ediçÃo #9 Fernanda maChado ano 2 ediçÃo #9 janeiro 2012 R$ 14,90
o rei da perVerSÃo
Conheça o inglês que Criou o site mais saCana da internet O NOVO KELLY SLATER? janeiro 2012
Fomos ao havaí para entrevistar o jovem surFista brasileiro gabriel medina, elogiado até pelo rei do surF
COmO SCARLETT JOHANSSON
a atriz alessandra negrini também gosta de se autorretratar nua E mAIS: a fábrica de SonhoS da mercedeS amg, aS baladaS maiS quenteS do VerÃo, aS promeSSaS da múSica para 2012, a moda de correr deScalço e a gata que Saiu da cartola
Fernanda Machado
a sedutora musa de tropa de elite é toda sua CasaGraNde: “A primeirA vez que provei cocAínA foi no corinthiAns, dois diAs Antes dA finAl do pAulistA”
REVOLUCIONÁRIOS DO EGITO StatuS acampou na praça tahrir, o palco de SangrentaS batalhaS exemplar de
> aSSinante venda
proibida
21 58 70 Editorial Conselho Colaboradores Lá em casa Chave de cadeia Moda Ícones de estilo Beleza Toys for Boys Corpo e mente Ao ar livre A gata da cartola Vivi confidencial Pornopopeia Flashback
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top Secret 64
Quem é peter acworth, o rei da perversão na internet foto Shaul Schwarz / Getty
76 80 90
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o rei da perVerSÃo
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Fomos ao havaí para entrevistar o jovem surFista brasileiro gabriel medina, elogiado até pelo rei do surF
COmO SCARLETT JOHANSSON
a atriz alessandra negrini também gosta de se autorretratar nua E mAIS: a fábrica de SonhoS da mercedeS amg, aS baladaS maiS quenteS do VerÃo, aS promeSSaS da múSica para 2012, a moda de correr deScalço e a gata que Saiu da cartola
Fernanda Machado
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REVOLUCIONÁRIOS DO EGITO StatuS acampou na praça tahrir, t o palco de SangrentaS batalhaS exemplar de
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proibida
StatuS também no ipad, no facebook e no twitter www.reviStaStatuS.com.br
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approach
Gastronomia, festas, viagens, cinema, literatura, tecnologia, comportamento e os segredos do bem viver
entreviSta
Em conversa com Marcelo Rubens Paiva, casagrande revela como sobreviveu ao inferno das drogas
vai encarar?
Acampamos na praça tahrir, no cairo, onde o povo egípcio verte o próprio sangue na luta por liberdade
perfil
Apresentamos o paulista Gabriel Medina, o mais novo talento do surf mundial, diretamente do Havaí
cinema
A gata alessandra negrini estrela longa de ação e revela que gosta de se fotografar nua
enSaio capa A atriz fernanda machado, a eterna musa de Tropa de elite, inteirinha para você
SanGue-frio
Os remadores que superam tubarões e ondas gigantes na travessia oceânica mais arriscada do mundo
editoR e diRetoR ResPonsÁVeL DOMINGO ALZUGARAY editoRa CáTIA ALZUGARAY PResidente executiVo CACO ALZUGARAY diretor editorial CARLOS JOSé MARQUES diretor editorial-adjunto LUIZ FERNANDO Sá
diretor de projeto Nirlando Beirão diretor de redação Carlos Sambrana editores Bruno Weis, Fabrícia Peixoto e Piti Vieira editora de imagem Ariani Carneiro produção executiva Michelle Kimura diretora de arte Renata Zincone editores de arte Cinthia Behr e Pedro Matallo designer Evelyn Leine Gargiulo colaboradores
fotografia agência istoé
apoio administrativo projeto gráfico tratamento de imagens e pré-impressão copy desk e revisão operações
textos Henrique Flávio Neves, Julia Mittenberg, Marcelo Rubens Paiva, Natália Mestre, Paulo Siqueira, Priscilla Portugal, Reinaldo Moraes, Suzana Borin, Steven Alain, Tom Cardoso, Vanessa Barone e Vivi Mascaro ilustrações Luciana Bicalho e Oliver Quinto fotos Dede Fedrizzi, Fernanda Preto, Frederic Jean, Gustavo Zilbersztajn, Ivan Abujamra e Rogério Cassimiro produção Cesar Fassina, Clessi Cardoso Holanda, Diogo Brasiliano e Isabella Estevez consultoria tipográfica Ariel Cepeda e Billy Bacon/Boldº_a design company fontes Dalton Maag e Yomar Augusto editor executivo Cesar Itiberê editor Max GPinto repórteres fotográficos Adriano Machado, João Castellano, Massao Goto Filho (Rio), Pedro Dias e Rafael Hupsel gerente Maria Amélia Scarcello secretária Terezinha Scarparo assistente Cláudio Monteiro auxiliar Lucio Fasan Renata Zincone (colaborou Sergio Cury) Retrato Falado Giacomo Leone, Lourdes Maria A. Rivera, Mario Garrone Jr., Neuza Oliveira de Paula e Regina Grossi diretor Gregorio França gerente geral Thomy Perroni assistentes Luiz Massa, André Barbosa e Fábio Rodrigo operações Lapa Paulo Paulino e Paulo Sérgio Duarte coordenador Jorge Burgatti analista Cleiton Gonçalves assistente sênior Thiago Macedo assistentes Aline Lima e Bruna Pinheiro auxiliar Caio Carvalho atendimento ao leitor e vendas pela internet Dayane Aguiar Logística e distRibuição de assinatuRas coordenadora Vanessa Mira coordenadora-assistente Regina Maria assistentes Denys Ferreira, Karina Pereira e Ricardo Souza
marketing
diretor Rui Miguel gerentes Débora Huzian e Wanderley Klinger redator Marcelo Almeida diretor de arte Charly Silva assistentes de marketing Marciana Martins e Marina Caroline Arraes
assinaturas
diretor Edgardo A. Zabala diretor de vendas pessoais Wanderlei Quirino supervisora de vendas Rosana Paal diretor de telemarketing Anderson Lima gerente de atendimento ao assinante Elaine Basílio gerente de trade marketing Jake Neto gerente geral de planejamento e operações Reginaldo Marques gerente de operações e assinaturas Carlos Eduardo Panhoni gerente de telemarketing Renata Andrea gerente de call center Ana Cristina Teen gerente de projetos especiais Patricia Santana centRaL de atendimento ao assinante: (11) 3618-4566. De 2ª a 6ª feira das 9h às 20h30 outras capitais 4002-7334 demais localidades 0800-7750098
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diretor nacional José Bello Souza Francisco diretor de publicidade Maurício Arbex secretária da diretoria de publicidade Regina Oliveira gerentes executivos Eduardo Nogueira, Erika Fonseca, Fabiana Fernandes, Katia Bertoli e Luiz Sergio Siqueira executivas de publicidade Priscila Brisquiliari e Rita Cintra assistente de publicidade Valéria Esbano coordenadora adm. Maria da Silva assistente adm. Daniela Sousa gerente de coordenação Alda Maria Reis coordenadores Gilberto Di Santo Filho e Rose Dias contato publicidade@editora3.com.br RIO DE JANEIRO/RJ: diretor de publicidade Expedito Grossi gerentes executivas Adriana Bouchardet, Arminda Barone e Silvia Maria Costa coordenadora de publicidade Dilse Dumar. Fones: (21) 2107-6667. Fax: (21) 2107-6669 BRASÍLIA/DF: gerente Marcelo Strufaldi. Fone: (61) 3223-1205/3223-1207. Fax: (61) 3223-7732. SP/Campinas: Mário Estellita - Lugino Assessoria de Mkt e Publicidade Ltda. Fone/Fax: (19) 3579-6800 SP/Ribeirão Preto: Andréa Gebin–Parlare Comunicação integrada Av Independência, 3201 -Piso Superior-Sala 8 Fone: (16) 3236-0016/8144-1155 MG/ BELO HORIZONTE: Célia Maria de Oliveira – 1ª Página Publicidade Ltda. Fone/Fax: (31) 3291-6751 PR/CURITIBA: Maria Marta Graco – M2C Representações Publicitárias. Fone/Fax: (41) 3223-0060 RS/PORTO ALEGRE: Roberto Gianoni – RR Gianoni Comércio & Representações Ltda. Fone/Fax: (51) 3388-7712 PE/RECIFE: Abérides Nicéias – Nova Representações Ltda. Fone/Fax: (81) 3227-3433 BA/SALVADOR: Ipojucã Cabral – Verbo Comunicação Empresarial & Marketing Ltda. Fone/Fax: (71) 3347-2032 SC/FLORIANÓPOLIS: Paulo Velloso – Comtato Negócios Ltda. Fone/Fax: (48) 3224-0044 ES/Vila Velha: Didimo Benedito – Dicape Representações e Serviços Ltda – Fone/Fax: (27) 3229-1986 SE/ARACAJÚ: Pedro Amarante – Gabinete de Mídia – Fone/Fax: (79) 3246-4139/9978-8962 Internacional Sales: GSF Representações de Veículos de Comunicações Ltda - Fone: 55 11 9163.3062 – e-mail: gilmargsf@uol.com.br
marketing publicitário diretora Isabel Povineli gerente Maria Bernadete Machado coordenadora Simone F. Gadini assistentes Ariadne Pereira, Marília Trindade e Regiane Valente 3PRo diretor de arte Victor S. Forjaz redator Bruno Módolo
instituto verificador de circulação
a Revista Status é uma publicação mensal da três editorial Ltda.. Redação e administração: Rua William speers, 1.088, são Paulo/sP, ceP: 05067-900. Fone: (11) 3618-4200 – Fax da Redação: (11) 3618-4324. são Paulo/sP. sucursal no Rio de Janeiro: av. almirante barroso, 63, sala 1510 Fone: (21) 2107-6650 – Fax (21) 2107-6661. sucursal em brasília: scs, Quadra 2, bloco d, edifício oscar niemeyer, sala 201 a 203. Fones: (61) 3321-1212 – Fax (61) 3225-4062. 2016 não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados. comercializaçãoe distribuição: três comércio de Publicações Ltda, Rua William speers, 1.212, são Paulo - sP. distribuição exclusiva em bancas para todo o brasil: Fc comercial e Distribuidora S.A., Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678, Sala A, Osasco - SP. Fone: (11) 3789-3000 Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. Av. Luigi Papaiz, nº 581/ceP 09931-610, diadema/sP
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janeiro 2012
Conselho
O TImE DA sTATUs Todo mês, nossos conselheiros vão se reunir e discutir os assuntos mais relevantes para o nosso leitor e antecipar tendências ao redor do mundo
PAULO BORGEs Empresário, diretor criativo do Fashion Rio e idealizador e diretor criativo do SPFW, semana de moda que conquistou o status de figurar entre as cinco mais importantes do mundo.
mARcUs ELIAs Dono da gestora Latin America Equity Partners, é especialista na recuperação de companhias em dificuldades. Adepto da meditação, faz duas horas de esporte por dia.
mARcOs cAmPOs Ele é sócio do club Disco e do bar Numero, ambos em São Paulo, e do Praia Cafe de La Musique, em Florianópolis. Também coordena a consultoria MC2 Managing Ideas.
mARIO BERNARDO GARNERO Arquiteto de negócios no mundo inteiro, traz o traquejo cosmopolita do pai, Mario Garnero, do Grupo Brasilinvest, e do avô Baby Monteiro de Carvalho.
VIVI mAscARO Colunista social do portal iG, circula nas mais disputadas festas. Adora reuniões informais com amigos e relaxa quando assiste a bons filmes ou pratica seu esporte preferido: pedalar.
FERNANDA BARBOsA Ex-modelo, é hoje uma das principais relações-públicas do Brasil quando o assunto é balada. Também é colunista da revista ISTOÉ Gente e tem paixão por viagens, cinema e vinhos.
JOãO PAULO DINIz O empresário investe em cultura, entretenimento, gastronomia e esporte. Também é triatleta e faz maratonas ao redor do mundo, com mais de 20 provas no currículo.
PAULO KAKINOFF Presidente da Audi Brasil, é o mais jovem executivo a liderar uma das filiais da marca alemã. Adora escutar Rolling Stones e praticar snowboard.
ALBERTO HIAR Conhecido como Turco Loco, foi deputado estadual e vereador. Hoje comanda a grife de streetwear Cavalera e é sócio da V.Rom e da The Jeans Boutique.
ANUAR TAcAcH Ele é sócio da InvestPromo, empresa com participação nas agências Pepper, Led, Setter, Zicard e Retail. Nos tempos livres, corre maratonas e ainda toca guitarra.
ERNEsTO sImõEs O empresário é um dos donos da Ecman, companhia do setor de óleo e gás, e fundador da holding Petro Energy. Nas folgas, curte surfar ao redor do mundo.
Caco Alzugaray Carlos José Marques
Luiz Fernando Sá Nirlando Beirão
Carlos Sambrana José Bello
cONsELHO INTERNO
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janeiro 2012
Colaboradores
CO CO LA LA BO BO RA RA DO DO PAuLO SiquEiRA
GuStAvO ZiLBERSZtAjn O fotógrafo nasceu em São Paulo e guardou o diploma de engenheiro na gaveta para produzir uma bemsucedida carreira em moda e publicidade. É o autor do nosso ensaio de capa com a atriz Fernanda Machado.
juLiA MittEnBERG
Julia morou 14 anos em Nova York, onde se graduou em história e ciência política e foi tecladista da banda indie The Brides. É uma das poucas brasileiras praticantes de roller derby, esporte que é moda entre jovens dos Estados Unidos e sobre o qual ela escreve para esta edição.
O fotógrafo, que reside em Roma há sete anos, já publicou fotos em alguns dos principais jornais e revistas do mundo, como Le Monde, Der Spiegel, International Herald Tribune e The Guardian. Nesta Status, conta diretamente do Cairo as turbulências que abalam o Egito nesta segunda onda de protestos populares para a derrubada do governo militar.
FERnAnDA PREtO
MARCELO RuBEnS PAivA O escritor, dramaturgo e roteirista de 52 anos é autor de Feliz ano velho, Blecaute, Malu de bicicleta e A segunda vez que te conheci, mantém uma coluna no jornal O Estado de S.Paulo e entrevistou seu amigo Casagrande com exclusividade para esta edição de Status.
Especializada em viagens e ensaios com belas mulheres, a fotógrafa de 33 anos clicou a assistente de mágicos Stefany Zanini. Atualmente vive e trabalha em São Paulo, de onde publica suas imagens nas principais revistas do País.
StEvEn ALLAin
O diretor da revista Hardcore surfa desde os nove anos de idade. Entre outras viagens, passou mais de sete temporadas no Havaí, de onde escreveu para esta Status o perfil do garoto prodígio do surf nacional, o caiçara paulista Gabriel Medina, considerado o próximo Kelly Slater.
RES RES fotos arquivo pessoal
APPRO CH
status global esquenta de bar em bar passaporte água na boca perigo ignição poder
v
APPRO CH as coisas boas da vida 22 status global 24 esquenta 26 de bar em bar 28 passaporte 30 água na boca 32 perigo 33 ignição 34 poder 35 homem de status 36 design 38 o cara 39 lado B 42 play 44 projeção 45 entrelinhas 46 redenção 48 meninos e meninas 49 mapa da mina 52 versus 53 desejo 54 brinquedos 56 caiu na rede foto Dede Fedrizzi
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janeiro 2012
APPRO CH
status global esquenta de bar em bar passaporte água na boca perigo ignição poder
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janeiro 2012
global
Ideias, tendências e o que acontece de mais legal no mundo
Por Bruno Weis
Nova York • De olhos bem abertos Um hotel abandonado, o público todo mascarado, atrizes seminuas, suspense e...Shakespeare. São estes os principais ingredientes do atual sucesso do circuito Off-Broadway na cidade que nunca dorme. A peça, por sinal, se chama Sleep no More e é encenada pelo grupo inglês Punchdrunk. Baseado em Macbeth, o espetáculo leva o público por cenas simultâneas com alta tensão sexual e ambientes sombrios. Uma mistura de mansão mal-assombrada com as orgias encenadas por Stanley Kubrick no filme De olhos bem fechados. www.sleepnomorenyc.com
Biarritz • Além das ondas A cidade da região basca da França é a capital europeia do surf. E, apesar dos cassinos e dos turistas, segue sendo um destino bacana, mesmo para quem não quer somente passar os dias sobre as ondas. Muito disso em razão do charme de seus bares, bistrôs e restaurantes, cujos pratos não renegam o DNA francês. Um deles é o Le Surfing, que, localizado à beira-mar e todo decorado com pranchas e acessórios vintage de surf, é gerido por surfistas e, exceção total no pedaço, permite aos comensais entrar no local com os pés sujos de areia.
Cusco • Planet Hemp A mais turística cidade peruana é a sede de um movimento para o uso legal da fibra do cânhamo, a planta da maconha com baixo teor do princípio ativo THC. Camisetas, bonés, gorros e cachecóis, entre outros produtos têxteis, além de bolos, pães, sopas e biscoitos, à base de azeite e farinha de cannabis, por exemplo, são vendidos ali, depois de ser produzidos por comunidades andinas da região, resgatando práticas e costumes muito anteriores à proibição da maconha. www.mundohemp.com
Rio de Janeiro • Só no pedal Pedalar neste verão pela mais bela cidade do mundo ficou ainda mais fácil. Em novembro o programa de aluguel de bicicletas da cidade ganhou novas estações – agora são 19 ao todo – onde é possível alugar uma das 600 unidades disponíveis por meio de aplicativo de celular ou ligação telefônica. É preciso antes se cadastrar e pagar uma mensalidade que vai de R$ 5 a R$ 10 por uso diário. As estações, alimentadas por energia solar, contam com travas e pinos de fixação para aumentar a segurança das magrelas. www.mobilicidade.com.br
ilUStRAçãO OliveR qUintO | fOtOS DivUlgAçãO
Istambul • todos os sons A antiga Constantinopla sempre foi cosmopolita. Espécie de esquina entre Europa e Ásia, a maior cidade da Turquia conjuga de maneira ímpar tradição e modernidade, como prova Babylon, considerado um dos melhores clubes de jazz do mundo. Localizado no bairro de Beyoglu, a casa é destino das principais atrações internacionais que tocam na cidade e sua ampla programação inclui shows de rock, reggae, jazz, pop e música eletrônica, entre outros ritmos. Pouco turístico, o lugar permite que 750 pessoas desfrutem da boa música em um ambiente intimista e plural. www.babylon.com.tr
Miyazaki • eterno verão Que o povo japonês é criativo, todo mundo sabe. O que é inusitado é até onde essa criatividade pode chegar: uma praia artificial do tamanho de seis campos de futebol, com sol e céu azul permanentes, palmeiras e cantos de pássaros artificiais, água sem sal e temperatura eternamente amena. O Miyazaki Ocean Dome comporta até dez mil visitantes e fica em Kyushu, a terceira maior ilha do arquipélago nipônico. Parte de um gigantesco parque aquático, o maior do Japão, tem até ondas para surfistas e, para deleite total dos turistas, nem um mísero mosquito.
Samburu • Deu zebra Uma parceria entre a Earthwatch Institute e a Jaguar Land Rover na reserva ambiental Samburu, no centro do Quênia, vem aumentando as chances de sobrevivência de uma das espécies mais ameaçadas da região: as zebras-de-grevy. Além de fornecer veículos 4X4 para os pesquisadores dimensionarem a presença humana no território e a maior escassez de água, algumas das causas por trás da redução do número de zebras na região – em 1977 eram 15 mil animais, atualmente não passam de 2.500 –, a montadora envia funcionários à campo para apoiar outras ações do projeto. www.earthwatch.org
Auckland • Radical para família A Nova Zelândia é uma das mecas dos esportes radicais no planeta e berço de várias modalidades, como o bungee jump. Não por acaso, é onde a moda do windsurf sobre rodas, chamado lá por blo-kart sailing, vem crescendo por todos os cantos. Seja na sua maior cidade, seja em paragens remotas, a brincadeira faz parte da paisagem de praias e ventos firmes. O melhor de tudo é que o esporte é seguro e pode ser praticado até por crianças e idosos, sem contraindicação. www.gethigh.co.nz
APPRO CH
status global esquenta de bar em bar passaporte água na boca perigo ignição poder
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janeiro 2012
esquenta
Baladas, festas e clubs do mundo
pistas quentes É chegada a hora das festas à beira da piscina e ao pôr do sol, dos clubes pÉ na areia, dos festivais de música com brisa do mar. e o melhor de tudo É que os agitos de verão são sempre acompanhados de moças de shortinhos, blusinhas, vestidinhos e biquininhos. fora o bom astral permanente. selecionamos os melhores lugares do brasil para você curtir uma balada quente e com ar condicionado natural
Vista para o mar Casa noturna da região da praia Brava, em Itajaí, Santa Catarina, especializada em música eletrônica, o Warung foi o pioneiro no conceito de beach club no Brasil. as ilhas da indonésia são o tema para a decoração do lugar, cuja área construída ocupa somente 3% de um terreno de 62 mil metros quadrados – o restante é área natural preservada. a construção é toda em madeira e palha, e apenas os banheiros e a cozinha são feitos de alvenaria. O ambiente, com duas pistas de dança, uma interna e outra ao ar livre, tem capacidade para 2,5 mil pessoas e um mezanino com vista para o mar. www.warungclub.com.br
Pé na areia uma das mais disputadas praias do litoral sul da Bahia, a do rio verde, em Trancoso, recebe um reformulado beach club no verão 2012. aliando entretenimento, gastronomia e sofisticada infraestrutura, o Carrera Beach Club está funcionando desde o dia 20 de dezembro e reúne a expertise do selo energy trancoso com a programação badalada da agência Haute, de são paulo. a programação será dividida entre sunsets parties e festas noturnas.
Dentro e fora localizada no delphin Hotel, na praia da enseada, no Guarujá, no litoral paulista, a target Club funcionará durante toda a alta temporada, com atrações especiais em todos os fins de semana de janeiro até o Carnaval. além da programação musical, a pista, que costuma ferver e reunir até 800 pessoas, é ladeada por uma área externa, com uma grande piscina e quatro bangalôs que emprestam charme ao local. as sextas são dedicadas ao sertanejo e os sábados à house music. www.targetclub.com.br
fOtOs adriel dOuglas/iMageCare | divulgaçãO
Na piscina inspirada nas pool parties que badalam a estação mais quente do ano em destinos como ibiza, las vegas, nova York e Miami, a versão Brasileira é uma festa na piscina que acontece em São Paulo, no hotel tivoli Mofarrej. em janeiro são duas, sempre aos sábados (nos dias 14 e 25) e embaladas pelo dJ fredricksen, de 73 anos, que surpreende a todos com um set eclético. Os interessados em participar precisam enviar e-mail para garantir a presença (gerencia@haute.com.br). Mulheres pagam r$ 40 e homens r$ 60.
Ao ar livre A segunda edição do Creamfields (considerado o maior festival de música eletrônica do mundo), em Florianópolis (SC), acontece no dia 21 de janeiro, no stage Music park, na praia de Jurerê Internacional. são oito dJs internacionais, além de cinco nacionais. O headliner do festival é o aclamado dJ inglês fatboy Slim. Mas também se apresentam paul van dyk, ellen alien, layo & Bushwacka, life is a loop, King of swingers, entre outros. www.creamfields.com.br
Pôr do sol O projeto de verão Parador Maresias, na badalada praia do litoral norte paulista, começou sua programação no dia 28 de dezembro e só para depois do Carnaval, em fevereiro. localizado na entrada 11 da avenida principal de Maresias, o parador oferece uma vista privilegiada para a praia e comporta até 500 pessoas em volta de sua piscina de 120 metros quadrados. aberto das 12h às 20h, as sunset parties receberão o dJ residente Marcelo tromboni, além de convidados como Buga, edu Zottini e dogor. www.deep.pro.br
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Baladas, festas e clubs do mundo
pistas quentes É chegada a hora das festas à beira da piscina e ao pôr do sol, dos clubes pÉ na areia, dos festivais de música com brisa do mar. e o melhor de tudo É que os agitos de verão são sempre acompanhados de moças de shortinhos, blusinhas, vestidinhos e biquininhos. fora o bom astral permanente. selecionamos os melhores lugares do brasil para você curtir uma balada quente e com ar condicionado natural
Vista para o mar Casa noturna da região da praia Brava, em Itajaí, Santa Catarina, especializada em música eletrônica, o Warung foi o pioneiro no conceito de beach club no Brasil. as ilhas da indonésia são o tema para a decoração do lugar, cuja área construída ocupa somente 3% de um terreno de 62 mil metros quadrados – o restante é área natural preservada. a construção é toda em madeira e palha, e apenas os banheiros e a cozinha são feitos de alvenaria. O ambiente, com duas pistas de dança, uma interna e outra ao ar livre, tem capacidade para 2,5 mil pessoas e um mezanino com vista para o mar. www.warungclub.com.br
Pé na areia uma das mais disputadas praias do litoral sul da Bahia, a do rio verde, em Trancoso, recebe um reformulado beach club no verão 2012. aliando entretenimento, gastronomia e sofisticada infraestrutura, o Carrera Beach Club está funcionando desde o dia 20 de dezembro e reúne a expertise do selo energy trancoso com a programação badalada da agência Haute, de são paulo. a programação será dividida entre sunsets parties e festas noturnas.
Dentro e fora localizada no delphin Hotel, na praia da enseada, no Guarujá, no litoral paulista, a target Club funcionará durante toda a alta temporada, com atrações especiais em todos os fins de semana de janeiro até o Carnaval. além da programação musical, a pista, que costuma ferver e reunir até 800 pessoas, é ladeada por uma área externa, com uma grande piscina e quatro bangalôs que emprestam charme ao local. as sextas são dedicadas ao sertanejo e os sábados à house music. www.targetclub.com.br
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Na piscina inspirada nas pool parties que badalam a estação mais quente do ano em destinos como ibiza, las vegas, nova York e Miami, a versão Brasileira é uma festa na piscina que acontece em São Paulo, no hotel tivoli Mofarrej. em janeiro são duas, sempre aos sábados (nos dias 14 e 25) e embaladas pelo dJ fredricksen, de 73 anos, que surpreende a todos com um set eclético. Os interessados em participar precisam enviar e-mail para garantir a presença (gerencia@haute.com.br). Mulheres pagam r$ 40 e homens r$ 60.
Ao ar livre A segunda edição do Creamfields (considerado o maior festival de música eletrônica do mundo), em Florianópolis (SC), acontece no dia 21 de janeiro, no stage Music park, na praia de Jurerê Internacional. são oito dJs internacionais, além de cinco nacionais. O headliner do festival é o aclamado dJ inglês fatboy Slim. Mas também se apresentam paul van dyk, ellen alien, layo & Bushwacka, life is a loop, King of swingers, entre outros. www.creamfields.com.br
Pôr do sol O projeto de verão Parador Maresias, na badalada praia do litoral norte paulista, começou sua programação no dia 28 de dezembro e só para depois do Carnaval, em fevereiro. localizado na entrada 11 da avenida principal de Maresias, o parador oferece uma vista privilegiada para a praia e comporta até 500 pessoas em volta de sua piscina de 120 metros quadrados. aberto das 12h às 20h, as sunset parties receberão o dJ residente Marcelo tromboni, além de convidados como Buga, edu Zottini e dogor. www.deep.pro.br
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janeiro 2012
de bar em bar Os melhores ambientes e bebidas
dRinque StAtuS
POr MArTin VOULLOUz
DrinqUES DE VErãO O sOl fOrte clama pOr cOquetéis refrescantes e frutadOs, cujas versões clássicas Ou inOvadOras sãO perfeitas para acOmpanhar Os dias quentes da estaçãO A mais quente estação do ano é a deixa ideal para muitos bares trazerem ao centro da cena alguns coquetéis perfeitos para aliviar o calor e divertir mesas cheias de amigos. São leves, gelados, coloridos e repletos de frutas tropicais. É o caso da espanholíssima Sangria, que em sua receita básica é feita com frutas frescas picadas, vinho tinto seco e muito gelo, ou do Clericot, de origem francesa, à base de vinho branco (mas que também pode ser feito com vinho rosé ou espumante), conhaque e licor Contreau, além de frutas como morango, abacaxi, maçã, laranja e kiwi. O argentino Martin Voullouz, barman do restaurante Bárbaro, em São Paulo (www.barbaro.com.br), se inspirou nesses drinques de raiz latina para criar o coquetel Status deste mês, confira a receita ao lado.
