ISTOÉ GENTE 699

Page 1

ANA BEATRIZ BARROS

istoegente.com.br

Aa topNOIVA COMO ELA É diz que está disposta a se converter ao islamismo para casar com o namorado egípcio EXCLUSIVO

Pilar & Saramago viúva do escritor, pilar del río vem ao brasil e fala à gente: “ele me escolheu para continuá-lo”

CARMEN MAYRINK VEIGA relembra as trocas de alianças no clã ISABELLA SUPLICY E A INVENÇÃO DO BOLO BRANCO

BELEZA TRATAMENTOS MÁGICOS PARA ENTRAR NO VESTIDO CABELO E MAKE: CRIAÇÕES DE CELSO KAMURA PARA O DIA D

ANA BEATRIZ BARROS FOTOGRAFADA POR CRISTIANO MADUREIRA I S SN

9

7 7 1 5 1 6

1 5 1 6 - 8 2 0 4

8 2 0 0 0 0

0

0

6

9

9876

JULHO / 2013 ANO 13 Nº 699 > R$ 14,90

18 LOOKS PARA SE INSPIRAR


PORTFÓLIO

AS NOIVAS DO BISPO O fotógrafo retratista Jorge Bispo reedita o ensaio mais bonito de sua carreira. A audácia de vestir de noiva alguns personagens da cena brasileira virou história na memória da fotografia POR júlIa leão / FOTOS jorge BISPo

M A rc e lo cA M e lo | r i o de ja n e i ro | 2004


l ÁzAro rAMo s | rio de janei ro | 2 0 0 4 Istoé Gente | 21


fÁb i o Assu n ção | r io de ja n eiro | 20 0 4


Aquela tarde de outono carioca, em maio de 2004, marcaria Matheus Nachtergaele e Jorge Bispo. Havia chegado a vez do ator colocar véu e grinalda. A emoção no estúdio tomou conta da equipe de produção. Lágrimas de Matheus, atual intérprete de Encolheu no remake de Saramandaia, atrasaram o schedule. Dias antes, ele recebera uma ligação do fotógrafo para agendar a data de um ensaio em que outros artistas também fariam. O ator seria um personagem do projeto Vestido de Noiva. Usando uma túnica feminina, Matheus era o centro do foco da objetiva de Bispo. A luz baixa no estúdio, que refletia no fundo escuro, criava uma atmosfera de comoção. Luz, câmera, ação. Os ruídos da sala, em tom quase que imperceptível, vinham somente dos lentos movimentos do ator. Ele parou. Encontrou a posição que rendeu a Bispo o clique e uma das imagens que mais gosta de seu portfólio. Matheus mirava o fotógrafo com afinco, mas não via ninguém por trás da Nikon profissional. Era sua representação teatral para o momento. Deixou-se levar por um caminho cênico tão forte que chorou. "Na hora ninguém questionou nada, só ficamos em silêncio. Foi uma força teatral tão intensa que nem sei explicar. Era a arte se produzindo ali", relembra Bispo, lamentando-se pela velocidade com que os anos se passaram e por não conseguir descrever a cena com o rigor de detalhes. Foi naquela tarde nublada no Rio que Bispo criou um dos ensaios mais bonitos de sua carreira. Películas originais lhe renderam uma exposição internacional, reconhecimento no mitié dos retratistas e uma aproximação com o showbiz que se perpetua até hoje.

MASCULINO E FEMININO Era o mês das noivas. Durante o papo com o amigo e stylist Eduardo Roly, regado a cafezinho carioca, o brainstorming levou a dupla a enxergar a dicotomia entre homem e mulher tendo vestidos de noiva como elo. A princípio seriam mulheres negras com vestidos brancos. Depois veio a ideia de fazer com homens. “Queria clicar modelos adolescentes, esses meio andróginos. Mas mudamos de opção”, conta. "Mesclamos a primeira com a segunda. O ensaio seria de negros com vestido de noiva." O primeiro modelo que veio à cabeça do fotógrafo foi Lázaro Ramos. Recém-chegado da Bahia, ainda não tinha conquistado o

título de queridinho da Globo e não era ator do circuito comercial. “Havia feito uns retratos dele após o longa Madame Satã (2002). Ele veio do teatro, eu gostava desse ambiente, resolvi ligar.” Rolou afinidade. Lázaro topou, Bispo fez o clique, mas o projeto não agradou à revista feminina que encomendara imagens para uma edição de aniversário.

A rEvIrAvOLtA Bispo não se abateu. Aproveitou a encomenda da publicação – usando os mesmos personagens para uma matéria com abordagem diferente – e resolveu fazer os dois trabalhos no mesmo dia. “Tinha amigos em comum com o Gabriel Braga Nunes. Chamei-o para fazer as duas coisas. Ele topou. Depois pedi uma ajuda dele com o Fábio Assunção. Ele fez a ponte. Quando três ou quatro topam, fica fácil de completar o elenco”, diz o fotógrafo. Para o projeto Vestido de Noiva, Eduardo Roly juntou diversos trajes GGs. Homens com corpos robustos deram imponência ao tradicional look feminino. Os atores olhavam desconfiados para o comprimento da vestimenta, o tamanho da circunferência da cintura e se perguntavam, meio sem palavras, se caberiam ali dentro. Logo, viam que era possível ser uma noiva, excêntrica, no altar. “Como mulher aguenta isso na cabeça e fica tanto tempo com o peso do vestido?”, indagava-se Gabriel Braga Nunes. Era hora de brincar com seriedade. A pureza do branco foi coadjuvante entre poses, barbas e bigodes. Bispo dirigia a cena: “Não queria nada de make e só pedia por posturas de homem. Na frente da câmera, teatro. Já nas costas dos atores, fita-crepe, amarrações com linha e grampos, para segurar os vestidos no lugar”, relembra, aos risos. O único que usou o traje “sob medida” foi Matheus Nachtergaele. Um vestido “tipo umbanda” da amiga do fotógrafo, a estilista Luiza Marcier. Chuvas de arroz ao final da cerimônia: as fotos viraram mostra no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, na Argentina. “Foi o símbolo extremo do antagonismo feminino e masculino”, conclui Bispo. AS MULhErES dO Apê

