DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Edição nº 13 | Abril/Maio 2015
SUPERAÇÃO Miss de Indaiatuba vence câncer temido por Angelina Jolie
ESTRATÉGIA Dois chefs de cozinha ganham concursos e divulgam a cidade
CRISE
Esportistas lamentam perda do estádio do Guarani por dívidas
Camila Pitanga O esforço para manter a boa forma na novela das 9
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Revista Taperรก
EDITORIAL
NestaEDIÇÃO
A importância de acreditar
Dois chefs de cozinha de Salto vão da sofisticação à simplicidade para vencer concursos gastronômicos. Págs. 6 e 7
N
esta segunda edição da Revista Taperá produzida integralmente pela redação do jornal Taperá, o leitor verá uma reportagem especial sobre uma jovem que foi miss em Indaiatuba e que vai emocioná-lo. Aos 24 anos, Marcela Bonito Brigatto enfrentou o câncer raro temido pela atriz americana Angelina Jolie e venceu. A trajetória dela até se recuperar é um exemplo da importância de se acreditar. Muita gente se desespera quando se defronta com um problema grande demais e não são raros os que desistem antes de lutar, entregando os pontos e dando a vitória para o adversário. Marcela Bonito tinha tudo para isso: tinha sido Miss Simpatia do principal concurso da cidade, estava começando a vida e sempre foi uma pessoa atenta à saúde e por isso mesmo muito saudável. Mas quando a doença apareceu e ela viu o seu mundo desabar, se apegou na fé e nos seus valores espirituais e enfrentou tudo o que tinha de enfrentar com a firme disposição de vencer e viver. Um ano depois do aparecimento do problema, ela fez a última quimioterapia no início de março e está se preparando para voltar ao trabalho no Bradesco Prime, onde é gerente assistente. Ao longo do tratamento, esteve à beira da morte por duas vezes e podia ter perdido o namorado e amigos, mas, em vez disto, ganhou um companheiro de verdade e parceiros honestos de batalha. Conquistou ainda a amizade da mulher de um ex-namorado que fazia severas restrições a ela e o mais importante: uniu mais a sua família em torno do mesmo objetivo: a sua vida. A mensagem que Marcela deixa na entrevista resume tudo o que norteou a sua vida: “Quando você tiver um problema, não diga a Deus que tem um problema. Diga ao problema que você tem um Deus”. A edição tem também outra história de muita vontade de vencer. Camila Pitanga, protagonista da novela da nove da Rede Globo, fala das dificuldades e dos obstáculos que enfrentou e enfrenta na carreira. O leitor vai encontrar ainda muitos outros assuntos divertidos, informativos e que farão a sua imaginação viajar. Confira na lista ao lado um resumo das atrações desta edição e tenha uma boa leitura.
Um conjunto de empresas de Salto apoia o projeto da Prefeitura com o plantio de 1.166 mudas. Pág. 8 Cientistas revelam que o beijo reforça o sistema imunológico de quem é beijado. Pág. 9 Em “Gente Miúda”, uma avaliação da importância da ajuda dos pais aos filhos na hora de estudar. Pág. 10 O condomínio Lagos de Icaraí, da Investimentos Icaraí, atrai novos negócios no seu entorno. Pág. 14 Saltenses que viveram grandes histórias no Guarani falam da perda do estádio Brinco de Ouro. Págs. 24, 25 e 26 Em “Mundo Pet”, especialistas dão dicas para salvar cães e gatos em situações de emergência. Pág. 27 Em “Turismo” morador de Salto relata viagem que fez ao Marrocos, onde conheceu as medinas. Pág. 31 Salão mistura veículos “verdes” e carrões V8 em busca de ampliar a atração do público. Pág. 32 Em “Informática”, livro de filósofo aponta que máquinas vão superar a inteligência humana. Pág. 33
O Editor EXPEDIENTE
Publicação da Editora Taperá Ltda.
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Revista Taperá
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PERSONA
Eloy de Oliveira
Pato sofisticado Chef de cozinha de Salto troca o recheio da tradicional empada frita e garante vaga na final do concorrido concurso ‘Sabor de São Paulo’ Fotos: Divulgação
O chef de cozinha Daniel Fragoso Magalhães durante a participação no festival em Sorocaba
Fachada do restaurante Couto Minas, que funciona no bairro Terras de São Pedro e São Paulo
O chef de cozinha do restaurante Couto Minas, em Salto, Daniel Fragoso Magalhães, conquistou vaga na final da 3ª edição do Festival Gastronômico “Sabor de São Paulo”, realizado pelo governo do Estado, inovando na tradicional empada frita, símbolo da culinária local. “Fiz uma releitura do recheio mais conhecido, que é o de frango, colocando o pato no lugar. A ideia foi agregar sabor e diferencial ao quitute. Mas sem perder a tradição desse patrimônio cultural, que é a empada frita. Estou muito feliz com o resultado”, 6
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disse ele. Com o prato intitulado “Empada Frita de Pato com Redução de Porto Picante”, Daniel foi um dos quatro finalistas da etapa regional realizada em Sorocaba no último dia 12 de março, quando concorreu com representantes de mais nove municípios da região. Vitória anterior: Antes de chegar entre os dez concorrentes, Daniel já havia sido selecionado por um júri especializado. Escolhidos pela revista “Prazeres da Mesa”, que é parceira da Secretaria de Estado de Turismo no concurso, eles escolhem dez entre todos os inscritos. O festival objetiva revelar talentos da culinária paulista e fomentar, tornar público e perenizar os in-
Comidaderua
gredientes, as matérias-primas e os pratos típicos de todo Estado, levando em conta na análise a tradição, o preparo e os elementos típicos de cada região utilizados nos pratos. São mais 14 etapas regionais como a de Sorocaba que ocorrerão até novembro nas principais macrorregiões do Estado. Delas sairão 60 pratos (quatro em cada uma) para disputar a final, no Parque Villa Lobos, em São Paulo, com um público de 50 mil pessoas. Esperança mantida: Daniel Fragoso Magalhães diz que espera vencer o concurso para levar o nome de Salto ainda mais longe. Orgulhoso de produzir um prato típico da culinária local com o seu toque, ele afirma que a vitória, se vier, deverá projetar também o lugar onde trabalha. O restaurante Couto Minas funciona na Rua Estado do Mato Grosso, 10, no bairro Terras de São Pedro São Paulo. Ele foi inaugurado em 21 de dezembro de 2011 com o intuito de atender a cidade de Salto e também atrair o público da região que pedia uma casa especializada. Com estrutura aconchegante, ambiente climatizado e uma ampla área de estacionamento, o Couto Minas, pelas mãos do chef Daniel Fragoso Magalhães, é especializado em pratos típicos de Minas Gerais, o que inclui a famosa cachaça mineira e sobremesas caseiras.
O caminhão “Food Truck”, adaptado para a comercialização de comida nas ruas de São Paulo
Se o chef de cozinha do restaurante Couto Minas ganhou uma vaga entre os finalistas do concurso “Sabor de São Paulo” dando sofisticação a um prato típico de Salto, outro chef saltense, Leonard Conral, teve de simplificar para vencer o reality show “Food Truck – A Batalha”. O programa exibido pelo canal GNT colocou frente a frente, após uma longa jornada que teve a participação de outros 60 chefs, o chef de Salto e um chef argentino e os dois tiveram de mostrar quem vendia mais comida mexicana nas ruas de São Paulo. Leonard Conral fez valer as aulas de culinária ao redor do mundo que teve de ter para participar e venceu o programa dia 31 de março dentro de um “Food
A empada frita que ganhou recheio de carne de pato em vez do frango para conquistar o paladar dos jurados
O chef de cozinha Leonard Conral, que teve de vender comida na rua durante o reality show
Truck”, carro adaptado para a venda de produtos alimentícios, onde não só a comida, mas a fala foram diferenciais. Cada episódio enfoca diferentes tipos de comida. Os chefs só ficam sabendo o que terão de cozinhar durante a gravação. “Tive um contato direto com os clientes, que é algo que um chef não tem, e foi diferente, pois, além de cozinhar, tive de chamar a atenção das pessoas”, disse. Veja mais sobre o trabalho do chef Leonard Conral na fan page www.facebook.com/pages/leonardconral e também por meio da sua conta no Instagram no endereço: www.instagram.com/leoconral.
