Emanuele Vincenti
com os padres da igreja
Emanuele Vincenti
Via Sacra com os Padres da Igreja
Ficha Técnica © 2007 Emanuele Vincenti © 2007 Elledici Titulo original: Via Crucis con i Padri della Chiesa © 2018 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel: 225 365 750 Fax: 225 365 800 www.edisal.salesianos.pt edisal@edicoes.salesianos.pt Publicado em Janeiro de 2018 Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Tradução: Antero Ferreira Revisão: Delfim Santos Impressão e acabamentos: Printhaus ISBN: 978-989-8850-58-4 D.L.: 435068/17
APRESENTAÇÃO A Via Sacra é uma escola de vida e de oração, que ensina sempre, sem se esgotar. É uma pedagogia sem método, não rotineira, contra corrente. Nos quadros das várias estações está incluída a parábola de toda a existência que, mais cedo ou mais tarde, cruza o caminho do Calvário. Esta celebração da Via Sacra segue as estações tradicionais, com o acréscimo, já normal, da décima quinta, dedicada à ressurreição. Cada estação consta fundamentalmente de cinco partes: a escuta da Palavra, uma meditação tirada de algum escrito dos Padres da Igreja, uma breve reflexão, as intenções da oração e uma oração conclusiva tomada dos escritos de Santo Agostinho.
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PRIMEIRA ESTAÇÃO
Jesus é condenado à morte
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ámen. Oremos Senhor Jesus, queremos seguir-Te pelo caminho da cruz, com fé e com amor. A reflexão e a contemplação da tua paixão e da tua morte nos faça mais generosos em acolher a nossa cruz e sofrer contigo e por Ti, para podermos um dia ser acolhidos no teu reino de luz e de glória. Tu que vives e reinas pelos séculos dos séculos. Ámen.
Nós Te adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo. Porque pela tua Santa Cruz remiste o mundo.
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Leitura Insistiam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado; e o clamor ia aumentando. Então Pilatos pronunciou a sentença que eles reclamavam: libertou, como eles pediam, o agitador e assassino que estava preso, e deixou que tratassem a Jesus como quisessem. (Lc 23, 23-25)
Meditação patrística Jesus estava calado; não era sem razão que se tinha anunciado acerca dele: Como cordeiro levado ao matadouro, ficou mudo e nem abriu a boca (Is 53, 7), o que também aconteceu quando não respondeu a quem o interrogava. Ele respondeu a algumas das perguntas que lhe fizeram; portanto, foi pelas outras a que não quis responder que foi comparado ao cordeiro, precisamente para que, com o seu silêncio não fosse considerado culpado, mas inocente. Todas as vezes que não abriu a boca diante dos seus juízes portou-se como cordeiro que não se manifesta diante do tosquiador, ou seja, não como um culpado consciente dos seus pecados e confundido diante da acusação, mas sim como um manso que é imolado pela culpa dos outros. (S. Agostinho, Comentário ao Evangelho de João 116, 4)
Reflexão Pilatos, diante de Jesus tem a certeza de estar diante da inocência feita pessoa e que as acusações contra Ele não têm fundamento. Mas a multidão grita e Pilatos lava as mãos. Um inocente paga por todos. Jesus fica calado. Impressiona o seu silêncio, faz reflectir, desconcerta. Quando se tira a vida, quando se quer ficar por cima dos outros, quando se apaga o amor e se renega a verdade, aí, mais uma vez se renova a condenação: «Crucifica-o, crucifica-o». 6
Intercessão
Digamos juntos: Escuta-nos, Senhor! –– Para que nunca haja na nossa mente e nas nossas palavras calúnias, maledicências e juízos em relação ao nosso próximo, oremos. –– Para que no nosso coração não haja nunca maldade, oremos. –– Para que, sobretudo nos tribunais, todos cumpram os seus deveres com grande fidelidade e honradez, oremos.
Oremos Senhor Jesus Cristo, dá-nos a virtude da paciência, para que, com o teu exemplo, aprendamos a considerar mais importante ensinar a humildade aos amigos do que atirar a verdade à cara dos inimigos. Tu que vives e reinas pelos séculos dos séculos. Ámen. (S. Agostinho, Discursos 248, 6)
Pai-nosso. Ave-Maria. Glória.
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SEGUNDA ESTAÇÃO
Jesus carrega a cruz
Nós Te adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo. Porque pela tua Santa Cruz remiste o mundo.
Leitura Os soldados levaram-no para o pátio interior, designado pretório, e chamaram todos os companheiros; puseram-lhe uma capa vermelha e colocaram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos entrelaçados. Depois começaram a saudá-lo: «Viva o rei dos judeus!» e batiam-lhe na cabeça com uma cana, c uspiam-no e escarneciam-no ajoelhando-se. Depois de o escarnecerem, tiraram-lhe a capa vermelha e vestiram-lhe as suas roupas. Então os soldados levaram Jesus para fora, para o crucificarem. (Mc 15, 16-20) 8
Meditação patrística Por nenhuma outra coisa, a não ser pela cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a morte foi vencida, o pecado dos nossos primeiros pais foi expiado, o inferno foi esvaziado, a ressurreição foi-nos dada. Obtivemos a força para desprezar as coisas presentes e até a morte, aconteceu o regresso às antigas bem-aventuranças, abriram-se as portas do paraíso, a nossa natureza sentou-se à direita de Deus. Todas as coisas se cumpriram pela cruz… Ela é escudo, armadura e troféu contra o diabo. É selo, a fim de que o exterminador não nos atinja com seus golpes; é o ressurgir dos que caíram, firmeza dos que estão em pé, bordão dos fragilizados e guia dos convertidos. (S. João Damasceno, A fé ortodoxa 4, 11)
Reflexão Jesus abraça com amor a sua cruz. Aquele odiado instrumento de morte, que para os homens só significa desprezo e humilhação, torna-se belo e saudável. Junto da árvore deu-se a derrota do homem; agora na cruz há a possibilidade da sua compensação. Quanta sabedoria naquele simples gesto que o homem não compreende e rejeita! É uma catequese viva. Ele acompanha-nos indo à frente, pelo caminho do sofrimento. Pede-nos que aceitemos a cruz sem resistência, em silenciosa entrega, sem querer provocar compaixão nos outros. Pede-nos que soframos com Ele, para que assim juntos, possamos resgatar o mundo.
