Vade Mécum de Tipografia

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Antônio Martiniano Fontoura & Naotake Fukushima

2ª edição


Antônio Martiniano Fontoura

O

professor Antônio Martiniano Fontoura

é graduado em Desenho Industrial, licenciado em Desenho (Esquema l), especialista em Metodologia do Ensino Superior, mestre em Educação e doutor em Engenharia da Produção. Tem participado como professor convidado em cursos de graduação e pós-graduação, na área de Design, em instituições de ensino no Paraná e Santa Catarina. Atualmente leciona nos cursos de Design de Produto e de Design Gráfico na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no curso de Design de Produto na Universidade Federal do Paraná e no curso superior de Tecnologia em Artes Gráficas do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Enquanto designer, trabalhou como chefe de arte numa indústria de ferragens e acessórios para móveis e, atualmente, tem desenvolvido diversos projetos gráficos na área de editoração, incluindo materiais gráficos para CDs, livros, materiais didáticos e materiais promocionais. Como pesquisador, vem se dedicando há alguns anos ao estudo da tipografia e, mais recentemente, ao estudo da educação de crianças e jovens por meio do design.





6 Vade-mécum de Tipografia

da segunda edição Logo que tive a oportunidade de lecionar uma disciplina relacionada à tipografia, comecei a indicar este livro, mas se esgotou no segundo ano. Desde então, com a autorização do professor Antonio Fontoura, os alunos começaram a fazer fotocópias. Em uma conversa de corredor surgiu a ideia de reeditar esta obra, que tem uma leitura agradável e, ao mesmo tempo, abrangente. Por estas características, serve muito bem como uma obra introdutória para os iniciantes em tipografia. Ao se tomar esta iniciativa de reeditar o livro, surgiu o convite para contribuir com algumas revisões, mas sem perder de vista o conceito do livro. Aproveitamos para dar uma nova cara à diagramação, privilegiando um pouco mais as figuras. Espero ter contribuído com a comunidade acadêmica dos que lecionam esta matéria.

Naotake Fukushima Verão de 2012


o começo no ocidente ............................. 9 composição com letras ...........................13 medidas tipográficas .............................17 desenho tipográfico .............................. 23 a ilusão visual na tipografia .................. 29 para se criar um novo alfabeto ...............37 termologia .......................................... 43 legibilidade ..........................................53 reconhecendo os tipos “clássicos”........... 66 classificação dos tipos ...........................72 sistemas de classificação de estilos ..........76 acentos gráficos e pontuação ..................78 exercícos práticos................................. 80 revistas e jornais ................................. 84 dicas quentes ...................................... 86 referências .......................................... 88




38 Vade-mécum de Tipografia

Cada família tem o seu próprio nome e algumas são muito famosas. Como exemplos, temos a Futura, a Univers, a Helvética, e algumas recebem o nome de seu criador, como a Garamond e a Bodoni. Algumas famílias de tipos têm mais aceitação do que outras. As letras Roman e Garamond, por exemplo, possuem um êxito tão grande que quase todos os tipos que vemos nos textos de livros, periódicos e revistas são variantes delas. Criar e desenhar um alfabeto não é tarefa fácil. A princípio, este trabalho exige um grande conhecimento dos tipos já existentes e, ainda, um depurado sentido gráfico e estético. Assim sendo, a estrutura e todos os traços componentes das letras deverão responder a características comuns “de família”. Todos os caracteres deverão seguir rigidamente algumas regras básicas para serem reconhecidos como pertencentes a uma mesma família, entre elas: todos os caracteres de um alfabeto devem estar inscritos em cânones de altura; possuir perfis grossos ou finos; seguir determinadas modulações nos traços; ter serifas mais ou menos agudas em suas extremidades ou não ter serifas; e serem largas (extended) ou estreitas (condensed).

As letras são comumente desenhadas em grandes formatos para posteriormente serem reproduzidas proporcionalmente em tamanhos menores. No desenho dos tipos, devemos manter relações de proporção entre as partes das letras, entre o tamanho das descendentes e das ascendentes e o tamanho do olho médio; entre a altura das capitais e a altura das minúsculas; entre as espessuras dos traços verticais e os traços horizontais; entre as letras retas e as letras redondas etc.

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Modus operandi de Robert SLIMBACH. Como designer de fontes, prefere primeiro esboçar o novo alfabeto no papel para ter antecipadamente uma ideia de como ficará depois de digitalizado. Uma vez definido o projeto, o processo mais longo e cansativo é expandir e refinar o conceito de uma família de tipos. Acima: 1. Detalhe do tipo desenhado por Slimbach. 2. Desenho a lápis. 3. letra redesenhada no illustrator®. 4. Fonte Utopia em versão final.


Para se criar um novo alfabeto 39

A fonte Helvética na versão condensada, outra comprimida por manipulação de escala forçando a condensação, versão romana, estendida por manipulação e a versão estendida. As diferenças entre estas letras mostram que as manipulações apresentam resultados indesejáveis. Estas imperfeições são mais facilmente percebidas em corpos grandes.

