1
COLETÂNEA DE MENSAGENS E PALESTRAS DE EDINALDO NOGUEIRA 4ª PARTE
Edinaldo Nogueira E-mail: nogueira.edinaldo@gmail.com (caso queira fazer alguma refutação por escrito pode enviar para e-mail) 2
Dedicatória
Dedico este livro a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que me concedeu graça. A Ele seja a glória para todo sempre em Cristo Jesus no poder do Espírito Santo! À minha digníssima e amada esposa, Claudete Nogueira, por sua compreensão e amor e aos nossos filhos Letícia e Renan e a sua esposa Aline. Aos meus pais, Paulo e Marleide e meus queridos irmãos e irmãs: Edileuza, Fátima, Ednardo, Edvaldo, Eduardo e Paula. À todos os amados irmãos em Cristo que amam as Doutrinas Cristãs. A todos os leitores dedico este livro.
3
PREFÁCIO
Este livro é o quarto de uma série de livros que trazem minhas mensagens e palestras desde 2009 em diante. Todas estão gravadas em áudio, e agora pretendo compilá-las. Quero deixar um legado para meus descendentes: filhos(as), netos(as) e bisnetos(as). E à todos os membros, presentes e futuros, da congregação da AD/Salém-Palmeiras. Letícia, leia meus livros, e incentive seus filhos a lê-os também, e peça que eles incentivem os filhos deles a lerem. Conheçam minhas crenças e meus valores. Esses são minha herança e meu legado que eu deixo para vocês.
Edinaldo Nogueira
4
ÍNDICES DAS MENSAGENS E PALESTRAS Sobre o Tempo Para Todas as Coisas .........................................
06
Sobre a Religião Secularizada .....................................................
20
Sobre Lança o Teu Pão Sobre as Águas ......................................
31
Sobre Tema a Deus em Todo Tempo ...........................................
41
Sobre a Introdução ao Livro de Êxodo ........................................
57
Sobre a Chamada Ministerial ......................................................
68
Sobre a Santidade Nos Protege das Pragas Divinas e das Propostas Ardilosas de Faraó................................................
78
Sobre a Força do Amor ................................................................
90
Sobre a Celebração da Primeira Páscoa ....................................
98
Sobre a Prefiguração da Peregrinação de Israel no Deserto Até o Sinai ....................................................................................
108
Sobre Maranata! ..........................................................................
118
Sobre Moisés, Sua Liderança e Seus Auxiliares ..........................
126
Sobre o Tabernáculo de Moisés ...................................................
133
Sobre Leis Civis de Israel .............................................................
146
Sobre o Significado das Primícias................................................
155
Sobre o Sacerdócio Levítico .........................................................
163
Sobre a Consagração dos Sacerdotes ..........................................
177
Autobiografia ...............................................................................
189
5
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 01 de Dezembro de 2013 Sobre o Tempo Para Todas as Coisas
Saúdo a Congregação de Salém com a Paz do Senhor! Quero fala sobre o seguinte tema: tempo para todas as coisas, e pretendo acrescentar um subtema: como viver feliz dentro do pouco tempo que nos resta nesta vida. Este assunto é um pouco complicado, e além de complicado é profundo. Irei fundamentar este assunto no livro de Eclesiastes. Nem todos os rabinos gostam do livro de Eclesiastes. Se dependesse de alguns o livro de Eclesiastes não teria entrado no cânon hebraico das Escrituras, pois alguns não consideram que o livro foi escrito por Salomão. Comparando Eclesiastes com Provérbios há muita incompatibilidade. Enquanto que alguns rabinos consideravam o livro de Provérbios ortodoxo, já o livro de Eclesiastes eles consideravam heterodoxo, um livro herético. De modo que eles diziam que quem escreveu Eclesiastes foi uma pessoa que viveu depois do exílio da Babilônia, e que o livro não tem apenas um escritor, mas vários escritores. Para vocês terem uma ideia, quando os rabinos iriam ler os manuscritos hebraicos que continham os livros canônicos, eles lavavam suas mãos, mas quando liam Eclesiastes, eles não lavavam as mãos. Assim alguns consideravam o livro de Eclesiastes um livro espúrio. No ano 100 depois de Cristo, houve um concílio judaico para definir o cânon dos livros dos judeus que foram inspirados por Deus, houve um debate muito grande para que Eclesiastes entrasse no cânon hebraico. Até hoje alguns rabinos têm essa sina com Eclesiastes, eles dizem: ‘Como pode o Espírito Santo permitir que um livro desse entrasse no cânon das Escrituras Sagradas?’. Mas será que são apenas alguns rabinos que tem essa sina com o livro de Eclesiastes? Não! Também muitos teólogos não gostam do livro de Eclesiastes. Por exemplo, Martinho Lutero não considerava o livro de Eclesiastes de autoria de Salomão. E há muitos outros teólogos, principalmente os da teologia liberal, que não consideravam Eclesiastes como um livro inspirado. O teólogo Russel Champlin disse que quem escreveu Eclesiastes foi uma pessoa má, herética, triste e niilista que demonstrou sua heresia e sua visão deturpada, absurda e pessimista do mundo, e para que esse livro pudesse ser aceito pelos leitores judeus, um editor piedoso acrescentou algumas anotações no livro para que a leitura se tornasse mais amena, e assim houvesse uma aceitação do livro.
6
Porém, os teólogos fundamentalistas, dos quais fazem parte os teólogos da Assembleia de Deus, aceitam o livro de Eclesiastes como inspirado por Deus e escrito por Salomão. Acredita-se que Salomão escreveu Eclesiastes depois da sua decadência espiritual e o seu estabelecimento por isso que ele é indicado como uma das pessoas ideais para ser o autor desse livro. O livro mostra uma visão realista da vida, revelando o mundo em relação ao justo e ao ímpio. E Salomão que experimentou esses dois lados da vida, de justo e de ímpio, tornou-se uma pessoa apta para poder escrever este livro das Escrituras. E não somente isso, mas também Salomão foi uma pessoa dotada de uma sabedoria especial e teve muitas riquezas, considerado como um dos reis mais rico de sua época e que levou uma vida prazerosa, regalada e experimentou a vida em todos os seus sentidos. Porém, nesse livro, Salomão nos desengana, nos desilude, arranca a máscara e mostra a verdadeira realidade da vida, isto é, mostra a vida como ela é. E segundo a conclusão de Salomão, guiada pelo Espírito Santo, a vida não passa de vaidade, que tudo quanto acontece debaixo do sol é vaidade. Então, por causa dessa visão negativa da vida, alguns taxam o livro de niilista. O que é niilismo? É uma filosofia surgida em nosso século por um filosofo alemão e ateu chamado de Friedrich Nietzsche, digamos assim, esse filosofo lançou as bases para o niilismo. O niilismo ensina que por não existir valores metafísicos e nem morais a vida cai no vazio, quer dizer, a vida não tem sentido, não existe eternidade e nem Deus para se prestar contas. O ser humano tem que esperar apenas a sua morte, e na morte tudo acaba. A visão de Salomão em Eclesiastes é quase idêntica a visão niilista da vida, porém, ele não nega os valores metafísicos e morais. Para Salomão a vida não tem sentido porque ela termina na morte. Todavia, Salomão não cai no descrédito total e nem se atola no pessimismo terrível, no desespero, no ceticismo e no indiferentismo, pelo contrário, ele vai mostrar que mesmo sendo a vida sem sentido, fugaz, fútil e vulgar há duas grandes perspectivas porque aquele que teme a Deus pode viver com esperança nesse mundo e nos ensina a viver de modo feliz dentro desse caos estabelecido. Para isso temos que discernir um modo de viver gratificante dentro do pouco tempo que nos é dado neste mundo. Para discernir esse viver gratificante precisamos de três coisas. Primeiro, reconhecer a transitoriedade da vida. Leiamos Eclesiastes 1.2,3: ‘Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?’. Transitoriedade significa algo passageiro, que é a mesma coisa de vaidade. Portanto vaidade é algo transitório e temporário. O termo hebraico 7
para vaidade também significa sopro, respiração e vento. A vida é transitória, vaidade, fútil, fugaz, de poucos dias, passa como sombra, cheia de fadigas e aflição em que todas as obras dos homens se constituem em correr atrás do vento, algo inútil e sem sentido. Assim como não conseguimos pegar o vento na mão, também tudo que se produz na vida acaba-se em nada, não tem valor permanente e eterno. Irei citar algumas coisas do livro de Eclesiastes que irá nos mostrar que tudo que se faz debaixo do sol não faz sentido nenhum, não tem valor nenhum e não há nenhuma compensação e recompensa. A vida não faz sentido porque pertence a um ciclo monótono de coisas. Eclesiastes 1.3-11 diz que vem uma geração e vai outra geração, mas a terra permanece a mesma, não há mudança, quer dizer, as pessoas nascem, crescem, envelhecem e morrem geração após geração. Do mesmo modo o ocaso, o vento e a chuva. Por exemplo, as águas da chuva são evaporadas, se transformam em nuvens, depois são derramadas sobre a terra, escorrem para o mar e novamente são evaporadas e inicia o ciclo. Assim a vida é uma rotina tediosa, repetitiva e sem sentido. Por que as pessoas nascem, se elas vão morrer? Por que as pessoas trabalham, se seus trabalhos trazem apenas fadigas? A vida é apresentada no livro de Eclesiastes como se fosse uma roleta giratória, cujas regras desse jogo quem apresenta é o Senhor. Meus irmãos, não adianta procurarmos porque não iremos encontrar ‘o elixir da felicidade’, ‘a fonte da juventude’, ‘a pedra filosofal’, ‘a fórmula mágica’, ‘o manjar dos deuses’, ‘o santo graal’ que nos garanta vida longa nesse mundo. Os cientistas podem descobrir a cura do câncer, da diabete e da AIDS, mas outras doenças incuráveis surgirão. Enquanto uns dizem: ‘muita oração, muita benção’, outros dizem: ‘quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece’. Não existe oração que quebre essa corrente da vida! Ninguém consegue fazer a roleta giratória, girar ao seu favor. Somos comparados como pessoas em alto mar, tentando nadar contra a correnteza, porém mais cedo ou mais tarde as nossas forças se esgotarão e desceremos desfiladeiro abaixo sem ninguém para nos ajudar. Podem ungir a pedra da nossa alma, mas não tem jeito. Nascemos e teremos uma vida de aflição, penosa e de fatalidade e depois morreremos. A vida não faz sentido porque o mundo é cheio de injustiças (Ec 3.16; 4.1-3; 5.8; 10.5-7), e essas injustiças afetam os justos e os injustos. O justo também é vítima das injustiças, por mais que ele procure viver uma vida honesta e justa. Ele pode seguir as leis do trânsito bem direitinho, mas pode vir um carro desgovernado e bater no seu carro. O justo e o injusto estão sujeitos as injustiças deste mundo. As injustiças produzem danos muitas vezes irreparáveis, e talvez essas pessoas nunca sejam punidas ou indenizadas, por isso que Salomão 8
considera que os que já morreram mais felizes do que os vivos. E mais feliz do que os dois, é o que ainda não nasceu. A vida não faz sentido porque tem um tempo determinado e incerto e há um propósito desconhecido que ninguém entende e nem controla (Ec 3.1-15; 8.6-9,17). A vida tem um tempo determinado, mas esse tempo é incerto. A vida tem um propósito, mas esse propósito é desconhecido e misterioso, apenas Deus conhece, e Ele não revelou aos filhos dos homens. Quando Salomão diz que a vida tem um tempo determinado, ele não está se referindo a filosofia estoica que ensina o determinismo fatalista. O filósofo Estoico ensinava que a pessoa deveria aceitar a vida como ela é, pois a pessoa não pode mudar aquilo que está determinada sobre ela. De modo que na alegria ou na tristeza, na fartura ou na escassez, na prosperidade ou na calamidade, na saúde e na doença, a pessoa tem que aceitar a vida como ela é. Segundo Estoico não se deve se alegrar pela prosperidade porque ela passará, e nem sofrer pela calamidade porque ela também passará. Muito embora Eclesiastes ensine o determinismo, mas esse tempo determinista é controlado por Deus, não é fatalista. Deus pode de improviso mudar o tempo. Eclesiastes 3.2 fala do tempo de nascer e do tempo de morrer. Não temos controle sobre esse tempo e nem o poder para modificalo. Vivemos no século XXI, mas não escolhemos viver nesse século. Tampouco iremos escolher o dia em que vamos morrer. O homem não consegue controlar o tempo de nascer e o tempo de morrer, isso para nós é obvio, mas Salomão vai muito mais além, e diz que nós não conseguimos, também, controlar e prever as coisas mínimas da vida. Por exemplo, não podemos prever nesse exato momento que iremos sair daqui para nossas casas e almoçaremos gostosamente com nossas esposas. Não podemos prever isso. Dentro desse tempo entre o nascimento e a morte, a vida se torna um trabalho fatigante e penoso. O homem deseja viver eternamente para conhecer o “por quê” dessas coisas e não pode descobrir. Esse tempo pode ser de improviso alterado a qualquer momento (Ec 9.12). Tanto o justo como o ímpio estão sujeito ao tempo. No dia bom, goze, no dia ruim, reflita (Ec 7.13,14). Porém, não podemos desistir da vida por causa disso. Alguém pode pensar assim: ‘Já que eu não controlo o tempo e nem sei se vou prosperar nos meus empreendimentos ou se vou falir, e se isso depende exclusivamente de Deus, e eu danço conforme a sua música, então, não irei fazer nada na vida, eu vou ficar apenas sentado e esperar as coisas acontecerem’. Essa atitude não é a melhor opção para nossa vida. Antes de prosseguir nesses assuntos, quero ler um texto em Eclesiastes 11 onde devemos manter o nosso foco durante as nossas palestras acerca desses assuntos tratados no livro de Eclesiastes, pois irei 9
falar algumas coisas pesadas, e não quero que os irmãos percam a esperança, e saiam daqui chateados com a vida, e digam: ‘Por que é que eu estou sendo crente? Pelo visto não está adiantando de nada? Pois se eu sendo crente, essa tal de roleta giratória não vai girar ao meu favor, e então que “diabos” que eu estou fazendo aqui?’. Para evitarmos isso, leiamos Eclesiastes 11.5,6: ‘Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas’. Imagine um agricultor que olha para Deus e pensa assim antes de sair para semear: ‘Será que Ele vai mandar chuva ou não?! Será que a chuva vem de manhã ou virá a tarde?! Será que Ele vai mandar um bom vento ou não?! Então, já que eu não sei, eu vou ficar em casa. Se ele quiser me dar pão, Ele me dá, mas se Ele não quiser me dar pão, nada nesse mundo vai fazê-lo mudar de ideia’. Mas não é isso que Eclesiastes aconselha. Ele diz: ‘Se levante e vá plantar sua semente, porque você não sabe qual o movimento de Deus. Você não sabe em que tempo está. Se for um bom tempo, então irá aproveitar, mas se for um mau tempo, pelo menos você se esforçou’. Nada pode nos desanimar na vida, temos que nos levantar e batalhar, muito embora não conhecemos o que o tempo trará, porém, a nossa parte precisa ser feita. Tendo dito isso, vamos continuar falando dos motivos porque para Eclesiastes a vida não faz sentido. A vida não faz sentido porque os homens são iguais aos animais. Quer dizer, diante dessa vida fugaz, fútil e cheia de vaidade, os homens são iguais aos animais. Leiamos Eclesiastes 3.18-22: ‘Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra? Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?’. Irmãos, vocês sabem que as doutrinas foram se desenvolvendo aos poucos e que todas as doutrinas bíblicas foram reveladas ao povo judeu. Na época de Salomão, a doutrina da imortalidade da alma ainda não tinha sido revelada, porém, nenhum dos escritos inspirados que os judeus receberam 10
negaria o futuro desenvolvimento da doutrina da imortalidade da alma. Assim como também eles não conheciam a doutrina da Trindade, mas nada do que eles escreveram tornou-se como que um empecilho para que a doutrinada da Trindade pudesse se desenvolver. Nesse texto, Salomão não está negando a imortalidade da alma; inclusive no livro de Eclesiastes não se ensina que a alma é imortal, pois a doutrina da imortalidade da alma ainda não tinha sido revela aos judeus. Muito embora os babilônios, os egípcios, os assírios e todas as nações ao redor de Israel acreditassem em algum tipo de imortalidade da alma, contudo aos judeus ainda não tinha sido revelado. Mesmo aquele texto de Eclesiastes 12.7 que diz: ‘E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu’ (que muitos teólogos utilizam, inclusive o nosso comentarista José Gonçalves também utiliza, para provar a imortalidade da alma) na verdade não se refere a imortalidade da alma (ainda que muitos crentes o usam para combater os adventistas e os russelitas), pois para Eclesiastes o homem é mortal, e a sua vida acaba no pó baseado na sentença nua e crua: ‘tu és pó e ao pó tornarás’ (Gn 3.19). O texto de Eclesiastes 12.7 não ensina a imortalidade da alma ou do espírito, para ele a palavra ‘espírito’ do hebraico ‘ruach’ significa ‘sopro, fôlego, vento’ que tem quase o mesmo sentido de ‘vaidade’. O espírito nesse texto é fôlego. O corpo volta ao pó e o fôlego volta a Deus, quer dizer, os elementos em que se constitui o homem e os animais voltam às suas origens, o corpo para a terra, e o fôlego para atmosfera, por assim dizer. Pois se crermos que esse texto está ensinando a imortalidade da alma, teremos que acreditar também que o texto está ensinando a préexistência da alma. Porque se a alma volta para Deus, então, isso significa que um dia ela esteve com Deus. De fato muitos cristãos acreditam que cada pessoa que nasce era uma alma no depósito de Deus. Todavia, nós não acreditamos na pré-existência da alma, então para nós esse texto não pode provar a imortalidade da alma tanto quanto não prova a pré-existência da alma. Então o que Salomão pretende ensinar quando diz que os homens não têm nenhuma vantagem sobre os animais, porque assim como os animais morre, o seu corpo se desmancha em pó, e o seu fôlego não vai para lugar nenhum, assim também sucede aos homens? Salomão está ensinando que aqueles que morrem não podem mais subir da sepultura e voltar as suas casas para ver o que vai acontecer. Salomão está quebrando o círculo da reencarnação em que se ensina que a pessoa nasce, cresce, envelhece, morrer e reencarna-se novamente. Nesse texto Salomão está negando a reencarnação da alma, por isso que se alguma testemunha de jeová ler o texto de Eclesiastes 3.18-22 para você com o propósito de negar a imortalidade da alma, lhe diga: ‘Salomão não está dizendo nada sobre a imortalidade da alma, o que ele está dizendo é 11
que uma pessoa que morre não será uma alma penada no mundo e nem virá perturbar ninguém; ele não perturbará a vida da viúva que se casou com outra pessoa’. Como também está escrito em Jó 7.9,10: ‘Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá’. Assim aquele que morre, o seu fôlego ou espírito não sobe da sepultura, mas como um animal, assim se desfaz. A vida não faz sentido porque ainda que vivida até a idade avançada, digamos assim, até aos 100 anos, a pessoa nunca se satisfaz, nesse caso, diz Eclesiastes, que um aborto é mais feliz (Ec 6.3-7). Quer dizer, uma pessoa que não nasceu para viver uma vida insatisfeita é mais feliz do que uma pessoa que viveu até aos 100 anos e não se satisfez. Irmãos, sempre estamos pedindo a Deus para esticar um pouquinho mais – ‘Senhor, eu quero ver os meus netos’ – aí você vê os seus netos – ‘Senhor, eu quero ver os meus bisnetos’ – e assim a pessoa quer sempre esticar a baladeira, mas quando chega o tempo não tem mais elástico. E sabe como uma pessoa morre aos 100 anos de idade? Insatisfeita. A vida não tem sentido porque o justo não recebe sua recompensa nessa vida (Ec 7.15-20; 8.2-8). Já ouviram aquele ditado que diz: ‘a vida não é justa’. Essa vida fugaz, fútil e de vaidade não é justa para o justo. Prestem bem atenção! O correto é Deus encurtar a vida do ímpio e prolongar a vida do justo. Leiamos Eclesiastes 7.17: ‘Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?’ (Ver também Ec 8.12). Porém, nesse mundo de incerteza, o justo pode ter a vida encurtada e o ímpio ter a vida prolongada (Ec 7.15). O correto é o justo ser livre de tragédias (Ec 7.18; 8.5), e o ímpio sofrer as tragédias, porém, nesse mundo de incerteza, o justo também sofre tragédias, e o ímpio também, pode ser livre de tragédias (Ec 8.14). De fato, correto era o ímpio sofrer tragédias e o justo ser livre de tragédias, porém, essa roda giratória, cujas regras quem dá é o Senhor, ele pode favorecer o ímpio para não sofrer tragédias, e pode permitir que o justo sofra tragédias. E não adianta nos rebelar contra o Senhor. Deus age assim para que o justo não coloque sua esperança na futilidade da vida, mas no Reino de Deus. Isso leva o justo a refletir: ‘Não há condições de se viver nesse mundo de vaidade, pois aqui a peia que o ímpio deveria levar sozinho, eu estou levando junto com ele. Então não dá mais, ora vem Senhor Jesus’. A vida não faz sentido porque é um mistério complexo e desse modo tudo sucede igualmente a todos. Leiamos Eclesiastes 9.1-3: ‘Deveras todas estas coisas considerei no meu coração, para declarar tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus, e também o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa perante ele. Tudo 12
sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos’. A vida é um mistério! Cujo mistério nunca iremos decifrar; jamais vamos conhecer esse código secreto. Porque é um mistério velado a todos os homens. Deus colocou em nossos corações a eternidade, isto é, o desejo de viver eternamente, mas ao mesmo tempo, está diante de nós uma vida temporal. A gente não encontra razão para isso. Ora, eu tenho o desejo de viver eternamente, todavia não há nada nesse mundo que satisfaça esse desejo. Então, como viver com esse desejo? Esse texto de Eclesiastes tira a nossa ilusão. Nós cristãos que nos consideramos justos não devemos viver nesse mundo iludido. Salomão nos ensina a viver uma vida desiludida, desenganada. O pau que arrebenta encima da cabeça do ímpio, também pode arrebentar na cabeça do justo; a tragédia que acontece com o ímpio, pode também acontecer com o justo. Do mesmo modo também a felicidade e a prosperidade que o justo goza, o ímpio também pode gozar e prosperar. Eclesiastes diz que ‘os justos, e os sábios... estão nas mãos de Deus’. É Deus quem guia a vida do sábio e do justo. Porém, esse sábio e esse justo não sabem o que encontrarão na vida se é amor ou se é ódio. Assim, o sábio e justo não sabe que ao casar, o seu casamento vai acabar em ódio, brigas e no cartório ou se terá um casamento durável e feliz. Ele não sabe! De fato, o correto seria o crente ser livre da mulher ruim, e o ímpio ser enlaçado por ela (veja Ec 7.25). Porém, nesse mundo de contradições, assim como o descrente pode ser traído pela sua esposa e ficar deprimido, assim também um crente pode ser traído pela sua esposa e ficar deprimido. O justo não sabe se a empresa que ele abriu irá prosperar ou falir. A sua vida está nas mãos de Deus. Meus irmãos, Salomão puxa o nosso tapete, e coloca todos no mesmo lugar, e diz que o justo não tem vantagens sobre o ímpio, e o ímpio não tem vantagens sobre o justo. Porque a morte vai sobressaltar a ambos. Então, assim como o ímpio pode sofrer de uma doença incurável e morrer, assim também, o justo pode sofrer de uma doença incurável e morrer. Assim como o justo pode ficar curado de uma doença incurável, assim também o ímpio pode ficar curado de uma doença incurável. Assim como o ímpio pode morrer em um acidente ao ir para a folia do carnaval, assim também, o justo pode morrer em um acidente ao ir para um retiro espiritual. Assim como o justo pode receber um livramento de morte, assim também o ímpio pode receber um livramento de morte. 13
Assim como a filha de um macumbeiro pode ser sequestrada, estuprada e morta, isso, também, pode acontecer com a filha de um pastor. Assim como Deus pode proteger a filha de um pastor, Ele também pode proteger a filha de um macumbeiro. Portanto, debaixo do sol, como diz Salomão, a vida está nas mãos de Deus. Faça o que fizer, sacrificar ou não sacrificar, isso não vai alterar aquilo que Deus determinou para você. Será que Deus determina coisas ruins? Não! Mas coisas ruins acontecem por permissão de Deus. A vida não faz sentido porque é cheia de preocupações, decepções e desgostos tanto para crentes como para descrentes (Ec 2.23; 5.17). A vida não faz sentido porque o ímpio não é imediatamente castigado nessa vida (Ec 8.11). O correto seria que aqueles que agradem a Deus sejam sempre abençoados, e os ímpios sofram infortúnios (Ec 3.26), mas nesse mundo de incertezas, o ímpio pode ser abençoado e o justo sofrer infortúnios (Ec 6.1,2). A vida não faz sentido porque todos igualmente morrem e vão para a sepultura. Leiamos Eclesiastes 9.2-6,10: ‘Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos. Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto). Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma’. A palavra ‘sepultura’ é a tradução do termo hebraico ‘sheol’. Para entendermos melhor esse assunto convém dizer que há três palavras: ‘sheol’ no hebraico, ‘hades’ no grego e ‘inferno’ no latim. Essas três palavras têm significado físico e espiritual. No significado físico, ‘sheol’, ‘hades’ e ‘inferno’ se refere a sepultura, e tanto justos como ímpios ao morrerem vão a esse lugar. O justo vai para o inferno? ‘inferno’ em latim significa ‘inferior’, e a sepultura é um lugar inferior. No sentido espiritual, ‘sheol’, ‘hades, e ‘inferno’ significa estado intermediário dos mortos. Nesse local há uma diferença entre justos e ímpios, porém, não discutiremos esse assunto agora. 14
Na época de Salomão, essa doutrina do estado intermediário dos mortos ainda não tinha sido desenvolvida, então para os judeus da época de Salomão, Davi e Moisés, o justo morria e ia para sepultura, que é o sheol físico, e depois ressuscitaria para prestar contas com Deus. A vida não faz sentido porque os valores existem e devem ser praticados, mas isso não garante poder sobre a morte (Ec 2.13). Os justos nem sempre são abençoados por sua vida moral, e os ímpios nem sempre são amaldiçoados por sua vida imoral. O justo pode sofrer uma bancarrota e nunca mais se erguer. A vida não faz sentido porque é sujeita ao tempo e ao acaso (Ec 9.11,12). Tanto o justo como o ímpio estão sujeitos ao tempo e ao acaso. Assim como o ímpio pode estar no lugar errado e na hora errada, o justo, também, pode estar no lugar errado e na hora errada. Um ladrão pode invadir um ônibus e roubar pessoas crentes e descrentes. As ações da bolsa de valores podem despencar e falir as empresas dos justos e dos ímpios. Tanto justo e ímpio podem sofrer um AVC e ficarem o resto da vida tetraplégicos. A vida não faz sentido porque a juventude rapidamente passa e a velhice chega para todos (Ec 11.8-10; 12.1-8). E, por último, a vida não faz sentido porque por mais que a pessoa procure nunca vai encontrar a felicidade nesse mundo, apenas efêmeros momentos de alegrias. Segundo, para discernirmos um modo de viver gratificante dentro do pouco tempo que nos resta, temos que descobrir onde está o centro da realização humana. O centro da realização humana não está na filosofia, nem na ciência e nem tampouco na teologia. Leiamos Eclesiastes 2.12-17: ‘Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas. Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos. Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade. Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo! Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito’. Eclesiastes mostra muitas vantagens de se ter sabedoria (Ec 2.13; 7.11,12,19; 8.1; 9.15,1,18; 10.10), o próprio Salomão sobrepujou em sabedoria a todos e adquiriu muita sabedoria (Ec 1.16). Porém, nesse mundo 15
de incertezas, o que sucede a um tolo sucede a um sábio, e ambos morrem do mesmo jeito (Ec 2.15). E, assim a busca pela sabedoria é uma obra penosa (Ec 2.14-17) e enfadonha (Ec 1.18), e por mais que a pessoa seja sábia não terá respostas para todas as questões da vida, e por causa disso se sentirá impotente e incapaz de melhorar a natureza das coisas. E além do mais, o sábio não levará sua sabedoria para a sepultura (Ec 9.10). Muito embora a sabedoria seja um dom da graça comum de Deus, Eclesiastes mostra que toda e qualquer filosofia é incapaz entender a vida e o mundo (Ec 2.26; 3.11; 7.14; 8.17; 11.5). O próprio Salomão investigou, inquiriu, comparou e empregou toda a sua sabedoria para descobrir os mistérios e a razão da vida e não descobriu (Ec 1.13; 7.23-25). O próprio Deus colocou no coração do homem o desejo de entender a vida, e encobriu dele o significado (Ec 3.11; 8.17). De modo que uma pessoa que alcançou o grau máximo de conhecimento não pode dizer: ‘estou realizado na vida’. Pois conforme Eclesiastes tanto o Phd como o analfabeto vão acabar na sepultura, e na sepultura o seu conhecimento não tem valor nenhum. O centro da realização humana não está não estar no hedonismo, isto é, nos prazeres (Ec 2.1-3; 3.12-13; 5.18-20) Eclesiastes reconhece que o prazer produzido pela alegria, que se constitui em comer, beber e fazer sexo é a melhor coisa na vida. O próprio Salomão experimentou isso. Porém, essas coisas é uma dádiva da graça comum de Deus, por isso que ele dá tanto a justos como a ímpios e nega tanto a ímpios como a justos (Ec 2.24,25; 3.12,13; 5.19; Mt 5.45). Os justos usam os prazeres com moderação (epicurismo), os ímpios com excessos (hedonismo). Todavia, por causa desse mundo de incertezas, esses prazeres duram pouco (Ec 8.15), e a uns são privados dos prazeres por causa das enfermidades (Ec 6.2), e de outros Deus toma e dá aos sábios (Ec 2.26), mas às vezes deixa os sábios sem pão (Ec 9.11). Os prazeres hedonistas terminam num sentimento de vazio e frustração (Ec 2.1,2). O centro da realização humana não estar no triunfalismo (Ec 2.4-11; 4.13-16; 5.10-17; 6.1-12). Para alguns triunfar significa ter uma vida de sucesso, riquezas e saúde. Para os hebreus o homem bom que exercita o temor do Senhor terá uma vida longa, próspera, saudável e feliz nessa terra, enquanto que os ímpios têm de sofrer o desfavor divino, na forma de calamidades, aqui mesmo na terra. Todavia Eclesiastes mostra que a verdadeira retribuição e retificação acontecerão no Dia do Juízo (Ec 3.17; 12.14). Os atuais profetas da prosperidade também ensinam a mesma coisa: o crente tem que ter prosperidade, saúde e sucesso nos seus empreendimentos. Realmente, concordo que essa teologia é correta. Porém, 16
nesse mundo de incertezas, de contradições, de vacuidades nem sempre essas coisas sucedem aos justos. Além do mais, essas coisas não são dádivas da graça especial de Deus, mas da graça comum de Deus. Por isso que Deus dá a quem ele quer e nega a quem quer, tanto a justos como a ímpios. Qual é a diferença entre a graça especial de Deus e a graça comum de Deus? A graça especial de Deus beneficia apenas os santos e os eleitos, enquanto que a graça comum beneficia a todos, independentemente que seja justo ou ímpio. Deus faz chover na horta do justo, mas também faz chover na horta do ímpio; Deus manda sol para enxugar as roupas da mulher crente como também Ele manda sol para enxugar as roupas da mulher descrente. A graça especial de Deus não pode ser cumprida plenamente neste mundo, pois esse mundo está falido, como Jesus disse que não ‘se deita vinho novo em odres velhos’ (Mt 9.17). O governo de Cristo e suas bênçãos não se podem usufruir nesse mundo velho que está fadado à destruição do mesmo modo que ‘ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha’ (Mt 9.16). Assim para que o cristão seja beneficiado com as bênçãos e as promessas da palavra de Deus de uma maneira total e plena, Deus terá que mudar o mundo velho em um novo mundo (Hb 1.10-12). Enquanto não acontecer essa transição, transformação ou regeneração do mundo, o crente e o descrente dependerão da graça comum de Deus para viverem nesse mundo. O próprio Salomão, que foi muito rico, reconheceu que não há nenhuma vantagem do rico sobre o pobre porque ambos morrerão (Ec 2.8,11). O rico não pode subornar a morte e nem levar suas riquezas para a sepultura (Ec 5.15-17). Salomão diz que o sono de um trabalhador pobre é tranquilo, enquanto dum rico é cheio de insônia (Ec 5.12), e quem acumula riquezas, acumula, também, muitas despesas (Ec 5.10,11), e correm constantes riscos de vida (Ec 5.13), e além do mais, as riquezas podem se perder por qualquer má aventura (Ec 5.14; 1ª Tm 6.17). Salomão também ensina que nesse mundo de incertezas os bens da terra, colocados à disposição de todos, são mal distribuídos pelo sistema corrupto, por causa disso, tanto justos como ímpios sofrem os danos da exploração (Ec 5.8,9; 7.7). O centro da realização humana não está no ativismo (Ec 2.18-26). O ativismo significa uma luta incansável por um ideal, e esse ideal pode estar nas esferas da profissão ou de qualquer outra prática. Pessoas lutam incansavelmente por um emprego melhor, outros por uma igreja melhor, por um país melhor, por uma família melhor. Isso é louvável, mas pode esgotar a pessoa (Ec 7.16). Por se viver em um mundo de incertezas a pessoa pode nunca alcançar seus ideais e ficar frustrado. Salomão que se empenhou com destreza em muitos trabalhos (Ec 2.4-7), descobriu que perdeu seu tempo em dores, enfados e desgostos. E 17
além do mais o ganho do seu trabalho seria deixado para outro a quem por ele não se esforçou, e tal pessoa poderá ser sábia ou tola (Ec 2.18-23). Salomão chegou à conclusão que a melhor coisa para um trabalhador é gozar do fruto do seu trabalho, como recompensa de todas as suas fadigas, mas isso, depende da graça comum de Deus (Ec 2.24-26). E, além do mais, um trabalhador incansável não terá nenhuma vantagem sobre o que pouco trabalhou, pois ambos morrerão, e na sepultura não haverá trabalho (Ec 4.5,6; 9.10). Apesar disso, Salomão considera uma tolice quem adota o seguinte estilo de vida: ‘deixa a vida me levar’ ou ‘trabalhar pra quê, se tudo vai virar pó’, e vive à custa dos outros (Ec 4.5). Ele aconselha a pessoa não desistir dos seus ideais, muito embora não entenda ‘as obras de Deus’ (Ec 11.4-6). A motivação de alguns por seus ideais é a competição produzida pela inveja e a ganância, porém, nesse mundo de contradições, a cooperação e o companheirismo tem melhor vantagem (Ec 4.4,8,9-12). E por último o centro da realização humana não estar na religião secularizada (Ec 5.1-7). A religião utilizada como meio de realização pessoal em que a pessoa estar disposta a prometer a Deus o que não tem e o que não pode, a fim de ganhar o favor de Deus, é uma religião inútil. A religião não dar nenhuma vantagem na roleta de Deus. É Deus que dita as regras, e não a religião. A religião não controla Deus. Terceiro, para discernirmos um modo de viver gratificante dentro do pouco tempo que nos resta, temos que acreditar na realidade das coisas espirituais. O centro da realização humana está em Deus. Deus existe, é o Criador de todas as coisas e Senhor absoluto do mundo e da história. Deus não se revela em Eclesiastes como Jeová, o Deus da aliança de Israel, mas como o Deus Criador, ele ver a humanidade em geral como filhos dos homens, e não ver os seus eleitos, e trata-os não segundo a sua graça especial, mas segundo a sua graça comum. Muito embora afirmamos que Deus é a Causa Única de todas as coisas e que nós dançamos conforme a Sua música, Ele não é o culpado pela situação transitória da vida, pois não foi Ele que estabeleceu essa situação vigente, como por exemplo: o justo padece igual ao ímpio, o trabalho é uma atividade enfadonha, a vida perdeu o sentido e nada é certo, pois a pessoa sai, mas não sabe se volta, o mundo é cheio de incertezas, os animais nos assustam, nem mesmo dentro de casa temos sossego, e etc. Se Deus é bondoso e todo-poderoso por que a Sua criação está nessa situação? Eclesiastes disse: ‘Deus fez o homem perfeito, porém eles buscaram muitas invenções’ (Ec 7.29). E assim a Escritura revela que o mundo caiu nessa vaidade por causa da queda do homem. Paulo fala disso em Romanos 8.20,21: ‘Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma 18
criatura será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus’. Adão escolheu essa vida de vaidade para nós. Contudo, como o juízo sobre os homens, Deus determinou as coisas tortas e as endireitadas (Ec 7.13,29; 1.14,15). Mas isso não significa que Deus é o culpado pelo mal moral que se praticam nesse mundo; Deus não é culpado porque existem assassinos, pessoas violentas e etc. Deus, também, não é culpado pelo mal amoral; Ele não é culpado porque os tsunamis, tufão e tornado destroem casas e matam adultos e crianças. Contudo, Ele entrega os homens a sua própria maldade e entrega a criação ao seu próprio caos. Existe dualismo cósmico? Não! E Satanás onde entra? Satanás recebeu um tempo para agir, porém, dentro da vontade de Deus (Ap 12.12). E o que dizer da Lei da Causa e do Efeito ou Lei da Semeadura? (Ec 10.69). Nesse mundo oscilante, essa Lei é relativa, pois, o Dia da Colheita será no Dia do Juízo (Gl 6.7-10). Deus poderia ter destruído toda a raça humana na Queda, mas não o fez, entretanto, a sujeitou a vaidade, a uma vida fugaz. Porém, essa vida fugaz é obra de Deus, porque Ele assim quis. Deus fez isso na esperança da redenção (Rm 8.18-25). Nessa vida fugaz, Deus dar poucos dias para cada pessoa (Ec 2.3; 5.18; 6.12; 8.15), e dar também a cada um, uma porção nos bens da terra (Ec 5.18,19; 9.9), porém, a uns Ele dá pouco a outros dá muito (Ec 5.19; 6.2). Para deixar os filhos dos homens ocupados nesses poucos dias de vida, ele impôs um enfadonho trabalho (Ec 1.13; 3.10; 4.8; Gn 3.17), a uns Deus deu sabedoria para realizar seu trabalho com destreza, a outros privou de sabedoria (Ec 2.21). Ainda que Deus agraciou uns e privou outros, isso não se constitui vantagens para ninguém, pois, todos estão sujeitos ao tempo e ao propósito de Deus. Podendo reverter a situação de qualquer um, a qualquer hora e de qualquer jeito. Deus age assim por várias razões: afligir os filhos dos homens, prova-los, treina-los, causar tristezas, dar-lhes alegrias, fazer temê-lO, ensina-lhes a fazer o bem, etc. De uns Deus se agrada, de outros se ira. Para confundir a cabeça de todos, Deus age de modo paradoxo, tratando justo como ímpio, ímpio como justo, justo como justo e ímpio como ímpio. Porque diante dele ninguém é justo (Ec 7.20). Mesmo assim, Deus não é o originador do mal moral (Ec 5.1; 7.15; 8.11,12; 9.3; 10.5; 11.10) simplesmente, quando Ele quer, deixa os homens entregue aos seus próprios desejos (Rm 1.24). Deus, também, não é o originador do mal amoral (Ec 2.21; 5.13,16; 6.1,2; 9.3,12; 11.2; 12), simplesmente, quando Ele quer, deixa os homens entregue a desordem da criação amaldiçoada por causa da Queda (Gn 1.17). 19
A morte é o trunfo de Deus. Onde ninguém escapa. Que dá a todos uma sensação de inquietação e impotência. Mostrando a futilidade da vida, e que não há nenhuma vantagem e nem proveito em nada e que ninguém é especial. Deus tem seus propósitos secretos para todas as coisas (Ec 3.1-15). Por isso eu digo: Deus um Dia julgará a todos (Ec 12.14). Esse julgamento terá como base as atitudes de cada um diante do que sucedeu em sua vida. Nesse Dia o Senhor vai quebrar a roleta giratória, e conceder a verdadeira vida aos que O temeram. É dever do homem temer a Deus e guardar seus mandamentos (Ec 12.13) O homem não deve desacreditar, desanimar, se queixar, reclamar, murmurar, se frustrar, mas temer a Deus e guardar seus mandamentos independentemente em que lugar da roleta giratória ele esteja. A fé em Cristo não garante vantagens nesse mundo fugaz, pelo contrário, Cristo morreu para resgatar os crentes desse sistema fútil (Gl 1.4). As promessas de Deus dadas aos crentes em Cristo não podem se cumprir nesse sistema fútil, mas em um novo sistema eterno.
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 10 de Dezembro de 2013 Sobre a Religião Secularizada
O que leva uma religião a se tornar apenas uma obrigação, e não uma devoção? Quando a religião se tornar secularizada. E o que é uma religião secularizada? Nessa manhã vamos conhecer quais são as características de uma religião secularizada. Em nossa palestra anterior, nós estudamos baseado no livro de Eclesiastes que a vida, a humanidade e criação ficaram sujeitas a vaidade por causa da queda do homem, que essa vida que Salomão chama de ‘vaidade de vaidades’, se constitui em uma vida fugaz, fútil, sem sentido, que as sucessões de acontecimentos imprevisíveis podem acontecer tanto com o justo como com o ímpio e estudamos também que por ser a vida uma vida de vaidade, transitória e passageira, os homens não conseguem encontrar nesse mundo caído a satisfação e a realização pessoal. Eles não encontram essa realização pessoal na filosofia, nem no hedonismo, nem no triunfalismo, nem no ativismo e nem na religião secularizada. Uma vez que o homem não encontra nas coisas materiais a satisfação e realização pessoal, ele talvez imagine: ‘Se eu me voltar para as coisas espirituais, talvez consiga manobrar a vontade de Deus, fazendo com que esse Deus que está comando desse mundo, comande-o ao meu favor’. 20
Entretanto, veremos que a religião não consegue manobrar a vontade de Deus. Alguns pensam que pelo fato de estar dentro da igreja, estão imunes das coisas ruins que acontecem com os ímpios - ‘estou na igreja, então estou guardado do acidente, da falência, da doença e da morte prematura’. Não! A religião não nos garante essa imunidade na vida. O que é uma religião secularizada? É uma religião que baseia suas regras e práticas nas coisas deste século ou mundo. Por isso que a chamaremos de religião secular. Quais são as características de uma religião secular? Primeiro, a religião secular separa a vida social da vida espiritual. Vamos começar com o trabalho, pois o trabalho faz parte da vida social do homem. Como a religião secular consegue separar o trabalho da vida espiritual? Sabemos que o trabalho não foi dado ao homem por causa da queda, pelo contrário, o trabalho foi dado ao homem antes da queda. Leiamos Gênesis 2.15: ‘E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar’. Veja que Adão foi contratado por Deus, antes da queda, para trabalhar no jardim do Éden. Porém, ele iria realizar esse trabalho com nobreza e prazer, não lhe causaria enfado, esgotamento e estresse. Depois da queda do homem, o trabalho segundo o livro de Eclesiastes, foi dado como uma tarefa enfadonha, uma imposição que Deus colocou sobre os homens. Vemos isso também em Gênesis 3.17-19: ‘E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás’. Portanto, a partir da queda o trabalho se tornou algo penoso, imposto ao homem como uma obrigação, sendo uma ocupação sem proveito (Ec 1.3; 2.11; 3.10; Gn 3.17-19; 5.29). Leiamos Eclesiastes 1.3: ‘Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?’. E também Eclesiastes 2.11: ‘E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol’. Mesmo que para Eclesiastes o trabalho seja uma atividade enfadonha e um esforço que causa esgotamento físico e estresse, todavia, ensina-se que o homem tem que aprender extrair o bem deste trabalho enfadonho. Leiamos Eclesiastes 2.24: ‘Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus’. 21
Eclesiastes incentiva o homem a tirar desse trabalho enfadonho um proveito que é gozar do bem do trabalho. O que é gozar do bem do trabalho segundo Eclesiastes? É o homem comer, beber, se divertir e gozar a vida com a sua esposa. Isso é o que ele chama de o bem do seu trabalho. Pois se o homem trabalha apenas com o objetivo de ganhar dinheiro, e não usar esse dinheiro para gozar do bem da vida, estará perdendo o seu tempo, porque quando ele morrer, não levará o seu dinheiro para a sepultura. Na sepultura, o dinheiro não serve para nada. Então, já que o dinheiro não servirá para nada na sepultura, Eclesiastes diz: ‘gaste o seu dinheiro agora na sua vida’. Porque se você não gastar o seu dinheiro na sua vida com sua esposa e seus filhos, fazendo o bem para sua alma, pode acontecer duas coisas: esse dinheiro pode cair na mão de outra pessoa, que talvez, seja seu filho, e ele poderá não saber administrar esse dinheiro e jogará tudo no mato ou então esse dinheiro poderá se perder por qualquer má aventura. O que tudo isso tem a ver com a religião secular? Para entendermos isso veremos como a religião secular ver o trabalho na vida de seus adeptos. Na idade Média, a religião dividiu as pessoas em clero e laicato (uma palavra grega que vem de ‘laos’), que é o povão. O clero, constituído pelos sacerdotes, era responsável pelos sacramentos, pelo ensino e pelas demais coisas sagradas. E o povão? Era responsável pelo trabalho para sustentar os sacerdotes. Pois uma vez que os sacerdotes que se dedicavam apenas nas coisas da Igreja, não poderiam se envolver com as coisas do mundo. Porque para o sacerdote o trabalho secular era uma atividade mundana ou profana. É por isso que o povão que se dedicava ao trabalho, não poderiam ministrar os sacramentos. Nem sequer eles poderiam possuir uma Bíblia ou ler a Bíblia, a não ser que fosse acompanhado por um padre. Eles não tinham nem o direito e nem o dever pelas coisas espirituais, apenas o clero. O povão tinha que gerar filhos para aumentar os membros da Igreja e trabalhar para sustentar o clero. É por isso que a palavra ‘trabalho’ em latim vem do termo ‘tripalium’ que era um instrumento de tortura formado por três paus (daí vem a palavra tri+palium) usado pelos romanos para causar suplícios aos escravos. E era desse modo que o trabalho era visto na Idade Média, como algo imposto por Deus ao homem pecador. Enquanto que os ‘santos’, que eram os papas, os padres, os monges, etc., toda essa cambada de preguiçosos, que mamavam nas tetas do governo, não queriam trabalhar. Portanto a religião secular considerava o trabalho como uma atividade profana. 22
Porém para a religião cristã, o trabalho não é mais essa tortura na vida do homem como algo que impeça dele servir a Deus. Não! Pelo contrário, o cristianismo ensina ao cristão santificar o seu trabalho como um serviço que ele está prestando a Deus, e não apenas aos homens. Leiamos Colossenses 3.22-4.1: ‘Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas. Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus’. A religião secular diz que o trabalho é uma obra profana, mas o cristianismo bíblico ensina que o trabalho é uma atividade consagrada a Deus. De modo que não é apenas ao seu padrão que o crente está obedecendo, mas também a Deus. E a sua recompensa não é apenas o salário que ele recebe, mas o ‘galardão da herança’ que Deus lhe dará pelo bom serviço que ele prestou na empresa. Desse modo, o trabalho é santificado. Veremos outra coisa que a religião secular procurar separar: a vida civil do cristão. A religião secularizada transformou seus adeptos em ‘monges’, ‘freiras’, ‘eremitas’, ‘asceta’, ‘alienados’ (Cl 2.18-23), ensinando que se a pessoa que servir a Deus deve abandonar o mundo e se enclausurar em um mosteiro. Todavia a religião cristã ensina que o cristão não pode viver alienado do seu contexto social. O cristão tem que saber diferenciar as coisas sagradas, as coisas seculares e as coisas profanas. As coisas sagradas, o cristão não pode seculariza-las, porém, as coisas seculares, ele tem que santifica-las a Deus e as coisas profanas, ele não deve nem tocá-las, mas deve evita-las e renuncia-las. Vamos citar um exemplo, a telecomunicação é secular, pois os homens inventaram os meios de comunicações. Cristo disse: ‘Vós... não sois do mundo’ (Jo 15.19), porém, a telecomunicação é do mundo. Então, isso significa que o cristão não pode adquiri os bens da telecomunicação por não fazer parte do mundo? Ele pode adquirir. Entretanto, o cristão adquire esses instrumentos do mundo, e os usam, também, para serviços sagrados. De modo que a igreja faz uso de instrumentos de som, da televisão, do rádio, da internet, telefone para propagar o evangelho. Quando a igreja utiliza esses bens está santificando algo secular para o serviço de Deus. Porém, o cristão, individualmente, pode utilizar dos meios seculares sem serem para serviços sagradas? Claro que sim! Ele pode, por exemplo, assistir um programa de educação, de informação – ‘eu só 23
assisto se for um programa evangélico’ – Não! Um cristão pode assistir a um programa de jornalismo, de entretenimento. Mas os programas profanos, o cristão deve evita-los. E desse modo, o cristão vive a sua vida, fazendo uso das coisas sagradas e seculares. Outro exemplo, nossas vestes são do mundo ou secular, não são vestes sagradas. E quais são as vestes sagradas? São aquelas que Deus ordenou os sacerdotes usarem, porém, nós não as usamos nem na igreja e nem no dia-a-dia. O cristão não tem roupa sagrada! Ele tem roupa secular, entretanto, ele evita as roupas profanas. O que é roupas profanas? Roupas que expõem a sensualidade em público, que expõem mensagens satânicas e símbolos idólatras. Perguntaram-me: ‘o cristão pode usar gravata uma vez que foi inventada por gay?’. Não se sabe realmente a origem da gravata, mas talvez tenha sido um estilista, agora, se ele tem uma orientação homossexual, ninguém não tem nada a ver com isso. Porque se nós fomos nos basear por isso, então, quando entrarmos em algum supermercado para comprar qualquer produto, teremos que nos informar quem produziu aquele produto, se foi um gay ou um satanista ou um ateu, ou seja, lá quem for. Nesse caso, teremos que criar no mundo um supermercado só para os evangélicos cujos produtos terão que ser produzidos pelos pastores. Mas isso se constituirá pura superstição. É por isso que eu digo que o cristão utiliza das coisas seculares, e não pode desvincular dessas coisas seculares. E não pertencer ao mundo significa não praticar as coisas profanas do mundo. É claro que o cristão tem que saber utilizar as coisas seculares de uma maneira equilibrada. O cristão veste as suas roupas adequadas ao ambiente, compatível ao lugar em que se encontra. Ele não vai para praia ou para o estádio de paletó e gravata, e nem vem para a igreja de camisa de time ou de short. Agora, certas roupas, o cristão evita não é porque sejam erradas, mas é por causa do costume da sua igreja ou da consciência de um irmão. Portanto, podemos ser cristãos e cidadãos, não é ser cristão na igreja, e cidadão na sociedade. Não existe essa separação. Ele é um cidadão cristão e um cristão cidadão que segue os princípios cristãos na sociedade secular e na comunidade cristã. Gostaria de citas as palavras do Pr. José Gonçalves: ‘Vivemos em um mundo em que há autoridades constituídas e onde, consequentemente, direitos e deveres são estabelecidos. Somos cidadãos e possuímos direitos e deveres para com o Estado. Pagamos os impostos, podemos votar e receber votos. Enfim, não podemos eximir-nos das nossas obrigações para com a nação. A nossa consciência cívica deve ter como base a Bíblia Sagrada’ (Lição 10, 4ºTrim/2013). Irei citar alguns direitos de um cidadão conforme encontrado em nossa Constituição Brasileira: 24
A lei só tem o direito de proibir as ações que prejudiquem a sociedade. Tudo quanto não for impedido por lei não pode ser proibido e ninguém é obrigado a fazer o que a lei não ordena. Ninguém deve ser inquietado pelas suas opiniões, mesmo religiosas, desde que as suas manifestações não prejudiquem a ordem pública estabelecida pela lei. Quer dizer qualquer cidadão pode acreditar no que ele quiser acreditar, conquanto, que a sua crença não traga prejuízos para a sociedade como anarquia, badernas e perturbação à ordem pública. A crença é de foro íntimo. Ninguém pode lhe proibir de crer no que você acredita. É um direito que a lei lhe assegura. A livre comunicação das opiniões e dos pensamentos é um dos direitos mais preciosos do homem; todo o cidadão pode então falar, escrever, imprimir livremente; devendo responder pelos abusos desta liberdade em casos determinados pela lei. Meus irmãos, a religião não pode estipular aquilo que você deve ler ou não ler – ‘você tem que ler apenas livros evangélicos, livros seculares você não pode ler’ – Não, senhor! A lei garante que o cidadão é livre para ler o que ele quiser ler. O cristão é livre para ler livros evangélicos e livros seculares, porém, ele evita ler livros profanos. A livre comunicação é uma lei inviolável para o cidadão, isso inclui a liberdade de expressão. Podemos expressar nossas opiniões e pensamentos sem com isso sermos levados ao julgamento perante qualquer autoridade. Não podemos é difamar as pessoas, levantar um falso testemunho e caluniar as pessoas, por que senão seremos julgados por danos morais. Muito embora o cristão como cidadão esteja sob autoridade constituída, contudo aquelas leis que entram em choque com a Palavra de Deus, o cristão opta pela palavra de Deus. Temos a Constituição Brasileira, mas acima da Constituição Brasileira, está a palavra de Deus para o cristão. Tudo aquilo que a lei ordena e fere os princípios cristãos, nós não obedecemos. Vamos ver alguns deveres de um cidadão conforme encontrado em nossa Constituição Brasileira: Votar para escolher nossos governantes e nossos representantes nos poderes executivo e legislativo; cumprir as leis; respeitar os direitos sociais de outras pessoas; prover seu sustento com o seu trabalho; alimentar parentes próximos que sejam incapazes de prover seus próprios sustentos; educar e proteger nossos semelhantes; proteger a natureza; proteger o patrimônio comunitário; proteger o patrimônio público e social do País e colaborar com as autoridades. Esses são alguns dos direitos e deveres dos cidadãos, e também dos cristãos como cidadãos. 25
A religião secular mescla a religião com o estado. Na Idade Média, a Igreja secular era isenta de imposto e mamava nas tetas do governo. O governo era que sustentava o clero, construía os templos e bancava os serviços religiosos. Antigamente as nações não eram um estado laico, mas uniam poder político com poder religioso. Isso é visto em quase todas as nações antigas como o Egito, onde os sacerdotes eram sustentados pelos Faraós (Gn 47.22), assim também acontecia na Babilônia e no Império Romano. Essas nações eram politeístas e seus reis se consideravam filhos dos deuses, por isso que eles tinham como dever político promover adoração pagã. E os sacerdotes mantinham essas religiões secularizadas, que por sua vez eram sustentados pelos imperadores. Enquanto que os cidadãos comuns pagavam seus impostos, os sacerdotes eram isentos. E o Judaísmo? O judaísmo gozava de alguns privilégios na época do império romano por causa do seu monoteísmo. Roma abriu algumas concessões para os judeus, por exemplo, um judeu não era obrigado adorar o imperador. Todos tinham que prestar homenagem sagrada ao imperador, mas os judeus eram isentos disso. Os judeus eram isentos de serem convocados ao tribunal no dia de sábado. Os romanos tinham que tolerar as crenças dos judeus, de modo que eles não transportavam no templo figuras que os judeus consideravam símbolos idólatras. Por exemplo, os guardas romanos que protegiam o templo, não usavam o escudo com emblemas idólatras. A religião judaica gozava desses privilégios diante do império romano, contudo, ela era uma religião secularizada, porque os sacerdotes eram colocados pelos imperadores romanos. Os sacerdotes pertenciam a classe da elite de Israel, a aristocracia de Israel. Os saduceus eram os ricos fazendeiros, e recebiam benefícios do império romano. Por isso que os saduceus não queriam o rompimento com Roma, pois recebiam muitos benefícios, principalmente o direito de gozar dos tributos que eram pagos ao templo, além do dízimo, e esses tributos eram manuseados pelos sacerdotes saduceus. No tempo de Constantino, a igreja que vivia na margem da sociedade, porque não era uma seita judaica e nem pertencia a religião politeísta de Roma, era perseguida, tida por pessoas alienadas e suas reuniões secretas eram suspeitas de estarem planejando um golpe de estado contra o império romano. Essa perseguição durou até Constantino, quando ele, então, secularizou a igreja cristã. Constantino baniu o politeísmo, e estabeleceu a igreja cristã como a religião oficial. Doravante, os líderes que eram perseguidos começaram agora receber benefícios do governo romano. E até hoje, o Vaticano é um país eclesiástico em que uni a política e a religião no mesmo poder. O papa tem 26
o poder temporal e espiritual em suas mãos, ele é tanto chefe político como chefe religioso. O Brasil até a proclamação da república era também um país semelhante as nações antigas. Tinha o império e tinha a religião oficial, que era a Igreja Católica, por isso que ela tinha grandes benefícios. Não pagavam impostos e o governo bancava os serviços religiosos. Porém, a partir da República, em 1889, o Brasil tornou-se um Estado laico. O que é um Estado laico? É um Estado que não é religioso, mas também não é ateu. É um país que não apoia nenhuma religião, mas defende a liberdade de culto a todas as religiões. O Brasil não é um país cristão ou evangélico ou católico. Todavia, sabemos que embora o Brasil não seja católico, o nosso governo firmou um tratado com o Vaticano para dar-lhe alguns benefícios aqui no Brasil, cujos benefícios não são gozados pelas demais religiões. Enfim, os cristãos, como cidadãos, podem se envolver na política, porém, a Igreja não pode se envolver na política, isso a transforma em religião secular. Todavia, os políticos evangélicos devem santificar os seus serviços públicos como um serviço prestado a Deus. Podemos santificar o secular, mas não podemos secularizar o sagrado. A igreja deve se manifestar sobre assuntos sócio-político-civil como Igreja do Senhor, como uma voz profética na nação, e não como uma concubina da bancada evangélica no congresso. Portanto, meus irmãos a religião secularizada é aquela religião misturada com o mundo. Por isso trataremos sobre o seguinte tópico: A religião secular mistura as coisas santas com as coisas profanas. Enquanto o cristianismo bíblico ensina que o cristão como cidadão tem que trabalhar e servir o seu país, quer dizer, ele pode ser um militar, um político, e etc., todavia a igreja como instituição não pode se envolver nessas coisas senão ela vai seculariza-se. Isso significa que qualquer cristão como cidadão pode apoiar um partido político, mas a igreja, como povo de Deus, não pode estar envolvida em partidos políticos. A partir do momento em que a igreja se envolve com partidos políticos, ela torna-se uma igreja secular. A igreja é santa não pode se envolver com coisas seculares, o cristão é santo, mas também é um cidadão civil por isso ele pode manusear as coisas seculares. Por exemplo, um cristão que é político tem que usar o seu serviço na política como um serviço que ele está prestando a Deus, de modo que ele não pode pensar assim: ‘Na igreja, eu sou crente e sou honesto, mas na política, eu sou corrupto. Eu vou dançar conforme o ritmo’. Se ele é um cristão tem que aplicar seus princípios cristãos dentro da política, servindo a Deus com o seu serviço político. Porém a igreja não pode se envolver com a política com o objetivo de servir a Deus, senão ela vai se tornar uma religião secular. 27
A religião secular mistura as coisas santas com coisas profanas. Primeiro, a religião secular torna o lugar de culto em local de comércio; segundo, a religião secular torna o lugar de culto em um palanque eleitoral; terceiro, a religião secular torna o lugar de culto em um covil de salteadores. Salomão construiu o templo sagrado com o objetivo de que ali habitasse o nome de Deus, e servisse de local coletivo de adoração. Porém, na época de Jesus Cristo o que se tornou esse templo sagrado? Em um covil de ladrão. Muito embora esse templo não seja o templo que Salomão construiu, mas o templo construído na época de Esdras e Neemias, e depois reformado por Herodes, mas para todos os efeitos era no mesmo local do templo de Salomão. A religião secular transforma o local sagrado em um comércio. Leiamos João 2.13-16: ‘E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda’. Meus irmãos, esse comércio no templo beneficiava os sacerdotes. Vejam bem, os judeus que moravam em outras regiões que não eram em Jerusalém, tinham que trazer de seus próprios rebanhos uma ovelha para ofertar a Deus no templo, mas como era dispendiosa ou dificultosa a viagem, eles traziam o dinheiro e comprada no templo. E assim o templo de Jerusalém se tornou em um verdadeiro comercio. E todo o dinheiro da venda de bois, ovelhas e pombos iam para o bolso dos sacerdotes. Quer dizer, o judeu além de pagar o tributo para manter o templo, ainda tinha que pagar para oferecer sacrifícios, e isso além dos dízimos. E como eles traziam dinheiros romanos, e esses dinheiros tinham a insígnia do imperador romano, e, portanto, era um dinheiro impuro e profano, trocavam com os cambistas por dinheiros sagrados. A religião secular transforma a igreja em uma empresa quando pastores se tornam empresários ricos à custa dos recursos da igreja, vendendo promessas furadas. As igrejas secularizadas estão se transformando em empresas, e empresas rentáveis que produzem bons lucros para seus pastores-empresários. Hoje é muito mais fácil abrir uma igreja do uma empresa, cujos rendimentos são maiores e melhores do que de uma empresa. A igreja torna-se uma empresa rentável porque ela não paga impostos das suas finanças: doações, ofertas e dízimos recolhidos. Se uma empresa faturar mais de vinte quatro mil reais deve declarar seu imposto de renda, porém, uma igreja pode ganhar cem milhões não faz declaração de imposto de renda. As igrejas e todas as instituições sem fins lucrativos 28
simplesmente apresentam anualmente um documento DIPJ (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica) para a Receita Federal. Porém, se as igrejas dos pastores-empresários apurar cem mil reais, quem é que vai dizer para a Receita Federal que ela apurou esse valor? Eles declaram apenas 50 mil, e o restante eles investem em seus próprios patrimônios. Outros pastores abrem uma associação que apenas lhes servirão de canal para receberem benesses do governo. A igreja torna-se uma empresa rentável porque os patrimônios comprados em nome da igreja têm as taxas de impostos menores. De modo que um pastor-empresário comprar um carro, em nome da igreja, será muito mais em conta do que comprar em seu próprio nome. E assim meus irmãos, muitos pastores de igrejas seculares, mantendo uma aparência de pastores espirituais e ungidos, estão explorando os membros de suas igrejas para custear a vida desses pastores ricos. Os homens que se dizem ungidos e servos de Deus mamando o dinheiro suado dos pobres dos membros. Compram avião em nome da igreja, mas os membros não usam, apenas eles que usam. A igreja torna-se uma empresa rentável porque em alguns estados e municípios do Brasil, elas não pagam IPVA e IPTU. O pastor-empresário, que come o dinheiro da igreja, compra um carro no nome da igreja e não paga IPVA, enquanto que o membro da sua igreja, anualmente, paga o IPVA do seu carro. Os políticos das igrejas seculares estão lutando no Congresso para derrubar a cobrança do ICMS das contas de água, luz, gás e telefone para que as igrejas paguem essas contas sem imposto. O Dr. Gilberto Garcia, que publicou o livro ‘O Novo Código Civil e a Igreja’, pela CPAD, disse o seguinte: ‘A prefeitura municipal, ou órgãos estaduais ou federais, não estão fazendo nenhum favor ao reconhecer referida imunidade constitucional da Igreja, relativo ao IPTU. (Imposto Predial Territorial Urbano), ou outros impostos, tais como: ITBI (Imposto Predial Territorial Urbano), ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor), IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), IRRF (Imposto sobre a Renda), e ainda, ISS (Imposto sobre os Serviços), e quaisquer outros impostos que existem ou forem criados’. Quer dizer, quando o Estado diz: ‘Não vamos cobrar das religiões nenhum desses impostos’, o Dr. Gilberto diz que eles não estão fazendo nenhum benefício às igrejas, estão apenas cumprindo o que já está na Constituição Brasileira, conforme está escrito: ‘... Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: instituir impostos sobre: templos de qualquer culto’ (no artigo 150). 29
Isso significa que não importa que tipo de igreja uma pessoa pretenda abrir, por exemplo, pode ser até uma igreja chamada ‘Bola de Neve’, tal pessoa não pagará nenhum imposto. Será que isso é bom? É maravilhoso? Para um pastor honesto e sincero que quer pregar o evangelho e beneficiar o povo, isso é maravilhoso. Porque a igreja sincera irá investir esse dinheiro que iria para o imposto de renda em benefícios para famílias carentes, para educação, para trabalhos comunitários e para serviços sociais. Isso é bom demais para nós! Porém os pastores safados, sem vergonhas e ladrões irão se aproveitar desse direito de não pagar impostos para abrir igrejas como empresas para arrecadar dinheiro para seus bolsos. Aí compram fazendas em nome da igreja, mas que não é da igreja, é deles; compram casas lindas, exuberantes com valores exorbitantes utilizando-se do CNPJ da igreja, e enquanto o membro mora em uma casa de taipa, tal pastor mora em uma mansão da igreja. Meus irmãos, para evitar esse roubo que está debaixo do pano, esse comércio todo que está acontecendo em nome de Jesus e em nome da igreja, o certo seria o pastor ter seu salário estipulado, pois ‘digno é o obreiro do seu salário’ (1ª Tm 5.18) e aqueles que ‘pregam o evangelho, que vivam do evangelho’ (1ª Co 9.14), e o restante do recurso deve ser investido na igreja e na obra social. A religião secular transforma o lugar de culto em um palanque eleitoral. O templo de Salomão se transformou em um poder políticoreligioso chefiado pelos saduceus. Assim, também, a religião secular é conduzida pelo poder político (Ap 17.1-6). Na religião secular pastores se transformam em cabras eleitorais para conquistar votos dos seus adeptos. A religião secular transforma o lugar de culto em um covil de salteadores. O templo de Salomão se transformou em um covil de ladrões e salteadores (Mt 21.13; Lc 19.46). Assim também, na religião secular, igrejas se transformam em máquinas para lavar dinheiros ilícitos. Todo dinheiro brasileiro passa pela receita federal, porém, o dinheiro do narcotráfico não passa e nem o dinheiro dos políticos corruptos. Então, onde esse dinheiro é lavado para se tornar lícito? Muitos desses dinheiros ilícitos estão sendo lavados em igrejas de pastores corruptos. Há outros tipos de golpes. Digamos que uma igreja fature R$ 200.000, aí o pastor quer usar parte desse dinheiro para o seu próprio benefício; mas como ele vai utilizar esse dinheiro se a sua renda pessoal é apenas cinco mil reais? Ele aplica esse dinheiro nos chamados paraísos fiscais, que são bancos internacionais que facilitam as pessoas fazerem transações com dinheiros ilícitos, porque são bancos que têm altos sigilos bancários, e a polícia federal não tem como descobrir a origem desse dinheiro. Depois é só criar um meio de fazer esse dinheiro retornar para o Brasil de modo legalizado, pois uma vez que o dinheiro foi aplicado no 30
banco, o banco legaliza o dinheiro. Agora, o problema é como ele vai levar esse dinheiro para os paraísos fiscais, pois, sabemos que é proibido viajar com uma quantidade exorbitante de dinheiro. Esses pastores corruptos utilizam a cueca para transportar o dinheiro sem ser notados. É por isso que muitas pessoas são presas nos aeroportos com dinheiro dentro das cuecas... Meus irmãos, eu tinha ainda muitas outras coisas para falar, coisas pesadas, por exemplo, como resgatar a devoção da secularização: retornando à liturgia verdadeira, fugindo do formalismo, descentralizando o homem do culto, centralizando Deus no culto e na vida, valorizando as práticas espirituais, mas infelizmente o nosso tempo se esgotou. Amém.
