ISTOÉ Gente (25/07/11)

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JULIANA PAES E O FILHO PEDRO CURTEM PRAIA NO RIO BETTY FARIA, 70 ANOS: “VOU SER UMA VELHINHA VAIDOSA”

Ensaio

ALÊ DE SOUZA

Débora Bloch na França

Aos 48 anos e em sua melhor fase, a atriz faz um ensaio exclusivo no Vale do Loire, fala dos filhos, de fidelidade e do namoro com um homem 18 anos mais jovem, o ator Sérgio Marone 25/JUL/2011 ANO 12 N° 619

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A PRIMEIRA FOTO DE GUY, FILHO DE DANI WINITS E JONATAS FARO EM CAMPOS DO JORDÃO, CARLOS MACHADO FALA SOBRE O AFFAIR COM A ATRIZ



Débora, absoluta Na pele da vilã Úrsula, da novela Cordel Encantado, Débora bloCh posa para Gente em pleno Vale do loire, na França, país onde nasceu sua filha de 17 anos. Em entrevista, um recorte do momento da atriz, bem resolvida com a vaidade, mãe atenta de dois adolescentes e curtindo o namorado 18 anos mais jovem, o ator Sérgio Marone, bem longe dos holofotes

Gustavo Autran fotos e beleza Alê de Souza fIGURINo Marie Salles e Karla Monteiro

o CeNáRIo esColHIDo para as cenas de Cordel Encantado feitas na frança era de sonho: o luxuoso Castelo de Chambord, uma joia renascentista erguida no século XVI incrustada no Vale do loire, a 130 quilômetros de Paris. Mas era inverno na europa, fevereiro, e o tempo, definitivamente, não ajudou. Débora bloch chegou para os oito dias de gravação completamente gripada e, apesar de ter enfrentado heroicamente a maratona de trabalho, não conseguiu aproveitar os momentos de folga comme Il faut. “Ia da gravação para o hotel e quase não saía. Gravávamos num frio de menos três, menos quatro graus, e eu voltava para o quarto para ficar na cama, tentando me recuperar”, contou ela, que completou 48 anos em maio. Menos mal que Débora e a frança são velhas conhecidas. a atriz e o país “se conheceram” quando ela fez a sua primeira viagem ao exterior, aos 20 anos, para um festival de cinema na suíça. De lá, ela resolveu embarcar sozinha para Paris. Queria conhecer a cidade de dois de seus cineastas favoritos à época: Jean-luc Godard e françois truffaut. Desde então, esse caso de amor com Paris apenas se intensificou. Graças, claro, ao casamento de 15 anos com o apresentador olivier anquier, francês de

Montfermeil. os dois chegaram a morar na capital francesa por sete meses e lá tiveram Júlia, a primogênita do casal. “Passei a ver a cidade não mais como turista, mas do ponto de vista dos franceses. fiz amigos e passei a ir mais a casa das pessoas e aos lugares frequentados por quem mora na cidade. eu me sinto quase em casa lá”, diz ela. Íntima da cidade, ela prefere passar horas sentada no Café De flore, reduto de intelectuais no bairro boêmio de st. Germain de Près, observando o “desfile” de pessoas, a encarar a fila para subir a torre eiffel – cartão-postal que ela, aliás, não conhece. “Na verdade, não gosto de pontos turísticos. Mas é que nem no Rio, você pode conhecê-lo à beça mesmo sem ter subido o Corcovado.” Na entrevista a seguir, Débora fala sobre a carreira, o reencontro no set da novela com o amigo luiz fernando Guimarães, de como cria os filhos Júlia, 17 anos, e Hugo, 13, da preferência por relações intensas, de vaidade e de fidelidade. ah sim, na hora de falar de sérgio Marone, 30 anos, seu namorado desde agosto de 2010, a discrição toma conta da conversa. “Não gosto de falar da minha vida particular porque sou reservada mesmo, é o meu temperamento. Mas estamos bem. tá tudo bem.”

Capa


Capa

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“Sei que as pessoas têm curiosidade em saber sobre mim e ele (Sérgio Marone, seu namorado desde agosto do ano passado). Mas estamos bem. Tá tudo bem”

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Capa Sozinha em Paris, aos 20 anos

“sempre gostei da frança, principalmente por causa de filmes como o Acossado, do Godard. e, curiosamente, foi o cinema que me levou para o país. aos 20 anos, fui para um festival em locarno, na suíça, onde foi exibido meu primeiro filme, o Noites do Sertão. Depois, segui sozinha para Paris, encontrar uma amiga de infância. foi uma viagem muito emocionante e eu me apaixonei de tal forma que cheguei a morar lá, por uns sete meses, no período que eu estava grávida (de Júlia, sua primogênita). estudei o idioma antes de conhecer o olivier, mas meu francês ficou mais fluente depois, quando comecei a conviver com pessoas de lá, que não falavam português.”