Solteiro, 38 anos, Bispo nunca se casou. Filho do diretor de teatro Ivan Bispo, Jorge cresceu na coxia. Fez curso de dramaturgia desde a infância e se apaixonou pela fotografia aos 12 anos, quando com-

”foi uMA forçA teAtrAl. ERa aRTE se produzindo Ali” jorge Bispo, sobre o choro do Ator MAtheus nAchtergAele nA horA dA foto

prou sua primeira câmera analógica, russa. Dos anfiteatros começou a preferir fotografar as cenas de bastidor a atuar. Revelava os retratos, que iam parar no chão dos palcos dos ensaios seguintes para que os amigos vissem e se divertissem. O auditório cheio deixou de inspirá-lo como ator. Formou-se então em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e embrenhou-se de vez no campo das objetivas. Ele levou suas percepções da pintura para a oitava arte, a fotografia. Cultivou o olhar estético e a admiração pelo nu. “Das várias capas de revista masculina que fiz, resolvi formular um trabalho autoral. Trouxe a nudez feminina a partir das minhas impressões. O mercado editorial busca o perfeito. Eu queria mostrar as linhas vigentes na beleza feminina de forma natural”, diz. “Em 2011, surgiu o projeto Apartamento 302.” Era seu endereço no Rio. O tema é clássico entre os fotógrafos. Mas Bispo unificou na mesma luz e na parede branca quase 120 fotos de mulheres anônimas, muitas delas com formas opulentas e fellinianas, no tumblr. “Criei um e-mail onde qualquer pessoa do sexo feminino podia se oferecer para posar. Desse ensaio, recebi elogios da Rússia, Japão e Europa”, conta o fotógrafo. E ao que tudo indica, também vai virar livro e exposição. Enquanto isso, Bispo devaneia sobre a criação de uma revista. “Seria uma forma de vingar todas as minhas vontades reprimidas”, brinca. “Mas sei que não tenho tino para isso. O mais sábio é continuar fazendo o que melhor sei, portraits, como um recente da atriz Deborah Falabella. Não tem nada de específico, só ela, de camiseta caída, com a alça do sutiã aparecendo. É tão verdadeiro, simples. É meu ideal de retrato.”

Istoé Gente | 23


g Ab r i e l b r Ag A n un es | r io de ja n eiro | 20 0 4


MiguelpA ivA | rio de jane iro | 2 0 0 4 IstoĂŠ Gente | 25


M At h e u s n Ac h t e rg Ae le | r io de ja n eiro | 20 0 4


pAu linh o Mo scA | rio de jane i ro | 2 0 0 4 IstoĂŠ Gente | 27


SUSTENTABILIDADE

BORDADEIRAS NA ESCOLA As criações de Patrícia Bonaldi transformam suas clientes em verdadeiras princesas. E por trás desse glamour, a estilista mineira mantém uma escola gratuita de bordados e capacita mão de obra de qualidade POR LUCIANE ANGELO / FOTOS RAFAEL HUPSEL O bordado é a marca registrada do trabalho de Patrícia Bonaldi. Não demorou para que as pedrarias da estilista mineira caíssem no gosto das celebridades. Mas o que é visto no tapete vermelho das festas vip é só o grand finale de um processo que começa com a aprendizagem da mão de obra. Afinal de contas, há peças que demoram sete dias para serem produzidas e outras até um mês para ficarem prontas nas mãos de um só artesão. E esse preciosismo traz frutos. Hoje a marca exporta para mais de 20 países e Patrícia tem suas criações também expostas na Harrods, reduto do luxo em Londres. O ponto de partida de todo o processo de criação é a fábrica em Uberlândia. Lá é o celeiro para esses novos talentos do bordado. E o recrutamento começou há três anos, quando a estilista percebeu a necessidade de mais bordadeiras qualificadas para o trabalho em seus vestidos, já que os pedidos aumentavam, mas a produção continuava a mesma. Assim, Patrícia montou uma escola de bordados na fábrica e em mais dois pontos carentes da cidade: os bairros Morumbi e Shopping Park. “A minha demanda de vendas aumentou para lojas multimarcas fora da cidade e com a necessidade comecei a capacitar pessoas por conta própria para ganharem seu próprio dinheiro”, conta a estilista, que forma cerca de 100 profissionais por ano. Quatro bordadeiras de sua equipe dão aulas gratuitas e ensinam as técnicas. Muitos alunos já no primeiro dia levam uma peça para trabalhar. As escolas são o ponto de distribuição de trabalho. Todos levam os tecidos

para casa e cada roupa é feita por uma pessoa. “Gente de todo tipo trabalha conosco, desde senhoras aposentadas até homens que não conseguem se recolocar no mercado de trabalho. Damos um prazo de entrega e se a pessoa obedece a esse prazo, ela ganha mais 20% do valor acordado.” Por não haver um compromisso formal, uma cadeia fixa de alunos, a mão de obra é volátil. “Muitas pessoas depois que aprendem o ofício continuam com a gente, outras arranjam um novo emprego. É um trabalho de formiguinha. Sempre divulgamos no jornal da cidade, em carros, panfletos para mantermos um volume bom de alunos novos.” Em São Paulo, esse projeto ainda não existe. “Eu e o meu marido (o advogado e sócio da marca, Luiz Humberto) estamos apenas há um ano no vai e vem entre São Paulo e Uberlândia, por conta das novas lojas, e não conhecemos muito a região ainda. Mas queremos montar uma escola aqui também.” Além do bordado, aos sábados a empresa dá aulas de corte e costura, para qualquer pessoa interessada, utilizando os recortes de tecidos que sobram. As peças produzidas são doadas para a região norte de Minas Gerais. “Tenho horror a retalho porque sei muito bem quanto custa cada centímetro já que importo muito tecido e pedraria. Se alguém souber mais alguma alternativa para reaproveitá-los, pode me dizer!”