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 22 de Dezembro de 2013 Sobre Lança o Teu Pão Sobre as Águas Leiamos Eclesiastes 11.1,2: ‘Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra’. O escritor de Eclesiastes, o rei Salomão, expõe diante de nós a realidade da vida; ele nos desengana, nos desilude para que ninguém viva no mundo iludido; ele mostra a realidade tanto para o justo como para o ímpio. Ele diz que ‘tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio’ (Ec 9.2) e ‘tudo que sucede debaixo do sol... é vaidade’, ‘vaidade de vaidades’, ‘tudo é vaidade’ (Ec 1.2,13,14,17). Como no hebraico não há superlativo, então, ele quer dizer que a vida é uma vaidadíssima, uma supervaidade. Por isso toque nas coisas do mundo, mas não abrace, não vá com muita sede ao bote, pois, o que você está vendo é apenas uma ilusão. Eclesiastes, também diz que a vida, além de ser uma vida de ilusão, ainda é uma vida cheia de sofrimento e trabalho enfadonho para o homem. O homem tem que trabalhar de dia e de noite para puder se sustentar e se manter nessa vida. Eclesiastes mostra também que a vida é uma vida de incertezas. Acordamos de manhã, mas não sabemos se iremos chegar a noite. É uma vida oculta, uma vida de mistério porque ninguém sabe quais são os planos e as obras de Deus. De modo que Deus escreve certo por linhas tortas; escreve torto por linhas certas; escreve certo por linhas certas e escreve torto por linhas tortas. Ninguém sabe o que Deus faz! E ninguém se intrometa. Temos que apenas 31
nos submeter a vontade de Deus como diz Eclesiastes ‘teme a Deus’ (Ec 12.13). Também temos visto em nossas palestras anteriores que não adianta virmos com a nossa religião secularizada tentar barganhar com Deus através das nossas orações e dos nossos votos porque essas coisas não irão mudar os propósitos de Deus, pelo contrário, essas coisas devem nos fazer se submeter aos seus propósitos. Aquilo que Deus estabeleceu, irá acontecer! Salomão disse que o que Deus fez torto, ninguém pode endireitar (Ec 7.13). Portanto, não adianta questionar com Deus, nem mesmo porque os ímpios prosperam, pois temos visto na palestra do irmão Lopes que a prosperidade dos ímpios é uma ilusão. Então, meus irmãos, diante dessa situação que é posta diante de nós, surge a pergunta: O que fazer: sentar e esperar a morte? Ou tomar uma firme e sábia atitude na vida? A partir do capítulo 11, Salomão vai nos dar alguns conselhos sobre o nosso posicionamento diante desta vida. Primeiro conselho, ponha propósito em sua vida, isto é, viva com propósito. Ouça o conselho de Salomão: ‘lança o teu pão sobre as águas’. Para viver com propósito temos que fazer com que nossos bens tenham valor eterno. Como fazer isso? Faça um investimento milionário. Segundo alguns comentaristas, as palavras ‘lança o teu pão sobre as águas’ significa que a pessoa deve fazer um investimento em sua vida. O livro de Eclesiastes fala de riqueza e de sabedoria. E diz que a riqueza é vaidade, algo passageiro. Então, já que o dinheiro é passageiro, Salomão começa a aconselhar o que a pessoa deve fazer com o seu dinheiro nesse mundo de vaidades, isto é, como melhor aproveitar a sua riqueza. Por isso que segundo alguns comentaristas, o rei Salomão nos ensina fazer investimentos e aplicações. Em nossa época, seria investir na bolsa de valores, em fundos monetários, comprar ações de empresas, fazer aplicações nos bancos. Por que devemos fazer isso? Porque segundo Salomão, nós não sabemos quais são as crises que surgirão no mundo. E se a pessoa aplicar o seu dinheiro apenas em uma coisa, essa coisa pode falir, e todo o seu dinheiro ir junto. Por exemplo, se a pessoa aplicar todo o seu dinheiro em uma empresa, se aquela empresar abrir falência, o seu dinheiro também fali. Por isso que em vez da pessoa aplicar o seu dinheiro apenas em uma empresa, ela deve aplicar em outros fundos, pois isso garantirá, que no futuro, ela tenha dinheiro se surge alguma crise. Faça negócio com o seu dinheiro! Eu tinha um colega que dizia que ‘dinheiro é como estrumo, só presta espalhado, porque junto fede’. Esses são alguns conselhos que alguns comentaristas dão baseado em Eclesiastes 11. 32
Porém, o nosso comentarista José Gonçalves nos ensinará a fazer outro tipo de investimento, um investimento de valor eterno. Qual seria esse investimento? Leiamos Provérbios 19.17: ‘Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício’. Isso é um investimento! A pessoa está emprestando a Deus; está depositando o seu dinheiro no banco do céu. Isso acontece quando a pessoa dá aos pobres, não é quando a pessoa dá aos pastores e aos tele-evangelistas, mas quando se dá ao pobre, está fazendo um empréstimo ao Senhor, e o texto diz que o Senhor irá retribuir. Entretanto, às vezes, essa retribuição é ao longo prazo. Isso significa que nem sempre, a pessoa irá colher nessa vida, talvez colha, mas nem sempre. Leiamos Lucas 14.12-14, que nos mostrará que esse investimento que fazermos ao Senhor é de longo prazo. Diz assim: ‘E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos’. Note que esse investimento é de longo prazo. A pessoa investe nos pobres, aleijados e etc., e colherá na ressurreição dos justos. Jesus Cristo aconselhou aquele jovem rico avarento, quando lhe perguntou: ‘O que devo fazer para herdar a vida eterna?’. Jesus lhe disse: ‘Vai, vende tudo quanto tens, dar aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e me segue’. Esse conselho é para os avarentos! Os avarentos são aqueles apegados ao dinheiro, que na verdade, não lhes trará nenhum valor eterno. Por isso que para o dinheiro trazer algum valor para o avarento diante de Deus, ele precisa fazer o bem aos necessitados. Para fazermos um investimento milionário na conta do céu, temos que ser condescendentes com os pobres, quer dizer, ser benevolente, bondoso e ter compaixão dos pobres. Mude seus sentimentos em relação aos pobres! Não veja o pobre como uma pessoa amaldiçoada; como uma pessoa debaixo dos castigos de Deus. Mas veja o pobre como se fosse o próprio Jesus Cristo debaixo do manto da pobreza. Sobre isso, Jesus Cristo disse: ‘Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber’ (Mt 25.35). E os justos perguntaram: ‘Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?’ (Mt 25.37). O que lhes respondeu Jesus: ‘Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes’ (Mt 25.40).
33
Portanto, para fazermos esse tipo de investimento, temos que ver o pobre como um enviado do Senhor; como uma oportunidade que o Senhor está nos dando para semearmos o bem. Em Hebreus 13.2, lemos: ‘Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos’. Aquele mendigo que chega na sua casa pode ser um anjo do Senhor, é Deus lhe testando para ver como você agirá. E se fosse Jesus Cristo ou um anjo? Como você agiria? Não temos que ver um pobre como um profeta da prosperidade ver, como um desgraçado, um miserável e um amaldiçoado. Porém, uma vez que mudarmos os nossos sentimentos em relação aos pobres, temos que fazer algo em favor dos pobres. Pois não ainda apenas ter compaixão no coração, apenas se condoer pelas misérias dos outros, mas fazer algo para ajudar essas pessoas. Afinal de contas, o que é pobreza? Há dois tipos de pobreza: pobreza relativa e pobreza absoluta. A pobreza relativa constitui daqueles que ganham o básico para sobreviver. Esse tipo de pobre tem o seu emprego, sua casa, seus bens e abastecimento de água e energia elétrica. Ele não tem o suficiente para dar, mas para manter o seu lar. Então, ele é um pobre, mas um pobre relativo, que não depende de ninguém, mas de seu próprio recurso. A pobreza absoluta ou pobreza extrema é "uma condição caracterizada por uma grave privação de necessidades humanas básicas, como alimentos, água potável, instalações sanitárias, saúde, residência, educação e informação” (http://issuu.com/cnjportugal/docs/eu_dou_a_ cara/3). Isto depende não só do rendimento, mas também do acesso aos serviços públicos. Segundo outra fonte ‘a pobreza [absoluta] não é apenas uma baixa renda mensal. Estar na pobreza é também não ter acesso à moradia adequada, à educação, à saúde, a um trabalho decente e ao saneamento básico’. Então quando falo em ajuda aos que vivem na pobreza, me refiro à pobreza absoluta; daquela da família que se levanta de manhã e não tem o que comer; daquele pai de família que está desemprego há anos, e não consegue arrumar emprego por várias razões; é um batalhador, não é uma pessoa preguiçoso, mas é uma pessoa que quer trabalhar, mas não consegue encontrar emprego; são aqueles que vivem na mendicância, mendigando o pão todo dia, se arrastando nas praças e nas ruas das grandes cidades atrás de um trocando para que a noite tenha o comer com seus filhos e sua esposa. O Governo Brasileiro tem vários projetos para erradicar a extrema pobreza do país, inclusive esse é uma das metas da presidenta Dilma, para isso ela criou vários projetos e muitos desses projetos têm beneficiado a várias famílias carentes. 34
Porém a pergunta que nos toca nessa manhã é a seguinte: O que nós, como igreja, podemos fazer para erradicar a extrema pobreza da nossa comunidade cristã? Essa é a missão que se propõe diante de nós, pois a Escritura diz: ‘enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé’ (Gl 6.10). Antes de ajudarmos aos pobres do mundo, temos que primeiramente ajudarmos os pobres da igreja. Irmãos, é muito maravilhoso temos um templo suntuoso e pomposo, com ar condicionado e poltronas, um local onde podemos encontrar conforto. Oremos para que o nosso projeto de colocar ar condicionado e poltronas no nosso templo se realize. Contudo, o nosso templo rico será uma denúncia contra nós no dia do juízo se dentro desse templo haver pessoas passando fome. Por isso que antes de colocarmos qualquer textura nessas paredes, temos que primeiramente averiguar se entre nós não há nenhuma pessoa passando fome. Senão, será semelhante aquele mendigo que estava sentando na porta chamada Formosa. Na porta Formosa do templo estava um homem coxo mendigando. O que é era a porta Formosa? Era uma porta revestida toda de bronze, quando o sol a aluminava, resplandecia. Os judeus se gloriavam disso, pois aquilo demonstrava a riqueza e o esplendor do templo, mas ali se encontrava um mendigo na porta. Meus irmãos que os nossos templos, as nossas grandes catedrais e nossos arranha-céus no dia do juízo não caíam e despenquem em nossas cabeças, sem nenhum valor diante de Deus. Pois os nossos templos só terão valor para Deus se dentro deles não haver pessoas em extrema pobreza. O que podemos fazer? Primeiro, pregar o evangelho aos pobres - Mateus 11.5: ‘...aos pobres é anunciado o evangelho’ e Lucas 14.21-23: ‘E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha’. Pregar o evangelho aos pobres não é apenas dar-lhes remissão dos pecados e livramento da condenação eterna, mas também, estruturar suas vidas e recuperar sua dignidade. Quando pregamos o evangelho ao pobre, estamos dando oportunidade aquela família desestruturada na miséria, sair daquela situação. Porque muitas vezes a pobreza é o resultado social de como a pessoa vive. Às vezes a pessoa gasta o seu dinheiro com bebidas, drogas e prostitutas, às vezes o pai tira o dinheiro do pão do filho e dá no boteco. Essas coisas causam desestrutura na família. Mas quando a pessoa recebe o evangelho e crer, muda esses hábitos e abandona esses vícios, e acontece 35
uma transformação, não só espiritual, mas também social. E assim essa pessoa é recuperada. Portanto, o serviço da igreja também é de recuperar as pessoas através do evangelho. Falando de uma maneira cômica, o evangelho é semelhante ao Robin Hood que tirava dos ricos e dava aos pobres. O evangelho salva o rico para que ele ajude o pobre. Segundo, dar instruções aos pobres - Eclesiastes 9.14-16: ‘Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens, e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes baluartes; e encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria, e ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e as suas palavras não foram ouvidas’. A maior riqueza de um pobre é o conhecimento. Se é ruim ser pobre, pior ainda é ser um pobre ignorante, sem conhecimento. É através do conhecimento que o pobre se libertar da ignorância que o mantém preso ao sistema dos poderosos; o conhecimento ao pobre fará com que ele quebre esse grilhão que o mantém preso a miséria. Esse homem era pobre, mas tinha conhecimento, e ele conseguiu livrar sua cidade do poder desse tirano, quer dizer, ele libertou seus concidadãos desse sistema opressor que lhes iam subjuga-los a tributos pesados. O conhecimento liberta da ignorância! A falta de conhecimento e de informação é a pior coisa na vida de um ser humano. Pois torna os pobres vulneráveis ao poder dos poderosos. Por que os poderosos não fazem questão dos pobres terem conhecimento? Por que eles querem manter os pobres na ignorância? Porque eles sabem que o pobre que tem conhecimento se torna uma ameaça para aquele rico poderoso; porque a partir do momento que o pobre adquirir conhecimento, reivindicará os seus direitos. Na época de Jesus Cristo, os fariseus, os saduceus e os escribas detinham o poder do conhecimento, eles tinham o monopólio do conhecimento. As Escrituras eram mantidas trancafiadas na sinagoga, presas em um caixote que apenas o rabino tinha acesso; apenas os rabinos, praticamente, liam e copiavam as Escrituras. A população não tinha acesso as Escrituras. Para se adquirir as Escrituras era uma soma de dinheiro altíssima. Pois as Escrituras eram escritas em papiros ou pergaminhos, e esses materiais eram caríssimos. Um pobre não tinha condições de adquirilas. Então, o pobre vivia na ignorância. Mas o que foi que Jesus Cristo fez? Ele destrancou o conhecimento que estava preso na sinagoga, e o espalhou nas praças, nas beiras das praias, nas montanhas e aonde ele passava para enriquecer as pessoas com conhecimento. 36
Portanto, essa é a segunda atitude que a igreja deve tomar em relação aos pobres da congregação: dar-lhes o conhecimento e informação. E para isso a igreja tem que ter meios e instrumentos para instruir o povo. Todavia, não devemos utilizar o conhecimento para se ufanar, mas para fazer o bem as pessoas, muito embora não sejamos reconhecidos ou recompensados por isso. Veja que aquele homem pobre não foi lembrando, quer dizer, não foi construído nenhum monumento em sua homenagem, ninguém colocou seu nome em uma praça, ele foi esquecimento totalmente, contudo, seu conhecimento trouxe benefícios àquela cidade. Terceiro, denunciar as injustiças dos ricos avarentos e dos políticos corruptos (Lc 6.24,25). A igreja não deve paparicar os ricos avarentos e nem os políticos corruptos, mas denunciar suas ações. Quarto, estabelecer uma comissão diaconal. Pois, primordialmente, a missão dos diáconos é cuidar dos pobres (Atos 6.1-4). É importante que essa comissão diaconal mantenha um registro dos pobres extremos da congregação (1ª Tm 5.9,10). Porque às vezes um irmão pretende ajudar alguém, mas teme constranger a pessoa. Pois pode acontecer da pessoa ficar magoada – ‘esse irmão pensa o quê? Que eu estou passando fome? Para ele vir aqui na minha casa e me dar um quilo de arroz! – então, para evitar esse tipo de constrangimento, a comissão diaconal deve manter um registro de pessoas pobres, para quando um irmão quiser ajudar alguém possa se dirigir a comissão diaconal. A comissão diaconal passa a tomar conhecimento da necessidade de uma pessoa através da visita de rotina, e uma vez tomado esse conhecimento, deve tomar as precauções necessárias para ajudar aquela pessoa. Uma dessas precauções é encaminhar esses pobres aos projetos do governo (1ª Tm 5.4,8,16) ou tentar conseguir algum emprego para esses pobres (Fm 10-19), também incentivar a educação, pois a educação ajuda as pessoas saírem da pobreza (Pv 4.1-9), e por último, promover ajuda paliativa a esses pobres com contribuições ou donativos (At 4.34,35; 1ª Co 16.1-3; 2ª Co 9.1,6-9). Realmente, a igreja não tem como manter uma família a vida toda, então, ela simplesmente dar uma ajuda paliativa. Por isso que melhor do que dar o peixe, é ensinar a pescar, dando-lhes outros meios para conduzi-los a independência financeira. Outro investimento de valor eterno é contribuir para a obra missionária. Segundo o Pr. José Gonçalves essas palavras de Salomão – ‘lança o teu pão sobre as águas’ - também pode ser aplicado à obra missionária, pois ‘a palavra hebraica traduzida como “lançar” é shalah, que significa enviar’. Portanto investir o seu dinheiro na obra missionária, também é uma aplicação que você está fazendo nos bancos dos céus que lhe dará no futuro um valor eterno. 37
A segunda maneira de pôr propósito em sua vida é tomar precauções contra a imprevisibilidade da vida. Leiamos Eclesiastes 1.5: ‘Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas’. Algumas pessoas pensam que pelo fato de serem crentes, tudo quando está para acontecer em suas vidas, Deus irá revela-las. Mas Deus não é o nosso cartomante e nem as Escrituras Sagradas devem ser usadas como tarô – ‘Senhor o que me sucederá hoje?’ – ao abrir a Bíblia, cai em ‘...retirou-se e foi-se enforcar’ (Mt 27.5) – ‘Não, Senhor! Fala de novo, por favor – então, abre a Bíblia de novo, e cai em ‘... o que fazes, faze-o depressa’ (Jo 13.27)... A Bíblia não é o nosso tarô! Portanto, meus irmãos, irá acontecer coisas em nossas vidas que não serão reveladas nem por profecias, e nem por visões ou sonhos. Eclesiastes diz que nós não sabemos para qual lado a árvore vai cair, se irá cair para o norte ou para o sul, não sabemos. Por isso devemos nos preparar para uma morte acidental, uma doença inválida ou uma falência nos negócios (Is 38.1). Temos que tomar precauções! Se eu morrer hoje em que situação ficará minha família? Temos que ser honesto conosco mesmo, e encarar a vida como ela é. Eclesiastes, como eu já disse, tira a máscara da ilusão, e nos coloca diante da vida. E qual é a realidade que o livro de Eclesiastes nos mostra? Que você morrerá! E o que você tem não levará para a sepultura. Então, o que se deve fazer? Alguma coisa! O que dizer de Mateus 6.34: ‘Não vos preocupeis, pois, pelo dia de amanhã...’? É exatamente sobre isso que estamos tratando. Não sabemos o que acontecerá amanhã, então, o que se tem que fazer, faça-o hoje. Por exemplo, uma pessoa que possui muitos bens, e não sabe se estará viva amanhã, ela deve escrever logo o seu inventário ou testamento, dizendo para onde vai a sua riqueza. Caso contrário, se a pessoa morrer de repente, a briga vai ser feia. Tem muitos crentes que dizem: ‘Quem tem promessa de Deus não morre’, e muitos hinos cantam isso. E há crentes que vem com essa conversinha para Deus; esses tipos de crentes são obcecados por profetadas para assegurar Deus nelas – ‘O Senhor prometeu tem que cumprir’ – mesmo que seja uma profecia falsa, ele quer que Deus cumpra. É como se Deus dissesse: ‘Ixi, o meu servo está crendo tanto nessa profecia, que para ele não ficar decepcionado comigo, eu vou cumprir a falsa profecia’. Mas Deus não cai nessa conversa! Quem tem promessa morre! Leiamos Hebreus 11.13: ‘Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas...’. Há crentes que dizem: ‘Deus me prometeu que eu vou ali e além, e ainda não aconteceu, então eu só morrerei quando se cumprir’. 38
Meu irmão, esse seu ‘além’, pode ser o além mesmo e você parti dessa para outra. Você não entendeu foi a profecia. Há promessas que recebemos de Deus que se cumprirão em nossos filhos, netos ou bisnetos. Não se agarre nisso, tome precauções em sua vida. Deus prometeu a Abraão toda a terra de Canaã, mas quando ele morreu tinha apenas um pequeno espaço de terreno que havia comprado dos filhos de Hete para sepultar a sua esposa. Era só o que Abraão tinha, uma sepultura. As promessas de Deus provenientes de profecias são condicionais, mas as promessas incondicionais que estão registradas nas Escrituras se cumprirão na eternidade. Contudo, não seja pessimista, mas realista, e nunca crédulo (Ec 11.4; 27.12). O que é uma pessoa crédula? Leiamos Provérbios 14.15: ‘O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos’. O simples é uma pessoa crédula e ingênua, qualquer coisa que lhe diga, ele acredita. Acredita em qualquer ventinho e profeciazinha; é uma maria vai com as outras. Temos que ser firmes e convictos em nossas posições, mas também, realistas com a vida. É claro que o vento pode soprar ao nosso favor. O vento dos acontecimentos de Deus está soprando, porém, não sabemos em que direção está soprando ou se será ao nosso favor ou contra nós. Ele pode soprar ao nosso favor, contudo se isso não acontecer, enfrente os obstáculos da vida com otimismo. Leiamos Eclesiastes 11.6: ‘Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas’. Semeie o bem mesmo que seja contra o vento. Ainda que as coisas estejam soprando contra você, e tudo em sua vida esteja saindo errado, e não esteja em conformidade com que você ler nas Escrituras como os grandes benefícios que Deus prometeu aos justos, mas mesmo assim, permaneça firme na fé e fazendo o bem. Não reclame e nem murmure e nem se queixe contra Deus. Não abandone a sua fé, permaneça aí, semeando a sua semente, porque ela vai brotar. A terceira maneira de pôr propósito em sua vida é transformar sua religião em prática de vida. Leiamos Tiago 1.26,27: ‘Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo’. A religião não deve se constituir em palavras vãs, mas em práticas de vida. Nós, como religiosos, sofremos a tentação de cairmos em palavras vãs como nos hinos que cantamos, nas pregações que fazemos e nos estudos que ministramos. Todas essas coisas se tornarão em palavras vãs se não 39
forem aplicadas em nossas vidas; se não se tornarem em coisas concretas em nosso cotidiano. Vamos ler um texto que mostrará o que acontecerá com os religiosos que fizeram da sua religião apenas palavras vãs em cantar, pregar e ensinar. Leiamos Mateus 7.21-23: ‘Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade’. Não deixe a religião lhe enganar! Não fique impressionado com o sensacionalismo e nem com as manifestações dos dons – ‘Senhor, eu quero orar e ver as pessoas caindo’; ‘Senhor, eu quero pregar, e ver as pessoas estremecendo’. Não se deixe ficar impressionado por essas coisas. Mas transforme a sua religião em prática de vida para que possa ter valor. Vejo uma multidão de pessoas iludidas com a religião, porque expulsavam demônios, profetizavam e faziam muitas maravilhas. Seduzidas com religião, com sensacionalismo e com os abusos dos dons, buscando os holofotes, a fama, querendo ser um pregador famoso. Mas não deu em nada essa religião, acabou em nada. Agora vamos ler outro texto que mostrará o que acontecerá com os religiosos que põem em prática sua religião. Leiamos Mateus 25.34-36: ‘Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me’. Essa é a verdadeira religião do justo! Essa é a religião de Jesus Cristo. Jesus Cristo quando andou neste mundo não se vestia com roupas sacerdotais, não era membro da Sinagoga, nem do Sinédrio e nem do templo. O que Ele fazia? O bem! Ele foi ungido para fazer o bem. As suas pregações não eram para se exibir. Dizem que as melhores pregações de Cristo foram dirigidas a pessoas individuais. Seus sermões não tinham a intensão de lhe tornar famoso como um grande orador, Ele pregava para atingir os corações a fim de transformar as pessoas. Cristo curava e expulsava demônios, não para mostrar que ele tinha poder, pois Ele realizava essas coisas movido por íntima compaixão. Há muitos ministros que ao expulsar o demônio de alguém, se aproveitam do episódio para se gloriar, para mostrar que é poderoso – ‘Vem cá demônio, se ajoelha aqui, faz isso, faz aquilo’. Sem perceber que está tripudiando encima de uma pobre alma, expondo-a diante de todos e ferindo a dignidade humana. Ele utiliza o demônio para se gloriar, mas não ver que o demônio está oprimindo a pobre de uma alma. Porém, Jesus Cristo não 40
expulsa o demônio com esse objetivo de mostrar que ele era o tal, que era melhor do que os fariseus e os escribas, mas porque era movido por compaixão. Ele chorava ao ver as pessoas sofrendo. Transforme a sua religião em prática de vida! Como? Aprenda a arte de semear na vida. O apóstolo Tiago escreveu: ‘E todos aqueles que são pacificadores plantarão sementes de paz e levantarão uma colheita de justiça’ (Tg 3.18). Há várias maneiras de semear na vida. Faça amizade e construa relacionamentos fortes (Lc 16.9; Pv 17.9,17; 18.24; Ec 4.8-12); conquiste pessoas que tem o coração duro, seco e arenoso (Pv 18.19,20; 15.1; 25.15; Mt 5.23-25) e esforce-se arduamente para manter a paz com todos (Rm 12.17-21; 1ª Co 6.6-8; Hb 12.14). Fazer amizade e construir relacionamentos fortes também é um investimento na vida. Pois se um dia seus bens faltarem, você será acolhido por esses amigos - Lucas 16.9: ‘E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos’. Espere com fé a semente germinar. Se você plantou a semente do evangelho da paz (Mt 13.3; Ef 6.15; Mt 13.8) e a semente do auxílio ao próximo necessitado (2ª Co 9.6,9,10; 1ª Jo 3.17.18; Tg 2.14-17) com certeza chegará o tempo quando você irá fazer uma grande colheita, se não for aqui, será diante do trono de Deus. A quarta maneira de pôr propósito em sua vida é pôr intensidade em sua vida, viver com dinamismo, com alegria. Para isso viva uma vida alegre, mas com responsabilidade (Ec 9.7-10); viva uma vida alegre, mas com moderação, tomando cuidado com as más consequências como resultado de uma vida desregrada (Ec 2.24; 7.14); viva uma vida alegre, mas evite coisas que venha lamentar na velhice (Ec 12.1); viva uma vida alegre, mas experimente seu verdadeiro sentido, que é temer a Deus (Ec 12.13) e viva uma vida alegre, mas não se esqueça que você terá que prestar contas a Deus (Ec 12.14). Eclesiastes disse: ‘No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade reflita’ (Ec 7.14).
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 29 de Dezembro de 2013 Sobre Tema a Deus em Todo Tempo
Os rabinos têm dificuldades em atribuir a autoria de Eclesiastes a Salomão, filho de Davi, devido a grande diferença que há entre Provérbios e Eclesiastes no que diz respeito ao justo. Pois em Provérbios, o justo, o sábio 41
e o sensato aparecem em uma vantagem muito grande em relação ao ímpio, ao tolo e ao insensato. Eles pensam que o livro de Eclesiastes foi escrito por algum judeu em uma época diferente, no período chamado interbíblico no reinado dos ptolomeus. Não apenas os rabinos têm essas dificuldades, mas também teólogos cristãos, principalmente os liberais. Por exemplo, o teólogo Russel Champlin afirma que quem escreveu o livro de Eclesiastes foi um filósofo niilista, herético, e o chama até de um louco. Esses teólogos liberais não conseguem entender a mensagem de Eclesiastes. Porém, os teólogos fundamentalistas acreditam que Eclesiastes não só foi escrito por Salomão, como também, foi inspirado pelo Espírito Santo e nos traz uma mensagem poderosa. E de fato, Salomão, em Eclesiastes, nos mostra a realidade da vida, ele tira de nosso rosto a máscara. Através do livro de Eclesiastes, Salomão nos desilude e nos desengana. Se até agora você vive um cristianismo enganado, o livro de Eclesiastes veio acabar com esse engano. De modo que se você entrou na igreja a fim de encontrar o elixir da felicidade ou receber um manto que lhe protegerá de todo mal e de toda tragédia, segundo Salomão você está redondamente enganado. Porque o que sucede ao ímpio também sucede ao justo. Todos estão sujeitos aos mesmos acontecimentos e as mesmas situações que sobrevém ao mundo. Tanto o justo como o ímpio podem ser próspero, como também podem sofrer infortúnios nessa vida. Salomão nos conduz a esse assunto, porém, no último capítulo nos revela a sua verdadeira mensagem que está em Eclesiastes 12.13,14: ‘De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau’. Salomão tinha consciência da situação, digamos assim, contraditória na vida do justo neste mundo constituído de uma vida fugaz, por isso ele lança a esperança deste justo para o futuro, no juízo de Deus. Ele deixa subtendido em suas palavras de que no Dia do Juízo, o justo será indenizado, em outras palavras, no Dia do Juízo o justo será compensado por todas as coisas que ele sofreu nesse mundo. É como se aquilo que aconteceu de ruim na vida do justo nesse mundo fosse algo injusto e que a justiça de Deus irá lhe indenizar e compensar. Quero dar um exemplo muito simples. Se o governo federal resolvesse fazer uma grande reforma em nosso bairro, no Palmeiras, que incluía construir hospital, banco, faculdade, estradas e fizesse uma mudança radical. E entre muitas coisas, precisasse demolir algumas casas para fazer essas construções. 42
Então, o governo fizesse o seguinte anúncio para os moradores do Palmeiras: ‘Moradores do Palmeiras! Estamos fazendo uma reforma nesse bairro, e se por algum motivo a casa de qualquer um de vocês for demolida injustamente, não se preocupem, o governo irá indeniza-lo com uma casa 100 vezes melhor do que a sua, com mobílias muito mais modernas com as que você possui, localizada em uma cidade nobre de Fortaleza’. Certamente qualquer um de nós aqui, gostaríamos que a nossa casa fosse demolida injustamente para sermos beneficiados com essa indenização do governo. Então, é exatamente isso que está acontecendo. Salomão disse que Deus está realizando uma obra, uma obra misteriosa que não compreendemos; que os homens mais sábios do mundo não entendem, por mais que eles procurem entender, por mais que digam que entendam, mas eles não entendem a obra de Deus (Ec 8.17; Ec 11.5). O profeta Habacuque disse que essa obra é uma obra terrível (Hc 1.5-7). E durante essa obra terrível que Deus está realizando no mundo, muitas vezes, a casa do justo é atingida com a picareta de Deus; muitas vezes, o juto terá que pagar no lugar do ímpio, mas com certeza ele será indenizado no Dia do Juízo. O justo padece nesse mundo, mas ele padece injustamente. Pois segundo os mandamentos bíblicos, o justo é para ser prospero, rico e saudável. É como alguém, por exemplo, que ler o Salmo 23, e diz: ‘O Senhor é meu pastor e nada me faltará’. Mas na sua vida falta tudo! Falta o pão, falta a água, falta o vestuário; falta tudo na vida desse justo. Então, ele reclama para Deus: ‘Senhor, eu sou justo, eu te tenho como meu Pastor, mas na minha vida falta tudo! Jesus disse que se eu buscasse o Reino em primeiro lugar, me acrescentaria tais coisas. Todavia, estou buscando o teu Reino, a tua justiça, e essas coisas não vem’. Esse justo será indenizado e compensado. E a indenização é essa: ‘Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede’ (Ap 7.16). É, como também, uma pessoa que sofre de uma doença em seu corpo, e essa pessoa ler nas Escrituras que Jesus levou as suas dores e sarou as suas enfermidades, e tal pessoa tem fé para ser curado, acredita nos dons da cura, crer no poder de Deus, e não é curada. Um dia descerá à sepultura com a sua doença, e nunca foi curado. Esse justo padeceu injustamente a sua doença, pois biblicamente Jesus já sarou todas as suas doenças, mas é no Dia do Juízo que a sua fé será compensada e indenizada, e sua indenização é essa: ‘não haverá mais... dor’ (Ap 21.4); ‘nem sol nem calma alguma cairá sobre eles’ (Ap 7.16) e ‘morador nenhum dirá: Enfermo estou’ (Is 33.24). Porém, para que qualquer pessoa possa ser indenizada no Dia do Juízo, é necessário que tema a Deus em todo tempo. Não importa o que aconteça, a pessoa precisa levar uma vida de temor a Deus; não importa se 43
as coisas que sucedem em sua vida estejam em contradição com as promessas das Escrituras, ela precisa temer a Deus. Esse é o nosso assunto nesta manhã. Em que se constitui temer a Deus? Em primeiro lugar, em guardar seus mandamentos. Temer a Deus não se constitui apenas em respeitar a Deu e em reverencia-lo, mas em guardar seus mandamentos. Você pode dizer que respeita-O, que O reverência, mas se você não obedecer os mandamentos de Deus, essa sua reverência e esse seu respeito a Deus não terá nenhum valor. O valor em temer a Deus é guardar seus mandamentos. Os Dez Mandamentos são divididos em duas tábuas, e se resume em dois grandes mandamentos. Na primeira tábua, Deus escreveu ou talhou quatro mandamentos, e na segunda tábua, seis mandamentos (Dt 4.13; Mt 22.37-40) Leiamos Deuteronômio 4.13: ‘Então vos anunciou ele a sua aliança que vos ordenou cumprir, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra’. E Mateus 22.37-40: ‘E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas’. Os primeiros quatro mandamentos escritos na primeira tábua se constituem em amar a Deus sobre todas as coisas, e os seis últimos mandamentos escritos na segunda tábua se constituem em amar o próximo como a ti mesmo. O amor se constitui o centro dos mandamentos de Deus. Leiamos Romanos 13.8-10: ‘A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor’. Esse texto mostra que a essência dos mandamentos está no amor. Através da graça, o Senhor acrescentou aos mandamentos o amor. Por antigamente, os judeus guardavam os mandamentos, digamos assim, na letra morta, mas não de todo o coração. É como, por exemplo, você mandasse seu filho fazer uma determinada tarefa, e ele não quisesse fazer, mas você com autoridade de pai o obrigasse, então, ele faria. Mas será que ele iria fazer aquela tarefa com amor? Não! Ele iria fazer porque estava sendo obrigado a fazer. E ele está fazendo a tarefa, mas está reclamando, se queixando no seu coração.