Início precoce

“Comecei a trabalhar muito garota e, nesse sentido, fui precoce. teve um lado muito bom, mas acho que eu perdi um pouco a adolescência. tive que ser responsável desde cedo. aos 17, fazia espetáculo de terça a domingo enquanto meus amigos iam à praia. Mas o retorno veio rápido. tudo tem os dois lados, né? Com meus filhos, eu não quis isso. Não quis que eles começassem a trabalhar cedo. evitei para cada coisa vir no seu tempo, para eles aproveitarem a infância e a adolescência... ”

Mãe atenta, não careta

“sou filha da geração que lutou contra a ditadura e que considerava a liberdade o bem mais valioso. Mas fui com meus filhos um pouco diferente do que meu pai foi comigo. sou mais regrada e meu pai foi mais relax. Coloco limites, fico em cima deles. o que não quer dizer que eu seja uma mãe careta. sou atenta, mas converso sobre tudo e não tranco meus filhos dentro de casa. Você só aprende a se defender estando no mundo. esse negócio de tirar o filho da realidade e criá-lo numa bolha é a maior cilada.”

Bem resolvida com a idade

“Não me acho feia, mas também não me acho especialmente bonita. fico feliz quando ouço elogios, mas não é como eu me vejo. Continuo fazendo ginástica como sempre fiz, danço há nove anos, faço ioga, pilates, transport, power plate... e tenho uma alimentação cada vez mais controlada. evito frituras, doces, refrigerante, aboli o glúten e levo minha marmitinha todo dia para a gravação. Mas não sou radical. Como uma feijoada com farofa, bebo vinho... Mas, se bebo num dia, tento passar o resto da semana na água.”

Intensidade sempre

“tive um namorado aos 17, depois namorei o (diretor de fotografia) edgar Moura e fiquei casada com ele até os 28, 29 anos. Daí namorei o olivier (Anquier, apresentador), casei, tive filhos... Desde os 17, sempre estava namorando ou casada. só fui ficar solteira depois que eu e o olivier separamos. sou uma pessoa que faço elo e não tenho dificuldade de me envolver. acho melhor, não gosto de relações superficiais. sou mais intensa, profunda.”

‘‘Não me acho feia, mas também não me acho especialmente bonita. Fico feliz quando ouço elogios’’ Amor reservado

“Não gosto de falar porque sou reservada mesmo, é o meu temperamento. É uma maneira de preservar meus filhos, minha família, e os que estão à minha volta. sei que as pessoas têm curiosidade em saber sobre mim e ele (Sérgio Marone, seu namorado desde agosto do ano passado). Mas estamos bem. tá tudo bem.”

Idade importa no namoro?

“acho que as pessoas, homens e mulheres, não se diferenciam pela idade, mas pela sua sensibilidade e capacidade de amar.”

Fidelidade sem moralismo

“sou uma pessoa de natureza fiel. esse é o meu jeito. Mas não tem regra porque a vida é muito dinâmica. Cada um que fale de si. Mas não convivo bem com infidelidade. falo isso sem nenhum moralismo. É apenas a minha natureza.”

Novela com o amigo e vizinho Luiz Fernando Guimarães

“Está sendo uma maravilha reencontrar o Luiz. Somos muito amigos, temos muita intimidade em cena e fora dela. Era fã do Asdrúbal Trouxe o Trombone, o grupo de teatro dele. O Trate-me Leão foi um espetáculo que me marcou, eu era garota e assisti várias vezes. Mas nos encontramos mesmo em TV Pirata, foi ali que ficamos amigos. Em seguida, fizemos nossa primeira peça juntos (Fica Comigo Esta Noite), que ficou cinco anos em cartaz. Além disso, somos vizinhos, mas quase não nos encontramos no prédio.”

Fashionista controlada

“Gosto de me vestir, acho uma diversão. Só não tenho muita paciência para fazer compras. Gosto quando viajo ou quando faço um trabalho e compro o que o figurinista trouxe. E quando acho que o preço é abusivo, não compro. Mas tenho vários estilistas favoritos. Stella McCartney, Alexandre Herchcovitch, Cris Barros e Pedro Lourenço entre eles.”


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‘‘Homens e mulheres não se diferenciam pela idade, mas pela sua sensibilidade e capacidade de amar’’

Tratamento Digital STUDIO OCTAVIO DUARTE



MONTANHA

CAMPOS DO JORDテグ


“a Dani é Maravilhosa” Carlos Machado foi visto com Danielle Winits e um romance parece estar nascendo. Ator e dentista a conhece há dez anos e a atriz conheceu sua filha, que morreu aos 11 anos. Ele será galã na próxima novela das nove, Fina Estampa

fotos CLEIBY TREVISAN

Mineiro de juiz de fora, o ator Carlos Machado, 46 anos, também é dentista. Três vezes por semana veste o jaleco e atende pacientes em sua clínica em Copacabana. nos outros dois dias faz teatro e tevê. alguns pacientes olham para o doutor Carlos e têm certeza que o viram na televisão, mas ficam confusos e demoram para acreditar. agora que ele estará na próxima novela das nove, Fina Estampa, essa história vai ficar mais divertida. dias atrás, o ator chamou ainda mais a atenção ao ser fotografado com a atriz danielle Winits. “fomos ao cinema”, disse ele. Há dez anos, encenaram uma peça juntos. “nos reencontramos agora. a dani é maravilhosa. ficamos horas conversando. estamos nos conhecendo. Cada vez mais”, resumiu. Como bom mineiro, não assumiu namoro. ainda. Carlos é um cara de fé. Protestante. já levou danielle à igreja, a pedido dela. a fé cresceu em sua vida quando perdeu uma filha de 11 anos. Luiza hoje estaria com 21 anos. danielle a conheceu, na época que encenaram Lancelot. a menina foi vítima de erro médico, diagnóstico malfeito. Tinha hepatite autoimune. Tomava remédios que mascararam uma pneumonia e o agravamento acabou causando sua morte. Luiza era fruto de um relacionamento descompromissado de faculdade, mas muito querida pelo pai. faleceu dois dias depois de passar um final de semana com ele, que chegou a perceber que algo não estava bem com ela. a fé deu forças para enfrentar a imensa dor da perda. “ela foi antes de mim”, sorriu. a história foi contada pelo ator durante o fim de semana na casa de inverno de Gente, em Campos do jordão. Qual é sua relação com Danielle Winits? estou sendo um homem legal para ela. Como amigo. ela é uma mulher muito inteligente. estamos mais próximos, ela já foi à igreja comigo. o noah (filho de Winits) está fazendo um tratamento dentário na minha clínica, e o convívio aumenta. estou