Patrícia Bonaldi, em sua loja em São Paulo, mostra o trabalho manual de seus vestidos. Abaixo, a estilista observa uma das peças com a bordadeira Maria Onésia Tomaz


Patrocínio

Istoé Gente | 55


CAPA

Casar é.. Ana Beatriz Barros encarna uma noiva sexy e irreverente, mas, a caminho do altar com o empresário egípcio Karim El Chiaty, a top mostra-se tradicionalíssima: “Casamento tem que ser para sempre” por Simone BlaneS / FoToS criStiano madureira Edição dE moda Heleno manoel / BElEza cecília macedo (capa mGt)

Não duvide. Se dependesse do desejo da noiva sexy da foto ao lado, ela mandaria abrir o Mar Vermelho. Assim, a numerosa família do jovem egípcio Karim El Chiaty, seu príncipe eleito há um ano e meio, poderia ir vê-los subir ao altar num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico. A terra prometida ainda não está definida, mas, aos 31 anos, 17 deles dedicados a uma vida mundo afora entre desfiles, fotos e campanhas de moda, Ana Beatriz Barros diz ter uma certeza: encontrou a pessoa com quem quer passar o resto da vida. “Você sente quando é a pessoa certa. É o primeiro por quem sinto isso.’ O namorado retribui: “Eu me sinto afortunado por tê-la em minha vida.” Karim, 28 anos, diz mais: “Admiro Ana por sua honestidade, generosidade e beleza interior, traços de caráter que são raros nesta era.” Ana tem tanta convicção que estaria disposta a se converter à religião muçulmana, para se unir ao rapaz com quem ela cruzou em Nova York três dias seguidos, até ele resolver pedir seu telefone. “Para casar, tenho que me converter. Faria isso, com certeza.” Mas aceitar os valores do Islã não significa que passará a usar burca ou véus. Véu, só o de noiva. “Sou católica, mas não me importa a religião. Importante é a bênção de Deus.” O casamento, a top imagina, não será no Egito nem no Brasil. “Adoraria que fosse aqui, mas sejamos justos: não dá. Será no meio do caminho. Tenho família grande, Karim também”, diz. Ela tem um lugar dos sonhos: a província de Ravello, na Costa Amalfitana. Ana quer o vestido de noiva mais incrível, de Elie Saab ou de um estilista brasileiro. Sua imaginação alcança até as madrinhas. “Vão ser (as tops) Jeiza Cheminazzo, Alessandra Ambrosio, Fernanda Motta, Renata Maciel, minhas irmãs Patrícia Barros e Maria Luiza Barros, e a (booker) Sabrina Miller. Imagina o altar: só mulheres feias...”, ri. Cabelo e make têm dono: Rogério Santana. Serão três dias de cerimônia, seguindo a tradição muçulmana. A top só não anuncia a data. “Algum dia”, resume. Diz um passarinho verde: até o fim do ano o “príncipe” do Egito pede sua mão.

Façamos a retrospectiva: até a metade do século 20, casar era quase obrigatório. Com o feminismo, o matrimônio perdeu força. Nos anos 90, teve sua fase “cafona”. Ninguém estava muito a fim de usar vestido virginal em festas cheias de parentes. Quase 15 anos após a virada do milênio, véu e grinalda voltam a povoar os desejos femininos. “Toda mulher quer casar. Dizer ‘meu marido’ tem um significado. É algo para a vida”, diz Ana. Ela vive entre São Paulo, Nova York e Europa. Ele concentra negócios entre Dubai, Cairo, Atenas e Londres. Mas quem casa quer casa. O casal providenciou uma “base”. “Ele comprou um apartamento em Londres, que é bom para os dois. Está em reforma”, diz. “Estamos cansados de ter as coisas espalhadas pelo mundo.” A top, contudo, ressalva: não vai morar com o namorado. Quer o papel assinado, assim como ele. Têm os mesmos valores, o que Ana acredita ser o que faz deles um casal. Até então, Karim morava com os pais na Grécia. Mudaram-se do Cairo por conta dos conflitos políticos no país. Filho de pai egípcio e mãe grega, a família tem uma grande companhia de turismo no país. A imagem de que top models são mulheres cosmopolitas pincela a atmosfera da vida de Ana Beatriz Barros. Mas prepare-se: ela é irremediavelmente tradicional. O espírito livre, de irreverência ao casamento, deixou externar neste ensaio. A top vestiu-se de noiva em múltiplas situações. No quarto, no metrô, no escritório ou na cozinha, ela sugere: just have fun antes de dizer “sim”. Na vida de casada, porém, ela quer se alinhar ao convencional. “É o jeito como fui educada. Na minha família não tem nenhum divórcio”, diz. “Quando me casar, vai ser para