44
Semelhantemente, era assim que os judeus guardavam os mandamentos de Deus, apenas por dever e obrigação para que pudessem receber os benefícios da Lei, mas não os obedeciam de todo o coração. Porém, Jesus Cristo tempera os mandamentos com amor. De modo que agora não devemos obedece-los apenas pela aparência, mas realmente de coração. Obedecer de fato e de verdade, sem reclamar no coração. E assim os mandamentos da Lei de Deus deixaram de ser um código penal para o cristão, e tornaram-se princípios eternos como fruto da sua justiça recebida pela fé em Cristo. Leiamos alguns textos bíblicos: Romanos 2.13: ‘Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados’. Preste bem atenção! A Lei de Deus foi dada para justificar o homem, isto é, para tornar o homem justo. De modo que um judeu praticava a lei para ser justo. Gálatas 3.21: ‘Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei’. Porém, a Lei de Deus torna-se inoperante em produzir no homem a justiça, pois era incapaz de produzir vida nas pessoas. Veremos qual o motivo por que a Lei de Deus, muito embora fora dada para justificar as pessoas ou torna-las justas diante de Deus, não consegue operar essa justiça. Leiamos Gálatas 3.10: ‘Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las’. E Tiago 2.10: ‘Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos’. A lei não pode tornar uma pessoa justa diante de Deus é porque as pessoas não conseguem obedecer todos os mandamentos. Só é justo quem obedecer todos os mandamentos e cumprir todas as leis todos os dias, sem quebrar nenhuma. Porque no dia em que você quebrar nem que seja uma será culpado de todas as demais. E assim você será maldito. Era uma luta incansável e torturante de um judeu para torna-se justo diante de Deus. Pois ele queria obedecer à lei, mas não tinha condições de cumpri-la plenamente. Por isso que a Escritura diz: ‘Não há um justo, nem um sequer’ (Rm 3.10). Você pode guardar todas as leis hoje, amanhã, mas depois d’amanhã, você pode quebrar uma só, então, desmorona tudo, e você volta à estaca zero, e tem que reiniciar tudo de novo. É impossível o homem cumprir toda a lei para se tornar justo! Leiamos Romanos 7.14: ‘Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado’. É algo incompatível. A lei é espiritual, dada por Deus, inscrita pelo Seu próprio dedo, e eu sou carnal, vendido debaixo da condenação do pecado. Eu não tenho condições de 45
cumprir a lei de Deus, isso significa que eu jamais serei justo, e se eu jamais serei justo não terei acesso a Deus para compartilhar da Sua salvação e do Seu Reino. O que Deus fez para mudar essa situação? Ele enviou o Seu Filho Jesus. Vamos ler um texto que mostra o que Jesus fez em relação a lei de Deus. Mateus 5.17: ‘Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir’. Será que Jesus veio para liberar geral? Para dizer: ‘Pronto, pessoal não existe lei nenhuma, vocês agora vão ser salvos de qualquer jeito. Não precisa obedecer nenhum mandamento’. Não! Jesus Cristo cumpriu e obedeceu a Lei. Mas será, meus irmãos, que Jesus Cristo obedeceu a Lei de Deus para ser justo diante de Deus? Não! Porque Ele já é justo. Então, por que Ele teve que obedecer à Lei de Deus? Exatamente! Ele obedeceu a Lei de Deus por nós! Desse modo a Sua obediência se tornou vicária. Leiamos Gálatas 3.13: ‘Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro’. Jesus Cristo não só obedeceu aos mandamentos de Deus por nós, como também, Ele tomou sobre si a maldição da lei que pesava sobre todos nós, pois nenhum de nós obedecia a lei de Deus. Essa maldição caiu sobre Cristo. E 2ª Coríntios 5.21: ‘Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus’. Preste bem atenção! Jesus Cristo, justo e santo por natureza, não precisando praticar nenhuma obra para ser justo e santo, veio a esse mundo como um homem perfeito sem pecado, obedeceu as leis de Deus por nós. Então, Ele era justo por duas vezes. Justo por natureza e justo porque obedeceu aos mandamentos de Deus. Mas mesmo Ele tendo essa justiça toda, Ele morreu na cruz como um amaldiçoado, caiu sobre Ele toda a maldição como se Ele fosse um pecador. Porém, como Ele era justo, essa maldição que caiu sobre Ele foi de uma maneira injusta. Então, já que Ele morreu injustamente, Sua morte, também, tornou-se vicária para nós. Quer dizer, Ele não morreu por seus pecados, mas por nossos pecados. Além de Jesus Cristo obedecer a Deus por nós, Ele pagou a penalidade da lei por nós. Diz o texto que Ele tornou-se pecado. Temos que compreender como Cristo tornou-se pecado? Cristo não se tornou pecado de uma maneira moral, quer dizer, Deus não viu Jesus Cristo na cruz como se fosse um pecador cheio de pecados, Ele olhou para Jesus e viu uma pessoa justa padecendo injustamente por causa dos pecadores. Desse modo Cristo tornou-se pecado por nós de uma maneira vicária, como vítima, Ele recebeu a culpa e a pena do pecado por nós. 46
Então, meu irmão, o que significa ‘Eloí, Eloí, lamá sabactâni?... Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?’ (Mc 15.34). Não era por que Ele estava encharcado de pecados!? Não! Não era porque Ele era moralmente um pecador. Jesus Cristo disse: ‘Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste’, baseado em Habacuque 1.13, que diz que Deus não suporta ver um justo padecer na mão de injustos. Porém, na cruz, Deus passivamente e de uma maneira tolerante suportou que o Seu Filho justo padecesse na mão de pessoas ímpias e injustas. Foi por isso que Jesus se sentiu desamparado por Deus. Se lermos o Salmo 22, de onde Jesus extraiu essas palavras, veremos que esse era o caso do salmista. Meus irmãos, quem condenou Jesus na cruz? A Lei de Deus. Mas como assim? Jesus foi apresentado diante dos sacerdotes, escribas e fariseus. Esses homens eram representantes da Lei de Deus, pessoas que foram constituídas para aplicar a Lei de Deus. Por que Eles aplicaram a Lei de Deus em Cristo Jesus? Porque Jesus dizia Ser Filho de Deus. E uma pessoa que dissesse que era Filho de Deus estava cometendo uma blasfêmia. Então os sacerdotes e fariseus que não consideravam Jesus como Filho de Deus, o condenaram a réu de morte. Porém, quando a Lei de Deus condenou Jesus a morte cometeu uma injustiça contra Jesus. Por que Jesus era de fato Filho de Deus, Ele era justo. E a Lei de Deus não pode condenar uma pessoa justa. Uma vez que a Lei de Deus condenou uma pessoa justa, o que Deus deveria fazer? Digamos assim, se você fosse condenado injustamente, e passasse dez anos na prisão, e depois o Governo descobrisse que você era uma pessoa justa; o que o Governo iria fazer por você? Indenizar! Isso! Então, se a Lei de Deus condenou Jesus injustamente, o que Deus deveria fazer por Jesus? Deus tinha que indenizar Jesus Cristo! E qual é essa indenização? Leiamos Romanos 5.19: ‘Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos’. E Romanos 10.4: ‘Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê’. E também 1ª Coríntios 1.30: ‘Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção’. A indenização efetuada por Deus foi essa: pegar a justiça de Jesus e depositar na nossa conta. Essa foi a indenização de Jesus. Toda a justiça de Jesus está a disposição de todo aquele que nele crer. Vamos ler alguns textos que mostra como a justiça de Cristo foi imputada em nós. Meus irmãos, estou trazendo esses assuntos teológicos para que possamos compreender como o cristão, na nova aliança, deve guardar os mandamentos de Deus. Leiamos Romanos 4.5-8: ‘Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim 47
também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado’. E Romanos 5.1: ‘Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo’. Afirmei que para que uma pessoa se tornasse justa tinha que obedecer a todos os mandamentos de Deus sem quebrar nenhum (Rm 2.13. Gl 3.12; Tg 2.10). Porém, agora o texto está dizendo que Deus considera um homem justo sem as obras da lei (Rm 3.28). Como isso é possível? Porque a esse homem, Deus creditou, imputou, depositou nele a justiça de Jesus Cristo. De modo que hoje nós somos justos, não porque guardamos os mandamentos de Deus, mas porque temos fé em Jesus, e por temos fé em Jesus, a sua justiça é transferida para nós, e somos, então, justificados diante de Deus sem obras da lei. De modo que agora o cristão pratica a lei não mais para ser justo, mas porque é justo em Cristo. Antigamente, a lei estava na nossa frente para obedece-las, mas agora, a lei está em nossa retaguarda, é ela que nos segue. Portanto, obedecemos a lei não mais para sermos justos, mas porque somos justos. Leiamos Gálatas 2.16-21: ‘Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituome a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde’. E Romanos 8.1-4: ‘Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito’. Note ‘para que a justiça da lei se cumprisse em nós’. Irmãos, a lei não foi abolida. O cristão tem que continuar obedecendo a lei. O que foi 48
abolido foi a lei como meio para a salvação. O crente não pratica a lei para ser justo e salvo; o crente pratica a lei porque é justo e salvo. A lei é o fruto dessa salvação; a lei é o fruto dessa justiça que o crente recebeu em Cristo. Por isso que os Dez Mandamentos são princípios de vida, e não mais um código rígido de ordenanças (Ef 2.15; Cl 2.14). Em Gálatas 5.22,23, que mostra o fruto do Espírito como a prática do cristão, Paulo disse: ‘contra estas coisas não há lei’. O cristão pratica a lei como princípio de vida, não mais como uma ordenança rígida que ele tem que obedecer para ser salvo. Nada o cristão tem que obedecer para ser salvo! Porque a obediência de Cristo já foi suficiente para sua salvação. Todavia, o cristão obedece como fruto dessa salvação; o cristão obedece como fruto da justiça. Os dez mandamentos se encontram em Êxodo 20.1-17. Gostaria de dar algumas explicações sobre os dez mandamentos. Porque a questão do cristão é acerca do sábado. Talvez ele diga: ‘Quer dizer que agora eu tenho que guardar o sábado? Pois está na lei de Deus, e a lei de Deus não foi abolida para o cristão’. Irmãos, o sábado não foi abolido! Porque a lei de Deus não foi abolida. Se o cristão abolir o sábado tem que abolir também outros nove mandamentos. O sábado também não foi substituído pelo domingo! Aonde está escrito nas Escrituras que Deus substituiu o sábado pelo domingo. Quem substituiu o sábado pelo domingo foi a Igreja Católica. Mas na lei de Deus, o dia de descanso é o sábado. O dia que Deus santificou e abençoou foi o sábado. Por que, então, o cristão não guarda o sábado? Porque esse foi o único mandamento que os apóstolos acharam por bem, guiados pelo Espírito Santo, de desobrigar os cristãos gentios de obedecê-lo. Esse é o único mandamento que o cristão gentio quebra, e a culpa não cai sobre ele, pois a Escritura do Novo Testamento desobriga o cristão gentio de obedece-lo. Enquanto que os outros nove mandamentos são repetidos no Novo Testamento como prática para os cristãos, entretanto, o sábado é repetido no Novo Testamento como prática para os judeus. Contudo, os gentios que estão em Cristo, estão livres do sábado. Porém, sobre os gentios ímpios pesa esse mandamento. Se o ímpio não obedecer ao mandamento de Deus de guardar o sábado será culpado por isso tanto quanto ele é culpado quando quebra o mandamento que proíbe fazer imagem de escultura. Todavia, o cristão gentio não está obrigado a guardar o sábado, mas isso não significa que o sábado deixa de ser o dia santo do Senhor. O sábado é o dia santo do Senhor, sim. E se qualquer igreja evangélica quiser guardar o sábado como dia santo, ninguém pode dizer: ‘Olha! Aqueles cristãos estão debaixo da lei’. Claro que não! Eles estão debaixo da lei desde momento que digam: ‘se alguém não guardar o sábado não será salvo’. 49
Desse modo eles estão se colocando debaixo da lei, mas se um cristão pretende guardar o sábado porque quer nesse dia se consagrar a Deus, ele pode. Entretanto, o cristão gentio não tem necessidade de guardar nenhum dia santo, ele aproveita os dias de feriados das nações. Se estiver em um país católico, ele aproveita o domingo, se estiver em um país de cultura judaica, aproveita o sábado e se estiver em um país mulçumano, aproveita a sexta-feira. Todavia, para o cristão não existe nenhum dia santo para ser observado (Rm 14.5,6; Cl 2.16,17). O quinto mandamento que diz ‘honra teu pai e tua mãe’, não é significa apenas respeitar pai e mãe, mas também nos momentos de necessidades, o filho tem que ajudar o seu pai e sua mãe com seus recursos. Quando os pais perdem suas condições financeiras ou a sua saúde, os filhos honram os seus pais ajudando-os e sustentando-os. Isso significa também honrar pai e mãe. Em segundo lugar em que se constitui temer a Deus é em aguardar seu julgamento. Será que o cristão irá prestar contas com Deus? Leiamos Romanos 14.10-12: ‘Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus’. E 2ª Coríntios 5.10: ‘Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal’. E também 1ª Pedro 4.17: ‘Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?’. Estes textos mostram que o cristão estará no Dia do Juízo para prestar contas com Deus. Mas surge a pergunta: Por que havemos de prestar contas com Deus se já fomos declarados justos em Cristo? Se o cristão já foi justificado, e sobre ele não pesa mais nenhuma condenação, então, por que ele deve ainda prestar contas com Deus? Vamos responder esses questionamentos com três respostas. Primeira resposta: Guardar os mandamentos da Lei não garante a salvação de ninguém, mas quebrar os mandamentos produz condenação. O cristão não obedece aos mandamentos para a salvação, contudo, se ele quebrar os mandamentos, ele pode se tornar um réu de condenação. Isso está em Romanos 2.1-3: ‘Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem 50
sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?’. Segunda resposta: Haverá mais duro juízo sobre aqueles que desprezam o dom da graça, do que sobre aqueles que quebram a Lei de Moisés. Se uma pessoa após aceitar a Cristo, despreza o dom da graça, ele será julgado com juízo mais severo do que um judeu que quebrava a lei de Moisés. Leiamos Hebreus 10.25-31: ‘Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo’. Terceira resposta: A justiça de Cristo imputado ao crente, agora, é assegurada pela fé, porém, se ele negar a fé, não receberá a confirmação dessa justiça diante do trono de Deus (Hb 10.37-39). O crente é justificado em Cristo pela fé, e tem que manter-se justo pela fé, pois o ‘justo viverá da fé’. Quem garante a sua salvação é a fé em Cristo! Paulo diz que a salvação é de ‘fé em fé’ (Rm 1.17). Então, para que essa justiça seja confirmada diante de Deus no Dia do Juízo, o crente precisa se apresentar ali com a sua fé firme. Caso contrário, se o crente negar a fé, a Escritura diz: ‘se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele’ (Hb 10.38). Meus irmãos, negar a fé não é apenas cair na apostasia e renunciar as doutrinas cristãs, pois o crente pode negar a fé estando na congregação cristã. Negar a fé também é constituir sua religião como meio de salvação. Se uma pessoa está na igreja, praticando as obras religiosas para ser salva, já negou a fé. Esse crente transformou sua religião em meio de salvação. Nenhum de nós estamos na igreja praticando o que quer que seja para se salvar. Estamos na igreja praticando o que quer que seja porque somos salvos em Jesus Cristo. Essa é a fé que deve nos conduzir até o trono de Deus. O crente que transformou a sua religião em um meio para alcançar a salvação, já negou a fé, renunciou o trono da graça de Deus, pisou sobre o sangue da nova aliança e tornou a crucificar Jesus novamente, pois a 51
religião não salva ninguém, seja a religião católica, seja protestante, seja budista, seja hinduísta e seja evangélica. Quem salva é Jesus Cristo! A religião verdadeira é apenas um fruto dessa salvação em Cristo. Irmãos, vimos que agora devemos guardar os mandamentos de Deus não mais como uma obrigação, mas como uma devoção. E estudamos que temer a Deus se constitui em guardar seus mandamentos por devoção e dedicação, e aguardar o julgamento com firmeza na fé. Vamos, então, prosseguir com a seguinte questão: Por que devemos temer a Deus? Primeiro motivo, porque o homem é a criatura, e Deus é o Criador. O cristão parte do seguinte postulado: ‘No princípio criou Deus os céus e a terra’ (Gn 1.1). Nós não questionamos a existência de Deus e nem há necessidade de tercemos argumentos racionais que prove a existência de Deus. Sabemos que Deus criou todas as coisas, porém, antes de Deus criar todas as coisas, Ele estabeleceu as leis físicas ou leis da Física. E baseado nessas leis e utilizando-se de um sistema que hoje é chamado na ciência de ‘nanotecnologia’ e ‘nanosegundo’, Deus criou todas as coisas. Quando afirmamos que Deus criou todas as coisas do nada – a criação ex nihilo – nos referimos as coisas primárias, como por exemplo, o tempo, o espaço sideral, a matéria, a luz, a atmosfera e a água. Esses elementos, Deus criou do nada. Mas os seres vivos, Deus criou do material pré-existente. Vamos citar o homem. Deus criou o homem de um material préexistente, isto é, Deus criou o homem do pó da terra. Por isso que a palavra ‘Adão’ significa ‘solo vermelho’, então, Deus criou Adão de um solo vermelho, isso nos lembra o sangue. Segundo a doutrina convencional, Deus moldou com suas próprias mãos um boneco da argila e depois soprou em sua narina. Eu, particularmente, acredito diferente. Acredito que Deus formou o homem do pó da terra da mesma maneira que uma criança é formada no ventre materno (Sl 139.15; Ec 11.5). De modo que Deus transformou um grão de areia em um embrião, o embrião se transformou em um feto, e o feto recebendo nutrientes da terra foi tecendo o organismo e a estrutura corporal até se tornar um recémnascido, depois em uma criança, em um infanto-juvenil, num jovem até torna-se um homem de 30 anos de idade. Então, Adão estava diante de Deus como um homem. Porém, há uma diferença da formação de Adão com a formação de uma criança no ventre. A criança que é formada no ventre, já recebe o fôlego de vida desde a concepção. Mas Adão foi formado sem esse fôlego, depois foi que Deus soprou em sua narina o fôlego. A Escritura diz: ‘...e soprou em suas narinas o fôlego da vida...’ (Gn 2.7). Isso significa que todo o seu sistema respiratório já estava formado. Eu não vejo, irmãos, Deus 52
pegando um barrinho e criando a laringe, depois outro barrinho e criando tranqueia, e assim por diante; eu entendo que todos esses sistemas foram formados semelhantes como são formados no vente materno, por isso que Jó chamou a terra de ‘ventre de minha mãe’ fazendo referência ao primeiro homem (Jó 1.21), porque a terra serviu de ventre para Adão. Depois de receber o fôlego da vida, Adão tornou-se alma vivente, antes, porém, ele não era um boneco de argila ou barro, mas uma pessoa sem vida, como se fosse uma pessoa morta. Uma pessoa morta tem todos os seus órgãos, seus sistemas e sua estrutura, mas sem vida, sem funcionamento. Assim estava Adão diante de Deus, uma pessoa completa e formada, mas sem a vida. Deus soprou em suas narinas, o oxigênio entrou no seu cérebro, e começou funcionar todo o seu sistema corporal. Se algum médico ou especialista viesse até Adão e fizesse um exame nele, digamos assim, um checape em Adão, ele iria constata que os órgãos de Adão não eram como órgãos de um recém-nascido, mas de uma pessoa de 30 anos de idade, supondo que essa fosse a idade de Adão. Como Deus fez isso? Adão que fora criado em um dia tinha um organismo corporal de um homem de ‘30 anos’? Porque há um sistema chamado nanosegundo. Deus faz com que uma coisa que deveria durar muitos anos (ou até mesmo bilhões de anos) para acontecer ou se formar, aconteça em fração de segundo. É por isso que para os cientistas o universo tem uma idade de bilhões de anos, mas Deus fez todo o processo acontecer em nanosegundo (Sl 90.4; 2ª Pe 3.8). Há também outro sistema chamado ‘nanotecnologia’, em que todas as coisas que Deus criou são formadas de átomos, de pequenas partículas. E assim eu acredito também que os animais e as plantas que Deus criou em um dia cada um, foram formados igualmente como são formados hoje, passando por todo o processo da concepção, mas em um nanosegundo. Se fosse possível cortar uma arvore do Jardim do Éden, notaria que ela teria vários anéis como se fosse uma árvore criada há centenas de anos, mas Deus a criou em um nanosegundo, e nesse nanosegundo, ela passou por todo o seu processo até atingir o tamanho ideal que Deus quis. E assim Adão que foi criado em um nanosegundo tornou-se um homem de ‘30 anos’ de idade. Como Criador, Deus estabeleceu leis, como criatura, o homem deve obedecê-las (Sl 89.30-32). Como Criador, Deus é Eterno, como criatura, o homem é temporal (Ec 3.1,11-22; 1ª Pe 4.19). Como Criador, Deus é o Senhor do Universo, como criatura, o homem é o seu mordomo. O homem foi criado para ser mordomo de Deus e obedecer as Suas leis. Quais sãos os bens que foram entregues a esse mordomo e que ele deve cuidar com prazer? Leiamos Salmos 8.3-8: ‘Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te 53
lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares’. Esses são os bens que Deus colocou sob a responsabilidade desse mordomo. Ele deve cuidar desses bens com prazer, sem espancar, sem desconsiderar e sem desrespeitar, sabendo que como mordomo há de prestar contas com o Dono do Universo. O homem não é o dono, ele é apenas o mordomo. Qual foi o último bem que Deus entregou ao homem para que ele pudesse cuidar com muito carinho sem maltratar e nem espancar? Leiamos Provérbios 18.22: ‘Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor’. Eu, particularmente, considero esse o melhor bem de todos, e nós devemos cuidar muito bem desse bem maravilhoso que Deus nos deu. Para quê Deus deu esse bem ao homem? Para que pudesse ajudar o homem a administrar os outros bens de Deus. Irmãos, quando Deus criou Adão, na sexta-feira, logo de manhã, ele estava sozinho. E Deus deu a esse homem algumas responsabilidades, como por exemplo, procriar e encher a Terra, cuidar e cultivar o Jardim do Éden e dar nomes aos animais. Essas foram algumas obrigações de Adão. Eu vejo Adão satisfeito, pegando a sua prancheta e o lápis para dá nomes aos animais. Deus trouxe aos animais até Adão, se formou uma fila de animais muito imensa para que Adão pudesse dar nome a cada um. Então, Adão satisfeito com aquela missão, ele pensou: ‘Eu vou dar nomes a esses animais, mas antes, eu vou colocar o arroz e o feijão no fogo’. Ele foi lá na cozinha, preparou o fogo, colocou o arroz e o feijão, voltou para dá nomes aos animais. Ele começa aquela missão, coloca nome num, coloca nome noutro, vai se empolgando com aquilo, de repente ele sente o cheiro da panela queimando, corre pra cozinha e vê que o feijão queimou e o arroz estava papado. Ele apaga o fogo, ali apressado, volta e vê que as galinhas, os bodes e as ovelhas já haviam melado tudo, deixando a sua varanda cheia de esterco. Ele apressado varre aquilo ali, coloca tudo pra debaixo do tapete. E então inicia novamente o seu trabalho de dá nomes aos animais, ele dá nomes a boi, a vaca, e já era meio-dia, ele dá uma parada para almoçar. Comeu aquele feijão queimado, aquele arroz papado, sem nenhuma salada, ele não comia carne, e não teve tempo de cultivar o jardim e nem de preparar nenhuma salada. Depois daquela refeição, ele volta para o seu trabalho, era muitos animais, e naquela tarefa exaurida, Adão já estava cansado, afadigado, já era quase cinco horas da tarde, senta em uma pedra, e ali mesmo adormece. 54
Então, Deus resolve visitar esse homem, Ele chega e vê Adão deitado e cansado, olha para cozinha e vê o feijão queimado, arroz papado, olha para casa e vê mal varrida, olhou para o jardim e disse: ‘não plantou um pezinho de nada’. Olha para o homem e diz: ‘Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma mulher para que possa lhe ajudar em sua tarefa’. Portanto, o hooomem, o caaabra, o maaacho, pensa, redondamente enganado, que a mulher faz as coisas dentro de casa como uma obrigação exclusivamente dela, e que ele tem que ajuda-la de vez em quando. Outros dizem: ‘Eu não ajudo, porque já boto as coisas dentro de casa, a mulher tem que fazer tudo’. Não é assim não, meu amigo! Você coloca as coisas dentro de casa, mas o que a sua mulher faz é para lhe ajudar. Tudo quanto a mulher faz é para ajudar o homem em sua missão que Deus lhe entregou. Se o homem estivesse sozinho, ele não iria cumprir com eficiência a missão que Deus lhe entregou! As irmãs acham bom, ficam alegres, mas existe uma estória que serve de alerta para as irmãs. Alguém aqui já ouviu falar de Lilite? Apenas o Jefferson Barbosa, Eliabe e o Pb. Jefferson Rodrigues, muito bem. Permita-me falar, rapidamente, a estória de Lilite. Surgiu nos séculos V, VI, VII até o século XIII depois de Cristo uma lenda, a lenda de uma mulher chamada Lilite. A lenda conta que a primeira mulher de Adão, não foi Eva, mas Lilite. Deus criou Lilite não da costela de Adão, mas do pó da terra igual como Ele criou Adão. Pelo fato de Lilite ter sido criada do pó como Adão, ela achou que não deveria se submeter a Adão – ‘Não! Você é igual a mim por que eu tenho que me submeter a você? Por que é que eu tenho que está sujeita as suas ordens? Eu não quero está sujeita a você, nós somos iguais’. Diz a lenda que nesse exato momento essa mulher pronunciou o nome sagrado de Deus, e criou asas e voo para o Mar Vermelho. Então, Adão foi novamente a Deus e disse: ‘Senhor a mulher que tú me deste fugiu, me abandonou, ela não quer me obedecer’. Aí diz a lenda que Deus enviou três anjos para buscar a Lilite, mas ela não quis voltar. Os anjos retornaram, e contaram pra Deus, e Deus amaldiçoou que se transformou em um demônio, esse demônio casou com Satanás, dessa relação surgiram vários demônios, e depois de algum tempo, Lilite entrou no Jardim do Éden, se transformou em uma serpente e fez com que Eva e Adão comessem do fruto proibido. Por causa dessa lenda surgiram várias outras estórias durante a Idade Medieval por causa dessa Lilite, cujo nome significa noturna, por exemplo, que ela se manifestava nas noites escuras, quando a lua estava negra, para atormentar as pessoas, as crianças, daí veio as lendas dos vampiros, das bruxas e etc. até que hoje, na modernidade, Lilite, tornou-se símbolo das feministas que pregam conceitos contrários ao ensinamento da Bíblia que ensina que a mulher deve estar sujeita ao seu marido. Esse movimento 55
feminista toma Lilite como símbolo para representar essa revolta das feministas contra os seus maridos. Por isso eu faço uma alerta as irmãs para não seguir esse espírito de Lilite. Vocês acreditam, meus irmãos, que há pastores que ensinam que a estória de Lilite é real. Há um bispo chamado Dozane da Igreja do Reino de Deus Para Todos que ensina que Lilite foi a primeira mulher de Adão, e que se revoltou contra Adão. Agora, irmãos, será que Lilite aparece na Bíblia? E se ela aparece na Bíblia, quem era ela? Vamos ler um texto que aparece o nome Lilite na Bíblia. Irmãos, a Bíblia é um livro fantástico, um livro maravilhoso, parece que prevendo que no futuro iria surgir essa estória de Lilite, esse nome é citado nas Escrituras. Leiamos Isaías 34.14 na Bíblia de Jerusalém: ‘Os gatos selvagens conviverão aí com as hienas, os sátiros chamarão os seus companheiros. Ali descansará Lilit, e achará um pouso para si’. Irmãos, esse texto bíblico é muito complicado para os tradutores, pois no hebraico aparecem essas duas palavras: azazel e lilit. A nossa Bíblia Corrigida traduz esses termos, consecutivamente, por ‘sátiro’ e ‘criatura noturna’. Para alguns tradutores ‘sátiro’ significa ‘bode selvagem’ e ‘lilit’, ‘morcego ou coruja’. Porém, para outros tradutores, esses termos se referem a demônios. Nas Escrituras encontramos algumas figuras mitológicas, porém, a Bíblia não é um livro de mitologias, todavia, ela cita algumas figuras mitológicas referindo-se a poderes do mal. Nós encontramos, por exemplo, leviatã, que é um monstro mitológico, raabe, que é outro monstro mitológico, dragão e etc. Por trás dessas figuras mitológicas, existem demônios que agem. Então Lilite na Bíblia não é a primeira mulher de Adão, mas se refere a um demônio. Em 1850 encontraram uma escultura de Lilite datado do ano 3.000 antes de Cristo. Se você notar bem, verá que essa mulher tem pés de coruja, e do lado dela tem duas corujas. Descobriram na mitologia da Suméria que essa mulher se chamava Lilite, e que era uma deusa adorada pelos sumérios. Reconheço que saí do meu assunto, mas eu achei por bem trazer à lume a estória de Lilite porque atualmente estão falando muito de Lilite, e alguns cristãos me procuraram confusos achando que ela foi a primeira mulher de Adão. E reafirmo novamente para as mulheres, que muito embora foram criadas para ajudar os homens, aprendam a se submeter a seus maridos sem seguir as ideologias das feministas da atualidade. 56
Para concluir quero citar o segundo motivo porque devemos temer a Deus: Porque o homem foi criado como um ser racional constituído de corpo e espírito, e de modo integral, deve prestar adoração a Deus (2ª Co 7.1).
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 05 de Janeiro de 2014 Sobre a Introdução ao Livro de Êxodo
Vamos iniciar essa palestra falando um pouco do fundo histórico do livro de Êxodo, e quero apresentar um gráfico. O Império Egípcio, o primeiro império mundial, iniciou-se no ano 3.000 antes de Cristo. Note que o nosso gráfico inicia em 1876 A.C, então, já decorreu muito tempo na história. Vocês conhecem muito bem a origem do povo de Israel em Gênesis, e o relato da sua história no livro de Êxodo. Sabem como os israelitas chegaram ao Egito. Não preciso repetir a história aqui. Porém, quero ressaltar que eles chegaram ao Egito 1876 A.C. Existem, é claro, outras datas. As datas não são fidedignas, mas são aproximadas aos acontecimentos dos eventos. Quando Israel entrou no Egito, José já era governador do Egito. Nesse tempo quem dominava o Egito era um povo chamado hicsos. Era um povo que habitava na Ásia, e invadiram o Egito, destronaram os Faraós do governo, e passaram a governar o Egito. Eles não eram egípcios, eram semitas. Portanto, possivelmente, quando Israel foi habitar no Egito, quem governava era os hicsos, que significa governadores estrangeiros. Já que os hicsos eram semitas, assim como também os israelitas eram semitas (semitas são os descendentes de Sem, filho de Noé), Israel encontrou, digamos assim, guarida e apoio entre os hicsos.
57
Porém, com tempo, isto é, depois que os hicsos dominaram sobre o Egito de 1750 A.C a 1570 A.C, os Faraós egípcios recobraram o poder, expulsando os hicsos e assumindo o governo do Egito. O primeiro faraó que venceu esses governantes estrangeiros foi Amosis (1750-1546 A.C), dando início a XVIII dinastia dos faraós. O império do Egito foi dividido em várias dinastias. E o que é dinastia? É o governo de uma série de reis de uma mesma família. Quando uma família, pai, filho, neto, bisneto, e assim por diante, governa em um determinado tempo é chamado de dinastia. Quando José e Jacó desceram ao Egito, o império estava na XVII dinastia governada pelos hicsos, depois veio a XVIII dinastia dos faraós egípcios. Leiamos Êxodo 1.8: ‘E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José’. Quer dizer, levantou-se uma nova dinastia, cujos faraós dessa dinastia na conheceram a José, nem tinham considerações pelos israelitas, pelo contrário, criaram ódio dos israelitas. Haja visto que os israelitas que viveram na época dos hicsos, contavam com seu apoio, e tinham participação, também, no governo deles. E pelo fato dos israelitas serem semitas assim como os hicsos eram semitas, então, os israelitas eram vistos como uma ameaça por esses faraós. O título desse livro em nossas Bíblias é Êxodo - “o vocábulo êxodo significa saída” – esse título vem da Septuaginta. Na Bíblia Hebraica chama-se “Shemot”. A Bíblia Hebraica colocou o título dos livros de Moisés baseada no primeiro texto que inicia cada livro. Por isso que o livro de Êxodo chama-se Shemot que significa “Estes são os nomes” (Êx 1.1). O que é Septuaginta? É a tradução da Bíblia hebraica para o grego. Essa tradução foi feita no período, chamado pelos cristãos, de interbíblico em que se deu a história dos macabeus. É o período que fica entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento cobrindo um tempo de 400 anos. Durante esse período dois governos dominaram a Palestina, os Ptolomeus, no Egito, e os Selêucidas, na Síria. E um dos reis ptolomeus, chamado Filadelfo, tinha uma biblioteca na cidade de Alexandria que ficava no Egito, que na época era dominada por esses reis gregos, por isso que essa cidade se chamava Alexandria em homenagem a Alexandre, o Grande, o fundador do Império da Grécia. Filadelfo tinha muito orgulho da sua biblioteca por ter um acervo de vários livros, porém, alguém lhe informou que lhe faltava apenas um livro que era a Escritura dos hebreus. Então, no ano 200 a.C, o rei Filadelfo mandou, imediatamente, que viesse 70 sacerdotes de Israel para fazer a tradução da Bíblia hebraica para o grego. Esses 70 sacerdotes fizeram a tradução em 72 dias conforme diz a história, por isso que a Bíblia grega ficou conhecida como Septuaginta que vem de setenta, e também é representa pela sigla LXX. 58
Portanto, quando eles fizeram essa tradução colocaram nomes diferentes nos livros da Bíblia, e não apenas nomes diferentes como também colocaram os livros em posições diferentes. De modo que se compararmos as nossas Bíblias, que são baseadas na Septuaginta, com a Bíblia hebraica veremos que a ordem dos livros é diferente. Igualmente os nomes dos livros das nossas Bíblias são iguais aos da Septuaginta que são diferentes dos nomes da Bíblia Hebraica. Quem escreveu o livro de Êxodo? Foi escrito por Moisés. Essa é a crença tradicional dos judeus e dos cristãos. Tanto os judeus como os cristãos atribuem a Moisés, não só o Êxodo, mas os cinco primeiros livros da Bíblia, chamado de Pentateuco ou Torá, a autoria desses livros. Baseado em quê? Em alguns textos que aparecem no próprio livro de Êxodo. Leiamos Êxodo 17.14: ‘Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué...’. E Êxodo 24.4: ‘Moisés escreveu todas as palavras do Senhor...’. Note que Deus ordenou Moisés escrever, e que está dito que Moisés escreveu. Por isso que os judeus acreditam que Moisés é o autor da Torá (Êx 34.27). A nossa crença de quem escreveu a Torá foi Moisés é corroborada pelos ensinamentos de Jesus Cristo e dos seus apóstolos. Pois tanto Jesus como os apóstolos atribuíram esses escritos a Moisés. Leiamos João 5.46,47: ‘Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?’. E essa Torá escrita por Moisés, possivelmente, Josué já tinha acesso a ela, pois no primeiro capítulo de Josué, logo após a morte de Moisés, lemos Deus aconselhando a Josué a ler o livro da Lei – ‘Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite (Js 1.8)’. Então, na época de Josué já havia esses escritos, por isso conclui-se que Moisés já havia escrito essa obra. A tradição da autoria de Moisés do Pentateuco foi questionada apenas no século XIX da nossa era, quando alguns teólogos, chamados de teólogos liberais, começaram a questionar a autoria, não só do Pentateuco, mas de vários outros livros da Bíblia. Irmãos, geralmente os teólogos são divididos em teólogos liberais e teólogos fundamentalistas. Os teólogos fundamentalistas, de cujo ramo pertence a Assembleia de Deus, acreditam que a Bíblia é um livro inspirado por Deus escrito por 40 homens santos em um período de 1.600 anos. Esses homens são aqueles que conhecemos, Moisés, Josué, Samuel, os profetas. Os fundamentalistas acreditam que foram esses homens que escreveram a Bíblia. Porém, os teólogos liberais questionam não só a autoria desses homens como também a inspiração divina da Bíblia, e taxam muitas histórias da Bíblia como mitos. Tratando-se do Pentateuco, os teólogos 59
liberais ensinam que o seu autor não foi Moisés, mas que são documentos escritos em períodos diferentes, e depois do cativeiro babilônico os judeus reuniram esses escritos em um só volume formando a Torá. Essa teoria é chamada de Hipótese Documentária que atribui ao Pentateuco uma origem baseada em quatro documentos. Um documento que chamavam de J, outro de E, outro de D e outro de P. O documento J que vem do nome de Deus, Javé, é conhecido como Javista, os seus textos foram compostos por uma classe de sacerdotes na época da monarquia de Davi e Salomão (c. 950 A.C). O documento E de Eloísta que vem do nome Deus em hebraico que é Eloí. Seu texto foi escrito no ano 750 A.C. O documento D é o Deuteronomista com textos escritos aproximadamente no ano 600 A.C, e por último, o documento P que é o Sacerdotal (ele é conhecido pela sigla P porque em inglês a palavra sacerdote é priest), com textos escritos no exílio babilônico por volta do ano 500 A.C. Então, segundo os teólogos liberais haviam esses quatro documentos que alguém, posteriormente, reuni-os formando os cinco primeiros livros da Bíblia. Atualmente essa teoria não passa de hipótese, e que não goza mais de tanta credibilidade. Eu, particularmente, creio que Moisés escreveu o Pentateuco. Todavia, sabemos que a Bíblia não caiu pronta do céu. A nossa Bíblia não foi escrita, como ‘foi escrita a Bíblia dos Mórmons’. Como foi escrita a Bíblia dos Mórmons? Eles acreditam que, em 1827, um anjo chamado Moroni apareceu para Joseph Smith, e lhe entregou umas placas de ouro que continha um registro histórico e profético dos antigos habitantes das américas compiladas por um profeta chamado Mórmon. Joseph Smith traduziu esses escritos e tornou-se o conhecido Outro Testemunho de Jesus Cristo. E, depois quando ele terminou de traduzir essas placas de ouro, o anjo Moroni as levou para o céu. Porém, a nossa Bíblia não foi escrita dessa maneira. Deus escreveu a Bíblia utilizando instrumentos humanos, e sabemos que humanos tem suas limitações, e Deus trabalhou dentro dessas limitações. Não foram os anjos que escreveram a Bíblia para nós, mas homens, e homens com suas limitações. Como Moisés conseguiu escrever o livro de Gênesis? Claro que Moisés não escreveu o livro de Gênesis por revelação que recebera de Deus, mas baseado nas tradições orais e registros preservados do seu povo. Moisés teve acesso a esses documentos, e escreveu o livro de Gênesis. Já os livros de Êxodo, Levítico, Número e Deuteronômio, Moisés escreveu-os como testemunha ocular dos fatos. Porém, há coisas escritas nesses livros que chamamos de anacronismo. O que é anacronismo? É quando se refere a algo por uma nomenclatura que na época não era assim denominado. 60
Por exemplo, digamos que eu vou contar a história da congregação da Codó – ‘Em 1980 vieram para o Palmeiras uns irmãos e fundaram a congregação Salém...’. O que é que tem de anacronismo nessa história? A palavra Salém’. Por quê? Porque a palavra Salém surgiu em 2013, porém, na minha história eu já chamei a congregação da Codó de Salém em 1980. Isso é um anacronismo. Então, encontraremos nesses livros, principalmente em Gênesis, anacronismos que foram algumas coisas que foram acrescentadas que sabemos que não tinha como Moisés saber. Porque são coisas que surgiram posterior ao tempo de Moisés e, contudo consta em Gênesis. Esses acréscimos nos livros bíblicos foram escritos posteriormente. Eu acredito, particularmente, que tenha sido o escriba Esdras que ao fazer o fechamento dos livros canônicos e na revisão resolveu fazer alguns acréscimos, e esses acréscimos ele fez inspirado pelo Espírito Santo de modo que consta em nossas Escrituras. Em que data foi escrito o livro de Êxodo? Segundo o nosso amado teólogo Antônio Gilberto o ‘livro de Êxodo foi escrito entre 1450 e 1410 a.C’ (Lição 01, 1ºTrim/2014). Permita-me fazer uma nota explicativa sobre essas datas. Essas datas decrescentes não existiam na época de Moisés. Moisés não tinha essa noção – ‘Óh, os anos estão decrescendo’. Não! Essas datas surgiram depois. Na Idade Média um padre estabeleceu essas datas decrescentes. Mas na época de Moisés não havia um calendário universal em que cada povo tinha o seu próprio calendário, e assim os egípcios tinha o seu modo de calcular os anos, os babilônicos outro modo, os sumérios e etc. Pelos estudos dos teólogos se estabelecem as datas, mas mesmo assim, essas datas variam. Estamos utilizando as datas propostas pelos teólogos da Assembleia de Deus. O livro de Êxodo cobre um período de um ano de história, quer dizer, desde a saída de Israel do Egito até o erguimento do tabernáculo no deserto passaram-se um ano. A saída de Moisés com o povo aconteceu em 1446 A.C., depois de um ano, eles levantaram o tabernáculo em 1445 A.C., encontramos isso no final do livro de Êxodo, quando lemos ‘no primeiro mês, do segundo ano... foi levantado o tabernáculo’ (Êx 40.17). Porém se retrocedermos a história dos capítulos 1 e 2, o período é mais longo, porque narram a história desde a entrada de Israel no Egito até quando Moisés completa 40 anos de idade (1876-1486 A.C). Temos resumidamente um período de 390 anos de história. Enquanto que do capítulo 3 até o capítulo 40 temos apenas um ano de história. O propósito do livro de Êxodo é narrar a libertação do povo de Israel do Egito e como os israelitas se tornaram uma nação teocrática e sacerdotal. Encontramos um paralelo entre o livro de Êxodo e o livro do Apocalipse. 61
Porque da mesma maneira que, em Êxodo, Deus libertou o Seu povo do sistema egípcio, no Apocalipse, Ele liberta Seu povo do sistema babilônico anticristão. Há uma semelhança nas pragas, na perseguição contra os judeus e no cântico dos santos junto ao mar. Esse cântico é chamado de cântico de Moisés e do Cordeiro (Ap 16). Já que eu falei sobre os teólogos liberais de como eles estão tentando solapar as Escrituras. Quero falar algo mais. Esses teólogos liberais estão produzindo crentes híbridos. O que são crentes híbridos? São tipos de crentes que não sabem mais em que eles mesmo acreditam. Eles questionam a Bíblia e ao mesmo tempo crer na Bíblia; afirmam que algumas partes da Bíblia não são inspiradas e outras partes são. Esses crentes estão todo misturados. Agora esses crentes híbridos estão tentando eliminar o nome ‘Jesus’, para isso estão recorrendo ao texto hebraico para provar que a pronúncia correta do nome do Filho de Deus é Yeshua ou Yahushua ou não sei o quê, e tal... são crentes embaraçados, frutos desses teólogos liberais. O triste fim para quem segue os ensinamentos dos teólogos liberais são dois: ou se tornarão ateus ou crentes híbridos. Se você ouvir alguns crentes se referir a Jesus sempre pelo título de ‘o Salvador’, ‘o Mashiach’, e evitando chama-lo de ‘Jesus’ pode ser um crente híbrido. A internet está cheia desse tipo de crentes, um deles, é um desviado da Assembleia de Deus chamado de Rubens Sodré, eu chamo seus adeptos de ‘rubenitas’. Claro que não estou me referindo aos cristãos messiânicos que chamam ‘Jesus’ de ‘Mashiach’ e ‘Yeshua’, mas reconhecem que Ele também pode ser chamado pela tradicional pronúncia ‘Jesus’. Retornando a nossa palestra, leiamos Êxodo 1.1-5: ‘Estes pois são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com Jacó; cada um entrou com sua casa: Rúben, Simeão, Levi, e Judá; Issacar, Zebulom, e Benjamim; Dã e Naftali, Gade e Aser. Todas as almas, pois, que procederam dos lombos de Jacó, foram setenta almas; José, porém, estava no Egito’. E Atos 7.14-16: ‘E José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela, que era de setenta e cinco almas. E Jacó desceu ao Egito, e morreu, ele e nossos pais; e foram transportados para Siquém, e depositados na sepultura que Abraão comprara por certa soma de dinheiro aos filhos de Emor, pai de Siquém’. Quantas pessoas desceram ao Egito com Jacó? 70 pessoas ou 75 pessoas? Estevão, em seu sermão em Atos, baseou essa informação na Septuaginta, onde aparecem 75 pessoas, porém, na Bíblia hebraica foram setenta. Leiamos, agora, um texto baseado em duas fontes: a Septuaginta e a Bíblia hebraica. 62
Gênesis 46.20 (na Bíblia hebraica): ‘E nasceram a José na terra do Egito, Manassés e Efraim, que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om’. Na Septuaginta: ‘E houveram filhos nascidos para José na terra do Egito, a quem Azenate filha de Potífera, sacerdote de Heliópolis, deu a ele: Manassés e Efraim. E houveram filhos nascidos de Manassés, os quais a concubina síria deu a ele: Maquir. E Maquir gerou Gileade. E os filhos de Efraim, o irmão de Manassés: Sutelem e Taem. E os filhos de Sutalem: Edom’. Nesse texto mais longo aparecem netos e bisnetos de Jacó oriundos dos dois filhos de José. A Septuaginta incluiu esses netos e bisnetos entre as pessoas que descendo com Jacó ao Egito, muito embora, eles já estivessem no Egito. É por isso que na Septuaginta são 75 pessoas. A Bíblia hebraica não inclui esses netos e bisnetos de Jacó. De onde a Septuaginta baseou essa tradução? Se baseou em Números 26.28-41. Todavia, meus irmãos, quando a Bíblia diz que desceram setenta e cinco pessoas com Jacó para o Egito se refere apenas aos descendentes homens, pois, na verdade, também desceram com ele os servos, as mulheres e etc. Eles entraram no Egito em 1876 A.C, e é a partir dessa data que contamos os 430 anos de cativeiro, e não a partir do momento em que eles começaram a ser oprimidos pelos Faraós. Contando-se dessa data, os 430 anos, chegará em 1446 A.C, quando eles saíram do Egito. Por que Deus esperou tanto tempo para tirar o Seu povo do Egito? Leiamos Gênesis 15.13-16: ‘Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia’. Deus esperou que os amorreus habitantes de Canaã enchem-se a medida da injustiça, de modo que quando o cálice transbordasse, Deus iria mandar o juízo sobre eles. Como não havia chegado esse tempo, pois Israel seria o instrumento para executar esse juízo, Deus resguardou o seu povo na terra do Egito. Durante esse tempo que Israel permaneceu no Egito, houve a mudança de dinastia egípcia - Êxodo 1.8: ‘E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José’. ‘Quando Israel entrou na terra do Egito, quem dominava o Egito era um povo semita, vindo da Ásia, chamados de hicsos. Eles penetraram no Egito, destituíram os Faraós e governaram o Egito. Quando José desceu ao Egito, os hicsos já dominavam o país. Porém, com tempo os Faraós 63
egípcios recobraram seus poderes. E, um desses Faraós, chamado Amósis (1570-1546 A.C), conseguiu derrotar os hicsos, retomar o poder e fundar uma nova dinastia egípcia. Depois dele, lhe sucedeu seu filho Amenófis, também chamado de Amenotepe I (1546-1526 A.C), mas foi durante o governo de Tutmés I (1526-1508 A.C) que os hebreus foram subjugados a escravidão’ (Coletânea de Mensagens e Palestras de Edinaldo Nogueira 2ª Parte, pág. 63). Tutmés I teve três filhos: Tutmés II (1508-1504 A.C), a princesa Hatshepsut (1504-1486 A.C) e Amenmose (que faleceu antes de seu pai). Moisés nasceu no período do governo de Tutmés I, em 1526 A.C. Ao morrer Tutmés I, seu filho Tutmés II governa o Egito, e casa com a sua meia-irmã, Hatshepsut. Seu governo durou pouco tempo, pois ele morre, e quem deveria lhe suceder no império seria seu filho, Tutmés III, pois não era permitido mulher ser um Faraó. Mas como na época Tutmés III era apenas um menino de sete ou oito anos, não tinha condições de governar o país, então a sua tia e madrasta, Hatshepsut, começou a reinar em seu lugar como uma regente. Por que o Faraó Tutmés I resolveu oprimir o povo de Israel? Leiamos Êxodo 1.9,10: ‘O qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós. Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra’. Tutmés I temeu um golpe de estado, que os israelitas tomassem o poder das mãos dos faraós, assim como os semitas hicsos havia tomando o poder anteriormente. Êxodo 1.7, diz: ‘E os filhos de Israel frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles’. Irmãos, vocês sabem que quando Israel desceu ao Egito habitaram em uma das melhores cidades do Egito, em Gósen, próxima do Nilo, era uma terra fértil. Foram bem acolhidos por causa de José que na época era governador no Egito. Israel viveu uma vida boa no Egito. E por causa dessa vida boa, prosperaram financeiramente, tornaram-se ricos criadores de gados e se expandiram em todo o Egito habitando em outras cidades do Egito. Então, os faraós temeram, e procuraram conter o avanço dos israelitas. Por que Deus permitiu que a nação de Israel fosse oprimida no Egito? (Js 24.14; Ezequiel 20.5-10). Leiamos Josué 24.14: ‘Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao Senhor’. E Ezequiel 20.5-10: ‘E dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: No dia em que escolhi a Israel, levantei a minha mão para a descendência da casa 64
de Jacó, e me dei a conhecer a eles na terra do Egito, e levantei a minha mão para eles, dizendo: Eu sou o Senhor vosso Deus; naquele dia levantei a minha mão para eles, para os tirar da terra do Egito, para uma terra que já tinha previsto para eles, a qual mana leite e mel, e é a glória de todas as terras. Então lhes disse: Cada um lance de si as abominações dos seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor vosso Deus. Mas rebelaram-se contra mim, e não me quiseram ouvir; ninguém lançava de si as abominações dos seus olhos, nem deixava os ídolos do Egito; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir a minha ira contra eles no meio da terra do Egito. O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante dos olhos dos gentios, no meio dos quais estavam, a cujos olhos eu me dei a conhecer a eles, para os tirar da terra do Egito. E os tirei da terra do Egito, e os levei ao deserto’. Os israelitas foram oprimidos como uma forma de castigo de Deus para que pudessem abandonar os ídolos do Egito. Eles prosperaram e se tornaram ricos, e nessa prosperidade material se esqueceram de Deus, passaram a adorar os deuses do Egito e a participar das festividades pagãs. É claro que não foram todos os israelitas, pois Deus sempre tem os seus remanescentes. Mas substancialmente a nação se corrompeu na terra do Egito. Esse foi o motivo porque Deus permitiu que se levantasse um faraó para oprimir o povo de Israel. Esse faraó usou algumas atitudes macabras e maldosas para dá fim a nação de Israel. Quais foram essas atitudes? Trabalho escravo. Israel viveu uma vida boa no Egito. Cuidava de ovelha, de gado, fazia plantação, artesanato, etc., mas o faraó acabou com essa vida boa. Leiamos Êxodo 1.11-14: ‘E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidadesarmazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel. E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza’. Vejamos o que escreveu dois judeus eruditos sobre o sofrimento de Israel no Egito. Filo (30 A.C - 50 D.C), que viveu em Alexandria, no Egito, escreveu o seguinte: “esclareceu que alguns israelitas trabalhavam com o barro, moldando-o em tijolos, ao passo que outros colhiam e transportavam palha e outro material para ser misturado a massa. Alguns filhos de Israel serviam em casas; outros, nos campos, outros cavando canais, e ainda outros transportando cargas” (De Vita Mosis, 1.1 par. 608). 65
Flávio Josefo (37-95 D.C), presenciou a destruição de Jerusalém no ano 70 D.C, e escreveu uma história completa sobre os judeus, e em um de seus livros, ele diz o seguinte: “Os egípcios criaram uma boa variedade de maneiras para oprimir os israelitas; pois forçavam-nos a cavar grande número de canais para o rio, ou a erigir muralhas para suas cidades ou a levantar paredões para conter as aguas do Nilo, impedindo que o rio extravasasse para além de suas margens. Também obrigaram os filhos de Israel a edificar pirâmides, com o que queriam desgasta-los” - O Antigo Testamento Interpretado - Vol. 1, pág. 306. Os faraós colocaram um trabalho muito pesado sobre os israelitas, de hóspedes tornaram-se escravos dos egípcios. Outro modo que os faraós utilizaram para destruir com Israel foi o genocídio, pois diz que quanto ‘...mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam...’. Genocídio é um extermínio deliberado para destruir uma raça. Leiamos Êxodo 1.15-21: ‘E o rei do Egito falou às parteiras das hebréias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), e disse: Quando ajudardes a dar à luz às hebréias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida. Então o rei do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por que fizestes isto, deixando os meninos com vida? E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebréias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz antes que a parteira venha a elas. Portanto Deus fez bem às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele estabeleceu-lhes casas’. E o outro meio foi o infanticídio. Leiamos Êxodo 1.22: ‘Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida’. Foi durante esse período que nasceu Moisés. Que foram os pais de Moisés? Em Êxodo 6.16,18, encontramos uma breve genealogia de Moisés, ali está escrito: ‘E estes são os nomes dos filhos de Levi, segundo as suas gerações: Gérson, Coate e Merari; e os anos da vida de Levi foram 137 anos [1920- 1783 A.C]... E os filhos de Coate: Anrão, Izar, Hebrom e Uziel; e os anos da vida de Coate foram 133 anos... E Anrão tomou por mulher a Joquebede, sua tia, e ela deu-lhe Arão e Moisés: e os anos da vida de Anrão foram 137 anos’. Portanto os pais de Moisés foram Anrão e Joquebede. Moisés foi adotado pela filha de faraó e viveu 40 anos no Egito. Moisés havia nascido em 1526 A.C, na época do reinado de Tutmés I [1526-1508 A.C], sua filha se chamava Hatshepsut. Possivelmente foi essa mulher que adotou Moisés 66
como seu filho. O significado do nome ‘Moisés’ é ‘aquele tirado da água’ ou ‘salvo da água’, ‘extraído da água’, ‘filho da água’ e etc. Porém, há outra teoria que acredita que Moisés viveu na época do faraó Ramsés II (1304-1238 A.C.), pois, diz que a cidade Ramessés que os israelitas construíram no Egito foi em homenagem a esse faraó (Êx 1.11). Esse faraó tinha uma filha, inclusive, Flávio Josefo cita o seu nome, Termutis, que seria, então, a mãe adotiva de Moisés. Antes de Moisés morar de fato no palácio de Faraó, ficou um tempo com sua mãe hebreia até ser desmamado, e durante esse tempo, acredita-se que, sua mãe o instruiu na fé dos hebreus. Depois foi levado ao palácio, onde recebeu o nome de Moisés e viveu até aos 40 anos de idade. E durante esse período, diz o Dr. Antonio Gilberto, que Moisés ‘frequentou as mais renomadas universidades egípcias, inclusive a de Om (At 7.22; Gn 41.45)’ (Lição 01, 1ºTrim/2014). Possivelmente Moisés conhecia a escrita dos babilônicos, cuneiforme, a escrita egípcia, hieroglífico e a escrita dos hebreus, o chamado proto-hebraico. Com 40 anos de idade, Moisés resolve visita seus irmãos hebreus na cidade de Gósen, e lá viu um egípcio maltratando um hebreu, e defendeu o seu irmão, atacando o egípcio e o matou e ocultou o cadáver. No outro dia, vai novamente visitar seus irmãos, e viu dois deles brigando, ao tentar apartar, dizendo: ‘vocês são irmãos não devem brigar’. Mas aí um deles respondeu: ‘Você pensa que é quem? Você pensa que é o nosso juiz ou libertador? Nós sabemos que ontem você matou um egípcio’. Então, Moisés temeu, pois percebeu que essa notícia já havia se espalhado, e de fato, pois por causa disso o faraó Tutmés III, decidiu matar Moisés, e assim, Moisés foge para Midiã. É claro que Tutmés III já aguardava outras rixas contra Moisés. Pois quando Hatshepsut, mãe adotiva de Moisés e madrasta de Tutmés III, era regente do Egito não transferiu o trono para Tutmés III quando este completou a maioridade para governar o Egito. Porém, Tutmés III com ajuda de outras pessoas deu fim enigmático nessa mulher, e também, deu fim a outras pessoas que apoiava Hatshepsut e assumiu o trono. Por isso que quando na notícia se espalhou que Moisés matou um egípcio, então, ele tentou contra a vida de Moisés. Moisés foge do Egito e vai para Midiã, e ali ele conhece uma família de um sacerdote, que era Jetro, que tinha sete filhas. Moisés se casa com uma das filhas de Jetro, Zípora, tem dois filhos, Gérson e Eliezer, e se estabelece em Midiã, e fica ali 40 anos, trabalhando para o seu sogro como pastor de ovelha. Nessa época Moisés já tinha 80 anos de idade. Irmãos, em 1887 D.C, encontraram várias tábuas de argila em uma cidade chamada Amarna, no Egito, na verdade livros antigos, eles foram datados em 1400 A.C., período em que o povo de Israel já havia saído do Egito e estava penetrando em Canaã. Essas tábuas de argila dão testemunho 67
que nessa época de fato existia os hebreus, pois nessas tábuas, um dos reis de Canaã, escreve para o faraó solicitando ajuda contra as invasões de um povo que ele chama de habiru, que era o nome que os egípcios davam aos hebreus. Em 1896 D.C, encontraram um bloco de pedra, que também servia de material para escrita. Esse bloco de pedra datado em 1209 A.C, é o primeiro registro na história que traz o nome ‘Israel’, até então, não havia, fora da Bíblia, o nome ‘Israel’ em lugar nenhum, de modo que alguns críticos diziam que na época antiga nunca havia existindo um povo chamado Israel. Nesse bloco de pedra, escrito na língua dos egípcios, o faraó Menerptah (1238-1211 A.C) se gloriava de ter vencido Israel em uma campanha militar. Por isso que esse bloco de pedra foi chamado de Estela Menerptah ou Estela de Israel, pois é um registo histórico que comprova que na época dos faraós existiu um povo chamado Israel. Para concluir gostaria de fazer uma aplicação dessa história de Israel para falar do valor da redenção de Cristo simbolizado pela libertação de Israel do Egito através do sangue do cordeiro da Páscoa; do valor da oração, pois Israel orou para que Deus pudesse lhe libertar; do valor das bênçãos de Deus para a Igreja que é a multiplicação e o fortalecimento através do poder do Espírito; do valor dos pais tementes a Deus, virmos o exemplos dos pais de Moisés que eles temeram a Deus apesar do édito de faraó de destruir as crianças, mesmo assim, eles não obedeceram a esse édito e esconderam Moisés; do valor da educação cristã em casa, é em casa que devemos educar nossos filhos na palavra de Deus; do valor do cuidado de Deus na vida do cristão, quer dizer, Deus cuidou de Moisés no Egito, Deus, também, cuida de nós neste mundo e do valor das habilidades do cristão, isto é, assim como Deus utilizou as habilidades que Moisés tinha para fundar a nação de Israel, assim também Deus quer utilizar as nossas habilidades para fazer a Sua obra.