MONTANHA

CAMPOS DO JORDÃO

há um ano sem namorada. fiquei com uma ou duas meninas. Mas há alguns meses nem beijinho. eu e a dani fomos vistos no cinema. Mas alguém viu a gente dando beijo na boca? a amizade está cada vez mais forte porque estamos solteiros. Mas não é um momento em que ela esteja aberta para novos relacionamentos. acabou de sair de um casamento, está com filho pequeno. Quando tiver alguma coisa, a gente vai contar.

A arquitetura europeia de Campos do Jordão, fez Carlos Machado se lembrar da região de Tirol, na Áustria, onde viveram seus antepassados

Carlos Machado veste: OVEREND, ARMADILLO, COLCCI, PAUL FRANK, FUNKY, TRITON EYEWEAR Agradecimento: ESTAÇÃO DE CAMPOS DO JORDÃO - TELEFÉRICO (12) 3663-1530

Estar um ano solteiro significa o quê, exatamente? nunca estive tanto tempo solteiro. Tenho 46 anos e já aprontei muito, mas sempre tive tendência a namorar por muito tempo. namorei nove anos com a Paula Manga (agora Paula Hunter, atriz e cantora gospel). fomos noivos. Sempre quando namoro é para casar. Sua proximidade com a religião tem a ver com a morte da sua filha? eu já tinha tido experiências fantásticas com jesus, e fui preparado para a morte da Luiza. ela foi fruto de um namoro de faculdade e uma benção. durante as férias e os feriados ela sempre ficava comigo. aos 9 anos foi diagnosticada uma hepatite autoimune, o organismo rejeitava o próprio fígado, como se fosse um órgão transplantado. Mas estava tudo sob controle. foi quando ela teve uma pneumonia que, por não acusar febre por causa da medicação, não foi tratada. ela tinha 11 anos. Hoje ela faria 21. então, a dor que fica é a da saudade. a fé nesse momento é muito importante. um dia antes da morte dela ouvi a seguinte frase: “Todas as coisas acontecem para o bem daqueles que amam a deus”. Chorei muito, mas aceitei a notícia. Hoje eu frequento uma igreja protestante, pequena. os pastores são meus amigos.


o ator pilotou o Citroën airCroSS pelas estradas da região. depois, na casa de Gente, fez uma pausa para o cafezinho feito na máquina Philips Senseo Você é mais ator ou mais dentista? Quando me formei dentista já queria atuar, mas tinha saído do rio, morava em juiz de fora e tudo era mais complicado. a minha volta ao rio facilitou. Comecei a fazer cursos, participações, alguns papéis menores. Mas nunca deixei a odontologia. Cada vez que viajo ao exterior, faço um curso de ortodontia e um workshop de interpretação. Tenho uma vida dupla. e vou continuar tendo. Vou continuar atendendo na Beauty dental, minha clínica. Você foi chamado para um papel em Fina Estampa, que estava reservado para o Maurício Mattar. O que mudou na sua rotina física? Sempre me alimentei muito bem. Tenho um nutricionista há dez anos. Malho há pelo menos 30 anos. a diferença é que agora não malho mais três vezes por semana, mas seis. faço bicicleta ergométrica e musculação, sem pegar muito pesado. fico uma hora na academia, no máximo. Procuro ter equilíbrio em tudo. Tiro da minha vida coisas que me trazem estresse, inclusive nos relacionamentos. Se começar a incomodar, não serve para mim. nunca busquei me completar em ninguém, mas sempre gostei de ser completo. Se eu achar alguém que vai acrescentar à felicidade que eu já tenho, maravilhoso. Mas não venha querer tirar a minha paz.


Lazer

A volta

da sereia JuliAnA PAes comemora os sete meses do filho, Pedro, na praia e chama a atenção por sua ótima forma. A atriz, no entanto, quer perder mais peso mas só quando parar de amamentar Michelle Licory

Juliana Paes não quis deixar os sete meses de Pedro passarem em branco e, para comemorar, fez uma farra daquelas com o menino, no sábado 16. em casa, com toda a família, teve bolinho e “Parabéns”. e, pela primeira vez, a atriz levou o filho à praia, na Barra da Tijuca. Foi uma festa. os sobrinhos e os pais dela, regina e Carlos Henrique Paes, estavam presentes, assim como duas amigas de Juliana que têm bebês da mesma idade de Pedro. a atriz ajoelhou na areia para brincar com o pequeno, que se refrescou em uma piscininha. em seguida, ela o enrolou em um roupão e, para driblar o sol, colocou o próprio chapéu nele. enquanto se bronzeava, Juliana comeu milho e tomou água de coco. Pedro preferiu biscoito de polvilho e, depois de lanchar, acabou dormindo. aliás, o soninho engatou. o menino passou a maior parte do tempo cochilando. enquanto isso, ela aproveitou para dar um mergulho, para alegria de muitos banhistas, apesar do biquíni comportado. a atriz emagreceu bastante nos últimos meses, já está recuperando o corpo de antes da gravidez, mas ainda desfila uma silhueta mais curvilínea. 24