sempre.” Seus pais são casados há 34 anos. Os avós maternos fizeram bodas de diamante. Os pais do noivo têm 35 anos de união. Do exemplo da mãe, Ana só rejeita abrir mão da carreira. “Isso eu não faria, mesmo que ele pedisse”, avisa. “Mas Karim adora que eu tenha essa cabeça. É muçulmano de família moderna. Pesquisei antes de entrar nesse relacionamento.” Sonia Barros, a mãe, atesta que as convicções da filha vêm do berço. “Ana tem opinião para tudo e leva em consideração a visão dos pais. É tão difícil isso, não?”, diz. A bênção da mãe, a top já tem. “Vou torcer para que dê tudo certo. Eles se amam.” Sejamos francos: casar para sempre é um desafio para qualquer mortal. Nossa noivadeusa está ciente. Hoje, quando estatísticas apontam que 70% dos enlaces acabam antes de dez anos, ser feliz para sempre é quase inalcançável. Quem viu o último filme sobre a história de Jesse e Celine, personagens de Julie Delpy e Ethan Hawke em Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol e agora Antes da Meia-Noite – em cartaz nos cinemas –, há de concordar: nem o mais lindo love story resiste à rotina, a dilemas com filhos, a ressentimentos. Entre sonhos e véus, Ana está longe de passar por isso, mas arrisca: “Para dar certo, tem que gostar das mesmas coisas”. Letal para o casamento: “Traição”, ela elege. “Você tem que confiar na pessoa com quem está dormindo e acordando todos os dias. Tem gente que perdoa. Eu não consigo.” Se não há remédio, esta bela criatura defensora de casamentos eternos é a favor do divórcio. “Se não está bom, não dá. A vida é curta. E eu acredito na felicidade.” Torcemos por ela!


Vestido Fause Haten, brincos e anel Ana Rocha & Appolinario, gargantilha Acquastudio, tiara TopShop, meias Wolford, luvas acervo pessoal e scarpin Talie NK


BELEZA

“O make é inspirado nos anos 20. A pele é opaca.. Rosto, pescoço e colo foram igualados com base fosca nº 8 da YSL. Nas têmporas, usei iluminador. A sombra é purple, mix de lilás e violeta, com olhos esfumaçados, uma ponta de cílios postiços e rímel. Na sobrancelha, lápis loiro escuro. O blush é terracota e a boca delineei com lápis labial uva, apenas hidratante. No cabelo, para dar o ar de rainha renascentista/ contemporânea, umedeci fios com musse e usei bobs para dar volume. Desfiei em mechas e montei o penteado com grampos embutidos, usando mãos e pente.” Cecília Macedo, maquiadora Os produtos de maquiagem são Yves Saint Laurent e para o cabelo, Redken da L’Oréal

Vestido André Lima, véu Pó de Arroz, óculos Prada (à venda na Wanny), brincos Silvia Furmanovitch e relógio Marc by Marc Jacobs


IstoĂŠ Gente | 59


Vestido Trinitá, coroa Casa Vasconcellos, brincos Guerreiro, óculos Burberry na Sunglass Hut, pulseiras Otavio Giora, luvas Ellus, buquê Adriana Suzuki, faixa da cintura Carla Gaspar, legging Mulher Elástica, meias American Apparel e tênis New Balance


Vestido Emannuelle Junqueira, moletom American Apparel, anĂŠis e bracelete Ana Rocha & Appolinario, brincos H.Stern, broches Duza e Otavio Giora IstoĂŠ Gente | 61


Vestido Oscar de la Renta na White Hall, chapéu Eduardo Laurino para Rober Dognani, flor usada no chapéu Carla Gaspar, anel Ana Rocha & Appolinario, bolsa de couro Miu Miu, bolsa acrílico Lanvin e lenço Louis Vuitton


IstoĂŠ Gente | 63


Vestido e calça R.Rosner, jaqueta Carina Duek, máscara Camila Klein, brincos e anéis Ara Vartanian, braceletes Swarovski e scarpin Christian Louboutin


Vestido Samuel Cirnansck, tiara Alexandre de Paris, brincos LĂĄzara Design, gargantilha H.Stern, meias La Perla, scarpin Talie NK e bolo de papel Adriana Suzuki IstoĂŠ Gente | 65



Vestido e véu Gloria Coelho, luvas Max Mara, cinto Mares, colar Anne Fontaine, bracelete e anel Swarovski, casquete Nil Lima Coordenação de produção: Simone Blanes Produção de locação: Mangaba Produções Produção de moda: Clessi Cardoso e Alex Andrade Assistente de beleza: Juliane Oliveira Assistente de fotografia: Renan Vitorino Tratamento de imagem: Jorge Morabito Manicure: Márcia Ferreira/ Jacques Janine Camareira: Flaviana Oliveira / Camarim SP Agradecimentos: Barbearia 9 de Julho, Luminosidade, Subprefeitura da Sé, Restaurante Ritz, Tivoli Hotel, Lanchonete da Cidade, Ornare, Metrô da Cidade de São Paulo e www.freecycle.com.br

Istoé Gente | 67


GENTE ENTREVISTA

Pilar

de Saramago Prestes a vir ao Brasil, Pilar Del Río conversa com exclusividade com Gente e revela que o casamento com o único escritor da língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de literatura foi uma relação de compartilhamento de sonhos, projetos e frustrações POR Silviane neno

