que vai contar várias histórias passadas com pessoas da idade deles. Cada grupo vai tentar sentir-se como um dos personagens que aparecem na história. Rapidamente, deve pôr-se de acordo sobre qual o cartão que melhor exprime a maneira como se sente o “seu” personagem. Nesta altura, o catequista começa a contar algumas cenas da vida quotidiana. Cada cena tem dois ou três finais diferentes (positivo, negativo, neutro…). O grupo interpelado deverá levantar o cartão que exprime melhor a sua avaliação.

Situações possíveis 1: João vai ao supermercado com a mãe. Vê uns bombons de que gosta muito. Ele já sabe que a mãe não os vai comprar… a) João estende a mão, pega numa mão-cheia deles e mete-os no bolso! Como é que o João se portou? Bem ou mal? (Os catequizandos do grupo 1 levantam o seu cartão.) Como é que a mãe vai reagir quando souber do sucedido? (Grupo 2 levanta o seu cartão.) Ao ver a reação da mãe, como é que se sentirá o João? (Grupo 1.) O catequista tem de ser cuidadoso e ajudar as crianças a evitar juízos sobre as pessoas, mas apenas sobre os gestos e as atitudes. Não dizer que João é um ladrão, mas antes que João roubou algo. O catequista apresenta as novas situações e vai pedindo a “avaliação” de cada grupo. b) João começa logo a fazer birra e a chorar… c) João decide fazer um pacto com a mãe: se ela comprar os bombons, ele leva o saco do lixo ao contentor durante uma semana… Lucas e Marcos entram no autocarro para ir para a escola…

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NO ABRAÇO DE JESUS

O q u e c o nt é m o G u i a

7 c a te q u e s e s

cada catequese é desenvolvida em 3 encontros. Cada encontro tem a duração máxima de uma hora.

Laboratório de pais Encontro com as famílias para que vivenciem os conteúdos da catequese. 1. ACOLHIMENTO 2. PARA ENTRAR NO ASSUNTO 3. ANÚNCIO 4. ORAÇÃO 5. ATIVIDADE FAMILIAR

Laboratório de catequistas Encontro de catequistas para aprofundar e experimentar os conteúdos da catequese 1. ORAÇÃO INICIAL 2. APRESENTAÇÃO DO TEMA 3. REFLEXÃO INDIVIDUAL 4. LEITURA DA PALAVRA 5. ORAÇÃO 6. PARTILHA

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

Aq u i vai s e n c o n t rar : Material de leitura e formação para preparar bem as catequeses; Todas as indicações para orientar os encontros; Guiões para os “Laboratório de Catequistas”; Guiões para os “Laboratório de Pais”

PREPARAR E VIVER OS ENCONTROS

COM AS CRIANÇAS 1. À ESCUTA A Palavra que escutamos na catequese é apresentada em forma de reportagem, a partir da Terra Santa. Porque a Palavra é boa notícia! Para a criança ler em casa, com a família. 2. AOS SEGREDOS COM JESUS Palavras para ganhar confiança e intimidade com Jesus. Para rezar no grupo de catequese. 3. EM FAMÍLIA Para que os familiares ajudem a criança a descobrir quem é Jesus. Desafios para fazer em casa. 4. ATIVIDADES Jogos, dinâmicas várias para que o encontro do grupo seja profundo e interativo. 5. EM CANTIGAS As letras das canções que cantamos na catequese. 6. A LEMBRAR Que ideias ficaram na memória e no coração? Atividade a fazer em casa. 7. PALAVRA-CHAVE No final do terceiro encontro, com a ajuda dos familiares, a criança escolhe a palavra mais importante da catequese.

o, d a r a p e Tudo pr omeçar! vamos c


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