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APRESENTAÇÃO

Esta nova edição do Guia brasileiro de produção cultural já nasce como um registro histórico destes tempos de superação e resiliência. O longo período de pandemia infringiu aos trabalhadores dessa área – estratégica a qualquer país que compreenda a potência da economia criativa para o desenvolvimento de seu povo – momentos de desamparo sem precedentes. Diversas instituições, incluindo o Sesc, propuseram projetos e ações especiais para manter ativas as cadeias produtivas do setor, com atividades concebidas para difusão on-line em plataformas próprias e em redes sociais digitais. Tais iniciativas trouxeram aprendizados, muitos dos quais já estão sendo incorporados às estratégias dos gestores nesse campo de atuação. Trata-se de expedientes que este Guia vem organizando ao longo dos anos, para que os profissionais e participantes das redes ligadas ao campo cultural possam refletir, desenvolver e aplicar em sua lida diária. Esse trabalho é reconhecido por diversos cursos superiores e livres, que o adotam como bibliografia, uma vez que suas informações constituem um conjunto de saberes relevantes para a iniciação e o aperfeiçoamento na área da produção cultural. Resulta daí um instrumento que detalha questões importantes para a ação pública e privada – de caráter predominantemente coletivo – no âmbito da cultura, reafirmando o papel do conhecimento aprofundado, da reflexão e da troca de experiências para a construção de políticas mais democráticas e inclusivas.

Nesse sentido, a abrangência do Guia é prenhe de possibilidades, visto que se configura como um manual de referências tanto para artistas quanto para produtores culturais. Os criadores de arte e cultura podem encontrar noções básicas para atuar numa esfera com a qual nem sempre estão ambientados. Aos produtores culturais, que fazem mediações entre as diversas instâncias, este livro compartilha instruções valiosas sobre como se conectar a instituições e espaços para a realização de atividades, fazer uso das políticas públicas de incentivo, atentar às ações relativas aos direitos autorais, aprimorar práticas que vão do planejamento à divulgação, entre outros.

Tendo em vista as graves consequências das inúmeras crises para as gentes da cultura, é preciso reverenciar a perseverança desses trabalhadores. Uma adaptação da célebre sentença de Euclides da Cunha sobre o sertanejo, em Os sertões, parece justificada:

O(A) produtor(a) cultural brasileiro(a) é, antes de tudo, um(a) forte. Que essa citação, mais do que louvar um alegado heroísmo, denote o reconhecimento da capacidade de acomodação em terrenos movediços. A retomada tem exigido, além de tais competências, o envolvimento de vários setores da sociedade, a começar pela desobstrução das artérias que garantiam o funcionamento desse corpo cultural, robusto e heterogêneo, essencial ao devir do país.

O Guia brasileiro de produção cultural, do qual o Sesc São Paulo é parceiro desde a segunda edição, representa esse esforço empreendido a diversas mãos. Ressaltar a contribuição de publicações como esta, verdadeiras bússolas apontando para questões de interesse diversos, significa avaliar criticamente a circunstância contemporânea, suas potencialidades e seus desafios, sobretudo no que se refere à valorização da diversidade brasileira. O caminho para isso é esboçado por múltiplas pessoas, com seus saberes, desejos e energia.

DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRETOR DO SESC SÃO PAULO

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