O mundo talvez não tivesse conhecido o valor das obras de José Saramago não fosse a mulher que o acompanhou durante quase 25 anos. Pilar Del Río, a jornalista espanhola que mereceu as dedicatórias mais comoventes e apaixonadas da literatura, foi quem o convenceu a traduzir seus livros para outras línguas. O Prêmio Nobel de literatura em 1998, foi a prova de que ela estava certa: “Se tivesse morrido aos 63 anos, antes de conhecer Pilar, teria morrido muito mais velho que quando chegar a minha hora”, disse ele durante o lançamento de A Viagem do Elefante no Brasil em 2008. José Saramago e Pilar Del Río se conheceram em 1986 quando ela leu Memorial do Convento. Ficou fascinada, e quis ler mais daquele escritor. Escolheu O Ano da Morte de Ricardo Reis. Quando virou a última página decidiu que tinha que ir agradecer ao autor. E foi. Em Lisboa, ligou para Saramago, se apresentou e disse que gostaria de conhecê-lo. Às quatro da tarde do dia 14 de junho daquele ano, os dois se encontraram no hotel onde Pilar estava hospedada, no centro de Lisboa. Ela tinha 36 anos e ele 63. Conversaram muito, descobriram afinidades, mas se despediram sem falar em assuntos pessoais. Trocaram cartas por meses até que se reencontraram em Sevilha, onde Pilar morava. Nunca mais se separaram, até a morte do escritor em 18 de junho de 2010.

Pilar foi um sopro com intensidade de furacão na vida de Saramago. O escritor com fama de mal-humorado e ranzinza passou a dedicar todos os livros à mulher que o fez rejuvenescer: “A Pilar, que ainda não havia nascido, e tanto tardou a chegar”, escreveu na dedicatória de Pequenas Memórias. Hoje, passados três anos da morte do escritor, Pilar, aos 63 anos, é mais do que o nome à frente da fundação que cuida do legado de José Saramago. Após a morte dele, para o espanto dos lusitanos, ela pediu a cidadania portuguesa, mudou-se para Lisboa e assumiu a direção da entidade. Pilar queria cumprir uma promessa feita ao escritor dias antes de sua partida: a de que iria continuá-lo. Num prédio de quatro andares e cinco séculos de história, na Baixa de Lisboa, fica a Casa dos Bicos, onde funciona a sede da Fundação José Saramago. Um centro cultural no qual está o maior acervo pessoal do escritor e de onde ela organiza com pulso firme tudo o que diz respeito à obra de Saramago. Em frente ao prédio, uma centenária oliveira transplantada de Azinhaga, aldeia onde ele

nasceu, faz sombra às cinzas do escritor. De Lanzarote, ilha na qual José e Pilar viveram durante 17 anos, foi trazida a terra. E do romance Memorial do Convento a frase gravada na calçada da rua dos Bacalhoeiros: “Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia: José Saramago 1922-2010.” O escritório da presidenta da Fundação fica no segundo andar, de onde se vê o Tejo e a oliveira. Foi ali que encontrei Pilar pela primeira vez. Nesta entrevista, concedida após aquela primeira conversa, Pilar falou com entusiasmo de sua próxima vinda ao Brasil para acompanhar a encenação, em Belém do Pará, de O Memorial do Convento e os lançamentos, pela Editora da Universidade Federal do Pará, de dois ensaios de Saramago, inéditos no Brasil: Da Estátua à Pedra e Democracia e Universidade no dia 30 de agosto também em Belém, e dos livros Levantado do Chão e Memorial do Convento, pela Companhia das Letras, em São Paulo, dia 13 de agosto. Também falamos do seu pavor ao romantismo, de política, do Brasil e da falta que José faz.


IstoĂŠ Gente | 89

Foto Patricia de Melo Moreira/AFP


Foto MartĂ­nez de CripĂĄn/EFE

Pilar ao lado de Saramago, em Lanzarote, 2009


“Não éramos propriedade um do outro, mas sim amigos que dividiam tudo” Gente – Já são três anos sem ele. Do que você mais sente falta de Saramago? Pilar – Falta do ser humano que, em detrimento de todos os demais, escolhi para compartilhar a vida... O que me sustenta é saber que, dentre todas as pessoas, também ele me escolheu para continuá-lo. Gente – Vocês tinham coisas banais como qualquer casal, ciúme por exemplo? Pilar – A singularidade de nossa relação fundamentavase na amizade: não éramos propriedade um do outro, mas sim amigos que dividiam tudo, sonhos, projetos, frustrações... Nunca aceitamos uma relação convencional: jamais. Ter conseguido essa relação de igualdade, sem convencionalismos sociais, foi o maior privilégio. Gente – Você já disse que nunca idealizou o casamento, que ele é uma fonte de problemas. Por que as pessoas continuam casando? Pilar – Porque as leis obrigam, intervêm em todos os foros, legislam paternidades, maternidades, casamentos... O fato de obrigar legalmente a constituir famílias e defender o conceito é sinal de que a coisa vai mal: como se os seres humanos, por iniciativa própria, não pudessem cuidar dos idosos ou dos doentes, não pudessem constituir comunidades, tenham de ser obrigados por leis... Que horror! Gente – O que mudou no seu pensamento depois de perder Saramago? Você já disse que odeia o romantismo. Mas dizer que ficaria a vida inteira com a mesma pessoa não inclui uma aura romântica? Pilar – Odeio o romantismo assim como detesto quase todos os conceitos que nos são impostos para que sejamos bem comportados, limitados a pequenos círculos... Ou para que choremos de frustração em vez de criar e arriscar... Atravessei a vida com gente amiga, que era amiga há 55 anos e é amiga hoje, sem a necessidade de romantismos ou bajulações. É preciso romper os limites estreitos que nos marcam, a começar pelo limite natural. É possível fazê-lo à base de generosidade. E isso não muda com a morte da pessoa que mais amamos.