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 12 de Janeiro de 2014 Sobre a Chamada Ministerial de Moisés
Irei abordar essa palestra baseada na chamada ministerial de Moisés que vai refletir também na chamada e na vocação de cada um de nós. Quando falo a chamada ministerial, não estou apenas me referindo aos ofícios ministeriais da igreja, mas também aos serviços ministeriais. Leiamos Efésios 4.11,12: ‘E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e 68
mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo’. Neste texto encontramos os cinco ofícios que são o ministério oficial da igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Diz o texto que esses homens foram dados à igreja para preparar os santos para a obra do ministério. Esse ministério dado aos santos são os serviços ministeriais. Vamos definir quem são esses ministros oficiais na Assembleia de Deus. A Assembleia de Deus tem apenas dois ministros oficiais, o pastor e o evangelista. O apóstolo e o profeta, na Assembleia de Deus, são o missionário e o pregador itinerante, e o mestre é o teólogo. A Assembleia de Deus não considera esses três: o missionário, o pregador itinerante e o teólogo como oficiais da igreja, mas apenas como serviços ministeriais da igreja. Agora os oficiais, o pastor e o evangelista, desempenham esses serviços, o pastor é o teólogo, o missionário e o pregador, igualmente o evangelista é o teólogo, o missionário e o pregador. Portanto, esses ofícios, muito embora, não são chamados pelos títulos na igreja, contudo, estão em funcionamento dentro da igreja. Na Assembleia de Deus, o presbítero não é um oficial da igreja, mas um serviço na igreja, assim como os demais cargos e funções que se desempenham na igreja, estão dentro da obra do ministério dos santos, que inclui os diáconos, o dom de profecia e etc., que devem ser supervisionados pelos oficiais. Por conseguinte aos falarmos da chamada ministerial incluímos todos esses ministérios, tanto os oficiais como também a obra que os santos exercem na igreja em seus vários serviços cristãos. Sabemos que todos os cristãos têm duas chamadas: a primeira chamada é ‘vinde a mim’. E ao irmos à Cristo, nos tornamos crentes e somos salvos. A segunda chamada é ‘ide por todas as nações’. Esse ‘ide por todas as nações’, não é algo dado a alguns crentes, mas dado a todos. Todos os cristãos estão na responsabilidade de levar o evangelho de Cristo a qualquer um, seja aonde for e aonde estiver. Isso não significa que temos que viajar para outros países, mas podemos ir em nossa casa, em nossa vizinhança, em nosso trabalho, em nosso colégio e em nossa sociedade. Essa segunda chamada é uma chamada geral para todos os crentes, falar de Cristo a qualquer pessoa. Temos a chamada específica, onde Cristo distribui os seus dons, e dentro desses dons o crente desenvolve sua chamada especifica. Por exemplo, alguns são chamados para ser diáconos, outros para profetizar, outros para liderar, administrar, cantar, pregar, ensinar e etc. Cada um tem especificamente a sua chamada. Tendo feito essa introdução, vamos agora falar do desenvolvimento da chamada ministerial. Quando Deus chama alguém para o ministério, Ele já tinha escolhido essa pessoa. Moisés foi um escolhido de Deus. O Salmo 106.23, chama Moisés de ‘escolhido’. Em nossa palestra anterior, falamos 69
sobre o nascimento de Moisés, e como ele foi preservado por Deus durante o período em que os faraós se levantaram para tentar destruir a semente de Israel. Moisés foi preservado tanto na sua casa por três meses escondido, como também o Senhor preservou-o no próprio palácio de faraó ao ser criado pela princesa egípcia. Isso é a preservação de Deus ao menino Moisés, pois o Senhor já o havia escolhido desde o ventre da sua mãe para o serviço de libertar Israel do Egito. Moisés foi escolhido por Deus para uma missão especial. Leiamos Atos 7.17-21: ‘Aproximando-se, porém, o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito; até que se levantou outro rei, que não conhecia a José. Esse, usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os fazer rejeitar as suas crianças, para que não se multiplicassem. Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai. E, sendo rejeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho’. Esse texto mostra que Moisés nasceu no momento certo. Quando chegou o tempo de Deus cumprir a sua promessa feita a Abraão, Satanás, de uma maneira ardilosa, se levantou contra o povo de Deus para que a promessa não fosse cumprida, mas naquele momento nasceu Moisés. Portanto, Moisés foi escolhido desde o ventre da sua mãe para servir como libertador do povo de Israel. Todo aquele que Deus tem uma chamada especial, o escolhe desde o ventre materno. Vamos ler dois textos bíblicos que falam sobre a chamada ministerial de Jeremias e a de Paulo. Jeremias 1.4,5: ‘Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta’. Jeremias foi chamado para ser profeta, mas a sua escolha foi desde o ventre de sua mãe. E Gálatas 1.15: ‘Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça’. Paulo que foi chamado para ser apóstolo, foi escolhido e separado desde o ventre de sua mãe. A escolha ministerial é condicional para cada pessoa. Isso significa que uma pessoa mesmo sendo chamada por Deus, e escolhida por Ele, para um ministério especial ou um ministério especifico, pode correr o risco de invalidar essa chamada. Pois essa chamada é condicional. A pessoa tem que obedecer a Deus quando Ele a chamar para o serviço. João 6.70,71 diz que Deus escolheu Judas para o apostolado, porém Judas, conforme Atos 1.25, se desviou da sua chamada para o apostolado. Vamos ler um texto em Mateus 24.45-50 que fala que aqueles que são chamados por Deus, quer dizer, os seus mordomos, podem destruir sua chamada, e depois terão que sofrer danos terríveis. 70
Leiamos Mateus 24.45-50: ‘Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios, virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes’. Para que a chamada ministerial de Deus se cumpra em nossa vida, temos que ser fiéis a essa chamada. Paulo disse: ‘...não fui desobediente à visão celestial’ (At 26.19). Ele está se referindo quando Cristo o chamou no caminho de Damasco. Portanto, Deus escolhe, contudo temos que ser fiéis a chamada para não destruir o nosso ministério como esse servo inútil, e depois teremos que ter a nossa parte junto com os infiéis. Irmãos, não devemos confundir a chamada especial com a chamada especifica. A chamada especial é incondicional, e a pessoa é chamada desde o ventre materno para realizar uma missão única. A chamada especifica é condicional, e a pessoa é chamada para desempenhar uma tarefa especifica dentre muitas outras tarefas, porém, esse tipo de tarefa especifica também é realizada por outras pessoas. Entrementes, Deus não só escolhe e chama, como também prepara para o ministério. Moisés passou por três preparações. Primeira, preparação intelectual. Moisés foi chamado para o ministério com 80 anos de idade, e durante todos esses anos, ele foi preparado por Deus para cumprir seu ministério, sua chamada. E, dentre esses 80 anos, 40 anos passou no Egito, e lá Deus lhe preparou em toda a sabedoria dos egípcios. Ali Moisés aprendeu a língua dos egípcios e dos babilônicos; aprendeu a ler e a escrever. Toda a parte intelectual de Moisés foi forjada no Egito. Um pregador chamado Charles Spurgeon disse o seguinte: ‘para sermos pregadores eficazes, devemos ser teólogos autênticos’ (O Chamado Para o Ministério, pág. 09). Charles Spurgeon que viveu no século XIX, considerado como príncipe dos pregadores, ministrou muitas aulas para pessoas que estavam iniciando no ministério da pregação, e um dos conselhos que ele deu a pregadores foi que o pregador não pode pregar a palavra de Deus sem antes conhecer as Escrituras. Pois se a ferramenta do pregador é a Bíblia, então ele precisa conhecê-la. Para isso o pregador precisa se preparar intelectualmente. Ora, se a pessoa sabe que a sua chamada é para o ministério da pregação, então ela tem que se preparar através do estudo das Escrituras. Moisés tinha um defeito de dicção, quer dizer, ele tinha dificuldade de expressar suas palavras com fluência, mas isso não o impediu de exercer 71
o seu ministério da palavra. Deus pode chamar uma pessoa que tem dificuldade na sua dicção, e até mesmo um gago, pode ser chamado por Deus para servir como pregador, e não ser curado da sua gagueira. Mas essas coisas não são pretextos para não adquirir conhecimentos. Paulo disse: ‘E, se sou rude na palavra, não o sou contudo no conhecimento’ (2ª Co 11.6). Um defeito físico não impede uma pessoa de cumprir seu ministério, vai lhe impor dificuldades. O Pr. Adão é um cego, contudo é detentor de um bom conhecimento. Seus conhecimentos não vieram através de estudos pessoais, mas por outros meios. Mas isso também não serve de pretexto para obreiros que não são cegos, mas não querem adquirir conhecimentos. O Pr. Adão, por ser cego, recebeu uma graça especial, se você quer receber tal graça, então, peça a Deus para cegar os seus olhos, caso contrário, como qualquer outro, você deve buscar o conhecimento como o garimpeiro busca o ouro. Eu sirvo ao Senhor Jesus Cristo desde 1988, e como auxiliar, estou servindo há uns 17 anos. Muita gente me diz que eu já deveria ter sido diácono ou presbítero. A minha chamada não foi para ser diácono ou presbítero. A minha chamada foi para ser o que estou sendo agora, professor da EBD. Esse é o meu ministério. Alguns me dizem que é uma contradição um auxiliar ensinar em uma classe onde há diáconos, presbitérios e até evangelistas. Mas eu não estou ensinando como auxiliar, mas como professor da Escola Dominical. Aqui nessa cadeira se se sentar um presbítero ou um pastor, ele será um aluno. Talvez Deus tenha colocado esses defeitos físicos em mim para confundir os homens, pois, penso eu, que a minha chamada não é para ser diácono ou ser presbítero. Se eu fosse um diácono ou presbítero, talvez, não teria sucesso em meu ministério. E eu não faço questão de ser. E se me chamarem para ser, eu vou recusar. Se qualquer pastor que me chamar para ser diácono ou presbitério, eu vou dizer: ‘Irmão, eu não tenho chamada para ser diácono e nem para ser presbítero’. A minha chamada é para ensinar a palavra de Deus. Meus irmãos, nós temos que descobrir qual é chamada de Deus em nossa vida. Ou Deus vai revelar a nossa chamada ou as circunstâncias farão com que descobrirmos a chamada de Deus. Não importa qual seja a chamada, temos que cumprir a chamada de Deus. Deus chama de duas maneiras: de uma maneira direta ou de uma maneira indireta. A chamada direta é quando Deus vem direto à pessoa como veio a Moisés, através de uma revelação, sonho, visão ou profecia. Essa é uma chamada sobrenatural ou extraordinária. E a chamada indireta é quando Deus usa as pessoas. O ministério percebe que tal pessoa cumpre os requisitos padronizados nas Escrituras para tal chamada, então, a pessoa é 72
indicada e consagrada. Essa é uma chamada natural ou ordinária, mas ambas são provenientes de Deus. Todos quantos foram chamados para ministrar a palavra, seja o pregador, seja o ensinador, seja o presbítero, seja o pastor e seja o líder cujo ministério envolve a palavra, precisa se preparar intelectualmente. Por exemplo, Josué foi escolhido para substituir Moisés, para cumprir a missão de introduzir o povo na terra de Canaã. Ele já tinha a chamada. Moisés já tinha posto a sua mão sobre ele para receber a unção da sabedoria e do Espírito. Porém, qual foi o conselho de Deus para Josué? Leiamos Josué 1.1,2,5,8: ‘E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que o Senhor falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: Moisés meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido’. Apesar da unção e da presença de Deus na vida de Josué, para ele ter sucesso em seu ministério teria que ler e meditar no livro sagrado. Alguns irmãos ler de uma maneira errônea o texto de Mateus 10.19,20: ‘Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós’. Muitas pessoas pegam esse texto para dizer que o pregador não precisa preparar a sua mensagem, porque o Espírito Santo vai dá na hora a mensagem. Mas esse texto bíblico não tem nada a ver com um convite antecipado para pregar. O texto bíblico está se referindo a uma oportunidade improvisada. Para entendermos melhor esses textos temos que ler o contexto anterior, quer dizer, o contexto vai mostrar em que momento a palavra vai ser dada. Mateus 10.17,18: ‘Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; E sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos gentios’. Se você algum dia for preso e conduzido diante das autoridades, e intimado a falar perante um tribunal por ser um seguidor de Jesus, nesse momento você receberá a palavra de defesa para dá testemunho do Senhor. Dessa maneira improvisada, a palavra lhe é dada, também, de uma maneira improvisada.
73
Agora se você é convidado para pregar, e não prepara a mensagem, isso não é dependência do Espírito, isso é preguiça, é desleixo, é negligência. Depois da preparação intelectual, Moisés passou por outra preparação que foi a preparação experimental. Moisés passou quarenta anos servindo a Jetro, pastoreando as suas ovelhas. Nesses quarentas, ele aprendeu todo caminho no deserto, onde havia as fontes d’aguas, se adaptou ao clima do deserto, enfim aprendeu a conviver no deserto aonde iria passar mais quarenta anos com o povo de Israel. A jornada para a terra de Canaã deveria durar poucas semanas, porém, quando Israel chegou em Cades-Barnéia, Moisés enviou 12 espias para trazer informações do território de Canaã, dez desses espias trouxeram más notícias, desmotivando o povo a tomar posse da terra, por causa disso Deus trouxe um juízo sobre eles que assim como os espias passaram 40 dias espiando a terra de Canaã, assim também, Israel caminharia quarenta anos no deserto até que toda aquela geração de maior de 20 anos que saiu do Egito morreria no deserto. Israel tinha o tabernáculo e sobre ele a nuvem do testemunho. Israel só poderia partir do acampamento quando a nuvem partisse. Ele tinha que seguir a nuvem para aonde ela ia. Quando a nuvem ia para um lugar, e depois retornava, eles tinham que retornar também. Israel não estava perdido e atordoado sem saber o caminho, mas era porque ele tinha que seguir a nuvem. Para conduzir o povo durante esses quarentas anos, Moisés teve que passar por uma preparação experimental. E para isso ele foi pastorear ovelhas no deserto. De modo que o mesmo tratamento que um pastor tem com o seu rebanho, assim um líder tem que ter com seus liderados. Um pastor tinha que conduzir as ovelhas a campos verdejantes e águas frescas, livra-las do lobo, protegê-las de cair no abismo e se a ovelha for rebelde tem que quebrar suas perninhas e etc. Esse também é o trabalho do líder cristão. A terceira preparação de Moisés foi a preparação espiritual. Moisés teve que conhecer o Senhor, e passar por uma transformação. Essa transformação aconteceu no monte Sinai, onde ele recebeu a revelação de Deus. Deus se revelou a Moisés dizendo: ‘Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó’ (Êx 3.6). Moisés com certeza já ouvira falar desse Deus, quando ele foi criado por sua mãe, ela o instruiu acerca do Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Porém, ele precisava, agora, ter uma experiência pessoal. Ter conhecimento intelectual é uma coisa, e ter uma experiência espiritual é outra coisa. O conhecimento intelectual e a experiência na vida prática não substituem a experiência espiritual que a pessoa tem que ter com o Senhor, a comunhão, uma vida de dedicação e consagração. Isso é essencial. 74
Moisés conheceu o Senhor no monte Sinai, e doravante, aprendeu a ter comunhão com o Senhor Deus. As pessoas me perguntam por que Josué não ungiu um líder para a nação de Israel, e se isso foi uma falha na sua liderança. Quando Josué morreu, havia os sacerdotes estabelecidos, Eliezer e Finéias. Esses dois sacerdotes deveriam conduzir o povo de Deus nas Escrituras, e além deles, havia anciãos de cada tribo. Pois Josué deixou em cada tribo, anciãos. Ele não ungiu um líder como ele porque essa não era a vontade de Deus. A vontade de Deus era que os anciãos governassem o povo baseado nos conselhos dos sacerdotes para que Israel fosse uma nação teocrática e sacerdotal. Naquela ocasião, ainda não havia chegando o tempo de Deus estabelecer um rei sobre a nação, isso aconteceria com Davi. Até Davi, Deus não tinha projeto para um reinado, eles tinham que ser ensinados pelos sacerdotes baseados nas leis, a Torá. Meus irmãos, Deus não chama alguém para desempenhar uma função sem antes prepara-lo para aquela função. Moisés foi escolhido e preparado, agora, em Êxodo 3 acontece a chamada de Moisés. Há a separação, a vocação e a capacitação. Na separação, Deus escolheu a pessoa para desempenhar um ministério; a vocação é a inclinação para aquele ministério, é o desejo para fazer algo. É uma operação interna. Se colocarmos alguém para exercer um ministério pelo qual não tem vocação, essa pessoa irá desperdiçar tudo. Antes da chamada, tem que ter a vocação. E a vocação é a operação no coração quando a pessoa recebe de Deus o desejo e a inclinação para algo. Portanto, tem a separação, a vocação e a capacitação. Deus capacita para que dentro daquela vocação, a pessoa possa desempenhar bem o seu ministério. Se a pessoa tem a escolha e a vocação, mas não tem a capacidade, não irá desempenhar bem a sua função. A capacitação vem através do treinamento adquirido pelo aprendizado. Isso nos ajuda a servir melhor e com excelência no Reino de Deus. A fim de capacitar Timóteo para o ministério, Paulo lhe deu o seguinte conselho: ‘persiste em ler’ (1ª Tm 4.13). Paulo sabia que a função desempenhada por Timóteo como pastor, precisaria de conhecimento bíblico adquirido através da leitura da palavra de Deus. Toda chamada tem objetivo. Irei citar quatro objetivos: kerigma, didaquê, diakonia e koinonia. São quatro palavras gregas. Primeira, kerigma – proclamação do evangelho. Moisés foi chamado para proclamar liberdade ao povo de Israel que estava cativo no Egito. Um dos objetivos da chamada de Deus também para os seus servos é o kerigma, a proclamação do evangelho. 75
Algumas pessoas erroneamente dizem, e eu não sei de onde eles tiram isso da palavra de Deus, que os anjos desejam pregar o evangelho. Talvez seja da leitura equivocada de 1ª Pedro 1.10-12. Meus irmãos, há dois modos de se ler a Bíblia: a leitura devocional e a leitura para estudo e pesquisa. Na leitura devocional, o cristão ler sem se preocupar com a interpretação e o significado das coisas, mas como um alimento, absolvendo apenas o que de priori se entende. Na leitura para estudo, aconselho que consultem várias traduções da Bíblia para elucidar um texto não compreendido. Façam uso de dicionários, enciclopédias e comentários bíblicos para aprofundar a pesquisa. Vamos ler o texto que se usam para dizer que os anjos desejam pregar o evangelho, e veremos se realmente o texto diz isso. Leiamos 1ª Pedro 1.10-12: ‘Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar’. Outra tradução diz: ‘...coisas essas que anjos anelam perscrutar’. ‘Atentar’ e ‘perscrutar’ não tem nada a ver com ‘pregar’, mas tem a ver com ‘prestar atenção’, ‘observar’, ‘investigar, ‘examinar’ e etc. Então, os anjos desejam e anelam prestar atenção ao cumprimento do plano da salvação através do evangelho previsto pelos profetas, isto é, ver se cumprir o que os profetas falaram acerca do nascimento de Cristo, da Sua morte, da Sua ressurreição e da Sua vinda. Portanto, pregar o evangelho é uma missão dada ao povo de Deus. Segunda, didaquê – instrução doutrinária. Moisés tirou o povo do Egito, mas agora, através do ensino de leis justas dadas no Monte Sinai, Moisés iria tirar o Egito do povo. O kerigma nos resgata do mundo, mas o didaquê, a instrução, tira o mundo de nós. Paulo disse para Tito: ‘Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina’ (Tt 2.1). Os costumes e práticas mundanos só saem do meio da comunidade cristã se o pastor ensinar conforme a sã doutrina. Terceira, diakonia – serviço aos santos, e quarta, koinonia – promover a comunhão na comunidade cristã. Sempre protelamos a chamada divina, e não foi diferente com Moisés. Ao ser chamado, ele citou algumas desculpas para não ir. Primeira desculpa: ‘não tenho dignidade’. Moisés disse: ‘Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel’ (Êx 3.11). Realmente, ninguém é digno de ser escolhido para o sagrado ministério, mas todos têm potencial. 76
Segunda desculpa: ‘Não tenho conhecimento’. Moisés disse: ‘se eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? (Êx 3.13). Terceira desculpa: ‘Não tenho credibilidade’. Moisés disse: ‘Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz’ (Êx 4.1). E quarta desculpa: ‘Não tenho capacidade’. Moisés disse: ‘eu não sou homem eloquente... porque sou pesado de boca e pesado de língua... (Êx 4.10). Quinta desculpa: ‘Não tenho vocação’. Moisés disse: ‘Ah, meu Senhor! Envia pela mão daquele a quem tu hás de enviar’ (Êx 4.13). Essas desculpas não serviram de motivo para ele não cumprir o seu ministério. Para cada desculpa dessa, Deus deu uma resposta. Por exemplo, quando Moisés disse que não tinha credibilidade, Deus lhe deu os sinais para realizar diante do povo. Meus irmãos, não têm desculpas para deixarmos de cumprir a nossa chamada... ‘não tenho tempo...’, ‘não sei ler...’. Não existem desculpas! Veremos rapidamente, algumas atitudes corretas diante da chamada ministerial baseadas nas atitudes de Moisés. Primeira atitude, espere o momento certo para agir. Toda chamada tem o momento certo para acontecer. Tem obreiro que sonho que Deus lhe chamou para ser pastor, aí no outro dia, ele já quer fundar uma igreja. Calma, meu irmão, tem o momento certo. Segunda atitude, busque o apoio e a compreensão da família. A família precisa apoiar o ministério do obreiro. Se ainda não conquistou esse apoio, então, ore. É muito triste para um ministro que não tem o apoio da sua esposa. Ele pode a ter desempenhar o seu ministério, mas com deficiência. Terceira atitude, ajuste a sua vida nas normas de Deus. Quer dizer, não é de qualquer jeito; não é de uma maneira desmantelada, desconcertada. Tem que ser dentro das normas de Deus. Deus chamou Moisés para o ministério, então, Moisés reuniu a família e saiu, mas no caminho, Deus quis matar Moisés (Êx 4.20,24-26). Como assim? Deus lhe chamou? Então, como Deus quer agora lhe matar? Ora, porque, ele não tomou as devidas precauções. Que era circuncidar o seu filho, ele tinha esquecido. Nós devemos, irmãos, antes de cumpri a vontade de Deus no ministério, devemos fazer a sua vontade em nossa vida pessoal. Quarta atitude, receba a autorização da sua liderança. Moisés não foi sem o apoio da liderança. Primeiramente, Moisés falou com o seu sogro, Jetro, que era um sacerdote, e ele liberou a sua ida. Ele lhe disse: ‘Vai em paz’ (Êx 4.18). E, depois que Moisés chegou ao Egito, ele reuniu os anciãos, os líderes de Israel, para expor diante deles a sua chamada (Êx 4.29,30). A chamada de Deus não vai acontecer sem nenhuma autorização. Você deve ir debaixo de uma autorização. E essa autorização é dada pela 77
igreja aos seus ministros. É a igreja que chama e designa através do Espírito Santo e da liderança eclesiástica. Para concluir: como cumprir a chamada ministerial? Primeiro, obedeça a Deus. Moisés teve que obedecer a Deus para ir falar com Faraó. No começo, ele não queria, mas ele teve que obedecer. Não podemos cumprir uma chamada, se não estivermos dispostos a obedecer a Deus. Se Deus quer que você sirva em determinado local, então, é lá que você tem que servir; se Deus quer que você faça determinada coisa, então, é isso que você tem que fazer. Segundo, enfrente as oposições. Não é porque Deus chamou que não haverá dificuldades ou oposições. Moisés enfrentou oposições tanto do povo de Israel como também dos egípcios. Eles se opuseram a chamada de Deus na vida de Moisés. Na chamada de Deus na nossa vida haverá dificuldades e oposições. Não pense que haverá apenas prosperidade, terá que enfrentar, também, escassez. Pode até fracassar em alguns pontos, mas tem que enfrentar isso com a cabeça erguida. Não pode desistir. A dificuldade, a oposição, o fracasso, seja o que for, se temos convicção da nossa chamada, nada pode nos impedir de prosseguir avante. E terceiro, confie nas promessas de Deus. Quando Deus diz que fará, Ele faz; se ele falou, ele cumpre. Deus fez várias promessas a Moisés, e as cumpriu. Moisés confiou no Senhor. Vamos confiar nas promessas de Deus, e elas irão se cumprir.
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 23 de Janeiro de 2014 Sobre a Santidade Nos Protege das Pragas Divinas e das Propostas Ardilosas de Faraó
Sabemos que o povo de Israel estava cativo no Egito por quase 430 anos, e Faraó não queria deixar o povo de Deus sair do Egito para celebrar uma festa ao Senhor no deserto. Por causa disso, Deus enviou algumas pragas no Egito com três objetivos: julgar tanto o governo quanto o povo por seus atos, apressar a saída dos hebreus e mostrar o poder de Deus sobre os deuses egípcios. Eu falei em minha primeira palestra que quando lemos esse contexto histórico das pragas sobre o Egito encontramos um paralelo com o livro do Apocalipse, onde, também, as pragas de Deus serão derramadas sobre a terra. Deus fara isso, também, com objetivo de julgar a nações que ao longo de todos os séculos têm perseguido e oprimido o povo de Deus. 78
Outro objetivo é fazer com que o povo de Deus seja liberto do poder do império das trevas, e por último, o Senhor há de ser glorificado à vista de todas as nações por causa dos seus juízos que serão manifestos através das pragas do Apocalipse. Se fizermos uma relação entre as pragas do Egito e as pragas do Apocalipse veremos que há algumas semelhanças. Por exemplo, o Egito foi visitado por dez pragas, e muitas dessas pragas são semelhantes as pragas que virão sobre o mundo no período do Apocalipse. A primeira praga sobre o Egito foi que as águas se tornaram em sangue, ao lermos o livro do Apocalipse, veremos, também, que Deus há de transformar as águas em sangue; a segunda praga que veio sobre o Egito foram as pragas das rãs, o Apocalipse não mostra diretamente uma praga de rãs, mas em uma das taças que quando ela é derramada diz que três espíritos imundos semelhantes a rãs saí da boca do dragão, da besta e do falso profeta. Portanto, vemos uma ligação nessas pragas das rãs. É interessante que no Egito cada uma dessas pragas veio em juízo sobre os deuses egípcios, quer dizer, cada praga vencia um deus do Egito. A terceira praga que veio sobre o Egito foram os piolhos, não há no Apocalipse nenhuma praga equivalente a essa. A quarta foram as pragas das moscas, não há nenhum paralelo. A quinta foi uma pestilência sobre os gados do Egito, e a sexta praga foram as úlceras, essa praga aparece no livro do Apocalipse quando Deus envia úlceras malignas sobre os homens. A sétima praga foi uma chuva de saraiva, isto é, pedras de gelo. Essa chuva de saraiva, também, é descrita caindo durante o período apocalíptico, parece-se que duas vezes, como também as águas se tornaram em sangue duas ou três vezes no livro do Apocalipse. Temos também a praga dos gafanhotos que faz um paralelo com aqueles gafanhotos terríveis de Apocalipse 9. E as pragas das trevas que escureceu toda terra do Egito, semelhantemente, isso também acontecerá ao ser derramado uma taça sobre o reino da Besta. A última praga foi a morte dos primogênitos quando Deus permitiu que o anjo destruidor, o anjo da morte, passasse sobre a terra do Egito e matasse os primogênitos. Essa praga tem o seu paralelo com uma das pragas do Apocalipse quando Deus soltar quatro anjos que estão presos para matarem uma grande parte da humanidade. Gostaria de aprofundar essas semelhanças entre o livro de Êxodo e o livro do Apocalipse. Primeira semelhança, o Império do Egito é uma das Cabeças da Besta do Apocalipse. Leiamos Apocalipse 13.1: ‘E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia’. 79
Irmãos, essa Besta é o Grande Instrumento de Satanás para perseguir o povo de Deus. Algumas pessoas pensam que a Besta será apenas um sistema que irá surgir nos últimos dias. Na verdade, a Besta é um sistema que surgiu desde o princípio que vem perseguindo o povo de Deus. Como sabemos disto? Por causa das suas sete cabeças. Segundo o Apocalipse 17 veremos que essas sete cabeças representam sete impérios mundiais. Leiamos Apocalipse 17.9,10: ‘Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo’. O anjo dá a interpretação dessas sete cabeças, e para descobrirmos quais são essas sete cabeças, temos que partir de uma pista que o anjo deu a João. O anjo disse: ‘...um existe...’. Desses sete reinos, um existia. Qual era o império que dominava na época do apóstolo João? Roma. Então, Roma era o império que dominava na época de João. Desse modo, nos localizamos no tempo e na história. Resta-nos saber quais foram os impérios que subsistiram antes do império romano. Pois o texto diz: ‘...cinco já caíram...’. Quais foram os impérios que caíram antes de Roma? Segundo a História foram: o Egito, a Assíria, a Babilônia, a Medo-Pérsia e a Grécia. Esses cinco impérios já haviam caído na época do apóstolo João, subsistindo um, que era Roma. Sem entrar em detalhes nessas profecias, quero dizer que o Egito representa uma dessas cabeças, que é a primeira cabeça. Portanto, o Egito era a Besta na época de Moisés, a Besta Egípcia. E assim como a Besta Anticristã perseguirá o povo de Deus no futuro, essa Besta Egípcia perseguiu o povo de Deus no Egito. E assim podemos afirmar que a mesma Besta que perseguiu o povo de Deus no Egito é a mesma Besta que perseguirá o povo de Deus no futuro assumindo formas de governos diferentes. Segunda semelhança, assim como o Egito oprimia o povo de Deus, assim também a Besta oprimirá o povo de Deus, encontramos isso em Apocalipse 13.7 que diz que a Besta fará guerra contra os santos e os vencerá. Terceira semelhança, assim como Deus enviou pragas sobre o Egito ao se aproximar o Dia da redenção dos hebreus, assim, também, Deus enviará pragas sobre o reino da Besta quando se aproximar o dia da redenção dos santos. Quarta semelhança, assim como Deus protegeu o seu povo das pragas do Egito, Deus, também, protegerá o seu povo das pragas apocalípticas. Quando lemos a história dos hebreus no Egito, vemos que Deus poupou a cidade de Gósen, aonde o povo de Israel habitava. Assim as pragas caíram em todas as cidades dos egípcios, menos em Gósen. Nessa 80
cidade o povo de Deus era protegido e guardado, assim também os santos são guardados das pragas que hão de vir sobre a terra. Em uma das pragas, o capítulo 9 de Apocalipse descreve que atingirá muitas pessoas, menos aqueles que tinham o sinal de Deus na testa. As pragas são a própria grande tribulação. Há algumas interpretações que diz que a igreja será arrebatada antes da grande tribulação. Mas mesmo os que acreditam que a igreja será arrebatada antes da grande tribulação, não negam o fato de que durante a grande tribulação haverá ainda santos. E é sobre ‘esses santos’ que estou me referindo, o que não deixa de ser uma hipótese ou suposição de que alguns de nós poderemos ficar, e vir compor esse grupo de santos que estarão na terra durante a grande tribulação. A Igreja Assembleia de Deus não nega que durante a grande tribulação haverá um grupo de santos que serão perseguidos pelo sistema da Besta. Há outras interpretações que acreditam que esses santos são a igreja que será arrebatada depois da grande tribulação. Essas interpretações são apenas teorias escatológicas, pois a Escatologia é a única doutrina que ainda está em aberto. Todas as demais doutrinas da igreja estão fechadas e canonizadas, mas a doutrina das últimas coisas está em aberto. Ninguém pode dizer é assim, e assim será. Pode acontecer um arrebatamento antes da grande tribulação, e pode não acontecer. São apenas interpretações escatológicas que se acumularam no decorrer da história da igreja. Quinta semelhança, assim como havia duas testemunhas contra o Egito, Moisés e Arão, assim, haverá duas testemunhas contra a Besta que aparece em Apocalipse 11. Sexta semelhança, assim como no Egito havia uma religião pagã, assim, também, a Besta tem sua religião pagã. E a sede dessa religião pagã simbolicamente se chama Egito e Babilônia. Sétima semelhança, assim como os hebreus foram resgatados do golpe fatal pelo sangue do cordeiro, assim, também, os santos do Apocalipse serão resgatados do golpe final pelo sangue do Cordeiro. Vocês se lembram quando o anjo perguntou a João: “Quem são esses?’. E João respondeu: ‘Senhor, tu sabes?’. E o anjo respondeu: ‘Esses são os que vieram da grande tribulação, e lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro’. O sangue de Jesus livrará os santos do último golpe que será deferido contra o mundo e o Anticristo, no final da grande tribulação, no Dia do Senhor. Oitava semelhança, assim como os remidos hebreus cantaram o cântico de Moisés diante do Mar Vermelho, assim, também, os remidos do Apocalipse cantarão o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro diante do Mar de Vidro misturado com fogo. 81
Leiamos este texto. Apocalipse 15.2-4: ‘E vi um como mar de vidro misturado com fogo; e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos’. Estabelecendo-se essas semelhanças, vamos agora desenvolver o assunto da nossa palestra. Primeiro, santidade na adoração. Durante o tempo que as pragas caíram no Egito para quebrar o coração de Faraó, ele fez algumas propostas ao povo de Deus. Essas propostas, também, nos são feitas pelo império da Besta. Leiamos Êxodo 8.25,26: ‘Então chamou Faraó a Moisés e a Arão, e disse: Ide, e sacrificai ao vosso Deus nesta terra. E Moisés disse: Não convém que façamos assim, porque sacrificaríamos ao Senhor nosso Deus a abominação dos egípcios...’. A primeira proposta de Faraó para o povo de Deus foi que houvesse uma só religião, que o povo de Israel adorasse no Egito junto com os egípcios. Irei citar algumas coisas, mas não poderei me aprofundar porque o tempo não me permite. Vamos começar vendo o culto pagão do antigo Egito. Os deuses e as deusas cultuados no Egito eram os mesmos deuses e deusas cultuados na Babilônia e em Roma. Assim como os Faraós eram considerados divinos, assim, também os imperadores da Babilônia e os césares de Roma eram considerados divinos. Estou descrevendo as características a religião da Besta, a religião que estava no Egito, na Babilônia, na Roma, na Pérsia e na Grécia. Uma só religião, o paganismo. Assim como na religião do Egito havia uma casta sacerdotal que oferecia sacrifícios aos deuses assim também havia na religião da Babilônia e de Roma. Assim como havia festas pagãs no Egito em homenagem aos deuses e deusas, assim, também, havia festas pagãs na Babilônia e em Roma. E assim como os hebreus deveriam romper com a falsa adoração do Egito, assim, também, em tempos posteriores, os judeus deveriam romper com a falsa adoração da Babilônia e de Roma. Leiamos três textos sobre esse rompimento com a adoração falsa. Ezequiel 20.7: ‘Então lhes disse: Cada um lance de si as abominações dos seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor, vosso Deus’. Esse texto fala do rompimento dos hebreus com o paganismo do Egito. 82
Isaías 52.11: ‘Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor’. Jeremias 51.44,45: ‘E castigarei a Bel em Babilônia, e tirarei da sua boca o que tragou, e nunca mais concorrerão a ele as nações; também o muro de Babilônia caiu. Saí do meio dela, ó povo meu, e livrai cada um a sua alma do ardor da ira do Senhor’. A palavra santificação significa separação e dedicação a Deus. Os cristãos são chamados para se separarem do culto falso e da religião falsa para prestar a Deus o culto verdadeiro, culto puro, culto santo. Essas eram as características da religião do Egito, da Babilônia e de Roma que não deveriam mescla-las com a adoração ao Senhor Deus TodoPoderoso. Porém, a apostasia transformou a adoração dos apóstolos em uma adoração paganizada. Vamos ler dois textos que irão falar dessa apostasia? O que é apostasia? É negar a fé. Então só pode haver apostasia a onde há uma fé verdadeira. Leiamos 1ª Timóteo 4.1: ‘Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios’. E 2ª Tessalonicenses 2.3,4: ‘Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus’. ‘...se assentará... no templo de Deus... o templo de Deus é a igreja. A apostasia irá trazer esse homem do pecado para dentro da igreja de Deus. Citarei algumas características que entrou na igreja por causa dessa apostasia. Os apóstolos viveram durante o primeiro século, no ano 100 A.D. já não havia mais nenhum dos doze apóstolos, e então, surgirão a segunda, terceira e quarta geração de cristãos. E na quarta geração começou a penetrar na igreja a apostasia, que fez uma mesclagem entre a adoração a Deus com a adoração pagã. Primeira característica, os deuses do Egito, Babilônia e Roma se transformaram em santos padroeiros, isto é, imagens de ídolos foram substituídas por imagens de santos. Segunda característica, assim como os Faraós, Imperadores e Césares eram considerados divinos, assim, também, a apostasia produziu líderes, chamados de Pontifícios e Papas, e passaram a ser considerados divinos. Terceira característica, assim como havia uma casta de sacerdotes nas religiões do Egito, Babilônia e Roma, assim, também, surgiram uma casta de sacerdotes na Igreja apostata. Quer dizer, a igreja apostata dividiu o povo em duas classes: o clero que são os sacerdotes e o laicato que é o povão. 83
Essa divisão nunca foi o propósito de Cristo para a sua igreja, por isso que Ele nos proibiu de chamar os irmãos que tomam a liderança na congregação de Pai e de Mestre, porque um só é o nosso Pai, que é Deus e um só é o nosso Mestre, que é Cristo (Mt 23.9,10). Contudo, essa igreja apostata estabeleceu apenas um grupo de pessoas para serem sacerdotes e ministrarem as oferendas dentro do templo, negando a doutrina de que todos os crentes são sacerdotes e ministros diante de Deus (1ª Pe 2.5; Ap 1.6). Quarta característica, as festas pagãs do Egito, Babilônia e Roma se tornaram em festas cristãs paganizadas dentro dessa Igreja apostata. Última característica, os verdadeiros cristãos devem romper com a adoração falsa da Igreja apostata, assim, como fizeram os judeus no Egito e na Babilônia. Leiamos Apocalipse 18.2-4: ‘E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias. E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas’. Meus irmãos, assim como os judeus foram convocados por Deus, conforme lemos em Isaías 52.11, para não se contaminarem com as práticas pagãs da Babilônia, assim, também, hoje, somos convocados por Deus para não nos misturar com as práticas pagãs que penetraram na igreja durante a apostasia, que iniciou depois da morte dos apóstolos, transformando-a em uma falsa igreja, que no Apocalipse se chama espiritualmente de ‘a grande Babilônia’ (Ap 17.5). Segundo, santidade nos costumes e na doutrina. Leiamos Êxodo 8.28: ‘Então disse Faraó: Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao Senhor vosso Deus no deserto; somente que, indo, não vades longe...’. A segunda proposta de Faraó foi que os judeus não praticassem uma adoração muito longe do Egito, em termos modernos, isso significa que os seus costumes não fossem tão diferentes, mas que houvesse uma adoção dos costumes pagãos. Não precisa ser uma única religião, conquanto que absorvesse alguns costumes e fizesse algumas adaptações na doutrina. Citarei alguns desses costumes e dessas doutrinas das religiões pagãs, haja visto que o Egito, bem como a Babilônia e Roma eram cheios de costumes pagãos e doutrinas de demônios. Acreditavam no dualismo cósmico antagônico, quer dizer, eles acreditavam que nos cosmos, no universo, havia dois poderes que estavam em guerra: o mal e o bem. 84
Acreditavam em fábulas, mitos e lendas sobre a criação, a vida, a humanidade e várias estórias sobre seus deuses e deusas. Acreditavam em uma falsa imortalidade da alma por isso prestavam culto aos mortos; acreditavam em uma falsa trindade satânica formada por um deus pai, uma deusa mãe e seu filho deus; invocavam seus deuses e suas deusas com único objetivo de prosperarem materialmente e serem livre de castigos, e por último, os cultos pagãos eram realizados com muitas orgias e lascívia sexual. Irmãos, muitos desses costumes e doutrinas foram absorvidos pela igreja que se apostatou dos apóstolos, dando-lhes uma roupagem cristã. Por que essa igreja apostata absorveu esses costumes e doutrinas em vez de rejeita-los? Vocês sabem que no início da igreja, os cristãos eram perseguidos pelo império romano. O império romano não conseguia deter a marcha do crescimento dos cristãos, então, no século IV com o edito de Constantino deu-se liberdade de culto aos cristãos para que assim como os pagãos tinham direito de realizar os seus cultos, os cristãos, agora, deveriam ter direito de celebrar os seus cultos. Porém, acontece que nesse tempo o império romano estava caindo em decadência, e a população de habitantes de Roma eram maiores de cristãos do que de pagãos, então, Constantino para manter o seu império, que estava sendo ameaçado por tribos bárbaras, se converteu ao cristianismo. E uma vez convertido, ele estabeleceu a religião cristã como a religião oficial do estado romano, e para isso, ele obrigou os pagãos se converterem a igreja apostata. Entretanto para que os pagãos pudessem vir para essa igreja, Constantino transformou os costumes pagãos e suas doutrinas em costumes e doutrinas cristãs, e assim houvesse uma aceitação da parte dos pagãos. Todavia isso causou um grande prejuízo na igreja fundada pelos apóstolos. No livro do Apocalipse, esses costumes pagãos e doutrinas falsas são chamadas de ‘abominações e prostituições’. Vamos ler um texto no Apocalipse que irá nos revelar quem é essa igreja apostata que se rebelou dos apóstolos e adotou os costumes das nações. Leiamos Apocalipse 17.1-5: ‘E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição; E na sua testa estava 85
escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra’. Temos aqui a identidade da religião falsa, ‘a grande Babilônia’. Essa religião falsa está assentada sobre a Besta, isso significa que ela é a religião da Besta. Desde a Besta do Egito, passando por todas as Bestas consecutivas, até mesmo a Besta que existia na época de João, todas tinham essa religião, a religião pagã. Se lermos Apocalipse 17.8,9: ‘A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá. Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada’. A mulher, além de ser conduzida pelas nações pagãs, está assentada sobre sete montes. Isso significa que a sede mundial dessa religião pagã se localiza em uma cidade edificada sobre sete montes. E só há duas cidades edificadas sobre sete montes: Jerusalém que é rodeada por montes, porém, uma vez que Jerusalém representa a Igreja pura (Gl 4.26 Hb 12.22), não pode ser essa mulher. E a outra cidade que está edificada sobre sete montes é a cidade de Roma. Então a cidade de Roma se adequada bem a essa Babilônia espiritual porque é exatamente na cidade de Roma, onde ficava o trono dos imperadores e de onde eles governavam nas nações, que veio a ser a capital da igreja que se apostatou dos apóstolos, e cujo nome é Igreja Católica Apostólica Romana, mas que eu prefiro chama-la de Igreja Católica Apostata Romana. Irmãos, ‘abominações’ são adoração aos ídolos e ‘prostituições’ são doutrinas falsas. Sabemos pela história que a Igreja Católica promoveu adoração de ídolos e adotou muitas doutrinas falsas, falsificando os ensinamentos dos apóstolos. Essa religião apostata é a Igreja Católica cuja sede é no Vaticano, em Roma, porém, os verdadeiros cristãos rompem com ela e não bebe do cálice da sua prostituição. Apocalipse, também, diz que a grande Babilônia é a mãe das prostitutas, quer dizer, as igrejas que rompem com essa grande mãe, mas levam consigo os seus costumes pagãos e as suas doutrinas falsas continuam sendo filhas da Babilônia romana. Terceiro, santidade na família. Leiamos Êx 10.8-11: ‘Então Moisés e Arão foram levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide, servi ao Senhor vosso Deus. Quais são os que hão de ir? E Moisés disse: Havemos de ir com os nossos jovens, e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque temos de celebrar uma festa ao Senhor. Então ele lhes disse: Seja o Senhor assim convosco, como eu vos deixarei ir a vós e a vossos filhos; 86
olhai que há mal diante da vossa face. Não será assim; agora ide vós, homens, e servi ao Senhor; pois isso é o que pedistes. E os expulsaram da presença de Faraó’. A terceira proposta de Faraó era em relação a família. Com o objetivo de destruir as famílias dos hebreus – ‘Vão apenas os homens, e a família fique no Egito!’, propôs Faraó, mas com isso a família dos hebreus seria destruída. Veremos algumas coisas que havia na religião das nações pagãs que tinha a tendência de destruir a família. As religiões do Egito, da Babilônia e de Roma praticavam sacrifícios de crianças, prostituição ‘sagrada’, práticas homossexuais e tinha muitas feitiçarias e entorpecentes. Atualmente tais práticas continuam destruindo as famílias. Assim como Faraó tinha a intenção de destruir a família dos hebreus, assim, também, as leis anticristãs adotadas por alguns países hoje visam a destruição da família. O lema da sociedade moderna é que o casamento e a família são duas instituições falidas. Essa é uma mentalidade mundana. Satanás sabe que a família é a célula básica da sociedade e da igreja, ele quer destruir a família, pois se ele atingir a família, teremos uma sociedade totalmente desestruturada como também uma igreja desestruturada. Citarei algumas dessas leis que estão sendo adotadas por muitos países, inclusive aqui no Brasil já tramitam essas leis e que visam a destruição da família. Leis a favor do Aborto. Hoje, as religiões não praticam mais sacrifícios de crianças, se houver, é realizado ocultamente por satanistas, porém, o aborto, que reflete esse sacrifício, que atingir, exatamente, as crianças. Lei da união civil homoafetiva, quer dizer, casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, dois homens ou duas mulheres, para que essas práticas tornem-se normais diante da sociedade. Práticas homossexuais eram praticadas nas religiões do Egito e em Roma de uma maneira liberal. Essas práticas, que até então, causava repugnância nas pessoas, a tendência hoje é tornar essas práticas normais. Sabemos que em nosso país há uma disputa muito grande sobre isso. Até mesmo as igrejas evangélicas têm se posicionado para tentar derrubar essas leis, porém, sabemos que tem igrejas ditas ‘evangélicas’ que já cederam o casamento de gays. Coisa que nem a Igreja Católica aprovou, a união homossexual, muito embora, exista encobertamente casos de padres homossexuais, mas oficialmente a Igreja Católica combate, entretanto, no arraial dos evangélicos abrem-se as portas para a união civil homoafetiva. Por exemplo, há duas igrejas, uma chamada Cidade de Refúgio e outra igreja chamada de Igreja Contemporânea. A Igreja Cidade de Refúgio é liderada por duas pastoras lésbicas casadas, e a Igreja Contemporânea por dois pastores efeminados e casados. Tais igrejas estão promovendo a união 87
homossexual dentro do contexto dos evangélicos, pois tais líderes se apresentam como pastores e pastoras. Nos dias atuais qualquer crente que quiser viver a sua homossexualidade é só procurar essas igrejas. A liturgia dessas igrejas é semelhante a liturgia de qualquer outra igreja evangélica, inclusive a Igreja Cidade de Refúgio é pentecostal, cuja pastora, Lanna Holder, era membro da Assembleia de Deus e já pregou nos Gideões. Lanna Holder era uma lésbica, se converteu na Assembleia de Deus, tornou-se pregadora, e testemunhava da sua libertação do lesbianismo em suas pregações, se casou, e quando ela pregou no Gideões estava grávida, porém, conheceu uma cantora evangélica, se apaixonou por ela, saiu da Assembleia de Deus e reassumiu seu lesbianismo e fundou a Igreja Cidade de Refúgio aonde acolhe homossexuais. A mídia prega o amor livre tentando nos convencer a não nos incomodar com essas práticas pervertidas, porém a igreja não pode beber deste cálice de prostituição. Outras leis são: Lei da liberação da maconha, da legalização da prostituição e abolição do ensino religioso nos colégios. Satanás de uma maneira ardilosa está agindo para destruir a família. Contudo, nós, que somos pais de famílias, temos que estar prevenidos, pois as nossas famílias podem se tornar vulnerais a esses ataques. Essas leis favorece o aumento de drogas, intensifica o tráfico internacional de mulheres, a exploração sexual de crianças e adolescentes e a destruição da célula básica da sociedade. Prestem bem atenção! Assim como as pragas divinas estavam devastando o Egito, mas Faraó continuava com o seu coração endurecido, assim, também, as pragas apocalípticas vai devastar o sistema mundano, mas as pessoas continuarão com seus corações endurecidos. Leiamos Apocalipse 9.20,21: ‘E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. E não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos’. O Egito estava em uma situação caótica. Uma das pragas, afundou o Egito em três dias de trevas densas, todavia, nas casas dos israelitas havia luz, tanto do sol como da lua, quer dizer, eles estavam protegidos. Portanto, assim como os hebreus foram protegidos por Deus das pragas do Egito, assim, também, aqueles que guardam a palavra de Deus serão protegidos das pragas do Apocalipse, muito embora, alguns serão mortos pelo sistema satânico anticristão. Leiamos Apocalipse 3.10: ‘Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra’. 88
Esse texto é muito tomando para provar o arrebatamento prétribulação, mas esse texto, também, serve para aqueles que ‘irão’ ficar. Pois para que essas pessoas sejam protegidas das pragas, deverão guardar a palavra de Deus. Deus promete proteção àqueles que guardam a Sua palavra. Leiamos Apocalipse 12.17: ‘E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo’. Esse texto mostra que mesmo os que guardam a palavra de Deus, estarão neste mundo, quando os juízos de Deus cair sobre a terra. Haverá pessoas que irão guardar a palavra de Deus. Esse grupo de remanescente guarda a palavra de Deus, mas nem por isso, estão no céu, mas estão na terra guardando a palavra de Deus. Sofrerão essa perseguição do dragão, mas serão protegidos por Deus das pragas do Apocalipse porque guardam a Sua palavra. Vejamos também Apocalipse 20.4: ‘...vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos’. Essas pessoas mantiveram-se fiéis ao testemunho de Jesus, foram degolados pelo sistema do Anticristo, mas não se renderam a adoração pagã. Essas pessoas fiéis foram protegidas das pragas por Deus durante esse período de perseguição. Têm pessoas que pensam que a grande tribulação é a perseguição da Besta contra os santos, e não é. A grande tribulação são as pragas de Deus sobre a terra. E dessas pragas, esses santos aí, que guardam a palavra de Deus, são protegidos. Porém, da perseguição do sistema do Anticristo, eles não são protegidos, mas morrem porque assim está escrito que haverá mártires que morrerão pelo testemunho de Jesus Cristo (Ap 6.11; 17.6). Por último, a santidade nos negócios. Leiamos Êxodo 10.24-26: ‘Então Faraó chamou a Moisés, e disse: Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco as vossas crianças. Moisés, porém, disse: ... o nosso gado há de ir conosco, nem uma unha ficará’. Faraó queria comprometer os negócios dos hebreus. Sua proposta foi: ‘Vocês vão, mas deixem aqui no Egito as vacas e as ovelhas’. Como é que o povo de Deus iria oferta a Deus sacrifícios se as ovelhas estavam lá no Egito? Não tinha como! Irmãos, são as nossas finanças que mantem a divulgação da adoração verdadeira. Sem as nossas finanças tornam-se impossível a divulgação e o estabelecimento da adoração verdadeira no mundo inteiro. Temos que ter 89
dinheiro para fazer isso, porém, esse acúmulo de dinheiro não pode estar mesclado com a religião falsa. Porém, nos últimos dias, o sistema anticristão estabelecerá um sistema econômico que apenas aqueles que se submetem a adoração da Besta terão permissão para vender e comprar. Leiamos Apocalipse 13.16,17: ‘E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome’. Há no grego duas palavras para o termo ‘sinal’ ou ‘marca’ que são ‘stigmata’ e ‘caráter’. Essa palavra ‘stigmata’ traduzida por ‘marca ou sinal’ aparece em Gl 6.17, quando Paulo disse: ‘Ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus’. Este tipo de marca perfura a pele, porém, a marca que aparece em Apocalipse 13.16,17 não é ‘stigmata’, isto é, não é uma marca que irá perfurar a pele como se fosse uma tatuagem. Hoje falamos muito sobre o chip, porém, o chip não é coerente com a palavra que está no grego de Ap 13.16,17, pois, a palavra que aparece ali é ‘caráter’ que significa uma ‘impressão, carimbo’. E o chip não é um carimbo. O chip irá perfurar a pele. Mas a marca da Besta é um carimbo como se fosse um adesivo sobre a pele. Talvez sejam práticas adotadas pelos adoradores da Besta semelhante as práticas que há nas religiões pagãs. A religião da Besta é uma organização rica que mistura negócios comerciais com práticas religiosas (Ap 17.4; 18.11-16). Pode ser um selo visível ou invisível. Assim como Deus irá selar o seu povo, e não será um selo visível, assim, também, os adoradores da Besta serão selados com a sua marca. Contudo não descarto de vez a ideia de que, talvez, seja, um chip ou um cartão magnético.
Mensagem Ministrada num Culto de Novos Convertidos Na Assembleia de Deus-Salém Em 25 de Janeiro de 2014 Sobre a Força do Amor
A Paz do Senhor Jesus! Abra sua Bíblia em Mateus 3.17: ‘E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’.