Intercessões
Digamos juntos: Perdoa-nos, Senhor! –– A rejeição da cruz. –– A nossa indiferença perante os sofrimentos dos inocentes. –– As cruzes que nós criamos para os outros. 9
Oremos Ó Deus, nosso Pai, concede-nos que meditemos a paixão do teu Filho com devoção digna, para que a sua cruz seja a nossa glória não só uma vez por ano, mas como santificação contínua. Por Cristo nosso Senhor. Ámen. (S. Agostinho, Discursos 218/B, 2)
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Pai-nosso. Ave-Maria. Glória.
TERCEIRA ESTAÇÃO
Jesus cai sob o peso da cruz
Nós Te adoramos e bendizemos, Senhor Jesus Cristo. Porque pela tua Santa Cruz remiste o mundo.
Leitura Ele mesmo foi provado pelo sofrimento; por isso é capaz de vir em auxílio dos que são submetidos à prova. Jesus é autor e consumador da fé. Ele, renunciando à alegria que lhe fora proposta, sofreu a cruz, desprezando a ignomínia, e sentou-se à direita do trono de Deus. (Heb 2, 18; 12, 2)
Meditação patrística Não nos envergonhemos de nos declarar pelo Crucificado. Em qualquer ocasião, com fé, façamos com os dedos um sinal da 11
cruz: quando comemos o pão ou bebemos, quando entramos ou saímos, antes de adormecer, quando estamos deitados ou nos levantamos. Tanto se estamos em movimento, como se permanecemos no nosso lugar. É uma ajuda eficaz: gratuita para os pobres e para quem é frágil, não exige nenhum esforço. Efectivamente, trata-se de uma graça de Deus; contra-senha dos fiéis e terror dos demónios… Por isso, não desprezes esse sinal, só porque te foi dado; pelo contrário, por ele honra mais ainda o teu benfeitor. (S. Cirilo de Jerusalém, Catequeses baptismais 13, 35-36)
Reflexão Com ânimo generoso, Jesus faz-se ao caminho que leva ao Calvário, mas os seus membros atormentados não podem aguentar por muito tempo o peso da cruz e cai ao chão. Em Jesus no chão, debaixo da cruz, descobrimos todas as pessoas derrotadas pelo mal, pelo sofrimento diário, pelo peso da vida. Às vezes, acontece que nos deitamos ao chão, não por estarmos esgotados, mas porque não queremos servir, porque queremos a vida fácil e não queremos continuar fiéis à cruz que nos foi dada. O Senhor cai; mas não é o fim. Ele volta a levantar-se e retoma o caminho, novamente com a cruz às costas. Levantemo-nos também nós e retomemos o caminho a seu lado.
Intercessões
Digamos juntos: Tem piedade de nós. –– Pelos pesos que temos posto às tuas costas. –– Pelos sofrimentos que carregámos às costas do nosso próximo. –– Por rejeitar o amor.
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Índice APRESENTAÇÃO......................................................................................................... 3 PRIMEIRA ESTAÇÃO..................................................................................................5 Jesus é condenado à morte............................................................................................. 5 SEGUNDA ESTAÇÃO..................................................................................................8 Jesus carrega a cruz .......................................................................................................... 8 TERCEIRA ESTAÇÃO................................................................................................. 11 Jesus cai sob o peso da cruz...........................................................................................11 QUARTA ESTAÇÃO...................................................................................................14 O encontro de Jesus com sua mãe.............................................................................. 14 QUINTA ESTAÇÃO.................................................................................................... 17 O Cireneu ajuda Jesus a levar a cruz.......................................................................... 17 SEXTA ESTAÇÃO...................................................................................................... 20 A Verónica enxuga o rosto de Jesus ..........................................................................20 SÉTIMA ESTAÇÃO....................................................................................................23 Jesus cai pela segunda vez............................................................................................ 23 OITAVA ESTAÇÃO.....................................................................................................26 Encontro de Jesus com as mulheres de Jerusalém...............................................26 NONA ESTAÇÃO.......................................................................................................29 Jesus cai pela terceira vez..............................................................................................29 DÉCIMA ESTAÇÃO....................................................................................................32 Jesus é despojado das suas roupas............................................................................. 32 DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO................................................................................35 JESUS É PREGADO NA CRUZ.......................................................................................... 35 DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO.................................................................................38 Jesus morre na cruz..........................................................................................................38 51
DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO.................................................................................41 Jesus é descido da cruz................................................................................................... 41 DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO.................................................................................. 44 Jesus é posto no sepulcro.............................................................................................. 44 DÉCIMA QUINTA ESTAÇÃO....................................................................................47 Jesus Cristo ressuscita..................................................................................................... 47 Oração conclusiva.................................................................................................. 50
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Esta celebração da Via Sacra respeita as estações tradicionais, com o acrescento, já habitual, da décima quinta estação dedicada à Ressurreição. Cada estação consta de cinco partes: a escuta da Palavra, uma meditação retirada de alguns escritos dos Padres da Igreja, uma breve reflexão, as intenções de oração e uma oração conclusiva, tomada dos escritos de Santo Agostinho.
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