Gente – Você virá ao Brasil para lançar a edição brasileira de um livro inédito de Saramago, Da Estátua à Pedra. Uma obra em que ele fala do processo literário dele, como nasciam suas obras. E qual foi o processo desse livro? Pilar – A princípio foi uma conferência proferida na universidade italiana de Turim. Ocorre que, por determinadas circunstâncias – os ouvintes, o lugar, o momento, sabe-se lá o motivo –, um acontecimento mais ou menos corriqueiro acabou se transformando num momento de criação, ao qual assistimos surpresos e emocionados... Era um autor refletindo sobre a matéria de seu trabalho e sobre si mesmo, de forma tão íntima, com suas dúvidas e matizes, que aqueles que o escutavam perceberam que haviam tido um privilégio. Por isso, decidiram editar o livro, primeiro na Itália e agora no Brasil. Espero que produza nos leitores o mesmo impulso produzido nos que o ouviram em 1998. Gente – Você é a presidenta da Fundação Saramago, que acaba de completar um ano. Como é o seu trabalho à frente da fundação? Pilar – É continuar insistindo para que as belas ideias de igualdade, respeito e dignidade, sustentadas por José Saramago, se transformem em realidade. Sabemos que é difícil (ou não), mas trabalhamos como se tudo dependesse de nós. E vemos que, a despeito da injustiça de um sistema que condena tantos milhões de pessoas ao desespero, existem aqueles que se levantam, protestam e expressam ideias melhores, de reconhecimento dos direitos pessoais e dos outros. Somos do tipo que não se resigna à injustiça, e seguimos de braços dados com tantos no mundo, espalhando o legado de José Saramago. Istoé IstoéGente Gente || 91


“50 tons de cinza é um produto de marketiNg para eScravizar mulhereS” Gente – De onde vem sua postura contestadora, indignada? Dos pais, dos livros, de Saramago? Pilar – Imagine se aos 63 anos eu teria uma posição fruto da educação paterna... Não, por favor. Aprende-se a pensar na adolescência, em seguida vem a universidade, a própria capacidade pessoal, a vida... Cada um deve fazer a si mesmo. Minha posição está relacionada à minha trajetória, aquilo em que acredito e pratico. E por ser assim, me encontrei com José Saramago.

Gente – Sexo é fundamental? Com ou sem amor? Pilar – É estupendo, e melhor com amor. Com naturalidade, sem essa imposição alienante que, a cada dia, tentam nos vender aqueles que desejam uma sociedade banal.

Gente – Ainda existem direita e esquerda? Pilar – É claro que existem esquerda e direita. O que ocorre às vezes é que, naqueles que se dizem de esquerda, não se encontram os valores éticos e de solidariedade que se atribuem à esquerda... Talvez essa divisão não seja perceptível no governo ou nos parlamentos, mas sim na vida.

Gente – Você leu 50 Tons de Cinza? O que acha desse fenômeno? É literatura? Pilar – Não me interessa esse fenômeno, que não é literário, é comercial. Tenho pena das mulheres que acreditam se libertar ao ler algo assim: trata-se de um produto de marketing, habilmente administrado como fonte de renda. Não liberta. Aprofunda ainda mais o espaço de escravidão no qual o mercado quer nos colocar.

Gente – Que imagem você tem do Brasil? Pilar – A de um país com mais de 200 milhões de pessoas que está cada dia mais consciente de seu poder. E de um país cuja elite vai perdendo espaço, pois já não consegue mais impor seus embustes impunemente.

Gente – Quem é o grande autor atual de língua portuguesa? Pilar – Felizmente são muitos: no Brasil, em Portugal, na África. Clássicos e atuais. Se você quer um nome, o mais recente Prêmio Camões: Mia Couto, de Moçambique.

Gente – Quem lhe faz parar para prestar atenção? Quem você admira? Pilar – Admiro as obras e pessoas que agem com critérios abertos, que se arriscam, que não precisam se impor para ser verdadeiras, não invejam. Nem todo mundo pode ser genial, mas todos nós podemos ser bons. Eu aplaudo e me detenho diante da generosidade de pessoas que conheço. Que rompem com todos os moldes, tamanha sua humanidade.

Gente – Cite um trecho de poema de seu autor predileto. Pilar – De Pablo Neruda, um dos muitos autores preferidos que tenho:

Gente – Saramago dedicou a você vários de seus livros. Qual a sua dedicatória preferida? Pilar – Quando diz que sou a sua casa.

Mi lucha es dura y vuelvo con los ojos cansados a veces de haber visto la tierra que no cambia, pero al entrar tu risa sube al cielo buscándome y abre para mí todas las puertas de la vida.

Gente – Um trecho, de Saramago. Pilar – De Viagem a Portugal (O final). O viajante volta já Não é verdade. A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: «Não há mais que ver», sabia que não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.


Foto Patricia de Melo Moreira/AFP

“eLe me esCoLHeu para conTinuÁ-lo”

Istoé Gente | 93


Gente EM CASA

POTE PALERMO Estes potes produzidos nas Filipinas utilizam uma técnica de tingimento artístico, conhecida como Ikat.