90
Este texto da palavra de Deus, faz contexto ao batismo de Jesus Cristo, e também a sua tentação no deserto. E baseado nesse texto, eu gostaria de falar sobre a força do amor. Irmãos, existe uma força muito grande no amor! Uma força inquebrantável, inalterável e instransponível. Diz o rei Salomão que ‘o amor é forte como a morte’ (Ct 8.6). Mas eu acho que Salomão disse isso porque ele ainda não conhecia a história do Calvário. Porque se ele tivesse conhecido a história do Calvário, que nós conhecemos, iria saber que houve um dia em que aconteceu a morte da morte na morte de Jesus Cristo. Porque na cruz, Jesus estraçalhou a morte, assim como se estraçalha uma casca de ovo. Mas o amor de Deus triunfou na cruz de Cristo. Pois está escrito que Deus prova o seu próprio amor por nós ao dar o Seu Filho por nosso resgate. O amor é tão forte que é mais forte que a esperança. Algumas pessoas dizem que a esperança é a última que morre, outras dizem, que enquanto há vida, há esperança. Porém, o apóstolo em 1ª Coríntios 13, no último versículo, disse: ‘Agora, pois, permanecem essas três coisas: a esperança, a fé e o amor. Mas a maior destes é o amor’. Porque um dia a nossa esperança vai se findar, quando nos encontrarmos face a face com o Senhor Jesus Cristo, mas o nosso amor por Cristo irá durar por toda a eternidade sem fim. O amor é mais forte do que a fé. Ainda em 1ª Coríntios 13, Paulo diz que ainda que eu tivesse a fé que transportasse montes, se não tiver amor, nada disto terá valor. De fato quando enxergamos as coisas invisíveis, isto é, quando as coisas invisíveis se tornarem visíveis, a fé já não será mais necessária, mas o amor a Deus, a Jesus Cristo e ao Seu povo tem que durar por toda a eternidade. O amor, também, é mais forte do que o conhecimento. Paulo disse que ainda que conhecesse todos os mistérios, mas se não tiver amor, nada disso terá valor. A ciência passará, diz Paulo, mas o amor permanecerá para sempre. Então, irmãos, existe uma força poderosa no amor. Mas para que essa força seja ativada, para que essa força opere em nossa vida, é preciso que o amor seja demonstrado em atos, gestos e palavras. Se você deseja disseminar o amor fazendo com que ele se espalhe em seu lar, em sua casa e na igreja, é preciso incentivar a força do amor. É exatamente isso que Deus está fazendo aqui (em Mt 3.17), ele está demonstrando o Seu amor pelo Seu Filho através de suas palavras. Porque Ele sabia que o que Jesus Cristo iria enfrentar, a força do amor de Deus precisava sustenta-lo. Após essas palavras, Jesus Cristo é conduzido ao deserto para ser tentando por Satanás durante quarenta dias. 91
Sendo assim, eu quero destacar o primeiro ponto sobre a força do amor: a força do amor nos faz suportar as privações na vida. Diz que após 40 dias e 40 noites em jejum, Jesus teve fome. Jesus passou privações, estava de fato abatido. Então, Satanás se apresenta a Jesus Cristo, e diz mais ou menos assim: ‘Você é Filho de Deus!? Você é o Filho amado de Deus mesmo? Então, por que é que você está passando fome? Se você é Filho de Deus, então, peça a Deus para transformar essa pedra em pão! Se Deus realmente lhe ama, ele lhe ouvirá’. Irmãos, a força do amor de Deus estava em Jesus Cristo. De modo que ele sabia que estava passando privações, mas isso não alterava o amor de Deus por ele. Isso não o levou a questionar o amor de Deu por ele. Jesus não disse: ‘Sabe que Satanás tem razão, se Deus me ama por estou passando fome’. Não! Ele disse: ‘Satanás está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que saí da boca de Deus!’. Deus, às vezes, nos deixa passar por privações porque Ele quer desenvolver em nós um amor genuíno por Ele. Ele quer saber aonde está o nosso amor. Se o amamos de fato e de verdade ou se o amamos apenas porque Ele nos dá as coisas. Se o amamos apenas porque estamos sendo abençoados ou estamos dispostos a ama-lo, também, quando estamos na escassez. Para que esse amor seja florado em nossos corações e manifestemos as dimensões desse amor é que passamos, muitas vezes nesta vida, por privações. Leiamos Deuteronômio 8.2,3: ‘E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem’. Estamos vivendo em um drama hoje, igual ao drama que viveu o patriarca Jó, em que Satanás acusa os crentes de servirem a Deus apenas por interesses e não por amor genuíno. Jó e os seus amigos do Oriente tinha a seguinte teologia: Deus abençoa o homem justo; Deus não deixa que o homem justo passe fome; Deus não deixa que o homem justo sofra tragédias em sua vida. Mas durante todo o livro de Jó, Deus mostra a Jó que o justo ama a Deus apesar do sofrimento; que o justo está disposto a sofrer privações, mas por amor a Deus, ele suporta. E Jó aprendeu a lição, pois no final do seu livro, ele disse: ‘Eu te conheci apenas por ouvir falar, mas agora os meus olhos te contemplam’ (Jó 42.5). Em outras palavras: Eu tinha uma noção inadequada de compreender a tua bênção sobre o justo, mas agora, eu compreendo que tu deixas, muitas 92
vezes, o justo padecer fome e sofrer coisas ruins, não é porque tu não o amas, mas é porque tu queres que o seu amor se torne cada vez mais intenso a ti e prove para Satanás que o justo serve a Deus não por interesse, mas porque o amor de Deus está em nosso coração e penetra em nossas entranhas. É por isso que o profeta Habacuque disse: ‘Ainda que me falte tudo! Ainda que o produto da oliveira minta e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no Senhor e exultarei no Deus da minha salvação’. O segundo ponto sobre a capacidade da força do amor é: a força do amor nos faz superar as dúvidas mesmo quando as pessoas ou as circunstâncias nos desmotivam. É o amor de Deus que nos sustenta em nossos questionamentos e em nossas dúvidas. Muitas vezes não entendemos e nem compreendemos certas coisas que acontecem em nossas vidas que estão além do nosso racional, mas nesse momento o que nos sustenta é o amor que Deus tem por nós. Ali estava Jesus Cristo, no deserto da solidão, sozinho e abatido. Então, Satanás se aproxima, a segunda vez, e diz: ‘Você é realmente Filho de Deus? Será que você é o Filho amado de Deus? Deus realmente ama você como Ele disse: “Este é o meu Filho amado em que me comprazo”? Então, exija de Deus uma prova do Seu amor! Olhe, está escrito na Escritura: “...e aos seus anjos dará ordem ao teu respeito para que não tropeces teus pés em pedra alguma”. Se Deus realmente lhe ama por que você não pula daqui para baixo? Por que você não testa o amor de Deus? Pule! Pois se Deus lhe ama, Ele vai lhe sustentar! Você não irá sofrer nenhum arranhão, nem uma dor na unha! Pule que Ele vem ao seu socorro’. Mas, Jesus Cristo lhe respondeu: ‘Está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus’. Jesus Cristo tinha uma confiança tão grande no amor de Deus por ele que ele dispensava qualquer prova desse amor, dispensava qualquer ação que provasse o amor de Deus por ele, pois ele estava convencido disso. - ‘Estou no deserto, solitário, abatido, abandonados por todos, demônios me atormentando, mas eu sei que Deus me ama’. O amor fortalece a nossa fé, irmãos. Quando a gente quer deslizar, é o amor de Deus que nos segura. Quando andamos nas trevas das circunstâncias sem vemos nenhuma luz, é o amor de Deus que nos guia. Há quem pense: ‘Senhor, está tudo acabado’. O amor de Deus está contigo! Muitas pessoas pensam que a fé é um ato mágico, como se a fé fosse um pó mágico, uma pena mágica, semelhante a lâmpada do Aladim que basta a pessoa esfregar que as coisas irão acontecer no estalar dos dedos. Algumas pessoas pensam que a fé se resume em uma palavra mágica, em um abracadabra. Como dizem os falsos profetas: ‘Fale! E acontece!’. 93
Mas a fé não é isso! Algumas pessoas pensam que dá ‘glória a Deus’ e ‘aleluias’ durante o culto na igreja é uma palavra mágica de fé. Não! Glória a Deus e aleluias são expressões de louvores a Deus que o cristão expressa voluntariamente. Não são palavras mágicas. A fé é a confiança em Deus, e essa confiança em Deus cresce no diaa-dia da caminha cristã, e assim o cristão vai fortalecendo sua relação com Deus. Têm muitos pregadores que pensam que apenas as palavras irá fazer algum efeito. Eles querem porque querem que os ouvintes gritem: ‘glória a Deus’. Eu conheci um pregador que era muito conhecido aqui no campo de Messejana. Esse pregador andava pulando de congregação em congregação procurando uma vaga para pregar. Quando ele chegava em uma congregação, sem gravata e sem paletó, a primeira coisa que ele perguntava ao porteiro: ‘Irmão, hoje é culto de quê?’. Geralmente, aos domingos, era culto de missão ou culto da família. Ao se informar do culto, ele fazia outra pergunta: ‘Tem algum pregador oficial?’. Se o porteiro dissesse: ‘Tem’. Ele entrava dentro do seu carro e ia embora. Mas na congregação que alguém lhe dissesse: ‘Não tem nenhum pregador oficial’. Ele colocava a sua gravata, o seu paletó e pegava a sua maleta, e então, pedia para o mantenedor o conduzir até ao púlpito, e ali se sentava. Se o culto passasse duas horas, aquele pregador não dava um glória a Deus, com a cabeça abaixada entre as pernas e ali ficava. Pode até cair fogo do céu, ele não glorifica. Ainda que viesse um anjo e falasse no microfone, ele não glorificaria. Ele ficava o tempo todo calado. Mas quando ele pega no microfone, aí o culto começa, então ele começa pregar de uma maneira estridente, e quer que todos deem glória a Deus. Quando ouve pouco ‘glória e aleluia’, começa, então, ofender as pessoas dizendo: ‘Óh, seu crente cara de delegado, você não vai glorificar? Você parece que chupou limão’. E com essa historinha e conversinha o povo se sente coagido e começa a dar ‘glória e aleluia’. Entretanto, durante todo o culto, antes de pegar no microfone, ele não deu um piu. E assim têm muitos! Mas ninguém deve ser coagido ou obrigado, pois o louvor a Deus é uma expressão que brota de um coração grato. Glorificamos alto, baixo ou em pensamentos, isso não importa, pois quem recebe a adoração é Deus e não os pregadores. Quando me converti a Jesus Cristo em 1988, no dia 18 de abril, o irmão Damião me tinha levado no culto de domingo, na congregação da AD-Salmão, era ainda aquela primeira igreja, pequena e estava superlotada, tive vergonha de ir à frente, e na segunda-feira, ele me levou para uma campanha, e lá tinha poucas pessoas, umas sete pessoas, foi na casa da irmã Divá (de saudosa memória), lá aceitei a Jesus. 94
Na terça-feira, fui para o culto, não dei glória a Deus, na quarta, fui para a campanha, e lá também, não dei glória a Deus, e via os irmãos dando glória a Deus, mas eu não dava. Na quinta-feira, fui para o culto de doutrina, os irmãos glorificavam a Deus, e eu não dava glória a Deus, e fiquei inculcado com aquilo: ‘Por que é que eu não dou glória a Deus?’. Depois do culto cheguei para o irmão João de Deus, e lhe perguntei: ‘Irmão João, como é que eu vou dá glória a Deus? Me diga’. Ele me disse: ‘Não tem segredo. Você só vai dar glória a Deus quando o Espírito Santo vir sobre você e alegrar o seu coração e a sua alma’. Então, na sexta-feira, a tarde, eu fui para o círculo de oração, me ajoelhei e fiquei ali quieto, mas veio uma alegria tão grande no meu coração, queimando e rasgando o meu peito, que eu não aguentei, abri a boca e glorifiquei o nome do Senhor. Não precisou ninguém me coagir dizendo: ‘Você tem que dá glória a Deus’. Passou o sábado, e chegou o domingo, dia 24 de abril de 1988, houve um avivamento, à tarde, eu fui, o Senhor me batizou com o Espírito Santo, com apenas sete dias de crente. Doravante, glorifico o nome do Senhor. Essa confiança em Deus nos faz crer nele mesmo quando as circunstâncias nos são contrárias, mesmo quando você ler a Bíblia, e vê que as situações em sua vida não estejam em acordo do que a Escritura diz acerca do justo, mas porque você ama a Deus e acredita no amor que Deus tem por você, você permanece esperando a graça de Deus. Porque nem sempre o justo será recompensado nessa vida. A sua recompensa, às vezes, está sendo aguardada para o dia da ressurreição na vinda de Cristo. Cabe ao cristão permanecer fiel até lá. Pedro disse para os irmãos que para Deus um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Quem chega até os mil anos? Ninguém! Mas mesmo assim, Pedro está dizendo que ainda que demore mil anos, e você não chegue até lá, acredite, confie e espere! Pode despencar o mundo e a terra, mas os fiéis confiam no amor de Deus. Em Hebreus 11 encontramos uma lista de heróis da fé que alcançaram um testemunho poderoso por causa da sua fé. Os versículos 33 e 34 nos mostra uma lista de homens que através da fé realizaram feitos poderosos, e eu sei que essas proezas podem acontecer na vida de qualquer um que demonstre semelhante fé. Assim está escrito: ‘Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos’. Porém, irmãos, a lista dos heróis da fé não termina aqui. Aqui é a lista daqueles que fizeram proezas por causa da sua fé, mas também, existem aqueles que não fizeram nenhuma proeza, mas tinham fé. 95
Leiamos nos versículos 36-39: ‘E outros [heróis da fé, pela fé] experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. [Pela fé] Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; [pela fé] andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa...’. Todavia permaneceram firmes, acreditando e confiando em Deus. Você acredita em Deus, tem uma firme fé em Deus, e deseja alcançar alguma coisa pela fé, e não alcança, não fique frustrado, pois a sua fé não será esquecida por Deus. Porque há de chegar o Dia em que Deus há de compensar a fé de todos os seus filhos. Meus irmãos, é por isso que em Hebreus está dito: ‘...um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá’ (Hb 10.37), e Habacuque diz: ‘se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará’ (Hc 2.3), pois está escrito: ‘o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele’ (Hb 10.38). O profeta Miquéias disse, em fé: ‘...se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz’ (Mq 7.8). O profeta Jeremias quando foi chamado por Deus era apenas um rapaz inexperiente, não era um homem maduro na fé, era inexperiente tanto na idade como na sua experiência com Deus. O Senhor lhe disse: ‘Eu te escolhi desde o ventre, e te separei para ser o meu profeta. Por isso vou ti constituir como profetas às nações. Tu serás como cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti’ (Jr 1.5,18,19). Jeremias ficou muito seguro com essas palavras. Saiu de sua cidade natal, e foi para Jerusalém onde estava imperando a imoralatria, para falar a palavra de Deus ao rei rebelde, aos sacerdotes profanos e aos profetas mentirosos. Acontece que, Jeremias, em vez de ter um ministério brilhante e popular, se deparou com tribulação, aflição, dor e angústias. Seus pais lhe abandonaram, seus irmãos não queria saber dele, seus compatriotas lhe expulsaram de sua cidade acusando-o de traidor. Não tinha esposa e nem filhos para compensar as perdas. Então, Jeremias disse ao Senhor: ‘enganaste-me, ó Senhor, e fiquei enganado’ (Jr 20.7) – ‘Tú disseste que eu seria uma cidade forte e que ninguém iria penetrar, e aqui estou eu acabado, abandonado e desprezado. Eu vou desistir do ministério, vou jogar tudo pra cima’. Porém, Jeremias disse: ‘Quando eu disse isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e uma coisa dentro de mim dizia: Você não pode desistir! Tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles. Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí’ (Jr 20.9; 15.19; 31.3). 96
O amor de Deus é forte! Tem uma força enorme! Uma força que vai além do entendimento, uma força incompreensível. O amor de Deus é de uma profundidade, largura, comprimento e altura que ninguém consegue sondar. Mas estamos tão apegados com Deus e tão agarrados em suas promessas que ainda que tudo despenque em nossa volta, continuamos firmes nele. Em agosto de 2011, senti uma dor na minha perna esquerda, e pedi a minha esposa que me levasse ao médico. Chegando lá, o médico disse: ‘Você está com uma infecção urinária muito grande. Tem que se internar imediatamente’. Então, me internei e aplicaram um antibiótico tão forte em mim para conter aquela infecção que a minha pressão subiu aos picos, e meu coração não suportou, tive um infarto. Levaram-me imediatamente para o UTI, e lá fiquei cinco dias em coma. Quando acordei, estava no balão de oxigênio, e não conseguia mais respirar. Os médicos disseram: ‘o coração dele está crescido’. O meu corpo estava inchado, parecia que estava cheio de líquido, a minha glicose estava altíssima. E dentro do UTI peguei uma infecção pulmonar, e para que eu pudesse inspirar era necessário ser traqueostomizado, e para aguentar o tratamento me colocaram novamente em coma induzido. Eu não compreendia nada do que estava acontecendo comigo. Porque foi do dia pra noite. Estava bem, de repente puxaram o tapete dos meus pés e despenquei buraco abaixo. Mas o que me sustentou foi o amor. Foi o amor de Deus, da minha esposa, dos meus filhos, da minha família e dos meus amigos que me fortaleceu para suportar essa provação. Quando a minha esposa, Claudete, ia me visitar, sempre me dizia: ‘Eu te amo, Deus te ama, Jesus te ama e você vai sair dessa situação’. Durante o coma eu tive várias alucinações, pensava que estava ficando doido, e em uma dessas alucinações, eu vi eu mesmo como se fosse um líquido preto, igual a um óleo queimado, semelhante a um petróleo. E esse óleo rodava em uma corrente de uma catraca, e sempre que essa corrente passava na catraca eu sentia dor e gemia. Porém, eu percebi que aquela catraca fazia parte de uma bicicleta muito grande, e que encima dessa bicicleta havia uma pessoa pedalando para movimentar a corrente, e quanto mais a pessoa pedalava tanto mais produzia energia em um gelador muito grande, e esse gelador espalhava energia, acedendo as luzes de uma grande cidade. Foi, então, que eu compreendi que estava sendo utilizado para gerar luz, quando eu compreendi isso, gritei bem alto no hospital: ‘Pedala mais, Jeová!’. E comecei a rir de felicidade. Irmãos, às vezes a gente não entende e nem compreende o mistério do amor de Deus, mas não se preocupe porque no momento certo você irá entender. 97
O terceiro ponto sobre a força do amor é: a força do amor nos faz escolher o que é certo mesmo quando estamos debaixo de grande tentação. Foi exatamente isso que aconteceu com Jesus na última investida de Satanás, quando ele chegou e disse: ‘Veja o seu estado. Você é Filho de Deus? Você é o Messias prometido? Você é o Rei? Mas que tipo de Rei é você? Cadê os seus súditos? Cadê o Seu Governo? Você se encontra no deserto sem nada! Não se ouvi nem um cântico de um pássaro, apenas serpentes passando por esse deserto. Venha cá! Vou lhe mostrar todo o meu reino e toda a minha glória que recebi, e dou aquém eu quiser’. Então, Satanás mostrou todo o seu império a Cristo, e lhe disse: ‘tudo isso eu te darei se tu se prostrares e me adorares’. Jesus não titubeou, nenhum minuto, mas disse com firmeza: ‘Vai-te, Satanás! Porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e somente a Ele servirás. Eu rejeito as riquezas deste mundo, a sua glória e a sua fama, mas não rejeito a dura cruz que tenho de enfrentar por amor de Deus’. E Cristo sofreu e enfrentou a cruz. Satanás lhe ofereceu a glória sem a cruz, a coroa sem o espinho, mas a coroa e o reino de Deus têm que passar pela cruz. Cristo tomou a peito aquela responsabilidade, e passou pela cruz. Em Apocalipse 11.15, lemos que os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo. Os reinos que Satanás ofereceu a Jesus sem preço, Deus lhe deu pelo preço da cruz. Quem nos separará do amor de Deus? Será a perseguição, a tribulação, a espada, a fome e a nudez? Como está escrito: Por amor de ti somos entregue a morte todos os dias, somos comparados como ovelhas levadas ao matadouro. Mas apesar de todas essas coisas somos mais do que vencedores. Pelo que estou bem certo que nem os principados e nem as potestades, nem a altura e nem a profundidade, nem a vida e nem a morte, e nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 26 de Janeiro de 2014 Sobre a Celebração da Primeira Páscoa
O que a Páscoa? Vamos começar dando a definição etimológica do termo ‘páscoa’. Pascoa vem do hebraico ‘pessach’ que significa ‘passar por cima’ e do grego πάσχα [pasca] significando ‘passagem’. Em inglês temos o termo ‘easter’.
98
O termo ‘páscoa’ surgiu pelo fato do anjo da morte, ou anjo destruidor, que passou por sobre as casas assinaladas com o sangue do cordeiro pascal, quando ele matou os primogênitos dos egípcios. Leiamos Êxodo 12.11-14: ‘Assim, pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor. E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo’. O próprio Deus de Israel, o Senhor Javé, foi que desceu naquela noite e passou em inspeção a terra do Egito, ao seu lado estava o anjo destruidor, e a casa que Javé não visse o sangue, ele mandava o anjo degolar o primogênito. ‘Páscoa’ tornou-se o nome de “uma das mais importantes festas do povo hebreu em que comemoravam a saída do Egito” (Lição 04, 1ºTrim/2014) – Êx 34.25; Lc 2.41 – chamada de páscoa do Senhor (Êx 12.11). Esse evento tornou-se uma data comemorativa entre o povo de Israel, como até hoje eles comemoram a páscoa do Senhor. Também a palavra “páscoa” foi aplicada a refeição pascal - João 18.28: ‘Depois levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa’. Ou seja, poderem participar da refeição da páscoa. Semelhantemente, a palavra também é aplicada ao cordeiro pascal Lucas 22.7: ‘Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa’. Quem era sacrificado era o cordeiro, por isso o cordeiro é chamado de páscoa (Êx 12.21; Dt 16.5). É claro que depois dessa primeira páscoa, os judeus não aspergiram mais o sangue nos umbrais de suas portas, e atualmente, os judeus comemoram a páscoa sem o sacrifício do cordeiro pelo fato de não terem mais o templo. A festa da páscoa, muito embora tenha sido acrescentada outros elementos e realizada de outros modos, mas a essência da festa é a mesma estabelecida por Moisés. Que é exatamente o que veremos na definição teológica, isto é, a páscoa celebrava a libertação de Israel da escravidão do Egito e o resgate da morte pelo sangue do cordeiro aspergido sobre as casas dos hebreus (Êx 12.21-27,42). Esse é o significado teológico da festa da páscoa: a libertação. O povo de Israel deixou de ser um povo escravo para se tornar um povo liberto; um povo sem nacionalidade para se tornar um povo livre, emancipado, formando-se em uma nação. 99
Leiamos Êxodo 12.21-27,42: ‘Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. Então tomai um molho de hissopo, e molhaio no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir. Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre. E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará, como tem dito, guardareis este culto. E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou. Esta noite se guardará ao Senhor, porque nela os tirou da terra do Egito; esta é a noite do Senhor, que devem guardar todos os filhos de Israel nas suas gerações’. Apenas uma observação nesse texto, a palavra molho que aparece na expressão ‘tomai um molho de hissopo’, não se refere a um caldo como um molho de pimenta que conhecemos, mas essa palavra se refere a um feixe feito de uma planta chamado hissopo, algo semelhante a uma vassoura de palha, não era um molho líquido feito de hissopo, quer dizer, era como se fosse um pincel feito de folhas de hissopo que foi utilizado para aspergir o sangue do cordeiro nas portas das casas dos hebreus. Quando era celebrada a páscoa do Senhor? A Páscoa era celebrada no mês de Abibe (Dt 16.1). “Os judeus deveriam comemorar a Páscoa no mês de Abib (correspondente à parte de março e parte de abril em nosso calendário), cujo significado são as espigas verdes” (Lição 04, 1ºTrim/2014). Após o cativeiro babilônico ‘Abibe’ passou-se a se chamar “Nisã” (Et 3.7; Êx 12.2). Ler Nm 28.16. Como citamos ‘abibe’ significa ‘espigas verdes’ que faz uma referência ao trigo amadurecido, e ‘nisã’ significa ‘folhas desabrochando’. Isso significa que a páscoa era celebrada na primavera, no hemisfério norte. O mês de abibe corresponde ao nosso mês de abril que significa abrir em latim que é exatamente o tempo em que abre das flores, que era primavera para os romanos, mas para nós não faz muito sentido, pois o nosso mês de abril, aqui no Brasil, é outono, onde as folhas caem. Podemos ligar também esse mês de abril ao fato de Deus ter abrindo o Mar Vermelho. E, também abre o calendário judaico, por isso Deus lhes disse: ‘Este mês vos será o primeiro dos meses’. Quer dizer, vai abri os demais meses. A partir das recomendações de Deus em Êxodo 12.2: ‘Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do 100
ano’, Israel adotou dois calendários: o calendário religioso e o calendário civil. O calendário religioso era o calendário das festas, e começava em abibe ou março/abril, e a páscoa era primeira festa de Israel. O calendário civil iniciava no mês de tisri que corresponde ao mês de outubro em nosso calendário. Portanto, aqui no Egito é o mês de outubro (tisri), e a partir desse mês iniciou-se calendário religioso com o mês de abibe. Quando em Israel é primavera, lá é o mês de março/abril, aqui, no Brasil, é outono, e não primavera, e quando chega a nossa primavera, que é em setembro e outubro, em Israel é outono. Por que? Porque a maior parte do Brasil está localizado no hemisfério sul, acima da linha do Equador, também conhecido como meridional ou austral, e Israel está localizado no hemisfério norte, abaixo da linha do Equador, também denominado setentrional ou boreal. A páscoa era celebrada no dia 14 do mês de abibe (março/abril), quando o cordeiro deveria ser sacrificado. Como Israel deveria celebrar a festa da páscoa? Vamos ler um texto que irá descrever a celebração da páscoa. Leiamos Deuteronômio 16.1-10: ‘Guarda o mês de Abibe, e celebra a páscoa ao Senhor teu Deus; porque no mês de Abibe o Senhor teu Deus te tirou do Egito, de noite. Então sacrificarás a páscoa ao Senhor teu Deus, das ovelhas e das vacas, no lugar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome. Nela não comerás levedado; sete dias nela comerás pães ázimos, pão de aflição (porquanto apressadamente saíste da terra do Egito), para que te lembres do dia da tua saída da terra do Egito, todos os dias da tua vida. Levedado não aparecerá contigo por sete dias em todos os teus termos; também da carne que matares à tarde, no primeiro dia, nada ficará até à manhã. Não poderás sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus; Senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao pôr do sol, ao tempo determinado da tua saída do Egito. Então a cozerás, e comerás no lugar que escolher o Senhor teu Deus; depois voltarás pela manhã, e irás às tuas tendas. Seis dias comerás pães ázimos e no sétimo dia é solenidade ao Senhor teu Deus; nenhum trabalho farás. Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara iniciarás a contar as sete semanas. Depois celebrarás a festa das semanas ao Senhor teu Deus; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo o Senhor teu Deus te houver abençoado’. Os judeus deveriam cumprir à risca esses mandamentos de Moisés acerca da celebração da páscoa. No Egito, cada pai de família sacrificou o cordeiro, mas após o estabelecimento do sacerdócio e do tabernáculo, e posteriormente do templo, em Jerusalém, quando o culto se centralizou, a 101
responsabilidade de sacrificar o cordeiro estava sob o sumo sacerdote e os demais sacerdotes. De modo que no dia 14 de abibe, no pôr-do-sol, os israelitas apresentavam seus cordeiros aos sacerdotes para sacrificá-los, após isso cada família ia para suas casas, e dava-se início a semana dos pães ázimos quando era proibido comer qualquer coisa com fermento. Os israelitas tinham que destruir de suas casas todo tipo de fermento, pois não poderiam nem ser quer ter em casa alguma vasilha com fermento. Se alguma pessoa fosse pega com fermento em sua casa, tal pessoa era punida (Êx 12.15). Depois desses sete dias, eles contavam 49 dias, e no quinquagésimo dia era a festa de Pentecostes, também chamada de festa das semanas e festa da colheita, quando era apresentado as primícias, os primeiros frutos colhidos das plantações. O que representava os pães ázimos? Representava a aflição com que os israelitas saíram do Egito, eles estavam com tanta pressa para sair que os pães não iriam levedar, pois não teriam tempo para esperar o tempo da fermentação (Êx 12.33,34,39; Dt 16.3). Porém, o fermento, também, representava o fato dos israelitas não se misturarem com a contaminação do Egito já que fermento tornou-se símbolo de corrupção moral. Pois assim como o fermento altera a massa (Gl 5.9), assim também, a maldade corrompe o caráter. Por isso que eles deveriam se guardar de qualquer contaminação para celebrar a páscoa do Senhor (2º Cr 30.17; 1ª Co 5.6-8). Quais os elementos da páscoa judaica? Primeiro alimento, o pão, chamado de ‘matzoth’. Esse pão deveria ser sem fermento (Êx 12.15-20; 13.6,7; 23.15; 34.18). O segundo alimento, as ervas amargas (Êx 12.8). Eles comiam as ervas amargas, que era uma salada feita com várias ervas amargas, talvez a chicória, a rúcula, a escarola, para se lembrarem da angústia que experimentaram no Egito. Israel passou 430 anos no Egito. Esse tempo inicia em 1876 A.C com a descida de Jacó para o Egito e termina em 1446 A.C com a saída de Israel do Egito. Eles celebraram a segunda páscoa após um ano da saída do Egito, no monte Sinai, depois celebraram a terceira quando entraram em Canaã, depois de 40 anos. Durante esse período o povo não praticou a circuncisão, e desse modo não poderiam celebrar a páscoa. O tempo que Israel permaneceu no Egito foi o período decorrido para que a maldade dos amorreus atingisse sua medida conforme foi dito a Abraão em Gênesis 15. Há um cálice! Deus tem um cálice de tolerância, enquanto esse cálice não encher, a ira de Deus não é derramada. Esse cálice foi cheio na época de Noé, na época de Sodoma e Gomorra e no tempo em que os israelitas entraram em Canaã. E também há um cálice para atualidade que ainda não encheu, quando ele é for cheio será derramado. É claro que há, também, um cálice individual para cada pessoa. 102
Vocês já tentaram comer rúcula alguma vez? Eu já tentei várias vezes, mas não consegui. Tentei comer crua, cozida, refogada, mas é muito amarga, mas amarga do que o agrião. O terceiro elemento, o cordeiro (Êx 12.3-7). O cordeiro deveria ser de um ano, sem defeitos físicos, assado por completo, seus ossos não poderiam ser quebrados, e que deveria ser comido na noite da celebração da páscoa. Todo o cordeiro deveria ser consumido naquela mesma noite, caso houvesse sobras deveriam ser queimados no fogo. E o quarto elemento, o suco da uva. Esse vinho não poderia ser fermentado, então nesse caso era o suco da uva. Leiamos Lucas 22.13-18: ‘E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disselhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus’. Hoje eles bebem sete taças de vinho, cada taça tem um simbolismo. Assim como falamos do cálice do castigo, também há o cálice da bênção, porém, ele também só será derramado quando estiver cheio de boas obras. Qual é o simbolismo cristão da páscoa judaica? (Cl 2.16,17). A festa judaica da páscoa tem um significado para o cristão. Cristo aboliu a antiga aliança, ele não aboliu os mandamentos. Que antiga aliança é essa? A aliança levítica, a aliança dos sacerdotes. A lei que estava sujeita aos sacerdotes foi preservada, mas o sacerdócio foi abolido. Uma vez que o sacerdócio levítico foi abolido, tudo aquilo que estava atrelado ao sacerdócio levítico também foi abolido tornando-se desnecessário para a prática dos cristãos. Se quisermos praticar qualquer coisa que pertence ao sacerdócio levítico, teremos que entrar pela circuncisão para nos tornar judeus, e então praticar essas coisas. Pois como gentios não podemos pratica-las, por exemplo, comer o cordeiro, participar das festas de Israel e etc. Porém, Cristo aboliu todas essas cerimônias que pertencia ao culto dos levitas. A lei como código penal também foi abolida, preservando-se os seus princípios eternos como prática cristã, não para sermos salvos, pois já somos salvos, e nem para sermos justos, pois já fomos justificados, mas como frutos da nossa salvação em Cristo. Cristo aboliu o sábado cerimonial, as festas, o dízimo... como assim aboliu o dízimo? Então, por que nós damos o dízimo!? Porque o dízimo que damos não é o dízimo que os levitas recebiam. É outro tipo de dízimo. O dízimo dos levitas pertencia a antiga aliança. Para darmos esse dízimo temos que viajar para Israel. Jesus aboliu o templo. Não existe mais 103
templo. Isso aqui não é o templo, é apenas um lugar de reunião. Chamamos esse lugar de templo como figura de linguagem. O templo é a igreja. Ora, para construirmos o templo temos que fazê-lo conforme o modelo revelado a Moisés e a Davi. Se isso for o templo, torna-se uma abominação, pois ele tem banheiros, e o templo de Deus não poderia ter banheiros, não poderia ter fezes. Sempre que o crente saísse do culto para defecar no banheiro, caía fogo do céu e devorava a todos. Não poderia ser um púlpito de vidro. Esse templo aqui não é o templo, é um lugar de reunião. O templo foi abolido. Quando falamos: ‘eu vou para a igreja’, é porque os crentes estão reunidos, e isso se constitui a igreja, não é por causa da construção. Os crentes deixando o lugar de reunião, ali deixou de ser a igreja. O Pr. Moacir pode ordenar: ‘derruba esse prédio, e constrói outra coisa’. Ele não profanou o templo. Se quisermos derruba esse prédio, podemos derrubar – ‘Ixi, irmão, o lugar é sagrado, vai derrubar!’. Não é sagrado! É sagrado enquanto a igreja estiver utilizando. Meus irmãos, enquanto estamos sentados em poltronas, os crentes que servem na Amazônia estão sentados em toco, e o telhado é de palha. Mas ali estão reunidos como igreja do Senhor, e templo sagrado. O Senhor Jesus não ordenou construir templos, e nem nos deu o modelo como deveria ser construído. O templo somos nós. Agora construímos um lugar para nos reunir da maneira que quisermos construir. Não adianta você dizer: ‘Irmãos, temos que tirar isso aqui do templo, porque isso não tinha em Israel’. Não entre por esse caminho, meu irmão. Para começar, você vai ter que se circuncidar; para subir no altar, eu com esses meus defeitos físicos não poderia subir. Meus irmãos, antes de concluir, preciso dar maiores explicações sobre o dízimo senão irão me crucificar nessa noite. Cristo aboliu toda a aliança levítica e o sacerdócio levítico, porém, ele estabeleceu outro sacerdócio, o sacerdócio de Melquisedeque. Vamos ler em Gênesis capítulo 14 sobre esse sacerdócio, que é o sacerdócio de Cristo e também o nosso. Nesse capítulo é a primeira vez que aparece a figura de Melquisedeque na Bíblia. Leiamos Gênesis 14.18-20: ‘E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo’. A quem Abraão deu o dízimo? A Melquisedeque. Leiamos, agora, Hebreus 7.1-10: ‘Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, 104
rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro’. Portanto, o dízimo que os cristãos pagam não é o dízimo do sacerdócio levítico, mas o dízimo do sacerdócio de Melquisedeque, pois conforme os versículos 13 a 26, Jesus Cristo é sacerdote da ordem sacerdotal de Melquisedeque, e foi constituído sacerdote para sempre. Jesus nunca poderia ser sacerdote da ordem de Arão, pois ele pertence a tribo de Judá, e os sacerdotes tinham que provir da tribo de Levi. Mas como Jesus Cristo não pertencia a tribo de Levi, ele tornou-se sacerdote pela ordem de Melquisedeque. E esse sacerdócio é maior que o sacerdócio levítico, pois, o próprio Levi pagou o dízimo a Melquisedeque (vv.9,10). E assim, pelo fato do sacerdócio de Cristo não ter sido abolido, pois é eterno, ele continua recebendo o dízimo (v.8), e assim como Abraão e Levi deram o dízimo a Melquisedeque, nós temos que dar o dízimo a Cristo, pois ele é o nosso Melquisedeque Maior, nosso sumo sacerdote. O dízimo de Cristo não está debaixo de maldição como o dízimo levítico (Ml 3.8,9), mas o dízimo de Melquisedeque está debaixo de bênção, pois está escrito que ele abençoou Abraão (v.6). Deixe de dar o dízimo para Arão, e passe a dar o dízimo para Cristo! Quando colocamos o nosso dízimo na salva, o Espírito de Cristo guia o pastor aonde ele vai aplicar aquele dinheiro, pois estamos dando para Cristo. Muito embora Cristo tenha abolido as coisas do velho sistema levítico, contudo essas coisas continuam tendo significa espiritual para o cristão. Por exemplo, o pão sem fermento aponta para Cristo sem pecado, o pão da vida (Jo 6.35,48,51; Hb 4.15). O cordeiro da páscoa aponta para Cristo, o cordeiro pascoal (Êx 12.5,6; 1ª Co 5.7,8). É interessante que o cordeiro deveria ser separado no dia 10 de Abibe para ser sacrificado no décimo quarto dia (Êx 12.3,6), quando estava próximo da sua crucificação, Cristo chegou em Jerusalém no dia 10 de Abibe, num domingo, e ali a sua vida foi vasculhada pelos saduceus, fariseus, escribas, foi interrogado, e não se achou nele mácula nenhuma, 105
assim com o cordeiro deveria ser examinado nesse período (Êx 12.5). Depois Cristo foi imolado na cruz. A hora da crucificação de Cristo foi exatamente na mesma hora em que o cordeiro era sacrificado no templo, das três as seis horas da tarde. Quando Cristo estava na cruz, e deu o brado: Está consumado! Naquele momento houve um terremoto, e atingiu o templo em Jerusalém, no exato momento em que o sacerdote estava se preparando para sacrificar o cordeiro, o véu do templo se rasgou, o cordeiro escapou e fugiu. Não houve o sacrifício do cordeiro, pois era apenas o símbolo e a figura do Cordeiro de Deus que estava sendo sacrificado. O sangue do cordeiro da páscoa aponta para o sangue de Cristo que nos resgata do pecado. Cristo aboliu para sempre os sacríficos na cruz. No ano 70 d.C., o templo de Jerusalém foi destruído, e até hoje os judeus não realizam mais sacrifícios. Se por acaso, eles construírem o templo de Jerusalém para realizar sacrifícios, terão que ir atrás da novilha vermelha para consagrar os serviços sacerdotais (Nm 19.1-6). E aonde eles irão encontrar essa raça? Extinguiu-se essa raça, não tem mais! Terão que mandar fabricar nos laboratórios, fazer um clone, sei lá o que! Quero concluir, falando um pouco da páscoa pagã. Como foi que a páscoa pagã penetrou na igreja? Na nossa palestrar anterior, falei sobre o paganismo que foi absolvido pela igreja com suas festas pagãs. A páscoa, infelizmente, caiu no período da primavera, e os povos pagãos adoravam a natureza que era representada por vários deuses e deusas. Então, havia os deuses e as deusas da fertilidade que se comemorava na época da primavera, e assim, nessa época os israelitas comemoravam a sua páscoa, mas os povos pagãos realizavam as festas de primaveras que eram festivais de fertilidades. Por isso que o símbolo principal de fertilidade era os órgãos genitais, pode pesquisar que as estatuetas de Baal traziam algo semelhante a um pênis em sua cabeça, o falo. E havia as deusas da fertilidade, e em cada região essa deusa tinha um nome diferente. Por exemplo, no Egito era Ísis, na Babilônia, Ishtar, na Fenícia, se chamava Astarote, na Grécia, chamava-se Afrodite e Vênus em Roma. Na região dos povos Germanos que deram origem aos alemães e ingleses, essa deusa se chamava Ostera (em alemão), e em inglês é Easter. E esse nome em inglês significa páscoa. Pois para esses povos a primavera era a passagem do inverno para o aparecimento das flores. Essa Ostera ou Easter tinha como símbolo o coelho, porque era símbolo de fertilidade. A lenda conta que um dia Ostera viu um pássaro preso, e o transformou em um coelho, e assim aquele pássaro se libertou daquela prisão. Aquele coelho ficou tão alegre que lhe quis dar um presente, mas não sabia o quê. Então, Ostera lhe disse que iria lhe transformar 106
novamente em pássaro para que ele pudesse pôr um ovo e lhe dar de presente. E assim, Ele pôs um ovo, o coloriu e deu-lhe de presente. Ostera ficou muito satisfeita com esse presente, e como gratidão, ela desenhou a imagem do coelho na lua, é sabido que a primavera vem depois de uma lua cheia. Por isso que os pagãos dizem que a lua cheia tem um desenho de um coelho. No século V, um papa chamado Gregório enviou um missionário para evangelizar os germanos, povos que festejam a Ostera, e conseguiram converter esses povos. E o que fizeram com o festival? Pelo fato desse festival ser na época da primavera, misturaram o festival de Ostera com a páscoa católica. E no ano de 1928, as empresas, que não são bobas nem nada, fabricaram o ovo de chocolate e o coelho de chocolate, desde então, as pessoas correm freneticamente para as lojas a fim de comprarem, e os empresários lucram com isso. Meus irmãos, um cristão não pode satanizar as coisas e nem diviniza-las – ‘aí o ovo é da Ostera, então eu não como mais ovo’. Os germanos usavam o ovo como símbolo de fertilidade, mas quem criou o ovo foi Deus – ‘ah, o coelho é símbolo da Ostera, então onde eu ver um desenho de coelho vou destruir, se haver alguma figura no livro da minha filha, vou arrancar aquela página’. Não, irmãos! Deus criou os coelhos! Se eles o transforam em símbolos satânicos, não temos nada com isso, porém o cristão é liberto de qualquer símbolo pagão. Como também, não divinizamos o cordeiro – ‘Ah, o cordeiro é símbolo de Cristo, então, vou usar blusas com figuras de cordeiros, vou desenhar um cordeiro na capa da minha Bíblia, vou comprar um cordeirinho de boneco para minha filha brincar’. Também está errado. O cristão não sataniza ninguém, e nem diviniza, somos libertos para servir a Deus. Contudo, os cristãos não deveriam guarda as festas pagãs adotadas pela Igreja Católica, assim como os cristãos gentios não tem necessidade de festejar a páscoa judaica, pois a ceia do Senhor substitui a páscoa. E, por último, há um significado espiritual na mensagem da páscoa para nós hoje, isto é, uma mensagem de livramento e resgate para os justos, no Dia do Senhor, quando Jesus trouxer ira e juízo contra os ímpios (Ml 4.13; Ap 6.12-17; 7.9,13,14; 1ª Ts 1.10).
107
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 09 de Fevereiro de 2014 Sobre a Prefiguração da Peregrinação de Israel no Deserto Até o Sinai Gostaria de falar nessa manhã sobre a ‘Prefiguração da Peregrinação de Israel no Deserto Até o Sinai’. Nessa palestra veremos que as coisas que sucederam a Israel servem de figuras e exemplos para a vida espiritual do cristão, principalmente para nós aquém ‘já são chegados os fins dos séculos’ (1ª Co 10.1-13). Assim como o povo de Israel saiu do Egito, caminhou no deserto e entrou na terra de Canaã, assim também, semelhante processo está acontecendo com a Igreja. Nós saímos do mundo, mas ainda não entramos no Reino (Jo 17.16; At 14.22), então entre o sair do mundo e o entrar no Reino tem a nossa jornada que é chamada nas Escrituras de tempo de peregrinação. Leiamos 1ª Pedro 1.17: ‘E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação’. E depois 1ª Pedro 2.11: ‘Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma’. A nossa caminhada e jornada neste mundo, já que não pertencemos mais a este sistema mundano, chama-se de peregrinação. Assim as coisas que sucederam a Israel durante a sua peregrinação fizeram com que muitos israelitas ficassem prostrados no deserto, e não entraram na terra prometida, essas coisas nos servem de exemplos para não perdemos a entrada no Reino de Deus (Hb 3.16-4.1). Leiamos 1ª Coríntios 10.1-13: ‘Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto. E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. E não nos prostituamos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil. E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não 108
veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar’. Note que nesse texto, Paulo prefigura a jornada de Israel com a jornada da Igreja. Ele extraiu lições da experiência que o povo de Israel teve no deserto, e essa experiência não foi uma experiência boa, pois a eles faltou o temor a Deus e também a fé (Hb 4.2). Vamos conhecer a jornada do povo de Israel em sua caminhada no deserto (Nm 33.2-15). Este mapa é uma parte do que nós chamamos de Oriente Médio, claro que hoje, atualmente, está um pouco modificado. Estamos utilizando o mapa da época de Moisés. Aqui encima temos o Mar Mediterrâneo, e mais embaixo o Mar Vermelho. Ao lado esquerdo, temos o Egito que nos dá acesso ao continente Africano, o continente Europeu fica encima do Mar Mediterrâneo, onde se encontra Roma. E nessa região do lado direito, fica o continente Asiático, onde iremos encontrar a Babilônia, Assíria, Pérsia, que são os atuais países do Iraque e Irã. Onde também se localiza Israel (no mapa Canaã), Jordânia (no mapa Amom e Moabe), e os países árabes (no mapa Edom e Midiã). Leiamos Êxodo 12.37: ‘Assim partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem contar os meninos’. Acompanhe no mapa. Israel saiu de Ramessés no dia 15 de Abibe de 1446 A.C. Eles tinham celebrado a páscoa no dia 14, e no dia 15, de madrugada, eles partiram, foram para Sucote (Êx 13.20), de lá para Etã. Êxodo 13.20: ‘Assim partiram de Sucote, e acamparam-se em Etã, à entrada do deserto’ (Nm 33.6). Israel estava em Etã, e o seu destino era Canaã, então ele deveria seguir beirando o Mar Mediterrâneo, chegaria mais rápido, pois era mais perto. Esse seria o caminho onde se localizava os filisteus (hoje chamado de faixa de Gaza). Porém, o Senhor ‘temeu’, digamos assim, que eles 109
enfrentassem os inimigos e recuassem. Pois o Egito mantinha nessa região de fronteira uma guarnição de soldados preparados contra invasores, logo porque o Egito já havia sofrido invasões de povos semitas, os hicsos. Então, o Senhor sabendo, essa é a palavra correta, que o seu povo iria recuar diante dos inimigos, escolheu o caminho mais longo. Deus ordenou que Israel voltasse para Pi-Hairote (Nm 33.7). Êx 14.2: ‘Fala aos filhos de Israel que voltem, e que se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o campo junto ao mar’. Onde aconteceu a passagem pelo Mar Vermelho - Números 33.8: ‘E partiram de Pi-Hairote, e passaram pelo meio do mar ao deserto...’. Leiamos Êxodo 15.22: ‘Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam água’. Veja no mapa que Israel atravessou o Mar Vermelho na parte que fica em frente ao deserto de Sur, também chamado deserto de Etã. Nesse deserto caminharam três dias e não encontraram água. Irmãos, há três teses sobre a passagem de Israel no Mar Vermelho. Alguns acreditam que o povo de Israel não atravessou o Mar Vermelho, mas o Mar de Juncos, que eram um pantanal alagadiço que ficava na região entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo (onde foi construído, em 1859-1869, o canal de Suez para ligar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, com intuito de ser usado como via de circulação de navios, com 197km de extensão, 170m de larguras e 20m de profundidade). Segundo essa tese nas Escrituras Hebraicas o termo traduzido por Mar Vermelho é Mar de Juncos. Diz que apenas no Novo Testamento aparece o termo, Mar Vermelho. Isso porque a versão Septuaginta traduziu o termo Mar de Juncos por Mar Vermelho. Essa é a primeira tese. A segunda tese é que Israel não atravessou no Golfo de Suez. Veja no mapa que o Mar Vermelho tem dois braços chamados de golfo, o primeiro chamado de Golfo de Suez e o segundo chamado de Golfo de Acaba. Essa tese acredita que Israel atravessou o Golfo de Acaba. Porém a teoria tradicional é que Israel atravessou o Mar Vermelho no Golfo de Suez em frente do deserto de Sur ou Etã. Permita-me vos explicar o que é Golfo. O golfo é quando uma porção do mar invade a terra, e a península é quando a uma porção da terra invade o mar, é por isso que a península está arrodeada pelo mar nos três lados, diferente da ilha, que é rodeada por completa. No Mar Vermelho temos dois golfos, e uma península.
110
Israel caminhou três dias no deserto do Sul e não encontrou água, então chegaram em Mara. Êxodo 15.22,23: ‘Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam água. Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara’. Dali partiu para Elim – Êxodo 15.27: ‘Então vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas’. ‘E partindo de Elim, toda a congregação dos filhos de Israel veio ao deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois de sua saída da terra do Egito’ (Êx 16.1). Israel saiu do Egito no dia 15 de abibe e chegaram no deserto de Sim, depois de um mês, no dia 15 do segundo mês, que é o mês de Zivã. Daqui eles foram a Dofca e Alus (ver mapa pag. 109). Leiamos Número 33.12,13: ‘E partiram do deserto de Sim, e acamparam-se em Dofca. E partiram de Dofca, e acamparam-se em Alus’. E Êxodo 17.1: ‘Depois toda a congregação dos filhos de Israel partiu do deserto de Sim pelas suas jornadas, segundo o mandamento do Senhor, e acampou em Refidim; e não havia ali água para o povo beber’. E também Êxodo 19.1,2: ‘Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia chegaram ao deserto de Sinai, porque partiram de Refidim e entraram no deserto de Sinai, onde se acamparam. Israel, pois, ali se acampou em frente ao monte’. Então, Israel acampou em frente do monte Sinai, isso depois de três meses de jornada, de Ramassés, no Egito, até ao Monte Sinai que ficava na península do Sinai. E no Monte Sinai, eles ficaram acampados quase um ano. E depois eles partiram e chegaram em Cades-Barnéia, talvez tenham caminhados por um período de onze dias (Dt 1.2). De Cades-Barnéia, Moisés enviou doze homens para espiar a terra de Canaã, e esses espias ficaram 40 dias em Canaã espiando o território. Quando eles retornaram trouxeram um mau relatório dizendo que não tinham condições de invadir Canaã por causa dos gigantes. E isso desfaleceu o coração do povo de Israel ao ponto de quererem apedrejar Moisés e Arão. Porém, Deus irou-se contra o povo e lhes disse que os israelitas iriam caminhar 40 anos no deserto até que toda aquela geração que saiu do Egito, de 20 anos para cima, morresse no deserto. Portanto, a partir de CadesBarnéia Israel caminhou 38 anos no deserto e com os dois anos 111
anteriores para chegar em Cades-Barnéia são ao todo 40 anos. Depois desses 40 anos, por ordem de Deus, eles atravessaram os territórios de Edom e Moabe e acamparam-se defronte de Jericó, no lado leste do Jordão, em Sitim. Ali Moisés subiu ao Monte Nebo, num cume de Pisga, e avistou toda a terra de Canaã, e morreu. Então, Josué atravessou o Jordão com o povo de Israel. Prestem atenção! Israel chegou ao Monte Sinai no capítulo 19 de Êxodo, e só saiu de lá no capítulo 10 de Número. Esse tempo abrange o restante do livro de Êxodo, todo o livro de Levítico e até os dez primeiros capítulos de Números. Iremos extrair algumas lições espirituais para a nossa vida cristã da jornada de Israel no deserto. Primeira lição: Viva da fé. Israel deveria seguir na sua caminhada em uma jornada de fé. Porém lhe faltou exatamente esse elemento essencial e primordial, que é a fé. Assim como o povo de Israel precisava de fé para peregrinar em sua jornada, assim também, nós precisamos de fé para peregrinar em nossa jornada. Israel foi provado em dois locais antes de chegar ao Monte Sinai. No deserto de Sur, onde Israel caminhou três dias e não encontrou água, e também quando os israelitas chegaram em Mara e encontraram água, mas água amarga. Eles tinham que através da fé aprender a depender de Deus. Pois eles não iriam sair do Egito para Canaã com suas próprias forças físicas, com seus próprios recursos humanos e confiando em suas próprias capacidades intelectuais. Eles deveriam caminhar por essa jornada confiando em Deus. Fé é confiar nas promessas de Deus; é acreditar que aquilo que o Senhor prometeu fazer, Ele irá fazer. A fé é uma antítese da murmuração porque aqueles que confiam em Deus e em suas promessas não murmuram, pois eles acreditam que Deus vai cumprir a sua palavra. Ainda que em certos momentos e certas ocasiões não vimos as promessas de Deus se cumprirem, mas isso acontece exatamente para fortalecer a nossa fé. As dificuldades surgem para fortalecer a nossa fé. Leiamos Hebreus 3.19: ‘E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade’, quer dizer, falta de fé. E Hebreus 4.1,2: ‘Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram’. Vocês ouviram aí, irmãos! A eles foram pregadas as boas novas como também a nós. Quais foram essas boas novas pregadas ao povo de Israel? Que o Senhor iria introduzi-los em uma terra que mana leite e mel. Essa era as boas novas de Moisés. E qual são as boas-novas pregadas a nós? O Senhor vai nos introduzir no Seu Reino eterno. 112
Porém, diz o texto que a eles faltou a fé, e por causa da falta de fé, eles não entraram na sua herança. E assim também por causa da falta da fé, o autor aos Hebreus temia que alguns cristãos ficassem para trás e não entrem no seu descanso eterno que Deus está preparando para o Seu povo (Hb 4.9). A fé é confiar nas provisões de Deus. Confiar que Deus iria prover o necessário para a caminhada deles. Confiar na provisão de Deus para as nossas necessidades é importante porque o trabalho inquietante e ansioso para obter bens de consumo, a ganância pelo dinheiro, a aceitação de propostas desonestas para enriquecer, a falta de generosidade e a ostentação dos bens materiais minam e destroem a entrada no Reino de Cristo. O cristão deve lidar com os bens materiais priorizando o Reino de Deus e praticando a justiça. O povo de Israel chegou a Mara, e ali as águas eram amargas. Vocês sabem que Israel saiu do Egito com certa quantidade de pão, pois havia fabricado pão para a festa da páscoa e não tiveram tempo de comê-lo porque não havia fermentado (Êx 12.34,39). Então, eles tinham pão suficiente para comerem, porém, não tinham água. Quando chegaram a Mara encontraram água amarga, Moisés foi instruído pelo Senhor para lançar na água um galho ou um tronco ou uma raiz de uma árvore e aquelas águas que eram amargas, tornaram-se águas potáveis (Êx 15.23,24). De Mara, eles partiram para Elim. Em Elim, o Senhor providenciou, e eles encontraram doze fontes de água, e ali ficaram acampadas as doze tribos, e também havia setenta palmeiras. Quer dizer, sombra e água fresca. Isso significa que no deserto da provação não haverá apenas dificuldades, mas o Senhor, também, irá prover momentos de bênçãos para o Seu povo. O segredo é aprendermos ser gratos a Deus na escassez e na abundância. Porque se formos gratos a Deus apenas na abundância, seremos iguais aos demais gentios que não têm fé, que dão graças a Deus apenas quando estão de bucho cheio, mas quando eles estão na escassez e no sofrimento, praguejam e blasfemam contra Deus. Mas o cristão não! Ele dá um testemunho de fé, e esse testemunho de fé tem que se manifestar exatamente na escassez, na dificuldade e na provação. Então, depois de sombra e água fresca em Elim, eles caminharam no deserto de Sim. E no deserto de Sim, os israelitas sentiram a falta da carne do Egito. Nisso extraímos a segunda lição: aborreça as coisas do mundo. Quando chegaram ao deserto de Sim não tinham mais pão, não queriam consumir seus gados, pois pensavam que se Moisés ‘nos chamou para essa viagem, então é da sua responsabilidade custear todo o custo da viagem’.
113
Por providência de Deus era época de primavera e por isso tempo de emigrarem as codornizes da África para o Mediterrâneo, e retornavam em outubro. Nessa emigração, as codornizes voavam por cima do deserto e algumas cansadas da viagem caíam. Israel foi alimentado no deserto por carnes de codornizes ou codornas (Êx 16.13). As codornizes não caíam assadas! Os israelitas tinham que correr atrás das bichinhas, caçando-as com um pauzinho, então, trata-las para depois comê-las. Prestem atenção! É do termo codorniz que vem o nome da Rua onde está localizada a nossa congregação, Rua Codó, 412. Por exemplo, por que a cidade de Maranhão recebeu o nome de Codó? Porque lá havia muitas codornas. Codó do Maranhão é considerada a cidade mais feiticeira do Brasil. É lá onde mora o feiticeiro mais famoso do Brasil, acho que ele já faleceu, chamado de Bira do Barão que fazia feitiçarias para os políticos e famosos, considerado como o guru de José Sarney. Por essa razão a nossa congregação que era conhecida como Codó, foi renomeada para Salém. Por duas ocasiões caíram as codornas, quando os israelitas estavam no deserto de Sim, e quando eles partiram do monte Sinai, depois de um ano acampados ali, e foram para Quibrote-Taavá. Leiamos Números 11.4-6,31-35: ‘E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos. Então soprou um vento do Senhor e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quase caminho de um dia, de um lado e de outro lado, ao redor do arraial; quase dois côvados sobre a terra. Então o povo se levantou todo aquele dia e toda aquela noite, e todo o dia seguinte, e colheram as codornizes; o que menos tinha, colhera dez ômeres; e as estenderam para si ao redor do arraial. Quando a carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira do Senhor contra o povo, e feriu o Senhor o povo com uma praga mui grande. Por isso o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Ataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo’. Isso aconteceu porque Israel teve saudades das coisas do mundo. Eles com mais de um ano se alimentando de maná, porém, eles aborreceram o maná e desejaram as carnes do Egito. E por causa disso o Senhor ficou irritado com eles. O Senhor mandou novamente carne, mas nessa ocasião, diz a Bíblia que quando eles estavam com a carne na boca, o Senhor os feriu. Leiamos Salmos 106.13-15: ‘Porém cedo se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho. Mas deixaram-se levar à cobiça no 114
deserto, e tentaram a Deus na solidão. E ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas’. Esse desejo foi chamado de cobiça, eles cobiçaram as coisas do Egito. Quer dizer, o cristão é chamado para aborrecer o mal – Romanos 12.9: ‘Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem’, e Hebreus 1.9, diz acerca do exemplo de Cristo, ‘odiaste a iniquidade’. E em 1ª João 2.15 está escrito: ‘Não ameis o mundo, nem o que no mundo há’. O que foi que levou o povo de Israel a desejar as coisas do Egito? ‘O vulgo, que estava no meio deles’ (Nm 11.4), isto é, um povo misto que saiu do Egito junto com Israel. Esse povo misto não tinha a promessa de Deus, nem a palavra de Deus, nem fé em Deus e não O conhecia. Eles influenciaram Israel a desejar as coisas do mundo. É exatamente essas pessoas que não tiveram experiência com Deus, não renasceram e segundo o apóstolo Judas, pessoas ‘...que não têm o Espírito’ (Jd 19), que estão dentro das nossas congregações, que causam divisões, contendas, mundanismo e todo tipo de imundícias. E essas coisas corrompem o povo de Deus. Mas o verdadeiro cristão aborrece as coisas pecaminosas do mundo. Terceira lição, alimente-se da Palavra de Deus. Quando os israelitas estavam no deserto de Sim, o Senhor mandou o maná para alimentá-los (Êx 16.14,15). Paulo chama o maná de ‘alimento espiritual’ (1ª Co 10.3), outros chama de ‘pão do céu’ (Sl 105.40; Jo 6.31). Que tipo de alimento era o maná? Leiamos Números 11.7-9: ‘E era o maná como semente de coentro, e a sua cor como a cor de bdélio. Espalhava-se o povo e o colhia, e em moinhos o moía, ou num gral o pisava, e em panelas o cozia, e dele fazia bolos; e o seu sabor era como o sabor de azeite fresco. E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, o maná descia sobre ele’. Todos os dias, de domingo a sexta, durante 40 anos, de manhã bem cedo caía um orvalho onde Israel estivesse acampando, e depois desse orvalho aparecia algo parecido como uma semente de coentro, branco como o bdélio e redondo, ficava estendido sobre o chão como se fosse neve. Cada pessoa tinha que colher dois quilos que serviria como refeição durante aquele dia. Daqueles dois quilos que eles colhiam de semente de maná, eles moinham, pisavam, transformavam em farinha e faziam bolo, pão, tapioca. O maná tinha sabor de bolo de mel untado com azeite. O maná só deixou de cair quando Israel entrou em Canaã e comeu o fruto da terra (Js 5.12). No sábado não caía maná, pois era o dia de descanso. Diz que a padaria de Deus estava fechada. Por isso que na sexta-feira, eles tinham que colher o dobro, quatro quilos por cabeça, preparavam na sexta-feira para comer no sábado. Para nós, espiritualmente falando, o maná representa o alimento da palavra de Deus. Pois é a palavra de Deus que nos dá sustento durante a 115
nossa caminhada cristã no deserto mundano. Os israelitas ‘comeram o maná no deserto, e morreram’ diz Senhor Jesus Cristo, ‘Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu... que... é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo’ (Jo 6.32,49-51). Portanto, aquele que crer em Jesus Cristo participa desse maná (Jo 6.52-58). Quando Jesus Cristo morreu na cruz, ele forneceu uma vasta provisão de alimentos espirituais que sustenta o cristão em sua caminhada. Esses alimentos espirituais são as doutrinas bíblicas. Os ensinamentos de Jesus Cristo e de Seus apóstolos se constituem o alimento da igreja. É através desse alimento que alcançamos a unidade da fé, a maturidade cristã, o pleno conhecimento do Filho de Deus e a completa estatura de Cristo. O cristão que não se alimenta da palavra de Deus não terá força para prosseguir em sua caminhada; não terá maturidade suficiente para se tornar um cristão espiritualmente forte, de modo que ele se tornará um cristão inconstante, levado por qualquer tipo e vento de doutrina, pois é um cristão que não tem firmeza naquilo que acredita. Participamos do maná de Cristo quando ouvimos a sua palavra e a praticamos, mas aqueles que apenas ouvem e não praticam não se alimentam da palavra de Deus, igualmente aqueles que ouvem, mas não creem. Somente aquele que ouve, crê e pratica verdadeiramente se alimenta de Cristo. Esse recebe fortaleça e desenvolve a sua vida espiritual. Ele deixa de comer da mão do pastor, e passa a comer por conta própria, isto é, ele terá discernimento do ensinamento que recebe, antes de ingerir como alimento. Pois é experimentado na palavra, e não crer em qualquer coisa. Semelhantes aos bereanos, irão examinar as Escrituras para conferir que o está sendo dito está em conformidade com a palavra de Deus. Pode ser um anjo, poder ser um ungido que diz ter uma unção especial, ele só vai acreditar que aquilo que está sendo dito confere com palavra de Deus. Porém, o cristão só terá essa perspicácia pela palavra se ele se alimentar do alimento genuíno, caso contrário, ele vai comer gato por lebre, vai comer porcaria, pensando que está se alimentando da palavra de Deus. Mas na verdade está comendo palha seca e aleite azedo, e não a palavra de Deus. Mas como ele não conhece a palavra de Deus, pensa que está se alimentando de ensinamento correto. Por exemplo, qual é a melhor maneira de detecta uma cédula falsa? É conhecendo a cédula verdadeira. Você não vê uma falsificação de três reais. Por quê? Porque não existe cédula de três reais. Só há falsificação de notas que existem. Por isso que os cristãos precisam ter discernimentos pela palavra de Deus. Quarta lição: Encha-se do Espírito Santo. Saindo do deserto de Sim, os israelitas partiram para Refidim, e ali sentiram sede, mas não havia água. Murmuraram novamente, reclamaram dizendo: ‘Ah! Você nos trouxe aqui para morrermos no deserto. Será que não havia sepulturas suficientes no 116
Egito para sermos sepultados. E agora o que vai ser de nós e de nosso gado, vamos todos perecer!’. Então, o Senhor disse a Moisés: ‘Vai ao monte e feri a rocha, e dela sairá água’. Nessa ocasião Moisés feriu a rocha, e dela saiu água, e dessa água, o povo saciou a sua sede. Essa ferida da rocha aconteceu por duas vezes. A primeira vez foi em Refidim, próximo ao monte Sinai, aqui realmente Deus ordenou Moisés ferir a rocha, e ele a feriu (Êx 17.2-7). E a segunda vez, foi depois de dois anos, eles já tinham partido do monte Sinai, e se encontravam em Cades-Barnéia, e ali, os israelitas reclamaram da falta de água, o Senhor, então, ordenou a Moisés: ‘fala a rocha e dela sairá água’. Meus irmãos, como Moisés iria ferir a rocha em Cades-Barnéia, se a rocha estava no monte Sinai? Diz a tradição que a rocha seguia os israelitas. Paulo confirma essa tradição em 1ª Coríntios 10.4: ‘E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo’. Essa pedra rolava, por assim dizer, atrás do povo. O Senhor disse a Moisés: ‘fala a rocha’. Porém, Moisés em vez de falar a rocha, ele a fere, mas a rocha já havia sido ferida na primeira vez, de modo que a ferida já estava aberta, por isso que ele tinha que apenas falar, mas Moisés estava tão irritado com o povo que ele feriu a rocha por duas vezes (Nm 20.7-13). ‘Olha, seu bando de incrédulos! Vocês não acreditam que da rocha sai água? Pois tai!’. E golpeou a rocha por duas vezes com a sua vara. E a rocha era Cristo. Cristo já havia sido ferido, não precisa mais ser ferido. Por causa dessa ‘brincadeirinha’ de Moisés, o Senhor lhe disse que ele não iria entrar na terra de Canaã (Nm 27.12-14). Moisés ainda orou ao Senhor para reconsiderar, mas o Senhor lhe disse: ‘Basta, não me fales mais deste assunto’ (Dt 3.25-27), ‘pois não me santificastes’ nas ‘águas de Meribá de Cades’ (Dt 32.48-52). ‘Massá e Meribá’, significam ‘contenda e tentação’ porque ali os israelitas contenderam contra Moisés e tentaram a Deus (Êx 17.7; Nm 20.13; Dt 33.8). Quando a rocha foi ferida, derramou água. Já vimos que a rocha era símbolo de Cristo. A água o que simboliza? O Espírito Santo. Está escrito: ‘enchei-vos do Espírito’ (Ef 5.18). Cristo disse o seguinte: ‘Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre’ (Jo 7.37,38). Aí João disse: ‘E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado’ (Jo 7.39). Após a crucificação, a ressurreição e a ascensão de Cristo, ele derramou o Espírito Santo sobre o Seu povo. E o cristão tem que se encher do Espírito. Paulo disse: ‘E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito’ (Ef 5.18). O Espírito é Aquele que 117
nos reveste de poder, que nos santifica, que nos regenera, que nos purifica, que distribui os seus dons, que nos usa. O Espírito Santo é tudo para a igreja. Porém, muitos têm tentado o Espírito! E como nós tentamos o Espírito? Como os israelitas tentaram a Deus? Perguntando: ‘Está o Senhor no meio de nós, ou não?’ (Êx 17.7). Duvidando do Senhor! Cadê o Senhor que não opera em nosso meio!? Tentamos o Espírito quando exigirmos Deus manifestar o Seu poder. É quando alguém diz assim: ‘Se Deus não operar nessa noite, eu rasgo minha Bíblia!’. Essa pessoa está tentando a Deus. Outro diz: ‘Se Deus não operar nessa noite, eu não sou homem de Deus! Eu sou profeta, então Deus tem que operar!’. Ou quando diz: ‘Se nessa noite Deus não batizar com o Espírito Santo, Ele não está aqui! Se ele está aqui, não está prestando para mais nada’. Essa pessoa está tentando a Deus. A operação do Espírito é conforme o Espírito quer! (1ª Co 12.11; Hb 2.4). Ninguém constrange o Espírito. Ninguém coloca Deus na parede. Ninguém obriga Deus fazer nada. O sobrenatural é conforme o Senhor quer. A nossa missão é pregar a palavra de Deus, manifestar o poder é obra do Espírito Santo. O que acontece? O pregador força a barra: ‘Se você não manifestar o poder de Deus é porque você é um crente carnal, é um crente cru, não tem fé’. Com essa conversa o Espírito Santo se afasta, e vem o espírito imundo para operar. Então aparece língua da carne, vem profecia da carne, a visagem onde a pessoa ver todo tipo de porcaria no meio da igreja. Deus não opera em um ambiente onde o Espírito Santo é tentando e o crente coagido, pelo contrário, o Espírito de Deus se retira, e fica apenas a carne batendo em panela seca sem nenhuma manifestação do Espírito.