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MEIO AMBIENTE
Eloy de Oliveira
Produzindo água
Granova-Prata, Simoso, Casa & Base, Nardelli, Eucatex, Nutriplus, RG Sportswear, Sincro Web Designer, ATC Marketing e AB Concessões comemoram Dia da Água com plantio de mudas no Residencial Vila dos Eucaliptos As empresas Granova-Prata, Simoso, Casa & Base, Nardelli, Eucatex, Nutriplus, RG Sportswear, Sincro Web Designer, ATC Marketing e AB Concessões participaram, na manhã do dia 20 de março, do projeto “Produzindo Água”, criado pela Prefeitura de Salto, como parte das comemorações do Dia Mundial da Água, que ocorreu no dia 22, fazendo o 4º Plantio de Mudas no Residencial Vila dos Eucaliptos. Esse plantio foi realizado com a ajuda de alunos da rede pública municipal, principalmente do Cemus V, o que propiciou a esses futuros cidadãos uma aula prática de educação ambiental, com destaque para a importância da preservação do meio ambiente. Ao todo, o 4º Plantio de Mudas permitiu colocar na terra 1.166 Fotos: Divulgação
Proteção hídrica O projeto “Produzindo Água” foi lançado neste ano pela Prefeitura de Salto com o objetivo de realizar a proteção hídrica do município. O trabalho teve início no ano passado a partir da parceria realizada entre a Secretaria de Meio Ambiente e a empresa Granova -Prata. A proposta nasceu como uma forma de recuperação de nascentes em novos empreendimentos imobiliários e agora cresceu para apoiar, orientar e certificar proprietários de terras que visem reduzir a erosão e o assoreamento de mananciais em suas micro bacias. O secretário de Meio Ambiente da Prefeitura de Salto, João De Conti Neto, afirma que a escolha para iniciar o projeto foi a Fazenda São João do Buru, na bacia hidrográfica de um dos principais mananciais de Salto e que não possui mais áreas públicas com nascentes. Como a adesão é voluntária, as pessoas que se interessarem precisam fazer contato pelo telefone 4602-6370. A partir daí uma equipe faz a apresentação do que pode ser feito na área. O projeto prevê apoio técnico e estuda compensações ambientais e desonerações. O trabalho foca grandes empreendimentos imobiliários e o pequeno produto rural com áreas não foram modificadas, e quer aumentar a cobertura vegetal em sub bacias, criar micro corredores ecológicos, reduzir a poluição e a eutrofização (nutrientes em excesso na água).
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mudas, que serão agora cuidadas e preservadas para que cresçam e arborizem o empreendimento. O Residencial Vila dos Eucaliptos tem lotes de 200 metros quadrados cada e fica próximo ao bairro São Gabriel. O plantio de mudas de árvores nativas em área de manancial, como neste caso, visa a reabilitação de toda a área verde de preservação permanente. A primeira edição do plantio de mudas ocorreu no entorno da nascente que abastece o córrego objeto da preservação no local. Com a ação, as empresas participantes trabalham para gerar conscientização sobre a importância de a sociedade entender a sua responsabilidade como mantenedora e preservadora das Áreas de Proteção Permanentes e para produzir frutos efetivos com a recuperação da vegetação, o que vai ajudar a produzir água, como é a meta do projeto desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente.
CIÊNCIA
Gabriel Alves | Folha Press
Por que beijamos? Para cientistas, o beijo serve para testar e reforçar o sistema imunológico do parceiro De todos os comportamentos humanos, um dos mais curiosos é o beijo. Colocar a boca junto à de outra pessoa pareceu ser uma boa ideia em 90% de todas as culturas conhecidas, mas o comportamento é raramente visto em animais - até há algum contato labial aqui e ali, mas nada que pudesse fazer um observador indiscreto falar “uau, que baita amasso”. Alguns cientistas decidiram estudar o papel do beijo, como um grupo da Universidade de Oxford. Uma das principais descobertas é que a seleção de parceiros é mediada pelo beijo - os humanos parecem ter desenvolvido a capacidade inconsciente de analisar o sistema imunológico de um potencial parceiro sexual dessa maneira. Diferentes estudos com voluntários têm mostrado que o nível do hormônio oxitocina, relacionado com o afeto e com o desejo, sobe quando encontramos um parceiro com um sistema imune significativamente diferente do nosso. Faz sentido: provavelmente,
um eventual filho teria um sistema imunológico mais variado e, assim, provido de maiores recursos para se proteger de doenças. Pesquisas similares mostram também que homens, especificamente, conseguem ainda avaliar instintivamente os níveis de estrógeno - e, portanto, de fertilidade - da mulher beijada, apontou Helen Fisher, professora Universidade Rutgers, nos EUA. Tal fenômeno ocorre também pelos feromônios, moléculas que o corpo utiliza para enviar informações via olfato (o cheiro é criado pelo próprio corpo, ignore quem queira vender perfumes com feromônios que tornam qualquer um irresistível: eles simplesmente não funcionam). Outra explicação foi apontada por um grupo de pesquisadores holandeses. As bactérias da boca têm um papel importante no sistema imunológico humano, e eles descobriram que, quando um casal se beija, troca 80 milhões delas em apenas dez segundos --assim, o repertório de micróbios “do bem”
de cada uma das partes fica cada vez mais variado e robusto. Essa noção do beijo como reforço do sistema imunológico, de um ponto de vista evolutivo, pode ter se desenvolvido a partir de um comportamento comum no reino animal: a mãe que mastiga os alimentos antes de passá-los pela boca aos filhotes. Até mesmo a “estratégia” de aumentar a intensidade do beijo aos poucos ajuda o corpo a “engrenar os motores imunológicos”, e se proteger, por exemplo, contra o citomegalovirus humano, que pode causar febres e dores. Perigo - Nem tudo é cor-de-rosa, porém. Por trás de um beijo podem se esconder alguns perigos como a mononucleose e doenças respiratórias. Conhecida como doença do beijo, a mononucleose é uma doença viral que afeta especialmente os jovens, recém-ingressantes na prática. “O organismo ainda não está preparado para a exposição”, diz a infectologista Graziella Hanna, do Hospital Santa Cruz. A médica ainda diz que outras doenças como herpes também são transmitidas pelo beijo e, de certo modo, é difícil escapar. “Quase toda população adulta já teve contato com o vírus”. Pela proximidade entre os rostos, também há chance de transmissão de doenças respiratórias como gripe e tuberculose. Apesar de tudo, a médica diz a precaução que deve ser tomada é evitar o contato na presença de sintomas respiratórios como espirros, secreção nasal e tosse. Outra descoberta científica, esta ainda um pouco mais misteriosa, se refere ao maior desejo feminino por beijos. Um pesquisador da Universidade do Estado de Nova York acompanhou mais de 500 casais e descobriu um repetitivo padrão: as mulheres valorizavam mais o beijo do que os homens, tanto antes do sexo quanto no longo prazo, em relacionamentos antigos. Para a sexóloga Débora Pádua, sem o beijo é mais difícil progredir para a excitação, onde já há alterações fisiológicas como a lubrificação na mulher, por exemplo. “Os casais têm que incluir o beijo no dia a dia, não só antes do sexo. No começo é mecânico, mas isso acaba criando uma nova e melhor rotina. Se as mulheres pensassem mais em sexo, o mundo seria melhor... E os homens mais felizes”, diz. Revista Taperá
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GENTE MIÚDA
Mateus Luiz de Souza | Folha Press
Uns estudam em casa sozinhos, outros, só com o apoio dos pais
O limite da ajuda da família nas tarefas escolares é polêmico A volta às aulas não é hora apenas de rever os amigos, mas é também o momento de encarar um novo ano na escola, muitas vezes com mais lições de casa, trabalhos e provas. Então surge a dúvida: o ideal é fazer essas tarefas sozinho ou vale pedir ajuda para os pais? “Como sou bastante ansiosa, tento resolver logo as dúvidas com minha mãe”, diz Maria Luiza dos Santos, 11. “Já aconteceu de eu não entender um exercício de matemática e pedir ajuda pelo celular. Ela foi me explicando enquanto dirigia o carro”, conta a garota. O assunto gera debate entre especialistas. “Os pais têm que estar presentes. Mas só devem agir quando a criança tiver dificuldade”, diz a pedagoga Teresa Schneider. Já um estudo da Universidade Harvard, de 2013, sugere que o auxílio dos adultos não melhora o desempenho dos filhos na escola a longo prazo. A conclusão foi tema de coluna de Contardo Calligaris, na Folha, em agosto do ano passado. “O envolvimento dos pais não tem efeito constatável”, escreveu. hora do estudo “Minhas amigas costumam estudar sempre com os pais, mas acho que elas deveriam fazer isso sozinhas”, fala Manuella Silva, 8. Como sua mãe trabalha e passa o dia todo fora, a garota e o irmão, Kevin, 11, costumam fazer os deveres da escola sem ajuda. Luis Henrique, 8, também evita o auxílio dos adultos. Mas, quando o assunto é matemática, não tem jeito. “Procuro minha mãe, principalmente nas contas difíceis”, conta. Para a psicóloga Daniella Freixo de Faria, é importante deixar a criança sentir que conseguiu resolver o problema. “É como a bicicleta. Na hora que você tira a rodinha, vai sozinho.” É o caso de Maria Luiza. Ela tem diminuído a frequência com que pede ajuda à mãe. “Brinquei de dar aulas para bichinhos de pelúcia. Isso me ajudou.” 10
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ELEGÂNCIA FEMININA
Eloy de Oliveira
Majurye Modas Quando os empresários Eliedson Alves Miranda e a esposa Majurye Mantovani Andreo Miranda montaram a loja especializada em roupas finas para mulheres em Salto, que leva o nome dela, no mês de abril de 2010, a maior preocupação era com os desafios do negócio próprio. Cinco anos depois, com o nome já consolidado e uma clientela que só cresce, os dois comemoram o sucesso colocando para si mesmos novos sonhos: “Agora a ideia é encontrar um prédio maior para atender melhor e montar filiais em Itu e Indaiatuba”, diz ele. O que não mudou nesses cinco anos foi a confiança que eles tinham no nicho que escolheram e no retorno que conseguem.