R$

627

espacotil.com.br

Arquitetura

Décor

Design

Garimpo

Estética

Lifestyle

O MELHOR DE DOIS Nada traduz mais uma pessoa ou um casal do que a casa onde vivem. O retrato de escolhas e afetos. Aqui, o jeito chique de uma dupla de estilo

Paisagismo

Arte em casa

Foto Marcelo Navarro

Luiz Otávio Debeus e Tadeu Nasser no jardim da casa onde moram há dois anos em São Paulo


Gente EM CASA

O ESTILO dos “stiles”

Eles dividem a casa, a loja Stiledoc (daí o apelido “os stiles”, dado pelos amigos), o bom gosto e a vida. O casal paulista Luiz Otávio Debeus e Tadeu Nasser está junto há 12 anos e não tem qualquer problema em criar novos padrões de lifestyle. Além de mudar sempre: de casa, de loja, de tudo – só não abrem mão do bom gosto. Depois de morar em apartamento, em um sobrado e em um loft, eles compartilham uma casa neocolonial no Jardim Europa, cercada de flores POR sergio zobaran / FOTOS marcelo navarro

Ecléticos no estilo, mas com personalidades marcantes, Luiz Otávio Debeus e Tadeu Nasser dedicam-se integralmente à decoração quando estão em São Paulo – à exceção dos momentos em que fazem suas próprias refeições caseiras de comida confortável, ou quando Tadeu patina 15 quilômetros diários, à noite, no Parque do Ibirapuera. No dia a dia da cidade, frequentam feiras de antiguidades, leilões e antiquários. E também fazem viagens constantes pelo Brasil e pelo mundo. Aqui não há lugar para preconceito: “Busco o inesperado. Garimpo muito para a loja, onde faço a direção de estilo (enquanto Tadeu cuida da parte administrativo-financeira), e para o que me cerca em casa, sempre atrás de peças originais”, diz Luiz Otávio. Assim, diferentes peças de muitas escolas e séculos frequentam a construção neocolonial de dois andares, com suas paredes todas de branco por fora e por dentro, com portas e beirais de madeira no mais puro azul de época, e guarnições no entorno delas em cimento – nas construções originais seriam em pedra de cantaria. Na casa habitada pelo casal há cerca de dois anos, nenhuma obra foi feita, já que o

que mais apreciaram mesmo na hora da escolha do imóvel foram as proporções e os materiais. Desde os acabamentos, como o piso de tábuas corridas na área interna e de lajotas na área externa, e o madeiramento em geral, até os painéis de azulejaria. Ou seja, daquilo que é básico na arquitetura portuguesa adotada no Brasil Colônia, em releitura típica de quatro décadas atrás. “As cartas já estavam dadas e passei a trabalhar somente na decoração, mas dentro de uma composição estética e sensorial que usasse como referência a arquitetura existente.” Assim, nas três salas do andar térreo – living, sala de jantar e a sala de tevê com lareira –, todas integradas entre si e abertas para a varanda e os jardins e a piscina à volta, acumulam-se móveis franceses dos séculos XVIII e XIX, e dos brasileiros do século XIX, nem tão rebuscados quanto os europeus. E outros tantos do século passado, a partir dos anos 1940. Os tapetes podem ser uma pele antiga de zebra, um moderno estampado e um oriental bem usado, quase rasgado, chique! “As casas têm que aceitar as marcas do tempo, e também não gosto das coisas tinindo, com cara de novas. Com a umidade, os


Na varanda, o rĂŠcamier francĂŞs de ferro forjado em frente ao painel sacro de azulejos. E cadeiras de ferro brasileiras dos anos 1950


A sala de tevê tem gravuras de Cícero Dias, Tomie Ohtake e Burle Marx atrás do sofá, e de Rubens Valentim junto à mesa de trabalho. Ao lado, o estilo de vestir quase todo espanhol de Luiz Otávio (em pé) e Tadeu

“cada um de nós deve ir atrás de suas próprias referências. pesquisando, estudando o que se gosta para chegar ao que é adequado à vida de cada um” Luiz otávio debeus



muros dos jardins, por exemplo, mofam! É claro que temos que ter cuidado, mas nunca transformá-lo numa obsessão, porque tudo fica pasteurizado se buscamos um perfeccionismo a toda prova.” A conversa sobre estilos continua. Aliás, é a especialidade da casa. “Adoro o colonial, mas não tem essa de fazer a decoração baseada em um só estilo”, diz o “stile” Luiz Otávio, que encaixa os demais dentro de seu próprio universo, do qual faz parte muito importante a opinião de Tadeu, ainda que a execução seja toda sua. “Uso cores porque gosto muito, e também as estampas que quase não são utilizadas na área social”, ele reitera. E mostra que veludos adamascados combinam com jacquards estampados e outros tecidos americanos, europeus, brasileiros e do mundo todo. Enquanto isso, ele admite que combinações inusitadas podem ser muito simpáticas, como a localização de uma cesta indígena ao lado de uma poltrona antiga. Tadeu aprova e engloba a opinião de Luiz. Na prática, dá palpites de peso, de alguém que se familiarizou tanto com o assunto que passou a estudar com gosto e conhecer com profundidade. Portanto, a casa de Luiz Otávio – que também desenha móveis – e Tadeu é um verdadeiro laboratório para

as experiências que aplicam no comércio e também na decoração. Já que Luiz, depois de dez anos de loja e mais maduro na profissão, volta a fazer consultoria de estilo para seus clientes. Ele ensina: “A decoração deve ser feita a partir de um amadurecimento estético. Cada um de nós deve ir atrás de suas próprias referências. Pesquisando, indo a mostras de decoração, lendo livros, estudando aquilo que se gosta e se quer para chegar ao que é adequado à vida de cada um.” E acrescenta: “De-tes-to tendência, acho arcaico. Temos que estar de frente à pluralidade que o mercado oferece.” E ambos encerram em coro qualquer possibilidade de crítica de que seu estilo eclético não seja contemporâneo: “Estamos abertos a tudo e trabalhamos dentro do emocional de cada um, inclusive do nosso. É fundamental que cada pessoa chegue em casa e aquilo tudo que a cerque componha o seu próprio lifestyle.” Palavra dos “stiles”.