Mensagem Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Culto de Missão / Em 10 de Fevereiro de 2014 Sobre Maranata!
A Paz do Senhor Jesus! Gostaria de fazer uso da Palavra de Deus em 1ª Coríntio 16.22, quero citar apenas uma palavra desse texto: ‘Maranata!’. Esta palavra é aramaica. Paulo escreveu essa carta aos coríntios em grego, mas ele transliterou na grafia aramaica essa palavra. Note no texto que no final da palavra aparece um ponto de exclamação. Então, Paulo está exclamando a palavra. Se ele fosse verbaliza-la, ele alçaria a sua voz para expressar: Maranata! 118
Diz alguns estudiosos que essa palavra era um código secreto da igreja, e também, os cristãos usavam como saudação. Portanto, era uma expressão conhecida dos irmãos de Corinto e das demais igrejas apostólicas. O termo ‘maranata’ significa ‘vem, nosso Senhor’. Esse é o grito da Igreja. Essa é a voz da Igreja. Uma voz de esperança. Uma voz que mostra que a igreja não está acomodada a sociedade moderna, mas mantém a sua esperança para além das coisas desse mundo. Está colocando a sua esperança no Senhor Jesus Cristo. E Apocalipse 22.17 diz: ‘E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem’. Esse é o grito da noiva do Cordeiro. Pois a noiva anela ver seu Esposo. E em Apocalipse 22.23 João diz: ‘Ora vem, Senhor Jesus’. Essa é uma esperança que não pode ser apagada dos nossos corações. É uma voz que não pode ser silenciada. É o grito que não pode ser abafado dos nossos lábios. Mas me diga quando foi a última vez que você disse: Maranata! Quando foi a última vez que foi uniu a sua voz ao grito da Igreja e do Espírito. Porque aparece que essa voz está sendo abafada na vida de muitos cristãos. Parece que esse grito está sendo silenciado em muitas congregações. Mas essa voz não pode calar! Mas o que leva essa voz ser silenciada? O que leva muitos cristãos a se esquecerem dessa voz de esperança, desse anelo pelo Reino e a Vinda de Cristo? Muitas coisas abafam essa voz e querem silencia-la. Irei citar algumas nessa noite. Quando a voz está silenciada na igreja e os cristãos deixam de gritar Maranata. Primeiro, os cristãos silenciam o grito ‘Maranata!’ quando eles deixam de guerrear as guerras do Senhor; quando deixamos de ir ao campo de batalha e lutarmos como soldados de Jesus Cristo para defesa do evangelho. Quando isso nos acontece mostra que estamos acomodados e achando que não estamos mais em tempo de batalha. E a nossa vida de limita apenas às lutas cotidianas pelo pão nosso de cada dia nos deixando atarefados demais. Mas essas lutas não são as lutas do Senhor, são as nossas lutas. Mas a guerra de Deus é contra os inimigos que se levantam contra a esperança da igreja. O cristão não pode acomodarse a sua vida cotidiana e deixar de guerrear as guerras do Senhor. A nação de Israel foi chamada por Deus para conquistar a terra prometida, porém não era uma terra abandonada e pronta para os israelitas se apossarem e viverem as suas vidas tranquilas. Não! Eles tiveram que lutar contra nações muito mais poderosas do que eles. Cujas algumas eram constituídas por gigantes, homens de guerra, homens valentes, contudo, para o povo de Deus tomar posse da terra prometida tinha que enfrentar esses gigantes e inimigos. Tinha que batalhar as guerras do Senhor! Desde Josué até o cativeiro babilônico toda a trajetória de Israel foi guerreando para manter intacta a herança que Deus os entregou. O único rei 119
que não precisou se envolver em guerras foi Salomão que passou 40 anos de reinado em paz. Mas todos tiveram que batalhar. Entretanto, o rei Davi que foi considerado como um dos maiores guerreiros de Israel, aquele que estava em todas as batalhas do Senhor, aquele que fazia questão de estar na frente do exército, aquele que venceu muitos inimigos, principalmente os filisteus que mais perturbava a nação de Israel, teve um dia, em época de batalha, que o rei Davi resolveu não ir para o combate. Ele resolveu não batalhar nesse dia. Deixou de ir para a batalha e ficou em seu palácio. Enquanto seus soldados estavam em campo de batalha, ele estava em sua casa. E por causa dessa atitude de Davi, ele se envolveu em um pecado cujas consequências caíram sobre ele por toda a sua vida. Pelo fato de não está ocupado batalhando por Deus e pelo Seu Reino, ele se engodou em suas ações, foi incapaz de resolver seus problemas e teve que colher amargos frutos. Veja bem nesse dia, Davi estava em seu palácio, passeando na varanda. E de lá, ele avistou uma mulher tomando banho, e desejou aquela mulher. E ordenou que a buscasse, e a trouxeram, e ele teve relações sexuais com ela. Depois, ele soube que aquela mulher era casada com um de seus soldados chamado Urias. E Urias estava lá no campo de batalha. E passaram-se alguns dias, aquela mulher enviou um bilhete para o rei Davi que dizia: ‘eu estou grávida’. Davi temeu por aquela notícia. Perceba a estratégia de Davi. Ele mandou chamar imediatamente Urias, e lhe disse: ‘Urias, como está o campo de batalha? Como vão as coisas lá?’. E Urias lhe todas as informações. E Davi lhe disse: ‘Então, tá bom! Eu vou lhe dá folgas. Você pode ir para sua casa, comer, beber e ficar com a sua esposa’. Urias olhou para Davi e disse: ‘Ó rei! A arca de Deus está em campo de batalha e o exército de Israel está enfrentando os seus inimigos. Como pode eu agora ir para minha casa para comer, beber e ficar com a minha mulher. Longe de mim que eu faça tal coisa!’. Urias serviu de lição para o rei Davi. Pois, ao contrário de Urias, ele resolveu ficar em sua casa em vez de batalhar. Assim como Davi e Israel tinham as suas guerras em favor de Deus, nós temos, também, as nossas guerras e nossas batalhas. Porém, o apóstolo Paulo disse que as nossas armas não são carnais, mas poderosas em Deus para destruir as fortalezas e todo pensamento que se levanta contra o conhecimento de Deus (2ª Co 10.3-5). Temos uma guerra para travar, mas essa guerra não é carnal, no entanto é uma guerra espiritual contra todas as potestades infernais e príncipes das trevas nesse mundo tenebroso (Ef 6.12). E muitos cristãos estão levando suas vidas sem tomar consciência disso, e de que ele foi posto para defender o evangelho de Cristo. 120
Esses inimigos se manifestam em seitas heréticas que levantam-se contra a palavra de Deus, filosofias ateístas que se erguem para negar as autoridades das Escrituras e religiões pagãs que surgem para negar a existência de um Deus Pessoal. E o que muitos cristãos estão fazendo? Cada um cuidando da sua própria vida sem se importar em resistir essas oposições ao evangelho e enfrentar esses inimigos que se erguem contra a palavra de Deus. Uma das coisas que levam o cristão a se acomodar e não querer entrar na batalha para defender o evangelho, a verdade de Deus, a doutrina de Cristo é quando ele perde a sua esperança pela volta de Jesus Cristo. Tal crente estar na igreja apenas como um meio para resolver seus problemas financeiros e pessoais, mas que na verdade ele não está interessado nas coisas de Deus. Nós fomos chamados para defender o evangelho (Fp 1.7,17,27), e para isso temos que tomar a Espada do Espírito que é a Palavra de Deus (Ef 6.17). Mas como você vai guerrear contra os inimigos, se você não saber nem sequer manusear o instrumento e a arma que você tem! Aprenda manusear a Palavra para rebater argumentos falsos contra Deus que querem denegrir a imagem de Cristo e pretendem refutar as Escrituras como um livro mentiroso. O cristão precisa estar com a sua espada afiada para guerrear as batalhas do Senhor. O texto de Mateus 16.18 onde Cristo diz: ‘Sobre essa pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’, é mal interpretado por muitos cristãos. Alguns leem e pensa que Satanás está batalhando contra o cristão, e ele, um coitadinho, está clamando o sangue de Jesus que o livre do inimigo. Mas não é essa a visão do texto. Veja que o texto diz que ‘as portas do inferno não prevalecerão’. Quando Cristo disse isso, ele se referia aos costumes da sua época em que as cidades eram cercadas por muralhas e havia portas. Quando havia uma batalha, e a cidade sabia que não iria prevalecer ou resistir a invasão, os moradores se trancavam na cidade e trancafiavam as portas das muralhas. E a nação que estava atacando aquela cidade se conseguisse quebrar as portas, ela invadia aquela cidade, vencia seus moradores e resgatava seus despojos. Cristo não compara a igreja com as portas fechadas, quem está com as portas fechadas é o inferno, e se o inferno está com as portas fechadas é porque a alguém está tentando a rebentar essas portas e resgatar os perdidos. E esse alguém que está tentando quebrar as portas do inferno é a igreja do Senhor. Saiba que Cristo afirma que as portas não irão prevalecer, podemos lutar porque essas portas irão ser arrebentadas, e quando elas são arrebentadas, a igreja arranca do inferno, da morte, do domínio das trevas, do império de Satanás, as almas dos perdidos para uma doce vida. 121
Não deixe de batalhar! Não deixe de ser uma testemunha valente de Deus! Não descaía sua força quando você vê alguém denegrindo a palavra de Deus, seja no seu trabalho, na sua escola, na sua casa, seja onde você estiver. Se alguém denegrir a palavra de Deus ou as doutrinas de Cristo, lembre-se que você é um defensor, um soldado e um guerreiro, então você tem que batalhar. Segundo, os cristãos silenciam a voz ‘Maranata!’ quando a igreja se torna um mimo da sociedade; é quando a sociedade coloca a igreja nos seus braços embalando-a como um bebê; é quando a sociedade não se incomoda mais com a voz, o grito e a mensagem da igreja; é quando a igreja não incomoda mais a sociedade; é quando o testemunho é apagado; é quando o sal se torna insípido; é quando entre a igreja e a sociedade mundana não há mais nenhuma diferença. Nesse caso a igreja perdeu a sua voz e a sua esperança. A voz há muito tempo cessou, a esperança acabou e nos acomodamos com a sociedade. A igreja primitiva sempre foi uma igreja perseguida, sempre teve que manter firme a tocha do Evangelho nem que custasse seu próprio sangue. Porém, chegou um tempo na História em que os imperadores de Roma, que perseguiam a igreja, resolveram cessar de perseguir a igreja e emitiram documentos proibindo a perseguição contra os cristãos e dandolhes liberdade de celebrar os seus cultos. Essa atitude do império romano fez muito mais mal a igreja do que quando ele perseguia os cristãos. Porque quando o império romano tornou a igreja a religião oficial do império, a igreja largou a espada do Espírito e pegou a espada dos homens para lutar junto com os imperadores nas guerras sangrentas contra as nações. A igreja deixou de usar a força do Espírito para pregar o evangelho e usou a força humana para forçar as pessoas aceitar o evangelho. Imperadores ímpios e bispos cristãos se assentavam no mesmo banco, participavam da mesma cerimônia e a esperança da igreja acabou. De modo que aqueles bispos achavam que o reino que eles estavam esperando, já chegou. Pois tinham plena liberdade e as nações estavam se submetendo ao poder de líderes religiosos. Eles perderam a esperança no Reino de Deus e fixaram-na no reino dos homens. Hoje, também, a sociedade pretende tornar a igreja parte deste mundo e que os cristãos têm que pregar a ‘tolerância’ e que a verdade não é absoluta, mas relativa. Isso significa que o que é verdade para a igreja não é verdade para sociedade. O cristão tem que praticar a sua religião dentro do templo e não fora para não incomodar a sociedade. Esse é o espírito mundano que Satanás pretende disseminar no meio do povo de Deus e muitos cristãos estão sendo influenciados por ele. Pois quando a igreja deixar de dizer: ‘Maranata!’ e começa a dizer: ‘O Brasil é do Senhor Jesus!’, ela perdeu o grito e a esperança. Porque o 122
Brasil não é do Senhor Jesus Cristo, o Senhor Jesus fundou apenas uma nação, e essa nação é a Igreja. Então, quando a igreja diz que o ‘Brasil é do Senhor Jesus Cristo’ e faz marcha para Jesus com objetivo de alcançar poder político e tentar convencer as massas para eleger à presidente da República um pastor evangélico pretendendo, também, colocar nas mãos da igreja os poderes executivo, judiciário e legislativo, ela deixou de fixa o Reino de Deus e colocou a sua esperança no reino do mundo. Deus nos livre do dia em que nesse país a gente tenha um presidente evangélico! Deus nos livre do dia em que os poderes executivo, legislativo e judiciário caiam nas mãos dos evangélicos! Porque iremos macular a nossa alma com esse negócio. Triste foi a história em que se exibiu nos noticiários um grupo de pastores agradecendo a Deus pela propina que eles receberam de políticos corruptos. Deus nos guarde! A igreja tem que manter-se pura, separada de toda imundícia da política mundana. Se nos envolver é porque o grito já foi abafado de nossa boca, perdemos a esperança do Reino e buscamos o reino terreno. O sistema da igreja não é democracia, em que manda são as opiniões das pessoas, o sistema da igreja é teocracia, onde quem manda é Deus. Quem estabelece as leis é Deus. Quebramos as leis contrárias as normas justas de Deus, mas não podemos quebrar as leis de Deus. A terceira razão que leva a voz ‘Maranata!’ se calar para buscar as coisas terrenas é quando o cristão deixa de manter a reserva do seu azeite. Manter uma reserva do azeite na vasilha significa que o cristão não perdeu a esperança da volta do noivo. Pois se o noivo tardar há reserva para continuar esperando. Mas o cristão que mantém apenas o azeite na lâmpada demonstra possuir apenas uma esperança circunstancial. E muitos desses cristãos abandonaram a fé porque sua esperança pifou. Deixaram apagar no seu coração o fogo do Espírito que se mantém queimando através do azeite. Pois uma vez que não há mais azeite o fogo se apaga significando que o cristão perdeu o fervor espiritual não tendo mais força para prosseguir. Suas forças se esgotaram! Quando o azeite acaba e o fogo do Espírito é extinguido, as pessoas começam inventar fogo estranho. Porém, o fogo estranho não é o modo correto de adorar e servir a Deus. Era missão do sacerdote manter o fogo aceso sobre o altar continuamente, ele não podia deixar o fogo se apagar, assim também, a missão da igreja é deixar o fogo do Espírito queimar de modo permanente. O fogo do Espírito não pode se apagar! As virgens que entraram nas bodas quando o noivo voltou foi exatamente aquelas cincos damas que mantiveram o fogo das lâmpadas aceso porque tinham azeite em reservas. Quando o sacerdote erguia o altar, o primeiro fogo do altar não era o sacerdote que acedia, ele colocava a lenha e o sacrifício sobre o altar, mas 123
quem acedia aquele primeiro fogo era o Senhor. O Senhor derramava fogo sobre o holocausto e acedia o fogo no altar, porém, a partir do momento que o fogo era aceso, o sacerdote não podia jamais deixar aquele fogo se apagar. O sacerdote tinha que estar removendo as cinzas e colocando sempre lenha seca para que o fogo continuasse queimando sobre o altar. E quando o sacerdote tinha que oferecer incenso dentro do santuário, ele não podia utilizar qualquer outro fogo. Ele tinha que ir lá no altar e pegar aquele fogo divino e levar para dentro do santuário e queimar o incenso. Porque se o sacerdote utilizar qualquer outro fogo, que não fosse aquele fogo que Deus acedeu no altar do holocausto, ele era consumido na presença do Senhor. Meus irmãos, o fogo que nós temos que deixar queimando em nossa alma até a vinda de Jesus Cristo é o fogo do Espírito Santo! Esse fogo não pode se apagar, pois enquanto ele estiver queimando a nossa esperança estará viva e o nosso grito ecoando nos quatro cantos do mundo. Como é que está o seu altar? Apenas cinzas, só fumegando, apenas fumaças e cadê o fogo? Você perdeu o vigor? Perdeu a energia? Está desanimado? Triste? Eu quero dizer que o Espírito Santo ainda tem fogo para derramar sobre a Sua igreja. Não saia dessa noite sem reservar em sua vasilha o azeite do Espírito Santo, porque a meia-noite podemos ouvir o grito: ‘Aí vem o esposo, sairlhe ao encontro’. Se nós não estivermos prontos com as nossas lâmpadas acesas e queimando, poderemos ficar de fora daquele grande Dia. E por último o que leva a voz se silenciar, o clamor se tornar algo esquecido e a esperança morrer é quando os líderes da igreja tornam-se mercenários avarentos; é quando a igreja deixa de ser igreja para esses líderes e torna-se empresa com a finalidade de enriquecer seus bolsos e aumentar seus patrimônios; é quando pastores corruptos usam a igreja como lavandaria de dinheiros corruptos. Conta a história que um certo dia um homem chamado Tomás de Aquino (1225-1274), um teólogo da Idade Média, foi visitar o papa Inocêncio IV (1243-1254) em sua suntuosa Catedral, ao se aproximar da sua mesa onde havia muito dinheiro espalhado, o papa lhe disse: ‘Veja, Tomas de Aquino! Já não precisamos mais dizer como Pedro disse ao paralítico: Não tenho ouro e nem prata, pois agora, nós temos prata e temos ouro’. Tomás de Aquino lhe respondeu: ‘É verdade! Mas em compensação, nós também, não podemos mais dizer ao paralítico: Em nome de Jesus Cristo levanta e anda’. O poder da igreja tornou-se o poder monetário, e o poder do nome de Jesus extinguiu-se. Aquela igreja da Idade Média perdeu a esperança da volta de Jesus e estabeleceu a sua esperança nas riquezas deste mundo. Por que tantos pastores estão tão gananciosos para abrir igrejas? Será que é com objetivo de preparar um povo zeloso e de boa obra que esteja esperando a vinda de Jesus Cristo? Será que é com objetivo de ensinar a sã e 124
pura doutrina da palavra de Deus? Não! Muitos estão apenas com objetivo de abrir uma igreja como um negócio para si. Um pastor chamado Carlos Magno conta uma história em que ele estava na igreja e o seu pastor presidente estava muito perturbado porque as ofertas não estavam rendendo o valor monetário que ele desejava. Ele disse que havia naquela igreja uma grande pedra há algum tempo, então, o pastor presidente ordenou que os obreiros colocassem aquela pedra encima do púlpito. Diz que o pastor presidente derramou azeite sobre aquela pedra e oraram sobre ela, e disse: ‘Essa pedra está ungida e quem tocar nessa pedra terá todos os seus problemas resolvidos. Basta tocar na pedra ungida e consagrada! Porém, você não pode tocar na pedra sem o seu sacrifício, porque a sua fé é demonstrada através do seu sacrifício, pois fé sem sacrifico é morta. Então, antes de tocar na pedra, coloque na salva o seu envelope de oferta’. Diz o pastor Carlos Magno que muitas pessoas correram para tocar nessa pedra e deixaram nas salvas os seus envelopes. Depois quando terminou o culto, o pastor Carlos Magno entrou na tesouraria para conversar com o pastor presidente. A mesa estava lotada de dinheiro, e o pastor presidente tirava o dinheiro do envelope rindo, pegava os pedidos de oração e jogava no cesto do lixo. Ao ver aquela cena, o pastor presidente lhe disse: ‘Veja só pastor como esse povo é abestado, a gente engana-o com qualquer coisa’. Esse tipo de pastor deixou há muito tempo o grito ‘Maranata’ morrer dentro do seu coração e a sua esperança está fixa na avareza e no dinheiro e não em Cristo. Irmãos, não podemos jamais deixar que coisa nenhuma desta vida abafe o grito de esperança da igreja. A vinda de Jesus Cristo é a nossa única esperança. Porque é exatamente nesse Dia que daremos o grito da vitória, dizendo: ‘Onde está, ó morte, a tua vitória’, e, então, o nosso corpo mortal se revestirá de imortalidade (1ª Co 15.53-55) e o que é mortal será absolvido pela vida (2ª Co 5.4). Porque é exatamente nesse Dia que o céu há de se enrolar como um pergaminho, as estrelas cairão como figos caem da figueira, e que os homens ímpios e cruéis correrão para as cavernas e as rochas tentando se esconderem dizendo: ‘caíam sobre nós, e escondei-nos da ira do Cordeiro que vem sobre nós’, enquanto que a igreja cantará e jubilará porque esse Dia é o Dia da nossa redenção. Maranata, ora vem Senhor Jesus!
125
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 23 de Fevereiro de 2014 Sobre Moisés, Sua Liderança e Seus Auxiliares
Nesta manhã quero palestrar sobre liderança cristã. Nas Escrituras há muitos líderes cuja vida serve de exemplo para todos nós, porém, iremos tomar a figura do grande legislador e libertador, Moisés, como exemplo de liderança. Como deve ser um líder cristão? Primeiro, um líder cristão deve ser um despenseiro e não um dono da obra. Leiamos 1ª Coríntios 4.1: ‘Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus’. E Tito 1.7: ‘Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância’. O que é um despenseiro? É sinônimo de mordomo. O que é um mordomo? Alguém que estar responsável pela administração dos bens do outro. O outro é o dono dos bens, o mordomo não é o dono, mas o responsável pelos bens do dono. E como o mordomo é responsável pelos bens de outro, ele deve ser fiel, pois não está lidando com as suas próprias coisas, mas de outrem. E além de ser fiel, ele há de prestar contas ao dono dos bens. Podemos citar como exemplo de mordomo, José. Ele foi administrador dos bens de Potifar (Gn 39.1-6), do carcereiro quando esteve preso no cárcere (Gn 39.20-23) e de Faraó quando esteve no governo (Gn 41.39-41). José é um grande exemplo de um mordomo (administrador) e um excelente líder. O mordomo é um líder, pois, apesar dele está debaixo da autoridade do seu dono, abaixo da autoridade dele há vários servos, aquém ele vai delegar tarefas para poder desempenhar bem a sua administração. Na casa de Deus, fomos chamados para sermos líderes ou auxiliares de líderes, além do mais cada um de nós somos líderes em nossa própria casa. Pois a Escritura diz que aquele que não governa bem a sua própria casa não pode cuidar da casa de Deus (1ª Tm 3.4,5). Ora, se alguém não cuida bem do que é seu, como irá cuidar bem do que é dos outros? Para que um líder seja um bom despenseiro precisa reconhecer que não é uma pessoa infalível. Ele pode cometer falhas durante a sua administração. Segundo o Pr. Antonio Gilberto: ‘Podemos ser laboriosos e dedicados na obra do Senhor como foi Moisés e ainda assim cometer falhas em nossa administração’ (Lição 08, 1ºTrim/2014). 126
Por isso que para um despenseiro evitar cometer grandes falhas na sua administração precisa reconhecer que é falível, passível de cometer erros. Ele reconhecendo isso, terá que contar com a ajuda de outras pessoas. Quando um líder se acha infalível não consulta a opinião de ninguém. Ele acha que a única opinião que tem valor é a sua opinião e que ela deve prevalecer sobre as demais. Porque se a sua opinião for desqualificada pela opinião de outra pessoa, ele vai pensar que não está sendo um bom líder. Pois para ele um bom líder é aquele cujas opiniões e decisões são infalíveis e que as pessoas devem se submeter sem fazer nenhum questionamento. Quer dizer, ele não aceita questionamento. Essa atitude é diferente da de Moisés. Muito embora ele fosse um homem inigualável e semelhante a ele não houve outro, uma pessoa que falava com Deus face a face e tinha visões e revelações tão nítidas que nenhum outro profeta teve a capacidade de ter, contudo, Moisés se submeteu aos conselhos de Jetro que não fazia parte do povo da aliança, e possivelmente Jetro não conhecia a Javé. Ele era um sacerdote, mas não sacerdote do Deus Altíssimo, mas dos deuses de Midiã. Ao se encontrar com Moisés, quando este retornava da libertação do Egito, Jetro se converteu ao Deus de Moisés, ao dizer: ‘Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses’ (Êx 18.11). Mas nem por isso Moisés deixou de acatar os conselhos de Jetro. Ele poderia ter pensando: ‘O meu sogro é um pagão, se converteu agora, e quer me ensinar! Não pode, ele não está qualificado para isso’. Quando um líder se acha infalível não delega responsabilidade para ninguém, porque ele acha que ninguém vai fazer igual a ele ou melhor do que ele; quer dizer, ele não reparte as suas responsabilidades com outras pessoas, porque para ele ninguém vai desempenhar bem suas tarefas. É por isso que muitos líderes ficam frustrados em seus projetos, pois querendo que tal projeto seja executado, repassam com outras pessoas, e as pessoas acabam, digamos assim, não comprando aquele projeto, e tal projeto não é realizado de uma maneira eficiente conforme idealizado pelo líder. E assim muitos líderes temendo correr esse risco, acabam realizando todas as tarefas, porém, isso não é certo, pois muito embora as pessoas não cumpram sua parte no projeto conforme o líder gostaria que fosse cumprido, mesmo assim, ele tem que confiar e acreditar que essas pessoas podem, futuramente, se desenvolverem aprendendo e se capacitando e se qualificando até ficarem prontas para atingir as metas do líder. O líder não pode deixar de delegar responsabilidades às pessoas, temendo que não cumpram com eficiência as suas tarefas. Mas é claro que para que um líder possa delegar responsabilidades a outros, precisa treinar o seu pessoal. Ele não pode exigir que uma pessoa desempenhe algo sem antes treina-la na obra que lhe será outorgada. 127
Jesus Cristo tinha uma grande missão na sua frente, que era fundar a sua Igreja, mas ele sabia que o tempo que ficaria na terra não seria suficiente para deixar a sua igreja pronta para enfrentar toda a perseguição e oposição do império romano, então, durante três anos e meio dedicou tempo para treinar doze homens, e a esses doze homens, ele confiou a tarefa de edificar a sua Igreja. Então, o exemplo de Jesus Cristo fica para qualquer líder que pretende desempenhar uma grande obra. Assim como Jesus, ele tem que ter a consciência de que precisa delegar autoridade e responsabilidade a outras pessoas, mas sabendo que precisa treinar essas pessoas para que elas possam estar, então, idôneas e capacitadas para arcar com as responsabilidades. Para que um líder seja um bom despenseiro precisa aceitar que não possui o monopólio do poder administrativo. O poder é sedutor. Alguém já disse: ‘Se você quer conhecer o que está no coração de um homem, dê a ele poder’. De fato, quando o poder sobe para cabeça, aí não tem ninguém que segure esse líder. Leiamos 1ª Pedro 5.2,3: ‘Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho’. E Efésios 4.11,12: ‘E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo’. Um líder não é dono da obra de Deus, ele é servo do Senhor. Note bem essas palavras: ‘ele mesmo deu uns’. Cristo dá líderes para a igreja, e não a igreja para líderes. A igreja não é do líder, é o líder que é da igreja. O ministro é para a obra de Deus, e não a obra de Deus para o ministro. O ministro não tem domínio sobre o rebanho, o governo que ele exerce na igreja não é igual ao que os governadores exerciam sobre o povo. Os imperadores dominavam sobre o povo como donos, como alguém que não deveria ser questionado, cujas palavras são lei que deveria ser obedecida. Não! Um líder cristão, em primeiro lugar, é um servo da casa de Deus. Leiamos Número 12.7: ‘Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa’. Moisés era um servo, quer dizer, um mordomo na casa de Deus (Hb 3.5). Irmãos, líder é um dom, é claro que tem o momento da chamada, até lá ele precisa ser lapidado e forjado, mas ele já nasce com aquela vocação. Devemos diferenciar entre a chamada e a vocação. A vocação é aptidão que nasce no coração, o desejo, os dons naturais que vão se inclinando para determinada função. Porém, alguns que se promovem líder têm a noção de que para ser um líder tem que ser uma pessoa cuja presença cause temor nas pessoas. 128
Para esse líder que pensa possuir o monopólio do poder tem que atemorizar as pessoas. Um líder que tem o monopólio do poder administrativo pode ser abusivo em sua autoridade. Abuso de autoridade é quando um líder não respeita ninguém e ofende a dignidade das pessoas. Ele exige coisas difícil de serem obedecidas, aplica disciplina rigorosa e não cumpre os atributos do seu cargo (Mt 24.48-51; 1ª Tm 5.1,2). Por exemplo, é como um policial que tem autoridade para prender os marginais, mas acaba prendendo, também, os cidadãos. A pessoa não pode nem sequer olhar para ele, que ele já vai afrontando e enfrentando, querendo prender o cidadão sem nenhuma acusação ou prova, ele já quer manifestar o seu poder. O pastor ou líder de departamento ou grupo não pode impor sobre as pessoas a sua vontade, ele tem que ter o poder da persuasão, o poder da conversão, e convencer as pessoas através do seu discurso, e não através da sua força. Por exemplo, um líder não pode penalizar todo o departamento por causa de dois ou três membros. Ele não pode dizer: ‘Irmãos, aquela viagem que estava marcado para tal dia, não acontecerá porque o fulano e o sicrano quebraram as regras’. Isso é abuso de poder. E os demais não conta? Ele tem que simplesmente proibir aqueles três de viajar. O líder abusivo pensa que pode fazer o que quiser, e ninguém deve questionar, porque senão é disciplinado. Leiamos um texto bíblico onde Cristo retrata as ações de alguns líderes nos últimos dias. Está em Mateus 24.48-51: ‘Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios, virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes’. Esse é o retrato de um líder abusivo em sua autoridade. É uma pessoa que pensa que o dono da obra não mais voltará, então se o dono não vai mais voltar, ele abandonou a sua obra, e a obra agora é dele. E se a obra é dele, ele fará do jeito que ele pensa que deve ser feita. Aquela cartilha que o Senhor lhe entregou com as instruções de como deve ser feita a obra, ele jogará na lata do lixo, e seguirá seus próprios ditames. E como ele irá administrar a obra? Comendo, bebendo e espancando aquém se opõe a ele. O que estava sob a sua reponsabilidade em vez de distribuir com os demais, ele comerá sozinho. E não é isso que acontece em muitas igrejas!? Pastores que são uns verdadeiros fanfarrões e gulosos estão administrando mal os bens de Deus, pensando que lhes pertencem, e gastando com seus próprios deleites. 129
Leiamos também de 1ª Timóteo 5.1,2 que mostrará como deve ser a autoridade de um líder cristão. ‘Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais; aos moços como a irmãos; As mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs, em toda a pureza’ (1ª Tm 5.1,2). O líder cristão não deve ser áspero no trato com as pessoas, mas cortês como se tivesse agindo com seus familiares. Por que um pastor deve tratar os membros de sua congregação com muita educação? Porque aquelas pessoas não são as suas ovelhas, mas as ovelhas do Senhor. O líder que não se importa com as pessoas, mas dizem: ‘Se sair dez, Jesus manda cem’ ou ‘se alguém está incomodado, as portas estão abertas, pode sair’, não é um líder do Senhor. Como um bom líder, ele deve congregar as pessoas, ir atrás e se preocupar com as pessoas. Ele tem até que saber lidar com os contradizentes. É claro que devemos ressaltar que o líder precisa ter um pulso forte em determinadas ocasiões. Por exemplo, uma pessoa que se apostata da fé é necessário que seja excluída da membresia; um adúltero contumaz ou um espancador contumaz devem ser expulsos da congregação. Contudo, ele não toma essa decisão sozinho, mas junto com o ministério e a congregação (1ª Co 5.3-6). Para que um líder seja um bom despenseiro precisa se submeter a outras lideranças superiores. Veja o exemplo Diótrefes (3ª Jo 9,10). Este Diótrefes talvez fosse um líder em uma das congregações da Ásia Menor, cujo bispo nessa época era o apóstolo João, ele abusava de sua autoridade e não se submetia a autoridade de João. Leiamos 3ª João 9,10: ‘Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja’. Os apóstolos enviavam os evangelistas itinerantes, podemos chamálos de delegados apostólicos, a fim de fazer visitas às igrejas para, por assim dizer, fiscalizar a obra e se o dirigente local estava pregando conforme a sã doutrina e aplicando os princípios morais conforme a palavra de Deus. Então, o apóstolo João enviou delegados à igreja dirigida por Diótrefes, e Diótrefes não recebeu esses homens na igreja e proibia os crentes de recebê-los em suas casas. E as cartas que João enviava, Diótrefes não as lia para a igreja. Quer dizer, ele era um líder insubordinado. Não se submetida a liderança maior que estava posta sobre ele. João diz que talvez iria ter com ele para corrigi-lo, se João foi ninguém sabe. Esse líder não estava agindo corretamente; ele não podia arbitrariamente expulsar as pessoas da igreja e nem se intrometer na vida 130
pessoal delas. Ele deveria, deveras, aconselhar as pessoas baseada na palavra de Deus e exorta-las a obedecer aos princípios bíblicos. De que modo um pastor deve aplicar disciplina nos membros que confessam suas transgressões? O pastor tem que reunir o corpo de ministros, e expor diante deles a transgressão daquele membro, então os ministros concordam que seja aplicada a disciplina. O pastor leva o caso perante a igreja dizendo: ‘Irmãos, em reunião com os ministros foi decidido que o membro fulano de tal cometeu um ato passível de disciplina, a igreja concorda que tal membro seja disciplinado’. Porém, quando um membro transgrede e não confessa, se algum outro membro soube de tal transgressão, ele deve levar o caso ao pastor. O pastor, então, procura averiguar a situação, se for verdade, o caso é exposto diante dos ministros e levado perante a igreja. Segundo, um líder cristão deve ser um supervisor da obra de Deus. Para que um líder seja um bom supervisor precisa perceber as necessidades dos seus liderados. Por isso que para que um líder seja um bom supervisor precisa contar com a visão (percepção) de homens fiéis. Moisés falava com Deus face a face e recebia revelação de Deus nitidamente mesmo assim ele precisou do conselho de Jetro. Não é porque o pastor foi colocado por Deus na igreja e possui o Espírito Santo tem que receber revelação de tudo que acontece na igreja. Uma das missões de um pastor é ser um supervisor da congregação. E o que é ser um supervisor? É uma pessoa que tem que ter uma super+visão; conhecer as necessidades, as falhas, os problemas e etc. Agora, ele como homem não tem a capacidade de fazer isso sozinho. Ele vai precisar de ajuda, de pessoas que estão de fora e que chegue para ele e diga alguma coisa. Às vezes, o pastor quer tomar uma decisão e está em dificuldade e ao ouvir a opinião de um, de outro, acatando o conselho dum, ele vai clareando a sua mente e toma a decisão correta. Portanto, para o pastor ter realmente uma visão nítida do que está acontecendo na igreja e tomar decisões certas, ele precisa contar com a visão de homens fiéis. Agora, homens que sejam realmente fiéis à obra de Deus, e não críticos e queixosos, mas chegar junto ao pastor e expor os problemas, as causas, a situação e suas opiniões. E não ficar emburrado, sem querer subir no púlpito e nem participar de nada. Às vezes o pastor está preocupado com outras coisas para resolver, e o obreiro emburrado com coisas efêmeras. Terceiro, um líder cristão deve ser uma pessoa eficiente (competente). Para que um líder seja uma pessoa eficiente precisa reconhecer que não pode fazer tudo sozinho, ele necessita de ajudantes. Para que um líder seja uma pessoa eficiente precisa preparar líderes auxiliares para lhe ajudar (Êx 18.20-22). 131
Agora vamos falar um pouco sobre como deve ser os auxiliares de um líder cristão. Primeiro, os auxiliares devem ser pessoas de experiências espirituais, porém, não insubordinados. Miriã era uma profetisa e uma auxiliadora de Moisés, sem falar que era sua irmã. Pode-se dizer que ela auxiliava na liderança de Moisés e de Arão. Era uma mulher espiritual e cantora. Mas essa mulher, em Número 12, caiu na insubordinação, quis se rebelar contra a autoridade de Moisés, questionando sua posição. Por causa disso, ela sofreu um castigo, ficando leprosa. Os auxiliares de um líder devem ser pessoas espirituais que tenham experiências com Deus. Mas pelo fato dessas pessoas terem experiências com Deus não devem pensar que não precisam ser subordinadas ao pastor da congregação. Segundo, os auxiliares devem ser pessoas que sirvam de porta-vozes do líder e capazes de liderarem subgrupos. Por exemplo, Arão, irmão de Moisés, era seu porta-voz e líder dos sacerdotes (Êx 4.14-16; 7.1,2). Quem são os auxiliares de um pastor? Os presbíteros auxiliam o pastor, os diáconos auxiliam os presbíteros e os auxiliares, como o nome já diz, auxiliam os diáconos. E todos esses que estão debaixo da autoridade do pastor tem que ser seus porta-vozes. Quer dizer, eles não devem falar coisas que contradigam o ensino do pastor na congregação. Se o pastor interpreta um ensinamento das Escrituras, e se algum obreiro não concorda com a interpretação do pastor, no mínimo ele deve ficar calado. Agora, se a interpretação do pastor fere a doutrina das Escrituras, aí é outra coisa, mas se é uma questão de interpretação doutrinária adotada pela denominação, o obreiro deve respeitar. Principalmente, aqueles que atuam como presbíteros ao lado do pastor. Muito embora os obreiros devam ser porta-vozes do pastor, há coisas que apenas o pastor tem a autoridade de falar, e é por isso que os obreiros devem apoiar. O que o pastor determinar na congregação visando o bem da obra, os auxiliares não pode ser contra. Os auxiliares devem ser pessoas experientes e capazes de desempenharem várias atividades, principalmente liderar outros grupos. Os obreiros devem ser pessoas capacitadas, idôneas e preparadas para desempenharem as tarefas que lhes forem entreguem. Os auxiliares devem ser pessoas sábias e capazes de aconselharem o líder em decisões difíceis. Os auxiliares devem ser pessoas competentes, energéticas, obedientes, fiéis e idôneas para substituir o líder em sua ausência.
132
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 02 de Março de 2014 Sobre o Tabernáculo de Moisés Israel chegou no Sinai após três meses de peregrinação; Moisés subiu no monte e recebeu instrução quanto a santificação do povo e o limite que deveriam manter em relação ao monte Sinai. Então, Moisés desce do monte instrui ao povo quanto a essas coisas (Êx 19.1-25). O Senhor fala do monte os Dez Mandamentos e todo povo ouve a Sua voz (Êx 20.1-17). Quando o povo ouviu os trovões, os relâmpagos, o sonido da trombeta e o monte fumegando teve medo e pediu a Moisés que fosse o mediador entre eles e Deus (Êx 20.18-20). Então, Moisés sobe no Monte novamente e o Senhor lhe pronuncia os estatutos [‘leis civis’] (Êx 20.2123.33). Depois Moisés desce do monte escreve todos esses estatutos no Livro da Aliança, ergue um altar de pedras no pé do monte, oferece holocaustos e ler o Livro da Aliança diante do povo. O povo se compromete obedecer. Moisés pega uma parte do sangue dos sacrifícios e asperge sobre o povo e diz: ‘Este é o sangue da aliança que o Senhor fez convosco’ (Êx 24.3-8). Então, Moisés sobe novamente no Monte com Arão, Nabade e Abiú e 70 anciãos, conforme a ordem do Senhor, e participam de uma refeição sagrada como símbolo da aliança e comunhão (Êx 24.1,2,9-11). Eles descem do Monte, então Moisés sobe novamente no Monte acompanhado de Josué para receber as Duas Tábuas de Pedra da Aliança. E, Ali permaneceu 40 dias e 40 noites. Josué fica em uma certa distância, e Arão e Hur ficam na liderança do povo no acampamento (Êx 24.12-18). Durante esse tempo o Senhor escreve os Dez Mandamentos e instrui a Moisés quanto a construção do Tabernáculo, a escolha da linhagem dos Sumos Sacerdotes e as Roupas Sacerdotais (Êx 25-31). Ao descer do Monte com as Duas Tábuas, Moisés se depara com o povo adorando o bezerro de ouro, quebra as tábuas da aliança e puni os transgressores (Êx 32 e 33). Moisés sobe novamente no Monte Sinai com duas tábuas de pedra para que o Senhor reescreva os dez mandamentos. Permanece ali mais uma vez 40 dias e 40 noites. Ao descer do Monte, o rosto de Moisés resplandecia por isso ele cobria com véu quanto estava diante do povo (Êx 34). Inicia-se a construção do Tabernáculo por Bezalel e Aoliabe, conforme a indicação do Senhor, e na supervisão de Moisés (Êx 35-39). No dia primeiro de abibe (abril) de 1445 A.C o Tabernáculo é erguido por Moisés [após um ano da saída do Egito] (Êx 40). Após o erguimento do Tabernáculo, o Senhor dá a Moisés toda instrução acerca do culto levítico e suas cerimônias (Livro de Levítico). No dia 14, eles celebram a segunda páscoa (Nm 9). No segundo mês (mês de Zive), Moisés 133
faz um censo militar dos homens de Israel e estabelece os serviços dos levitas (Nm 1-8). E, no dia 20 do segundo mês de 1445 A.C, Israel parte do Sinai (Nm 10), depois de quase um ano de permanência ali. Moisés fez tudo segundo a ordenança divina. O Tabernáculo, podese dizer, era o palácio do Rei, e o Lugar Santíssimo era a sala do trono representado pela Arca da Aliança com Sua Tampa [Propiciatório] separado do Lugar Santo por um véu. No Lugar Santo ficava a mesa do pão da proposição, o castiçal de seis braços, e o altar de incenso. O Tabernáculo era feito de paredes de tábuas cobertas de cortinas coloridas e uma porta de cortina. E no pátio, cercado por cortinas e colunas, além do Tabernáculo, o principal objeto era o grande altar de bronze ou altar do holocausto e entre o tabernáculo e o altar de bronze ficava a pia’ – Teologia do Antigo Testamento, pág. 63. O Tabernáculo de Moisés era apenas uma cópia (Hb 8.5), a Igreja é um Santuário Espiritual (Ef 2.20-22; Hb 10.19-22), mas o verdadeiro Tabernáculo original é o Tabernáculo Celestial que é o Terceiro Céu onde está o Trono de Deus (Hb 8.1,2; 9.11,12,24). Simbolismo dos Objetos do Tabernáculo: ‘Única porta do pátio’ – prefigura Jesus Cristo que disse: “Eu sou a porta” e “Eu sou o caminho” de acesso a Deus. ‘O Altar do holocausto tipificava Cristo, o nosso sacrifício perfeito que morreu na cruz em nosso lugar’ para o perdão de nossos pecados e a justificação diante de Deus pela fé em Cristo. A pia de bronze aponta para a regeneração efetuada pelo Espírito e pela água (palavra) mediante o batismo, onde, simbolicamente ‘somos lavados e purificados pelo precioso sangue [do Cordeiro], Cristo’. Então a Pia simboliza o batismo cristão. Pelo fato dela ser de bronze, quer dizer, quase cor de sangue, é como espiritualmente a pessoa tivesse mergulhado no sangue de Cristo. Pode- dizer que fomos lavados no sangue quando somos lavados nas águas do batismo. Após a Pia, temos a entrada para o Santo lugar e nos deparamos com o castiçal de ouro, que fala da iluminação espiritual operada pelo Espírito Santo (azeite) na mente [no espírito] mediante a Palavra de Deus (lâmpadas = Cristo) produzindo no crente [na Igreja] uma vida de constante vigilância (fogo aceso) e fruto do Espírito (romãs e flores).
134
Ao lado do castiçal temos a mesa com os pães da proposição e uma taça de vinho para a libação referindo-se a refeição da comunhão na ceia do Senhor quando o crente participa do corpo e do sangue do Salvador. O sacerdote era os únicos que podia comer destes pães sagrados. Na nova aliança, todos os crentes são sacerdotes do Senhor Jesus. Entre a Mesa e o Castiçal, temos o Altar do Incenso, onde o sacerdote queimava incenso. Este altar representa uma vida de constante oração no poder e gemido do Espírito por intermédio do Nome de Jesus, nosso intercessor diante do trono da graça. A nossa oração é recebida porque ela sobe através de um incenso que é a oração de Cristo diante do trono da graça, diariamente, pelos seus santos. Em frente ao altar do incenso temos o véu que dá acesso ao Santo dos santos que prefigura a presença viva e poderosa do Senhor na vida do crente santificado pelo sangue de Cristo no propiciatório e pelas práticas morais da Lei de Deus guardada no interior da Arca da Aliança e inscrita no coração do crente. Isso é possível mediante o rasgar do véu pela carne de Cristo sacrificada na cruz que dá ao crente livre acesso ao Santo dos santos, que é presença de Deus, simboliza pelos dois querubins de ouro. A presença de Deus se manifestava, em forma de nuvem, a shekiná, encima da tampa da arca, entre os querubins que ficavam nas extremidades da tampa que representa no trono de Deus. Os cristãos entram no Santo dos santos espiritualmente, porém, quando tornarem-se sacerdotes de Cristo com corpos glorificados, então, de fato e de verdade, entrarão no Santo dos santos onde servirão a Deus, dia e noite, no seu Tabernáculo Celestial. Leiamos Apocalipse 7.14-17: ‘E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima’. Esse é o verdadeiro tabernáculo de Deus, e o de Moisés era apenas uma cópia. Leiamos Hebreus 8.5: ‘Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou’. A igreja representa espiritualmente o santuário celestial. Leiamos Efésios 2.20-22: ‘Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual 135
também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito’. É como se fosse a expressão do santuário celestial. O santuário celestial é visto por João em Apocalipse 4. É citado em Hebreus 8.1,2: ‘Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem’. Deus habita no seu santuário celestial, onde Cristo, à sua destra, ministra como sumo sacerdote. E Deus, também habita, por intermédio do Seu Espírito, no seu santuário espiritual que é a Igreja. Leiamos Atos 7.48: ‘...o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens...’. E Atos 17.24: ‘O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens’. Quando Cristo bradou na cruz: ‘Está consumado’ e o véu do templo se rasgou, ele anulou tanto o tabernáculo como o templo de Salomão, de Esdras e de Herodes como lugar da habitação de Deus. Deus não habita mais em templos feitos por mãos humanas. De modo que este lugar em que estamos não é o templo do Senhor, não é o santuário de Deus, não é a Igreja de Deus. Aqui é apenas um lugar de reunião. Os crentes reunidos são santuário de Deus, quando a reunião acaba, o santuário é desmontado e local fica vazio. Quando a reunião é em uma campanha ao ar livre, ali está o santuário de Deus. Quer dizer, podemos estar reunidos debaixo de um edifício construído de ouro ou debaixo de uma árvore ali é o santuário de Deus. Quando chamados esse nosso edifício de templo ou de tabernáculo ou de igreja estamos apenas usando uma figura de linguagem chamada de metonímia. Mas na verdade esse edifício não é um templo, apenas um lugar de reunião. O templo de fato é o povo de Deus reunido, onde o Espírito de Deus habita. Vamos estudar um pouco sobre os materiais que o povo de Israel ofertou para a construção do tabernáculo. Uma vez que na nova aliança o santuário é espiritual, então os materiais desse novo edifício se constituem em serviços cristãos. Leiamos 1ª Coríntios 3.9-17: ‘Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que 136
alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo’. E 1ª Pedro 2.5: ‘Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo’. A vida do cristão, o seu tempo e seus recursos, enfim tudo que envolve as áreas da sua vida, pertence a Deus. Devem ser consagrados a Deus como esses objetos que foram usados na edificação do santuário. É claro que nós, como templo de Deus construído com pedras vivas, isto é como pessoas devotadas a Deus, devemos construir com nossos recursos, que pertencem a Deus, um lugar que podemos nos reunir de modo confortável. E este lugar, consagramos a Deus como um lugar em que nos reuniremos para prestar louvor e adoração a Deus. Portanto, deve haver neste lugar respeito e reverência tanto quanto em nossas casas que também são consagradas a Deus. Por isso os objetos que pertencem a esse lugar de reunião para adoração devem ser reservados para uso litúrgicos. Porém, o verdadeiro material que tem valor para Deus são nossas obras que fazemos de todo nosso coração. Por exemplo, quando damos oferta essa oferta só terá valor espiritual se fizermos com um coração devotado a Deus. Caso contrário, o valor é apenas para a instituição que fundamos, para essas questões humanas que necessitamos, mas para Deus somente terá valor se houver devoção e espírito voluntário sem murmuração. Isso não vale apenas para ofertas, mas também para pregação, canção, educação e ação. Tudo que fazemos para Deus só terá algum valor comparado a pedras preciosas se for feito de todo coração. Se for feito para agradar as pessoas ou para promoção pessoal são apenas obras de madeira, feno e palha. Porém, no Dia do Juízo serão consumidos. Vamos citar os materiais que foram utilizados no tabernáculo. Madeira de Acácia (cetim). Acácia era uma árvore muito comum na região do Sinai. Com essa madeira foi construído a arca e suas varas, a mesa e suas varas, o altar de incenso e suas varas, as tábuas do tabernáculo e suas travessas, as colunas, o altar do holocausto e suas varas. No tabernáculo não havia tijolos, cimentos e ferros porque era uma construção móvel ou portátil para ser montado e desmontado conforme os israelitas peregrinavam no deserto.
137
Outro material, o ouro. A arca da aliança e as suas varas eram revestido de ouro puro; a tampa da arca, chamada de propiciatório juntamente com os dois querubins eram feitos de uma só peça de ouro puro, pesava 300 quilos; a mesa e suas varas eram revestidos de ouro puro; seus pratos, copos, jarras e taças eram de ouro; o castiçal era de ouro puro e as tesouras também; o altar de incenso e suas varas eram revestidos de ouro; as argolas da arca, da mesa e do altar de incenso eram de ouro; as colunas do tabernáculo eram revestidas de ouro; os ganchos que ficava nas colunas para pendurar o véu, era de ouro; as tábuas com suas travessas e as argolas eram revestidos de ouro. Todo ouro empregado na obra do santuário pesava mil quilos (uma tonelada).