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Fotos marcos Ferreira/photo rio news

“Ainda estou longe de recuperar minha antiga forma”, comentou a atriz, que tem feito reeducação alimentar para aumentar o metabolismo e uma dieta rica em antioxidantes

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Lazer No sábado 16, Pedro ganhou bolinho, “Parabéns” e foi conhecer a praia pela primeira vez: farra com direito a piscininha

Malhação e dieta

A atriz “lambe a cria” sob o sol do inverno carioca

“ainda estou longe de recuperar minha antiga forma”, comentou horas depois, em outro programa da família: uma festa julina em um condomínio, também na Barra. a turma de Juliana ocupou uma mesa grande por lá. dessa vez, Carlos eduardo Baptista, marido dela, se juntou ao grupo. a atriz até ganhou colinho dele. regina, que passou o fim de semana inteiro com a filha, também foi ao arraial. o tempo esfriou e dudu colocou a camisa por cima do carrinho do bebê, para barrar o vento. 26

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esse foi o terceiro programa de Juliana no fim de semana, que começou com comprinhas para casa e parada para o lanche na sexta-feira 15, no shopping rio design Barra. Para distrair o menino, a atriz lhe deu brinquedinhos simples, daqueles que piscam luzinhas coloridas e são encontrados em mercados populares. Como toda criança, ele adorou, mas, em determinado momento, ficou mais interessado no celular da mãe. Juliana está sendo acompanhada pela nutricionista andrea santa rosa, mulher de Márcio Garcia, que propôs uma reeducação alimentar para aumentar o metabolismo e uma dieta rica em antioxidantes. “Mas não estou conseguindo seguir 100%”, confessa a atriz, que é boa de garfo. “além do mais, ainda estou amamentando. quero que ele continue no peito até completar um ano, então só em dezembro vou poder fechar a boca mesmo”, explica. o jeito, então, é investir nos exercícios físicos. Há cerca de um mês, ela começou a se dedicar mais a sério à malhação, depois de algumas tentativas sem muita regularidade. sob a supervisão da personal trainer Valéria santos, ela tem ido à academia de três a quatro vezes por semana, com treinos de 1h30, alternando musculação e aeróbica. Juliana também acabou de gravar a minissérie As Brasileiras, mas deu um jeito de não ficar longe do filho. “nem deu tempo de sentir saudades porque ele foi me visitar no set.”



Ensaio

A princesa virou

estrela

Simone Blanes fotos Bruna Castanheira/ Abá Mgt stylist Cesar Cortinove/ Abá Mgt

Aulas de inglês para perder o sotaque, convites para atuar em novelas do horário nobre, agente internacional em Los Angeles. É a nova realidade de Laura Neiva, atriz que espera completar os 18 anos – e passar de ano no colegial – para deslanchar na carreira Casaco de pele Gucci vintage

Do Dia em que foi descoberta por uma caça-talentos no site de relacionamentos orkut, em 2008, até agora, muita coisa mudou na vida da atriz laura Neiva. ela fez um filme, À Deriva, do diretor Heitor Dhalia, contracenou com Débora Bloch e o ator francês Vincent Cassel (que virou seu fã), foi parar no tapete vermelho do festival de Cannes, passou a ser assediada pela Globo e ganhou até um agente internacional, a mesma da superstar Nicole Kidman, que vende seu portfólio nos grandes estúdios de Hollywood. além disso, laura descobriu – ou acentuou – sua sensualidade, como se vê neste ensaio especial para Gente. Vida de adolescente é assim mesmo, uma novidade por minuto, enfim. mas ninguém se engane: tantas mudanças não a tiraram do rumo. Nem elogios, nem holofotes, nada. laura anda, aliás, com uma preocupação bem pés no chão: terminar o segundo grau no colégio.



Ensaio


‘‘Sempre me interessei pela mente humana. Nas horas vagas, por exemplo, gosto de ler livros sobre assassinatos”

Na página ao lado, vestido branco de crochê Brechó Minha Avó Tinha


Ensaio

‘‘(Em Cannes) Me senti como uma plebeia em um mundo de princesa, sabe? Muito ‘uau’. Total mundo da fantasia. Incrível, inacreditável. E eu que nem queria ser atriz...’’ Trabalho

“Já pensou? faltam só seis meses e eu repito?”, dispara ela, tensa com os exames finais de matemática, seu calcanhar de aquiles nos estudos. “Vou bem em português e história, que eu gosto. Não chego a ser uma péssima aluna, sou normal, estudo, mas não consigo me organizar. aí tem dias que fico até as quatro horas da manhã fazendo os trabalhos que eu tenho que entregar no dia seguinte”, revela a garota, que além de atriz, também quer entrar na faculdade de psicologia “sempre me interessei pela mente humana. Nas horas vagas, por exemplo, gosto de ler livros sobre assassinatos.” laura também anda se preparando para tirar a carteira de habilitação. ela completará 18 anos em setembro. mas dirigir seria apenas um facilitador para chegar em seus compromissos, não para ir para a balada. laura prefere ir às aulas de spinning na academia, “queimar” os doces que adora comer, e programas mais família, com os pais, michelle e Dario, ou ainda namorar o estudante de arquitetura felipe, de 19 anos. se o namoro é sério? Hum... “É um amor de idas e vindas. falo assim porque é muito difícil levar um relacionamento sério quando se tem 17 anos. mas não tem essa de conhecer outra pessoa. eu o amo, quero ele”, declarou.