planeja ampliações para novos mercados
Prova disso é que, mesmo depois desse tempo, só há três ou quatro concorrentes. Além disso, eles detêm a confiança de 16 marcas especializadas. “Tivemos uma boa experiência vendendo de porta em porta desde 2007. Mas o nosso diferencial está na qualidade, na atualização de moda e no atendimento, que conseguimos com fornecedores do Paraná e sul, pesquisas constantes e treinamentos de funcionários”. Nas roupas, a loja vende Hapuk, Marian, Via Caruso, Titanium, Base Café, Laura Rosa, Fasciniu’s, Puro Sharmy, Jany Pim, 100 Igual Jeans, Program, Camisaria Chemizz, SKS de Luxe, Nítido Jeans, Row-an e Zunna Ribeiro e na área de bolsas: Pierre Cardin, Vogue e Chenson.
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SAÚDE
Eloy de Oliveira
A segunda chance Miss de Indaiatuba passa, aos 24 anos, pelo câncer raro de ovário que Angelina Jolie tanto teme e um ano depois consegue vencer a batalha O que você faria, se menos de um ano depois de ser eleita Miss Simpatia na disputa da Miss Indaiatuba, que representaria a cidade no concurso Miss São Paulo, descobrisse que tinha um câncer raro, agressivo e se alastrando dentro de si em altíssima velocidade? A resposta de dez entre dez jovens com os mesmos 24 anos de Marcela Bonito Brigatto, a miss em questão, é a mesma: eu morreria. Mas ela fez o inverso: lutou para restabelecer a saúde e agora, um ano depois da descoberta da doença, está prestes a voltar ao trabalho no Bradesco Prime, de Indaiatuba, onde é gerente assistente. O câncer que acometeu a ex-miss foi do mesmo tipo que levou a atriz americana Angelina Jolie a retirar os seios há dois anos e recentemente os ovários e as trompas de Falópio como forma preventiva, já que perdeu a mãe e a avó para a mesma doença. Saudável: Marcela Bonito nunca imaginou ter a doença. Sempre foi uma pessoa saudável. Praticava atividades
Marcela Bonito Brigatto com o sobrinho no colo e toda a família reunida
físicas, era vegetariana e realizava exames regulares. Fazia até zumba no Indaiatuba Club. E foi graças ao cuidado que descobriu em um exame de rotina. “Apareceu um nódulo no útero. A médica disse que se crescesse investigaria. Não liguei porque tinha outro no seio havia cinco anos. Ele nunca cresceu. Só que quatro meses depois, o nódulo tinha dobrado de tamanho e apareceu outro no ovário. Fiquei em pânico”, disse ela. Calvário: A partir dali, foi encaminhada a um especialista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Um ano depois de ser eleita miss entrava para uma cirurgia de 13 horas e meia para Segurando as flores e ostentando a faixa do concurso de Miss Indaiatuba
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a retirada do nódulo e, ao sair, a pior notícia para ouvir: era câncer e raro e agressivo. “O médico disse que eu teria de tirar o útero, as trompas e o ovário. Ele estava estágio avançado. Tinha subido para a bexiga. Em 15 dias se espalharia pelo corpo todo. Na hora, o que eu mais senti foi a dor de não poder ser mãe nunca mais. Era o meu sonho de menina”. A morte ronda: Dez dias depois, veio a retirada. O médico colocou um cateter embaixo do seio. Um mês depois, Marcela iniciou a quimioterapia pelo cateter e pela veia com remédios em doses mais altas que o normal. “Como sou jovem, eles acharam que agüentaria”. Não aguentou. Na metade do tratamento, em 13 de janeiro deste ano, o intestino parou, o rim parou e a bexiga parou. Ficou internada nove dias. O médico identificou o remédio que causou a crise e o trocou. Uma semana depois
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Quando você tiver um problema, não diga a Deus que tem um problema. Diga ao problema que você tem um Deus”. suas plaquetas caíram a quase zero. O retorno: “Como estava fraca, o novo remédio foi mais tóxico. Tive de fazer uma transfusão de plaquetas. Aí apareceu uma anemia. As plaquetas voltaram ao normal na quarta-feira de cinzas. A anemia não passou. Fiz uma transfusão de sangue. Finalmente, retomei as químios”. Para evitar novos problemas, o médico fracionou as doses do remédio. Não houve mais intercorrências. Ela terminou as químios no início de abril. Agora fará novos exames, mas o médico já disse que deverá voltar ao trabalho e, aos poucos, retomar a sua vida normal.
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O baque da químio foi grande. Mas o duro foi perder o cabelo. A perda do cabelo decreta que você está doente”.
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Minha mãe disse chorando: se Deus quiser levar um dos meus filhos, que me leve um minuto antes”.
Com a mãe Solange e a avó Mercedes, companheiras de todas as horas
‘Escolhi que queria viver e me deixaram viver’
Depois que descobriu o câncer, Marcela Bonito Brigatto relata que viveu momentos de revolta e de desesperança e, ainda internada, viu em sonho um senhor quase careca que nunca tinha visto antes. “Ele me disse que estavam todos prontos para me receber. Mas que eu podia escolher ficar, se quisesse. Só que seria muito difícil. Eu escolhi que queria viver e me deixaram viver”, disse ela. Espírita, ela acredita que a sua fé e a fé da sua família, do namorado Vinicius Valeck e dos seus amigos a ajudaram a vencer. “No começo questionava por quê eu? Mas depois entendi: por quê não eu?”. Para ela, sempre existe um porquê que um dia vai descobrir. Hoje o que importa é que resgatou a vida. Ela relata que disse para o namorado a deixar e ele não só ficou como a acompanha em tudo. Outra conquista foi a mulher de um ex-namorado. Ela namorou o irmão do namorado da irmã por cinco anos antes de Vinicius. Hoje ele é casado e a mulher o proibia de ver Marcela e bloqueava suas ações. Com a doença, elas ficaram amigas e hoje o ex-namorado e a mulher a visitam com a filha e acompanham seu tratamento. “Apagamos uma mágoa sem sentido e eu ganhei uma nova amiga”. Além dessas conquistas, Marcela já fez dois desfiles como modelo careca: para a Vollac, entidade que cuida de mulheres com câncer, no dia 9 de março, e para a ExpoNoivas, no dia 22 de março.
Desfilando careca para a Vollac: “Conheci muitas histórias iguais a minha nesse dia”
Ao lado do namorado Vinicius Valeck: “Quando disse que ia morrer, ele falou não ia porque estava no Einstein”
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Gerando investimentos
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Sucesso de vendas, o empreendimento
Lagos D’Icaraí
proporciona novos projetos no seu entorno que vão criar um complexo em Salto Fotos: Divulgação
Lançado em setembro do ano passado, em Salto, o empreendimento Lagos D’Icaraí, desenvolvido pela empresa Investimentos Icaraí, está gerando novos projetos no seu entorno que vão transformar o local em um complexo, como o Colégio Anglo e ainda um futuro centro comercial na Avenida Brasília, ambos junto à entrada do loteamento. Para o sócio-diretor da Investimentos Icaraí, Renato Botti Monteiro, a atração de novos negócios está atrelada ao diferencial do empreendimento, que “é um marco na história de Salto pela localização privilegiada (na região noroeste da cidade) e pela beleza natural de seus quatro lagos e nascentes, que deram origem ao nome”. Além da localização e dos lagos, o loteamento possui 2,6 quilômetros de pista de caminhada e 2,7 quilômetros de ciclovias, o que significa a possibilidade de os novos moradores cuidarem bem da saúde, além de uma central de monitoramento de segurança, que conta com 40 câmeras espalhadas por pontos estratégicos e ligadas 24 horas por dia. O loteamento é fechado e conta com um total de 670 lotes. Para se ter uma ideia do sucesso de vendas, ele foi aprovado pela Prefeitura de Salto em setembro de 2014 e já tem 65% dos lotes comercializados. Desses, 20 casas já foram edificadas e
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outros 40 projetos estão em fase de aprovação, devendo começar a construção nos próximos meses. A Investimentos Icaraí está investindo R$ 8 milhões na construção do Colégio Anglo que complementará o empreendimento Lagos D’ Icaraí e todo o bairro onde ele está instalado. Renato Botti Monteiro diz que será uma escola moderna, de alto nível educacional, para 1.200 alunos do maternal até o vestibular, com funcionamento em 2016. O loteamento receberá ainda uma sede social com campo de futebol que atenderá aos moradores dos jardins D’Icaraí, Sol D’Icaraí e Lagos D’Icaraí. A Investimentos Icaraí trabalha paralelamente no projeto de 83 casas (sobrados) para o futuro Villaggio Icaraí, com conceito revolucionário de arquitetura e disposição de casas e áreas de lazer.