138
De onde provinha tanto ouro uma vez que os israelitas eram escravos na terra do Egito? Quando Israel saiu do Egito saqueou dos egípcios ouro e outros objetos de valores (Êx 3.22; Êx 12.35,36). Além do mais, quando Israel lutou com os amalequitas adquiram muito ouro. Pois os amalequitas e outros povos usavam muitos enfeites de ouro, como argolas, brincos, colares, braceletes, etc. e levavam essas coisas para guerra. Quem vencia despojava seus inimigos. A prata foi outro material usado na construção do tabernáculo. As bases para fixar as tábuas do tabernáculo eram de prata; as bases para fixar as colunas do tabernáculo eram de prata (100 bases ao todo pesando cada 34k); os ganchos e as vergas do pátio eram de prata. O imposto pago ao tabernáculo era de 6g de prata. Esse imposto provinha do resgate que todo israelita pagava para o templo quando havia censo, depois tornou-se anual. Quando não era cobrado na época do censo, havia praga sobre Israel como aconteceu na época que Davi fez o censo do povo (2ª Sm 24.1-13). Toda prata empregada na obra do tabernáculo pesava 3.530 quilos (mais de três toneladas).
O bronze. O altar do holocausto e suas varas eram revestido de bronze; as vasilhas para colocar as cinzas, pás, bacias, garfos, braseiro, a grelha e as argolas eram de bronze; as colunas do pátio com suas bases e estacas eram de bronze; a pia e seu pedestal eram de bronze, esse bronze era muito polido, pois era utilizado como espelhos pelas mulheres (Êx 38.8), por isso a pia refletia o rosto do sacerdote e letiva que a usava; e as estacas 139
do tabernáculo. Todo bronze empregado na obra do tabernáculo pesava 2.425 quilos (mais de duas toneladas).
Fios de Tecidos: Nas Cores Azul, Carmesim (vermelho) e Púrpura e Linho Fino (na cor branca) – Êx 35.25. As cortinas do interior do tabernáculo eram feitas de linho fino com fios de lã azul, púrpura e carmesim (vermelha) e bordadas com figuras de querubins. Os laços das cortinas eram feitos de tecido azul. O véu era de linho fino com fios de lã azul, púrpura e carmesim (vermelha) e bordado com figuras de querubins. A cortina da porta do tabernáculo e da porta do pátio eram de linho fino com fios de lã azul, púrpura e carmesim (vermelha). As cortinas do pátio eram de linho finos.
140
Pêlo de Cabra, Peles de Carneiro Tingido de Vermelho e Peles de Texugo [animais marinhos] (couro). Para fazer as cobertas do tabernáculo (Êx 35.26). Eram quatro cobertas: 1ª coberta: De Linho fino entrelaçado com ouro e feita com fios de lã azul, púrpura e carmesim e bordada com figuras de querubins; essa cortina era menor no comprimento, suas bordas não tocava no chão. 2ª coberta: De pêlos de cabras entrelaçados com bronze; 3ª coberta: De peles de carneiro tingidas de vermelho; 4ª coberta: De peles de texugo (ou animais marinhos – ‘peixe-boi’). Por fora, essas cobertas não dava uma boa aparência ao tabernáculo, mas por dentro, por causa do ouro e das cortinas bordadas com querubins, tinha a aparência do esplendor celeste.
141
Azeite Puro de Oliva, Especiarias para o Óleo da Unção e o Incenso. Azeite puro de oliva para acender as lâmpadas do castiçal. Óleo da Unção: 3,5 litros de azeite misturado com 6kl de mirra líquida, 3kl de canela [cinamomo], 3kl de cana cheirosa [cálamo] e 6kl de cássia (Êx 30.22-33). Incenso: estoraque [benjoim/bálsamo], ônica, gálbano e temperado com sal para conserva-lo puro e santo (Êx 30.34-38).
142
Essas especiarias não poderiam ser usadas na fabricação de qualquer outro perfume, apenas usadas para fazer o incenso sagrado. Se algum israelita usasse as especiarias da composição do incenso para fazer qualquer outro perfume era eliminado do povo de Israel. Vamos agora estudar um pouco sobre os objetos que compõem o Tabernáculo. O Pátio ou Átrio (Êx 27.9). Medidas: O pátio media 45m de comprimento por 22,5m de largura. Material: Era todo cercado de cortinas (2,30m) feitas de linho fino, presas em 56 colunas de madeira revestidas de bronze, essas colunas eram fixadas em bases de bronze. As colunas ficavam 2,30m uma da outra.
A porta do pátio sempre ficava para o lado leste, onde o sol nascia e media 9m. Sua cortina era igual o véu do tabernáculo mais sem as figuras de querubins, presa em 4 colunas fixadas em bases de bronze. O Tabernáculo que ficava dentro do pátio media 13,5m de comprimento por 4,5m de largura e 4,5m de altura. As 48 tábuas do tabernáculo em média mediam 0,67cm de comprimento por 4,50 de altura com 7,50cm de espessuras fixadas em bases de prata. 15 travessas amarravam as tábuas. As cortinas que cobriam o tabernáculo mediam 18,30m de largura por 12,80m de comprimento. Também sua porta ficava para o lado leste. Havia uma cortina nessa porta feita igual a 1ª coberta do tabernáculo, mas sem as figuras dos querubins, era presa em cinco colunas de madeira e revestia de ouro, fixadas em bases de bronze. O tabernáculo subsistiu por quase 500 anos (1445-951 A.C). 143
O Altar dos Holocaustos (Êx 27.1). Medição: 2,50m de comprimento por 2,50m de largura e 1,50m de altura. Tinha uma grelha e quadro chifres nos seus quatro cantos onde eram amarradas as vítimas para o sacrifício. A Pia (Lavatório) de Bronze (Êx 30.17-21). A pia e seu pedestal eram feitos de espelhos de bronze doados por mulheres (Êx 38.8). A pia ficava entre o tabernáculo e o altar do holocausto. Nela o sumo sacerdote e os sacerdotes lavavam as mãos e os pés antes de entrarem no santuário para ministrar ao Senhor. Esse lavar é simbolizado pelos ministros que lavam as mãos antes de ministrar a ceia do Senhor representando a purificação da igreja para participar do pão e do vinho. O Castiçal de Ouro (Êx 25.31-40). Tanto o castiçal como os seus enfeites foram feitos de uma única peça de ouro que pesava 50kl. Ficava no lado sul do primeiro compartimento do tabernáculo chamado de Santo Lugar. Os Pães da Proposição e o Altar do Incenso (Êx 25.30). A mesa onde ficava os pães da proposição era feita de madeira e revestida de ouro. Media 1m de comprimento por 0,45cm de largura por 0,67cm de altura. A mesa tinha uma moldura com coroas de ouro. Flávio Josefo diz-nos que os varais da mesa eram removíveis, para que não impedissem os sacerdotes de cumprirem seus deveres relativos a mesa. A mesa ficava no lado norte do Santo Lugar. Os utensílios da mesa eram pratos para colocar os pães, vasos para o incenso e taças para as libações. Os pães da proposição eram 12 pães ázimos colocados em duas fileiras sobre a mesa. Permanecia uma semana na mesa depois eram comidos pelos sacerdotes como refeição sagrada. O Altar de Incenso media 0,50cm de comprimento por 0,50cm de largura e 1m de altura. O sumo sacerdote queimava sobre esse altar, incenso aromático diariamente, quando acendia as lâmpadas do castiçal, de manhã e ao pôr-do-sol. Era proibido oferecer no altar do incenso, animais, cereais, libações de vinho e incenso estranho (Êx 30.7-9).
144
A composição do incenso: bálsamo, ônica, gálbano e temperado com sal para conserva-lo puro e santo (Êx 30.34-38). Uma vez no ano, no dia da expiação, o sumo sacerdote fazia expiação sobre o altar do incenso com o sangue da oferta pelo pecado (Êx 30.10). O Santo dos Santos. Era um espaço quadrado que tinha 4,5m de comprimento, largura e altura. Separado do Lugar Santo por um véu que media 4,5m de comprimento por 4,5 de altura preso, por ganchos de ouro, em quatro colunas de madeira revestida de ouro. As colunas mediam 4,5m de altura cada e eram fixadas sobre 4 bases de prata. A Arca da Aliança. Era uma caixa de madeira forrada de ouro. E media 1,10m de comprimento por 0,67cm de largura e 0,67cm de altura. Durante a peregrinação pelo deserto os sacerdotes carregavam-na sobre os ombros. A arca simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo. Dentro da Arca havia as duas Tábuas da Aliança, e também, o maná e a vara de Arão que floresceu (Hb 9.4), porém, quando ela foi colocada no templo de Salomão só havia as tábuas da aliança (2º Cr 5.10). Nos dias de Josué a Arca da Aliança repousou na cidade de Gilgal, depois em Siquém, nos dias dos Juízes em Betel (Jz 20.26-28), na época de Samuel em Siló (1º Sm 1.24; 3.3,21; 4.3), a arca foi tomada em batalha, levada para as terras dos filisteus e colocada no templo de Dagom em Asdode (1º Sm 4.1; 5.1-7), com medo, os filisteus a conduziram para Gate e Ecrom. Ficando a Arca sete meses na terra dos filisteus (1º Sm 6.1). Depois os filisteus enviaram a Arca para Betes-Semes em Israel (1º Sm 6.11-20). Dali, a Arca foi levada a cidade de Quiriate-Jearim em Gibeá e ficou na casa de Abinadabe e esteve ali por 20 anos (1º Sm 7.1,2). Davi tentou conduzir dali a Arca do Senhor, mas como foi mal conduzida, a Arca ficou na casa de Obede-Edom por três meses (2º Sm 6.1-11). Então, Davi mais uma vez leva a Arca da Aliança e a coloca em uma tenda na cidade de Sião (2º Sm 6.1218). Depois, Salomão introduz a Arca no Templo em Jerusalém que permaneceu ali até a destruição de Jerusalém pelos babilônicos (1º Rs 8.19), e Arca desaparece conforme profetizou Jeremias (Jr 3.16), aparecendo apenas em Apocalipse (Ap 11.19). Segundo o livro de 2º Macabeus 2.4-7 Jeremias escondeu a arca em uma gruta no Monte Sinai. Na época de Jesus não havia a Arca da Aliança no Templo, mas outro tipo de arca, a arca do tesouro (Mc 12.41-43). Propiciatório. Medidas: 1,10m de comprimento por 0,67cm de largura. Pesava 300kl de ouro. O Propiciatório era feito de ouro puro e servia como tampa da arca da aliança. Formando uma só peça com essa chapa, havia dois querubins, um de frente para o outro, com as asas abertas, que se tocava no alto fazendo sombra no propiciatório. Uma vez no ano o sangue do sacrifício era aspergido no propiciatório para fazer expiação 145
(purificação) pelo Tabernáculo, pelos Sacerdotes e pelo Povo. O propiciatório representava o próprio trono de Javé (Êx 25.22). ‘E rasgou-se ao meio o véu do templo em dois, de alto a baixo’ (Lc 23.45; Mc 15.38). ‘Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santo dos santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne’ (Hb 10.19,20).
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 09 de Março de 2014 Sobre Leis Civis de Israel
Vamos falar sobre algumas leis que o Senhor deu a Moisés antes dele passar quarenta dias e quarenta noites no cume do Monte Sinai para receber as tábuas dos Dez Mandamentos. O povo de Israel ouvira os Dez Mandamentos pela voz do próprio Deus em Êxodo 20. Naquela ocasião Moisés ainda não tinha recebido as tábuas da aliança. Nessa ocasião Moisés e o povo de Israel estavam ao pé do Monte Sinai, e a voz de Deus soou de cima do monte pronunciando os dez mandamentos. Quando o povo ouviu a voz de Deus de modo audível (Êx 20.22), temeu, por causa dos trovões, relâmpagos, sonido de trombetas e as labaredas de fogo que descia sobre o monte parecendo um fogareiro gigante, por causas dessas coisas o monte estremeceu. Então, o povo temeu e se afastaram, pediram a Moisés que servisse de mediador – ‘E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos’ (Êx 20.19). Inicialmente não era propósito de Deus constituir Moisés como Seu mediador. Ele queria se comunicar com o povo diretamente. O povo ouvindo a sua voz de cima do monte Sinai. Porém, como o povo temeu e solicitou que Moisés fosse seu mediador, então, Moisés assume essa posição de mediador entre Deus e o povo de Israel. 146
Nessa ocasião quando Moisés se aproxima de Deus no Monte Sinai, Ele lhe entrega as leis civis de Israel chamado de Livro da Aliança. Moisés ouve aquelas leis, e as escreve num livro. O conteúdo deste livro consta em Êxodo 20.1-17, 23-26 e capítulos 21 ao 23.
Esse livro depois foi lido para o povo de Israel, e logo após, Moisés faz um pacto entre o povo e Deus através do sangue do sacrifício. Moisés coloca uma parte do sangue do sacrifício em uma bacia e a outra parte do sangue derrama sobre o altar. O sangue da bacia asperge sobre o povo dizendo: ‘Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras’ (Êx 24.8). Nessa ocasião o povo de Israel se comprometeu a obedecer a todos os mandamentos do Senhor. Logo após esse pacto, Moisés convida Arão, Nadabe e Abiú, que são filhos de Arão, e setenta anciãos de Israel para terem uma refeição no Monte Sinai. Essa era uma refeição sagrada semelhante a nossa santa ceia. A santa ceia representa uma refeição sagrada em memória do pacto que Deus fez conosco. Por isso que essa refeição que Moisés fez com Arão, Nadabe, Abiú e os 70 anciãos era sagrada porque comemorava o pacto que Deus fez com o povo de Israel. A Bíblia diz nessa refeição, eles viram a Deus. Claro que eles não viram o rosto de Deus, mas apenas os pés de Deus sobre o pavimento no Monte Sinai. Deus ao descer sobre o Monte Sinai, pôs os seus pés sobre o monte como se fosse escabelo de seu trono. Os pés de 147
Deus brilhavam como pedra de safira encima de um pavimento como se fosse uma base de concreto que também brilhava como fogo (Êx 24.9-11). Naquela ocasião, eles tomaram a refeição sagrada, e desceram do Monte. Então Moisés sobe novamente no monte, agora, para receber as tábuas dos mandamentos. Josué sobe com Moisés, mas permanece em uma das fendas do monte, ele não sobe para aonde se encontrava a nuvem da shekiná de Deus no cume do monte. Na verdade o cume do monte se transforma no santo dos santos. Moisés antes de entrar na nuvem, teve que esperar seis dias e seis noites para Deus o chamar. E ali permaneceu 40 dias. Quando o tabernáculo foi construído, a nuvem da shekiná de Deus foi transferida, digamos assim, para o santo dos santos e se manifestava entre os querubins de ouro. E é essa nuvem que virá com Cristo na Sua vinda (Ap 1.7). O trono de Deus é móvel, e não fixo. O Altíssimo em algumas manifestações, como por exemplo, na entrega da Lei, veio no Seu trono (Dt 33.2). Esse trono é carregado sobre os ombros dos querubins. Por isso que está escrito que Deus ‘...montou num querubim, e voou... (Sl 18.10)’. Assim como os sacerdotes carregavam a arca sobre seus ombros, que representava o trono de Deus, pois encima da arca havia o propiciatório, e sobre ele dois querubins. Do mesmo modo também o trono do Altíssimo é carregado pelos querubins. Acredito que a primeira vez que o trono de Deus foi carregado pelos querubins foi no monte Sinai. Aquela visão que Ezequiel teve, no capítulo um, era o trono de Deus em movimento. É a ocasião quando Deus retira Sua shekiná do templo de Jerusalém por causa da destruição que iria cair sobre o templo. O trono de Deus é móvel, por isso que é algo semelhante a uma carruagem conduzida por querubins. Os anjos são chamados de carros de Deus (Sl 68.17). Deus se movimenta no céu através do Seu trono conduzido por seus querubins. Por isso que está escrito que Deus se assenta entre os querubins (Sl 99.1). No último Dia, Deus virá no Seu trono para fazer novas todas as coisas (Ap 20.11; 21.5). Jesus Cristo é o nosso Mediador, ele abriu para nós o acesso ao trono de Deus. Esse acesso que foi broqueado ao povo de Israel porque temeu ser morto pela presença de Deus, Cristo abre o novo e vivo caminho através da Sua morte para aproximar os da nova aliança ao trono de Deus sem temor. Leiamos Hebreus 12.18-29: ‘Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; Porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte será apedrejado ou passado com um dardo. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; À universal 148
assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel’. Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus; A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra, senão também o céu. E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam. Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade; Porque o nosso Deus é um fogo consumidor’. Muito embora, hoje, essa manifestação visível, que os israelitas viram sobre o monte Sinai, não acontece mais. Porém, chegará o tempo em que Deus descortinará o céu e se revelará com toda a Sua opulência. E nessa ocasião os ímpios serão destruídos (Ap 6.12-17; Sl 11.4-7), pois Deus se manifestará como ‘um fogo consumidor’. O Senhor fundou uma congregação com Moisés no monte Sinai, porém mais tarde, Cristo fundou sua congregação no monte Sião. A congregação que Cristo fundou não era mais baseada na velha aliança, mas na nova aliança. Essa congregação foi tipificada pela tenda que Davi levantou no monte Sião para abrigar a arca da aliança (2º Sm 6.17; 1º Rs 8.1; 1º Cr 15.1; 16.1; 21.29; 2º Cr 1.4; Am 9.11,12; At 15.14-17). No tabernáculo de Davi não havia o altar do holocausto, a pia de bronze, o castiçal de ouro, o altar de incenso, a mesa da preposição, só havia uma peça, a arca da aliança. Todas as outras peças sagradas estavam em outro local chamado de Gibeom, onde estava o tabernáculo de Moisés (1º Cr 21.29). Na época de Davi havia dois tabernáculos, um tabernáculo no monte de Gibeom e uma tenda no monte Sião, erguida por Davi, para a arca da aliança. Nessa tenda ou tabernáculo de Sião, Davi constituiu turnos de levitas para louvor e profetizar ao Senhor diante da arca da aliança. Era isso que havia no culto em Sião, louvor, adoração, profecia e instrumentos (1º Cr 16.4,6,37; 25.3-7). Enquanto que o sistema de Moisés funcionava em Gibeom. Leiamos Amós 9.11,12: ‘Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade; Para que possuam o restante de Edom, e todos os gentios que são chamados pelo meu nome, diz o Senhor, que faz essas coisas’. Ver também Isaías 14.1; 56.6-8; Zc 6.15. Deus prometeu através dos profetas que iria levantar o tabernáculo de Davi, que faz referência esse tabernáculo que ele erigiu em Sião. Por isso 149
que o autor aos Hebreus diz que não chegamos ao monte Sinai, mas ao monte Sião. Essa profecia de Amós se cumpriu na Igreja que o Messias ergueu em Sião. Leiamos em Atos 15.14-17: ‘Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto voltarei, E reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, Levantá-lo-ei das suas ruínas, E tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, E todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, Diz o Senhor, que faz todas estas coisas, Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras’. Meus irmãos, quem são os gentios? Somos nós, quer dizer, todos quantos não são judeus. Note na profecia que os gentios somente buscariam a Deus quando o tabernáculo de Davi fosse erguido. Então, se somos gentios, quem representa o tabernáculo de Davi? A Igreja composta de judeus cristãos. Por causa da má interpretação, temos a impressão que a Igreja são os gentios, e que Israel foi rejeitado. Entretanto, a Igreja, que Cristo fundou no monte Sião, também chamado de templo do Senhor (Zc 6.12,13), era primeiramente composta por judeus crentes. Quem são esses judeus crentes? Aqueles que creem que Jesus é o Cristo (Messias). Os apóstolos são os fundamentos deste santuário espiritual (Ef 2.19-22; Ap 21.14). Então a Igreja do Messias inicialmente era simplesmente composta por judeus. Depois que essa igreja estava fundada, edificada na doutrina apostólica e atuando na pregação do Reino foi que os gentios se aproximaram para adorar juntamente com os judeus ao Senhor Deus. A maior acusação hoje dos judeus incrédulos contra Jesus, de que ele não é o Messias, foi porque Jesus não construiu o templo. Pois uma das profecias dizia que o Messias iria construir o templo do Senhor (Zc 6.12). Todavia, Jesus Cristo construiu o templo do Senhor, eles foram que não entenderam a profecia. O templo do Senhor formado por judeus que creem no Messias foi restaurado como o Novo Israel e é esse Israel que será salvo. O Israel que não crer que Jesus é o Messias é a nação endurecida, para que seja salvo ou novamente enxertado na oliveira terão que fazer parte do Novo Israel. Caso contrário, serão condenados juntamente com os gentios incrédulos. Leiamos Romanos 2.8,9: ‘Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego’. Assim como a salvação vem primeiro para os judeus (Rm 1.16; 2.10) assim também a condenação primeiramente atingirá os judeus. ‘Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas’ (Rm 2.11). 150
Portanto, o privilégio dos judeus em relação aos gentios não é nenhum, pois se os judeus não fizerem parte deste tabernáculo do Messias serão condenados como qualquer gentio. Leiamos Mateus 16.16-18: ‘E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’. Jesus edificou a Sua Igreja sobre a confissão de Pedro: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. E essa Igreja é o tabernáculo de Davi e o Templo do Senhor. Quando Cristo disse: ‘...sobre esta pedra edificarei a minha igreja’. Essa Pedra, que é Cristo, é a Pedra de Sião (Is 28.16) em que a nação carnal tropeçou, mas a nação espiritual foi edificada (Mt 21.42-44; Rm 9.32,33; 11.7). Cristo é a Pedra Principal da Igreja (Sl 118.22; At 4.10,11; Ef 2.20; 1ª Pe 2.4-6). Leiamos um texto que explica a entrada dos gentios na igreja, o santuário do Senhor. Efésios 2.15-22: ‘Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois (judeus e gentios) um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos (judeus e gentios) com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós (gentios) que estáveis longe, e aos que estavam perto (judeus); Porque por ele ambos (judeus e gentios) temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros (os gentios), mas concidadãos dos santos (judeus), e da família de Deus (o Novo Israel, a Igreja); Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas (que são judeus), de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós (gentios) juntamente (com os judeus) sois edificados para morada de Deus em Espírito’. Nós, gentios, fazemos parte deste santuário de Deus através da fé em Cristo. Mas se Cristo não tivesse se voltado para os gentios, ele tinha o seu santuário, a sua família, a sua igreja e o seu templo já erguido que são os judeus que se converteram ao Messias. Esses judeus se constituem o povo de Deus da nova aliança. E esse povo de Deus, chamado de Novo Israel composto por judeus convertidos, aparecem em Apocalipse 14.1-5: ‘E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil [israelitas, Ap 7.1-8], que em suas testas tinham escrito o seu nome e o nome de seu Pai. E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um como cântico novo diante do trono, e 151
diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus’. Note que eles estão sobre o monte Sião com Cristo, pois representam o templo espiritual que foi edificado sobre Sião, a Igreja. E os gentios? Aparecem logo após a eleição dos 144 mil israelitas em Apocalipse 7 como uma grande multidão incontável de salvos (Ap 7.9-17) que entram nesse santuário espiritual como está escrito: ‘Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo’ (Ap 7.15). Ver Efésios 3.6. O que significa a expressão ‘Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens (Ap 14.4)’ referentes aos 144 mil judeus? Os judeus que fazem parte do tabernáculo de Sião são judeus puros cuja raça não se contaminou com as nações gentílicas. Judeus oriundos de pais e mães hebreus. Já os judeus contaminados com as nações quando se convertem não são agregados a esses 144 mil, mas são agregados a grande multidão. Esses tipos de judeus puros aparecem em Filipenses 3.5: ‘Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus...’. Hebreu de hebreus, Paulo era um judeu puro (Rm 11.1; 2ª Co 11.22). Já Timóteo não era um judeu puro, pois sua mãe era judia e seu pai grego (At 16.1), nesse caso ele não faz parte dos 144 mil israelitas, mas da grande multidão de ‘todas as nações e tribos’ (Ap 7.9). Portanto, quando nos referimos a monte Sião ou simplesmente Sião ou Jerusalém na nova aliança, devemos pensar, primeiramente, no Novo Israel, aqueles judeus que se convertem a Cristo. O monte Sinai refere-se a antiga aliança onde Moisés recebeu as leis (Gl 4.22-28), e o monte Sião, a nova aliança, onde Cristo implantou o evangelho (Is 2.2-5). Então vejamos algumas leis civis que Moisés recebeu quando esteve no monte Sinai antes dos 40 dias e 40 noites para receber as tábuas da Lei, o modelo do tabernáculo e a instituição do sacerdócio levítico. Leiamos Êxodo 21.1-7: ‘Estes são os estatutos que lhes proporás. Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça. Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele. Se seu senhor lhe houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho. Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus 152
filhos; não quero sair livre, então seu Senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre. E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os servos’. Irmãos, Deus poderia ter dado uma lei que abolisse a escravidão, mas muitas das leis que Deus deu ao povo de Israel não visavam a vontade original de Deus, mas foi dada por causa da dureza do coração dos homens (Mc 10.5), a fim de regulamentar as práticas vigentes dos homens e melhorar a convivência deles. Além do mais a escravidão, também, foi utilizada por Deus como tipo ou símbolo que serviria mais tarde para representar o resgate que Cristo efetuou em favor de uma humanidade escravizada pelo pecado. O próprio povo de Israel era escravo na terra do Egito, assim, como as pessoas em geral são escravos do pecado. A lei da escravidão não era rigorosa. Por exemplo, a lei rezava que se um israelita empobrecesse aponto de não mais poder sustentar a si mesmo e a sua família, ele poderia se vender ao seu compatriota rico para servi-lo como escravo. Porém, aquele senhor só poderia ficar com aquela família seis anos, no sétimo ano, o ano da remissão, era proclamada a libertação daquela família (Êx 21.2; Dt 15.12). Porém, se aquele escravo achasse que era muito tempo de escravidão, e não tivesse condições de ajuntar o suficiente para pagar seu próprio resgate, sendo assim, apenas um parente seu, poderia resgatá-lo (Lv 25.25-27,49). Simbolicamente isso significa que para que Cristo pudesse pagar o preço do regaste pela humanidade, tornou-se um ser humano (1ª Tm 2.5,6). Pois como um ser divino, ele não poderia pagar o nosso regaste, mas como nosso parente humano (Hb 2.14-18; Hb 4.15). A lei também constituiu um ano chamado de Ano de Jubileu quando era proclamada uma libertação geral ou anistia nacional, e todos os escravos eram libertos e as casas ou terrenos comprados eram devolvidos (Lv 25.813,54; Lv 27.24). Esse dia era proclamado no Dia da Expiação. Assim, também, Cristo na cruz proclamou a nossa libertação (Jo 19.30; Cl 2.13,14). Uma das causas da escravidão não era o racismo, mas a pobreza, como está escrito: ‘Quando também teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e vender-se a ti, não o farás servir como escravo. Como diarista, como peregrino estará contigo; até ao ano do jubileu te servirá; Então sairá do teu serviço, ele e seus filhos com ele, e tornará à sua família e à possessão de seus pais’ (Lv 25.39-41). Porém, o ideal era que esse pobre fosse sustentado – ‘Quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás, como estrangeiro e peregrino viverá contigo (Lv 25.35) - ‘Quando entre ti houver algum pobre, de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for 153
pobre; Antes lhe abrirás de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade’ (Dt 15.7,8). Pobreza ou riqueza não são virtudes, não se constitui sinal de espiritualidade, são apenas condições sociais. Uns são ricos, outros são pobres. Diz Provérbios que tanto o rico como o pobre quem fez foi Deus (Pv 22.2). Deus quer que no mundo tenha ricos e pobres. A lei temporária da escravidão criava meios para que alguém que caísse na miséria encontrasse sustento. Porém, essas leis não fazem parte da nova aliança. Cristo aboliu a antiga aliança baseada no sistema levítico. O sistema levítico incluía preceitos civis, religiosas e cerimoniais. Porém, os preceitos morais não foram abolidos. Todavia, deixaram de ser ordenanças para salvação, e tornaram-se frutos da fé. Aquele que é salvo obedece aos dez mandamentos, não para ser salvo, mas porque é um salvo através da fé em Cristo. Convém dizer que dos dez mandamentos, apenas o sábado pode ser quebrado pelos gentios crentes sem incutir em culpa, pois os apóstolos, orientados pelo Espírito Santo, os isentaram de guarda-lo (At 21.25; Cl 2.16,17). Entretanto, o sábado continua sendo um mandamento da lei de Deus, não foi abolido e nem substituído. Por cuja lei os gentios descrentes serão julgados. Quando Deus permite que uma pessoa enriqueça, primeiramente, é para que ela goze dos bens desta terra conforme está ‘... Deus... abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos’ (1ª Tm 6.17). E também para que essa pessoa possa entender as suas mãos para beneficiar os pobres – ‘... para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência...’ (2ª Co 9.11). Podemos dizer que o pobre serve de teste para o rico. Se ele é avarento ou generoso. Para o rico generoso, a Bíblia diz: ‘Ao que distribui mais se lhe acrescenta ... A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido’ (Pv 11.24,25). Mas ao rico avarento diz: ‘... vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu...’ (Mt 19.21). Para quem o rico avarento vende as suas propriedades? Para o rico generoso, como está escrito: ‘O que aumenta os seus bens com usura e ganância ajunta-os para o que se compadece do pobre’ (Pv 28.8) e ‘...a riqueza do pecador é depositada para o justo’ (Pv 13.22). Por que o rico avarento deve repartir entre os pobres o valor adquirido? Porque foi aos pobres que ele explorou e roubou. Como fez o rico avarento Zaqueu – ‘Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado’ (Lc 19.8). Pobreza não é dom de Deus! Isso seja dito. Não é dádiva de Deus, muito embora seja uma condição social que Ele permite. Porém, a riqueza aparece nas Escrituras como dom de Deus – ‘E a todo o homem, a quem 154
Deus deu riquezas e bens... isto é dom de Deus’ (Ec 5.19). Entretanto, esse dom não é dom da graça especial de Deus, mas dom da graça comum de Deus. Qual é a diferença entre graça comum e graça especial? A graça comum é a bênção de Deus sobre todos independentemente que seja justo ou injusto – ‘Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio’ (Ec 9.2) – ‘Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos’ (Mt 5.45) – ‘...Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas’ (At 17.25). Contudo, a graça especial de Deus abençoa apenas os justos, essas bênçãos são as bênçãos espirituais – ‘Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo’ (Ef 1.3). Os benefícios terrenos não vêm através da graça especial, mas da graça comum. Por isso que esse negócio de fazer campanha de oração para enriquecer e prosperar não funciona. Se você quer ficar rico, vá trabalhar! Deus nos dá saúde, disposição e inteligência. Se alguém tem saúde, disposição e inteligência pode se tornar rico. Basta trabalhar e se esforçar – ‘O Senhor teu Deus... que te dá força para adquirires riqueza’ (Dt 8.18). Porém, se não temos inteligência para administrar essas riquezas devemos seguir os conselhos de Agur: ‘...não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; Para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão’ (Pv 30.8,9). Além do mais ‘... os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores’ (1ª Tm 6.9,10).
Mensagem Ministrada no Culto das Primícias Na Assembleia de Deus-Salém Em 09 de Março de 2014 Sobre o Significado das Primícias
A Paz do Senhor Jesus! Vamos ler em Gênesis 4.1-6. ‘E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem. E deu à luz mais a seu irmão 155
Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?’. Não irei pregar, mas trazer uma palavra de reflexão acerca das primícias, então, peço paciência porque terei que fazer uso de alguns textos da Palavra de Deus. Vocês sabem que a palavra de Deus é remédio para o nosso corpo e saúde para os nossos ossos. E nem sempre o remédio tem um sabor adocicado, às vezes ele tem um sabor amargo que muitas vezes causa até náuseas. Mas esse sabor, às vezes, amargo da palavra de Deus traz cura. Recentemente, eu tive uma infecção na minha prótese esquerda, e essa infecção atingiu os meus ossos, e corri o risco dessa infecção atingir minha corrente sanguínea, e caso isso tivesse acontecido, poderia inflamar o meu coração e ter um infarto fulminante. Então para curar a infecção, os médicos administraram antibióticos muito fortes. Esses antibióticos eram tão fortes que destruíram a minha flora intestinal, de modo que sentia náuseas todos os dias e vomitava muito. Mas eu sabia que aqueles antibióticos serviam para estabelecer a minha saúde. Aqueles antibióticos destruíram a bactéria infecciosa, e trouxe saúde para o meu corpo. Assim, irmãos, é a palavra de Deus. Muitas vezes ela é amarga, mas traz saúde para o nosso espírito. Deus disse para o profeta Ezequiel e para o apóstolo João: ‘come do livro, ele será doce na tua boca, mas amargo no teu ventre’ (Ap 10.10; Ez 3.3). Mas tinham que comer a palavra de Deus. Tenham paciência porque, nessa noite, a palavra de Deus pode vir adocicada, mas também pode causar náusea em vocês. Comentando o nosso texto, vimos que Deus não atentou para a oferta de Caim, mas não foi pelo fato de ter vindo dos frutos da sua agricultura, pois esse era o seu trabalho. Mas foi pelo fato de Caim não ter trazido dos frutos das primícias de sua plantação. Quer dizer, as primícias, Caim colheu para si, e trouxe para o Senhor os frutos do restante da colheita. Enquanto que Abel deu as primícias da sua criação de ovelhas. Isso nos leva a pergunta: o que são primícias? As primícias são os primeiros frutos de uma colheita ou de uma pecuária. Os judeus receberam de Deus a ordem de ofertar ao Senhor os primeiros frutos tanto da sua plantação como também da sua criação. Isso incluía até mesmo os filhos, e não apenas os animais. Os filhos primogênitos eram as primícias que os israelitas deveriam oferecer a Deus, assim como ofereciam os primeiros filhotes de seus animais. Não importa se fosse uma ovelha, um gado ou até 156
mesmo um jumento ou um camelo. Eles tinham que ofertar. As primícias incluíam também os primeiros frutos que amadureciam. Deus, porém, decidiu tomar os levitas no lugar dos primogênitos. Então, aqueles primogênitos que eles deveriam consagrar a Deus para servir no tabernáculo como sacerdotes foram substituídos pelos levitas. Por isso que no dia da consagração do primogênito a Deus, era oferecido animais como símbolo de resgate. E quanto aos animais como jumento, camelo e cachorro que não podiam ser oferecidos a Deus porque eram classificados pela lei como animais impuros, deveriam ser resgatados por animais puros como ovelhas ou cordeiros. Todavia, se esses animais impuros não fossem resgatados, deveriam ser mortos diante do Senhor, e não ser oferecidos como sacrifícios. Para que os israelitas pudessem oferecer as primícias ao Senhor, Deus estabeleceu uma ocasião para que eles pudessem se dirigir ao local onde estava o tabernáculo e trazer suas primícias. Essa ocasião seria sete semanas após a festa da Páscoa. É por isso que a festa das primícias também é chamada de festa das semanas. Sete semanas são quarenta e nove dias. Então, depois de quarenta e nove dias após a Páscoa, no quinquagésimo dia, eles se apresentavam a Deus com as suas primícias. Pelo fato dos israelitas se apresentarem a Deus no quinquagésimo dia essa festa também recebeu o nome de festa de Pentecostes. Pentecostes significa cinquenta. A festa das Primícias carrega em si alguns significados. E eu quero repassar para os irmãos esses significados. Vamos compreender pela palavra de Deus esses sete significados. Primeiro significado da festa das primícias é que era uma festa de consagração. O israelita antes de fazer a sua colheita geral deveria, primeiramente, colher os primeiros frutos maduros e levar para o sacerdote como uma oferta a Deus. O sacerdote recebia aqueles primeiros frutos, chamados de molhos das primícias, erguia e movia em dedicação diante de Deus. E assim Deus consagrava aquela oferta e o sacerdote queimava uma parte daquela oferta como holocausto ao Senhor e a outra parte o sacerdote comia como uma refeição sagrada. Com essa dedicação dos primeiros frutos a Deus, o Senhor santificava a colheita dos israelitas. Ele não só santificava, como também garantia uma boa colheita. Quer dizer, sobre a plantação ou a criação veria a benção de Deus. Leiamos Romanos 11.16: ‘...se as primícias são santas, também a massa [colheita] o é...’. O que ofertamos a Deus, Deus o santifica como uma oferta diante dele, então, todos os nossos recursos e propriedades, donde proveio aquela oferta, também são santificados pelo Senhor. 157
Isso é interessante porque a palavra de Deus diz, em 1ª Timóteo 4.4,5, que para que as nossas ofertas sejam recebidas como ações de graça precisam ser santificadas através do culto que prestamos a Deus. Nesta noite, as ofertas que trouxemos a Deus e que ele santifica para ser recebidas em sua casa, ao mesmo tempo também ele consagra aquilo que fica conosco. Por que Paulo diz que as ofertas são recebidas com ‘ações de graça’? Vamos entender! Quando o cristão traz a sua oferta para ajudar os santos em suas necessidades, faz com que os santos deem graças a Deus pela oferta, e Deus que recebe o crédito, abençoa ao que doou pelas ações de graça que recebeu. A doação da oferta leva o beneficiário render graças a Deus, Deus é glorificado, e Deus fica aprazível porque através da sua oferta ele foi louvado por aquele que recebeu a contribuição. Paulo falou mais sobre isso em 2ª Coríntios 9.10-12: ‘Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus. Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus’. A questão não é apenas o dinheiro em si, mas o que a contribuição causa no coração das pessoas, as pessoas ficam gratas. E é essa gratidão que trará glorificação para Deus. Essas ações de graça se tornam como cheiro suave e sacrifício agradável e aprazível diante de Deus. Leiamos Filipenses 4.18,19: ‘Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus’ - Tendo sido suprido e dado graças a Deus, Paulo, agora, imite uma benção para os que contribuíram: ‘O meu Deus, segundo as suas riquezas em glória, suprirá todas as vossas necessidades em Cristo Jesus’. Ação de graça não é apenas verbalizar um louvor, mas no que diz respeito aos seus recursos, é também fazer uma doação. Para que a ação de contribuir se torne em graças diante de Deus, a pessoa que doa deve, também, ter recebido de graça. Pois Deus somente receberá de graça, o que a pessoa recebeu de graça. Como está escrito em Mateus 10.8: ‘...de graça recebestes, de graça daí’. O cristão deve dar de graça quando tiver consciência que recebeu de graça. Por exemplo, quando uma pessoa recebe o seu salário, ela não agradece ao seu patrão dizendo: ‘Oh, muito obrigado por esse salário’. Ninguém faz isso! Porque a pessoa sabe que aquele salário é fruto do seu suor e que para adquiri-lo teve que trabalhar incansavelmente durante um mês. 158
Porém, em relação a Deus, o seu trabalho não deve ser considerado como fruto do seu suor, mas como uma graça que Deus lhe concedeu. Deus deu de graça o seu trabalho. Uma vez que a pessoa recebeu de graça o seu trabalho, a palavra de Deus diz: ‘...de graça recebestes, de graça daí’. Talvez você pergunte: ‘Mas como foi que eu recebi de graça o meu trabalho que tive que ralar muito para consegui-lo? Queimei pestana, gastei dinheiro com cursinho, concurso e etc.’. A Escritura diz que Deus concede força para que a pessoa possa adquirir as suas propriedades. Por isso não digas no teu coração: ‘A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu [os bens que tenho]. Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza’ (Dt 8.17,18). Paulo diz a mesma coisa em Atos 17.25: ‘[Deus não] é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas’. E em Atos 14.17: ‘...beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações’. Se a pessoa adquirir algum bem neste mundo não é por causa do seu esforço humano, mas porque Deus lhe deu por sua graça. Portanto, enquanto o cristão não se conscientizar que as bênçãos de Deus são frutos da graça de Deus, ele não contribuirá com graça no seu coração. Por outro lado, a Escritura também diz que para algumas pessoas, Deus não permite comer do fruto do seu trabalho (Ec 6.2). O profeta Ageu diz que é como se alguém recebesse o seu salário em saco furado (Ag 1.6). Quer dizer, toda a sua finança não dá para suprir as suas necessidades. Quanto mais ganha, mais necessita, mais tem dívidas para pagar. Por que acontece isso? Porque essa pessoa não devolve a Deus com gratidão. Porque para ela o seu trabalho não é algo que Deus lhe concedeu por sua graça e bondade, mas algo que adquiriu com sua própria força e inteligência. Porém, aquele que sabe que o ele possui é bênção e doação de Deus, então ele contribui com gratidão ao Senhor. O segundo significado da festa das primícias é que era uma festa de contribuição voluntária. O israelita tinha que ofertar a Deus de modo voluntário. Leiamos Deuteronômio 16.16,17: ‘todo o homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher, na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas [primícias], e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá vazio perante o Senhor; Cada um, conforme ao dom da sua mão, conforme a bênção do Senhor teu Deus, que lhe tiver dado’. E Deuteronômio 16.10: ‘Depois celebrarás a festa das semanas [primícias] ao Senhor teu Deus; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo o Senhor teu Deus te houver abençoado’. 159
Do mesmo modo também, a Escritura diz, que o cristão tem que contribuir voluntariamente e conforme as condições financeiras de cada um. É errado o cristão contribuir sob pressão, sentindo-se obrigado. Leiamos 2ª Coríntios 8.12,13: ‘Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem. Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão’. Terceiro significado da festa das primícias é que era uma festa de gratidão. Deuteronômio 16.10,11: ‘Depois celebrarás a festa das semanas ao Senhor teu Deus; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo o Senhor teu Deus te houver abençoado. E te alegrarás perante o Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e tua filha...’. Não se deve contribuir com tristeza e nem com murmuração, mas com gratidão e alegria porque Deus ama quem dá com alegria. Essa gratidão era manifestada na vida de um israelita através de duas coisas: através de um animal puro que ele apresentava e um animal sem defeito. Mas quando o israelita trazia um animal defeituoso era uma demonstração de ingratidão diante de Deus. Era exatamente isso que estava acontecendo no tempo do profeta Malaquias. Leiamos Malaquias 1.8: ‘Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos Exércitos’. Irmãos, quando o cristão oferece algo que não é voluntário, que não está dando com alegria e gratidão, aquela oferta é defeituosa. Deus não recebe. Do mesmo também quando o cristão oferta com mesquinhez no coração, essa oferta não é aprazível. Há um texto em Mateus que diz: ‘...se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último centavo’ (Mt 5.23-26). Alguns leem esse texto e pensa que se refere apenas a ofensas de palavras ou questões de contendas, o Senhor também se refere a questão de dívidas. Por exemplo, se você traz a sua oferta para Deus, mas está devendo o seu irmão e não paga, aquela oferta não é recebida. Você deve ir primeiro pagar o que deve a teu irmão para, então, Deus receber a tua oferta como gratidão. O texto também se refere a questão de dívidas pelo fato de dizer: ‘...de maneira nenhuma sairás dali [da prisão] enquanto não pagares o último centavo’. 160
Têm muitos cristãos que contribui na igreja, mas tratando dos seus negócios comerciais são mão de vaca! Ele não paga o que deve! Quarto significado da festa das primícias é que era uma festa com sentido espiritual. O israelita para receber a benção de Deus na sua plantação ou criação contava com a chuva que Deus enviava sobre a sua plantação. Em sentido espiritual, essa chuva representava o derramamento do Espírito Santo. Leiamos em Joel 2.23-29: ‘E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva... E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de azeite... E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus... E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito’. Isso se cumpriu no Dia de Pentecostes quando Deus derramou o Espírito Santo sobre 120 discípulos e foram cheios da benção de Deus. Paulo diz: ‘...temos as primícias do Espírito...’ (Rm 8.23). A efusão do Espírito que recebemos, os dons que se manifestam entre nós e a obra que o Espírito opera na regeneração, santificação e adoção são apenas as primícias do Espírito, os primeiros frutos da herança de Deus dando-nos a garantia que no futuro seremos herdeiros de todas as bênçãos de Deus (Gl 4.6,7). É por isso que o Espírito Santo é o penhor da nossa herança (2ª Co 1.22; 5.5; Ef 1.14) e que fomos selados pelo Espírito para o Dia da Redenção (Ef 1.13; 4.30). Por isso está escrito: ‘... se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele’ (Rm 8.9). Apenas aqueles que têm o Espírito Santo se tornaram herdeiros das bênçãos de Deus no Reino que há de vir. E quem tem o Espírito de Deus? Apenas Deus conhece! 2ª Timóteo 2.19: ‘Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade’. Quinto significado da festa das primícias é que era uma festa profética. Preste bem atenção! O judeu doava as primícias de sua colheita no templo, depois fazia a colheita geral e deixava os rabiscos para os pobres colherem. Isso representava a ressurreição futura. A Bíblia diz que ‘Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem’ (1ª Co 15.20). Cristo é o primeiro fruto que Deus colheu como garantia da ressurreição futura. A colheita geral representa a ressurreição dos santos na vinda do Senhor. Assim está escrito: ‘Dada a palavra de ordem, ouvido a voz do 161
arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, o Senhor descerá do céu e os que morrerão em Cristo ressuscitarão primeiro’ (1ª Ts 4.16). Esses santos que fazem parte da primeira ressurreição serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão sobre a terra (Ap 20.6). E quem são os rabiscos da colheita? São aqueles que ressuscitarão depois do milênio, na segunda ressurreição, para receberem a condenação eterna ou a vida eterna (Ap 20.5,12-15; Dn 12:2; Jo 5.28,29). Sexto significado da festa das primícias é que ela representa a salvação dos primeiros crentes. No Dia de Pentecoste houve a primeira colheita de almas. Diz a Escritura que naquele dia três mil anos se converteram, e essas três mil pessoas representavam as primícias de uma colheita gigantesca que ocorreria. Eram inicialmente apenas judeus (At 2.41). Em Atos 4, já são cinco mil (At 4.4), e continuaram crescendo (At 5.14; 21.20), até que em Apocalipse são 144 mil – ‘E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil ... o número dos selados... de todas as tribos dos filhos de Israel’ (Ap 14.1; Ap 7.4). Ali está escrito: ‘Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro’ (Ap 14.5). Ver Tiago 1.18. Mas além deles haveria a colheita geral entre os gentios – ‘...eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos’ (Ap 7.9). De cuja colheita nós fazemos parte! Que a Escritura chama de ‘plenitude dos gentios’ (Rm 11.25). Nós que outrora não tínhamos o direito e o privilégio de pertencer ao povo de Deus, mas agora, alcançamos misericórdia através da bênção de Deus que se estendeu a nós (At 3.25,26; 11.18; Rm 15:9-12; 1ª Pe 2.9,10). Fazendo ainda outra aplicação acerca disso eu quero dizer que os primeiros crentes de uma congregação representam as primícias daquela congregação. Paulo quando ganhava as primeiras almas para Cristo, as considerava como as primícias – ‘...Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Acaia em Cristo’ (Rm 16.5) - ‘...sabeis que a família de Estéfanas é as primícias da Acaia...’ (1ª Co 16.15). Por exemplo, aqui na congregação Salém, na Codó, há os crentes que são considerados as primícias. São aqueles crentes que iniciaram essa congregação em 1981. Eles são as primícias. Há também aqueles que são primícias da sua casa. Os que primeiros foram salvos em sua família. Eu, por exemplo, sou as primícias do Senhor. Porque eu fui o primeiro a ser salvo em minha casa. Eu sabia que a minha salvação garantiria a salvação da minha família. Pois está escrito: ‘Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa’ (At 16.31). 162
Lembro-me que quando era um novo convertido, ninguém da minha casa era crente, participei de uma oração, e Deus usando o irmão Auceliano em profecia disse: ‘Busca a minha presença, ora de manhã, de tarde e de noite porque irei fazer um reboliço muito grande em tua casa’. Orei três vezes ao Senhor, e em poucos meses Deus salvou a minha família. Nessa noite você pode se tornar as primícias de Deus na tua casa! E através de você vir uma grande benção de Deus sobre a tua vida, a tua família, a tua comunidade e o teu país. Se tu te entregares a Deus como primícias consagradas, Ele trará sobre ti a Sua bênção. Deus quer te abençoar. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e Ele tudo fará.
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 20 de Março de 2014 Sobre o Sacerdócio Levítico
Ser um sacerdote não era uma tarefa fácil, era uma responsabilidade muito grande e que exigia muitas coisas. Vamos ver algumas coisas que se exigia para os sacerdotes. Tanto os sacerdotes como o sumo sacerdote eram proibidos terminantemente de realizar seus serviços religiosos embriagados (Lv 10.811; Ez 44.21); eles, também eram proibidos de participar de velório, exceto no caso de alguém de sua família, como pai, mãe, esposa e filhos, mas já o sumo sacerdote não poderia participar de nenhum velório de maneira nenhuma nem mesmo no caso de sua família (Lv 21.11). Mesmo que os sacerdotes pudessem participar de um velório familiar, eram proibidos a atos extravagantes de luto, como por exemplo, raspar a cabeça, a barba, etc. (Lv 21.1-6; Ez 44.25-27). Os sacerdotes não poderiam manifestar esses sentimentos de lamentações. E o sum sacerdote pior ainda. Ele não podia nem sequer cobrir a sua cabeça (Lv 21.10), coisa que os sacerdotes poderiam fazer quando estavam de luto. O sumo sacerdote era até proibido de rasgar as suas vestes coisa comum a todos os judeus em sinal de lamentação. Os sacerdotes e o sum sacerdote não poderiam ter nenhum defeito físico (Lv 21.16-24). Se a filha de um sacerdote se prostituir tinha que ser queimada (Lv 21.9), geralmente esse tipo de transgressão era punida por apedrejamento (Dt 22.20,21), mas a do sacerdote era queimada. O sumo sacerdote não podia ausentar-se do santuário durante os serviços religiosos (Lv 21.12). Os sacerdotes apenas podiam se casar com mulheres virgens ou viúvas de outros sacerdotes (Lv 21.7; Ez 44.22), 163
porém, o sumo sacerdote só poderia se casar com mulher virgem (Lv 21.1315). Tanto o sumo sacerdote, como os sacerdotes e levitas deveriam manter-se cerimonialmente puros (Lv 22.4-8). Eles não poderiam se apresentar no tabernáculo contaminados. E o que é que contamina? Por exemplo, comer a carne de uma de suas ovelhas cuja morte não soubesse a procedência. Caso comesse, deveriam ficar imundo até ao pôr-do-sol, depois lavaria suas vestes e tomaria um banho. Só, então, ele poderia ir ao tabernáculo. Se eles tivessem relações sexuais com as suas esposas não poderia ir ao tabernáculo ministrar os sacrifícios. Deveria, também, esperar chegar o pôr-do-sol, lavar suas vestes, tomar banho, depois deste ritual de purificação poderiam ir ao tabernáculo. Até mesmo quando os sacerdotes ou o sum sacerdote tinham poluição noturna não poderiam ir ao tabernáculo. Caso tivessem algum contato com algum cadáver seja de pessoa ou de animal se contaminavam. Os sacerdotes deveriam passar dois quilômetros de um cemitério para não se contaminarem. Quando os sacerdotes participavam do velório de sua família, deveriam ficar sete dias em casa para depois ir ao tabernáculo. Vamos analisar alguns detalhes sobre os levitas. Assim escreveu o Pr. Antonio Gilberto: ‘O Senhor separou a tribo de Levi para o serviço no Tabernáculo e para o santo ministério sacerdotal. Os levitas serviam a Deus e auxiliavam os sacerdotes. Assim, todo sacerdote em Israel era levita, mas nem todo levita era sacerdote’ (Lição 11, 1ºTrim/2014).