SAbOR lAtinO
ingRedienteS: • rodelas de laranja • ½ colher de chá de açúcar • Folhas de hortelã (a gosto) • Pedras de gelo • Vinho branco seco MOdO de PRePARO Corte as rodelas de laranja e coloque-as em uma taça grande e macere levemente com hortelã e açúcar. Adicione o gelo e o vinho. Mexa levemente. Decore a lateral com outras rodelas de laranja e sirva.
Saiba onde provar alguns dos melhores drinques da temporada
CAiPiSAke Um dos drinques
CleRiCOt O drinque do
mais pedidos do Bar Espírito Santo, no bairro de Moema, em SP, é a Caipisake de lichia e amora, perfeito para iniciar um happy hour. www.barespiritosanto.com.br
Che Bárbaro, casa de carnes na Vila Madalena, na capital paulista, é ainda mais leve com um pouco de soda ou água com gás. www.chebarbaro.com.br
SAngRiA A versão do restaurante La Tasca, no Campo Belo, em São Paulo, inova ao mesclar vinho tinto seco, soda limonada, maçã, abacaxi, laranja, cravo, açúcar, uma rodela de limão e gelo. www. restaurantelatasca.com.br
PAtxA A tradicional casa espanhola Maripili, no bairro paulistano de Santo Amaro, oferece a seus clientes o delicioso Patxa, à base do licor Pacharan, limão, refrigerante cítrico e gelo. www.maripili.com.br
MiMoSa turbinada
A Mercearia do Conde, no Jardim Paulistano, aposta na Jarra de Valença servida em taças flute para refrescar sua clientela. Espécie de “mimosa” (champanhe com suco de laranja) turbinada, a delícia leva espumante brut, suco de mexerica, morangos, kiwis, maçãs, mangas, xarope de romã, mel, suco de limão e gelo. www.merceariadoconde.com.br
Sangue de Maria 2.0
O gastrobar Doiz, no rio de Janeiro, acaba de lançar sua nova carta de drinques, revisitando com novos ingredientes e técnicas de preparo clássicos da coquetelaria, como o Dry Martini, o Bloody Mary e o Sex on the Beach. Um exemplo é a releitura de Blood Mary da casa: vodca em infusão de pimenta, suco de tomates assados e temperados na casa, servido em copo old fashioned, chamado redhouse Blues. www.doiz.com.br
Spritz tropicais Um dos drinques do momento, tradicionalmente feito à base de Aperol, club soda e prosecco, o Spritz ganha diversas opções no bar Ciao! Vino & Birra, em São Paulo. Entre elas, uma com martíni rosso, vinho branco frisante e grappa, outra com vinho rosé frisante, limão-siciliano, frutas vermelhas, melancia e soda e ainda a versão com Aperol, vinho branco frisante, soda e laranja. www.ciaovinoebirra.com.br
FOTOS rAFAEL hUPSEL | TADEU BrUnELLi | DiVULGAÇãO
AbSOlutAMente CARiOCA Uma mistura de maracujá, manga e laranja temperam a primeira versão da lendária vodca sueca que homenageia uma cidade brasileira. Claro, tinha que ser o rio de Janeiro. O desenho da garrafa também é um caso à parte, com arte assinada por Oskar Metsavaht, o dono da grife Osklen. A partir de janeiro disponível para compra, por r$ 85.
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janeiro 2012
passaporte
Hotéis e viagens para seduzir
soy loco Por ti aMérica
Por Natália Mestre
Praias no UrUgUai, na Colômbia e na venezUela são bons destinos Para qUem qUer ConheCer Paraísos alternativos neste verão
PuNta relax Esqueça o agito de Punta del Leste. Há 30 quilômetros do festivo balneário uruguaio, esconde-se o vilarejo de José Ignácio. Com pegada rústica, o lugar oferece restaurantes especializados em frutos do mar, como o Parador La Huella, além de hotéis-butique. A maior atração da região é a Praia Brava – enseada bem isolada pelas águas frias de seu mar e, do outro lado, por florestas de araucárias. O lugar é perfeito para quem quer relaxar sem ficar perto de muita algazarra. Na Praia Branca, por exemplo, discotecas são proibidas; e as festas, obrigadas a acabar cedo. O quente: O hotel-butique Casa Suaya (foto) possui “villas” privadas como se fossem casas espalhadas por um amplo gramado e conta com área de lazer comum com piscinas, além de spa. A Villa Bangalô é a mais luxuosa, com banheira, cama king size e terraço privado com vista para a praia. Diária: a partir de US$ 350 www.casasuaya.com
fotos divulgação
Requinte colonial a melhor forma de se chegar às ilhas do rosário, ao sul da baía de cartagena, na colômbia, é pelo mar. lanchas e pequenos barcos saem diariamente da cidade histórica para ancorar nas ilhotas, em um passeio que leva em média 45 minutos. Pelo dobro do tempo, o visitante também pode chegar, via balsa, de carro a praias de areia fina e águas transparentes que atraem praticantes de mergulho e outros esportes aquáticos. O quente: A hospedagem no Sofitel cartagena santa clara (no detalhe). o antigo mosteiro, de 1621, foi reformulado para se transformar em um hotel com 119 quartos, incluindo sete suítes em estilo colonial, spa e dois restaurantes de cozinha francesa. O Sofitel ainda oferece o serviço de lanchas particulares para chegar às ilhas do rosário. Diária: a partir de us$ 500 www.sofitel.com
ilHas cristaliNas o roteiro de verão na venezuela costuma passar pelas praias da ilha Margarita. um destino menos batido é o arquipélago de los roques, um conjunto de mais de 40 ilhas a cerca de 160 quilômetros de caracas. em gran roque, a principal ilha da região, ficam os principais restaurantes, pousadas e até um pequeno aeroporto. a pousada Natura viva (no detalhe), por exemplo, possui 16 quartos com cama king size, wi-fi grátis e um terraço com vista para a praia. Barqueiros oferecem passeios até as ilhas mais afastadas e, de noite, o programa mais concorrido é dançar salsa nos bares locais e provar a empanada de lagosta, o mais afamado quitute local. O quente: com águas cristalinas e quase sem chuvas, los roques é garantia de sucesso entre mergulhadores – o destino possui 19 pontos de mergulho –, além de ter áreas específicas para a prática de windsurf e kite surf. Pousada Natura Viva Diária: a partir de us$ 189 www.naturavivalosroques.com
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água na boca
Só o cardápio não basta
BEM FININHo Há 60 anos, no tradicional Harry’s Bar, em Veneza, o carpacccio era inventado pelo proprietário do restaurante, Giuseppe Cipriani. Era um prato de finas fatias de carne crua com molho de mostarda. Recebeu esse nome em referência ao pintor italiano Vittore Carpaccio, pois as cores predominantes em suas obras eram semelhantes às do prato. Em cinco décadas, a iguaria ganhou o mundo e novas versões aparecem a cada verão. Confira algumas imperdíveis:
e BeteRRABA “Queria encontrar uma entrada vegetariana que fosse diferente e sempre gostei de beterrabas cruas. Então resolvi criar esse prato com fatias bem fininhas delas”, afirma Renata Vanzetto, chef do Marakuthai, em São Paulo. www.marakuthai.com.br e ROBAlO “Minha ideia era trabalhar com um produto da China e escolhi a kinkan, aquela laranjinha. Como ela é muito ácida, o robalo, que é um peixe delicado, foi a combinação perfeita. Esse prato faz parte do menu executivo do restaurante”, afirma Luiza Hoffmann, chef do paulistano Figo Restaurante. www.figorestaurante.com.br e tuBARãO “Temos a proposta de oferecer uma gastronomia exótica e afrodisíaca. A ideia de criar o carpaccio de tubarão – com carne certificada pelo Ibama, é bom dizer – foi minha. Começamos a servir o prato em uma colherinha, como parte de um menu-degustação. Fez tanto sucesso que virou um couvert da casa. Usamos rúcula, óleo de gergelim e outras especiarias
no preparo. Ele faz especialmente sucesso no verão”, conta o chef Eric Thomas, proprietário do paulistano Tantra. www.tantrarestaurante.com.br e línguA de BOi “Decidimos fazer o prato porque a língua é macia, tem personalidade e uma consistência gelatinosa que facilita muito na hora de cortar fino”, diz o chef Erik Nako, da carioca Prima Bruschetteria. Ele divide as caçarolas com Cristiano Lanna, que desfaz qualquer tipo de preconceito em relação ao prato: “Já fizemos uma degustação às cegas com clientes. Sem dizer o que era, demos o carpaccio de língua para eles provarem. Muitos acharam que era filé mignon curado ou defumado porque é muito saborosa.” www.primab.com.br e MelAnCiA “O segredo é escolher uma melancia no ponto certo e cortar bem fina. Retirando o excesso de água, ela fica igual a um carpaccio de carne. Para servir, usamos exatamente o azeite extravirgem, queijo parmesão e alcaparras”, explica Claude Troisgros, do carioca CT Boucherie. www.ctboucherie.com.br
Cozinha de autor
Cingapura nas alturas A segunda maior roda-gigante do mundo – atrás apenas da de Las Vegas – fica em Cingapura e tem 165 metros de altura. A obra-prima da engenharia vale não só pelo cenário. É possível jantar em suas 28 cápsulas futuristas, com vista de 360 graus para a cidade de Lion City. A visão alcança algumas ilhas da Indonésia e até partes da Malásia, mas preste atenção nos monumentos mais próximos, como a Mesquita do Sultão e a moderna Marina Barrage. CARdÁPiO: o menu é sazonal. Como em janeiro Cingapura comemora o ano-novo lunar chinês, ele ganha uma versão especial, e sai por US$ 208 para duas pessoas. Para alugar uma cápsula inteira e garantir ainda mais romance à sua noite (ou uma festa privada para até dez pessoas), o valor salta para US$ 1,47 mil. A refeição é composta de prato principal – que pode ser à base de peixe ou filé mignon grelhado e acompanhamentos que variam de batatas fritas e legumes grelhados a penne ao molho cremoso – e sobremesa, que neste mês é carolina de creme com frutas. Para terminar, um biscoito da sorte. Nada mais oriental. www.singaporeflyer.com
Shinjuku, a nova casa de Shundi Kobayashi, em sociedade com a empresária Cecília Ribeiro, foi inaugurada em São Paulo em abril. As novidades não param de chegar. Em novembro, começou a funcionar um bar de ostras e o Festival, com populares pratos japoneses, no almoço, por R$ 42. Ele falou à Status sobre essas novidades e preparou na hora sashimis – como o de atum com água-viva e ameixa japonesa e o de atum com barbatana de tubarão e alga – que não estão no cardápio, mas podem ser pedidos ao inventivo chef. “É só dizer: hoje estou por sua conta, que eu crio na hora”, disse. Com seus 40 anos de experiência, teve alguma dificuldade em definir o cardápio do Shinjuku? No começo, tínhamos muitos pratos tradicionais, mas os clientes brasileiros não se adaptaram, eles preferem sushi e sashimi. Então, precisamos fazer algumas mudanças. Mas se um japonês vier aqui, eu posso fazer até uma “bento box” (caixinha que parece uma marmita e é bem comum no Japão) pra ele. E o bar de ostras, como funciona? Elas vêm de Santa Catarina, nos fins de semana, e são servidas frescas, no lounge. Podem ser harmonizadas com prosecco ou com um dos 40 saquês que temos no restaurante. E quais são seus planos para o ano que vem? Recentemente fiz uma viagem para o Pará em busca de novas matérias-primas e pensamos em implementar pratos quentes à base de peixes amazônicos.
Tempurá de salmão com caviar Ingredientes: 150 g de lombo de salmão • 50 g de caviar • 1 folha de alga marinha • 200 g de farinha de trigo • 200 ml de água Modo de preparo: para a massa de tempurá, misture o trigo e a água. Em outro recipiente, abra o lombo de salmão e recheie com o caviar. Enrole com alga e passe na massa de tempurá. Frite por 3 minutos a 180 graus. Por cima, derrame o molho ponzu. Para o molho ponzu: coloque em uma vasilha e deixe descansar por 20 minutos os seguintes ingredientes: 10 morangos fatiados, 100 ml de suco de laranja, 50 ml de suco de limão, 20 g de açúcar, 4 g de sal e 6 gotas de pimenta tabasco.
PARA FAzER UM BRUNCH A Petrossian, inaugurada este ano no shopping paulistano Cidade Jardim, agora oferece a opção de brunch das 11h às 16h. Entre as opções gastronômicas, estão a cobb salad, com salmão defumado, tomate, abacate e ovo (foto) e o croque monsieur, servido com minissalada. Para algo mais substancioso, fique com o prato orechiette, massa ao creme de leite e limão-siciliano, acompanhado de caviar, ovas de salmão ou ovas de truta.
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perigo
homem na cozinha
Por bruno Weis
Sanduba com eStilo Saiba como fazer o cláSSico croque monSieur, a prova de que francêS é chique até na hora de criar um SimpleS Sanduíche
No mercado
Um dos mais tradicionais sanduíches do mundo, o francês Croque Monsieur – registrado pela primeira vez em um menu de um café parisiense em 1910 – é, digamos, o que de mais perto chegou da fast-food a mais importante escola gastronômica do mundo. O sanduba com presunto, queijo e cobertura de creme levado ao forno consegue reunir em uma única mordida sensações deliciosas de seu recheio cremoso e sua cobertura crocante. “É um prato perfeito tanto para quem quer almoçar algo leve antes da praia como para quem quer matar a fome depois da balada”, conta Maria Victoria Oliveira, chef do Bar do Lado, localizado na varanda do hotel Marina All Suítes (www.marinaallsuites.com.br), diante da praia do Leblon, no Rio. “Recomendo uma salada de acompanhamento, além de um vinho branco bem gelado”, diz a chef, que ensina aqui como fazer a iguaria.
Só o creme
ao forNo
Você vai precisar de pão de forma sem casca (se não achar, corte as beiradas de um comum), fatias de um bom presunto, queijo gruyére em fatias e ralado, além de um pouco de parmesão também ralado. Um copo de creme de leite fresco, dois ovos inteiros batidos, sal e pimenta do reino.
Comece batendo os ovos com o creme de leite, o sal e a pimenta e reserve. Forre uma assadeira com papel-manteiga e coloque uma fatia de pão. Por cima despeje um pouco do creme e adicione duas fatias do presunto e outras duas do queijo gruyére. Um pouco mais de creme e cubra o recheio com a segunda fatia de pão. Finalize colocando sobre o sanduíche a generosa camada do creme de leite fresco batido com os ovos e, por cima, uma mescla de queijos gruyére e parmesão ralados. Leve ao forno preaquecido (por dez minutos a 180º) até que o lanche esteja dourado e crocante em cima. Voilá!
fotoS landau/divulgação | ShutterStock
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appro cH
ignição
os brinquedinhos dos sonhos
Pirelli para navegar Esqueça a imagem dos antigos botes infláveis semelhantes aos usados por salva-vidas. O novo Pirelli PZero 880 é um superbote com ares de lancha – totalmente moderno e com tecnologia para alcançar altas velocidades no mar. O barco possui DNA italiano, visto que é mais um produto da grife PZero, subdivisão da Pirelli especializada em acessórios e roupas de luxo da grife, mas o corpo é brasileiro. O PZero 880 será fabricado pela Eurocraft, mesma empresa que fabrica sob licença todos os iates do Ferrettigroup Brasil, em Vargem Grande, interior de São Paulo. À venda na loja Tools&Toys do Shopping Cidade Jardim, ele custa a partir de R$ 250 mil.
AssinAturA itAliAnA O PZero 880 traz impressa, literalmente, a grife da gigante Pirelli. Sua estrutura inflável exibe uma espécie de marca de pneu na cor cinza, seguindo o mesmo padrão do desenho dos produtos da empresa.
Brinquedo de gente grande Tão veloz quanto uma lancha – consegue atingir a máxima de 84km/h – o superbote apresenta três diferentes configurações de motor: dois propulsores à gasolina que intregam 223 cavalos de potência cada, um único motor à gasolina de 323 cavalos ou ainda um propulsor a diesel de 323 cavalos.
Conforto personalizado espaçoso em se tratando de um bote, ele possui 8,8 metros de comprimento e consegue abrigar até 12 pessoas. atrás do piloto existe uma ampla área que pode ser customizada para diferentes usos, como espaço gourmet com pia, geladeira e mesa dobrável, por exemplo, além do solarium para duas pessoas tomarem banho de sol.
pneus sobre águas capacidade 12 passageiros performance dois motores à gasolina de 223 cv cada ou
um motor à gasolina ou a diesel de 323 cv velocidade máxima 45 nós (aproximadamente 84km/h)
velocidade de crUZeiro 37 nós (cerca de 68km/h) fotos divulgação
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poder
Quem tem, quem quer ter
vivendo e não aprendendo
os repetidos erros não têm ensinado muito para uma turma que inclui músicos, políticos e até humoristas 1
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Lindsay Lohan (1) parece ter vindo ao mundo para esgotar todas as possibilidades da palavra turbulência. aos 25 aninhos, já frequentou um semnúmero de clínicas de reabilitação, foi flagrada duas vezes pelo bafômetro e acabou pegando cadeia por não ter comparecido ao tribunal. adora dar cano em shows e nas gravações de filmes, mas se entregou de corpo e alma, em Inferno, à personagem do tipo que ela adoraria encarnar: Linda Lovelace, a igualmente polêmica atriz do picante Deep throat (Garganta profunda, na tradução). Quer dizer: se entregou enquanto deu. Teve uma recaída e o diretor Matthew Wilder viu-se, obrigado a substituí-la. Lindsay reapareceu recentemente, bela e clean, brandindo a frase: “aprendi com meus erros.” Status observa que, ao contrário do que anuncia Ms. Lohan, há muita gente por aí que nem com os seus próprios erros aprende:
JOSé RObeRtO ARRudA (3): esse aí é repetente no quesito contravenções. Quando senador (pSdB-dF), envolveu-se no episódio da fraude do painel eletrônico do Senado e renunciou ao mandato para evitar a cassação. eleito governador do distrito Federal em 2006, foi flagrado num esquema de corrupção apelidado Mensalão do deM. denunciado pela polícia Federal na operação Caixa de pandora, foi preso e teve seu mandato cassado em abril de 2010. RAfinHA bAStOS (4): fez uma piada grosseira sobre Wanessa Camargo, mas até aí trata-se dos ossos do ofício de quem tem de ser engraçado o tempo todo. Grosseria mesmo foi ter insistido na piada. revelou-se assim a verdadeira natureza de seu engano: ao contrário dos humoristas de verdade, da estirpe de Woody allen e de Groucho Marx, e dos nossos José vasconcellos e ary Toledo, Rafinha Bastos é incapaz de rir de si mesmo.
PAuLO MALuf (5): sempre bafejado pela boa vontade de uns tantos eleitores que acham que a política LObãO (2): é um grande cara e músico, mas sua coragem meio intempesti- começa e acaba em Maluf, “doutor paulo” se tornou va o tem levado a equívocos difíceis de reparar. Lobão já chamou para a bri- uma caricatura de si mesmo. Chegou a amargar mais de um mês na cadeia por suas falcatruas no terreno ga meia MPB, incluindo Paralamas e Caetano Veloso, as gravadoras, a MTV do sobrepreço de obras públicas e por sua dinheirama e até a Rede Globo. Ganhou fama de intolerante – e não se faz de rogado achada em paraísos fiscais. Mas o político continua se em sustentá-la. Mais recentemente, brigou com a organização do festival comportando como se fosse a Madre Teresa de Calcutá Lollapalooza, pois não gostou do horário diurno de seu show. Acabou de da política nacional. fora do line-up do evento, que ocorre em maio.
foTos MARK RALsToN | JoRGe BisPo | WALdeMiR fiLeTTi/AG.isToe | diVuLGAção
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homem de status
os maiores ícones masculinos de todos os tempos
Queira ou não queira, minha música é dançante. E as histórias que conto são as que as pessoas gostam de ouvir”
Jorge BeN Jor Nos últimos 40 aNos, ele traNsitou pela mpB, samBa e Black music, além de ter suas caNções gravadas por gigaNtes do ceNário NacioNal e iNterNacioNal como Ella FitzgErald, dizziE gillEspiE, marisa moNte e maNo BrowN ele não sabia tocar violão tão bem quanto seu ídolo João gilberto – aprendeu apenas com um “método” desses que se adquire em qualquer banca de revistas. Para não ficar por baixo, o carioca da Tijuca inventou um complexo e próprio modo de tocar, criando uma batida de violão absolutamente contagiante, percussiva, cheia de suingue e 100% nova para o samba, porém com um viés mais cool. Jorge Menezes, conhecido no mundo inteiro como Jorge Ben Jor, foi citado no discurso do presidente americano Barack Obama, quando este veio ao Brasil, no ano passado, e disse que somos “um país tropical, abençoado por deus e bonito por natureza”. respeitado e acolhido com respeito por todos os artistas, em todos os movimentos musicais, e tocado em nove entre dez festinhas, Jorge procurou suas musas inspiradoras nas meninas do subúrbio. Mulatas, negras, morenas e louras de nomes como Domingas, Bebete, Berenice e Aparecida foram malandramente eternizadas em suas músicas. Foto Live earth/divuLgação
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design
Arte e decoração
Por Fabrícia Peixoto
era uma vez um contêiner Os arquitetos do escritório Poteet, nos Estados Unidos, são mestres em reutilizar materiais e em reformar prédios mal aproveitados. E tudo isso com muito bom gosto, como se vê no projeto da casa-contêiner, encomendada por uma artista plástica e montada a alguns metros de sua residência para receber hóspedes. Fora a cozinha, o imóvel tem praticamente tudo, como portas de correr, janelas, sistema hidráulico, aquecimento e ar-condi-
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cionado. A preocupação com o meio ambiente fica por conta da reutilização da água, que depois de passar pelos lavatórios e ducha do banheiro, é usada na irrigação do jardim no teto. Mas o charme mesmo do projeto é o forte azul da estrutura externa, que um dia foi um contêiner de carga: detalhe para a identificação original da caixa de aço, com numeração em branco, mantida pela equipe coordenada pelo arquiteto Jim Poteet.
ave, césar Mais de 300 peças resgatadas do Império romano estarão reunidas, a partir do dia 25 de janeiro, no Museu de Artes de São Paulo (Masp). A exposição Roma – a vida e os imperadores trata dos três primeiros séculos do império, com objetos que vão desde estátuas dos imperadores até vestimentas e joias da época. entre os destaques estão a cabeça de Júlio César, em mármore (foto) e uma parede com afrescos da cidade italiana de Pompeia, destruída pelo vulcão Vesúvio em 79 d.C. Com uma disposição cronológica, a mostra, que vai até o dia 22 de abril, funciona como uma verdadeira aula de história. www.masp.art.br
centro geométrico
Com cinco pratos de cerâmica, todos no formato de octógono, essa mesa de centro do designer Marcus Ferreira deixa qualquer sala com uma cara contemporânea. A base é de ferro, mas a cor da peça lembra o cobre, com um tom avermelhado. Outros móveis da nova coleção seguem a mesma linha. PreçO: r$ 9.882. www.decameron.com FOtOs dIVulgAçãO
COM CArA de leIte cachos de luz
A luminária de teto em forma de cerejas da designer eslovena Nika Zupanc foi uma das sensações do Festival de Design de Londres em setembro. O cacho, fabricado em vidro colorido, desce de um longo cabo e pode ser encontrado não apenas em vermelho, mas também em verde, branco e preto. PrEçO: r$ 15,9 mil. www.lalampe.com.br
ObsessãO eM COres No início, era uma brincadeira. Logo depois virou obsessão e, agora, é tratada como projeto de arte. É assim que o designer James Hancock descreve sua ideia de desenhar todos os prédios de Nova York – uma missão praticamente impossível, considerando os cerca de 900 mil edifícios da cidade. Desde abril, esse australiano radicado em Manhattan já ilustrou 500 deles, principalmente os mais famosos, como o Empire State Building. Todos os desenhos estão à venda, como pôster, em média por US$ 200 cada um. www.allthebuildingsinnewyork.com
Nessa experiência do designer alemão Jorn beyer, bebidas alcoólicas consagradas aparecem em embalagens de papelão, do tipo longa vida. A ideia é discutir o impacto das caixas ecologicamente corretas na preferência do consumidor. Afinal, até que ponto os bebedores de plantão estariam dispostos a abrir mão das belas e tradicionais garrafas de vidro?
Fora do eixo Não, você não bebeu. Os móveis da dust Furniture já nascem assim, completamente tortos. do estúdio do casal de designers Vincent e Jessie leman, em Indiana, nos estados unidos, saem peças sempre coloridas e com formato fora do padrão. O conceito é que os móveis podem ser funcionais sem ser retos. A estante ao lado sai por us$ 1.600. www.dustfurniture.com
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o cara
Por que ele é invejado
MALVINO SALVADOR Um dos principais galãs da tevê brasileira, o reservado ator namora a atriz sophie charlotte Aos 35 anos, 1,80 m de altura e 73 quilos, Malvino Salvador é o típico galã, e ainda namora a atriz Sophie Charlotte, que interpreta sua irmã na novela das 21 horas da Rede Globo. Mas ele nem sempre quis ser ator. O manauense era caixa de banco e fazia faculdade de ciências contábeis até os 25 anos, quando se mudou para São Paulo. Na capital paulista, fez um curso de interpretação e foi convidado pelo diretor Wolf Maia para estrear no musical Blue Jeans, em 2003. Já no primeiro trabalho, teve de fazer uma cena sensual, peladão, que foi sucesso de público entre as paulistas. Daí para um teste na Globo foi um pulo. Em 2004, fez o seu primeiro personagem na tevê ao atuar na novela Cabocla. A partir daí, foi praticamente uma novela por ano, até Fina Estampa, em 2011. O ator, que é faixa azul no jiu-jítsu e luta boxe, agora vai reviver a trajetória do lutador José Aldo, dono do cinturão dos pesos-pena do UFC (Ultimate Fighting Championship), nos cinemas. As filmagens estão previstas para o início de 2012, com estreia para o início de 2013.
SOPHIE CHARLOTE Nascida na Alemanha e naturalizada brasileira, a atriz de 22 anos é uma das estrelas em ascensão na TV Globo. A bela, que mede 1,72 m e pesa 53 quilos, adora uma praia, torce pelo Palmeiras e namora Malvino Salvador há dois anos. Também é formada em balé clássico, jazz, sapateado e teatro.
FOtOS RICARDO PENNA | AGNEWS
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água na boca perigo ignição poder homem de status design o cara lado B play projeção
APPRO CH
lado B
a outra versão da história
a guErra quE pouCa gEntE viu contas bilionárias com ar-condicionado, milhares de armas desaparecidas e desvio de verbas. a ocupação do iraque chega ao fim e revela um lado pouco conhecido da chamada guerra ao terror
foram quase nove anos de uma controversa operação militar. Mas a partir deste mês, as tropas americanas não estarão mais no iraque, invadido pelos Estados unidos em 2003. Com uma previsão de gastos inicial de us$ 60 bilhões, a incursão chega ao fim com um custo financeiro de US$ 1 trilhão – sem mencionar os mais de 130 mil mortos. Esses costumam ser os dados mais divulgados sobre a guerra, mas há aquelas estatísticas que pouca gente conhece ou comenta. Confira alguns exemplos:
Para refrescar os acampamentos no Iraque e no Afeganistão, os EUA gastaram US$ 20 bilhões por ano. A conta inclui o óleo para alimentar as máquinas e a logística de transporte do combustível
Milhares de armas desapareceram do arsenal americano entre 2004 e 2005, entre elas 110 mil metralhadoras e 80 mil pistolas, além de 135 mil coletes à prova de balas
Como os Estados Unidos tiveram de pegar dinheiro emprestado para custear parte das duas guerras, a dívida com juros soma US$ 185 bilhões
Em nove anos, o número de refugiados iraquianos soma 1,8 milhão de pessoas. Desse total, cerca de um milhão seguiu em direção à Síria e outros 500 mil para a Jordânia
Um relatório do governo americano apontou, em junho, um desvio de US$ 6 bilhões nas verbas destinadas à reconstrução do Iraque
fotos shawn Baldwin/CorBis | Mushtaq MuhaMMad/rEutErs
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a outra versão da história
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foram quase nove anos de uma controversa operação militar. Mas a partir deste mês, as tropas americanas não estarão mais no iraque, invadido pelos Estados unidos em 2003. Com uma previsão de gastos inicial de us$ 60 bilhões, a incursão chega ao fim com um custo financeiro de US$ 1 trilhão – sem mencionar os mais de 130 mil mortos. Esses costumam ser os dados mais divulgados sobre a guerra, mas há aquelas estatísticas que pouca gente conhece ou comenta. Confira alguns exemplos:
Para refrescar os acampamentos no Iraque e no Afeganistão, os EUA gastaram US$ 20 bilhões por ano. A conta inclui o óleo para alimentar as máquinas e a logística de transporte do combustível
Milhares de armas desapareceram do arsenal americano entre 2004 e 2005, entre elas 110 mil metralhadoras e 80 mil pistolas, além de 135 mil coletes à prova de balas
Como os Estados Unidos tiveram de pegar dinheiro emprestado para custear parte das duas guerras, a dívida com juros soma US$ 185 bilhões
Em nove anos, o número de refugiados iraquianos soma 1,8 milhão de pessoas. Desse total, cerca de um milhão seguiu em direção à Síria e outros 500 mil para a Jordânia
Um relatório do governo americano apontou, em junho, um desvio de US$ 6 bilhões nas verbas destinadas à reconstrução do Iraque
fotos shawn Baldwin/CorBis | Mushtaq MuhaMMad/rEutErs
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play Discos, shows e o que mais interessar no mundo da música
promessas para 2012
por piti vieira
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selecionamos 4 cantores, 1 DJ e 3 BanDas – toDos Brasileiros – para você ficar De olho neste ano 1. Selvagens à Procura de Lei Esses quatro cearenses, entre 20 e 22 anos, cumprem bem a expectativa em seu disco de estreia, Aprendendo a mentir, rock bastante influenciado por Strokes e Arctic Monkeys.