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MODA & BELEZA
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Isabela Veronezi
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ENTREVISTA
Divulgação/Globo
Eloy de Oliveira, com colaboração da TV Globo
Camila Pitanga SEDUÇÃO PELA BELEZA
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uem vê Camila Pitanga caminhando pela praia do Leme, na zona sul do Rio de Janeiro, não tem ideia do esforço que ela faz para manter essa boa forma, que vem chamando a atenção na nova novela das nove da TV Globo, “Babilônia”, trama de Gilberto Braga. Aos 37 anos e mãe de Antônia, a atriz se confessa escrava da balança. Para fazer a novela, na qual a personagem usa roupas coladas e shortinhos curtos, ela intensificou a ginástica e reformulou a alimentação. “Não dá para descuidar na televisão”, diz. Mas o que mais tem ocupado a sua atenção é a personagem Regina Rocha, uma mocinha ácida, que parece estar de TPM em 100% do tempo e que vive contra o mundo 24h por dia, já que é a protagonista que atrai público para a novela e uma mocinha
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assim não é atraente. Além disso, a novela enfrenta um boicote de alguns setores da sociedade devido à abordagem de dois temas polêmicos: o homossexualismo e a prostituição, sobretudo envolvendo duas mulheres idosas no que se refere ao relacionamento do mesmo sexo. Filha do engajado ator Antônio Pitanga e com infância bem popular (chegou a morar por um ano no Morro Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro), Camila Pitanga critica a desigualdade de tratamento entre homens e mulheres, acredita na família e reclama da falta de tempo.
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Revista Taperá - Gilberto Braga, autor da novela “Babilônia”, criou para você uma personagem muito chata. Como é fazer esse papel? Camila Pitanga – Olha, a Regina fica de cara amarrada, xinga, briga, esperneia, dá tapa na cara dos outros, se irrita com todo mundo, mas no fundo ela não é essa pessoa ácida, que parece estar de TPM em 100% do tempo e que vive contra o mundo 24h por dia. A Regina não é uma personagem de ficção. As “Reginas” existem por aí, pelo Brasil afora. São mulheres arrimos de família, que cuidam dos filhos, da casa, das contas. Que vivem na simplicidade e na adversidade. Mas que estão sempre suando a camisa e com muita alegria. Na primeira fase não deu para perceber a Regina como uma mulher vibrante por causa das dificuldades que ela tinha de enfrentar. Mas agora ela já está em outra fase. Agora ela está apaixonada. Está certo que em todo folhetim não existe estabilidade ou maré mansa antes dos últimos capítulos. Mesmo assim, é um momento novo. Agora ela não fica chorando o tempo todo. Na verdade, a Regina é como eu: vai sempre à luta. Revista Taperá – Você acha que essa personagem tem a ver com o momento político e econômico que o Brasil atravessa? Camila Pitanga - Estamos vivendo um momento em que o que mais se noticia no país é a leviandade e a corrupção. Mas acredito que essa não seja a nossa maior característica. A corrupção está em todos os países, não só no Brasil. A Regina, minha persona-
gem, traz um pouco desse clima. Ela valoriza o que a gente tem de bom, porque, se deixar, vamos perder a nossa autoestima. Estou apostando que a Regina pode resgatar o otimismo, a autoestima brasileira. Se eu puder fazer isso com este meu trabalho, vou me sentir de alma lavada. Revista Taperá – A novela “Babilônia” vem enfrentando alguns boicotes devido aos temas abordados, como o homossexualismo e a prostituição. Você é a sua mocinha pode melhorar os índices?
Camila Pitanga - Confio muito no nosso trabalho e na trama do Gilberto Braga. Acho que intolerância e boicote são ingredientes, mas eu não trabalho em cima disso. A minha opinião é irrelevante nesse quesito. O que tem de relevante para mim é o tesão e a alegria que
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Sobre beleza e corpo
Não me acho tão bonita como dizem. O sol da Bahia é que faz essas coisas”. “Faço ginástica de duas a três vezes por semana e cuido da alimentação, tendo hábitos saudáveis”
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a gente tem de fazer esse trabalho. Isto ninguém tira. A Regina é uma colagem de todas as mulheres que eu conheço e que têm essa forma de ver e levar a vida. Acho que seria leviana se falasse só de uma. Estou dando voz a essas mulheres batalhadoras. A protagonista é quem chama público para a novela. Mesmo assim, as antagonistas também têm esse papel e nós temos na novela duas atrizes que são históricas nesse tipo de papel. Além disso, tem outra questão: a gente está vindo de um grande sucesso, que foi “Império”. É como se o público estivesse saindo de um casamento. Até querer se apaixonar por outra pessoa, demora. Mas confio. É uma questão de tempo. Revista Taperá – Sua personagem é uma mulher pobre e batalhadora. Você buscou inspiração em alguma coisa da sua vida para compô-la? Afinal, você morou no Morro da Mangueira, não é? Camila Pitanga – Morei um ano no Morro Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro. É claro que sempre carregamos coisas da nossa vida. Minha avó era lavadeira e cuidou sozinha de três filhos. Para mim, esse foi um dos maiores exemplos. Basta você pensar que naquela época as condições e os direitos de trabalho eram completamente adversos para alguém como ela: mulher solteira,
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Comportamento
Acho ruim ser feliz sozinho. É muito melhor ser feliz junto com as outras pessoas” “Não me coloco como mais importante. Isso é burro porque acabo perdendo oportunidade de estar com as pessoas. Perco a oportunidade de trocar, de amar, de me relacionar. A minha vida é na simplicidade”
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com três filhos, que trabalhava em casa de família e lavava roupa para outras pessoas. Revista Taperá – Você acha que a situação de mulheres como a sua avó melhorou nos dias atuais? Camila Pitanga – Hoje as coisas estão um pouco diferentes. Temos muitas conquistas, principalmente se comparadas com a vida que a minha avó teve. Mesmo assim, falta muita coisa ainda. Uma coisa que me incomoda é que a gente vê que no mercado de trabalho tem uma grande diferença de tratamento, de jornada de trabalho, enfim uma desigualdade grande entre homens e mulheres. Revista Taperá – Como é a Camila Pitanga no seu dia a dia? Você faz muita ginástica? Qual é o segredo para ter essa forma?
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Valores
Nada na minha vida é mais importante do que a minha filha. A Antônia é a minha paz. É minha maior referência de que tudo está bem” “O teatro para mim é transformador. Estamos o tempo inteiro em busca de uma nova pergunta, de uma nova resposta, de uma nova maneira de entrar. Eu adoro isso”
Camila Pitanga – Olha, procuro me manter sempre para cima. Mas tenho meus dias “jururus” também. Quem não tem, não é? (risos). O importante é valorizar o melhor do ser humano. Tenho uma filha de seis anos, a Antônia, que é um amor, e um maridão para cuidar (o ator Sérgio Livieiro). Valorizo a família. Acredito na instituição. Eu e o Sérgio sempre procuramos passar conceitos sobre direitos e deveres para a Antônia. O respeito mútuo porque está todo mundo no mesmo plano. Em relação ao corpo, estou me cuidando muito mais agora. Afinal, estou com o corpo mais exposto. Não dá para descuidar na televisão. Quando se faz teatro a gente relaxa um pouco, mas na TV não dá. Mesmo assim, estou me sentindo bem (risos). Intensifiquei muito a ginástica nos últimos meses para encarar a praia e as cenas de roupas coladas e shortinhos curtos. Agora estou malhando na medida do possível por causa das gravações. Tento ir pelo menos três vezes na semana, durante uma hora, no mínimo. Estou fazendo treino funcional com o professor Juri Garahsi, que tem um estúdio no Horto, (zona sul do Rio). Esse treino é uma mistura de crossfit com pilates e exercícios de aikido (arte marcial japonesa). Acho um treino bem completo. Ele está me ajudando bastante para ter mais disposição física. Sempre que vou fazer uma novela, intensifico a ginástica e cuido melhor da alimentação. Sou
meio escrava da balança. Mas gosto de comer coisas saudáveis, como saladas e sopas. Minha nutricionista, Isabel Jereissati, fez um cardápio especial para eu poder me controlar melhor. É que eu sou boca nervosa (risos). Quando estou trabalhando, como menos, mas não sigo uma dieta específica. Não faço nada radical. Como produtos orgânicos, evito carne vermelha durante a semana, tomo suco verde e água morna com limão pela manhã. O que falta mesmo é tempo para poder viver melhor, estar com a minha família e fazer as minhas coisas. Essa parte também ajuda a ter uma saúde melhor, um corpo melhor. Revista Taperá – Está usando megahair ou é seu cabelo natural? Camila Pitanga – Na primeira fase da novela, quando minha personagem estava com os cabelos bem compridos, usei apliques. Agora são só os meus cabelos naturais. O único detalhe a mais é que clareei as pontas para dar o efeito queimado de sol. Mas é tudo meu. Original e nada comprado (risos). Acho que tudo compõe a personagem. A Regina é a típica carioca. Ela usa muitas roupas coloridas, shortinho jeans, blusa soltinha e vestido estampado. Sem falar nos brincões e cordões. Esse é o lado natural e despojado dela. Do ponto de vista de comportamento, me identifico muito com a Regina quando vejo algum tipo
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Fé e humanidade
Na minha opinião, Deus é uma ficção. O homem tem essa necessidade de se projetar em uma coisa universal” “Sempre vão existir diferenças, que podem ser saudáveis, desde que haja respeito. O princípio do respeito e do amor acaba criando uma liga mesmo com as diferenças”
de injustiça. Para mim, ninguém deve sofrer ou ser machucado. Vou lá e ajudo. Gosto de ser solidária e de fazer bem ao outro. No Chapéu Mangueira (zona sul do Rio), vi e vivi a solidariedade das pessoas, esse espírito de companheirismo e amizade. Até hoje que não moro mais lá, quando alguém chega na comunidade, é abraçado de verdade. Esse é o meu lugar.