164
O patriarca Jacó teve doze filhos que se constituíram as doze tribos de Israel. Levi, o terceiro filho de Jacó, foi escolhido e separado para ser uma tribo sacerdotal. Assim Levi não fazia parte das doze tribos, e por isso não tinha herança na terra de Israel. Para completar as doze tribos, Deus escolheu os dois filhos de José, Efraim e Manassés. Levi teve três filhos, Gérson, Coate e Merari cujos descendentes são os gersonitas, os coatitas e os meraritas (Êx 6.16; Nm 26.57). Coate, em sua geração, teve um filho chamado Anrão (Nm 26.58). Esse Anrão foi pai de Moisés e Arão (Êx 6.20; Nm 26.59), e Arão gerou quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (Nm 26.60). Deus escolheu para sacerdotes a família de Arão, por isso são chamados de sacerdotes arônicos (Êx 28.1; 29.29,30). O primogênito de Arão seria o seu sucessor como sumo sacerdote, e os demais seriam sacerdotes. Porém, Nabade, o filho primogênito de Arão, deveria ser o sumo sacerdote, mas por desobediência ele foi executado dentro do tabernáculo como igualmente Abiú, por isso também não pode assumir o cargo no lugar de Nadabe (Lv 10.1-5; Nm 3.4; 26.61; 1º Cr 24.2). Então, Deus escolheu o terceiro filho de Arão, Eleazar, para a linhagem de sumos sacerdotes (Nm 20.25-28; Dt 10.6). Os futuros sumos sacerdotes seriam então os filhos primogênitos (1º Cr 6.3-15,49). Por exemplo, o primogênito de Eleazar foi Finéias, a quem o Senhor prometeu o sacerdócio perpétuo (Nm 25.7-13). E os sacerdotes eram os demais descendentes de Eleazar e os descendentes de Itamar (1º Cr 24.3-5). Os levitas, que auxiliavam os sacerdotes, são aqueles que não eram da família de Arão. Arão e seus filhos são também levitas, pois são da tribo de Levi, mas são levitas sacerdotais. Os demais levitas, isto é, os gersonitas, os coatitas e os meraritas, não são sacerdotes. Eleazar, filho de Arão, serviu como sumo sacerdote na época de Josué, e seu filho Finéias servia na época dos juízes. Devido ao fato de Finéias ter sido zeloso quando os israelitas se prostituíram com as mulheres midianitas, e ele realizou um ato de bravura (Nm 25.7,8), que Deus considerou como um ato de zelo (Nm 25.11), fez com ele um pacto do sacerdócio eterno (Nm 25.12,13). Porém, no livro de 1º Samuel quem aparece como sumo sacerdote é Eli, e Eli não era filho de Finéias, filho de Eleazar. Eli era descendente de Itamar. De uma maneira desconhecida, o sumo sacerdócio foi transferido para a família de Eli. Eli era aquele sumo sacerdote que ministrava em Siló na época que Samuel era criança, seus filhos se chamava Hofni e Finéias. Por causa dos pecados de seus dois filhos, Deus disse que iria arrancar de sua família o sacerdócio (1º Sm 2.27-35). Ainda durante o reinado de Saul a família de Eli continuava no sacerdócio, pois seus trinetos Aías e Aimeleque I, ambos filhos de Aitube, eram sumos sacerdotes (1º Sm 14.2,3; 22.11). Porém, na época do rei Davi havia dois sumos sacerdotes: Zadoque, descendente de Eleazar e Abiatar, 165
filho Aimeleque I, descendente de Itamar (2º Sm 20.25; 1º Rs 4.4; 1º Cr 15.11). Convém dizer que Aimeleque II ou Abimeleque, filho de Abiatar, também ministrava o sacerdócio na época de Davi (2º Sm 8.17; 1º Cr 18.16; 24.3,6). Para não haver confusão quero dizer que o pai de Abiatar se chamava Aimeleque I, filho de Aitube, aquele sacerdote que deu pão consagrado para Davi, e com raiva o rei Saul o executou (1º Sm 21.1-6; 22.18,19). E tendo Abiatar, seu filho, escapado do massacre, fugiu para Davi, e Davi o fez sacerdote (1º Sm 22.20-23; 23.6; 30.7), e posteriormente também a seu filho Aimeleque II ou Abimeleque tornou-se sumo sacerdote (2º Sm 8.17; 1º Cr 16.39; 18.16). Todos eram da família de Eli. Quando Salomão assumiu o governo, depôs do cargo de sumo sacerdote a Abiatar, filho de Aimeleque I, devido ao fato de Abiatar ter apoiado Adonias, irmão de Salomão, no golpe de Estado ao tentar tomar o trono do reino de Davi (1º Rs 1.5-7). Ao fazer isso Salomão cumpriu a profecia proferida contra a família sacerdotal de Eli (1º Rs 2.26; 1º Sm 2.30,31). O rei Salomão confirmou Zadoque como o único sumo sacerdote do seu reino (1º Rs 2.35; 1º Cr 29.22), cumprindo a profecia que diz: ‘suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme...’ (1º Sm 2.35; ver Ez 44.15,16; 48.11). O sumo sacerdote Zadoque era descendente de Eleazar e Finéias, por isso que essa profecia confirma a promessa que Deus fez a Finéias de um sacerdócio perpétuo - Número 25.13 diz: ‘E ele (Finéias), e a sua descendência depois dele, terá a aliança do sacerdócio perpétuo, porquanto teve zelo pelo seu Deus...’. A linhagem sacerdotal de Zadoque permaneceu até o cativeiro babilônico (1º Cr 6.8-15). E depois do cativeiro, na época de Neemias e Esdras, os descendentes de Zadoque continuaram servindo como sumos sacerdotes em cumprimento das profecias de Ezequiel (Ne 11.10,11; Ez 40.46; 43.19). Por que Samuel era sacerdote se ele não era levita? Realmente está escrito: ‘Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de linho’ (1º Sm 2.18). Porém, em lugar nenhum das Escrituras diz que Samuel era sacerdote, mas juiz e profeta (1º Sm 3.20; 7.15). Contudo, não podemos negar que ele servia como sacerdote em Siló (1º Sm 3.1). Samuel era da tribo de Efraim (1º Sm 1.1), portanto, nem sacerdote podia ser, mas devido ao fato de sua mãe, Ana, ter-lhe doado para Eli, e por ser filho adotivo de Eli, tornou-se um sacerdote (1º Sm 1.24-28; 2.11). Porém, Samuel sabia que a família sacerdotal de Eli estava fadada ao fracasso, pois o Senhor lhe tinha revelado (1º Sm 3.11-18). Por que Deus escolheu a tribo de Levi para ser a tribo sacerdotal e os levitas para servir aos sacerdotes? Sabemos que Deus escolheu Arão e seus filhos para o sacerdócio (Êx 28.1), porém, quem deveria servir essa família 166
sacerdotal seriam os primogênitos dos israelitas (Êx 13.2). Pelo fato de Deus tê-los resgatado da destruição no Egito, eles pertenceriam ao Senhor (Nm 3.13). Entretanto, no lugar deles o Senhor escolheu os levitas para servir aos sacerdotes (Nm 3.12). Por que? Uma parte de Israel caiu na idolatria do bezerro de ouro no deserto, porém todos foram culpados porque foram omissos em combater. Quando Moisés desceu do Monte, e desafiou: ‘Quem é do Senhor, venha a mim [e mate o seu irmão idólatra]’. Ninguém teve coragem de se manifestar, a não ser os levitas. E Moisés lhes disse: ‘cada um será contra o seu filho e contra o seu irmão; e isto, para que ele vos conceda hoje uma bênção’. E naquele dia morreu umas três mil pessoas (Êx 32.26-29). A partir daquele momento, Deus concedeu uma bênção a tribo de Levi, escolhendo os levitas para servir aos sacerdotes no tabernáculo no lugar dos primogênitos (Dt 9.16; 10.8-10; Nm 3.41-45; 8.14-19). Os levitas são tomados como sacrifícios vivos, purificados, consagrados e dedicados a Deus para servir no tabernáculo ajudando os sacerdotes (Nm 8.5-11, 21,22). Deveriam servir no tabernáculo da idade de 25 anos até aos 50 anos de idade (Nm 8.23-26). Porém, o sumo sacerdote e os sacerdotes eram vitalícios. Os levitas serviam no pátio, os sacerdotes no altar e no lugar santo e sumo sacerdote servia no altar, no lugar santo e no santíssimo lugar (Nm 18.2-7).
Vamos estudar com mais detalhes as funções dos sacerdotes e levitas. O sumo sacerdote tinha algumas tarefas especiais que só cabia a ele executar. Por exemplo, ele era o único que poderia realizar os sacrifícios de purificação no Dia da Expiação ou Yom Kipur. Isso acontecia uma vez no ano, quando ele entrava no santo dos santos para fazer expiação por si mesmo, por sua família, pelo tabernáculo e por todo o povo de Israel. 167
Haja visto que durante todo o ano, o povo oferecia sacrifícios por seus pecados, então, aqueles pecados eram transferidos simbolicamente para o santuário e assim, ele ficava contaminado. Por isso que no Dia da Expiação, o sumo sacerdote deveria fazer a purificação desses pecados, quer dizer, remover esses pecados do santuário (Lv 16.16-19,32-34). Um novilho deveria ser oferecido para expiação da classe sacerdote (Lv 16.11-14), e depois um bode era sacrificado para fazer a purificação do povo e do santuário (Lv 16.15-19), então, simbolicamente, aqueles pecados que estavam no santuário eram transferidos para o sumo sacerdote (Nm 18.1). O sumo sacerdote, então, colocava suas mãos sobre o outro bode, o bode emissário ou azazel, e transferia para ele todos os pecados dos filhos de Israel, e então, o bode emissário era solto no deserto para ser destruído e com ele os pecados. E assim o santuário e Israel estavam purificados (Lv 16.20-22,30). Outra tarefa exclusiva do sumo sacerdote era receber os dízimos dos dízimos dos levitas para distribuir entre os sacerdotes (Nm 18.26-29). Era o supervisor geral de todo tabernáculo e do trabalho exercido pelos sacerdotes e era também o presidente do Sinédrio.
Os sacerdotes realizavam todos os sacrifícios (Lv 1-6), cuidavam de questões sobre alimentos puros e impuros (Lv 13-14). Eram os guardiões e mestres dos documentos e das tradições sagradas e ritos sagrados. Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição sobre a mesa a cada sábado (Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham o fogo sempre aceso no altar dos holocaustos (Lv 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (vss. 10,11); ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); fabricavam o 168
azeite para as lâmpadas, o incenso aromático e o azeite da unção; abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais; inspecionavam os imundos quanto à lepra e as casas, outros objetos quanto ao mofo e mulheres acusadas de adultério pelo marido (Nm 5.15; 6.22 ss. e caps. 13 e 14); faziam a purificação dos cerimonialmente contaminados; eram os mestres da lei e agiam como juízes (Dt 17.8 ss.; 19.17; 21.5). Eram responsáveis pela montagem e desmontagem dos objetos do tabernáculo (Nm 4.5-14). Essas informações foram extraídas do livro O Antigo Testamento Interpretado - Vol. 1, de Russell Norman Champlin.
Os levitas eram responsáveis em preservar, copiar e interpretar a lei; preparar os animais para os sacrifícios, fazer os pães da proposição e os bolos para ofertas de cereais, manter vigilância para que nenhum imundo se aproximasse, realizar trabalhos manuais e pesados no tabernáculo, cuidar da limpeza do tabernáculo e dos vasos sagrados; manter o recinto do tabernáculo em boa ordem. Fazer o transporte dos objetos do tabernáculo (coatitas) e desmontar, transportar e montar o tabernáculo e o pátio (gersonitas e meraritas) – Nm 4.15-33. Agir como assistentes e servos dos sacerdotes. Eram escalados para porteiros, tesoureiros e músicos. Essas informações foram extraídas do livro O Antigo Testamento Interpretado Vol. 1, de Russell Norman Champlin.
169
O tabernáculo era o centro do culto, por isso que as doze tribos de Israel se organizavam em torno do tabernáculo. Vejamos um gráfico.
O Senhor disse: ‘E me farão um santuário, e habitarei no meio deles’ (Êx 25.8; 29.45). Note que os levitas ficavam mais próximos do tabernáculo como guardiões. Isso significa que os levitas não permitiam ninguém se aproximar para oferecer sacrifícios sem antes passar por eles. 170
Pois eles eram responsáveis de examinar a pessoa para ver se ela estava em condições de se aproximar do altar – ‘os levitas armarão as suas tendas ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos filhos de Israel, pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo do testemunho’ (Nm 1.49-53). O sumo sacerdote e os sacerdotes armavam suas tendas em enfrente do tabernáculo (Nm 3.38). E as tribos de Israel acampavam ao redor dos levitas e do tabernáculo – ‘E os filhos de Israel armarão as suas tendas, cada um no seu esquadrão, e cada um junto à sua bandeira, segundo os seus exércitos... segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, defronte da tenda da congregação’ (Nm 1.52; 2.2). As tribos de Judá, Issacar e Zebulom se acampavam no lado leste ou oriente do tabernáculo, isto é, na frente (Nm 2.3-9); no lado oeste ou ocidente, se posicionava as tribos de Efraim, Manassés e Benjamim, isto é, na parte de trás do tabernáculo (Nm 2.18-24); no norte, ficavam as tribos Dã, Aser e Naftali (Nm 2.25-31) e no sul, Rúben, Simeão e Gade (Nm 2.1016). Quando as tribos marchavam em sua peregrinação no deserto seguiam em ordem, e não de qualquer jeito. Primeiramente partiam as tribos que ficavam no leste (Nm 10.14-16), e depois os levitas gersonitas, que armavam as suas tendas atrás do tabernáculo ao ocidente, partiam, levando as cobertas e as cortinas do tabernáculo em carroças de bois (Nm 3.23,25,26; 4.24-28; 7.6). E, então, os levitas meraritas, que armavam as suas tendas ao lado norte do tabernáculo, partiam logo após, levando a estrutura do tabernáculo em carroças de bois, tais como: as tábuas, as bases, as colunas, as travessas, as estacas e etc. (Nm 3.36,37; 4.31-33; 7.7; 10.17). Depois partiam as tribos do sul (Nm 10.18-20), em seguida, os coatitas, que armavam as suas tendas ao lado sul do tabernáculo, partiam, conduzindo os objetos mais sagrados do santuário, que eram carregados nos seus ombros, tais como: o altar do incenso, o castiçal de ouro, a mesa da preposição e a arca da aliança (Nm 3.29,31; Nm 4.4,15; 7.9; 10.21). E por último partiam as tribos do ocidente (Nm 10.22-24) e as tribos do norte (Nm 10.2527). Números 2.17: ‘Então partirá a tenda da congregação com o exército dos levitas no meio dos exércitos’ e Números 1.51: ‘E, quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e, quando o tabernáculo se houver de assentar no arraial, os levitas o armarão’. 171
Vamos tratar um pouco sobre o sustento dos sacerdotes e das ofertas para os sacrifícios. Os sacerdotes e levitas realizam um serviço de tempo integral no tabernáculo, por isso era obrigação das tribos sustenta-los. Esse sustento provinha das primícias, sacríficos, ofertas e dízimos que os israelitas traziam para o santuário. E também as tribos doaram para os levitas cidades já que eles não receberam herança em Israel. As oferendas consistiam em duas categorias: as coisas santas e as coisas santíssimas. As coisas santas eram: ofertas movidas, os primogênitos dos animais, as primícias do azeite, do vinho, do trigo e do sacrifício pascal (Lv 23.20; Num. 6.20; 18.8-19). As ofertas santas podiam ser comidas parcial ou inteiramente, em qualquer lugar, pelos sacerdotes oficiantes e seus familiares. Em algumas ofertas as porções eram dividas em: partes sacrificadas a Deus, outras partes pertenciam aos sacerdotes e seus familiares e outras partes era do ofertante. Em outras ofertas, o sangue era aspergido sobre o altar, a gordura queimada e a carne dada ao sacerdote como alimento. Os holocaustos eram todo consumidos no fogo do altar, apenas o couro era do sacerdote oficiante, servia para fazer odres, bolsas, sandálias e etc. As coisas santíssimas eram: as ofertas de incenso, os pães da proposição, as ofertas pelo pecado e pela transgressão (Êx 30.26; Lv 6.2528; 24.9; 7.1,6; 14.13) e as ofertas de manjares. Essas oferendas só podiam ser comidas no pátio do santuário, e somente pelos sacerdotes. As primícias, que eram dez porcento de tudo quanto o israelita produzia tanto na plantação como na criação de gado (Dt 18.4), era levado para o tabernáculo na época da festa de pentecostes. Dessas primícias, o sacerdote ofertava uma parte no altar, o restante era movido diante de Deus e servia para o alimento do sacerdote e sua família. Os dízimos (Lv 27.30-33) eram divididos em três categorias: Primeiro, o dízimo para custear as festas anuais (Dt 14.22-26). Israel realizava três festas anuais: a festa da páscoa comemorada em março/abril, a festa de pentecostes, comemorada em maio/junho e festa dos tabernáculos comemorada em outubro. Nesse mês também era realizada o Dia da Expiação. Os israelitas utilizavam esse dízimo para bancar tanto a sua viagem à Jerusalém como seu sustento durante os dias das festas, e o sustento dos levitas. Leiamos Deuteronômio 14.24-26: ‘E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa’. 172
Esse dízimo não poderia ser comido em qualquer lugar, mas apenas no local onde estava o tabernáculo ou o templo (Dt 12.11,12,16,17-18). O segundo dízimo era o dízimo trianual que os israelitas davam de três em três anos como herança para o sustento dos levitas. Era entregue aos levitas em suas próprias cidades. O estrangeiro, e o órfão, e a viúva também comiam desse dízimo (Nm 18.21; Dt 14.27-29; 26.12-15). O terceiro é os dízimos dos dízimos que os levitas davam para o sustento dos sacerdotes. Era chamada de oferta alçada e representava a parte que pertencia ao Senhor. E o sacerdote podia comer em qualquer lugar com a sua família, porque esse era o galardão dado ao sacerdote pelo seu ministério na tenda da congregação (Nm 18.25-32; Ne 10.37,38). Os sacerdotes precisavam de dinheiro, pois a vida não se constituía apenas de comidas e bebidas. Esse dinheiro vinha dos impostos dos censos e dos resgates em dinheiro (Êx 30.11-16; Nm 18.16). Onde era a moradia dos sacerdotes e levitas se eles não receberam território como herança? Deus ordenou que os israelitas desses aos levitas 48 cidades distribuídas em todo território da Palestina. Dessas 48 cidades, seis seriam as cidades de refúgio. Três cidades ficavam no lado leste do Jordão, e as outras três do lado oeste. Essas cidades de refúgio serviam de asilo para pessoas que cometiam homicídios acidentalmente. Então, o seu caso era julgado pelo sacerdote da cidade, se realmente fosse inocente permanecia na cidade até a morte do sumo sacerdote, mas se fosse culpado, era entregue para ser apedrejado (Nm 35.2-29; Js 20.2-42; 1º Cr 6.57-81).
173
Falarei agora sobre a vestimenta sacerdotal. Leiamos Levítico 8.6-9: ‘E Moisés fez chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água. E vestiulhe a túnica, e cingiu-o com o cinto, e pôs sobre ele o manto [azul]; também pôs sobre ele o éfode, e cingiu-o com o cinto de obra esmerada do éfode e o apertou com ele. Depois pôs-lhe o peitoral, pondo no peitoral o Urim e o Tumim; E pôs a mitra sobre a sua cabeça; e sobre esta, na parte dianteira, pôs a lâmina de ouro, a coroa da santidade, como o Senhor ordenara a Moisés’. Citarei os comentários do Dr. Antonio Gilberto sobre as vestes do sumo sacerdote (Êx 28.4-32): ‘As vestes do sacerdote deveriam ser santas (Êx 28.3). Eles não poderiam se apresentar diante do Senhor de qualquer maneira. O linho fino apontava para a pureza, perfeição e justiça de Cristo, nosso sacerdote. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o éfode era um tipo esmerado de avental bordado, unido nos ombros e ligados por uma faixa na cintura”. No éfode havia duas pedras de ônix com os nomes das doze tribos. Arão deveria levar e apresentar diante de Deus as doze tribos de Israel. Cristo carregou sobre si os nossos pecados e os apresentou diante do Pai (1º Co 15.3). Sobre o éfode estava o peitoral contendo doze pedras preciosas com os nomes dos doze filhos de Israel. Esta peça ficava sobre o coração de Arão — o sumo sacerdote (Êx 28.15,17,21,29). O Urim e Tumim (Êx 28.30). Eram pedras que os sacerdotes utilizavam na hora de tomar decisões. Eles deveriam carregar estas peças junto ao coração, mostrando a importância delas. Isso nos mostra que nossas decisões devem ser tomadas de acordo com a Palavra de Deus’. No manto azul do sumo sacerdote havia uns sininhos que deveriam estar tocando durante o tempo que ele estivesse ministrando no santo dos santos. Se os sinos parassem de tocar, o sumo sacerdote era fulminado diante da presença de Deus, por isso que ele não poderia deixar de se movimentar. Durante esse tempo, o povo ficava em total silêncio para puder ouvir os sinos, pois eram o som dos sinos que dava prova que Deus estava aceitando a face do sacerdote no lugar do povo (Êx 28.33-35; 39.24-26). ‘No éfode havia duas pedras de ônix com os nomes das doze tribos’ que representavam as ‘pedras de memória para os filhos de Israel; e Arão levará os seus nomes sobre ambos os seus ombros, para memória diante do Senhor’ (Êx 28.12).
174
Urim e Tumim, que significa luz e perfeição, eram duas pedras preciosas que o sumo sacerdote usava dentro do peitoral do juízo, algo parecido com uma bolsa, para tomar decisões. Ao lançar as pedras, se elas brilhassem a resposta era sim, se não brilhassem a resposta era não, e se uma brilhar e a outra não brilhar significa que não houve nenhuma resposta (Lv 8.8; Nm 27.21; 1º Sm 28.6; Ed 2.63; Ne 7.65). O peitoral era unido ao éfode por um cordão azul conforme está escrito em Êxodo 28.28: ‘E ligarão o peitoral, com os seus anéis, aos anéis do éfode por cima, com um cordão de azul, para que esteja sobre o cinto de obra esmerada do éfode; e nunca se separará o peitoral do éfode’. Por isso que em alguns textos quando o Urim e Tumim, que estava dentro do peitoral, era consultado aparece o éfode e ficava guardado no tabernáculo. Lede 1º Sm 2.28; 14.3; 21.9; 23.6,9; 30.7,8). Havia também uma mitra de linho fino, algo semelhante a um turbante ou um gorro, que o sumo sacerdote usava na cabeça, e preso à mitra com um cordão azul havia uma lâmina de ouro onde estava gravado ‘Santidade ao Senhor’ significando que o sumo sacerdote levava ‘a iniquidade das coisas santas, que os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas santas; e estava continuamente na sua testa, para que tenham aceitação perante o Senhor’ (Êx 28.36-38; 29.6; Êx 39.30,31; Lv 8.9). E nos pés parece que não usava nada, ministrando descalço no tabernáculo, representando que o lugar é santo (Êx 3.5; Js 5.15; Ec 5.1). Sem esquecer que havia um calção de linho usado por baixo das vestes santas que iam dos lombos até as coxas. Tanto o sumo sacerdote como os sacerdotes usavam esses calções quando ‘entrasse na tenda da congregação, ou quando chegassem ao altar para ministrar no santuário, para que não levem iniquidade e morram’ (Êx 28.42,43; 39.28; Lv 16.4; Ez 44.18). As vestes dos sacerdotes eram mais simples: um manto branco de linho, um cinto bordado e um turbante ou gorro (Êx 28.40-43; Lv 8.13), e depois, passaram a usar também um éfode ou avental de linho (1º Sm 22.18). 175
Para concluir essa palestra quero falar um pouco sobre o sacerdócio de Cristo e dos cristãos. O sacerdócio de Cristo não era da linhagem de Levi, mas da linhagem de Melquisedeque, e substituiu o sacerdócio levítico. E, ‘mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei’ (Hb 7.12). Por isso que Cristo aboliu o tabernáculo mosaico, os sacrifícios de animais, as ofertas de manjares, as festas judaicas, os sábados cerimonias, os dízimos levíticos, a circuncisão da carne, a casta sacerdotal e as leis cerimoniais. Sendo o próprio Cristo o sum sacerdote, o sacrifício e o altar. Muito embora Cristo tenha anulado o sacerdócio levítico como sistema de salvação, contudo, não eliminou a cultural judaica. Isso significa que o judeu que se converte ao Messias pode continuar com sua identidade judaica como praticando a circuncisão, celebrando as festas judaicas como memória da história de Israel e guardando o sábado como sinal entre Deus e Israel. Na ordem de Melquisedeque não há uma classe sacerdotal, significando que todos os cristãos são sacerdotes de Cristo, o nosso sumo sacerdote (Ap 1.5,6). Porém, dentre esses sacerdotes, Cristo, escolheu alguns para serem líderes da congregação que são os pastores e presbíteros. Todos os cristãos têm livre acesso ao trono da graça de Deus sem precisar de mediação de algum sistema religioso, de denominação evangélica, de líderes espirituais como papas, padres, pastores, gurus, profetas, ungidos, iluminados, mestres, espíritos, anjos e de ninguém. O cristão se dirige diretamente a Deus por intermédio de Cristo. Todavia, somos sacerdotes uns dos outros, e assim oramos uns pelos outros, ministramos a palavra uns aos outros, servimos uns aos outros, ajudamos uns aos outros, perdoamos uns aos outros e amamos uns aos outros (Jo 13.14; Rm 12.10; 15.7,14; Ef 4.32; 5.21; Gl 6.2; 5.13; Cl 3.13; 3.16; 1ª Ts 4.9,18; 5.11; Hb 3.13; 10.24,25; Tg 5.16; 1ª Pe 1.22; 5.5,14; 1ª Jo 4.11). Os sacerdotes de Cristo não se contaminam por causa de alimentos, pessoas doentes ou por participar de algum velório, mas tem que manter suas consciências boas e limpas diante de Deus e dos homens (Mc 7.18-23; At 24.16; 1ª Tm 1.5; 3.9; 2ª Tm 1.3). Os sacerdotes de Cristo não usam roupas santas, porém, seguem os princípios de pudor e modéstia em suas vestes. Pois as nossas roupas são espirituais e diz respeita as nossas obras de justiça, santidade e pureza de caráter. Nossas calças não são santas, nem nossos paletós e gravatas; as saias e os vestidos das irmãs não são santas. São roupas seculares usadas por qualquer pessoa. Porém em cada cultura, nos vestimos com pudor e modéstia, sem sexualidade e extravagância (1ª Tm 2.9,10; Ap 16.15). 176
Os sacerdotes de Cristo ministram no tabernáculo espiritual, que é a Igreja. Seus sacrifícios são suas vidas, seus cultos e seus serviços dedicados a Deus (2ª Co 6.16-18; Rm 12.1; 1ª Pe 2.5; Hb 13.15,16). Os sacerdotes de Cristo não recebem e nem dão o dízimo levítico, mas o dízimo de Melquisedeque, contudo, não são sustentados por esse dízimo, mas o utiliza para promover a obra do Reino, pagar o salário dos ministros de tempo integral, manter suas instituições e patrimônios e ajudar os necessitados e doentes (Hb 7.5-10; 13.10; 1ª Tm 5.17,18; Ef 4.28; At 20.35). Os sacerdotes de Cristo não obedecem a Lei como código penal de regras para serem justos e salvos, mas como fruto da justiça e do amor de Deus produzido num coração justificado, regenerado e santificado, onde a lei de Deus foi inscrita pelo Espírito de Deus (Hb 10.15,16; Rm 7.4-5; 8.4; 13.8-10; 2ª Co 3.3.6).
Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém Em 23 de Março de 2014 Sobre a Consagração dos Sacerdotes
Quero palestrar sobre a consagração dos sacerdotes da antiga aliança, e fazer uma aplicação à nossa consagração como sacerdotes de Cristo. Já vimos em nossas palestras anteriores que o Senhor Jesus eliminou o sacerdócio levítico e estabeleceu para todo sempre o sacerdócio de Melquisedeque. E nós que não pertencemos a tribo de Levi, mas fomos chamados por Cristo pertencemos ao sacerdócio de Melquisedeque, e sabemos que esse sacerdócio é eterno, não terá jamais fim e nunca passará. Leiamos Apocalipse 1.5,6: ‘E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém’. E 1ª Pedro 2.9: ‘Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz’. Na nação de Israel, o sacerdócio e a realeza eram separados. A tribo de Levi era responsável pelo sacerdócio e a tribo de Judá foi escolhida para o reinado. Porém, no sacerdócio de Melquisedeque não há essa divisão, pois ele tanto era rei como sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14,18; Hb 7.1,2). Então, Cristo é Rei e Sumo Sacerdote, e assim, também conosco. Somos tanto reis como também sacerdotes. 177
Havia seis passos na consagração dos sacerdotes que fazem referências à nossa consagração como sacerdotes na nova aliança. Primeiro, a lavagem com água que se refere a nossa regeneração; segundo, a investidura das vestes sagradas que fala da justificação e santificação; terceiro, a unção com azeite que aponta para o batismo com o Espírito Santo; quarto, o sacrifício de posse que se aplica a dedicação ao serviço cristão; quinto, o ato da consagração que diz respeito a entrega total ao Senhor; e sexto e último passo, a oferta movida que fala do alimento da palavra de Deus. A lavagem com água nos sacerdotes era realizada na pia de bronze. Essa lavagem representa a regeneração produzida pelo Espírito e pela Palavra simbolizada na água do batismo. O batismo nas águas é símbolo que representa a regeneração, o novo nascimento. As águas batismais representam o Espírito e a Palavra que produzem a nossa purificação e regeneração. Leiamos Ezequiel 36.25-27: ‘Aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; e dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis’. Essa profecia se refere a futura purificação que Deus fará nos israelitas para servissem a Deus em novidade de espírito. Foi exatamente desse novo nascimento, a transformação interior, que Cristo falou à Nicodemos para que ele pudesse participar do Reino de Deus (Jo 3.5,6). Isso significa que para que os israelitas fizessem parte do novo Israel de Deus, a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, deveriam nascer da água (Palavra) e do Espírito (1ª Pe 2.9), e igualmente os gentios para terem parte nesse sacerdócio eterno e ministrar diante de Deus terão que passar por essa lavagem espiritual produzida pelo Espírito de Deus e pela Palavra de Deus. Leiamos alguns textos que falam dessa lavagem espiritual. Hebreus 10.22: ‘... tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa’ – Tito 3.5: ‘nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo’ – Efésios 5.26: ‘purificando-o com a lavagem da água, pela palavra’ - 1ª Pedro 1.23: ‘Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre’. Depois que os sacerdotes eram lavados na água deveriam receber vestes santas. Falamos dessas vestes sagradas em nossa palestra anterior. A veste do sumo sacerdote era mais incrementada: A túnica de linho (Êx 28.39), o cinto interior (Ex 28.39), o manto azul (Ex 28.31), a estola (Ex 28.6), o cinto de obra esmerada (Ex 28.8), o peitoral (Ex 28.15), o Urim e o Tumim (Ex 28.30), a mitra ou turbante (Ex 28.37) e a lamina de ouro, na parte frontal da mitra (Ex 28.36). E as vestes dos sacerdotes, filhos de Arão, eram mais simples: túnica de linho, cinto de linho e um turbante (Êx 28.40). 178
As vestes do sumo sacerdote apontam para Cristo, nosso Sumo Sacerdote (Ap 1.13-15), e as vestes dos sacerdotes diz respeito a nós que somos sacerdotes de Cristo (Ap 3.5; Ap 7.9,13,14). As vestes dos sacerdotes eram santas e feitas de linho fino e apontam para nossa justificação e santificação em Cristo. O ‘linho fino’ faz referência ‘as justiças dos santos’ (Ap 19.8). Leiamos Salmos 132.9: ‘Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e alegrem-se os teus santos’. O profeta Isaías disse: ‘Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia’ (Is 64.6). Para que pudéssemos ministrar diante de Deus teríamos que ter justiça, e a justiça era adquirida em guardar e preservar a lei, mas como é impossível torna-nos justos por intermédio da lei, temos que adquirir justiça por intermédio de Cristo. Portanto, somos vestidos da justiça de Cristo. Por isso que Paulo disse: ‘Cristo se fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus’ (2ª Co 5.21). A doutrina da justificação pela fé em Cristo é muito abordada nas cartas de Paulo, principalmente em Romanos. Romanos 4 e 5 nos mostra que a justiça de Cristo nos foi imputada pela fé, por isso é chamada de ‘justiça da fé’ (Rm 4.13) e ‘dom da justiça’ (Rm 5.17). O cristão para ser justificado diante de Deus não precisa praticar as obras da lei (Rm 3.20), mas é justificado quando crer em Jesus Cristo (At 13.39), pois a justiça de Jesus é depositada, imputada, na vida daquele que tem fé em Cristo (Rm 3.28; Gl 2.16). A nossa fé é como se fosse uma obra de justiça, assim está escrito: ‘...a sua fé lhe é imputada como justiça’ (Rm 4.5) e ‘o justo viverá pela sua fé’ (Hc 2.4). A nossa justiça ‘vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé’ (Fp 3.9). Por isso que ‘Cristo ressuscitou para nossa justificação’ (Rm 4.25). Leiamos Apocalipse 7.13,14: ‘Quem são estes que estão vestidos de vestes brancas? ...Estes são os que lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro’. E Apocalipse 19.8: ‘E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos’. E ainda Romanos 3.24: ‘fomos justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus’. Romanos 5.1: ‘fomos justificados pela fé [em Cristo]’. Romanos 5.9: ‘fomos justificados pelo seu sangue’; 1ª Coríntios 6.11: ‘fomos justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus’. E por último, Romanos 6.18,19: ‘fomos feitos servos da justiça... para servir a justiça para santificação’ Para que pudéssemos servir como sacerdotes tínhamos que ser justificados por Deus por intermédio de Cristo, pois com as nossas justiças, nossos trapos de imundícias, nossas vestes imundas, não tínhamos condições de nos aproximar de Deus para ministrar diante do seu altar. 179
As vestes santas dos sacerdotes também representam a nossa santificação. 1ª Coríntios 1.2 diz: ‘fomos santificados em Cristo Jesus’; e 1ª Coríntios 6.11: ‘fomos santificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus’. E ainda Hebreus 10.10: ‘fomos santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez’. E por último, Hebreus 10.29: ‘fomos santificados pelo sangue da nova aliança’ e Judas 1.1: ‘fomos santificados em Deus Pai’. Essa santificação é uma santificação inicial, pois para que pudéssemos praticar obras santas tínhamos que primeiro ser santificados se referindo a uma limpeza ou purificação moral (Ef 5.26; Tt 2.14; Hb 9.14; 1ª Jo 1.7). Essa obra de santificação inicial não depende de nenhum ato produzido por nós, mas unicamente do ato realizado por Cristo, e recebemos, simplesmente, essa santidade dele através da fé nele, e assim nos tornamos santos. Essa santidade inicial é a santidade posicional do crente que se refere a nossa posição diante Deus ‘santificados em Cristo Jesus’ (1ª Co 1.2; At 26.18), e temos, também a santidade condicional que se refere a conduta do crente quando refletimos em nossas práticas a santidade que recebemos de Cristo (1ª Pe 1.15; Lv 20.7). Tanto a santificação como a justificação precisam refletir em nossa conduta, e assim, aquele que foi justificado pratique a justiça (1ª Jo 3.7). Diz Apocalipse 22.11: ‘...quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda’. Temos que ser pessoas justas e santas. Os sacerdotes eram ungidos com azeite sagrado. Leiamos Êxodo 29.7: ‘E tomarás o azeite da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça; assim o ungirás’. E também Êxodo 30.30,31: ‘Também ungirás a Arão e seus filhos, e os santificarás para me administrarem o sacerdócio. E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Este me será o azeite da santa unção nas vossas gerações’. E ainda Êxodo 40.13-15: ‘E vestirás a Arão as vestes santas, e o ungirás, e o santificarás, para que me administre o sacerdócio. Também farás chegar a seus filhos, e lhes vestirás as túnicas, e os ungirás como ungiste a seu pai, para que me administrem o sacerdócio, e a sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo nas suas gerações’. A unção com azeite simboliza a obra do Espírito Santo na vida do crente. 1ª João 2.20 diz que cada crente tem ‘a unção do Santo’ e 2ª Coríntios 1.21 diz que foi Deus quem nos ungiu. Essa unção é o derramamento do Espírito sobre cada crente capacitando-o para o ministério e o serviço cristão. Cada cristão é ungido! Quer dizer, todos são capacitados para desempenharem os serviços na igreja. Esse derramamento do Espírito é caracterizado por várias manifestações, em outras palavras, a unção do Espírito sobre a igreja se manifesta em várias operações espirituais, tais como: o batismo com o Espírito Santo, as diversidades de dons espirituais distribuídos a cada um, as 180
operações de milagres e prodígios, os exorcismos de demônios e o poder para pregar o evangelho com ousadia. Essas são algumas manifestações do Espírito que é dada a cada um no que for útil. O Espírito, também, separa individualmente alguns crentes para ministérios específicos, que são pastores, evangelistas, missionários, pregadores, mestres, presbíteros e diáconos. Esses cristãos recebem uma chamada específica para servirem os santos. Assim como o sacerdote da antiga aliança tinha que manter o fogo sempre aceso sobre o altar (Lv 6.12,13), assim também, o sacerdote cristão não pode apagar o Espírito que está sobre ele (1ª Ts 5.19), mas manter-se aceso constantemente o fogo do Espírito. Conforme Paulo disse: ‘enchei-vos do Espírito’ (Ef 5.18). O cristão tem que buscar a Deus, se consagrar, se preparar para estar à disposição do Senhor para quando Ele chamar para realizar as funções que Deus determinou para cada pessoa no corpo de Cristo (2ª Tm 2.21; 1ª Co 12.18,27,28). Paulo disse para Timóteo: ‘...despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos’ (2ª Tm 1.6). É possível por causa do esfriamento do fervor espiritual, o crente adormecer nele o dom de Deus, enterrar o talento, e por causa disso poderá prestar contas pelo dom que negligenciou (Mt 25.19,24-29; Lc 19.13,21,22; Ef 5.14). A obra do Espírito também se constitui em habitar no crente para o testemunho interior e a iluminação espiritual. 1ª Coríntios 12.13 diz que ‘todos temos bebido de um só Espírito’ e 2ª Coríntios 3, Paulo disse que nós servimos em um ministério glorioso e vivificador do Espírito, e não na letra morta (2ª Co 3.6,7). E em Romanos 8.15 diz que recebemos o Espírito de adoção que nos transforma em filhos de Deus. 1ª Coríntios 12.13 diz: ‘fomos batizados em só Espírito, formando um corpo’ que é a Igreja. E esse corpo foi selado com o Espírito Santo para o Dia da Redenção (Ef 1.13; 4.30) e que recebemos o penhor do Espírito que é a nossa garantia de ressurreição e herança no Reino de Deus (Ef 1.14; 2ª Co 5.4,5). E também está escrito que o Espírito nos ajuda em nossas fraquezas intercedendo por nós, e que o Espírito mortificada em nós as obras da carne para que o cristão não se entregue aos seus desejos pecaminosos (Rm 8.13,26). Meus irmãos, o cristão para poder viver uma vida santa, consagrada, espiritual e dedicada a Deus precisa da obra do Espírito agindo nele, e se ele negligenciar a busca do Espírito, essa obra também será prejudicada. Para que o cristão possa desenvolver a sua ‘salvação com temor e tremor’ (Fp 2.12), tem que voar nas asas do Espírito e se encher do Espírito Santo de Deus. Pois está escrito: ‘se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele’ (Rm 8.9). 181
A salvação importa ter o Espírito de Cristo em nós, pois só serão ressuscitados para a vida eterna aqueles que tem o Espírito Santo. Nem todos têm o Espírito, pois tornaram-se apenas membros da instituição evangélica, mas não nasceram de novo. Esses tipos de crentes ‘não têm o Espírito’ diz Judas (v.19). A verdadeira conversão parte de um coração arrependido e contrito, mas se a pessoa torna-se evangélica com medo da morte, da guerra, do inferno, por remorso ou para melhorar de vida, não houve um arrependimento verdadeiro. Esse tipo de pessoa frequenta a igreja, se batiza, mas não nasceram de novo. Outro passo na consagração do sacerdote para servir no tabernáculo era os sacrifícios. Tinha que oferecer, primeiramente, sacrifício por seus pecados, e depois oferecer o holocausto que era um sacrifício totalmente queimado no altar. A palavra ‘holocausto’ é um termo grego formado por duas palavras ‘holo’ (todo) e ‘causto’ (queimado). E, então oferecia um outro sacrifício como oferta movida perante o Senhor (Êx 29.10-27). O sacrifício pelos pecados é a expiação de Cristo por nós que nos possibilitou em nos tornar sacerdotes para Deus e seu Pai (Ap 1.5,6), e o holocausto representa a entrega total do sacerdote ao seu serviço, que também representa a nossa entrega total ao Senhor. Não podemos expiar os nossos próprios pecados através de alguma oferenda, alguém tem que expiar os nossos pecados por nós, e essa pessoa foi Cristo. Cristo expiou por nós os nossos pecados por meio do seu sangue. Porém, o holocausto não é um sacrifício de expiação, mas de devoção e dedicação a Deus. Como sacerdotes de Cristo temos que nos oferecer totalmente ao Senhor, sem reservas. A nossa vida tem que ser um sacrifício totalmente queimado no altar de Deus. Uma dedicação extrema ao Senhor, sem questionamentos. Não podemos servir ao Senhor com meio termo, coxeando em dois pensamentos. Devemos nos entregar a Deus por completo, corpo, alma e espírito, que é o nosso amor integral, como está escrito: ‘Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças’ (Dt 6.5). Então, é uma entrega radical e total ao Senhor. Romanos 12.1 diz: ‘apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus’. E Romanos 12.11: ‘sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor’. O cristão tem que deixar sempre esse fervor queimar sobre sua vida, não pode deixar arrefecer o fogo do fervor e do zelo por Deus, mas servi-lo constantemente. Tem que ser um piedoso, e não um religioso. A diferença entre um piedoso e um religioso é porque um religioso só presta serviço a Deus quando está em sua instituição religiosa, quando veste suas roupas religiosas, quando participa de suas cerimônias religiosas, mas o piedoso 182
serve a Deus constantemente a onde ele estiver, a sua vida é um culto racional a Deus. Seja no trabalho, no colégio, na igreja, na sua casa, na rua, sua vida é dedicada e consagrada a Deus. É um culto que queima constantemente sobre o altar do Senhor. E ainda 2ª Timóteo 2.15: ‘Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade’. Ora se há uma exigência de entrega total ao Senhor para todos os cristãos quanto mais para aqueles que são obreiros. A exigência é maior ainda. Pois pesa sobre o obreiro maior responsabilidade do que em um cristão comum. O Senhor entregou a ele o cuidado por uma determinada área no corpo de Cristo. O próximo passo é a conclusão da consagração do sacerdote para o ministério. Vimos que os sacerdotes foram lavados, vestiram as roupas santas, foram ungidos, realizaram um sacrifício de expiação e ofertaram um holocausto, e agora, o último passo é a conclusão final da sua consagração para o serviço. No sacrifício de expiação, os sacerdotes ofertaram um bezerro, e depois um carneiro para o holocausto, e agora, irão oferta mais um carneiro para a conclusão da consagração, por isso que é chamado de ‘carneiro das consagrações’ (Êx 29.19-35). Leiamos Êxodo 29.19,20: ‘Depois tomarás o outro carneiro, e Arão e seus filhos porão as suas mãos sobre a sua cabeça; E imolarás o carneiro e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Arão, e sobre as pontas das orelhas direitas de seus filhos, como também sobre os dedos polegares das suas mãos direitas, e sobre os dedos polegares dos seus pés direitos; e o restante do sangue espalharás sobre o altar ao redor’. Esse ritual representa a consagração total do sacerdote. O cristão, também, tem que ser uma pessoa totalmente consagrada a Deus: A unção do sangue na ponta da orelha direita significa que o sacerdote cristão deve estar disposto a ouvir tudo quanto Deus lhe ordena, a fim de cumprir Suas ordens. A unção no polegar da sua mão direita significa que o sacerdote cristão deve estar preparado para fazer tudo quanto Deus lhe ordena, visto que as mãos são o instrumento de ação. O polegar do seu pé direito, significa que sacerdote cristão deve andar pelos caminhos de Deus, isto é, obedecer as suas leis. Ouvir direito, fazer direito e obedecer direito! Em Hebreus 10.8,9 parece que diz: ‘Sacrifício e oferta... não quiseste, mas... Eis me aqui, para fazer, ó Deus, a tua vontade’. Do carneiro das consagrações, o sangue, além de ungir os sacerdotes, deveria ser derramado sobre as pontas do altar e na base do altar. Os israelitas eram proibidos de comer sangue, pois, o sangue é vida, e a vida deveria ser devotada a Deus no altar (Lv 17.10-17). E também a gordura do 183
carneiro tinha que ser totalmente queimada no altar. A gordura representa os desejos pecaminosos que tem que ser consumidos no altar da santidade. Êxodo 29.13: ‘Também tomarás toda a gordura que cobre as entranhas, e o redenho de sobre o fígado, e ambos os rins, e a gordura que houver neles, e queimá-los-ás sobre o altar’. Quem resiste uma bisteca! O sacerdote tinha que comer a carne sem gordura, pois ‘toda a gordura será do Senhor’ (Lv 3.16,17; 7.23-27). Porém, os filhos de Eli comiam a gordura, que pertenciam a Deus, junto com a carne do sacrifício. E isso era mal aos olhos do Senhor (1º Sm 2.1217), pois o sacerdote tinha que tirar, com toda delicadeza, toda a gordura (Lv 4.8-1). Então, os sacerdotes colocavam em suas mãos toda a gordura e as entranhas do carneiro das consagrações junto com uma oferta de manjares que era composta de ‘um pão, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão do cesto dos pães ázimos’ moviam perante o Senhor, depois queimava tudo no altar (Êx 29.22-25), porém, o peito e a coxa do carneiro eram movidos perante o Senhor, e dados como alimento aos sacerdotes (Êx 29.26-28). Quer dizer, o Senhor dava o filé mion para o sacerdote comer. No holocausto, toda a carne do animal era queimada no altar, apenas o couro era dado ao sacerdote que servia para fazer sapato, bolsa, etc. (Lv 7.8); nos sacrifícios para expiar os pecados, o sangue era derramado no altar e a gordura e as entranhas eram queimadas no altar, e o resto do animal era levado para fora do acampamento e queimado em um lugar limpo (Lv 9.811; Lv 4.7-12). Agora, nas ofertas movidas, o sacerdote derramava o sangue, queimava as gorduras e algumas partes do animal, mas o peito e a coxa eram do sacerdote (Lv 10:14,15; Nm 18.18), igualmente com as ofertas pacíficas sendo que uma parte era comida pelos ofertantes (Lv 7.1117; 29-35). Essa parte do carneiro das consagrações que os sacerdotes comiam (Êx 29.27,28) simboliza o alimento da palavra de Deus. O sacerdote cristão deve se alimentar da palavra de Deus. Fazendo a sua leitura devocional para sustentar espiritual e o seu estudo das Escrituras para o seu crescimento e desempenho espiritual. A leitura e o estudo das Escrituras não são uma obra da carne, mas um dever espiritual do sacerdote cristão. Em 1ª Tm 4.13, Paulo aconselha a Timóteo: ‘Persiste em ler’; Atos 17.11 diz que os crentes de Beréia examinava ‘cada dia nas Escrituras’. E Atos 18.24 mostra que o obreiro tem que ser um ‘homem eloquente e poderoso nas Escrituras’ e também Atos 18.28 nos dá o exemplo de que devemos convencer e provar pelas Escrituras nossas doutrinas. Porque ‘toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para argumentar, para corrigir, para instruir em justiça; Para que 184
o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra’ (2ª Tm 3.16,17). Obreiros leiam livros! Além das Escrituras, é necessário que os obreiros também leiam livros para entender as Escrituras. Leiamos 2ª Timóteo 4.13: ‘Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos’. Paulo estava preso e as únicas coisas que ele pediu a Timóteo foi uma capa para aquece-lo do frio, livros e as Escrituras. Paulo lia livros! Paulo era um apóstolo de Cristo, mas precisava ler livros; o Senhor falava com ele em visões, mas ele precisava ler livros, ele foi arrebatado até o terceiro céu e ouviu palavras inefáveis, mas ele precisava ler livros. Paulo escreveu a maior parte do Novo Testamento, mas mesmo assim, ele precisava ler livros (Charles Spurgeon). Ler livros e as Escrituras fazem parte do ministério do cristão. O ministro desenvolverá com melhor eficiência o seu ministério se for inteirado nas Escrituras. Pois ele foi chamado para ministrar as Escrituras através da pregação e do ensino. E não se pode pregar e ensinar sobre algo que não se tem conhecimento. Vimos que uma das funções dos sacerdotes era oferecer sacrifícios, e isso era uma tarefa incansável e constante. Os sacríficos diários do tabernáculo se constituía em holocausto às 6 horas da manhã e as 6 horas da tarde. Às três horas, eles queimavam o incenso, e às 6 horas da tarde acendiam as lâmpadas do castiçal que deveria permanecer acesas a noite toda. Tinham que manter o fogo aceso sobre o altar incessantemente, e a lenha renovada. Essas tarefas deveriam ser feitas todos os dias. Essas coisas apontam para uma vida de devoção que o cristão tem que manter na presença de Deus em constante renovação. Não tem esse negócio de dizer que ‘orei ontem e tenho combustível para semana toda’ ou ‘li as Escrituras ontem e dá para aguentar o mês todo sem as Escrituras’. Se queremos consagrar e dedicar a nossa vida a Deus, então, é oração todos os dias, é leitura da Bíblia todos os dias, é servir a Deus todos os dias, é fazer o bem todos dias e é amar as pessoas todos os dias. Então, a nossa vida será um sacrifício constante queimando diante de Deus. Quero citar alguns sacríficos que os sacerdotes tinham que realizar durante o seu ministério no tabernáculo. Havia sacrifícios para os pecados de ignorância, sacrifícios por transgressões, sacrifícios de holocaustos, sacríficos de ofertas voluntárias e votos, sacríficos pacíficos ou comunhão, de ações de graças, de cereais, ofertas de libações que era o vinho derramado diante de Deus. Havia as ofertas movidas e a oferta da novilha vermelha que deveria ser queimada até tornar-se em cinza para usos especiais.
185
Eram essas as cerimônias e muitas outras que deixavam os sacerdotes plenamente e constantemente ocupados na obra e no serviço de Deus. Paulo disse: ‘Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor’ (1ª Co 15.58). Quer dizer, na obra de Deus há coisas bastantes e abundantes para fazer, de modo que o cristão vive uma vida parada, morta, inerte dentro da igreja se ele quiser, mas serviço tem para fazer. Não há justificativa em dizer: ‘Não fui chamado para ser presbítero ou diácono ou auxiliar ou para assumir algum cargo’. Não tem isso! A vida do cristão tem que ser dedicada a Deus, estar disposto à servir na igreja e preparado para toda boa obra – ‘Meus irmãos, eu quero servir! Nem que seja para lavar o piso, esfregar cadeira, levar caixa de som. Não sei! Eu quero fazer qualquer coisa! Pois fui consagrado para servir’. Deus ordenou a Moisés que enchesse a mão de Arão com as partes do carneiro das consagrações e das ofertas de cereais até onde ele pudesse aguentar – ‘E tudo porás nas mãos de Arão, e nas mãos de seus filhos; e com movimento oferecerás perante o Senhor’ (Êx 29.24). Diz Eclesiastes: ‘Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças’ (Ec 9.10), e ‘tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens’ (Cl 3.23). ‘Servindo de boa vontade... Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer’ (Ef 6.7,8). Que sacrifícios devemos ofertar ao Senhor? Os sacerdotes ofereciam sacrifícios de animais. Leiamos 1ª Pedro 2.5: ‘Vós... sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo’. Quais são esses sacrifícios espirituais? Um intenso amor ao Deus e ao próximo - Marcos 12.33: ‘E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios’. A dedicação de si mesmo em culto racional - Romanos 12.1: ‘Rogovos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional’. Arrependimentos e contrições - Salmos 51.17: ‘Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus’. Pregar o Evangelho - Romanos 15.16: ‘Que seja ministro de Jesus Cristo para os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo’. Outras traduções usam o termo ‘com o dever sacerdotal de proclamar o evangelho de Deus’ (NIV) ou ‘sirvo como sacerdote ao anunciar o evangelho que vem 186
de Deus’ (BLH). Conduzir pecadores ao altar de Deus para ser lavado no sangue de Cristo é semelhante a oferecer sacrifícios a Deus. Praticar a justiça - Salmos 4.5: ‘Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor’ e Provérbios 21.3: ‘Fazer justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício’. Ter misericórdia das pessoas e buscar o conhecimento de Deus Oséias 6.6: ‘Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos’. Agradecimento a Deus com ações de graça - Jonas 2.9: ‘Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei. Do Senhor vem a salvação’. Nossas contribuições, esmolas e jejuns - Filipenses 4.18: ‘Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus’. E Atos 10.4: ‘As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus’ e ainda Joel 1.14: ‘Santificai um jejum’ com Daniel 9.3: ‘E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza’. Louvores, invocação, orações e votos - Hebreus 13.15: ‘Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome’. Apocalipse 8.3: ‘E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono’. Salmo 50.14: ‘Oferece a Deus sacrifício de louvor, e paga ao Altíssimo os teus votos’ e Salmo 141.2: ‘Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde’. Ajudar e servir aos santos em suas necessidades - Hebreus 13.16: ‘E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada’. Prestar atenção no culto – Eclesiastes 5.1: ‘Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal’. Sofrer o martírio - Filipenses 2.17: ‘E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós’. 2ª Timóteo 4.6: ‘Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo’ e Apocalipse 6.9: ‘E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram’. Nem todos os cristãos serão martirizados, mas há um número selecionado por Deus de cristãos que serão martirizados – ‘foi-lhes dito que 187
repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram’ (Ap 6.11). Porém, alguns de nós podemos fazer parte desse número. Agora quero falar um pouco de nosso sumo sacerdote que é Cristo, nosso perpétuo sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Leiamos Hebreus 7.17: ‘Porque dele [de Cristo] assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque’. Já mostramos o contraste entre o sacerdócio levítico e o sacerdócio de Melquisedeque. Os cristãos não servem no sacerdócio levítico, pois todo o sistema levítico o Senhor aboliu, mas servem no sacerdócio de Melquisedeque. Entretanto, como o sacerdócio de Melquisedeque veio se tornar o sacerdócio de Cristo. A história de Melquisedeque aparece uma única vez na Bíblia em Gênesis 14. Nesse texto Melquisedeque aparece como rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo (v.18). Salém é a abreviação de Jerusalém (Sl 76.2), e Jerusalém era a cidade dos jebuseus. Era nessa cidade que Melquisedeque servia como sacerdote do Deus Altíssimo. Até a época de Davi, Jerusalém ainda não tinha sido tomada dos jebuseus. Então, Davi conquista essa cidade, que ficava sobre o monte Sião, e faz dela a capital do seu reino onde levantou o tabernáculo de Sião, introduzindo a arca da aliança e passa a celebrar um novo culto a Deus. Desse momento em diante, o sacerdócio de Melquisedeque passou para a linhagem real de Davi, conforme o Salmo 110. 4: ‘Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque’. Possivelmente essa promessa foi feita a Davi quando ele conquistou Jerusalém e introduziu ali a arca da aliança. É interessante que nesse dia Davi estava vestido com uma estola sacerdotal como se fosse um sacerdote. E assim a linhagem real de Davi torna-se também uma linhagem sacerdotal. Por isso que essa linhagem real e sacerdotal é transferida para Jesus Cristo. A união entre a realiza e o sacerdócio foi profetizado por Zacarias – ‘Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e ele levará a glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos os ofícios’ (Zc 6.13). O tabernáculo de Cristo não é o tabernáculo de Moisés, mas o tabernáculo celestial (Hb 8.1,2; Hb 9.11), chamado de Jerusalém celestial ou Monte Sião (Hb 12.22), é ali que Cristo ministra diante de Deus. Cristo realizou um sacrifício perfeito, eterno e eficaz. Hebreus 7.24,25: ‘Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles’. 188
Hebreus 9.24: ‘Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus’. Na antiga aliança, o sumo sacerdote anualmente tinha que fazer a purificação do santuário com sangue de animais. Essa purificação era necessária porque os pecados de Israel contaminavam o tabernáculo. Porém, era uma purificação ineficaz (Hb 10.4), isso significa que os pecados dos israelitas ainda continuavam registrados nos céus e precisavam de ser purificados (Hb 9.15). Cristo, ao ascender aos céus, fez essa purificação quando entrou no santo dos santos uma única vez e para sempre, e nos efetuou uma eterna redenção (Hb 9.11,12,23,24). O sacrifício de Cristo foi retroativo e proativo, tanto ele perdoou os pecados dos crentes piedosos da antiga aliança como dos crentes da nova aliança. Atualmente o ministério de Cristo no santuário celestial é interceder pelos santos diante Deus a fim de que eles alcancem uma salvação perfeita (Hb 7.25; Rm 8.34). Jesus Cristo está assentado à destra de Deus, donde virá para salvar os crentes, destruir os inimigos, julgar os mortos e estabelecer o seu Reino (Hb 9.28; 10.12,13; Ap 11.15; 1ª Co 15.23-28; 2ª Tm 4.1).
AUTOBIOGRAFIA
Iniciei a escrita desse livro em Março de 2015, e planejava concluílo em Março de 2016, mas devido alguns problemas de saúde, que relatarei no próximo número dessa séria, apenas pude publica-lo, agora, em Outubro de 2016. Essa minha autobiografia cobre o período de Dezembro de 2013 até Março de 2014, apenas quatro meses. Nesse período fiz 17 ministrações entre palestras e mensagens. Todas estão registradas nesse livro. Passei o reveillon do ano de 2013 para 2014, reunido com minha família na casa de praia do meu irmão Dereka na Taíba-Ce. Essa foto com minha esposa foi tirada nesse dia. Ela é linda e maravilhosa.
189
Esse ao meu lado é o presbítero Eduardo, meu irmão, que tem sido uma grande fonte de bênção e animo para mim.
Aliás tenho recebido forças e encorajamento de grandes e amados irmãos de longas datas. Eis apenas alguns deles!
190
191
Fui abençoado com uma grande família querida e feliz. Essa foto abaixo é de Abril de 2014.
E tenho dois filhos maravilhosos, Renan e Letícia.
Edinaldo Nogueira Outubro/2016 192