Preocupações comuns de uma adolescente incomum. afinal, não é toda menina de 17 anos que recebe três convites para atuar em novelas da rede Globo – Passione, Insensato Coração e Cordel Encantado – e ainda por cima os declina! ela explica: quer terminar os estudos antes para depois pensar em ir trabalhar na tevê e ter de mudar para o rio de Janeiro. focada... No paralelo, ela vai se preparando. faz aulas de inglês com uma fonoaudióloga para perder o sotaque e, assim, ter mais chances nos testes para os filmes internacionais. “meu sotaque não é carregado e tenho um rosto neutro, o que é legal para atuar em qualquer lugar do mundo já que não tem uma etnia forte na minha fisionomia. estamos trabalhando nisso para que eu vá o mais neutra possível”, explica. Depois do cinema, ela já se experimentou no palco do teatro, com a peça Ligações Perigosas, ao lado de maria fernanda Cândido. mas atuar na tela grande parece fazer mais sua cabeça. ela lembra de quando foi a Cannes com o elenco de À Deriva, no festival de 2009, concorrer ao leão de ouro. flashes, tapete vermelho, glamour... “me senti como uma plebeia em um mundo de princesa, sabe? muito ‘uau’. total mundo da fantasia. incrível, inacreditável. e eu que nem queria ser atriz...” assisteNte De fotoGrafia Sara aGraDeCimeNto Studio 4X5



Diversão & Arte

AVALIA ★★★★★ INDISPENSÁVEL ★★★★ MUITO BOM ★★★ BOM ★★ REGULAR FRACO

teatro

Atriz volta a ousar em Outside, mergulho no universo de David Bowie, a partir de uma mescla de teatro, música, cinema e artes plásticas

Letícia Spiller

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Na pág. ao lado, em cena com Bruno Padilha

DARIO ZALIS/ AG. ISTOÉ

pelo novo


LETÍCIA SPILLER EXPERIMENTA diferentes linguagens em Outside. Sem perder de vista o teatral, a atriz interage com uma banda ao vivo e com intervenções videográficas ao longo desse mergulho no universo de David Bowie, em espetáculo com Aquela Companhia. As influências do cinema e das artes visuais surgem amalgamadas num palco que cede espaço privilegiado para a música – como “Life on Mars”, “Let’s Dance” e “Hallo Spaceboy”. A trama, inspirada em história policial apenas esboçada no encarte de Outside, o disco lançado por Bowie em 1995, se passa nos corredores da galeria de arte Peggy Guggenheim, onde artistas, críticos e investigadores transitam na fronteira entre vida e arte, cada vez mais difícil de discernir. O departamento de crimes de arte da galeria é acionado para elucidar o desaparecimento da adolescente Norma Jean Baker, apesar da suspeita de se tratar de um crime comum. Projeto ambicioso de um grupo acostumado a investir em empreitadas de risco – a exemplo de montagens a partir de obras de Franz Kafka (Projeto K), Goethe (Sub:Werther), Herman Hesse (Lobo nº1 – A Estepe) e James Joyce (Do Artista Quando Jovem) –, Outside traz a marca da ousadia que costuma acompanhar Letícia Spiller em suas incursões ao teatro. Antes do projeto de Outside, você já tinha ligação com David Bowie? Sempre fui fã. Na pré-adolescência, durante os anos 80, adorava “Let’s Dance”. Mas não conhecia profundamente a obra dele. Quais as questões que mais a sensibilizam no universo de Bowie? O desejo de renascimento de um homem novo. Ansiamos por isto ou pelo fim da espécie. Sentimos falta de mobilização. Há também a questão da oferta do corpo como obra de arte. Morrer pela arte parece até digno diante de tantas mortes banais a que nos acostumamos a assistir no mundo de hoje.

DIVULGAÇÃO

‘‘Há a questão da oferta do corpo como obra de arte. Morrer pela arte parece até digno diante de tantas mortes banais a que nos acostumamos a assistir”