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2. Gustavo Maguá Cantor e compositor, Maguá é um dos mais criativos sambistas de Minas Gerais. Volume I traz 11 canções selecionadas entre mais de 50 composições próprias. 3. Tibério Azul O debute do recifense, Bandarra, é uma mistura de MPB, jazz e rock, com doses de regionalismo e muita poesia. 4. The Baggios Do Sergipe, o duo faz um rock blues apenas com baixo e bateria, energético, ruidoso e rápido. O autointitulado primeiro disco foi lançado virtualmente.
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5. Danielle Cavallon Delicada Euforia é o primeiro álbum da cantora e compositora, com influências de rock e MPB, produzido por Fernando Nunes e Diogo Poças (irmão da Céu). 6. Faria & Mori Formada por André Faria e seu parceiro musical imaginário, o Mori, a banda, ao vivo, ganha dois nomes conhecidos da cena indie paulistana: Paulo Bega (Stop Play Moon) e Fabio Goes (amigo de infância de Faria). 7. Apolonio O primeiro disco do sexteto, Stand your ground, traz 11 músicas que usam a tradicional sanfona combinada aos riffs de guitarra da banda. 8. L_cio Laercio Schwantes Iorio é o artista por trás do projeto de live act L_cio. O produtor paulistano anda entre vertentes do techno, como minimal e deep.
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EXAGERADO Nothing but the beat, documentário sobre o produtor francês David Guetta, lançado recentemente, reveza bastidores da vida do DJ em grandes festas com cenas cotidianas de trabalho onde está cercado de ídolos pop como Snoop Dogg e Akon. Quando o assunto é a vida pessoal, Guetta aparece de forma caricata, quase exagerada, descabelado dormindo pelos cantos e tímido com as câmeras, contando que suas roupas são escolhidas pela mulher, Cathy.
PALHINHA O cantor Leo Rodriguez, que lançou o disco Atmosfera no ano passado, abre o jogo sobre suas preferências na música Música favorita do ano passado: Ta vendo aquela lua, do exaltasamba. Três músicas antigas favoritas: Não esqueço, do leo rodriguez, Sua maneira, do capital inicial, e Amor perfeito, do roberto carlos. Artista novo favorito: Bruno mars. Último grande show a que assisti: chrystian & ralf no hsBc Brasil. Equipamento musical ou instrumento favorito: violão e bateria. Disco preferido que comprei: Have a nice day, do Bon Jovi, com a participação de Keith urban. Coisa mais estranha que já recebeu de um fã: Recebi apenas coisas carinhosas. Meu toque de celular: Somebody, do Kings of leon.
As capas mais safadas de 2011 uma salva De palmas ao axé e ao sertaneJo, por favor
SUBMARINO DIGITAL em comemoração ao primeiro aniversário da exclusividade digital do catálogo dos Beatles no itunes store, o livro Yellow submarine foi colocado para download gratuito no mundo todo na Apple’s iBookstore (www.iTunes.com/ iBookstore). a publicação digital para dispositivos com o sistema ios conduz o leitor a uma jornada por uma fantástica terra subaquática, com ilustrações animadas, texto da história, 14 videoclipes do filme original de 1968 – além dos diálogos originais –, áudio dos clássicos hits dos Beatles e da trilha de sir George martin. é possível ainda ouvir a narração do livro, assim como interagir com a história. ao tocar em borboletas, estrelas-do-mar e monstros marinhos, os ícones ganham vida. um trailer está disponível no www.iTunes.com/TheBeatles.
agenda OS FeSTivAiS iMPeRDíveiS DeSTe PRiMeiRO SeMeSTRe SuMMeR SOuL FeSTivAL o festival apresenta Bruno mars, florence and the machine e seu Jorge, entre outros. em janeiro. Dia 24, no complexo do anhembi, em São Paulo; dia 25, no HSBC arena, no rio de Janeiro; e dia 28, no stage music park, em florianópolis. www.livepass.com.br
Piores capas de disco de 2011 Depois De muita pesquisa e várias risaDas, os álBuns escolhiDos são:
LOLLAPALOOzA o evento americano acontece nos dias 7 e 8 de abril, no Jockey club, em são paulo. foo fighters, arctic monkeys e Jane’s addiction, entre outros, estão no line-up. www.lollapaloozabr.com SónAR o festival, que acontece anualmente em Barcelona, na espanha, terá uma edição brasileira em 2012, no anhembi, na capital paulista, nos dias 11 e 12 de maio. Björk, Justice e James Blake estão confirmados. www.sonarsaopaulo.com.br
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Os bastidores da sétima arte
Por Tom Cardoso
As aventuras de Agamenon Em janeiro estreia o filme mais aguardado pelos funcionários e consumidores das Organizações Tabajara: As aventuras de Agamenon – o repórter, saga sobre Agamenon Mendes Pedreira, o hilário personagem criado pelos cassetas Hubert e Marcelo Madureira. Agamenon bateu um papo com a coluna:
perdendo o fio da meada. Das mulheres que cobri, prefiro não eleger nenhum furo já que todas foram inesquecíveis. Assim como as doenças venéreas que elas me transmitiram.
No filme você namora uma mulher fogosa, interpretada por Luana Piovani. É só na ficção que jornalista pega mulher gostosa, não? O filme narra a história de um repórter A grande Luana Piovani interpreta Isaura, a mundo afora em busca de fama. Qual esminha patroa, companheira e esposa de fé. cândalo da política você adoraria cobrir? Escolhi essa grande atriz para interpretar Qual furo seria inesquecível? a Isaura, minha patroa, por causa de sua No Brasil os escândalos são iguais a novela: você tem que ver todo dia porque senão acaba beleza interior.
O NOVO SCARFACE A nova versão de Scarface, o famoso filme de gângster dirigido por Howard Hawks (em 1932) e décadas depois por Brian de Palma (em 1983, com Al Pacino, foto acima) ainda não tem diretor, mas a Universal já confirmou o roteirista, um dos melhores de Hollywood: David Ayer, que escreveu O dia de treinamento. Vem coisa boa por aí.
CHARLIE SHEEN NA COLôMBIA. EM BUSCA DE... ...locações para a gravação de um novo filme. O polêmico ator faz mistério sobre o novo longametragem. Só adianta que será um remake de um longa dos anos 70, rodado na América do Sul. Sheen quer Nicolas Cage no papel principal, mas antes terá de convencê-lo de que terá disciplina e juízo para rodar o filme até o fim.
dvd dnA de milionário
Eliezer Batista é conhecido hoje como o “pai de Eike Batista”. Nem sempre foi assim. Quando Eike começou a vender seguros de porta em porta, Eliezer já era considerado um dos mais influentes personagens brasileiros. Em Eliezer Batista – o engenheiro do Brasil (Coleção Canal Brasil), descobrimos a razão pela qual Batista fez da Vale a gigante que ela é hoje e até que ponto a ousadia de Eliezer influenciou o estilo impetuoso de fazer negócio de Eike.
RONALD BIGGS NAS TELAS O ex-cantor do Balão Mágico Mike Biggs, filho de Ronald Biggs (foto), e o americano Chris Pickard, autor da biografia de Ronald, Odd man out, negociam com produtoras de Hollywood os direitos autorais para o cinema da vida do lendário assaltante, hoje doente, morando num asilo em Londres. O filme deve sair em 2013, quando o assalto ao trem pagador, comandado pelo ex-criminoso inglês, completará 50 anos.
fOtOs DAvi DE ALMEiDA | CHRis PizzELLO/AP | sERgiO MORAEs/REUtERs | DivULgAçãO
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entrelinhas
Tudo sobre o mundo da literatura
LAMPIãO, A RAINHA DO CANGAçO?
“EU nUnCA PREtEnDi sER gêniO” O livro do Boni (Editora Casa da Palavra), escrito pelo ex-mandachuva da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira, é leitura obrigatória para entender como a emissora se tornou a maior do País. Boni implantou o “Padrão Globo de Qualidade” que, segundo o próprio, foi varrido para debaixo do tapete após sua saída. Se ainda estivesse lá, ele não pouparia nem mesmo o BBB feito pelo filho, Boninho. Boni conversou com a coluna. Você acha que o talento de Boninho deveria ser usado para algo mais nobre? O Boninho faz o melhor Big brother de todos os que eu vi em vários países. Eu não gosto é do tipo e formato do programa. Qual outro programa que dá vontade de desligar a tevê? Muitos em muitos canais. Citá-los encheria páginas e eles nem merecem ser citados. Quem vai entrar para a história como o grande “gênio” da televisão, o sr. ou Walter Clark? O Walter trabalhou apenas dez anos na Globo e saiu em 77. E foi nos anos 80 que a Globo se tornou o que é hoje. Eu nunca pretendi ser gênio. Fui um mero profissional. No livro do Walter, ele me considera o melhor produtor do mundo. Eu nunca neguei que o Walter deu a partida, mas sem o Joe Wallach a Rede Globo não teria existido.
o qUe eSToU lendo? romUlo FrÓeS, CAnTor
Terminei de ler O teatro de Sabbath, de Philip Roth. Eu achei o livro muito próximo do Pornopopeia, de Reinaldo Moraes, só que muito mais triste, desesperançado. Os dois personagens são muito próximos. Não param nunca, seguem se afundando e não pensam em nenhum momento interromper os acontecimentos.
fOtOs DAniELA DACORsO /Ag.istOE | DivULgAçãO
A Justiça proibiu a publicação do livro Lampião – o Mata-Sete, escrito por Pedro de Morais. A ação judicial foi movida por familiares do bandoleiro, que não aceitam a tese de que Lampião mantinha um triângulo amoroso com Maria Bonita e o cangaceiro Luiz Pedro. O autor, que já recorreu, diz que se baseou em fatos históricos para comprovar a inclinação sexual de Virgulino.
o irmão esquecido de nelson rodrigues Menos conhecido do que o seu irmão (à esq. na foto), o genial dramaturgo, mas tão importante quanto, Mario Filho (1908-1966), jornalista e escritor que dá nome ao estádio do Maracanã – homenagem justa ao homem que revolucionou a crônica esportiva e escreveu o mais importante livro sobre o esporte mais popular do país (O negro no futebol brasileiro) –, será tema de biografia, de autoria do jornalista Marcos Eduardo Neves. Também vem aí uma antologia de crônicas escritas por Mario, organizada pela editora Pébola.
NãO PERCA
Nada de Drauzio Varella. Quem dá conselhos médicos e motivacionais aqui já passou por todos os tipos de dissabores possíveis. Em Confie em mim, eu sou o dr. Ozzy (Benvirá, 264 páginas, preço médio R$ 39,90), o sobrevivente Mr. Ozzy Osbourne, 62 anos, dá a receita de como levar uma vida saudável após passar boa parte da existência comendo morcegos, consumindo drogas e saindo de comas e overdoses. Imperdível.
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Fotógrafos incríveis e suas mulheres maravilhosas
O melhor calendário Folhinhas de mulher pelada que decoram borracharias são uma coisa. Outra, completamente diferente, são os imperdíveis calendários Pirelli, uma das mais cultuadas homenagens à beleza feminina. Sua edição de 2012, a 39a da história, é assinada pelo fotógrafo e diretor italiano Mario Sorrenti, nascido em Nápoles e baseado em Nova York, de onde produz alguns dos mais premiados ensaios de moda da atualidade. No calendário, Sorrenti fotografou a natureza da ilha de Córsega emoldurando deusas como a modelo brasileira Isabeli Fontana (à dir.) e a top Kate Moss, que dispensa maiores apresentações.
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O que elas pensam de nós
Por Vanessa Barone
Tá dodói, Tá? O problema pode variar de unha encravada a dengue, ou de torcicolo a tuberculose. A enfermidade – e sua gravidade – não são importantes aqui. Não quando quem está sofrendo é um homem. Esse ser que, há muito, atingiu o topo da cadeia alimentar, que faz guerra, comanda ditaduras, enfrenta o crime organizado, chefia empresas, sustenta a família e costuma ser o herói de seus rebentos, não pode com uma gripezinha. Bastou o nariz entupir, a garganta doer e a testa esquentar para o “incrível Hulk” virar “Hardy”, a hiena (“Oh, vida! Oh, azar!”). E de repente, o mundo fica cruel e injusto. É tudo culpa do aquecimento global, da poluição e do ar-condicionado do escritório, brada a hiena, digo, o sujeito. A natureza da moléstia pode variar. Não sendo gripe,
rotina diária de exercícios que evite lesões? Para quê? Na cabeça feminina, a coisa toda é bem simples. Qualquer que seja o problema de saúde, consultar um médico e tomar as medidas corretas seria o melhor a fazer para abreviar o sofrimento, certo? Tolas! Para que tudo isso, se o “bebezão” pode dormir mal, acordar pior, culpar o destino que lhe arrumou uma reunião importante bem naquele dia e arranjar briga com todo mundo? Passar por tudo isso, sem uma opinião especializada que de fato resolva o problema, parece bem mais sensato. Pensando bem, os homens é que devem estar certos. O médico é quase uma trombeta do apocalipse, urubu do inferno! Quanta gente já foi até ele, esperando sair com uma receita
a dOr nOs jOelhOs,
sentida após O futebOl quinzenal,
nãO tem RelAçãO COm O exCessO de PesO – fOi CulPA dA
entRAdAemAgReCeR, mAldOsA dO jOgadOr adversáriO.
AlOngAR e mAnteR umA ROtinA
diária de exercíciOs que evite lesões?
PARA quê?
pode ser uma gastrite, mal recorrente da vida moderna. A queimação, diz o doente indignado, deve ser consequência da mão pesada da cozinheira de casa e não – de forma alguma – dos abusos nos botecos da vida. O estresse deglutido e malparado não tem nada a ver com isso. Certeza! A dor nos joelhos, sentida após o futebol quinzenal, não tem relação com o excesso de peso – foi culpa da entrada maldosa do jogador adversário. Emagrecer, alongar e manter uma
de antialérgico e foi mandado direto para a mesa de operação? O que é um médico senão aquele senhor (a) que coloca as coisas em perspectiva, pede exames enjoados, informa a gravidade real da moléstia e faz recomendações de mudanças no estilo de vida do paciente? Depois de tudo, ele ainda receita injeção ou supositório e pede dieta. Enfim, o cara é um chato. Melhor passar longe dele mesmo e mandar pra dentro do estômago uma pinga com mel – isso, sim, coisa de macho. fOtO ana vitale
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Quando a tatuagem é reveladora
Quem circula pelos bares do circuito alternativo de São Paulo ou pelas semanas de moda das capitais paulista e fluminense já pode ter cruzado com a dona das tatuagens estampadas nesta página. Ela também é figurinha carimbada nas praias de Itamambuca, em Ubatuba (SP), Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha (PE), e Sunset, no Havaí, onde adora surfar. Reconheceu? Se sim, um aviso: ela gosta de homem inteligente e com personalidade, e adora tomar um bom vinho. Se não, as tatuagens te levarão até ela.
fotos divulgação
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Rivalidade saudável
COmO vOCê CResCeu... Atrizes desde criancinha, Kristen stewart e vanessa anessa Hudgens já não atraem apenas fãs adolescentes. As duas americanas cresceram e apareceram, chamando a atenção de uma legião de marmanjos mundo afora. Aos 20 e pouco aninhos, ambas vêm mostrando que, de meninas, já não têm mais quase nada. Confira alguns dados sobre esses dois novos mulherões.
Vanessa Hudgens
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Kristen Stewart
23 anos, nasceu em salinas, Califórnia. Aos 8 anos, já cantava e atuava, mas foi aos 17 que se tornou ídolo teen, com sua participação nos filmes High School Musical.
Quem é quem
21 anos, nasceu em Los Angeles, Califórnia. Começou a carreira aos 9 anos, mas virou celebridade aos 18 graças a seu papel na saga Crepúsculo.
É mais soltinha. Aos 19 anos, fotos suas de lingerie vazaram na internet. Dois anos depois, novas imagens feitas por ela mesma vazaram, desta vez, seminua.
Personalidade
Faz o estilo garota melancólica: usa bastante preto, sorri pouco e tem aquele ar de “não estou nem aí”, principalmente quando o assunto é beleza ou sensualidade.
Além de musculação e spinning, vanessa pratica ioga e o chamado piloxing, modalidade que mistura pilates e boxe.
Malhação
em 2010, terminou um namoro de quatro anos com seu colega de High School Musical Zac efron. Hoje está com o ator Austin Butler.
Relacionamento
Depois de alguns anos de mistério, a atriz admitiu, no ano passado, seu namoro com o colega de Crepúsculo, o ator Robert Pattinson.
Conta bancária
Apontada pela revista Forbes como a atriz mais lucrativa de Hollywood em 2011, ou seja, a que mais gerou caixa para os estúdios em relação ao salário. em 2010, ela faturou US$ 20 milhões.
uma das jovens artistas com maior faturamento de Hollywood, vanessa já tem sua própria casa: um imóvel de seis dormitórios, em Los Angeles, avaliado em US$ 2,7 milhões.
Kristen não faz qualquer tipo de exercício. Diz ter medo de ficar muito magra, uma tendência na família.
fotos ChRis Pizzello/AP Photo | imAgo/PiCtuRePeRfeCt
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O que dar para ela
DE EnChER OS OlhOS Lentes em dégradé, armação dourada e hastes cheias de curvas. a feminiLidade é, sem dúvida, o ponto aLto desses ócuLos emiLio pucci, que acabam de chegar ao brasiL Foto Frederic Jean Por Ariani Carneiro Produção Michelle Kimura
Basta mencionar o ícone Jackie Onassis para atrair a atenção de uma mulher. Pois é essa a inspiração do modelo EP 111S (foto), que faz parte da nova coleção de óculos de sol da grife italiana Emilio Pucci. Com belas curvas nas hastes e uma leve referência vintage, essa é uma daquelas peças que parecem combinar com perfeição com o rosto feminino. As lentes em dégradé são ideais para qualquer ambiente, inclusive na praia, em um daqueles dias bem ensolarados. O difícil vai ser você tirar os olhos dela. Preço sugerido: R$ 1.276. MODElO MiChele MonACo (ElO MAnAgEMEnt) MAkE/hAiR Bruno MirAndA ASSiStEntE DE MAkE/hAiR FernAndo VieirA ASSiStEntE DE FOtOgRAFiA ToM rodrigues tRAtAMEntO DE iMAgEM dAniel CosTA
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Gadgets, games e inovações
SURREAL Para comemorar os dez anos de lançamento do videogame Grand Theft Auto III, mais conhecido como GTA, a Rockstar Games, produtora do jogo, lançou uma edição limitada de 1.500 bonecos do ex-presidiário Claude. Com mais de 30 pontos de articulação, 30 cm de altura e roupas de tecido – incluindo calças cargo, jaqueta bomber e a roupa laranja da prisão de Liberty City –, o boneco traz também vários acessórios usados pelo personagem politicamente incorreto – que assalta e bate em idosos –, como dois rifles de assalto, granadas, faca, metralhadora, pistola e bastão de beisebol. PREÇO: US$ 149,99 www.rockstarwarehouse.com QUEBRA-CABEÇA
Considerado um Lego high tech e com foco no público adulto, o The Nanodots é um quebra-cabeça com infinitas possibilidades e combinações. Feito de neodímio (Nd), o mesmo metal utilizado em trens magnéticos de alta velocidade e considerado o ímã permanente mais forte conhecido pelo homem, o brinquedo vem em uma embalagem de formato cilíndrico contendo 216 esferas magnéticas, que podem ser em quatro cores: original (metal), preto, prata e ouro. PREÇO: a partir de R$ 79 (frete grátis) www.thenanodots.com.br
Bombado Este gigantesco dock para iPod, iPhone e iPad pesa 320 kg, tem 1,2 metro de altura e 2,5 metros de comprimento e 10 mil watts de potência – similar a uma estação de rádio FM. Além de uma sala gigantesca, para ter um Behringer iNuke Boom é preciso esperar seu lançamento oficial na CES 2012, maior feira de eletrônicos do mundo, que acontece este mês em Las Vegas. PREÇO: US$ 30.000 www.behringer.com
PROFISSIONAL
O Joystick IT foi criado para ajudar nos games jogados nos tablets. Com sistema de fixação por ventosa, ele adere e solta facilmente, sem cabos e baterias, utilizando apenas o wifi. Produzido em alumínio, permite um movimento mais preciso e um tempo de resposta mais rápido, melhorando ainda mais o desempenho. PREÇO: R$ 119 www.asys.com.br
GUITARRADA
GAMÃO
dOIS GAMES PARA FICAR dE OLHO Ferrari – The Race Experience O jogo (no alto), criado com consultoria do piloto brasileiro Bruno Senna, é o mais novo simulador de corrida para o PlayStation 3. São 34 modelos de carro, com 17 circuitos espalhados pelo mundo, roféu, Corrida Rápida, e vários modos de jogo, como Carreira, troféu, rial. Há a possibilidade de personalizar os carros Arcade e time trial. da montadora. PREÇO: R$ 99,90 Max Payne 3 Com versões para PC, PlayStation 3 e Xbox 360, o jogo será ambientado em São Paulo. Nesta versão, Max Payne, um ex-detetive da polícia de NY, alcoólatra e viciado em analgésicos, busca uma vida nova no Brasil, onde emprega suas habilidades como segurança particular. Mais dirigido para o enredo da história do que a série “Grand theft Auto”, Max Payne 3 promete. Lançamento previsto para março de 2012.
ELA VOLTOU
Emergindo das cinzas, a Polaroid lança um modelo novo em anos. A Z340 apresenta o mesmo conceito das antigas câmeras de impressão instantânea da empresa, mas com a vantagem de ser uma câmera digital. Possui um sensor de 14 megapixels, capaz de armazenar a imagem fotografada no formato digital ou imprimi-la como uma antiga Polaroid fazia, só que usando o papel fotográfico ZINK, capaz de imprimir as fotos sem o uso de tinta. PREÇO: US$ 299,99 (o filme custa US$ 19,99) www.polaroid.com
FOtOS dIvULGAÇãO dIvULGAÇ ULGAÇã ULGAÇ ãO
Esta guitarra, com cordas de aço apenas no corpo e sensores no braço, é um controlador de Midi – tecnologia padronizada de comunicação entre instrumentos musicais e equipamentos eletrônicos – com capacidade de reproduzir sons de todos os instrumentos a partir de qualquer programa de estúdio. Quase um brinquedo, também serve como controle para jogos simuladores de guitarra como Rock Band e Guitar Hero. PREÇO: US$ 250 www.yourockguitar.com
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Escaneando sites de relacionamento, blogs e o melhor da internet
O MUNDO DAS REDES SOCIAIS EM 2011 Uma pesquisa feita pela empresa holandesa Video Infographs aponta os novos números das redes sociais no mundo, referentes a 2011. De acordo com o estudo, o Google – antes o primeiro no ranking dos sites mais visitados – perdeu a posição para o Facebook e, cada vez mais, a rede de Mark Zuckerberg tende a conquistar espaço. Outras curiosidades são que 60% dos donos de smartphones admitem usar o aparelho enquanto estão no banheiro e que as mulheres são mais LINKEDIN ativas do que os homens: 55% para elas x 45% n A rede de negócios tem para eles. Veja o que mais diz a pesquisa: 135 milhões de usuários n
FACEBOOK n 11% do mundo já está sob domínio da rede de Mark Zuckerberg
A cada dois segundos um novo usuário se cadastra
n 21% têm entre 18 e 24 anos; 36% têm entre 25 e 34; 36% têm entre 35 e 54; e 7% têm mais de 55 anos
n Existem mais pessoas no Facebook (800 milhões) do que carros (750 milhões) no planeta
FLICKR O site de hospedagem e compartilhamento de imagens tem 50 milhões de usuários n
n 3.500 fotos são adicionadas por segundo ao serviço
n Pelo menos um executivo de cada uma das 500 empresas mais lucrativas listadas pela revista Forbes n Os usuários passaram, aproximadamente, está no Linkedin 11 horas e meia por mês logados no site n
Cada usuário tem, em média, 130 amigos
A cada segundo, a rede social recebeu 510 mil posts, 293 mil atualizações de status e 136 mil adições de fotos n
INSTAGRAM n A rede social que permite tirar fotos e editá-las com filtros tem 15 milhões de usuários n Apesar de só estar disponível em aplicativo para iPhone, já alcança o número de 150 milhões de fotos postadas
TWITTER A ferramenta para troca de informações, notícias e links na internet tem mais de 225 milhões de usuários n
FOURSQUARE n A rede social baseada na geolocalização de seus usuários, que pelos smartphones fazem “check-in”, opinam ou compartilham – inclusive em outras redes sociais – os locais em que estão, atingiu a marca de dois milhões de “check-ins” por semana
n 150 milhões de tweets foram escritos por dia ou 1.736 por segundo n O recorde em 2011 foi de 8.900 tweets por segundo n
Mas a maioria só tem 40 caracteres
n
O usuário médio possui 115 seguidores
YOUTUBE n O site de vídeos tem 490 milhões de usuários únicos todos os meses n 35 horas de vídeo são adicionadas por minuto
CLICHÊ EM CARTAZ Após comparar pôsteres de vários filmes, o blogueiro francês Christophe Courtois selecionou diversos cartazes com características idênticas e os reuniu em mosaicos, mostrando que nada se cria, tudo se copia. As semelhanças, você pode ver aqui: www.christophecourtois.blogspot.com
PÕE NA CONtA A iBill Pagamento Móvel desenvolveu um aplicativo para o club Pink Elephant, de Porto Alegre, que, além de permitir ver a programação do dia, dá acesso a uma área restrita chamada “iPink,” em que é possível fazer reservas, pedir uma cerveja e até pagar a conta. Somente para iPhone, o uso do app tem sido liberado aos poucos.
COMIDA DE PORCO O Angry Birds se tornou um dos mais populares jogos para iPhone e Android, somando mais de 500 milhões de downloads. Aproveitando a onda dos porcos que roubam os ovos dos pássaros, como acontece no game, a produtora Rovio lançou um livro de receitas à base de ovos, chamado Bad piggies egg recipes (Receitas de ovos dos porcos malvados, em tradução livre). Além de ovos fritos, cozidos e omeletes, o livro também ensina a fazer sushi e suflê de ovos, por exemplo. Para comprar uma unidade, vendida a US$ 19,99, acesse a loja virtual da franquia (www.shop. angrybirds.com). Para a entrega no Brasil, há uma taxa de US$ 40.