Apesar de difícil, desenhar tipos é algo fascinante. Por vezes, pode vir a ser decepcionante, pois para obtermos resultados consistentes é necessário conhecimento, dedicação e paciência. Desenhar um alfabeto, seja por meio dos métodos tradicionais ou informatizados, é um trabalho que exige precisão e pulcritude.

Helvetica Neue LT STD 57 Condensed

Helvetica Neue LT STD 55 Roman

Helvetica Neue LT STD 53 Extend

Novas fontes podem ser desenhadas, letra por letra, por meio de programas tais como o Fontlab®. Este programa permite criar novas fontes, bem como promover alterações nas já existentes. Letra “g” da fonte ITC Officina Sans STD by Erik SPIEKERMANN.

Desenho original

Padrão

Punção

Processo tradicional, do desenho do caractere ao impresso.

Matriz

Tipo

Impresso




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Fórmulas contemporâneas experimentais: • Desprezo à formação acadêmica como modo de assegurar uma genuína falta de metodologia racional. • Uso de fontes excêntricas e sobreposições para assegurar uma leitura difícil, com base na crença de que quanto menos legível mais experimental. • Uso de formas não ortodoxas, baseadas em uma suposta inversão dos valores cartesianos, promovidos pelo construtivismo e pelo racionalismo.

Regras existem para serem... Acima, poster de Wolfgang Weingart, um dos protagonistas e precursores de algumas das tendências de quebrar as regras. Ele desenvolveu na Suíça trabalhos de tipografia no final de 1960-70.

Exemplos de tipografia contemporânea experimental. Os primeiros dois exemplos são de David Carson na revista Raygun. Sobre Carson foi editado The End of Print, o livro mais vendido de design da história e que ainda continua influenciando gerações. O terceiro exemplo, de Neville Brody, que revolucionou a revista The Face, notadamente pelo seu uso da tipografia.


Legibilidade 65

A fonte “Glue”, de Jim Marcus, 1998. Disponível na T26 Digital Type Foundry, criada em 1994 para promover o desenvolvimento e promoção de design do tipo independente. A T26 é uma dos maiores referências em fontes independentes, com várias fontes premiadas. www.t26.com/

... quebradas !?

Título do suplemento da revista Gráfica n° 49 (2000), por Oswaldo Miran, apresentando vários trabalhos de designers brasileiros que demonstram claras influências de David Carson.

Acima, ilustração promocional para a fonte “Hand Made”, 2007, feita por Eduardo Recife. Esta fonte foi top10 do site MyFonts de 2008. Eduardo Recife é brasileiro e responsável pelo site www.misprintedtype.com, onde apresenta seus trabalhos e oferece algumas fontes gratuitas.



Naotake Fukushima

D

esigner Gráfico

Mari Inês Piekas

pela Universidade

Federal do Paraná UFPR - e Mestre em Design, também pela UFPR, na temática da sustentabilidade; Especialista em Marketing pela FAE Business School; Pesquisador no Núcleo de Design e Sustentabilidade. Foi idealizador e o principal responsável pela criação do Ndesign (Encontro Nacional dos Estudantes de Design), em 1991. Estabeleceu, em 1995, o escritório Nexo Design, que presta serviços de design gráfico. Em 1997 ingressou como professor na UFPR, onde leciona as disciplinas de projeto, sustentabilidade, tipografia e caligrafia. Atua no Centro de Design do Paraná como Diretor Técnico e foi presidente da Associação para o Design proDesign>PR na primeira gestão de 2009-2010.


O

objetivo deste livro é iniciar jovens estudantes do design e curiosos na arte da tipografia. Não tem a pretensão de esgotar

o assunto, trata-se mesmo de uma obra de iniciação. A ideia básica que norteou a elaboração do livro foi ofertar um pequeno guia, um “vade-mécum” de tipografia, algo que estivesse sempre à mão daqueles que buscam sanar dúvidas ou aquietar algumas curiosidades sobre o assunto. Teve sua origem nas anotações e na preparação das aulas sobre o assunto, proferidas pelo autor no curso de Design Gráfico na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O livro descreve de forma rápida e sucinta o começo da tipografia, aborda o uso das letras como elementos da composição gráfica, apresenta os sistemas de medição utilizados neste campo, expõe alguns recursos utilizados no desenho tipográfico, esclarece diversos termos frequentemente utilizados na tipografia, aborda a questão da legibilidade, apresenta os sistemas de classificação, anuncia alguns meios para o reconhecimento de tipos e, finalmente, inclui algumas recomendações para quem quer desenhar novas fontes. Esta segunda edição teve a colaboração do professor Naotake Fukushima, colega de trabalho na Universidade Federal do Paraná, que utiliza há muito tempo o livro em suas aulas. Novas legendas são acrescentadas a fim de auxiliar nas explicações e enriquecer o conteúdo, além de um novo capítulo com exercícios práticos direcionados a professores que queiram utilizar este livro como material de apoio nas aulas.


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