Estreia como atriz foi aos seis anos Camila Manhães Sampaio, que adotou o nome de Camila Pitanga em homenagem ao pai, o ator Antônio Pitanga, começou a carreira de atriz aos seis anos, em 1984, como figurante do filme “Quilombo”. Aos 11 anos tornou-se Clubete, uma das assistentes de palco da apresentadora Angélica no “Clube da Criança”, da extinta TV Manchete, e estreou interpretando na TV Globo em “Sex Appeal”. Participou da novela “Fera Ferida” em 1993, mesmo ano em que a minissérie foi ao ar. No cinema, seu primeiro trabalho atuando foi no longa-metragem “Super Colosso”, produzido em 1995. Com a índia Catarina Paraguaçu, na microssérie “A Invenção do Brasil”, em 2000, ganhou seu primeiro papel de destaque. Nesse mesmo ano, foi uma das protagonistas da série “Garotas do Programa”. No ano seguinte interpretou Esmeralda, na novela “Porto dos Milagres”. Em 2002, protagonizou a minissérie intitulada “Pastores da Noite”, exibida dentro da série Brava Gente. Em 2003, atuou como a médica Luciana, de “Mulheres Apaixonadas”, onde fazia par romântico com Rodrigo Santoro. Os dois demonstraram química e as cenas de amor e ódio deles ainda estão no Youtube.
Já no ano de 2005 despontou em “Belíssima” como Mônica Santana, irmã do personagem André. Em 2007, após a recusa da atriz Mariana Ximenes foi a prostituta Bebel de “Paraíso Tropical”. Essa personagem foi o seu melhor papel até hoje. Bebel foi sua segunda antagonista. O autor Gilberto Braga chegou a duvidar que Camila conseguiria desempenhar bem o papel. Durante a trama, a atriz recebeu convite para posar nua para a revista Playboy graças ao apelo sensual da personagem. Mas ela afirmou que não tiraria a roupa para nenhuma revista masculina. Em 2008 apresentou o musical “Som Brasil” e substituiu a atriz Luana Piovani no seriado dominical “Faça sua História”. Entre 2009 e 2010 viveu sua primeira protagonista de novelas, em “Cama de Gato”. Em 2011, atuou em “Insensato Coração”, como a publicitária Carol, fazendo par romântico com André Gurgel, personagem de Lázaro Ramos, e envolve-se também com Raul Brandão, de Antônio Fagundes. Em 2012, retornou como apresentadora do “Som Brasil” e foi escalada para protagonizar a novela “Lado a Lado”, junto a Marjorie Estiano. Agora é a protagonista Regina Rocha em “Babilônia”. Revista Taperá
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ESCOLA
Ana Maria Basso Pinheiro Ratt*
Educação infantil, alicerce para a vida toda Veja dicas importantes para dar ao seu filho o melhor na fase em que ele mais precisa e mais aprende, a fase dos primeiros anos de vida O desenvolvimento da criança é extremamente acelerado nos primeiros anos de vida. É por isso que é muito importante oferecer uma boa educação infantil. É nesta fase que tudo acontece. As descobertas, a busca pelo novo ou pelo diferente, o aprender a respeitar, o saber
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esperar a vez, o saber ouvir e o saber dividir. Nesta fase, a criança passa pelo egocentrismo, no qual acredita que tudo gira em torno de si mesma. E quando essa fase acaba? Ainda dentro da idade da educação infantil, por volta de 3 a 4 anos, é quan-
do termina a fase inicial. Daí a importância de se trabalhar o lado social, afetivo e emocional, para que a criança aprenda como deverá resolver problemas por toda vida. As crianças que são privadas de estar em contato com outras crianças deixam de vivenciar tudo isso e, quando são
apresentadas ao mundo das letras, encontram-se em dificuldades, pois não têm domínio de uma vida em sociedade. O mundo das letras percorre a vida estudantil por muitos anos, porém a formação do caráter acontece no início da vida de uma criança.
Ana Maria Basso Pinheiro Ratt, diretora do Colégio Dom Pedro
Na educação infantil, os alunos encontram-se na fase das oportunidades. Tudo o que lhes oferecemos, eles assimilam com muito mais facilidade. É por isso que as equipes Dentinho de Leite e Colégio Dom Pedro partem do princípio de que toda criança é capaz, dentro do seu tempo e do seu limite. É necessário apenas respeitar cada um na sua individualidade e a inserir no mundo do faz de conta com amigos e brincadeiras, onde aprende a resolver problemas e a respeitar o próximo. O desenvolvimento de uma criança pode ser comparado a uma casa: a base mais importante é o alicerce. Na educação infantil esse alicerce é a principal base para a construção da personalidade e a aquisição de valores, como solidariedade, respeito, convivência, verdade e muitos outros. *Ana Maria Basso Pinheiro Ratt Com colaboração das professoras Cleide Freire Santos e Thais Mirella de Oliveira
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ESPORTES
Valdir Líbero
Saltenses falam da ligação com o
Estádio
“Brinco de Ouro” Joia do futebol brasileiro, que pode desaparecer em Campinas
Prestes a completar 62 anos de existência, o Estádio Brinco de Ouro da Princesa, patrimônio do Guarani Futebol Clube e um dos símbolos do futebol brasileiro – principalmente fora das capitais - pode deixar de existir, num futuro breve. Para cobrir as dívidas do clube, que segundo informações divulgadas na imprensa campineira, está na casa dos R$ 70 milhões, grande parte por ações trabalhistas, o imóvel chegou a ser leiloado recentemente, sendo inclusive arrematado por uma empresa do Rio Grande do Sul por R$ 105 milhões. Após o leilão, houve recurso na Justiça, questionando desde o valor real do imóvel, até a legalidade, uma vez que parte daquele patrimônio foi cedido em comodato pela Prefeitura, que com a venda perderia o sentido inicial, voltado para o esporte. Cogitou-se, inclusive, caso seja oficializada a venda, a construção de um shopping naquela região nobre de Campinas. Recentemente, a mesma empresa arrematante do “Brinco de Ouro” admitiu construir uma nova arena para o Guarani mandar seus jogos, em local ainda não definido. Em meio às polêmicas, paixões de torcedores e impasses judiciais, procuramos “personagens” saltenses que em algum momento da vida tiveram uma relação estreita com o Guarani e, consequentemente, com aquele patrimônio histórico do futebol brasileiro. Além dos enfocados na reportagem, existem mais dois
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Revista Taperá
saltenses de nascimento com ligações com o Bugre, em épocas distintas. Um deles é João Serapião Aguiar, psicólogo, um dos pioneiros desta profissão atuando no futebol (e já no Guarani), no início dos anos 70, permanecendo no clube por vários anos. Já nesta temporada 2015, o atacante saltense Rafael Malaquias defendeu o Bugre no Campeonato Paulista da Série A2, fazendo até boa campanha, mas insuficiente para recolocar o clube na elite do futebol paulista. Além disso, hoje o Guarani está na Série C do Campeonato Brasileiro, bem distante das glórias vividas na elite do país, principalmente em 1978 quando foi Campeão Brasileiro em cima do Palmeiras, e em 1986, vice-campeão contra o São Paulo, do atacante Careca, por ironia do destino a maior estrela já revelada no “Brinco de Ouro”, em todos os tempos.