FOtOS DIVULGAçãO
A PEDRA NO SAPATO DO FACEBOOK Max Schrems, austríaco de 24 anos, é um estudante de direito. Por curiosidade, quis saber que informações o Facebook guardava sobre ele, mesmo depois de ter encerrado sua conta e escolhido a opção que deveria excluir todos os dados que ele manteve durante os três anos em que usou a rede social. Depois de muita pressão, recebeu da empresa um CD com 1.200 páginas (quando impressas), divididas por 57 categorias. De posts a mensagens privadas, de sua orientação sexual às páginas que havia visitado, tudo estava lá. Como isso viola as leis europeias para bases de dados e o Facebook possui uma segunda sede em Dublin, na Irlanda, Schrems criou o site www.europe-v-facebook.org com 22 queixas contra a rede social e enviou-as à Autoridade Irlandesa de Proteção de Dados. Agora, em fase de análise do dossiê, o comissário irlandês decide se processa ou não a empresa, que, em menos de uma década, conseguiu reunir mais informações de cidadãos comuns que todos os serviços de inteligência do mundo.
BEM NA FOTO Um serviço chamado Stickygram (www.stickygram.com) transforma em ímãs de geladeira as fotos que você tira no Instagram. Para encomendar o seu bloco de nove fotos é preciso entrar em sua conta pelo site do serviço e depois selecionar as fotos que você quer imprimir. Cada cartela (com nove ímãs) sai por US$ 14,99.
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Casagrande em Conversa Com o esCritor marCeLo rUBens paiva, o eX-Jogador e Comentarista da tv gLoBo reLemBra seU amigo s贸Crates e reLata sUa desCida ao inFerno das drogas por Marcelo Rubens Paiva
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Há tempos que eu e Casão, ou melhor,
Walter Casagrande Júnior, ex-jogador e atual comentarista da TV
Globo, costumamos sair para papear. Não me lembro exatamente quando começou a amizade. Mas é daquelas que o interlocutor fala
de tudo, sem censura. Me confessou uma vez: “Com alguns amigos, consigo me abrir. Com o Fromer (Marcelo, guitarrista falecido dos Titãs) também era assim.”
“curíntia” fanático e acompanhei de perto as aventuras da Democracia Corintiana, movimento histórico do clube no começo dos anos 80 – época em que o Brasil ainda vivia sob ditadura militar – no qual os jogadores decidiam sobre praticamente tudo, de novas contratações até a concentração antes dos jogos. Nossa amizade existe também porque somos roqueiros, gostamos dos mesmos filmes e, assim como ele, vivi na vida pessoal os percalços de uma reabilitação dolorida e lenta. A intimidade nasceu não apenas porque sou
inferno que viveu quando era viciado em drogas e da sua internação, que durou um ano. Para ele, é fundamental se abrir, passar adiante a experiência, dividir sentimentos. Casão sempre me contou com detalhes do
Muitas vezes, damos risada de como nós chegamos ao fundo do poço e voltamos. Falamos sem preconceitos, desvios, mentiras, porque sabemos que a verdade é uma grande aliada da sanidade. Quando a Status me pediu para entrevistá-lo, decidi encontrá-lo onde sempre papeamos, no Restaurante Senzala, da zona oeste de
pode beber e fumar à vontade. Apesar de pegarmos a mesa mais escondida, por vezes éramos interrompidos por fãs do jogador. Eu não tinha uma pauta definida. O que se lê abaixo é a conversa franca entre dois amigos que se identificam e se admiram. Sócrates, grande companheiro e um dos maiores ídolos do Casão, havia falecido poucos dias antes e, naturalmente, foi um dos temas do nosso papo.
São Paulo, em cuja varanda se
Status – O Sócrates sabia dos seus problemas com drogas? três anos sem se ver, eu sabia do carinho que ele tinha por Casagrande – Ele me falava: “Quando você for pegar pesa- mim e eu por ele. do, come dois quindins. Porque a droga suga todo o açúcar do sangue.” Então, eu andava logo com duas caixas de quin– Recentemente, Romário disse que você não tem moral algudim no carro. ma para criticar na tevê jogadores como Neymar, pois era ruim de bola. Como você encarou essa? – Qual foi a importância do Doutor no começo da sua carreira? – Vivemos num país democrático e qualquer um pode falar – Enorme. Sempre fui muito temperamental, pois tenho no o que quiser. A única coisa que me pegou foi ele ter citado a sangue que a coisa mais importante para o ser humano é a li- droga. Isso levei e lidei nas terapias que faço. O resto, se ele berdade, o respeito. No futebol, eu tinha alguns defensores. me acha um péssimo jogador, é a opinião dele, e respeito. Pelo meu temperamento, era para eu ter sido mandado embora Claro que ninguém gosta de ser criticado. Tem gente que muitas vezes do Corinthians. Com o Magrão aprendi muitas me acha do caralho, e tem gente que acha que só falo merda, coisas e fui deixando de ser tão radical. Mas no começo eu era mas nada disso afeta minha vida pessoal. Não tenho nada estourado, não admitia falta de respeito ou traição. contra o Romário. Foi um dos maiores atacantes da história do futebol. Eu o vi uma ou duas vezes. E, sinceramente, se – Você conseguiu se despedir dele devidamente? eu encontrá-lo, vou cumprimentar. E se quiser sentar comigo – Um dos defeitos do ser humano é deixar para depois a e bater um papo, na boa. hora de demonstrar o carinho que sentimos. A gente tem um pouco de vergonha de expor nossos sentimentos, acha que – Por que o afetou ele falar do seu problema com as drogas? vai parecer frágil. E isso eu também tenho. Mas com o Ma- – Por ser algo que não se refere exclusivamente a mim. É uma grão, quando eu vi que ele estava mal, o encontrei e falei que doença que afeta milhões de pessoas, que sofrem vários proo amava e que, ainda que a gente tivesse se afastado, nada blemas, como perder o emprego, a mulher. O que me pegou tinha mudado. Não importava que a gente tivesse ficado dois, foi ele citar esse fato como algo que me impedisse de comenfotos luciana de francesco
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casão em seus bons momentos com o parceiro sócrates, em comício do movimento diretas-já, celebrando gol pela seleção brasileira e em campo com a camisa corintiana
mento eu tinha quando garoto, e sacaram rapidamente que forçar a barra comigo não ia dar certo. Então me deram liberdade aos 13 anos. Eu quase sempre dava satisfação de onde ia, mas já andava na rua sozinho, às vezes passava um dia sem aparecer em casa. Eles sempre confiaram em mim, e isso me ajudou a crescer como pessoa. E, no futebol, a Democracia Corintiana, pois aquilo era o que eu queria viver no futebol. – Você tinha amigos jogadores? Pois a maioria era bem diferente do seu estilo. – Com 18 anos eu estava no profissional do Corinthians, mas desde os 14 já me vestia como bicho-grilo mesmo, andava de Havaianas ao contrário, calça jeans desbotada, camiseta da minha irmã, igual o Caetano Veloso, aquelas estilo babylook. Usei tamancos. E ninguém me chamava de veado, porque na época aquilo era tendência mesmo. Mas não tinha muitos tar futebol. E não tem nada a ver. Foi falta de esclarecimento amigos não. Saía mais com o Magrão para ouvir um rock na dele, como de boa parte da sociedade, que não conhece a Bela Vista (bairro de SP). Ele tomando cerveja, eu ainda na fundo os problemas da dependência química. Coca-Cola. A gente se divertia muito, eu com 18 anos, ele com 27, ele totalmente equilibrado, eu totalmente desequilibrado. – Foi a primeira vez que o atacaram usando a questão das drogas? – Até agora foi, mas eu fui preparado na internação para lidar – E na Europa? com o preconceito. O grupo que mais sofre preconceito no – Me adaptei muito bem, principalmente na Itália. Eu preBrasil é o dependente químico, mais do que os homossexuais. cisava de um pouco mais de organização, gostei do esquema No meu caso, sinto as pessoas me admirarem pela minha luta, de lá. Eu é que estava errado antes, então lá aprendi a chegar pela volta por cima. Tenho certeza de que até o Romário acha próximo ao meio-termo como jogador, tanto que fiquei oito isso. Ele se expressou mal, não quis colocar a droga acima do anos. Minha rotina era família total, bem comportadinha, meu lado profissional. do treino para casa e vice-versa. Fiquei oito anos sem tomar droga. Se bem que a primeira vez que tomei heroína foi em – Quem jogava mais, você ou ele? Portugal. Fiquei três dias usando e parei porque vi que ia gos– São dois estilos diferentes. Eu não era um centroavante tar e não ia dar certo. de ofício, supertécnico, como o Careca (ex-São Paulo), por exemplo. Eu tinha duas virtudes. Uma era minha inteligência – E pó, quando foi a primeira vez? dentro do campo, pois me posicionava certo, abria espaço, – Foi em 1982, durante o show do Peter Frampton no giantecipava o lance. Tanto que quando fui para a Itália joguei násio do Corinthians. Me apresentaram a cocaína à tarde, até de volante. A outra era a ótima finalização. Dificilmente sexta-feira, antevéspera da final do segundo turno do Pauliseu perdia gol. tão entre Corinthians e São Paulo. Na hora, me senti Zeus no monte Olimpo. O cara me deu um colar com uma conchinha – Quem foi realmente importante na sua vida como pessoa e cheia de pó, e eu ficava cheirando e bebendo Campari a noite como jogador? toda, nem vi o show. Depois fui tirar uma foto com o Peter – Meus pais perceberam muito cedo que tipo de tempera- Frampton. Eu parecia um fantasma.
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“Se o Romário acha que fui um péssimo jogador, respeito. A única coisa que pegou foi ele ter me atacado pelo meu problema com as drogas; isso tive que levar para a terapia” – Em relação à maconha, você é a favor ou contra sua descriminalização? – Não sou a favor nem contra. Acho que precisamos olhar – A droga atrapalhava seu condicionamento físico? o País, temos tantas coisas para nos preocupar antes, como – Eu era muito garoto, treinava pra caralho, tinha uma força pobreza, violência, condições de vida, transporte. A liberação física enorme. Claro que eu poderia ter sido muito melhor. E da maconha não me interessa. olha que naquele ano fui campeão e artilheiro do Campeonato Paulista com 28 gols, fazendo um monte de merda. Na – E hoje você não pode mais nada? Só tomar um chope e fumar verdade, nem sei e não quero saber como seria se tivesse sido um cigarro? um padre fora de campo. Talvez não tivesse sido nada. – Posso tudo, cara. Não falei que sou livre? Escolhi depois da minha internação não ter mais contato com droga. Não – Depois você parou? faço campanha antidroga, acho que as pessoas têm o direito – Claro, até porque era uma coisa difícil de encontrar naquele de escolha. Quem sou eu para falar faça isso, não faça isso? tempo. E depois lá no Porto um cara me apresentou a heroína, Duas pessoas, o Lobão e o Paulo César Caju, falaram para fumei os dois primeiros dias e no terceiro pedi para ele trazer mim: “Vai lá, bate a cabeça na parede e você vai ver.” Abusei uma seringa, pois eu já tinha me picado antes no Brasil, já ti- muito, pois ainda tinha um detalhe: a droga fazia parte da minha provado drogas injetáveis. Não sei se atrapalhava ou não, nha filosofia de vida. E foi complicado tirar isso da minha vida, eu fui aquilo que eu fui, era muito garoto e tenho resistência pois a alteração dos sentidos foi um componente por 35 anos. física. Usei mais dois dias e joguei o resto fora. – Quando você começou a se autodestruir mesmo? – As pessoas que provam heroína dizem que a sensação é a me– Foi de 2005 em diante. Eu já era comentarista. Mas semlhor coisa do mundo. É mesmo? pre tive uma resistência incrível. Acabava de me injetar e saía – É a coisa mais destrutiva que existe, pois dá uma leveza, dirigindo o carro, vendo estrela, fantasma. fascinação, um prazer mentiroso. No fundo ela vai acabar com sua vida. Todas as drogas dão prazer, satisfação, amplitude da mente, mas tudo isso é mentira. fotos alfredo riZZutti | renato dos anjos | agência estado/ae | rolando de freitas
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“Comecei a me autodestruir em 2005. Acabava de me injetar e saía dirigindo o carro, vendo estrela e fantasma” – Uma hora as pessoas não começaram a perceber? Você não teve que abrir o jogo na Globo? Ou com o Galvão Bueno? – Três meses antes do acidente que culminou na minha internação, eu já não estava conseguindo cumprir com meus compromissos profissionais. E o Galvão, por mais diferentes que sejamos, me ajudou muito. Hoje seguimos muito diferentes, mas temos grande respeito mútuo.
também esqueço o aniversário das pessoas, até o da minha mãe eu esqueci outro dia. Não preciso que alguém faça algo por mim para eu gostar dessa pessoa. Até porque uma das coisas que eu mais gosto na vida é o comportamento humano, as pessoas serem diferentes e mesmo assim conseguirem conviver.
– Como foi sua internação? – Passei os primeiros quatro meses lutando contra a interna– Essa fama de o Galvão ser muito chato procede? ção, negando para mim mesmo que eu era doente, e achando – A popularidade traz vantagens e desvantagens. O Gal- que aquilo era uma bobagem. vão, como narrador, tem que falar muito. É natural que muita gente goste e muita não goste. – Por que não fugiu? – Só não fugi porque não tenho instinto suicida e queria – Você já me falou que o Emerson Leão (ex-goleiro, hoje técnico), provar para o pessoal da clínica que não precisava estar lá. que jogava com vocês, mas era contra a Democracia Corintiana, Depois fiquei mais oito meses totalmente isolado, recebendo foi um dos poucos que o procuraram durante a internação. visitas apenas dos familiares. – Ele me procurou mesmo, perguntava direto sobre mim para amigos em comum. Mas na época da Democracia Co– Você consegue ficar longe dos amigos numa boa? rintiana, quando ele jogava com a gente, eu não dava força – Sou um cara muito solitário e hoje estou sozinho porque para ele não. Ele não concordava com aquele projeto, mas a me basto, estou bem comigo mesmo. Você só consegue gosgente o aceitou assim mesmo, pois isso é a verdadeira demo- tar de alguém se gostar de si mesmo primeiro. Você só aceita cracia. Fora que era um puta goleiro, apesar de chato e mas- os erros dos outros depois de aceitar os seus próprios. E hoje carado pra cacete. eu posso falar que gosto muito de mim, eu me amo e me preocupo comigo. – Você se surpreendeu pelas pessoas que o procuraram no seu pior momento, e pelas que não o procuraram? – Você fez amigos durante o período de internação? – Poucas pessoas me procuraram, mas nunca esperei nada – Não tem amigo em clínica de dependente químico, é cada de ninguém. E meus sentimentos pelas pessoas não mudam um com seus problemas. Tem identificação pelo sofrimento, se alguém deixa de me dar feliz aniversário ou feliz Natal. Eu mas não tem jeito de ficar amigo, pois a chance de um dos dois
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na outra página, casagrande desfilando no carnaval e treinando no rio em1993, quando jogava pelo flamengo. e aqui em foto recente, já comentarista de futebol da tv globo
puxar o outro para baixo é muito grande. Não que eu tenha abandonado todos os meus amigos, mas fiquei quase um ano só andando com minhas psicólogas. Não atendi telefonema algum, não falava com ninguém. E hoje eu até poderia sair, E minha visão do futebol transcende a bola rolando. Consigo mas não tenho gostado muito. Vou a shows de rock e olhe lá. olhar para o jogador e ver a emoção dele, sacar o que ele está sentindo e pensando. Sou fascinado pelo ser humano, come– O que realmente cura um vício desses? Terapia? çando por Jesus Cristo e ídolos como Che Guevara, Martin – A terapia é fundamental para você se entender. Fiquei um Luther King, Jim Morrison. ano fazendo uma viagem para dentro de mim mesmo. Precisava me conhecer para perceber onde começa o mecanismo – Você acha que está na Globo por ver esse lado humano do jogo? de autodestruição. Dependentes químicos usam droga para se – O que eu menos vejo no campo é o desempenho do joanestesiar de algo na vida com que eles não conseguem lidar. gador. Eu leio muito sobre comportamento humano, e fui treinado para ler o meu comportamento durante um ano de – Mas é difícil entender como um cara como você, ex-craque com internação. Até para não me colocar novamente em risco. E carreira na Europa e Seleção Brasileira, depois comentarista da de futebol mesmo eu até vejo alguns programas que gosto, maior emissora do Brasil, precisou tanto de droga. mas tenho coisas muito mais relevantes do que futebol na vida. – Eu era completamente desequilibrado emocionalmente. Quando ficava triste, ficava muito melancólico. Quando ficava – Você saberia escalar de memória, por exemplo, o Figueirense? eufórico, ficava demais. E me cobrava demais, sempre achava – Pra quê? Sei quem é o lateral bom do time, isso sim. Meu que tinha que fazer melhor no trabalho, por mais elogiado que dia é assim: eu tenho terapia, depois chego em casa, dou uma fosse. Hoje eu curto as coisas que faço. Sinceramente? Hoje passada na tevê, coloco um som e vou para meus livros. Eu pesnão preciso de elogios. Sei quando vou bem ou quando não quiso muito. E também adoro ver filmes, tenho tudo em casa. vou. E não ir bem também faz parte, não dá para ser genial o tempo todo. O importante é encontrar o equilíbrio. –E suas psicólogas, vocês conversam sobre o quê? – Eu discuto com elas as leituras que faço, a gente lê junto. – Ser um ex-craque de futebol, chamado pela Globo para comentar E nem vou citar os nomes dos livros que leio porque as pessoas um jogo da Seleção Brasileira, por exemplo, já não é um elogio? não vão entender. O que eu digo é que Deus não influencia – Acho que isso é relativo. Você pode me achar demais, mas nossa vida, senão não existiria a vontade de cada um. o cara ali na mesa do lado pode me achar um merda. Quem tem a verdade? Eu sei que sou bom no que faço, mas o que me banca, o que faz a Globo me bancar é que sou diferente dos outros. Não sei se sou melhor ou pior, mas sou diferente. fotos roberto cosulich | agência o globo | marcio fernandes
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por Fabrícia Peixoto
acworth chicoteia uma de suas atrizes: “sou tarado desde que me entendo por gente”
fotos Shaul Schwarz | Getty
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o rei da sacanagem ele cursava doutorado em finanças quando resolveu criar o site mais pervertido do mundo. o inglês peter acworth acabou fazendo fortuna e se tornou um empresário do sexo comparado a larry flynt. conheça o universo desse tarado assumido
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a dor é o principal ingrediente dos mais de 15 mil vídeos do portal, hoje com cerca de 60 mil assinantes
A n o t í c i A n o j o r n A l não tinha tanto destaque, mas a cifra chamou a atenção de Peter Acworth. Entre algumas histórias bizarras, típicas daquele tabloide britânico, lia-se: “Bombeiro vende pornografia na web e faz US$ 250 milhões.” A sensação de ter encontrado um bilhete premiado o fez deixar o café de lado. De repente, o doutorado em finanças na Universidade de Colúmbia, que demoraria ainda um ano para terminar, pareceu tão útil quanto um curso de feng shui. Então com 25 anos, Acworth voltou para casa, em nova York, e no dia seguinte já havia registrado um domínio na internet. Surgia ali, em julho de 1996, o embrião do que viria a ser um dos maiores portais de pornografia fetichista da internet, o Kink.com, hoje com mais de 15 mil vídeos e um conteúdo pesado, capaz de deixar até mesmo os mais liberais dos sacanas com as bochechas rosadas. não à toa, acworth vem sendo chamado de o “larry flynt da era digital”, em uma comparação ao lendário pornógrafo americano criador da revista Hustler, em uma época em que a nudez explícita era considerada ofensiva. “Sou tarado desde que me entendo por gente”, diz Acworth à status. não é apenas a internet, que faz de Acworth um pornógrafo moderno. Esse inglês de 40 anos, que se mudou para os Estados Unidos na década de 90 para trabalhar no mercado financeiro, soube aplicar ao mundo do sexo explícito as mesmas regras empresariais em voga nas companhias tradicionais – pode parecer óbvio, mas ver uma atriz pornô com carteira assinada e participação nos lucros não é tão comum assim. ciente de que precisava proporcionar algo “além da sacanagem tradicional”, Acworth viu nos fetiches a chance de oferecer um serviço com valor agregado, apenas para usar a expressão de seus colegas financistas. O resultado é um portal que rende cerca
de US$ 30 milhões por ano, graças aos 60 mil assinantes que pagam, em média, US$ 35 por mês para ver um sexo explícito e temático. No portal Kink.com (algo entre tara e sacanagem, em inglês), o público vai encontrar mais de 20 sites, inspirados nas mais diversas taras. No Fucking Machines, por exemplo, mulheres são exaustivamente penetradas por robôs e todo tipo de parafernália, feita sob encomenda para os filmes. Já no Public Disgrace, mulheres nuas são atazanadas em público, enquanto no Men in Pain é a vez de os rapazes serem escravizados e maltratados. isso sem mencionar o Pissing, voltado para mulheres que sentem prazer ao serem “regadas” pela urina do parceiro. Tudo em alta definição e usando cenários com uma sofisticação bem acima da média, considerando os padrões desse setor.
sacana desde criancinha Desde que leu a notícia sobre o bombeiro milionário, Acworth soube de imediato que o segredo do sucesso estaria no chamado BDSM, sigla para Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo, por duas razões. A primeira tem um viés mercadológico, já que o pornô puro e simples já estava em toda a internet e de graça – enquanto o nicho dos adeptos do BDSM ainda era malservido. Mas a segunda razão que fez Acworth optar pelo BDSM é bem mais interessante: o empresário é também um fetichista, a ponto de ter participado, como ator, de alguns filmes do Kink.com. Ele não esconde sua predileção por cordas, couros e outros itens típicos desse mundo, algo que o acompanha desde criança, segundo ele. “lembro de ter tido uma ereção,
aos sete anos, ao assistir a uma cena de alguém sendo amarrado em um filme de caubói”, conta. Anos depois, passou a se amarrar, sozinho, na tentativa de atingir o prazer máximo. o excesfoto Julie Platner/Getty
depois de amarradas e suspensas no ar, as atrizes são “torturadas” com canos e estimuladas com vibradores
so de timidez e a falta de traquejo com as mulheres (o pornógrafo só viria a namorar aos 20 anos) deixaram o adolescente Peter sem saber o que fazer com todo aquele desejo enrustido. isso talvez explique sua extrema excitação com tudo que se refere ao Kink.com, refletida em uma dedicação que vai além das funções de CEO. Ao mesmo tempo em que é convidado para falar sobre inovação em um evento para executivos da renomada revista britânica The Economist, o dono do Kink.com também pode ser visto sobre uma cama estilo Luís XV, observando a troca de fluidos entre alguns de seus modelos, durante as filmagens. Como estúdio e escritório funcionam no mesmo espaço, o empresário faz questão de circular pelos sets de filmagem. uma de suas exigências é
que as modelos do elenco sintam um prazer verdadeiro durante as gravações (tanto que o termo “atriz” ou “ator” é banido na empresa, partindo do pressuposto de que ninguém ali está fingindo). Acworth também é habitué no Upper Floor, seu mais novo projeto – misto de reality show e pornografia ao vivo, que funciona no quarto e último andar da empresa. Decorado com objetos kitsch, cortinas vermelhas e meia-luz, esse cenário da década de 20 é palco de sexo fetichista 24 horas por dia, devidamente filmado para um live stream na internet. Mas a grande sacada de Acworth nem é tanto o big brother pornô, mas
abrir a casa à visitação: de tempos em tempos, o Kink promove ali convescotes bem quentes para os adeptos do BDSM, mediante registro prévio na web. Enquanto a comunidade fetichista aparece no prédio para conhecer potenciais parceiros a fim de um sexo selvagem, Acworth sai da festa não apenas conhecendo (bem) de perto sua clientela, mas também com um público ainda mais fidelizado – nada mais que o marketing aplicado à pornografia. Foi dele também a ideia de transferir a sede da empresa para uma construção de 18 mil m2, com cara de castelo medieval, na cidade de São Francisco. O espaço não poderia se encaixar melhor às ambições de um fetichista. Construído em 1912, o prédio serviu como centro de treinamento e depósito de armas para o Exército americano durante as duas Grandes Guerras. Acworth não teve dúvida: pagou US$ 15 milhões pelo imóvel e o transformou em uma espécie de QG da pornografia. Enquanto o pessoal do setor administrativo ocupa o primeiro andar, o segundo piso serve de depósito para os objetos usados nas filmagens. Em alguns cômodos, o cenário lembra o de uma masmorra, com focinheiras, canos, pinças, palmatórias, além de uma série de itens inomináveis, todos presos às paredes ou espalhados pelo chão. Em outra sala, a disposição de macas e aparelhos elétricos remete a um laboratório de testes, mas nada mais são que instrumentos usados pela equipe de Fucking Machines. Já as filma-
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o kink.com tem sido alvo de críticas de grupos feministas, que questionam a “humilhação” imposta às atrizes. acworth garante, porém, que elas gostam
gens ficam restritas ao subsolo, impedindo assim que os gemidos e a gritaria cheguem aos ouvidos dos vizinhos. De início, Acworth teve problemas com a vizinhança. não pela possibilidade de qualquer barulho, mas pela simples presença de uma empresa pornográfica entre escolas, igrejas e imóveis residenciais. Alguns moradores, furiosos, tentaram barrar a venda do imóvel junto à prefeitura, com o argumento de que um prédio histórico não poderia ser reformado. Mas Acworth sempre soube que o embate passava por questões morais. Mesmo assim, preferiu não comprar briga. Passou a pagar, com dinheiro do próprio
bolso, pelo reforço da segurança nas redondezas. foi o suficiente para, em apenas dois anos, conquistar a confiança dos moradores. A relação com a vizinhança melhorou a ponto de acworth oferecer o pátio da empresa para eventos da comunidade. É exatamente com esse estilo de “rapaz gente boa” que o dono do Kink.com vai conquistando simpatizantes. Entre os profissionais da área, Acworth é visto não apenas como alguém que sabe fazer dinheiro, mas que também se preocupa em tratar seus modelos com “um respeito acima da média”, pelo menos segundo relatos em fóruns virtuais. Partiu dele a iniciativa de dividir o elenco do Kink por “categorias”, de acordo com a experiência (e estômago) de cada um para o mundo do BDSM. As chamadas “virgens de chicote”, ou seja, atrizes do pornô tradicional, são encaminhadas para os portais mais leves, como o Divine Bitches, cujo tema é a dominação dos homens, até passarem para os temas mais pesados, como o Wired Pussy, em que recebem descargas elétricas nas partes íntimas. já aquelas que se enquadram na categoria “avançada” podem participar das sessões de shibari, técnica de bondage japonesa, com cordas bem mais fi-
nas e nós elaborados, uma das novidades do site Hogtied.com. Ali, as moças são amarradas e suspensas no ar, ponto a partir do qual são primeiramente “torturadas” com canos e chicotes, para depois serem estimuladas com vibradores – atingindo “orgasmo atrás de orgasmo”, segundo a descrição do próprio site.
discutindo a relação Se a essa altura você está se perguntando se esse tipo de brincadeira é permitido, saiba que não está sozinho. A polêmica em torno do BDSM, com críticas ao tratamento imposto às mulheres, não é nova. Assim como na década de 70 Larry Flynt e sua Hustler enfrentaram a ira da direita americana, indignada com a “obscenidade” das fotos mostrando vaginas escancaradas, Acworth também tem seus desafetos. A maioria deles feministas, que questionam, sobretudo, o sentimento de dor e pânico “visível” no rosto das atrizes. Um blog de defesa das mulheres chama a atenção, por exemplo, o fato de o próprio site pregar a “humilhação” feminina como fonte de prazer. A esse tipo de crítica, a empresa costuma usar a mesma explicação: a de que tudo na Kink é feito de forma segura, limpa e consensual, os três valores básicos do BDSM. As feministas argumentam que o conceito de sexo “seguro” deve considerar não apenas aquele livre de doenças, mas também um sexo que não ponha as pessoas em risco de uma forma geral, com uso de canos e aparelhos elétricos. Mas, exceto por uma dupla de posts anônimos na internet, supostamente de modelos que saíram machucadas das filmagens, não há nada que se pareça com um movimento anti-Kink na grande rede. Ao final de cada filme, as atrizes (ou melhor, modelos) aparecem dando tchauzinho às câmeras, como prova de que tudo acabou bem. Para Acworth, esse recado basta.