A mobilização coletiva e a noção de corpo como obra de arte remetem a propostas dos anos 60 e 70, não? Há um anseio pelo novo ou um desejo de retomada de valores de décadas passadas? Não sei se falaria em retomada de valores. Mas estamos carentes de um sentido de revolução. As pessoas ficaram mais acomodadas, escravas do capitalismo selvagem. Estão acontecendo coisas em poucas partes do mundo. O novo significaria voltar a ter voz. Como é para você “contracenar” com múltiplas linguagens em Outside? Maravilhoso. Nos dias de hoje, muitas encenações investem no multimídia. É um modo de buscar sintonia com o aqui e agora. Nós, atores, interagimos com a banda, cantamos, dançamos. Eu danço com uma bota de salto fino. Precisei adquirir domínio. Mas, apesar de todas as linguagens envolvidas, o espetáculo não deixa de ser teatral. Como está sendo a experiência de cantar? Cantar exige disciplina. É algo novo para mim. Até porque é a primeira vez que faço um musical. Como você se aproximou do trabalho da Aquela Companhia de Teatro? Estava fazendo Bodas de Sangue, sob a direção do Amir Haddad, e o produtor Fernando do Val me apresentou para Marco (André Nunes) e Pedro (Kosovski). Eles me convidaram para participar de Outside. Quais são seus novos projetos? Produzi um curta do Paulo Vespúcio, chamado Joãozinho de Carne e Osso. Trata-se de um projeto em família. Meu filho (Pedro) atuou e meu marido (Lucas Loureiro) fez a fotografia. É com atores mirins da cidade de Silva Jardim (RJ). Eu e Paulo também acabamos atuando. Vejo como uma fábula sobre anjos e demônios. E estou envolvida com um longa, também do Vespúcio, chamado O Casamento de Gorete. É a história de uma caricata que tem um programa de rádio de sucesso. Deverei fazer uma participação. É uma fábula gay. (14 anos) Daniel Schenker Espaço Tom Jobim – r. Jardim Botânico, 1008, Rio, tel. (21) 2274-7012. Até 28/8 105


ESTILO CASA por Silviane Neno


o melhor

de dois O apartamento de Luiz Otávio Debeus e Tadeu Nasser é um recorte do estilo que alçou a dupla a referência jovem no mercado do décor sofisticado. Em 90 metros quadrados de puro bom gosto, eles mostram como transformaram o espaço em algo grandioso, chique e exuberante fotos Marcelo Navarro

Luiz Otávio veste blazer e gravata Daslu e sapato Teran. Tadeu, calça Paul Smith, camisa Ralph Lauren, gravata Hermès e sapato Gucci. Looks de um dia de trabalho. O tapete é da By Kamy e a foto colorida da dupla, de Rômulo Fialdini


ESTILO CASA

Base da mesa de acrílico e metal Juliana Benfatti. O lustre é de Jonathan Adler. Abaixo, o robô de brinquedo veio do baú de infância de Luiz Otávio

PARA CoMEçAR, vamos às apresentações: Luiz otávio Debeus e tadeu Nasser são donos de uma das lojas de decoração mais bacanas e exclusivas de são Paulo. Há oito anos, os “stiles”, como são chamados, tocam na maior finesse (tadeu sempre de gravata), a stile d.o. – c – o nome é uma brincadeira com a denominação dada a bons vinhos: “estilo de origem controlada”. A loja, instalada num sobrado charmoso que cresceu integrando mais duas casas, reúne peças de antiquários, móveis e objetos de vários períodos, itens de perfumaria, artigos de couro e um acervo de murano de cair o queixo. Na tutela do garimpo chique está Luiz otávio e seu olho de lince para identificar bons achados em andanças pelo mundo. tadeu organiza, administra, faz a coisa andar e assim nasceu uma dupla perfeita que funciona dessa forma também no ambiente doméstico. A casa em si é um apartamento, num prédio de arquitetura moderna, do outro lado da rua, em frente à loja, no bairro de Pinheiros. Quando a porta se abre o cenário é de encher os olhos. os 90 metros quadrados são divididos em dois níveis ligados por uma escada de ferro. o living que nos recebe parece crescer à medida que cada detalhe vai se revelando. Luiz otávio preencheu cada espaço com um mix de sua curadoria particular e diz que o décor já é o segundo em menos de dois anos: “Como trabalhamos com isso, temos necessidade de mudar sempre.” Dessa vez o ponto de partida foi uma almofada. sim, mas não uma almofada qualquer. trata-se de uma bela peça Lesage, do famoso ateliê francês de onde

Post-it do: Canto preferi g in liv o sofá do or: s anos Achado de déc co e metal do íli cr a em se a ab r a sala de janta 70 da mesa d sumo: Sonho de con grilo em forma de mesa de canto , de um vre de Roberto Fa ris Pa e d o antiquári

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O sofá inglês tem tecido Print’s. Nele, a almofada que deu o start no décor. A foto é de Gustavo Von Ha e a tapeçaria na parede é um Suzani, do Uzbequistão. Ao lado, cadeira Grotto do século 19, primeira peça comprada pelos dois

saem os melhores bordados do mundo – é lá que a Chanel, entre outras maisons, manda bordar seus tesouros. “Comprei na loja da Esther Giobbi, em são Paulo, mas um dia conheci por acaso monsieur françois Lesage, numa visita a loja de Paris”, conta o stile Luiz. o detalhe em berinjela da almofada decretou a cor das paredes. “fui testando o tom com o pintor da minha confiança até chegar na que queria”, revela. Nessa superfície ele montou seu patchwork artsy num mix de gravuras e fotografias. Estão ali Volpi, Di Cavalcanti, tomie ohtake, Clóvis Graciano, Emanoel Araújo, Rubem Valentim e um interessante díptico do fotógrafo Ângelo Pastorello. Aqui e ali há um flerte cheio de bossa com o fun como o robô de brinquedo na escrivaninha da entrada, objetos de toy art e uma grande foto colorida da dupla, resquícios do antigo décor quando a casa respirava um “laranja Hermès”. “Dessa vez pedi ao Luiz algo mais clássico”, explica tadeu. Dos dois é ele quem carrega o perfume mais vintagefashion, nas escolhas e no lifestyle. tadeu está em vias de