Nome foi dado por jornalista
O nome do estádio bugrino foi dado por um jornalista campineiro, João Caetano Monteiro Filho. Diz a história que ao ver as maquetes da obra, ele exclamou: “parece um brinco”, logo associando à denominação dada a Campinas, Princesa do Oeste. Daí o “Brinco de Ouro da Princesa”, uma “joia” de muitas histórias e recordações no futebol, agora com futuro absolutamente indefinido.
Gazeta Press
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Trabalhar no Guarani de Campinas foi tudo para minha vida profissional”
Nas vezes em que trabalhei no Guarani, o ‘Brinco de Ouro’ sempre foi minha segunda casa”
(Cláudio Frias, fisioterapeuta)
(Lino Fachini Junior, preparador físico e atual secretário dos Esportes em Salto)
O atual secretário dos Esportes da Prefeitura de Salto, Lino Fachini Junior, o Lininho, também viveu momentos marcantes na sua carreira profissional dentro do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, como preparador físico do Guarani. Ao todo, foram quase 13 anos, divididos em várias passagens, desde a chegada em 1984 até a última experiência por lá, em 2004. “Sempre que trabalhei no Guarani, o ‘Brinco de Ouro’ era minha segunda casa”, afirma Lininho. Segundo ele, suas maiores emoções vividas no “Brinco” ficam por conta dos tradicionais “dérbis” contra a Ponte Preta (clube que também trabalhou), além de duas finais históricas e dramáticas: Brasileirão de 1986 e Paulista de 1988. Nas duas, o Bugre perdeu, respectivamente para o São Paulo (nos pênaltis) e para o Corinthians (na prorrogação, com gol de Viola). “Após aquela derrota para o Corinthians, lembro que o nosso técnico, o Carbone, continuou no banco de reservas até quase 10 horas da noite (o jogo foi à tarde), parecendo não acreditar no que tinha acontecido. Eu que o levei embora”, relembra Lininho. “O Guarani tinha mesmo mais time que o
Corinthians, mas futebol não tem isso, é nas quatro linhas”, reconhece Lininho, lembrando que na época o Bugre tinha craques como Neto, Evair, Ricardo Rocha, João Paulo etc. Dentre os jogadores que mais marcaram suas passagens pelo Guarani, Lininho cita Evair, Djalminha, Julio César e Ricardo Rocha, além dos técnicos Zé Duarte, Carlos Alberto Silva, Vanderlei Luxemburgo etc. Na mesma temporada de 1988, o Guarani ainda tinha no elenco personagens que brilhariam no futebol, no Brasil e no mundo, como o volante Mauro Silva (Tetracampeão Mundial em 1994) e os então meias e hoje técnicos, Vagner Mancini e o consagrado Tite. Arquivo Pessoal
Lininho (no círculo), com a formação titular do Guarani na Final do Paulista de 1988: derrota para o Corinthians, de Viola
O experiente fisioterapeuta saltense, Cláudio Frias, está completando em 2015 40 anos de profissão, dos quais 18 trabalhados no Guarani de Campinas, em três passagens: 1980 a 1988, 1995 a 2000 e 2009 a 2014. Com isso, ele não esconde a admiração pelo clube que o projetou para o mundo do futebol, tendo inclusive trabalhado nestes intervalos na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes. “O Guarani foi tudo para minha vida profissional. Na primeira passagem foi por indicação do professor Pedro Pires (que trabalhou em Salto), na época para comandar a sala de musculação do Guarani, só depois que ingressei na minha área, a fisioterapia”, relembra Frias. Dentre as maiores emoções que viveu no “Brinco de Ouro”, como profissional, Frias destaca o vice-campeonato no Brasileirão de 1986 (quando o Guarani perdeu a decisão para o São Paulo, de Careca, nos pênaltis) e o vice-Paulista de 1988, vencido pelo Corinthians, com gol histórico na Final, do então garoto Viola. Das muitas amizades que fez por lá, Frias ressalta a com o então jogador e hoje técnico Vagner Mancini, com o volante Mauro Silva (Tetracampeão Mundial em 1994) e com o técnico Carlos Alberto Silva (que comandou o Bugre na sua maior conquista, Campeão Brasileiro de 1978). Além deles, Frias foi parceiro de “personagens” que se tornariam destaques do futebol brasileiro, como o atual técnico Tite, os hoje comentaristas Neto e Ricardo Rocha, além do atacante Evair, que fez história no Palmeiras. “O Guarani sempre foi um celeiro de craques, revelando vários jogadores para grandes clubes e para a Seleção Brasileira. Hoje, mesmo na situação delicada em que se encontra, ainda exerce um fascínio na garotada, é impressionante”, finaliza Frias.
Foto: Cláudio Frias/Arquivo Pessoal
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Se o ‘Brinco de Ouro’ desaparecer, vai ser difícil conter as lágrimas”
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(Tadeu Bergamo, Campeão Brasileiro com o Guarani em 1978)
(Chiquinho Pavanelli, ex-jogador)
Na principal conquista da sua história – Campeão Brasileiro de 1978 – até hoje a maior façanha de um clube considerado “pequeno” no Brasil, o Guarani tinha no seu elenco profissional o saltense Tadeu Bergamo, na época suplente imediato do lateral-esquerdo Miranda. Foi com aquele time, com Neneca, Zé Carlos, Zenon, Careca, Renato e cia., que Tadeu viveu suas grandes emoções, principalmente em jogos no “Brinco de Ouro”. No dia da Final, contra o Palmeiras, em Campinas, ele não foi relacionado, mas participou daquele momento histórico com os companheiros. No início do ano seguinte, porém, Tadeu viveria um “momento mágico”, quando entrou como titular no jogo em que o Guarani estreou a camisa com a estrela de Campeão Brasileiro, ao lado de todo o time titular. “O Brinco estava lotado, foi um jogo contra o Comercial de Ribeirão Preto pelo Campeonato Paulista”. Aliás, emoção foi o que não faltou desde a chegada do jovem Tadeu ao Guarani, para atuar ainda no chamado Juvenil “B”, ainda no início dos anos 70. Logo nos primeiros meses,
mesmo sendo da base, foi chamado a compor o banco de reservas, num jogo contra o Santos de Pelé. “Quando vi aquele estádio lotado, tive a dimensão do clube em que estava chegando, foi emocionante”, relembra Tadeu. Ao todo, com alguns períodos de empréstimo à Saltense (na época um time profissional), Tadeu ficou quase 6 anos no Guarani, o tempo todo morando em alojamentos em baixo das arquibancadas do “Brinco de Ouro”, sempre conciliando futebol com estudos, uma exigência do clube desde aquela época. “Ali eu vivi uma parte importante da minha vida, dos 16 aos 22 anos, convivendo com profissionais de alto nível, dentro e fora de campo. Se o ‘Brinco’ desaparecer, vai ser difícil conter as lágrimas”, disse Tadeu, lembrando parceiros da época como os craques Zé Carlos, Zenon, Careca etc. além dos técnicos Ladeira, Zé Duarte, Carlos Alberto Silva e do preparador físico Hélio Maffia.
Tadeu, ao centro, com Careca e Renato, na comemoração pelos 25 anos do histórico título do Brasileirão de 1978
Ter atuado na preliminar do último jogo do Pelé no ‘Brinco’, foi emocionante”
O ex-jogador profissional saltense, Francisco Pavanelli Neto, o Chiquinho, atuou nas categorias de base do Guarani de Campinas, nas temporadas 1973/74. Nesse período, viveu momentos marcantes dentro do “Brinco de Ouro”, como em 1974 no último jogo em que o Pelé atuou naquele estádio com a camisa do Santos. “Nós fizemos a preliminar, também contra o Santos, pelo Campeonato Paulista Juvenil. O ‘Brinco’ estava superlotado e o jogo principal empatou por 2 a 2, com dois gols do Pelé (aliás, os últimos do Rei com a camisa do Santos). Emocionante e inesquecível”, lembra. Dentre os jogadores da época, Chiquinho conviveu com vários que fizeram história no clube, como Amaral, Mauro, Estevam, João Marcos, Lola, Flamarion, Alfredo etc. Já entre os técnicos os que mais marcaram sua passagem pelo “Brinco” foram Ladeira e Zé Duarte. Em termos de conquistas, as maiores dele com a camisa do Guarani foram em 1973, com dois vice-campeonatos: Paulista Juvenil e a tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior, esta após vencer o Corinthians na Semifinal e perder a decisão para o Internacional (RS), ambos no Pacaembu. Arquivo pessoal
Fotos: Arquivo pessoal
Tadeu (3º em pé), titular com Guarani no dia da estreia do uniforme com a estrela de Campeão Brasileiro: AO LADO, posando com a faixa daquela conquista HISTÓRICA, no ESTÁDIO Brinco de Ouro DA PRINCESA
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Chiquinho (à dir. E NO DESTAQUE EM FOTO ATUAL), com Jarbas e Leão, na preliminar de Guarani x Santos, de Pelé, em 1974: “inesquecível”
MUNDO PET
Eloy de Oliveira
Como agir em emergências Quedas, brigas, atropelamentos, picadas, intoxicações, reações alérgicas, doenças pré-existentes: você sabe como salvar o seu cão ou gato em uma emergência?