“orgasmo atrás de orgasmo”. o site diz que ninguém ali está fingindo
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Texto e fotos Paulo Siqueira, do Cairo
StatuS foi ao Egito vEr dE pErto como é o dia a dia doS rEvolucionárioS quE voltaram à praça tahrir para combatEr o govErno militar. munidoS dE pauS E pEdraS, ElES EnfrEntam balaS dE rEvólvEr, atropElamEntoS planEjadoS E uma pErSEguição diária da polícia SEcrEta
prontoS para a
Manifestantes se preparam para o confronto: alguns deles usam a experiĂŞncia adquirida em torcidas organizadas de futebol para reagir Ă polĂcia
briga
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MesMo à noite, o MoviMento na praça é intenso. na foto, Manifestantes discuteM o futuro político do país. abaixo, o joveM sayed el soroor é socorrido por colegas, Mas não sobrevive ao tiro dos policiais
O corpo do jovem Ahmed
Sayed El Soroor, 19 anos, é cercado por uma multidão que grita exasperadamente. Jogado ao chão, ensanguentado, agoniza. Sua respiração torna-se cada vez mais ofegante, não há quem possa ajudá-lo e a polícia finge que não tem nada a ver com aquilo, deixando-o sofrer em praça pública.
Mas Soroor, que acaba de levar um tiro – apesar de os oficiais insistirem em um atropelamento fantasioso –, não aguenta e seu último sopro de vida inflama a massa. Ali, em frente ao prédio do Parlamento egípcio, começa uma guerra campal. Mais de 200 pessoas sacam pedras do chão e atacam os policiais e oficiais do Exército que tentam manter a ordem no dia da posse do novo primeiro-ministro, Kamal al Ganzuri. De nada adianta. Ao contrário do que se pensava, quando Hosni Mubarak foi deposto, depois de mais de 30 anos no poder, a revolução nascida na Primavera Árabe não havia acabado. Se antes a população lutava pela queda de um homem – e conseguiu isso em fevereiro de 2011 –, agora brigava para derrubar o continuísmo e evitar que os militares mantivessem o poder absoluto. E o palco dessa luta era, novamente, a praça Tahrir. Status foi para lá, em novembro passado, acompanhar as eleições legislativas e o renascimento dessa revolução que se estendeu e deixou, até 19 de dezembro (data do fechamento desta reportagem), um saldo de duas mil pessoas feridas e mais de 50 mortos. Durante 11 dias, vivenciei o cotidiano dos revolucionários, conheci desertores do Exército e senti na pele a tensão que domina o Egito nos dias de hoje. Expressar seus pensamentos políticos pelas ruas do Cairo é como andar por um campo minado. É constante a vigilância de oficiais do serviço secreto que, inclusive, compram informações para capturar opositores do regime. O único lugar considerado um “oásis de liberdade” é a praça Tahrir. De longe é possível escutar o som da
revolução, traduzido em gritos de guerra: “Morte a Tantawi!” (Mohamed Tantawi, presidente do Conselho Supremo das Forças Armadas), “Abaixo a Junta Militar!”, “Queremos um governo civil!” Mas, antes de atravessar a ponte Qasr el-Nil, um dos principais acessos à praça, é preciso passar por uma corrente humana que controla a entrada de cada pessoa. Verificam meu passaporte, abrem o sorriso e disparam. “Bem-vindo à praça Tahrir!” por mais que a praça esteja tomada pela população, a sensação de segurança não é plena. as pessoas se juntam para falar de política, mas sabem que ali estão policiais à paisana. Alguns escutam e observam para depois prender os opositores fora da praça. Outros simulam discussões e, munidos de espingardas de chumbinho, atiram na altura dos olhos para cegar. Eu, inclusive, fui atingido. Por sorte, se é que se pode dizer isso, a bala pegou no pescoço e não causou maiores estragos. Frequentemente, carros de polícia entram na praça atropelando quem estiver na frente e os policiais atiram – desta vez com balas de verdade – para matar. A situação é tão dramática que algumas tendas erguidas no meio da Tahrir servem de hospitais improvisados, comandados por pessoas que vivem na clandestinidade. É o caso de Mahmoud Mokhtar, 31 anos, médico e ex-capitão do Exército egípcio. Ele desertou em janeiro do ano passado, quando a revolução eclodiu, e até hoje vive nas sombras. “Minha esposa e filhos foram procurados várias vezes em casa ao longo desse período”, diz Mokhtar, que só topou dar entrevista e ser fotografado depois de muita negociação. Dá para entender seu medo. “Fui para a casa de um amigo para a minha segurança e também da minha família. Tenho medo da retaliação dos militares.” Mokhtar frequenta a praça Tahrir apenas quando ela está cheia. Assim, fica mais fácil sumir em meio à multidão. Sua preocupação faz todo sentido. Os militares têm caçado os desertores desde o
as tesouras usadas eM hospitais iMprovisados na praça são reaproveitadas. ao lado, o Médico MahMoud Mokhtar, que desertou do exército para ajudar na revolução. eM uM Mês, o conflito soMa 50 Mortos e dois Mil feridos
a polícia
entra com SeuS carroS na praça,
atropelando quem eStiver na frente. e atira para matar
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é conStante a
vigilância de oficiaiS do Serviço Secreto, que compram informaçõeS para
capturar opoSitoreS início dos protestos e, nos últimos dias, têm intensificado a repressão. Muitos deles, capturados na Tahrir, foram assassinados ali mesmo, sem nenhum constrangimento. É por isso que poucos topam aparecer e os que ali estão deixam a praça quando o sol se põe. À noite, alguns corajosos transitam nessa espécie de território sem lei. Para se proteger de policiais à paisana que surgem para armar briga, alguns revolucionários criam brigadas organizadas. Muitos, aliás, vindos de torcidas de times de futebol locais, acostumados a confrontos com a polícia. Não é raro ver jovens vestidos com coletes de lutadores de artes marciais, bastões em punho e prontos para o confronto. Mas, ao que parece, essa é uma briga que está longe de terminar. “A situação é instável, sobretudo, devido ao grande impacto na economia”, diz Marcus Vinicius de Freitas, professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). de acordo com dados da organização internacional do trabalho (oit), dois terços dos egípcios com até 30 anos estão desempregados e esse número só tende a aumentar. o setor de turismo, um dos grandes motores da economia egípcia, por exemplo, vem minguando desde o início dos protestos e as receitas caíram de us$ 10,4 bilhões, em 2010, para us$ 8,6 bilhões em 2011. Com a falta de trabalho – o desemprego atinge 12% da população – e o declínio econômico, a população parou de acreditar nos militares que comandam o país. Para entender o que faz do Egito um caldeirão de instabilidade, é preciso, antes de tudo, saber o que está em jogo. Há milênios, desde os tempos dos faraós, raríssimas vezes a população experimentou o doce gostinho da democracia. E a história recente do país acentua ainda mais esse sentimento. Desde 1952, quando o rei Farouk (1920-1965) foi deposto pelo general Gamal Abdel Nasser (1918-1970), o Egito teria apenas governantes militares. Nasser era o defensor da doutrina do pan-arabismo, pela qual as fronteiras
definidas pelos colonizadores europeus deveriam ser destruídas, criando, dessa forma, uma grande nação árabe. Nesse contexto, o Egito tornou-se um ferrenho inimigo de Israel e, em 1967, sob o comando de Nasser, aliado à Síria e Jordânia, acabou entrando em combate com Israel na chamada Guerra dos Seis Dias. Israel aniquilou os inimigos em apenas seis dias de guerra, anexando a Faixa de Gaza, o Deserto do Sinai, as Colinas de Golã, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Foi uma derrota para Nasser, que, deprimido, morreu em 1970. Seu sucessor, o também general Anwar ElSaddat (1918-1981), organizou o contra-ataque, em 1973, ajudado pelos soviéticos. Israel venceu novamente no campo de batalha, mas perdeu no diplomático. É que os países árabes resolveram cortar o abastecimento de petróleo e, assustados, os Estados Unidos foram obrigados a mediar a paz entre Egito e Israel. Saddat retomou as terras perdidas na Guerra dos Seis Dias, mas foi considerado um traidor pelos árabes e morreu assassinado em 1981. Em seu lugar, entraria o general Hosni Mubarak, deposto no início do ano passado. Todos esses governos militares tinham pelo menos um ponto em comum. “Defendiam um Estado laico, que separa a política da religião”, diz Nelson Bacic Olic, profundo conhecedor do assunto e coautor do livro Oriente Médio e a ques-
depois de derrubar o ditador hosni Mubarak, eM fevereiro, agora a população briga para evitar o poder absoluto dos Militares. nesta foto, uM dos leões que guardaM a ponte qasr el-nil
tão palestina. Justamente por isso, o Egito sempre reprimiu a Irmandade Muçulmana, representada pelo Partido Liberdade e Justiça. Sua atuação política foi proibida até 2005, quando o enfraquecido ditador Mubarak permitiu que eles ocupassem até 20% do Legislativo, mas com poderes limitados. Com a Primavera Árabe, entretanto, os membros da Irmandade Muçulmana aproveitaram a brecha e voltaram a atuar com força nos bastidores. Nas eleições legislativas, ganharam a maioria das cadeiras, com 36,6%, e o Al-Nour, legenda salafista representada por radicais islâmicos, ficou com 24,3%. percebendo que poderia perder o poder, a junta militar que governa o país anunciou que nomearia os membros que redigiriam a nova constituição do egito. e mais: as forças Armadas teriam autonomia para definir ações militares e também o orçamento. “Os militares estão tentando o máximo possível manter o status quo anterior à revolução”, diz Salem Hikmat Nasser, professor de direito internacional da FGV. Para a população egípcia, que achava ter dado um grande passo rumo à democracia, a ação dos militares serviu como um balde de água fria. A Irmandade Muçulmana usou isso a seu favor e articulou protestos para exigir a transferência de poder para um governo civil. A junta militar promete que eleições presidenciais acontecerão em junho. Pode ser. Mas, a julgar pelas recentes movimentações dos militares, isso parece mais um jogo de cena para ganhar tempo. Enquanto isso, os egípcios continuarão lutando com paus e pedras na praça Tahrir. “A liberdade se conquista ou se constrói em processos longos. Essa batalha será longa e árdua”, diz Salem.
perfil
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por Steven Allain, do HavaĂ
para terror dos melhores surfistas do mundo, medina terminou 2011 na quarta colocação do ranking mundial, tendo surfado apenas metade do campeonato
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O
neymar
DO
SUrF
Gabriel meDina FOi O GranDe nOme DO SUrF em 2011. maiS jOvem braSileirO a inGreSSar nO SeletO campeOnatO DOS 32 melhOreS DO planeta, O paUliSta De 18 anOS impreSSiOna O mUnDO cOm SUaS manObraS aéreaS e pOr ter venciDO ninGUém menOS qUe Kelly Slater
G a b r i e l pa r e c i a nem perceber a praia completamente lotada e os milhares de olhares que acompanhavam cada movimento seu. Som bombando nos fones de ouvido, prancha debaixo do braço e olhar fixo no oceano. As ondas, que ultrapassavam os cinco metros de altura, explodiam sobre a rasa bancada de coral, lançando espuma branca aos céus e pulverizando qualquer um que tivesse a infelicidade de se encontrar em sua frente. O palco era pipeline, a onda mais famosa e temida do mundo, que fica no litoral norte da ilha havaiana de Oahu, onde também está a capital Honolulu. O evento, no começo de dezembro, era o último do calendário de 2011 e o mais esperado do ano: o pipeline Masters. O
O caminho que levou Gabriel Medina a pipeline é curioso. Sua ascensão, meteórica.
momento que o paulista de 18 anos havia sonhado por toda a vida tinha chegado e, preparado ou não, ele agora se via prestes a enfrentar os melhores do planeta na maior arena do surf mundial. a corneta sinalizou que era hora de entrar no mar. Gabriel deu um beijo no padrasto, charles Medina, fez o sinal da cruz e se lançou no oceano. embalado pela ótima fase, Medina conversou com a Status, no Havaí, um dia após o término do pipe Masters. O discurso humilde, resumido e despretensioso, desferido sob um seguro olhar de matador, confirma que ele já aprendeu que palavras valem pouco. “Não sinto pressão para ganhar o título agora, sou novo e tenho muito a aprender”, disse ele. “Tento nem pensar muito nisso. Fico contente apenas de estar representando bem o brasil.”
Ele nasceu em São Paulo e cresceu em Maresias, litoral norte paulista, praia com uma das melhores ondas do Brasil. Foi lá que lapi-
dou seu estilo fluido e radical e desenvolveu um apetite voraz por ondas tubulares. logo nas categorias de base, destacou-se nas competições amadoras e em pouco tempo atraiu o interesse das grandes marcas de surfwear. Há cerca de três anos, seu passe foi disputado nos bastidores com propostas agressivas. No final das contas, a gigante australiana Rip curl garantiu seu logo no bico da prancha do prodígio brasileiro – estima-se que ele ganhe US$ 750 mil por ano.
ne p ornfoi n l ononono
sequência de manobras aéreas – sua marca registrada – feitas pelo surfista paulista em campeonatos ao redor do planeta
Mesmo chamando a atenção de patrocinadores, Medina era apenas mais uma promessa de 15 anos de idade com grande potencial. Só que isso mudou rapidamente quando venceu, em 2009, na França, um campeonato mundial para surfistas sub-18. a notícia de sua vitória correu o mundo do surf – não apenas pelo fato de vencer surfistas de 18 anos, mas sim porque o fez de maneira espetacular. enquanto a maioria dos competidores apresentava um surf burocrático, tentando encaixar o maior número de manobras numa onda sem cair da prancha, Medina arriscava tudo em dificílimas e inéditas manobras aéreas. e, para surpresa geral, completava a maioria delas. Na final, chocou o público com uma manobra oriunda do motocross e nunca antes vista em campeonatos de surf, o Superman. No mesmo dia, ganhou o apelido que carrega até hoje: Super Medina. Daí em diante, o garoto ganhou quase tudo. aos 16, venceu os maiores eventos da 2ª divisão e desbancou nomes estabelecidos no circuito Mun-
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dial como se fossem meros amadores. com o mesmo approach moderno, radical e arriscado, foi acumulando resultados e subindo no ranking. Na metade de 2011, antes mesmo das previsões mais otimistas, ingressou no Top 32 – o seleto grupo de 32 atletas que compõem a 1ª divisão do surf –, tornando- mens se diferenciam dos meninos. Só uma se o surfista mais jovem da história na elite. performance convincente e corajosa em águas havaianas calaria os críticos de planI n a b a l áv e l tão. Se Medina amarelasse, tudo que fez nos Uma controversa regra instituída no início de últimos meses seria descartado como sorte 2011 determina que os últimos do ranking de principiante. Se fosse bem, confirmaria da 1ª divisão sejam substituídos pelos melho- que é um dos melhores do mundo. Gabriel res surfistas da 2ª divisão na metade do ano. sabia disso quando pulou na água em pipeFoi assim que Medina teve a chance de dis- line, naquele 11 de dezembro. putar as cinco últimas etapas com a elite no O momento seria difícil para qualquer um. ano passado, tempo suficiente para marcar para um garoto com limitada experiência em o início de carreira mais avassalador já visto ondas grandes e a expectativa de toda uma na história do esporte. nação nas costas, a pressão seria quase inDas primeiras quatro eta- suportável. Mas Medina surfou de maneira pas que disputou, Medina inabalável. ele bateu especialistas em “pipe”, venceu duas, desbancando como o havaiano Shane Dorian, e terminou os maiores surfistas do pla- na quinta colocação, justamente na edição neta com absurda tranqui- do evento que teve as maiores ondas em lidade. Nem o 11 vezes campeão mun- mais de uma década. “Não resta dúvida, esse dial, Kelly Slater, foi poupado, amargando duas garoto é o futuro”, disse, sem cerimônia, o derrotas para o brasileiro. “Gabriel está ditan- campeão mundial de 2000, Mark Occhilupo, do o esporte e vai continuar a fazer isso pelos que comentava o evento para a tevê ameripróximos 20 anos”, disse Slater à época. cana. “achei que ele não iria surfar bem no Mas ainda faltava o maior teste de todos: Havaí, pois esse lugar demanda experiência, o Havaí. É lá, no palco das maiores ondas do mas ele provou que eu estava errado.” planeta, que reputações são construídas e destruídas da noite para o dia e onde os ho-
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para terror dos Top 32, Medina terminou o ano na quarta colocação do ranking final, tendo surfado apenas metade dos eventos. como era de esperar, grande parte do público brasileiro, tão carente por um campeão mundial, já aposta que ele levará o caneco em 2012 – por mais injusta e nociva que seja tal expectativa. Medina, porém, parece nem ligar para a pressão. Tampouco se deslumbra com toda a badalação, seja da mídia, seja do exército de meninas sedentas por um pedacinho do garoto de ouro do surf. ele permanece um cara tranquilo, despretensioso e de poucas palavras. Tão sossegado que muitas vezes é tido como um garoto sem muito a dizer. Mas atrás do olhar maroto e da fala calma existe um surfista superdeterminado e competitivo. em dezembro último, por exemplo, testemunhei uma cena no Havaí que define seu caráter competitivo. em um dia de poucas ondas, alguns surfistas, jornalistas e fotógrafos reuniram-se para um amigável jogo de basquete. após a partida, Medina inventou de tentar acertar a cesta chutando a bola, em vez de arremessá-la. ele falhou nas primeiras tentativas, até que alguém deu sorte, acertou o pé e mandou na cesta. Gabriel passou os
próximos 40 minutos tentando, insistentemente, até finalmente conseguir. Um grande aliado no desenvolvimento de tanta estabilidade e foco certamente é seu padrasto, charles, que viaja com Gabriel para todas as etapas e acompanha cada detalhe com extrema atenção. enquanto nos bastidores do meio do surf há quem questione seu papel na carreira do enteado – insinuando que o acompanhamento de um treinador especializado seria mais produtivo –, poucos sabem que charles é um competente e dedicado triatleta e vive ele próprio uma rotina que demanda extrema disciplina, dedicação e força mental. “Sempre peço a ele que se mantenha sério e humilde, sem perder o prazer e a alegria de surfar”, conta charles. “Gabriel está feliz, por isso os resultados estão aparecendo”, analisa luis campos, o pinga, manager de alguns dos melhores surfistas brasileiros, como Adriano de Souza e
fotos Jean pierre muller/afp | hannah Johnston/getty images | kirstin scholtz/asp via getty images | kelly cestari/asp via getty images
Jadson andré. “Todo mundo gosta de criticar quem está no topo, mas a verdade é que o trabalho com o charles está dando resultado. Medina não se abala com
nenhum adversário. Com a pressão, parece que está apenas se divertindo.”
em 2012, Medina terá a chance de disputar o título mundial na íntegra. com a iminente aposentadoria de Slater (que completa 40 anos no mês que vem) e a entrada de uma leva de novos talentos sedentos por seu espaço no cenário internacional, as portas estão abertas para o surgimento de um novo campeão mundial. e ninguém é mais favorito do que Gabriel ‘Super” Medina.
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o prazer de alessandra negrini a musa volta aos cinemas com “2 coelhos” e revela que, assim como scarlett johansson, também curte se fotografar nua em quartos de hotéis por tom cardoso
fotos nononononononononononononononono
cinema
O que Scarlett JOhanSSOn e alessandra negrini têm em comum? Sim, ambas são atrizes que transbordam sensualidade e não precisam fazer muito esforço para encantar os homens. Mas as semelhanças não param por aí. as duas cultivam um delicioso hobby: têm prazer em tirar fotos nuas, desde que clicadas por elas mesmas. recentemente, um autorretrato de Scarlett vazou na internet e virou caso de polícia. negrini é mais cuidadosa. no Google, você não irá achar nenhuma foto que ela tirou de si mesma em vários hotéis pelo mundo. em forma aos 41 anos, a atriz não pretende abandonar o hábito tão cedo. “É só um jeito de distrair a cabeça”, diz. engraçadinha, não? Oportunidades para ver negrini vestida, exibindo o seu talento, não faltarão. ela é a estrela de “2 Coelhos”, filme policial que estreia em janeiro, cuja direção é do novato afonso Poyart. no longa, a atriz interpreta uma promotora corrupta. neste papo com Status, negrini não evitou nenhuma pergunta e falou de tudo, como se estivesse despida. calma, isso é apenas um trocadilho. Julia, a promotora vivida por você em “2 Coelhos” é uma personagem cheia de ambivalências. Como foi interpretá-la? Você acertou em cheio. É isso que faz a minha personagem interessante. Afinal de contas, ninguém é tão bonzinho ou tão ruim assim, a não ser que seja doido. Há um pouco de Alessandra em Julia? Você não é boazinha nem tão ruim assim... não, não sou. claro que o caráter de uns é melhor do que de outros, mas no geral todos temos mais ou menos os mesmos desejos, os mesmos medos, e a arte serve justamente para isso: para a gente dividir, se enxergar melhor através dos outros. Você afirmou certa vez que sua fama de antipática não passava de mito. Por que esse mito foi alimentado? não tem nada disso, não tem mito nenhum. não sou antipática. Foi difícil encarnar uma corrupta? Você se incomoda com os seguidos escândalos que atingem todas as esferas da política e da sociedade brasileira? A corrupção talvez seja o nosso maior problema, mas tenho a impressão de que isso está sendo atacado de frente como nunca antes. Você é engajada politicamente? amo meu país, luto por ele, voto em quem acredito, exerço minha cidadania, respeito o
próximo, apoio todos aqueles que falam em nome da igualdade social e, acima de tudo, ofereço o meu trabalho com amor e seriedade. Para mim, isso é engajamento. Como ex-aluna da USP, como viu a recente invasão da reitoria da universidade promovida por estudantes insatisfeitos com a presença da PM no campus? Você não vai me perguntar se eu fumei maconha, né? Sim, vou. (risos) Você acha mesmo que eu vou te contar isso? Como você vê a questão da sua sexualidade? Sua imagem na televisão é muito sensual. Sempre foi. Desde “Engraçadinha”. Você é assim na vida real? Sou uma pessoa normal, se é que se pode usar essa palavra quando se trata desse assunto. Não tem nenhum tipo de tara, fantasia? não, não tenho nenhuma tara maluca. Gosto de homem e me encontro feliz e satisfeita nesse aspecto. Os homens costumam ficar vulneráveis diante de mulheres sensuais, de personalidade forte. Isso já aconteceu com você? Os homens se aproximam? claro que se aproximam! O que seria de mim se eles não se aproximassem? e eu não tenho um jeito assim tão fatal, muito pelo contrário: prefiro a doçura e a feminilidade. Você sempre se incomodou muito com esse culto à celebridade que alimenta sites de fofocas. Seu afastamento das novelas se deve um pouco a isso ou é apenas uma escolha profissional? De maneira alguma! acabou acontecendo porque não apareceu nenhum convite realmente interessante na televisão e apareceu no cinema. Mas você recusou um papel na novela “Passione” por achar que o papel não com-
no filme policial “2 coelhos” alessandra encarna julia, uma promotora de justiça corrupta e ambivalente
binava com você. Já se viu obrigada a fazer o que não gostava? nunca fui obrigada a fazer nada. Faço se acho que o que eu tenho para dar vai ser interessante para o trabalho e vice-versa. Eu já li você reclamando do ambiente que cerca a televisão... Sim, esse circo que ronda a tevê é mesmo um saco, mas eu jamais abriria mão do que eu gosto por causa disso. eu adoro fazer televisão. Sua mudança para São Paulo, inclusive, teria sido motivada justamente por esse culto à celebridade que é mais forte no Rio do que em São Paulo... Não mudei definitivamente para São Paulo. O que acontece é que hoje eu consigo viver nas duas cidades, o que me deixa feliz porque elas se completam. cada uma tem seu charme. Você afirmou certa vez que “tem uma solidão muito profunda, um lugar onde ninguém chega”. Ainda vive esses momentos de solidão? não foi nada disso o que eu falei. eu gosto da minha solidão. Você está em um desses momentos? ele ocorre quando há muita exposição, assédio. aí eu me recolho. existe um lugar preservado disso tudo e que ninguém tem acesso a ele. São águas sagradas mesmo que, graças a Deus, estarão sempre lá.
Muitas mulheres se sentem velhas com 40 anos de idade... De que mulheres você está falando? De uma maneira geral. Há uma cobrança estética de preservar a beleza a qualquer custo. Nunca as mulheres recorreram tanto a cirurgias plásticas, à lipoaspiração... acho que isso é coisa do passado, não? Você, aos 41 anos, é bem resolvida com a questão da idade? eu achava que era clichê, mas não é não: a vida começa mesmo depois dos 40. É verdade que você afirmou que nunca mais irá posar nua? Disse? não sei, nunca mais pensei nisso. E essa história de tirar fotos nuas em vários hotéis pelo mundo? Você não tem receio de alguma foto cair na rede como aconteceu recentemente com a atriz Scarlett Johansson? Meu Deus! Você vem com cada história, hein! todo mundo é hoje meio metido a fotógrafo. É só um jeito de distrair a cabeça, nada tão sério assim.