comprar uma Mercedes branca ano 1970, adora ternos de alfaiataria, sapatos Gucci com fivelas, gravatas borboleta e usa “Jazz”, a clássica fragrância de Yves saint Laurent, sucesso dos anos 80. “Em mim fica muito bem.” É ele também quem abastece a casa com flores frescas toda semana e ensinou tânia, a ex-arrumadeira de uma cliente, a cozinhar como chef. Isso há nove anos. os dois gostam de receber amigos para almoços. Nunca mais de seis. Nada a ver com numerologia, mas com o número de cadeiras italianas da sala de jantar iluminada pelas lâmpadas assinadas pelo americano Jonathan Adler. o lustre foi Luiz otávio quem escolheu. “Não tenho medo de misturar peças que eu gosto.” Explica ele. olhando em volta, ninguém seria capaz de duvidar. 63


Entrevista

“Eu sou a

tremendona”

Ela sonhava em ser cantora de rock, mas se tornou uma das atrizes mais bonitas e sensuais do Brasil. Aos 70 anos, Betty Faria diz que o budismo, a psicanálise e até um livro de Jane Fonda lhe ajudaram a não ter medo de envelhecer Gustavo Autran FotoS Felipe Varanda / Ag. IstoÉ

Filha de um general do exército, Betty Faria saiu de casa aos 25 anos para morar no Solar da Fossa, pensão carioca que abrigou artistas de vanguarda e desbundados na década de 1960. tanto no cinema como na tevê, a atriz ganhou fama por interpretar personagens de temperamento forte, quase sempre com grande apelo sensual. com 70 anos recém-completados em maio, ela soube preservar sua natureza contestadora e libertária do passado. nada a ver com Shirley Valentine, papel que interpreta hoje no teatro, uma pacata dona de casa anulada pelo casamento. “não sou politicamente correta. Sou o que sinto”, resume Betty. com dois filhos (alexandra, de sua união com o ator claudio marzo, e João, do relacionamento com o diretor daniel Filho) e quatro netos (giulia, 9 anos, os gêmeos Valentina e João, 7, e o caçula antonio, 5), a atriz conta que encara a idade com naturalidade. mas admite que mulheres como ela, tidas como ícones de beleza e sensualidade, têm mais dificuldade em encarar a passagem do tempo. “mas cuidei muito da cabeça. Sempre tive uma procura espiritual muito grande e fiz muita psicanálise”, explica. essa “lapidação” também se deve em parte ao seu envolvimento com o budismo. na entrevista abaixo, Betty diz que não vai deixar de usar biquíni, fala sobre a relação com seus ex-maridos e reconhece que pagou um preço pelo temperamento rebelde − mas que nem por isso deixou de trabalhar. “nos últimos cinco anos, fiz filme, show, peça e três novelas. não posso reclamar da vida”, diz ela. 44

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“Hoje vejo que uma coisa é ser rebelde e outra coisa é ficar dizendo o que eu acho, sem as pessoas me perguntarem”, diz a atriz


Entrevista

“Ficaram dizendo que eu não devia mais usar biquíni. Claro que foi um atentado à minha liberdade. Eu vou ter que botar o quê? Uma burca?” Em Shirley Valentine, você interpreta uma mulher oprimida pelo marido que tem a chance de mudar de vida. Você, sempre tão contestadora, consegue se identificar com esse personagem? o que me encanta na Shirley é o seu impulso de vida. ela vai se anulando depois do casamento, mas começa a levantar todos os sonhos que não realizou quando recebe o convite para fazer uma viagem com uma amiga. então, me identifico com isso. nas situações mais periclitantes, tive um impulso de vida que me puxou. Você sempre foi considerada uma mulher muito bonita e sensual. Como encarou a chegada dos 70 anos? mulheres tidas como muito bonitas têm mais dificuldade de envelhecer. Quando tinha 40 e poucos anos, comecei a reparar nas atrizes mais velhas, no comportamento delas. eu observei tudo e pensava: “isso eu não quero fazer”. o ser humano pode se meter, ter inveja, raiva de você ser mais jovem e estar fazendo sucesso... então, cuidei muito da cabeça. Sempre tive uma procura espiritual muito grande e fiz muita psicanálise. Teve medo de envelhecer? nunca. no budismo, você logo aprende que não dá para escapar dos quatros sofrimentos da vida: o nascimento, a velhice, a doença e a morte. Paralelo a isso, eu vivi intensamente as minhas fases. e na virada da idade, tive um grande sucesso que foi Tieta. nessa época, eu já estava preparando a minha cabeça para envelhecer. mas, com 40 e poucos anos, li um livro genial chamado Women Coming Of Age, da Jane Fonda. esse livro preparava uma mulher com todos os predicados de beleza a virar os 50 anos e ir para a terceira idade. ele ajudava a ver as vantagens e desvantagens que existem e tentar viver bem dentro das 46