É cada vez maior o número de pessoas que adotam um animalzinho de estimação no Brasil. O mercado Pet nacional é o segundo maior do mundo (perde apenas para os Estados Unidos) e movimenta hoje R$ 15 bilhões por ano. Por isso, a preocupação com os bichinhos é sempre grande. Se você tem o seu e ainda não sabe como agir em situações de emergência, vejas algumas dicas de especialistas abaixo. Diante de situações como quedas, brigas, atropelamentos, hipertermias, intoxicações, picadas de cobra ou aranhas, reações alérgicas/anafiláticas e/ou agravamento de doenças pré-existentes, a principal recomendação é manter a calma e procurar imediatamente um atendimento médico veterinário. Antes de ir ao médico, faça um contato telefônico e explique o que houve para fazer a coisa certa. Quedas, brigas ou atropelamentos: Se o seu animalzinho sofreu uma queda, briga ou atropelamento, é possível que ele esteja politraumatizado, com hemorragias internas e/ou dificuldade
respiratória. Nestes casos, o transporte ideal até o veterinário faz toda a diferença. Use uma manta ou toalha, deitando -o de lado sobre ela com o propósito de levantar as quatro pontas do tecido. Outra dica importante é lembrar que nesses casos o animal pode se tornar agressivo devido à dor do trauma, sendo assim, faça tudo com muito cuidado. Caso ele apresente alguma hemorragia visível, use bandagens compressivas no local. É possível encontrá-las facilmente em qualquer farmácia. No caso de convulsões, proceda da mesma forma. Hipertermias, ou seja, aumento da temperatura corpórea do animal, ocorrem com grande frequência devido à exposição ao calor excessivo, como insolações, ambientes quentes e fechados, transportes e principalmente em raças braquicefálicas – as de focinho achatado – que, anatomicamente, já apresentam dificuldade respiratória. Coloque o animal com o pescoço esticado para ventilar e o resfrie com água. Intoxicações podem ser acidentais ou intencionais. Eles podem se conta-
minar com venenos para ratos, baratas ou formigas. Em geral, os animais apresentam salivação, mal-estar, vômitos e/ ou diarreias, tremores e até convulsões. Neste caso, evite dar leite, pois ele não irá evitar a absorção do veneno. Identifique a origem e leve ao médico. Picadas de animais não são muito frequentes, mas, quando ocorrem, são muito perigosas. Em geral, cobras e aranhas provocam reações anafiláticas agressivas que podem levá-los à morte. Como no caso das intoxicações por veneno, identifique o agente/espécie e leve o animal imediatamente para o veterinário. A informação ajuda a salvar. Doenças pré-existentes: Mesmo que já estejam em tratamento, doenças pré -existentes, como cardiopatas, nefropatas, hepatopatas, podem se agravar, levando a possíveis descompensações. Se acontecer, não tente dobrar a dose das medicações ou esperar demais. Em vez disso, procure logo o atendimento emergencial para internação.
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GASTRONOMIA
Divulgação
Jonas Leite
Nesse universo gigantesco de pescados, destaca-se o salmão, pertencente à família dos Salmonidae, que também inclui as trutas, típicos das áreas frias da Eurásia e América. A Aquacultura produz especialmente a espécie Salmo Salar. O salmão do Oceano Atlântico volta do mar à água doce para retornar quase sempre ao mesmo rio que nasceu. Enquanto o salmão do Oceano Pacífico morre após a reprodução, o do Atlântico se reproduz mais de uma vez. Você sabia que a cor vermelha do salmão é devido a um pigmento chamado astaxantina? O salmão é basicamente um peixe branco. O pigmento vermelho é feito através de algas e organismos unicelulares que são ingeridos através dos camarões do mar; o pigmento é armazenado no músculo do camarão ou na casca. Quando os camarões são comidos pelo salmão, este também acumula o pigmento nos seus tecidos adiposos (gorduras). Como a dieta do salmão é muito variada, o salmão natural torna uma enorme variedade de cores desde o branco, um rosa suave até um vermelho vivo. Não podemos deixar de citar os ácidos graxos, o tão famoso “faxineiro” do nosso metabolismo, mais conhecido como Ômega 3. Mas, se acaso seu bolso não aguenta e seu orçamento está apertado, não se preocupe porque Deus é maravilhoso e acrescentou quantidade maior de Ômega 3 em nossa excelentíssima sardinha, sem deixar de esquecer do selênio, que é de total importância para nossa vitalidade. Sabemos que hoje os maiores produtores e consumidores do salmão são a China e a Ásia. Não é de se admirar porque eles chegam facilmente aos 100 anos de vida saudáveis; que lição! A organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) recomenda consumir 12 quilos de pescado/ ano, sendo que a nossa realidade atual é de 9 quilos por ano, que, diga-se de passagem, melhorou bastante em relação ao consumo de carne bovina. Chegou ao patamar de 30% a mais de pescados consumidos em relação à carne vermelha per capita anualmente. Infelizmente, o alto consumo de salmão criou uma moda e percebeu-se que poderia haver muito lucro nessa fatia de mercado. Surgiu então o salmão de cativeiro. Só a título de conhecimento, a menor fazenda de salmão no Chile produz 15 toneladas de peixe por dia,
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No universo gigantesco dos pescados,
O SALMÃO se destaca O salmão contém os ácidos graxos, importante para nosso metabolismo enquanto que o verdadeiro salmão, raro, caro, colorido, à base de uma dieta composta de camarão e krill (crustáceos), representa, pasmem, somente 5% de todo o salmão vendido nos Estados Unidos e que chega ao Brasil em quantidades irrisórias. São caríssimos, com valor entre 80 e 100 reais o quilo. Os que apreciam degustar um bom peixe ou fruto do mar, por misericórdia, jamais deixem ferver ou a temperatura do forno muito alta para prepará-los. E aos “moquequeiros” de plantão, favor preparar uma base de caldo de peixes ou frutos do mar, que na alta gastronomia é chamado pelo termo técnico “fumet” (tempo de preparo de aproximadamente 40 minutos, após fervura). Consiste em carcaça e espinha dorsal do peixe ou cascas de camarão, acrescido de vegetais (mirepoix branca): 25% de salsão, 25% de alho poró e 50% de cebola. E o Sachet d’epice (4 talos de salsa, 1 galho de tomilho, 1 folha de louro, 4 sementes de pimenta do reino preta amassada, 1 cravo sem florete, 1 dente de alho) e o Bouquet Garni (1 galho de tomilho, 4 talos de salsa, 1 folha de louro, 3 folhas de alho-poró, com a quantia de 700 gramas de carcaça de peixe. É importante que as guelras sejam descartadas. Esses dois aromáticos rendem aproximadamente 4 litros de fundo, ou seja, na terminologia técnica francesa, fumet. Portanto, voltando aos nossos “moquequeiros” acrescente o peixe temperado ao molho já pronto, com a
base do caldo já pronto (fumet). Favor não deixar ferver para que seu peixe ou fruto do mar não descaracterize a proteína, ou seja, aquelas bolinhas brancas que aparecem na superfície dos peixes ou dos frutos do mar. São os colágenos, proteínas e gorduras insaturadas que se soltaram da fibra da carne do peixe, isso significa que o peixe já perdeu sua textura. Um grande cozinheiro ou chef jamais deixará isso acontecer, ou seja, quando se trata de peixe, respeite sempre a temperatura, seja o que for preparar nesse universo maravilhoso que os peixes, os frutos do mar e a natureza divina nos oferece.
Chef Jonas sente prazer em preparar um prato usando o salmão
SOCIAL
Evelyn Pacheco
O jornal Taperá reuniu seus funcionários e colaboradores para celebrar seus 51 anos de fundação com um almoço especial no Espaço Taperá no último dia 21 de abril. A Fetiche Models promoveu na noite do dia 25 de abril o desfile beneficente em prol do Lar Frederico Ozanam intitulado Fetiche Models Fashion Show no Ideal Lounge. Também na noite do dia 25, o Spazio Masserani comemorou dois anos com um baile de gala e anúncio de duas novas sedes: o Spazio Masserani Office e o Spazio Masserani Itu.
ANIVERSÁRIO JORNAL
FETICHE MOLDELS
SPAZIO MASSERANI
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CLICANDO
Grupo Fotógrafos Saltenses & Cia.