gosto de homem e me encontro feliz e satisfeita com minha sexualidade
c o m p o r ta m e n t o
jean schwarzwalder, aliĂĄs suzy hotrod, jammer do queens of pain, da liga de nova york de roller derby: as tatuagens fazem o charme e tambĂŠm ajudam a assustar as adversĂĄrias
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Rebeldia sexy Mulheres se atracando nuMa pista de patins e, na fila do gargarejo, MarManjos esperando que uMa delas venha lhe cair no colo. alguéM coMo suzy hotrod, a craque núMero 1 de uM esporte ainda aMador que Mistura sensualidade coM pancadaria por Julia Mittenberg, de Nova York
G A R O tA S At L é t I C A S , tatuadas e de cabelos coloridos, vestindo minissaia e meia arrastão, atacando e atracando-se umas às outras sobre patins de quatro rodas – não os patins inline que ficaram famosos nos anos 90, mas aqueles antigos, da nossa infância, com duas rodas na frente e duas atrás. Parece fantasia adolescente ou história em quadrinhos, mas é um dos mais populares esportes amadores do mundo, com 124 ligas só nos Estados Unidos, além de lugares tão inesperados como Nova Zelândia, Israel, Finlândia, Suécia e Coreia. Com duas ligas em São Paulo – Ladies of Hell town e Gray City Rebels –, o roller derby cresce e pipoca Brasil afora: Manaus, Vila Velha, Fortaleza, Brasília, Curitiba, Piracicaba. Já existe até uma seleção brasileira, que, ignorada e autofinanciada, acaba de representar o País na Copa do Mundo de Roller Derby, de 1º a 4 de dezembro, em toronto, no Canadá. Foi sua primeira Copa. terminou em 12º lugar. Menos mal: à frente da Argentina. foto Jarrett Baker/Getty
Popularizado pelo filme Whip it! (Garota fantástica, 2009), o roller derby ainda é um esporte alternativo, que segue a linha DYI (“do it yourself”, ou “faça-você-mesmo”), unindo atletismo à postura punk rock. Para começo de conversa, é esporte de contato praticado apenas por mulheres (“for women, by women” é um dos lemas do esporte). O jogo (um “bout”) consiste de vários períodos de dois minutos, durante os quais dois times formados por cinco meninas cada um – todas patinando rapidamente no mesmo sentido em uma quadra circular – fazem pontos passando a sua jammer (literalmente, sua “esmagadora”) pelo bloqueio do outro time. Ou seja, ataca-se e defende-se ao mesmo tempo: o propósito é ajudar a sua jammer e bloquear a outra, tentando jogá-la para fora dos limites do jogo. os fãs torcem para que as meninas voem longe, tanto que, na arena, os lugares mais cobiçados (e mais caros) são os chamados suicide seats, ou seja, os lugares mais próximos da ação. ali, o marmanjo tem grande possibilidade de ver uma daquelas roller girls cair subitamente no seu colo. Rápido, violento e divertidíssimo de assistir, o roller derby atrai fanáticos que ainda participam como voluntários, vendendo ingressos, construindo quadras, transportando os times. Apesar de seus campeonatos terem milhares de espectadores e praticantes, o roller derby não é televisionado, e a maioria de seus patrocínios vem de lojas locais e negócios relacionados, como a marca de patins Riedell ou a Sin City Skates, loja sediada em Las Vegas. A liga Gotham Girls, uma das maiores do Leste dos
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Suzy hotrod aBrindo o eSpecial “oS corpoS que deSeJamoS”, na reviSta da eSpn americana: oS patinS para ela São como um veStido de Baile
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EUA, faz seus bouts (jogos) nos enormes ginásios da Universidade de Hunter e no City College, em Nova York. Ali você não vê sinal das marcas Nike ou Reebok e, sim, patrocínios esdrúxulos tais como o site de comédia the Onion, uma marca de pasta de arnica, o rum Sailor Jerry e o restaurante mexicano San Loco. As derby girls, na sua maioria garotas entre 21 e 30 anos, vêm de todas as partes. São veterinárias, advogadas, vendedoras, tatuadoras, programadoras, fotógrafas, jornalistas. Ao ingressar no esporte, todas assumem um alterego: os nomes são inventados, mas têm que ser aprovados por um comitê internacional. trocadilhos imperam: Beyonslay (slay significa assassinato), Anais Ninja, Anne Frankenstein, Bitch Cassidy, Speed McQueen, Bridget Barhot, Bondage Barbie, Ivana tripabitch, terror Byte, Bubonic Paige. E Suzy Hotrod, claro. Ela está para o roller derby assim como Messi está para o futebol. Joga no Queens of Pain, da liga Gotham Girls de Nova York, tem mais de cinco mil fãs no Facebook e é a primeira roller girl a frequentar uma publicação mainstream. Mais do que isso, foi a única atleta amadora a aparecer este ano na edição “the Bodies We Want” (Os Corpos Que Desejamos) da revista ESPN. Duas fotos, Suzy envergando como vestimenta... seus patins (na edição estão também Hope Solo, goleira da seleção de futebol dos Estados Unidos, Jose Reyes, jogador de baseball do NY Mets, o boxeador argentino Sergio Martinez, a golfista Belen Mozo e, em
as brooklyn bombshells fazem seu aquecimento (à esquerda) antes de enfrentar o manhattan mayhem (nesta página): meninas na pista, homens na plateia
pose razoavelmente comportada, o piloto paulista de Indy 500 Hélio Castro Neves). Conheci Suzy Hotrod, uma das fundadoras do roller derby moderno, há dois anos, na casa de uma amiga em comum. Nascida Jean Schwarzwalder, em Lindenworld, New Jersey, em 1980, ela trabalha durante o dia e patina à noite, já que o esporte ainda não tem patrocínio fixo. Coberta de tatuagens e com o cabelo platinado à la Debbie Harry, virou um ícone do esporte e símbolo da progressiva aceitação social do roller derby. Suzy é tão conhecida que meninas do mundo inteiro pagam para ela treiná-las – ela já fez boot camps de treinamento na Alemanha, Inglaterra, Nova Zelândia e Suécia. Virou celebridade. Sentei para conversar com Suzy em um sushi bar em Williamsburg, no Brooklyn, onde ela mora. Bebi saquê, ela água. Ela pediu dois rolinhos, um chamado Fantástica e outro Ninja: “Eles têm que ser bons com nomes assim…” Supermodesta, agradeceu o jantar. “Isso é uma das coisas mais legais que já ganhei.” Eu duvidei. “Sério! A Associação de Roller Derby (WFtDA) publicou o meu perfil hoje, e uma das perguntas era sobre que benefícios eu recebo como atleta. Eu disse: “Hmmm, uma vez eu ganhei um burrito de graça no Chipotle (restaurante mexicano)!”, diz, rindo. fotoS ezra Shaw/Getty | Jeff zelevanSky/reuterS | reproduÇao eSpn
Pergunto como foi fotografar nua. “Foi embaraçoso, no começo. Eu quase chorei. Estava nervosa, comecei a ficar supercrítica das luzes que o fotógrafo estava usando (Suzy é fotógrafa profissional). Foi estranho. Sob as luzes quentes, você começa a suar… tinha uma garota que estava lá só para pentear meu cabelo. Ela virou meu conforto. Eu ficava procurando ela o tempo todo – Vem pentear meu cabelo, por favor!!! (risos)” A ideia de colocá-la sobre patins não veio do fotógrafo, mas das duas amigas que ela trouxe junto para a sessão. “Foram elas que o convenceram.” Ficou mais confortável assim, com os patins. “não sou do tipo de garota que toma banho no vestiário com as outras. depois de um jogo, eu prendo o cabelo numa bandana e saio correndo pra casa. eu só ando sem roupas pelo meu apartamento.” O roller derby ganhou o formato atual há menos de dez anos – com esse mix sedutor de pancadaria com sexualidade. Mesmo que venha a se profissionalizar – e essa é a tendência – dificilmente irá perder um quê de rebeldia. Os distintivos das ligas e dos times, baseados no estilo de tatuagens retrô (old school) ainda são pin-ups de patins, caveiras, piratas, copos de martíni, socos-ingleses. Os nomes e uniformes dos times brincam com imagens simbólicas: o Manhattan Mayhem, por exemplo, usa macacões cor de laranja baseados no uniforme do sistema carcerário nova-iorquino. As garotas do Bronx vestem amarelo, com xadrez preto e branco nas laterais, remetendo aos táxis de Nova York. O Wall Street traitors (traidoras de Wall Street) usam uniformes verdes como o dólar. “Derby definitivamente tem certo sabor marginal”, diz Suzy. “é como andar de skate – é super-cool, sabe?” O namorado dela, que toca em uma banda de punk rock na Filadélfia, não reclama. “Ele e meu pai são meus maiores fãs.”
Lá em casa
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Galeria para morar alGumas paredes a menos e o apartamento do artista plástico marcelo paciornik Ganhou ares de ateliê. e ainda serve como balada por Suzana Borin
fotos João Castellano
INSEPARÁVEIS Ferramentas de trabalho Telas de sua autoria e pincéis estão espalhados pela residência, compondo a atmosfera artística do ambiente
“D e p o i s D e 2 0 caçambas de entulho e dois meses de reforma, o apartamento de 400 m2 da década de 1950 estava refeito. As paredes, quase todas destruídas, deram lugar a um espaço estilo loft, tomando por completo o 9o andar de um antigo prédio na rua Major sertório, “centrão” de são paulo. Autor do projeto e também morador, o artista plástico Marcelo paciornik chegou exatamente ao cenário que havia vislumbrado: um misto de casa e ateliê, encravado em uma região ao mesmo tempo decadente e tradicional da cidade. De uma das janelas do apartamento veem-se o curvilíneo edifício Copan, de oscar Niemeyer, e o edifício itália, dois grandes símbolos da arquitetura paulistana. “sempre quis um galpão, mas não era seguro”, diz ele. “Agora reformado, esse apartamento dá essa sensação de ampli-
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tude. e ainda estou no coração de são paulo”, completa paciornik, que já expôs na galeria paulistana Jo slaviero & Guedes e tem como técnica principal fotografar modelos e pintar a partir dessas imagens. Junto com a amplitude, o projeto de poucas divisórias resultou ainda em um ambiente arejado e bem iluminado, duas condições essenciais para o trabalho do artista plástico. Mas engana-se quem imagina um cenário caótico. Ao contrário: a decoração foi dividida em “setores”, como o da pintura e o da pesquisa, com uma pequena biblioteca. e há, claro, a área da exposição dos trabalhos, uma verdadeira galeria dentro de casa. “Quando a inspiração chega, passo horas trancado aqui. Muitas vezes todo o apartamento vira meu ateliê”, conta. para não ficar isolado, Paciornik fez da cozinha o ambiente social da casa. É ali, entre uma pasta à puttanesca e uma sopa de beterraba, suas especialidades, que ele costuma confraternizar com os amigos. Algumas bebidas a mais e a balada acaba rolando ali mesmo, entre quadros ainda frescos de tinta. “Aproveito para mostrar minhas criações”, diz o artista plástico. espaço e clima para festa é o que não falta.
DIVIDIDO EM SETORES O apartamento abrange vários espaços, como a galeria de exposição (acima), o ateliê de pintura (ao lado) e a cozinha, onde Paciornik recebe os amigos (abaixo)
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fernanda ElA invAdiu Tropa de eliTe CoM AquElE nArizinHo E AquElE Corpão, MAS é nA tEvê quE FErnAndA MACHAdo FAz dE SEu tAlEnto uMA SériA BrinCAdEirA dE SEduzir
Fotos Gustavo ZylbersZtajn Edição AriAni CArnEiro | Styling FElipE E riCArdo Bruno | HAir/MAkE lAvoiSiEr (CApA Mgt)
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Biquíni Daslu
“ E m q u e hem i sf é r i o v o c ê es tá h o j e ? ” Prepare-se para as seguintes opções: “em Maringá (terra dela)” ou “no Rio (onde ela mora e trabalha)”, mas também “em Nova York”, quem sabe “em Paris” ou ainda “em Londres”. “Estou em L.A. (Los Angeles)”, diz ela. “Daqui a pouco vou me encontrar com uns amigos daqui.” Pelo que fica no ar, um ou outro jovem tycoon do cinema americano. Estaremos perdendo Fernanda Machado para Hollywood? Ela ri e desconversa. Rir e desconversar, aliás, viraram especialidade de Fernanda desde que, sitiada por paparazzi, decidiu que “o sucesso mais me assusta do que me encanta”. Ela é radicalmente avessa a qualquer rótulo ou etiqueta. Sex symbol, por exemplo – nem pensar. Mas que ela é, alguém aí tem dúvida? A moça é globetrotter convicta. Por isso mesmo, as deliciosas páginas que vocês estão saboreando não são apenas um ensaio fotográfico – são um abrasador consolo para os sumiços frequentes de Fernanda Machado pelo mundo afora. Ainda mais agora que ela, parodiando a velha canção, “left her heart in California”. “Você hoje só consegue ser seduzida em inglês?” – Status provoca. Claro: ela vai rir e desconversar. Fernanda Machado é uma fera da tevê, no entanto foi no cinema que ela se intrometeu, de uma vez por todas, em nossas vidas, em 2007, com aquele
narizinho que poderia ter sido esculpido por Michelangelo. Foi no filme Tropa de elite, o primeiro, Urso de Ouro em Berlim, no qual é Maria, uma daquelas universitárias da PUC cheias de ilusões que levam seus equívocos bem intencionados para uma ONG na favela comandada pelo traficante Baiano – e que acaba provocando a ira de seu namorado, o dublê de estudante de direito e aspirante do Bope André Mathias (André Ramiro). Naquele mesmo ano, Fernanda ingressou, em Paraíso tropical, no exclusivo time das queridinhas finas e chiques do autor Gilberto Braga (antes, tinha feito Começar de novo, de Antonio Calmon). Claro que ajuda aquela postura de diva do cinema clássico, estilo Louise Brooks, mas Gilberto deve ter ficado sabendo também que Fernanda Machado é daquelas raras atrizes capazes de ler Kafka e Clarice Lispector enquanto espera a hora de gravar as cenas. (A propósito, um dos sonhos declarados de Fernanda é fazer, na tevê, a Macabéa, a sonhadora nordestina de A hora da estrela, de Clarice, embora ela vá ter de se desdobrar para construir o physique du rôle).
Se a relação dela com a tevê passa pela beleza, não dá para não ver ali também uma inteligência quase irônica de quem devora o bicho do holofote – e não se deixa devorar. Por isso ela prefere os personagens ambíguos, sem aquela coisa preto-no-branco (quase escrevi papai-e-mamãe) das mocinhas vs. vilãs. Pelas mãos de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, ela estava agendada para uma breve aparição em Insensato coração, breve por culpa de outros compromissos assumidos por ela, mas a Luciana Alencar que morre precocemente num acidente aéreo seduziu de tal forma o espectador que a novela teve de usar e abusar do flashback. Apaixonada pela telinha, ela está na telona a convite do cineasta-cabeça Tadeu Jungle. Amanhã nunca mais, em que ela contracena com Lázaro Ramos (o protótipo de homem que não sabe dizer “não”), é uma comédia de erros que tem como cenário a noite patética e perdida de São Paulo. É só aparecer e a libriana já enche a tela com uma presença que mistura aplomb com talento e com sensibilidade. Aliás, se tem virtude pela qual ela gostaria de ser reconhecida é essa – sensibilidade. Portanto, sensibilidade é também o mínimo que ela pode pedir a um homem que a queira fascinar.
Nirlando Beirão
Short M.Officer | sandรกlias Capodarte
Produção executiva Michelle Kimura | assistente de make/hair Guilherme Casagrande | assistentes de foto Jonathas Santos e Caio Porto | tratamento de Imagem RG Imagem | agradecimento Tapetes Punto e Filo
C H AV E D E C A D E I A
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Uma noite e mUito mais
O publicitáriO MarcelO* suOu MuitO Mais dO que esperava para se livrar da Menina que, aO lhe presentear cOM uMa inesquecível sessãO de sexO, achOu que estava paviMentandO O caMinhO para uM naMOrO sériO ilustração Oliver Quinto
“ONDE SE GANhA O PãO NãO SE COME A CArNE” é um ditado bastante conhecido, certo? Pois para mim, hoje, é mais do que isso: é um verdadeiro mantra, algo que repito internamente para mim mesmo a cada dia, para evitar que cometa novamente o deslize que cometi com Daniela, aquela gata carente como um cãozinho vira-lata. Calma, me explico, a zoofilia para por aqui. Sou diretor de criação em uma pequena agência de publicidade aqui em Fortaleza. há poucos meses, fui encarregado de dirigir um comercial de lingerie, daqueles bem apimentados, com muita carne e pouca renda. A locação era a suíte do melhor motel da cidade e a modelo, bom, a modelo era uma menina de vinte e poucos anos, morena jambo com traços indígenas, quase uma Iracema de José de Alencar. Seu nome, Daniela. A própria dona encrenca. Conheci a modelo e a locação ao chegar para dirigir o filme, em um set improvisado na tal suíte, em um dia especialmente quente. Todos suavam em bicas, mesmo Daniela, claro, sumariamente vestida com lindos trajes íntimos que, afinal, estavam pagando a conta de todos ali. Nossa estrela pelo menos era alvo dos fortes ventiladores voltados ao centro do set, pois gatinha suada não vende sutiã, me soprava no ouvido minha produtora associada. Começamos a gravação cedo e, como quase sempre, trabalhamos o dia inteiro. Daniela, além de refrescada pelos ventos artificiais, também recebia taças de espumante bem gelado, para deixá-la mais soltinha e pronta para poses mais ousadas. Sim, a campanha previa
vender calcinhas e sutiãs com fotos da modelo de pernas abertas, de quatro com bumbum arrebitado e até – estes são os tempos que vivemos – insinuando uma masturbação, deitada na cama de olhos fechados e com a mãozinha dentro da calcinha. O fato é que Daniela precisou verter algumas muitas taças goela abaixo para perder a timidez. E na proporção direta em que ousava em poses e bocas, se engraçava com este pobre diretor de comerciais que, naquela manhã, não havia acordado especialmente faminto por sexo. Mas, admito, vinha em uma fase de galinha-
gem pura e dura, e o flerte com a modelo não me caía de todo mal – até dei certa corda, assumo, sendo carinhoso e atencioso acima da média com a menina. Não demorou muito para toda a equipe envolvida na filmagem sacar que Daniela estava a fim de tirar aquelas lingeries para me mostrar seus tesouros invendáveis. A trupe, claro, terminou o serviço e vazou sem deixar brecha para eu desarmar o bote – não que eu fosse fazer isso, pois cabra-macho cearense quando instado a cumprir com seus deveres primordiais com o sexo oposto deve abaixar a cabeça e agradecer ao Senhor pela oportunidade alcançada. Como diria o muito macho Capitão Nascimento, missão dada... Pois não titubeei quando ouvi, sentado na cama da suíte, a voz de Daniela que se banhava no banheiro. – Ei, meu gato, vem cá me ajudar a ensaboar as costas... E lhe ensaboei as costas, as pernas, os seios e cada centímetro daquele corpo de rainha da floresta que só no Brasil há de existir. Fizemos amor uma,
duas, outra tantas vezes, saindo do chuveiro para a cama e depois de volta pra ducha e terminando extenuados na jacuzzi. Um belo desfecho para uma honesta jornada de trabalho.
que não tinham nada a ver com a turma do trabalho, contudo, resolvi tomar uma providência. Atendi finalmente uma ligação de Daniela, disse que estava viajando (para justificar as ignoradas anteriores) e que, por favor, nosso lance havia acabado ali onde começara, naquela suíte de motel. Mas o diacho foi que a menina não se conformou! Disse que que-
ria um encontro para conversar, que nunca tinha gostado tanto de um homem, que era muito romântica e que, para ela, sexo e amor eram indissociáveis. Sei. Ahã, Cláudia, senta lá, pensei na frase da musa Xuxa Meneguel.
Brisa vai, brisa vem, Daniela reluta em aceitar o aborto da nossa relação e me aparece um dia na agência. Sim, saí para almoçar e a bela donzela do coração partido me esperava no portão. Nem atinei para os risinhos sardônicos dos meus colegas e logo peguei a moça pelo braço e, andando duro, deixei claro que ela nunca mais devia me procurar, me ligar ou me escrever qualquer coisa. E, enquanto ela balbuciava palavras de desconsolo, ainda tive a nobreza de lhe falar que ela era linda e tudo, mas que eu era um cara cafajeste e galinha – a mais pura verdade – e que certamente ela ainda encontraria alguém que a amaria daquele tanto. A dura funcionou, ainda que por algumas vezes desse de encontrar a bela abandonada pela noite da cidade – sim, Fortaleza é um ovo – e eu até encanei num princípio de síndrome de perseguição, “meu Deus, e se ela for como a Glenn Close de Atração fatal?”. Mas aos poucos Daniela sumiu do meu radar, voltando apenas há poucos meses, quando a campanha da tal lingerie foi finalmente lançada – e agora vejo fotos da mulher em revistas, jornais e até em painéis espalhados pela cidade toda. Fico encarando a princesa parado no trânsito e quase ouço da sua boca “olha só o que você perdeu, vacilão”.
Antes fosse, porém, apenas uma aventura entre colegas momentâneos de labuta: ela, a modelo, eu, o diretor do comercial. Daniela não deve ter todos os parafusos no lugar, pois na semana seguinte começou a se comportar como se, em vez de tê-la comido de forma animalesca, eu a tivesse pedido em casamento e prometido sete ou oito rebentos. Me ligou, mandou mensagens, pediu para virar amiga no Facebook e no Orkut. Tudo isso eu consegui administrar, simplesmente ignorando sem cerimônia. Mas, pior: Daniela espalhou para meus colegas de agência a sacanagem que tínhamos feito naquela tarde à toa, dando a entender que aquilo significava praticamente um começo de namoro. Isso que dá satisfazer mulher carente! Quem me *Marcelo é publicitário em Fortaleza mandou fazê-la gozar duas vezes? Agora “guenta”, pensei comigo mesmo. Quando a fofoca começou a ficar além Você já se meteu em alguma enrascada na Vida pessoal ou profissional? mande para o do aceitável, com o sério risco de chegar chavedecadeia@revistastatUs.com.br. aos ouvidos de outras paqueras minhas se a sua história for boa mesmo, publicaremos aqui
moda
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dezembro janeiro 2012 2011
T-shirt Alcides e Amigos para A la Gar莽one R$ 109 | rel贸gio Armani Exchange R$ 1.050 | bermuda Blue Man R$ 149 | bola de v么lei Wilson para Centauro R$ 39,90 | bermuda Rip Curl R$ 180 | rel贸gio Nixon R$ 1.198
moda
Camiseta com listras Adidas R$ 89,90 | short Timberland R$ 129 | t-shirt Garoa R$ 170 | short Hurley preço sob consulta
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Jo
go
N va i os t fo
Na pág. ao lado, polo Comme des Garçons para Choix R$ 771 | short Vila Seawear R$ 99,90 | relógio Quiksilver R$ 285 | polo com listras Lacoste R$ 269 | short Gant R$ 192 | relógio Marc Jacobs R$ 1.299 | óculos Absurda na Cartel011.com R$ 390
Beleza Roni Modesto (Capa Mgt) | Produtor de moda Clessi Cardoso | Produção executiva Michelle Kimura | Assistente de foto Eduardo Carapito Modelos Joseph Ackon, Nil Oliveira e Yuri Bex (Elo Mgt). Douglas Venhold (François Mgt) | Agradecimento especial Centauro 11 2108 8100
Aqui, regata Cotton Project R$ 109 | sunga Sergio K R$ 160 | pulseira DThales para Surface to Air R$ 128
Modelos Joseph Ackon, Nil Oliveira e Yuri Bex (Elo Mgt). Douglas Venhold (Franรงois Mgt) | Agradecimento especial Centauro 11 2108 8100
Da esquerda para a direita: t-shirt Redley R$ 115 | short Zapalla R$ 175 | bermuda estampada Tommy Hilfiger R$196 | rel贸gio Quiksilver R$ 285 | regata Trend T na Choix R$ 130 | bermuda xadrez Vide Bula R$ 287 | cinto Vila Romana R$ 89,90 | pulseira DThales para Surface to Air R$ 480 | t-shirt Osklen R$ 97 | short estampado Daslu Homem R$ 178
Onde encontrar Adidas (11) 3083-2171, A la Garçonne (11) 2363-3280, Armani Exchange (11) 3897-9090, Blue Man (21) 3322-0707, Cartel011.com (11) 3081-4171 , Choix (11) 2649-4265, Cotton Project (11) 2628-9224, Daslu Homem (11) 3044-2490, Ellus (11) 3032-9581, Garoa (11) 3061-1362, Gant (11) 3083-3574, Korda (11) 3081-4005, Marc Jacobs (11) 3139-1900, Osklen (11) 3815-9100, Pretorian (11) 2344-2255, Quiksilver (11) 3366-9280, Redley (11) 3031-7973, Reserva SAC (11) 3032 8722 , Rip Curl (47) 3363-3464, Seawear (11) 5181-5751, Sergio K (11) 3083-1789, Surface to Air (11) 3063- 4206, The North Face (11) 3032-8229, Tommy Hilfiger (11) 3064-0953, Vide Bula (27) 2102-7444, Vila Romana (11) 5181-5751, VR (11) 3081-2919, Timberland (11) 3062-9264, Zapalla (11) 3552-3110. Relógios Adidas, Diesel, Emporio Armani, Armani Exchange e Marc by Marc Jacobs SAC 0800055 4898
Camisa Ellus R$ 189 | bermuda VR R$ 199 | chapéu Gant R$ 160 | relógio Emporio Armani R$ 3.250
Redley (11) 3031-7973, Reserva SAC (11) 3032 8722 , Rip Curl (47) 3363-3464, Seawear (11) 5181-5751, Sergio K (11) 3083-1789, Surface to Air (11) 3063- 4206, The North Face (11) 3032-8229, Tommy Hilfiger (11) 3064-0953, Vide Bula (27) 2102-7444, Vila Romana (11) 5181-5751, VR (11) 3081-2919, Timberland (11) 3062-9264, Zapalla (11) 3552-3110. Relรณgios Adidas, Diesel, Emporio Armani, Armani Exchange e Marc by Marc Jacobs SAC 0800055 4898
Da esquerda para a direita: polo Pretorian R$ 129 | short Cotton Project R$ 280 | sandรกlias Osklen R$ 397 | bermuda estampada Osklen R$ 227 | sandรกlias Reserva R$ 479 | camisa Korda R$ 299 | bermuda The North Face R$199 | sandรกlias Rip Curl R$ 129,90 | t-shirt Tommy Hilfiger R$ 98 | bermuda estampada Reserva R$ 179 | pulseira Armani Exchange R$ 199
ÍCONES DE ESTILO
por Natália Mestre
Descontração é com ele Ex-integrante da banda Titãs, Arnaldo Antunes desenvolve hoje uma carreira solo extremamente performática, e seu figurino segue a mesma linha. “Arnaldo é fiel ao estilo casual com um toque oriental. Faz um tipo descontraído e abusa de roupas atemporais”, diz Ana Cury, consultora de imagem da empresa que leva o seu nome.
TUDO JUNTO E MISTURADO
Um terno de duas cores, metade verdeabacate e metade preto, ou mesmo um sapato bicolor, são as provas de que Antunes investe em um guarda-roupa “desconstruído”, que combina bem com seu trabalho. “O Arnaldo sempre teve a preocupação em ter um estilo próprio”, diz Ana Cury.
UM SHOW DE FIGURINO
CADA UM A SUA MANEIRA, O MÚSICO BRASILEIRO ARNALDO ANTUNES E O CANTOR BRITÂNICO SEAL MOSTRAM QUE SÃO MESTRES EM CRIAR UM VISUAL PRÓPRIO E IRREVERENTE, COM PRODUÇÕES POUCO CONVENCIONAIS
SOLTO E CONFORTÁVEL
Sua postura low profile e suas letras mais “cabeça” estão em total acordo com seu amor pelas batas indianas, uma peça marcante do seu figurino. Esse lifestyle mais relax também pode ser notado na escolha de peças mais largas, que privilegiam o conforto. Exemplo disso é o blazer de veludo com silhueta mais folgada, usado com tênis.
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Sempre alinhado Seja nos palcos, seja fora dele, você dificilmente verá o cantor Seal desalinhado. Um de seus principais trunfos é o blazer, com uma gama que varia dos mais coloridos ao preto clássico. O resultado é um look “artificialmente despojado”, composto por peças alternativas, mas muito bem cortadas. “Ele tem um guardaroupa divertido, mas também glamouroso”, diz Gabriela Micelli, estilista e consultora de moda da GlossyBox Style.
TUTTO BIANCO
Seal faz questão de exibir um corpo em forma, o que ajuda a explicar sua inclinação por looks completamente brancos. (Vale lembrar que a regata cinza-claro, ajustada ao corpo, deve ser ignorada se você não tem um abdôme impecável). Em algumas ocasiões, o cantor prefere quebrar o branco com uma única peça de cor reluzente.
ILUSTRAÇÃO LUCIANA BICALHO | FOTOS WILTON JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO | AGNEWS | RAY TAMARRA/GETTY IMAGES | DIVULGAÇÃO
BRINCANDO DE ESTILISTA
O marido da topmodel Heidi Klum mostra que entende de moda ao reunir, no mesmo look, peças de difícil combinação, como jaqueta de couro e gravata, que ganha bossa com uma leve bagunçada na gola. “Ele é mestre em criar sobreposições modernas, como camiseta e colete. Tudo feito com bom-senso e sem exageros”, diz a estilista.
segunda pele beleza
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Muito aléM da estética, os cuidados coM o sol são uMa questão de saúde. saiba coMo se proteger na estação Mais quente do ano e taMbéM o que usar quando exagerar na dose
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s e V o c ê é d o t i p o “ M a c H o ” , que não se importa em jogar futebol sem camisa sob um sol a pino, ou daqueles que encaram uma praia ao meio-dia, está na hora de mudar seus hábitos. Motivos não faltam: a começar pelo estético, já que os raios solares são um dos principais responsáveis pelo envelhecimento e por manchas no rosto e pelo corpo. sem falar naquele tom de pele vermelho-camarão e do famoso descascado, que deixaram de ser charmosos lá pela década de 80. e, se o apelo estético ainda for pouco, vale lembrar que a exposição aos raios solares é a grande culpada pelo câncer de pele. em outras palavras, aquele pedido às vezes chato da mãe, mulher ou namorada em prol do protetor solar faz todo o sentido. “Já ouvi homens dizerem que não usam filtro por medo que o produto cause espinhas. Mas hoje existem boas opções no mercado que, além da proteção, ajudam a manter a oleosidade sob controle”, explica o dermatologista Jardis Volpe.
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Na medida certa: o protetor deve ser usado sempre, até mesmo nos dias chuvosos. no entanto, sempre que você estiver diretamente exposto ao sol – como acontece na praia ou na piscina –, os cuidados precisam ser redobrados. Homens com pele mais morena podem optar por produtos com fator de proteção (Fps) 15 ou 30; já os de pele mais clara devem escolher os bloqueadores com Fps mínimo de 45. e, em todos os casos, o produto precisa ser reaplicado a cada duas horas. 4
a melhor escolha: quem tem pele oleosa deve usar um protetor em gel, conhecido como oil Free. Já aqueles que possuem pele normal ou seca podem manter a tradicional versão em creme. Pôr do sol: A pele que foi exposta ao sol fica muito mais ressecada, probleminha que pode ser resolvido com a ajuda de um bom hidratante (não se assuste, pois já existem várias opções sem aquela textura “pegajosa”). além de evitar que a pele descame, esses produtos mantêm o bronzeado por mais tempo. Mas se você vacilou e deixou a pele esturricar, a saída é apelar para os produtos específicos para o pós-sol, que acalmam a derme, ajudando a reduzir a vermelhidão e o inchaço.