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suas limitações. é porque você passa a ter limitações físicas e de saúde. Por exemplo, você está me pegando com uma tosse porque eu fumei marlboro vermelho... Mas você não tinha largado o cigarro? Quem disse? eu fumo escondido de mim (risos). todo dia... mas não jogo fumaça na cara de ninguém. Pronto, falei. Sentiu na pele essa cobrança de continuar bonita com o passar do tempo? a cobrança vem de dentro de você. claro, sou uma pessoa que gosta de andar bonitinha. não vou querer ser uma velha acabada nem ficar de qualquer jeito. Sei que vou ser uma velhinha vaidosa, que veste um jeans legal. Sabe que nem sei por que me tornei atriz? Porque o que eu queria ser mesmo era uma cantora de rock. eu sou rock’n’roll. Vi o rock nascer em copacabana. eu sou a tremendona, entendeu? mas me tornei atriz e adoro representar. Acha que pagou um preço por seu temperamento rebelde? claro que sim. não me pergunte onde nem como, que eu não vou dizer (risos). Mas como enfrentou isso? eu sobrevivi. muitas vezes sofrendo muito. Ficando muito triste. hoje vejo que uma coisa é ser rebelde e outra coisa é ficar dizendo o que eu acho sem as pessoas me perguntarem. isso acontecia muito no trabalho. eu entendo muito do meu métier. Sei se um figurino é bom, se a luz está boa. então, eu dava opinião. mas eu não tenho de dar. tenho de fazer o meu e não encher o saco. Porque isso gera inimizade. esse excesso de franqueza do passado era, no fundo, arrogância. mas não sou politicamente correta. Sou o que eu sinto. Só que tenho a sabedoria de não dizer. Essa virada se deve ao budismo? claro. Fui me lapidando. em 1986, conheci o budismo de Sutra de lótus, que é praticamente física quântica. Quem me apresentou foi uma amiga. o que mais me encantou é o fato de você não ser proibido de nada. mas é o responsável por tudo na sua vida. Se você toma uma coca-cola e ela fizer mal, você é o responsável. é causa e efeito.


Betty diz que tem uma excelente relação com os ex-maridos: “Até porque nunca recebi pensão deles. Isso muda tudo. Porque o bolso é um órgão muito delicado do homem” 47


Entrevista

Como é a relação com seus ex-maridos? tenho uma excelente relação com meus exmaridos, até porque nunca recebi pensão deles. isso muda tudo. Porque o bolso é um órgão muito delicado do homem. dá o que tem de dar para o filho, mas eu trabalho e posso me bancar. acho um horror essas mocinhas que casam e logo começam a querer tirar dinheiro dos rapazes. essas mariaschuteiras envergonham o sexo feminino. Como cuida do corpo? Continua fazendo ginástica? tive que parar de malhar porque estou com os joelhos lesionados e tive uma perda muscular muito grande. desde dezembro, estou fazendo hidroterapia em uma piscininha quente. Em 2010, você ficou indignada depois que um paparazzo a fotografou de biquíni na praia e um amigo recomendou que você deveria se “cobrir mais”. Por quê? Ficaram dizendo que eu não devia mais usar biquíni. claro que foi um atentado à minha liberdade. eu vou ter que botar o quê? uma burca? eu não estou com compromisso de sedução, quero apenas a minha liberdade de ir à praia do jeito que eu quiser. Se não gostaram, então não olhem para mim e não encham o meu saco, porque também sou contestadora, desaforada e rebelde.

“Não vou querer ser uma velha acabada nem ficar de qualquer jeito. Sei que vou ser uma velhinha vaidosa, que veste um jeans legal”

E como é a Betty avó? é maravilhosa, mas rigorosíssima. não sou aquela avó que estraga, que acha tudo bonitinho. criança tem de brincar, mas tem de dar limite também. mas quando vou estar com eles, eu me preparo. Penso que os deuses me abençoaram me dando essa família. outro dia fui com o antonio (o caçula, de 5 anos) para o Jardim Botânico. Falei para ele: “antonio, vamos ter um dia só nosso”. Fomos a um restaurante que ele gosta, comer a comidinha que ele gosta, e emendamos no teatro. depois ele quis ficar na minha casa e aprender a jogar xadrez. A Regina Duarte declarou que passou a receber menos convites de trabalho com o passar do tempo. Aconteceu com você? nos últimos cinco anos, não parei de trabalhar. O que falta são os papéis de protagonista para os mais velhos? ah, mas tem de cair na real, né? Quem escreve para protagonista de 60 anos, meu deus? Quando fui à festa de uma premiação em los angeles, no ano passado, a meryl Streep disse pra mim: “Betty, que sorte nós temos de estar trabalhando na nossa idade”. nos últimos cinco anos, fiz filme, show, peça, e três novelas − duas na globo e uma no SBt. não posso reclamar da vida.

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JULIANA PAES E O FILHO PEDRO CURTEM PRAIA NO RIO BETTY FARIA, 70 ANOS: “VOU SER UMA VELHINHA VAIDOSA”

Ensaio

ALÊ DE SOUZA

Débora Bloch na França

Aos 48 anos e em sua melhor fase, a atriz faz um ensaio exclusivo no Vale do Loire, fala dos filhos, de fidelidade e do namoro com um homem 18 anos mais jovem, o ator Sérgio Marone 25/JUL/2011 ANO 12 N° 619

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A PRIMEIRA FOTO DE GUY, FILHO DE DANI WINITS E JONATAS FARO EM CAMPOS DO JORDÃO, CARLOS MACHADO FALA SOBRE O AFFAIR COM A ATRIZ

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