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LITERATURA NEGRA E MARGINAL/PERIFÉRICA: IDEIAS E PROBLEMAS

tendência de esquerda Convergência Socialista, aliados a Marcos Faermann, editor do jornal alternativo Versus, escreve a seção Versus Afro-América Latina; torna-se cofundador do coletivo de escritores negros paulistanos Quilombhoje e da série Cadernos Negros (1978). Em 1979, publica sua novela A descoberta do frio.

32 Florestan Fernandes, Prefácio: A poesia negra em São Paulo, em: Oswaldo de Camargo, 15 poemas negros, São Paulo: Associação Cultural do Negro, 1961, p. 10 (grifos meus). Esse artigo foi reeditado com o título “Poesia e sublimação das frustrações raciais” no livro de Fernandes O negro no mundo dos brancos, 2. ed. rev., São Paulo: Global, 2007.

33 Ibid., p. 18-9.

34 Como afirma o autor: “Como expressão da Intelligentsia, a literatura tem se prestado, relativamente ao papel da mulata na sociedade brasileira, a preservar atitudes e valores que, como procuramos assinalar atrás, atendem ao interesse de manter superpostas as diferentes categorias étnicas”. Cf. Teófilo de Queiroz Jr., Preconceito de cor e a mulata na literatura brasileira, São Paulo: Ática, 1982.

35 “Já é de conhecimento mais ou menos generalizado a existência de estereótipos contra o negro no Brasil, estereótipos que se refletem, de uma forma ou de outra, sutil e veladamente, ou de maneira aberta e explícita, no nosso folclore, na nossa história e na nossa vida social. […] Isto vem demonstrar a existência daquilo que se convencionou chamar preconceito de cor nessas áreas [entre folcloristas, historiadores, etnólogos e sociólogos], ou seja, uma atitude hostil (aberta ou sub-reptícia) contra os descendentes daquela etnia que constituiu a massa escrava no Brasil durante os quatrocentos anos em que vigorou o escravismo entre nós.” Cf. Clóvis Moura, O preconceito de cor na literatura de cordel, São Paulo: Resenha Universitária, 1976, p. 5.

36 Alinha-se à discussão sociológica ao afirmar: “Um estereótipo pode ser inicialmente definido como sendo tanto a causa quanto o efeito de um prejulgamento de um indivíduo em relação a outro devido à categoria a que ele ou ela pertence. Geralmente esta categoria é étnica. Na verdade, poder-se-ia ir mais longe e dizer-se que todos os grupos étnicos são estereotipados para a conveniência dos outros”. Cf. David Brookshaw, Raça e cor na literatura brasileira, Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983, p. 9.

37 Brookshaw, 1983, op. cit., p. 96 (grifos meus).

38 Seminário Cadernos Negros Três Décadas: Literatura, Escola e Cultura, São Paulo, 15 mar. 2008. Gravação e transcrição de Mário Augusto M. da Silva. Essa discussão reaparecerá de maneira aprofundada no sétimo capítulo.

39 Brookshaw, 1983, op. cit., p. 172 (grifos meus). Cabem aqui duas observações: a primeira, relacionada à ausência de menção ao nome de Afonso Henriques de Lima Barreto. Como se sabe, ele é anterior ao modernismo, inaugura as bases do romance social moderno no Brasil, e Brookshaw o associa, ao lado de Luiz

Gama, à tendência do protesto na literatura negra, o que é correto, mas pode ser redutor. A segunda observação é que, certamente, David Brookshaw homogeneíza o grupo modernista, de forma que as figuras de Oswald de Andrade e Patrícia Galvão, que se direcionariam para a criação de uma arte política socialista (o que uma mera expressão da classe dominante não faria), fiquem apagadas e sua crítica funcione. Ou mesmo Mário de Andrade, que é sublocado. Entretanto, tem razão ao assinalar o descompasso e a ausência do elemento negro no projeto estético e ideológico daquele grupo.

40 Ibid., p. 148 (grifos meus).

41 Ibid., p. 201-2 (grifos meus).

42 Ibid., p. 221-2 (grifos meus).

43 Cf. os trabalhos já citados de David Brookshaw, Heloísa Toller Gomes, Miriam Garcia Mendes e, também, o de Benedita G. Damasceno, Poesia negra no modernismo brasileiro, Campinas: Pontes, 1988.

44 Bernd, op. cit., 1987.

45 Id., Introdução à literatura negra, São Paulo: Brasiliense, 1988.

46 Ibid., p. 14.

47 Bernd, 1987, op. cit ., p. 18 (grifos meus). Entretanto, a autora não se furta a duvidar da própria definição que acaba de enunciar, como se pode ver na página anterior: “A caracterização da literatura negra, assim como da literatura feminina, constitui-se em um ponto bastante delicado e ainda não foi devidamente estudada pela crítica literária. Somente após uma cuidadosa análise textual se poderá chegar, com base numa criteriosa descrição do discurso, a uma conceituação realmente científica”. Ibid., p. 17.

48 “O processo literário [afirma Domício Proença Filho, segundo a autora Zilá Bernd] envolve basicamente a inter-relação entre quem faz o que, como o realiza e quem usufrui, vale dizer, o autor, o texto e o leitor. Logo, em um sentido restrito, será negra a literatura feita por negros ou descendentes de negros reveladora de ideologias que se caracterizam por uma certa especificidade. Em um sentido lato, será negra a arte literária feita por quem quer que seja, desde que reveladora de dimensões peculiares aos negros ou aos seus descendentes”. Ibid. (grifos meus; negrito indica grifos da autora).

49 “Já Antonio Candido, embora sem pretender uma análise sistemática deste assunto, aponta o fator que é a condição essencial a conferir uma especificidade à literatura dita negra: a transgressão. Luiz Gama seria o primeiro escritor que, ainda no período escravagista, teria transitado na contramão, isto é, teria representado o momento de inversão em que o negro passa a fazer troça do branco.” Ibid

50 Essas considerações são feitas a partir das conferências de Domício Proença

Filho e Antonio Candido de Mello e Souza durante o evento Perfil da Literatura Negra – Mostra Internacional de São Paulo, ocorrido entre 20 e 26 de maio de 1985.

51 Algo que ocorreu quando o escritor francês Boris Vian, admirador de músicos e escritores negros estadunidenses, como Richard Wright (autor de Filho

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