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1. pós-sol gel Hidratante, da sundown. Hidrata e suaviza a pele. r$ 15,30. 2. génifique aprés soleil, da lancôme. spray que refresca e hidrata a pele. r$ 179 3. lipikar Baume ap, da la roche-posay. restaura e acalma a pele exposta ao sol. r$ 116 4. lait solaire, da biotherm. com Fps 30, protege o corpo e o rosto da ação dos raios uVa e uVb. r$ 159
5. uv men plus, da clarins. possui Fps 40 e protege o rosto dos raios ultravioletas e da ação do tempo. r$ 173 6. pHotoage serum, da dermage. Filtro solar para o rosto, possui Fps 30 e textura não oleosa. r$ 62 7. very HigH sun protection lotion, da shiseido. protetor solar com textura não oleosa e Fps 50 para ser aplicado no corpo e no rosto. r$ 202
vinhos
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por Suzana Borin, de Montevidéu
terroir dos pampas Os amantes dOs rótulOs sul-americanOs agOra também pOdem viajar pelO uruguai para cOnhecer as melhOres safras prOduzidas em pequena escala cOm a uva tannat R o d a R p o R v i n í c o l a s a R g e n t i n a s e chilenas é um dos roteiros de viagem prediletos para os amantes de vinho na América do Sul. Pois agora essa cartografia conta com uma preciosa novidade, ainda mais próxima do Brasil: o Uruguai. neste pequeno país de três milhões de habitantes, considerado a suíça do continente por seus indicadores de desenvolvimento social, estradas perfeitas levam os viajantes através de paisagens bucólicas até vinícolas familiares, como a castillo viejo, de ana etcheverry, que nos recebeu com um sorriso no rosto na entrada de sua propriedade. a recompensa, ali como nas demais vinícolas, vem na forma líquida e alcoólica da uva tannat, fruta francesa que, tão bem adaptada aos terroirs dos pampas uruguaios, hoje pode ser considerada parte da identidade nacional – assim como a malbec está para a vinicultura argentina. com aromas fortes e marcantes de frutas vermelhas, essa variedade tem taninos muito presentes e harmoniza perfeitamente com carnes e assados, outro símbolo daquele país. “a casta tem como característica produzir um vinho potente, sua natureza selvagem porém foi domesticada pelas mãos dos enólogos e produtores no Uruguai”, explica a sommelière eliana araújo, que escreveu um livro indicando as melhores vinícolas do país. apesar de ainda recente, a associação uruguaia los caminos del vino oferece mais de 14 roteiros por pequenas propriedades produtoras de vinho. Basear-se em um bom hotel no pacato centro de Montevidéu (leia onde ficar no quadro ao lado) é o ponto de partida ideal para passear pelas vinícolas. alugue um carro e marque no mapa quais lugares quer conhecer. como as propriedades estão, em sua maioria, a no máximo 40 minutos da capital, é possível visitar mais de uma por dia. É recomendável reservar com antecedência. selecionamos algumas vinícolas para você começar o seu roteiro:
Onde ficar O hotel-butique Esplendor, em Montevidéu, foi restaurado e acaba de ser inaugurado. Ele está em um prédio histórico no centro da cidade e já hospedou muitos escritores, como o argentino Julio Cortázar, que escreveu seu livro “La puerta condenada” em um de seus quartos. Apesar da fachada antiga, seu interior tem decoração moderna e conta com piscina coberta e spa. Os quartos são espaçosos, com cama king size, tevê LCd e wi-fi grátis. Diária: a partir de US$ 100 www.esplendormontevideo.com fotos divulgação
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Estabelecimento Juanico
Rivera 4
É uma das caves mais antigas da américa latina, construída em 1830. lá pode-se fazer um tour pela vinícola e pelos vinhedos. o Preludio de Juanico merece destaque. Esse rótulo é feito tradicionalmente com a mescla de cinco uvas: tannat, cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e petit verdot. o tinto tem cor rubi, com tons violeta, seus aromas contam com notas de figo, frutas vermelhas maduras e baunilha. Onde fica: Canelones (Canelones) Como chegar: acesso pela rota 5 no km 37,1 (35 minutos do centro de Montevidéu). www.juanico.com
Bodegas Carrau
Essa vinícola é a mais distante de Montevidéu, localizada na divisa com o Brasil, na cidade de Rivera. as degustações acontecem na casa da fazenda. o vinho premium desta vinícola é o amat, elaborado com as melhores uvas tannat de um vinhedo de baixo rendimento e maior concentração. o que dá origem a uma bebida de cor rubi intensa, com notas de frutas vermelhas maduras. Onde fica: Cerro Chapéu (Rivera) Como chegar: acesso pela rota do aeroporto (5 horas do centro de Montevidéu, 14 minutos de santana do livramento, Brasil). www.bodegascarrau.com
2 MaPa do uRuguai
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Marichal
além das variedades de rótulos elaborados com a tannat, essa vinícola se destaca com a produção de tintos com a uva pinot noir. a casa aposta em um vinho elaborado com essa variedade, o Marichal Reserve Collection Pinot Noir Blanc de Noir – Chardonnay, que apresenta cor rosa suave e traz notas de frutas vermelhas que se misturam com aromas sutis de baunilha e abacaxi. Onde fica: Etchevarría (Canelones) Como chegar: acesso cesso pela rota 5 no km 39 (40 minutos do centro de Montevidéu) www.marichalwines.com
Canelones 1
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la Paz 5
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Bouza Bodega Boutique
MoNtEvidÉu
a vinícola tem produção em pequena escala e um charmoso restaurante com uma bela vista dos vinhedos. os vinhos com o rótulo tannat a6 Parcela Única são os que chamam mais atenção. Elaborados a partir da uva característica do país, é uma bebida de grande expressão e de aromas frutados. Onde fica: Melila (Montevidéu) Como chegar: rua Cno. de la Redención 7658 bis (15 minutos do centro de Montevidéu) www.bodegabouza.com
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Castillo Viejo
Nessa propriedade os visitantes são recebi recebidos pelo sommelier Pablo Carrion, que explica todo o processo de produção. o tour termina em uma degustação na “cave”, onde os vinhos envelhecem em barricas de carvalho. o ponto alto é o rótulo da linha Catamayor, que leva tannat mesclada a cabernet franc. Onde fica: las Piedras (Canelones) Como chegar: acesso pela rota 68, km 24 www.castilloviejo.com
toys fo r boys
celeIro de sUperMรกQUINas eNTraMos Na exclUsIva FรกBrIca da aMG, eMpresa do GrUpo Mercedes-BeNZ coNhecIda por coNsTrUIr carros porTeNTosos coMo se FosseM oBras de arTe por Henrique Flรกvio Neves, de Affalterbach (Alemanha)
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APENAS 20 MIL CARROS SAEM DAS LINHAS DE MONTAGEM DA AMG TODOS OS ANOS
a toys fo r boys
A S L E T R A S A M G , que acompanham os modelos superesportivos da alemã Mercedes-Benz, rendem diversas interpretações. Se você for o proprietário, terá, com certeza, prazer ao dirigir. Se for o passageiro, sentirá segurança mesmo em altas velocidades. Se por acaso você for um pedestre (e quiser um conselho), é bom nem tentar atravessar a rua na frente dele. Se for o motorista do carro ao lado, sentirá uma inveja danada. E se for uma mulher... Bom, se for uma mulher, não fará a mínima ideia do que significam essas três letrinhas, mas certamente ficará encantada. Diante do enigma, vamos às apresentações: a AMG está para a MercedesBenz assim como a linha M está para a BMW ou a RS para a Audi. Ou seja, como se não bastasse o prestígio de ter um carro de luxo alemão na garagem, as fábricas conseguiram criar um clube ainda mais exclusivo para seus clientes mais exigentes. status esteve no quartel-general dessa divisão esportiva da MercedesBenz, em Affalterbach, na Alemanha, para conhecer as engrenagens que fazem da AMG uma das preparadoras de carro mais cobiçadas do planeta. Para entender um pouco mais como ela se tornou objeto de desejo entre os amantes da velocidade, é preciso, antes de tudo, voltar no tempo. Mais precisamente, no dia 1o de junho de 1967, quando Hans Werner Aufrecht e Eberhard Melcher, engenheiros, amigos e aficionados por carros, fundaram a AMG. A ideia do nome da empresa não teve nada de original. A letra A de Aufrecht, a M de Melcher e a G da cidade natal do primeiro, Gossaspach. Em uma pequena
garagem e com poucos funcionários, eles começaram a desenvolver e construir motores para competição. Era simplesmente por pura diversão, mas a brincadeira virou negócio sério. Basta ver que, apenas quatro anos depois de sua fundação, a AMG ganhava as 24 horas de Spa Francorchamps, o primeiro troféu de repercussão internacional. Daí para a fama foi um passo e, em 1976, a instalação começou a ficar pequena diante de tantos pedidos. A saída foi transferir a fábrica e seus 40 funcionários para a vizinha Affalterbach. A relação da Mercedes com a AMG teria início em 1993, quando criaram em conjunto o C 36 AMG, uma máquina com espantosos 282 cavalos de potência – um portentoso motor para os padrões da época. O que era apenas uma parceria pontual, contudo, acabou virando um namoro. No fim dos anos 90, a Mercedes se viu em uma encruzilhada: a empresa era grande, tinha bons produtos, mas seu público estava envelhecendo junto com a marca. Ou seja, carecia de uma imagem mais jovem e esportiva. Ao mesmo tempo, a AMG só aumentava seu prestígio quando o assunto era velocidade e esportividade. De olho nisso, a Mercedes não perdeu tempo e, em 1999, comprou a AMG. A montadora de Stuttgart manteve o nome, a fábrica e injetou milhões de euros para tornar o nome AMG conhecido em todo o mundo. Ao que parece, deu resultado. Em 2006, a AMG deixaria de ser apenas uma divisão da Mercedes para se tornar uma das quatro marcas do grupo ao lado da própria Mercedes-Benz, Maybach e Smart. As novas instalações da AMG visitadas por status são bem diferentes daquela de quatro décadas atrás. Hoje, o complexo abriga 12 prédios em uma área de 52 mil metros quadrados. Ao todo são mil funcionários, dos quais metade são engenheiros. Os motores, por exemplo, são construídos da mes-
ma forma como eram antigamente: artesanalmente. Cada mecânico é responsável pela montagem, do início ao fim. E se, em qualquer etapa, for detectado um erro, o mesmo mecânico tem de resolver o problema. Nenhum funcionário pode sequer encostar a mão no motor trabalhado por outro.
Nossa equipe acompanhou um dia de trabalho de um desses mecânicos. Seu nome é Tobias Michalsky. Ele é alemão, tem 22 anos e está no primeiro ano de trabalho na AMG. “Desde muito jovem sempre sonhei poder trabalhar com automóveis. Estar aqui é um sonho para mim”, diz Michalsky. Além da alegria de poder trabalhar com o objeto de desejo de dez entre dez homens, Michalsky tem outros motivos para sorrir. Ele faz parte agora de um seleto grupo de funcionários que podem desfilar com certo “status” em relação aos colegas de outras fábricas, inclusive da própria Mercedes Benz. O horário de trabalho é flexível e cada funcionário tem autonomia para decidir o horário em que entra na empresa. Em média, permanecem cerca de seis horas por dia, o que dá para montar dois motores inteiros.
U T I d e h o s p I Ta l O prédio onde ficam os funcionários da divisão de motores é claro, limpo e silencioso. O piso é branco, quase asséptico, e não se vê uma sujeira no chão. Nada de graxa pelos cantos ou calendário de mulher pelada pregado nas paredes. O ar é controlado, filtrado e a pressão de 1,5 bar faz com que ele sempre saia quando a porta é aberta, evitando assim qualquer poeira indesejada no ambiente. Para se ter uma ideia, a qualidade desse ar é a mesma de sala de UTI de um hospital. É nesse ambiente que, depois de aproximadamen-
CADA MOTOR É PRODUZIDO ARTESANALMENTE POR UM ENGENHEIRO MECÂNICO COMO O ALEMÃO TOBIAS MICHALSKY (AO LADO). DEPOIS DE CRIá-LO, ELE COLA UMA PLACA COM O SEU NOME. ACIMA, UM MOTOR fEITO ExCLUSIvAMENTE PARA A fAMíLIA REAL DE BRUNEI
toys fo r boys
te três horas encaixando peça sobre peça, o mecânico finaliza a montagem do motor colando uma placa com seu nome e sua assinatura – um processo que lembra o de um artista assinando sua obra de arte. Não por acaso, a AMG adota como lema “um homem, um motor”. Outro importante centro de pesquisas, desta vez móvel, é a participação da Mercedes-Benz como “Safety Car” da Fórmula 1. Desde 1997 os carros da marca alemã entram na pista quando alguma intervenção é necessária.
A velocidade mínima que o “Safety Car” precisa manter em reta é de aproximadamente 200 km/h, pois abaixo disso os Fórmula 1 passam a ter problemas de superaquecimento. No primeiro ano de parceria com a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), foi utilizado o modelo CLK 63 AMG – com mais de 600 cv de potência.
SLS 63 AMG MoTor velocIdade MáxIMa aceleração preço
6.2 litros v8 de 571 cv 317 km/h 0 a 100 km/h em 3,8 segundos Us$ 491 mil
Quando um produto é lançado, sua versão AMG passa por um processo complementar de desenvolvimento no qual diversas partes do carro – como sistema de transmissão, desempenho dos freios e comportamento de suspensão – são revistas. Além dessa etapa que não é acompanhada pelo cliente, todas as modificações de um automóvel AMG visam dar a ele uma nova identidade: aerofólio, rodas, bancos, volante e acabamentos internos são transformados, mas sem deixar de lado o DNA da Mercedes-Benz. Anualmente, apenas 20 mil carros saem das linhas de produção da AMG. Afinal de contas, essas letras viraram sinônimos de tecnologia, dinamismo e exclusividade. Do classe C ao incrível SLS da foto que abre esta reportagem,
todos têm como característica a esportividade. Mas quem quer essas três letras cravadas no carro tem de pôr a mão no bolso. Um modelo top de linha da classe G, por exemplo, custa 131 mil euros na Europa. Se o cliente quiser o mesmo carro, mas na versão AMG, aí o valor pula para 250 mil euros.
ao GosTo do clIeNTe Além dos carros da linha AMG que já seguem um padrão, ainda é possível fazer e configurar o carro ao prazer do proprietário. O sultão de Brunei, por exemplo, é um dos clientes mais famosos. Os carros preparados para ele levam, inclusive, placas que indicam a propriedade da família real de Brunei no motor. É comum ouvir nos corredores da empresa as mais estranhas histórias de modificação de veículos. A mais incrível delas foi de um sheik de um dos países árabes, apaixonado por fotografia. Ele pediu que a AMG desenvolvesse um carro blindado para que ele pudesse fotografar animais à noite em lugares de difícil acesso. A partir daí o veículo foi totalmente construído sob encomenda. Uma classe G foi cortada e alongada para que coubesse uma torre hidráulica com a máquina fotográfica e as lentes de longo alcance. Tudo foi modificado no carro. Ele precisava ser absolutamente silencioso para não espantar os animais, por isso alterações foram feitas no motor. Para evitar solavancos, foi escolhida uma suspensão a ar. Os faróis ficaram mais fortes e com mais alcance. Até equipamentos de última geração como lentes de visão noturna e de infravermelho com sensor de movimento foram adquiridos. Preço total da brincadeira: 10 milhões de euros. Como se pode ver, a AMG realiza o seu sonho. Mas isso tem um preço. E não é barato. fOTOS DIvULGAçÃO
CLS 63 AMG MoTor velocIdade MáxIMa aceleração preço
6.2 v8 de 514 cv 300 km/h 0 a 100 km/h em 4,5 segundos Us$ 310 mil
toys fo r boys
celeIro de sUperMรกQUINas eNTraMos Na exclUsIva FรกBrIca da aMG, eMpresa do GrUpo Mercedes-BeNZ coNhecIda por coNsTrUIr carros porTeNTosos coMo se FosseM oBras de arTe por Henrique Flรกvio Neves, de Affalterbach (Alemanha)
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APENAS 20 MIL CARROS SAEM DAS LINHAS DE MONTAGEM DA AMG TODOS OS ANOS
a toys fo r boys
A S L E T R A S A M G , que acompanham os modelos superesportivos da alemã Mercedes-Benz, rendem diversas interpretações. Se você for o proprietário, terá, com certeza, prazer ao dirigir. Se for o passageiro, sentirá segurança mesmo em altas velocidades. Se por acaso você for um pedestre (e quiser um conselho), é bom nem tentar atravessar a rua na frente dele. Se for o motorista do carro ao lado, sentirá uma inveja danada. E se for uma mulher... Bom, se for uma mulher, não fará a mínima ideia do que significam essas três letrinhas, mas certamente ficará encantada. Diante do enigma, vamos às apresentações: a AMG está para a MercedesBenz assim como a linha M está para a BMW ou a RS para a Audi. Ou seja, como se não bastasse o prestígio de ter um carro de luxo alemão na garagem, as fábricas conseguiram criar um clube ainda mais exclusivo para seus clientes mais exigentes. status esteve no quartel-general dessa divisão esportiva da MercedesBenz, em Affalterbach, na Alemanha, para conhecer as engrenagens que fazem da AMG uma das preparadoras de carro mais cobiçadas do planeta. Para entender um pouco mais como ela se tornou objeto de desejo entre os amantes da velocidade, é preciso, antes de tudo, voltar no tempo. Mais precisamente, no dia 1o de junho de 1967, quando Hans Werner Aufrecht e Eberhard Melcher, engenheiros, amigos e aficionados por carros, fundaram a AMG. A ideia do nome da empresa não teve nada de original. A letra A de Aufrecht, a M de Melcher e a G da cidade natal do primeiro, Gossaspach. Em uma pequena
garagem e com poucos funcionários, eles começaram a desenvolver e construir motores para competição. Era simplesmente por pura diversão, mas a brincadeira virou negócio sério. Basta ver que, apenas quatro anos depois de sua fundação, a AMG ganhava as 24 horas de Spa Francorchamps, o primeiro troféu de repercussão internacional. Daí para a fama foi um passo e, em 1976, a instalação começou a ficar pequena diante de tantos pedidos. A saída foi transferir a fábrica e seus 40 funcionários para a vizinha Affalterbach. A relação da Mercedes com a AMG teria início em 1993, quando criaram em conjunto o C 36 AMG, uma máquina com espantosos 282 cavalos de potência – um portentoso motor para os padrões da época. O que era apenas uma parceria pontual, contudo, acabou virando um namoro. No fim dos anos 90, a Mercedes se viu em uma encruzilhada: a empresa era grande, tinha bons produtos, mas seu público estava envelhecendo junto com a marca. Ou seja, carecia de uma imagem mais jovem e esportiva. Ao mesmo tempo, a AMG só aumentava seu prestígio quando o assunto era velocidade e esportividade. De olho nisso, a Mercedes não perdeu tempo e, em 1999, comprou a AMG. A montadora de Stuttgart manteve o nome, a fábrica e injetou milhões de euros para tornar o nome AMG conhecido em todo o mundo. Ao que parece, deu resultado. Em 2006, a AMG deixaria de ser apenas uma divisão da Mercedes para se tornar uma das quatro marcas do grupo ao lado da própria Mercedes-Benz, Maybach e Smart. As novas instalações da AMG visitadas por status são bem diferentes daquela de quatro décadas atrás. Hoje, o complexo abriga 12 prédios em uma área de 52 mil metros quadrados. Ao todo são mil funcionários, dos quais metade são engenheiros. Os motores, por exemplo, são construídos da mes-
ma forma como eram antigamente: artesanalmente. Cada mecânico é responsável pela montagem, do início ao fim. E se, em qualquer etapa, for detectado um erro, o mesmo mecânico tem de resolver o problema. Nenhum funcionário pode sequer encostar a mão no motor trabalhado por outro.
Nossa equipe acompanhou um dia de trabalho de um desses mecânicos. Seu nome é Tobias Michalsky. Ele é alemão, tem 22 anos e está no primeiro ano de trabalho na AMG. “Desde muito jovem sempre sonhei poder trabalhar com automóveis. Estar aqui é um sonho para mim”, diz Michalsky. Além da alegria de poder trabalhar com o objeto de desejo de dez entre dez homens, Michalsky tem outros motivos para sorrir. Ele faz parte agora de um seleto grupo de funcionários que podem desfilar com certo “status” em relação aos colegas de outras fábricas, inclusive da própria Mercedes Benz. O horário de trabalho é flexível e cada funcionário tem autonomia para decidir o horário em que entra na empresa. Em média, permanecem cerca de seis horas por dia, o que dá para montar dois motores inteiros.
U T I d e h o s p I Ta l O prédio onde ficam os funcionários da divisão de motores é claro, limpo e silencioso. O piso é branco, quase asséptico, e não se vê uma sujeira no chão. Nada de graxa pelos cantos ou calendário de mulher pelada pregado nas paredes. O ar é controlado, filtrado e a pressão de 1,5 bar faz com que ele sempre saia quando a porta é aberta, evitando assim qualquer poeira indesejada no ambiente. Para se ter uma ideia, a qualidade desse ar é a mesma de sala de UTI de um hospital. É nesse ambiente que, depois de aproximadamen-
CADA MOTOR É PRODUZIDO ARTESANALMENTE POR UM ENGENHEIRO MECÂNICO COMO O ALEMÃO TOBIAS MICHALSKY (AO LADO). DEPOIS DE CRIá-LO, ELE COLA UMA PLACA COM O SEU NOME. ACIMA, UM MOTOR fEITO ExCLUSIvAMENTE PARA A fAMíLIA REAL DE BRUNEI
toys fo r boys
te três horas encaixando peça sobre peça, o mecânico finaliza a montagem do motor colando uma placa com seu nome e sua assinatura – um processo que lembra o de um artista assinando sua obra de arte. Não por acaso, a AMG adota como lema “um homem, um motor”. Outro importante centro de pesquisas, desta vez móvel, é a participação da Mercedes-Benz como “Safety Car” da Fórmula 1. Desde 1997 os carros da marca alemã entram na pista quando alguma intervenção é necessária.
A velocidade mínima que o “Safety Car” precisa manter em reta é de aproximadamente 200 km/h, pois abaixo disso os Fórmula 1 passam a ter problemas de superaquecimento. No primeiro ano de parceria com a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), foi utilizado o modelo CLK 63 AMG – com mais de 600 cv de potência.
SLS 63 AMG MoTor velocIdade MáxIMa aceleração preço
6.2 litros v8 de 571 cv 317 km/h 0 a 100 km/h em 3,8 segundos Us$ 491 mil
Quando um produto é lançado, sua versão AMG passa por um processo complementar de desenvolvimento no qual diversas partes do carro – como sistema de transmissão, desempenho dos freios e comportamento de suspensão – são revistas. Além dessa etapa que não é acompanhada pelo cliente, todas as modificações de um automóvel AMG visam dar a ele uma nova identidade: aerofólio, rodas, bancos, volante e acabamentos internos são transformados, mas sem deixar de lado o DNA da Mercedes-Benz. Anualmente, apenas 20 mil carros saem das linhas de produção da AMG. Afinal de contas, essas letras viraram sinônimos de tecnologia, dinamismo e exclusividade. Do classe C ao incrível SLS da foto que abre esta reportagem,
todos têm como característica a esportividade. Mas quem quer essas três letras cravadas no carro tem de pôr a mão no bolso. Um modelo top de linha da classe G, por exemplo, custa 131 mil euros na Europa. Se o cliente quiser o mesmo carro, mas na versão AMG, aí o valor pula para 250 mil euros.
ao GosTo do clIeNTe Além dos carros da linha AMG que já seguem um padrão, ainda é possível fazer e configurar o carro ao prazer do proprietário. O sultão de Brunei, por exemplo, é um dos clientes mais famosos. Os carros preparados para ele levam, inclusive, placas que indicam a propriedade da família real de Brunei no motor. É comum ouvir nos corredores da empresa as mais estranhas histórias de modificação de veículos. A mais incrível delas foi de um sheik de um dos países árabes, apaixonado por fotografia. Ele pediu que a AMG desenvolvesse um carro blindado para que ele pudesse fotografar animais à noite em lugares de difícil acesso. A partir daí o veículo foi totalmente construído sob encomenda. Uma classe G foi cortada e alongada para que coubesse uma torre hidráulica com a máquina fotográfica e as lentes de longo alcance. Tudo foi modificado no carro. Ele precisava ser absolutamente silencioso para não espantar os animais, por isso alterações foram feitas no motor. Para evitar solavancos, foi escolhida uma suspensão a ar. Os faróis ficaram mais fortes e com mais alcance. Até equipamentos de última geração como lentes de visão noturna e de infravermelho com sensor de movimento foram adquiridos. Preço total da brincadeira: 10 milhões de euros. Como se pode ver, a AMG realiza o seu sonho. Mas isso tem um preço. E não é barato. fOTOS DIvULGAçÃO
CLS 63 AMG MoTor velocIdade MáxIMa aceleração preço
6.2 v8 de 514 cv 300 km/h 0 a 100 km/h em 4,5 segundos Us$ 310 mil
corpo e mente
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janeiro 2012
Está provado quE o uso dE tênis modErnos contribuiu para mudar a passada humana E rEduzir a rEsistência do pé ao EstrEssE causado pElo contato com o solo durantE a corrida. sabEndo disso, não sEria hora dE voltarmos a corrEr dEscalços? por piti viEira
janeiro 2012
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D E S D E Q U E O americano Christopher McDougall lançou o livro Nascido para correr (Editora Globo, 2010), atletas profissionais e amadores passaram a difundir a ideia de correr descalço. O jornalista garante que não usar tênis de corrida evita lesões, ao contrário do que a indústria de calçados prega. Ele entrevistou treinadores de corrida, pesquisou estudos científicos importantes e apresentou ao mundo os tarahumaras, indígenas do norte do México que correm supermaratonas em tempo recorde usando sandálias de solas de pneu. Experimentou também tudo o que descreveu e concluiu que os tênis tecnológicos não o estavam protegendo adequadamente. As diferenças entre correr protegido e correr descalço vêm sendo estudadas nas últimas quatro décadas. Em 2009, pesquisadores de universidades da Bélgica e da Inglaterra concluíram que pessoas que nunca calçaram sapato na vida são menos afetadas pelo impacto das passadas no solo. Mas foi um estudo realizado em 2010 pelo biólogo de Harvard e corredor Daniel Lieberman que causou um impacto maior na comunidade de corredores. Publicado na revista científica Nature, o trabalho dizia que correr descalço produz muito menos estresse de impacto do que com calçados de corrida caros e especiais. Ao analisar a evolução da corrida de fundo, dois milhões de anos atrás, quando nossos ancestrais usavam essa abordagem para cansar as presas durante longas caçadas, ele descobriu que a invenção do tênis de corrida, nos anos 70, mudou a passada humana e não necessariamente para melhor. “Por mais espetaculares que sejam os desenvolvimentos tecnológicos no setor, os atuais tênis de corrida podem não estar ajudando muito a melhorar o desempenho dos atletas. Nem mesmo a prevenir lesões, como de joelho e do tendão de aquiles, por exemplo, que aumentaram com a evolução dos tênis”, explica o biólogo.
calço. “É como se alguém desse uma martelada no seu calcanhar”, afirma o cientista. O pé no chão é então o novo queridinho de muitos corredores e cientistas? Nem todos. O assunto ainda é muito controverso entre especialistas. Alguns médicos ortopedistas afirmam que mais de 95% dos corredores necessitam de correções e suportes no calçado, por não possuírem uma biomecânica perfeita da passada. Esses ortopedistas defendem a ideia de que correr descalço traz lesões graves para os atletas, e que os conceitos consagrados pela medicina desportiva ao longo dos tempos continuam válidos. “Se você mudar seu estilo de corrida muito depressa, há uma boa chance de se machucar”, adverte Lieberman.