À esquerda, o corredor parece o de um convento, com sua azulejaria de parede. Acima, poltrona francesa do século XIX com banco indígena à frente, e mesa lateral estilo Luiz XV. Na página ao lado, mesa de centro com coleção de figas de madeiras brasileiras e, ao fundo, porcelana chinesa do século XIX




GENTE EXPLORA

Uma ilha e um amor

Gabriela Pugliesi, a blogueira que inspira 253 mil seguidores com suas dicas de dieta saudável e fitness, escolheu as Ilhas Maurício como destino da sua lua de mel. Foi para este paraíso que ela e o marido, Thiago, voaram depois do casamento na praia por Simone BlaneS / FoToS arquivo peSSoal


Petra, a cidades das pedras, é famosa também por sua beleza noturna. Abaixo, Annelyse aproveitou a tarde no deserto de Wadi Rum para fazer um passeio de camelo. Ao lado, panorâmica do Mar Morto

Gabriela e Thiago nadam na praia das Ilhas Maurício. “As águas mais claras que eu já vi”

Istoé Gente | 107


A escolha do destino tem tudo a ver com o lifestyle de Gabriela e Thiago. Os dois parecem ter nascido para viver pertinho da natureza e do mar. E, para ela, passar dias inteiros de biquíni é moleza. Gabi sempre gostou de malhação e foi numa academia que conheceu e se apaixonou por Thiago, seu personal trainer mais do que particular. Localizado em pleno Oceano Índico, a 2.000 km da costa sudeste do continente africano, o arquipélago das Ilhas Maurício é um lugar perfeito para quem quer se isolar, descansar e curtir o momento casal. “Um lugar especial pela paisagem, silêncio. É 100% relaxante e muito romântico. Tudo lá é inspirador. Existe sempre um clima de paixão no ar”, conta Gabriela. E a viagem, no ano passado, foi tão inspiradora que Gabriela até mudou de profissão após a semana de descanso. De designer virou blogueira de fitness. Como? “Lá passei os dias experimentando as delícias de pratos locais com frutos do mar sensacionais. Cada jantar era especial, com um tema diferente. E o resultado: cinco quilos a mais na balança!” Decidida a correr atrás do prejuízo, Gabriela começou a postar em seu Instagram (#gabrielapugliesi) fotos de como conseguiria reduzir seu peso com saúde. Thiago a ajudou na missão. Os seguidores foram se multiplicando e

hoje já somam quase 300 mil. Além da rede social, ela montou o site tips4life. com.br e trabalha 100% com seu projeto.

DICAS DA gAbI The Residence hoTel

Oásis Gabriela e Thiago se hospedaram no hotel The Residence, onde todos cultivam a tranquilidade local. “Quando os funcionários nos encontravam pelos corredores, faziam a saudação asiática de ‘namastê’ (o cumprimento acompanhado do gesto de reverência com as mãos unidas). Tudo era impecável. Ficamos amigos de todos. São de uma simpatia extrema.” Das experiências mais inesquecíveis que passou por lá, Gabriela destaca o contato com os peixes. “Há um passeio feito pelo hotel que te leva para um dia em uma pequena ilha ao lado de Maurício, completamente deserta, com a água mais clara que eu já vi”, conta. “Alugamos um barco e nadamos naquela água transparente com os peixes em volta. Foi maravilhoso.” Gabriela promete voltar ao paraíso que foi divisor de águas na sua vida.

“É o hotel mais bacana das Ilhas Maurício. Possui spa, massagens e os dois melhores restaurantes do local. Fizemos amizade com vários casais por lá.”

“Tudo lá é inspirador. ExisTE sEmprE um clima de paixão no ar” Gabriela pugliesi

GasTRonomia “A culinária é exótica e maravilhosa. Os pratos com frutos do mar são a melhor pedida. Tudo é bem fresco e pescado praticamente na hora.”

Passeio de baRco “É incrível poder nadar com os peixes em um mar tão transparente como o da Ilha. São as águas mais claras que eu já vi.”

suveniR “Não é uma viagem de compras, mas há cashmeres maravilhosos e muito baratos. Trouxe quatro. É a única coisa que se compra por lá.”

vale a Pena “É uma viagem perfeita para lua de mel ou para descansar com a pessoa amada.”


Acima, vista das Ilhas Maurício, a 2.000 km da costa sudeste do continente africano. Abaixo, a entrada do hotel The Residence

Ao lado, o casal curte passeios de barco e as praias da ilha. Abaixo, show típico africano no restaurante do hotel

Istoé Gente | 109


ASSINE AGORA ISTOÉ GENTE

ANA BEATRIZ BARROS

istoegente.com.br

Aa topNOIVA COMO ELA É diz que está disposta a se converter ao islamismo para casar com o namorado egípcio EXCLUSIVO

Pilar & Saramago viúva do escritor, pilar del río vem ao brasil e fala à gente: “ele me escolheu para continuá-lo”

CARMEN MAYRINK VEIGA relembra as trocas de alianças no clã ISABELLA SUPLICY E A INVENÇÃO DO BOLO BRANCO

BELEZA TRATAMENTOS MÁGICOS PARA ENTRAR NO VESTIDO CABELO E MAKE: CRIAÇÕES DE CELSO KAMURA PARA O DIA D

ANA BEATRIZ BARROS JULHO / 2013

ANA BEATRIZ BARROS FOTOGRAFADA POR CRISTIANO MADUREIRA I S SN

9

7 7 1 5 1 6

1 5 1 6 - 8 2 0 4

8 2 0 0 0 0

0

0

6

9

6 7 8 9

JULHO / 2013 ANO 13 Nº 699 > R$ 14,90

CLIQUE AQUI

18 LOOKS PARA SE INSPIRAR


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.