O que acontece com os seus pés quando você corre: COM TÊNIS Quando corremos calçados, tocamos o solo primeiro com o calcanhar. A sola reta impede que o pé impulsione o passo, deixando o trabalho com a perna. Desse jeito, até 80% dos corredores sofrem pelo menos uma lesão por ano. DESCALÇO O homem correu assim por milhões de anos. A planta do pé chega ao solo antes do calcanhar. A sola se espalha no chão, e os dedos dão aquele empurrão. A passada fica curtinha e os joelhos se dobram levemente.
martElada Certos corredores chegam a afirmar serem melhores correndo descalços ou usando tênis de solas tão finas que mais parecem meias (veja quadro desta matéria). Pessoas que cresceram correndo descalças, como alguns quenianos, tendem a pisar mais na parte frontal ou no meio do pé enquanto correm. Por outro lado, quem sempre usou calçado acolchoado geralmente toca o solo primeiro com os calcanhares. A diferença na maneira em que o pé atinge o piso é importante. O estudo de Lieberman examinou o estresse nos pés de diferentes tipos de corredores e descobriu que pessoas com tênis de corrida atingem o solo com a massa da perna toda, ou cerca de 7% do corpo. Isso é mais de três vezes o impacto de um corredor desFOTOS TOM FULLUM
PROTEÇÃO MÍNIMA Com o propósito de combinar os alegados benefícios de correr descalço com alguma camada que proteja os pés, os fabricantes de tênis colocaram seus cientistas para trabalhar e desenvolveram modelos com menos material. Esse movimento minimalista já produziu resultados com calçados que reproduzem o nosso passo natural, como a FiveFingers (acima, à esq.) e o Zem, por exemplo.
CORPO E MENTE
128
janeiro2012
AO AR LIVRE
EQUIPAMENTOS E EVENTOS PARA MELHORAR SUA PERFORMANCE FÍSICA E MENTAL CAMINHADA VINTAGE Uma nova versão do clássico da Nike lançado em 1988 veio à tona no fim do ano passado. O Nike Air Magma 2011 é uma versão mais classuda, feita de couro premium liso e com o logo da marca em relevo na lateral, dando destaque para o cadarço. Quando foi lançado, o tênis fazia parte da linha ACG, com foco na caminhada. PREÇO: US$ 69,99 www.urbanoutfitters.com
AGENDA
CONCRETE JUNGLE A marca californiana Sector 9 lançou uma coleção de skate longboard inspirada em Bob Marley. A série conta com quatro modelos de shapes – com qualidade garantida por ser feito de bambu, mais maleável e resistente – estampados com imagens de vários momentos do rei do reggae (o da foto é o modelo player). Para agradar a todos os gostos. PREÇO: R$ 998 www.boardhouse.com.br
TECHNICOLOR É normal a tatuagem desbotar com a exposição ao sol e ao tempo. Para que isso não aconteça, produtos como o Ink Shield, que hidrata e inibe os raios UV, podem ser usados. Em formato roll-on, o protetor ainda possui vitamina C, que é um antioxidante, e mica, que realça o brilho. PREÇO: R$ 45 www.k2xbrazil.com.br
• A estação de esqui de Telluride, que fica nas Montanhas Rochosas do Colorado, onde estão os picos mais elevados da América do Norte, mistura prédios históricos no melhor estilo “Velho Oeste” com hotéis de luxo, restaurantes e lojas sofisticadas. O vilarejo orgulha-se de ter gôndola gratuita, o que torna o lugar uma cidade totalmente ski-in/ski-out. O terreno conta com 120 pistas em oito mil quilômetros quadrados de área para esquiar. A temporada vai até 8 de abril de 2012. www.tellurideskiresort.com • No dia 21 de janeiro, acontece em Paulo Afonso, na Bahia, a Bahia Maratona de Canoagem, com 55 km de remo pelo Rio São Francisco. www.brasilwild.com.br
ATÔMICO O Eco-Drive Satellite Wave, modelo em edição limitada da Citizen – há apenas cinco unidades no País –, funciona por meio de um sistema que capta os sinais de 24 satélites. O relógio atualiza as informações de tempo de acordo com sinais emitidos por relógios atômicos, o que garante extrema precisão. PREÇO: R$ 10 mil www.citizen.com.br FOTOS DIVULGAÇÃO
ENSAIO
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janeiro 2012
A GATINHA QUE SAIU DA CARTOLA COM SEU CORPO ESCULTURAL, A APRENDIZ DE MÁGICO E DANÇARINA STEFANY ZANINI DIZ QUE ATÉ HOJE NENHUM HOMEM DESCOBRIU SEUS SEGREDOS. DESVENDE-OS NAS PRÓXIMAS PÁGINAS FOTOS FERNANDA PRETO HAIR/MAKE ALÊ TOLEDO STYLING ATOUT (WWW.ATOUT.COM.BR)
saia DTA | meias acervo | luvas Thais Gusmão brinco Làzara | sandálias Studio TMLS
D e s i s ta . Nada do que você vir ou ler por aqui vai dar conta de explicar totalmente a irresistível loira que brinca de mágica nesta e nas próximas páginas. stefany Zanini é estudante de rádio e tevê em São Paulo, dançarina profissional e ainda ajudante de palco dos melhores mágicos do País. e, mais do que tudo isso, é daquelas meninas que podem ser tudo, menos óbvias. Quer apostar? Ou você acharia normal a gata de corpo perfeito (85 cm de busto, 60 cm de cintura e 94 cm de quadril distribuídos em 1,63 metro) nunca ter namorado na vida? Pois é. segundo ela, porque nunca “encontrou ou foi encontrada” pela pessoa certa. e que até gostaria, mas não sabe bem por onde começar a procurar. “O cara para me conquistar tem que ter um corpo legal, é claro, mas sobretudo tem que ser inteligente, sincero e um pouco excêntrico”, receita a bela, improvável, que até hoje só viveu paixões platônicas com colegas de trabalho. “Quando me declarei uma vez e nos beijamos, foi o suficiente para ver que não tinha nada a ver. a magia acabou na hora.” a magia também acabou quando começou a trabalhar como assistente de palco de alguns dos mais concorridos mágicos do Brasil. “De repente eu descobri todos os truques e foi bem decepcionante. Sou completamente a favor da fantasia, seja nos palcos, seja na vida.” Mas nem por isso, escla-
rece ela, deixou de exibir sua graça sobre os palcos ao lado dos ilusionistas. e a bela nos dá outra prova do que diz. aos 20 anos, com pernas torneadas e barriga lisinha estilo Barbie, como ela mesma descreve, a loira garante que não sente a menor falta de sexo. “Não preciso disso, nunca transei na primeira noite, sinto mais falta da companhia. além do que, sou muito, mas muito exigente, então a chance de me decepcionar é enorme”. tateando no labirinto de sua insondável alma, só nos resta apelar: então como alguém pode ter alguma chance com você? ela ri, pensa um pouco, e solta uma frase bem sincera: “Primeiro não me comparar com ninguém. Depois, talvez, falar que sou de outro planeta, de um planeta só meu.” O improvável roteiro para a conquista da loira misteriosa deve ainda incluir sua predileção por dançar noite adentro em baladas GLs, onde consegue se sentir à vontade para se expressar, seja vestida tal qual uma periguete – “adoro me vestir de paniquete” –, seja menos exposta, com calça e botas. O visual largado, meio grunge, ela afirma deixar para suas aparições diurnas, como nas aulas da faculdade. ali, diz ela, é tudo, menos a gostosa da turma: “sou a menininha lânguida, aquela pela qual ninguém dá um real.” Outro bom começo para agradar à moça é apoiá-la em seu sonho de trabalhar com as melhores companhias de dança dos estados Unidos e sempre ficar ao seu lado – ao contrário de seus pais. “Meu irmão é daqueles caras bem-sucedidos, trabalha na bolsa de valores. eu, dançarina, sempre fui a ovelha negra da família.” seu pai e sua mãe, com quem Stefany vive até hoje, sequer foram avisados sobre este ensaio para Status. e, se depender da gata afeita à fantasia, nem o serão. “este ensaio é mais um segredo na minha vida, vai ficar apenas entre mim e os leitores.”
Bruno Weis
sandálias Studio TMLS | bracelete Otávio Giova | anéis Camila Klein | pulseira Claudia Maresguia | cartola acervo | lenço Jogê
corset Animale | calcinha Thais Gusm茫o | meias Loungerie | sapatos Studio TMLS | pulseira brech贸 Minha Av贸 Tinha | colar Estela Geromini
produção executive Michelle Kimura produção de moda Léo Proença
saia Thais Gusmão | sandálias Studio TMLS | bracelete Maria Dolores | enfeite de cabelo brechó Minha Avó Tinha
sangue-frio
138
janeiro 2012
por Piti Vieira
travessia
infernal Considerada uma das provas mais difíCeis do mundo, a molokai two oahu leva seus Competidores ao limite. são 58 quilômetros de travessia em mar aberto, por entre o Canal que separa as ilhas havaianas de molokai e oahu – um lugar infestado de tubarões, onde Centenas de pessoas já morreram
C o n h e C i d a n a l í n g u a n at i va como “o canal dos ossos”, por incontáveis pescadores e marinheiros terem se afogado em suas ondas tempestuosas, o Canal de Molokai, um trajeto de 58 quilômetros que separa as ilhas havaianas de oahu e Molokai, recebe todo ano a travessia mais exaustiva, extrema e concorrida do planeta: a Molokai 2 oahu (M2o). É o campeonato mundial de longa distância, a mais importante prova de paddleboard (remada com os braços, sem o auxílio de remos) e, mais recentemente, também de stanp up paddle (SuP). aventurar-se naquelas águas é para poucos. É preciso ter, além de um preparo físico sobre-humano, um preparo psicológico para lidar com as adversidades que surgem no caminho. apenas uma dezena de esportistas brasileiros já encarou esse desafio. apesar das correntes favoráveis e ventos relativamente fracos (30 km/h) da última edição, as condições geralmente são consideradas difíceis, principalmente por conta da presença constante de swells de até seis pés de altura (o que significa ondas de dois metros) surgindo em várias direções, além da longa distância percorrida. a prova, que parte da praia de Kaluakoi, na costa norte de Molokai, e acaba na baía de Maunalua, na costa sul de oahu, conta atualmente com a participacão de 250 atletas, de mais de 15 países. três dos melhores atletas brasileiros de SuP, o paulista alessandro Matero, a paulista radicada no havaí andrea Moller e o pernambucano também radicado no arquipélago havaiano livio Menelau, representaram o Brasil na competição. “toda vez que cruzo este canal, sinto uma mistura de tensão e prazer ao mesmo tempo. Imagine que todas as correntes que vêm do Japão passam ao redor do arquipélago havaiano e voltam para o outro lado por este canal. É muita água se movendo ao mesmo tempo em um espaço relativamente pequeno”, diz Matero, que já completou a prova seis vezes e em 2011 terminou na segunda colocação na categoria de 30 a 39 anos, com o tempo de 5h38m, 28 minutos a menos que em 2010. “É um lugar com muitos mitos e perigos, o que torna essa prova uma das mais difíceis do circuito mundial.” um desses perigos é a presença de tubarões. Quando os competidores se encontram boiando no meio do traiçoeiro Canal de Molokai, com seu quase um quilômetro de profundidade, separados do oceano apenas por suas pranchas feitas de carbono, material que uma fera dos mares devoraria como uma batata frita, o medo se faz presente. “Quando estou competindo ou remando, não posso perder tempo me preocupando com o que vejo na água, então sou capaz de bloquear esse pensamento e me concentrar no que realmente conta: o remo, a leitura da água, as ondas”, explica Matero. “Mas a organização pede que o competidor tenha consigo um repelente sonoro para tubarões, pois eles estão por todo lado. em 2010, uma sombra enorme me acompanhou durante duas horas. era um tubarão-baleia.”
sobre-humano Remadores de alto nível seguem uma disciplina severa e extremamente exigente, não só física, mas mental e espiritual também. eles não lidam apenas com as muitas horas necessárias de dor, ordenando a seus corpos para ignorar a agonia, mas devem alcançar algo muito mais misterioso: equilíbrio e sensibilidade para perceber cada contração das montanhas d’água que passam por
de Cima para baixo, largada da m2o; o Campeão da Categoria paddleboard jamie mitChel e dois outros Competidores; na página ao lado, o brasileiro alessandro matero
sangue-frio
por cima do abismo a travessia de molokai até oahu é feita por um canal com 58 quilômetros de comprimento, 700 metros de profundidade, vários tubarões e muitas ondas kauai niihau oahu molokai maui lanai kahoolawi
“a organização pede que o Competidor Carregue Consigo um repelente sonoro de tubarões, que estão por todos os lados”, Comenta matero. abaixo, honolulu, Capital de oahu, ponto final da travessia
hawaii
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antes da prova, todos os atletas se reúnem na praia de kaluakoi para uma Cerimônia de batismo, ofereCida por uma líder religiosa da ilha de molokai
debaixo deles. um remador de elite não é apenas um grande atleta de resistência, mas também um grande surfista, mesmo quando a água está um caos. “depois da primeira hora de prova, o corpo começa a entrar no ritmo. É o momento de aproveitar melhor os ventos e as ondas. Mas a dor está sempre lá, nos lugares mais diferentes que você pode sentir. Para controlá-la, o melhor a fazer é não parar de remar. a parte psicológica representa 40% da sua performance”, diz Matero. a corrida do ano passado marcou a despedida de Jamie Mitchell, considerado o melhor remador do planeta, que ganhou sua décima M2o em sequência, melhorando seu recorde anterior em oito minutos, com um tempo de 4h40m. “Sinto como se toda a força das correntes marítimas do havaí tivesse conspirado a meu favor”, disse Mitchell ao fim da prova. O australiano treina como um louco e é um triatleta acostumado a competir em iron Man. 2011 foi o último ano em que Mitchell competiu na divisão tradicional de bruços, o que implica ficar parte do tempo deitado, remando como um surfista, e outra parte de joelhos. A opinião dos organizadores da prova é de que, em 2012, ele vai querer bater Connor Baxter, um garoto de 16 anos de Maui, que competiu na categoria SuP, mais rápida. Connor completou a travessia em 4h26m10s, batendo o recorde da lenda do surf dave Kalama em 30 minutos. a vitória do adolescente não veio sem um sentimento de exaustão total que muitas vezes é vivida pelos atletas que desafiam o Canal Molokai. “Achei a linha de sorte, e assumi a liderança só quando entrei na baía. estou muito feliz de ter ganhado, mas não vejo a hora de ir me deitar”, disse ele, na chegada. “Quando você começa a ver a ilha de oahu, ainda faltam 25 quilômetros. o vento começa a diminuir de intensidade e mudar
a direção, até ficar contra nos últimos 5 quilômetros”, comenta Matero. “então, depois de ter remado por horas, enfrentar um vento de mais ou menos 30 km/h no peito e ainda lidar com a arrebentação com ondas de dois metros, a chance de ir parar no reef de corais e acabar com todo o seu trabalho de seis meses é grande. ao contrário do que a maioria pensa, a chegada é a parte mais difícil.”
ta n ta s e m o ç õ e s a manjada mitologia do esporte – especialmente o americano, obcecado pela religião do vencedor –, que prega que somente por meio da vitória a transformação pode ocorrer, não funciona na M2o. a travessia Molokai-oahu é verdadeiramente uma passagem para quem a experimenta. ninguém que tenha atravessado seus 58 quilômetros continuou sendo o mesmo. eles podem não conseguir articular todas as emoções e arrepios do que significou a experiência, e tendem a quebrar a resposta no meio da frase, com um sorriso ou risada, e então olham para longe. “depois da chegada, você está em um momento inesquecível, de muita felicidade e missão cumprida, com algumas dores no corpo e uma fome e sede que não acabam tão cedo”, diz Matero. Desde a sua criação, a corrida anual evoluiu de um desafio para os salva-vidas e barqueiros do litoral norte de oahu para um evento de gala dos remadores do mundo todo. a prova é composta por quatro divisões que incluem as tradicionais pranchas “stock”, de 12 pés, e o “unlimited open (ilimitado aberto)”, divisão que mostra alguns dos designs mais avançados e materiais de ponta. “nosso objetivo não é crescer mais do que o alcançado em 2011 e preservar os elementos tradicionais do esporte que atraem a maioria dos atletas de elite do mundo para a M2o”, disse o diretor da prova, Mike takahashi. “esta é sem dúvida a corrida mais exigente e realizada na mais alta consideração pela comunidade remadora internacional.”
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Por ViVi mascaro
AdriAne gAliSteu tem AlgumA coiSA de princeSA de conto de fAdAS e, ASSim, é nAturAl que A gente Sempre A encontre A bordo de numeroSo entourAge É um dos muitos itens em que a Galisteu se supera. está sempre arrastando um permanente cordão de assessores que, sei lá, nem senador deve ter. Fora que a mãe, dona emma, também é uma companhia tão presente que amigos mais chegados brincaram com o alexandre iódice às vésperas do casamento dos dois, em 2010, que ele teria de levar a sogra para a lua de mel. outro quesito no qual a gente adivinha que a adriane excede é na sua agenda beauté. Custei a me encaixar na correria dela. “estou tão sem tempo que nem a mão eu tenho feito”, me disse. resignei-me a falar com ela enquanto ela se entregava, numa segunda-feira, às mágicas técnicas do hair stylist marco antonio di Biaggi. “leva cinco horas”, me avisou um assessor. “É uma loucura.” olha que tenho amigas vaidosas. mas cinco horas eu jamais tinha imaginado. o resultado, a gente sabe, compensa. enquanto falava comigo, ela ganhava uma massagem na raiz do cabelo, carregava no colo o filho, Vittorio, de um ano e meio, revezava-se ao telefone – por melhor que fosse a barreira de proteção feita pelo seu staff. Galisteu parece não conhecer o sentido da palavra cansaço nem da palavra preguiça. naquela manhã, ela já tinha se entregue a uma longa reunião com o diretor artístico da Band, Hélio Vargas. Nela, Adriane tratou de dar os retoques naquilo que ela chama de “meu presente de natal”: um novo programa, diário, às tardes, de uma hora (entre às 16h e 17h), que vai estrear no dia 9 de janeiro e deve se chamar, salvo mudança de última hora, Muito Mais Galisteu. (todo mundo que a conhece bem sabe que adriane é das poucas pessoas do mundo que preferem estar trabalhando do que desocupada – mesmo quando, como é o caso dela, estar fora do ar não signifique deixar de receber seu salário.) “tive de mudar todas as minhas férias”, conta ela, “mas estou superfeliz. sou uma pessoa de agarrar as oportunidades.” Nunca teve medo de desafios, e olha que desafios é que não lhe faltaram na vida, da morte súbita de seu namorado Ayrton senna a cinco penosos anos sob o tacão de um patrão ciclotímico, silvio santos – que a cobriu de elogios e de dinheiro e depois a colocou inexplicavelmente na geladeira. Foram tempos de sofrimento agudo e adriane chegou a pensar em botar
sua vendetta em livro. mas ela não é de guardar rancor. deixou para ss o nobre gesto de sua indiferença. Lá vão de novo a Galisteu, o marido, o filho, a mãe, a família iódice e, claro, parte da comitiva para as já tradicionais férias em miami e na disney (mesmo antes do nascimento do Vittorio, o Mickey e a Minnie eram os companheiros de férias dela). Vai abreviar, volta no dia 7 e mergulha no programa. “Vou convidar alguns colunistas, falar de moda, do social, de casa e decoração”, antecipa para Status. ela é um bicho de palco. Há 16 anos que é. de uma espontaneidade explosiva que não se acanha quando acende aquela intimidadora luzinha da câmera, na Rede TV!, na Record, no sBt. Há dois anos, na Band. por duas vezes, entrou na mira do canal Gnt (leia-se, Globo). queriam que ela fizesse parte da bancada do Saia justa. ela se animou toda. mas os patrões têm essa mania de querer a Galisteu só para eles. Muito Mais Galisteu entra na grade da Band para durar os dois meses de férias: janeiro e fevereiro. depois, a emissora vê o que fazer dele. de todo modo, adriane torce para que o projeto Fashion, que ela apresentou, também volte ao ar. “ele está em 14 países, é natural
que o Brasil, país fashion por vocação, seja mais um deles.” o projeto é um dos que a Band tem em parceria com a Eyeworks Cuatro Cabezas. moda, além de tudo, dá dinheiro e Galisteu, que teve infância modesta, de classe média remediada, mostrase um talento também nessa seara. está lançando uma segunda coleção de bolsas de couro. É sócia do empresário marco raduan num curso de inglês por internet, o www.talkfast.com.br – que atende a todos os níveis e por preços camaradas entre r$ 49 e r$ 79. assina uma coluna semanal, às quartas-feiras, sobre coisas de mulher, no jornal gratuito Metro – do Grupo Band. e, incansável, ainda encontra tempo para sonhar com outra paixão, o teatro. está lendo o texto mulher de outro mundo, que vai virar espetáculo, logo, logo. “Tenho de ficar esperta, muito esperta mesmo, senão fico sem ver o Vittorio, fico sem ver o Alexandre.” O marido – que com o pai, Waldemar Iódice, dirige a grife que leva o nome da família – é do tipo de “sair de casa às 8 da manhã e voltar às 8 da noite”, diz adriane, com um tímido tom de reprimenda. mas ela própria logo se corrige: num campeonatinho de quem é mais workaholic, ninguém ganha dela; 2012, portanto, vem aí com a nova versão de Galisteu – uma metamorfose permanente.
Além de ApreSentAdorA, gAliSteu tAmbém é empreSáriA. elA eStá lAnçAndo umA SegundA coleção de bolSAS de couro e é SóciA do empreSário mArco rAduAn num curSo de inglêS por internet
foto andré schiliró
PORNOPOPEIA
POR REINALDO MORAES
De quatro
na Bundolândia
O Brasil tem fama de ser a terra do bundalelê, mas há muito mais “por trás” disso
“ T E M C U L PA , E U ? ” “Ele está louco de raiva.” “Você tem que se cuidar mais.” “Ele chegou há pouco de fora.” Gostaria de saber quantos leitores sacaram de cara nessas frases os velhos trocadalhos do carilho da turma do fundão da quinta série e quantos acharam nelas apenas os sintomas evidentes de algum transtorno psíquico com graves implicações dissociativas no plano da linguagem da parte de seu autor. Os primeiros, leram de cara: “Tem cu pa eu? / Ele estalou o cu de raiva. / Você tem que esse cu dar mais. / Ele chegou a pôr o cu de fora.” Para esses, talvez os mais velhos, seria impossível ler de outra forma. Já os segundos, mais jovens, devem ter razão a meu respeito. Vai saber. O que provavelmente estou querendo dizer, em todo caso, é que, além dos psicanalistas, que costumam enxergar o cu nos mais improváveis lugares, o fato é que não dá para subestimar o número de brasileiros, héteros ou gays, que vivem com o cu na cabeça. O cu está em alta, sempre esteve entre nós. É um dos fulcros, por assim dizer, do inconsciente coletivo tupiniquim, se é que inconsciente coletivo tem cu. O Brasil tem essa fama na praça mundial de ser a terra do bundalelê mais explícito do planeta, lugar onde a analidade vive escapando pelo ladrão, apesar de sempre ter sido muito mais reprimida que a genitalidade, em todas as épocas e por moralistas de todos os naipes e cacifes. Por aqui, uma abun-
dância de bundas transborda todo dia dos mais variados suportes midiáticos ou, ao vivo, dos quadris da mulherada nas ruas, nas praias, nas florestas, montanhas, campos e cerrados.
Mas essa fixação anal e sodomita, em versão hétero, não é nenhum privilégio brasileiro no Cone Sul, a julgar pelo que escreveu V. S. Naipaul (Uma casa para Mr. Biswas), romancista de família indiana nascido em Trinidad e radicado na Inglaterra desde os tempos de faculdade, nos anos 50. Dono de
um reluzente Nobel de literatura, Naipaul passou um tempo na Argentina, nos anos 70. A experiência lhe rendeu um artigo (Os bordéis atrás do cemitério), publicado na prestigiosa New York Review, que enfureceu os argentinos. Ele afirmava no texto que a terra de Borges e Maradona “é uma sociedade governada por um machismo degenerado, segundo o qual lugar de mulher é no bordel”. Mais à frente, afirma que o machão argentino não perdoa o rabicó de sua fêmea: “O sexo normal, facilmente negociado, não quer dizer grande coisa para o machão argentino. Para ele, a conquista da mulher só se completa quando ele a enraba.” Mas a vingança veio a galope. Los hermanitos devem ter soltado urros de euforia quando uma ex-concumbina
de Naipaul, a anglo-argentina Margaret Murray, que havia largado marido e filhos para virar escrava sexual de seu ídolo literário, saiu contando por aí que o laureado escritor caribenho a espancava até ele ficar com a mão doendo. E o principal: que seu amado torcionário visitava amiúde seu “mui especial local amoroso” – sim, lá mesmo, the asshole. Naipul continuou com o Nobel, mas ficou sem moral. Estive na Argentina um par de vezes, por poucos dias, mas não me pareceu um lugar especialmente bundocentrado, como aqui na Bundolândia brasiliensis. Não sei se eles tem lá uma cantora popular como a Sandy, que, ao lado do irmão Júnior, passou toda a adolescência posando de namoradinha virgem do Brasil, até crescer, se casar e declarar com notável singeleza que “É possível ter prazer anal”. Ou se já tiveram um ministro citado por uma piranha bunduda cá da terra como emérito papa-cu. Segundo a fogosa pin-up declarou numa entrevista amplamente comentada na época (os anos colloridos), sua excelência se comprazia em sodomizá-la literalmente por horas a fio, proeza de que poucos atores pornôs podem se gabar. São coisas nossas, são nossas coisas. Já no mundo anglo-saxão, branco e protestante, a chamada “variante árabe” é bem menos valorizada sim-
ILUSTRAÇÕES PEDRO MATALLO
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bolicamente pela macholândia. Pode até ser tão praticada quanto, mas não tem o mesmo status reafirmador da macheza quanto nos países latinos, o Brasil à frente – à frente e de ré, por supuesto. Pensei nisso ao ler há dias uma curiosa declaração do polêmico ensaista inglês Christopher Hitchens (autor de Cartas a um jovem contestador e A vitória de Orwell): “As quatro coisas mais superestimadas da vida são champanhe, lagosta, pique-nique e sexo anal.” Difícil ver entre brasileiros essa mesma indiferença pelo puíto feminino. Lembro do talentoso e borracho cronista Xico Sá num boteco de São Paulo comentando com sua divertida fleugma nordestina numa roda de notórios mandriões: “Do sexo anal em si, nem gosto muito, viu. Eu gosto é da gritaria.” Esse é o Brasil. Entre nós, até em anúncio publicitário o apelo anal surge, vez por outra, de forma quase ex-
plícita: “Cookie é bom!”, apregoava um reclame de biscoito fino numa revista. Estamos diante de um insondável mistério, sem dúvida. Afinal, o que
de tão atrativo o povo enxerga naquela argolinha rugosa circundando o orifício terminal do tubo digestivo? A argola não passa de um anel de músculo chamado esfíncter, palavra derivada da mesma base grega de “Sphinx”, que significa Esfinge. Quer dizer, o mistério vem de muito longe. Talvez nossos antepassados ficassem ali copulando com suas senhoras por trás, embo-
ra pelo canal reprodutivo, enquanto apreciavam com grande interesse o recôndito orifício no meio das nádegas da fêmea. E o orifício parecia repetir o clássico desafio da Esfínge: “Decifra-me ou enraba-me.” Freud diz que o ânus e tudo que sai dele viraram anátemas quando o pessoal deixou de andar de quatro feito bicho e assumiu a posição ereta, mantendo o nariz e os olhos longe do rabo alheio. Mas o cu das companheiras ficou no lugar de sempre, sugestivamente próximo da xoxota. E o velho apelo anal permaneceu encravado no sistema límbico do cérebro humano, especialmente o do brasileiro. Não por outra razão, um dos mais divertidos personagens da nossa literatura, o genial Serafim Ponte Grande, do romance homônimo de Oswald de Andrade, declarava sem papas nem pregas na língua, a páginas tantas: “Enrabei dona Lalá.”
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Flashback O BOTE DO SALVA-VIDAS JUNHO DE 1977 N O S S O M A R C I A N I N H O DAVA U M B A I L E N O S T E R R ÁQ U EO S quando o assunto era a compreensão da alma feminina. Afinal, ele sabia como deixar uma mulher feliz para, em seguida, dar o bote. É o que fica claro nas imagens abaixo. Perdida em uma ilha deserta, a moça é “salva” com muita classe pelo nosso herói. Ele estaciona sua nave no ar e, para deleite da moça, lhe dá lingeries, sapatos de salto alto, roupas da Dior e finaliza com um jantar romântico. Será que parou por aí?
FOTO REPRODUÇÃO