SÃO publicados nesta coluna fotos de grupos de Salto e da região. nesta edição ADMIRE TRABALHOS DO GRUPO “FotÓgrafos Saltenses & cia”
Flor | Cidinha Barnabe
Leque | Arlei Bertani
ponte | Jose Alberto
noturna | Sandro Tadashi
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TURISMO
As medinas se compõem de um aglomerado de avenidas, onde se pode fazer compras gastando pouco
MARROCOS
Medinas: centros de compras em aglomerados urbanos dentro de muralhas Nas partes mais antigas das cidades árabes existem as medinas, aglomerados urbanos organizados dentro de muralhas. Elas são protegidas dentro de uma fortificação e se compõem de um emaranhado de ruas, ruetas e becos, num verdadeiro labirinto, que pode complicar um simples passeio num grande quebra-cabeça. Dentro das medinas há vários bairros, mercados e zonas de oficinas e comércio. As medinas são formadas por várias avenidas, que saem de uma avenida principal e em Marrocos, cidade visitada pelo saltense Irany Brasil, as principais são as de Fez,
O leitor faz a pauta sobre turismo
Marrakech, Essaouira, Casablanca, Asilah e Taroudant. Elas são protegidas por torres de vigia e abertas com enormes portões, utilizados para a entrada e saída do seu interior. Visualmente, as medinas parecem desorganizadas, mas na verdade elas seguem determinadas ordens urbanísticas e regras estabelecidas. São organizadas de forma que haja uma separação étnica ou religiosa (no centro delas existe sempre uma mesquita), além de seguir uma hierarquia social ou comercial.
Como foi explicado na edição passada da Revista Taperá, serão publicados nesta coluna de Turismo relatos feitos por leitores de Salto, Itu ou Indaiatuba que viajaram para o Brasil ou para o exterior. Esses relatos devem ser feitos de locais não usualmente citados nas matérias de jornais e revistas e que são curiosos, originais ou que impressionam por sua beleza. Nesta edição quem
Irany à frente Maior mesquita da África, que fica na cidade de Casablanca Fotos: Arquivo pessoal
Parte externa da medina de Rabat, visitada pelo saltense Irany Brasil
faz o relato é o morador de Salto Irany Brasil, que viajou para o Marrocos, visitando as cidades de Rabat (capital), Casablanca, Marrakech e outros locais desse maravilhoso país. Os leitores que visitaram locais como os citados acima poderão entrar em contato através do e-mail eloy@tapera.com.br, encaminhando as fotos para publicação.
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VEÍCULOS
Eduardo Sodré | FolhaPress | Enviado especial a Detroit
Para agradar a diferentes públicos, salão mistura veículos “verdes” e carrões V8
Do lado de fora do hotel, uma fila de utilitários esportivos Chevrolet está disponível para testes por Detroit. Todos com motor V8, que mantém público grande e fiel nos Estados Unidos -principalmente agora, com a gasolina custando o equivalente a R$ 1,30 por litro. A cerca de 200 metros dali, dentro do centro de exposições Cobo Hall, a mesma marca exibe a nova geração do Volt e o compacto Bolt. O primeiro é híbrido; o segundo, elétrico. Eles são os maiores destaques do estande. Essa dupla personalidade é a característica do Salão de Detroit 2015. A cada nova etapa da legislação que obriga a redução de emissões, as montadoras precisam investir mais em carros menos poluentes, e conven-
cer o público a comprá-los. As fabricantes têm que atender a médias de emissões por frota. Por isso não é preciso extinguir os motores e os veículos mais “sujos”, mas torna-se necessário lançar e vender opções “verdes” para equilibrar a conta. “Entre 2020 e 2025, teremos que reduzir nossa média de emissões em 4% por ano. É uma meta bastante elevada”, disse um engenheiro do Chrysler. Para Dan Amann, presidente da General Motors, a apresentação de carros “verdes” em Detroit segue o ciclo de renovação de produtos, com todos os modelos dividindo espaço nas concessionárias. “Em 2014, apresentamos a renovação da picape Silverado e de outros utilitários. Agora temos o Volt”, disse o executivo.
Esportivos renovados estreiam nos EUA
Todas as empresas que apresentam carros com grandes motores em Detroit se apressam em dizer que a evolução tecnológica ajuda a reduzir o consumo e as emissões. A Ford fez isso ao mostrar a picape Raptor, uma F-150 com cara de malvada. Seu 3.6 V6 turbo entrega 417 cv de potência, mas sem queimar tanta gasolina quanto as picapes V8, garante a montadora. O câmbio de dez marchas mostra que ainda não há limites para as transmissões modernas, e a grade frontal preta com o nome “Raptor” em baixo relevo completa a lista de exageros. Apesar de chamar a atenção, esse utilitário não é a principal atração da Ford em Detroit. O posto é ocupado pela nova geração do superesportivo GT. 32
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A Nissan é outro exemplo de como é necessário –e difícil– agradar a diferentes públicos no cenário atual da indústria. Após anos trabalhando para transformar o elétrico Leaf em um carro de sucesso nos EUA, a marca japonesa concentra todas as suas fichas na gigantesca picape Titan, que é o único veículo exposto no igualmente grande estande da marca. A empresa garante que o utilitário está até 20% mais eficiente do que antes e que não vai deixar de apostar na mobilidade limpa. “Continuamos a investir fortemente nos carros de emissão zero e também nos veículos autônomos, que acreditamos ser uma ferramenta importante para reduzir o estresse no trânsito”, afirmou Carlos Ghosn, presidente da Aliança Renault-Nissan.
O modelo terá motor V6 biturbo com mais de 600 cv, carroceria em fibra de carbono, suspensão ativa e câmbio automatizado de sete marchas e dupla embreagem. Senna - Outro esportivo em destaque é o Acura NSX, desenvolvido pela Honda. Segundo engenheiros que trabalharam no projeto, a segunda geração segue os mesmos preceitos da primeira, cujo desenvolvimento foi assessorado por Ayrton Senna, no início dos anos 1990. Na época, o piloto estava na McLaren, que usava motores japoneses. Alinhado aos novos tempos, o bólido japonês tem tecnologia híbrida. O NSX é equipado com um novo V6 biturbo de injeção direta, transmissão de dupla embreagem (nove marchas) e sistema Sport Hybrid. O funcionamento é complexo: enquanto um dos motores elétricos atua no no eixo traseiro, os outros dois movem as rodas dianteiras. O resultado é maior potência (a Honda ainda não divulgou esse dado) com menor consumo.
INFORMÁTICA
Alexandre Aragão | Folha Press
Em livro, filósofo afirma que é questão de tempo até que
Máquinas superem
a inteligência humana “Nunca confie em um computador que você não pode jogar pela janela”, disse Steve Wozniak, cofundador da Apple, talvez logo após um momento de fúria com uma máquina. Mas o ditado, que possui tom anedótico, ganha ares sinistros quando é a máquina que tem capacidade de jogar o humano pela janela. É essa possibilidade que Nick Bostrom, filósofo e professor da Universidade de Oxford, explora no livro “Superintelligence: Paths, Dangers, Strategies” (“Superinteligência: Caminhos, Perigos, Estratégias”, ainda sem edição em português), lançado em setembro do ano passado. Na obra, o estudioso sueco argumenta que é questão de tempo até que nós, humanos, criemos computadores que superem nosso intelecto. Em um período de décadas, portanto, algumas máquinas terão capacidade intelectual superior à de humanos como Isaac Newton, Charles Darwin e Sigmund Freud. O desafio passa a ser não só controlar como surge essa superinteligência, mas também os caminhos pelos quais se desenvolve.
O livro analisa três aspectos da superinteligência: os caminhos, os perigos e as estratégias. A seguir, um retrato das duas principais seções. Caminhos - As formas de atingir a superinteligência não se limitam ao aprimoramento técnico das máquinas que já existem. E, por mais que pareça contraintuitivo, também não se limitam ao aumento de capacidade dessas máquinas. É possível superar o nível intelectual humano combinando cérebro e máquina, por exemplo. Para que isso acontecesse, seria preciso que novas técnicas cirúrgicas fossem implementadas. É possível, também, simular a evolução das espécies - e esticá-la além dos humanos, diz. A seleção gera indivíduos melhores que os da geração anterior. Ao rodar um “algoritmo genético” criaríamos bebês superinteligentes. Outro modo de atingir a superinteligência é azeitar ligações entre entes com intelecto superior. É familiar: parece com a internet. Mas Bostrom sustenta que a sofisticação necessária para superar a inteligência
humana por essa técnica não foi alcançada. Perigos e estratégias - Se soa catastrofista dizer que as máquinas podem, sim, voltarse contra os criadores, o livro mostra que a hipótese é lógica. Isso não quer dizer que o fim está próximo e é irremediável --ao menos, não para toda a humanidade. Toda máquina demanda programação. Porém as superinteligentes, argumenta Bostrom, são capazes de fazer interpretações que seus programadores não imaginaram --é o que ele chama de “criação perversa”. No limite, esse problema pode levar à extinção da raça humana. Outra questão é o que o autor chama de “infraestrutura em profusão”, quando a máquina interpreta limites físicos --ou os humanos-- como empecilho para o cumprimento de seu objetivo. “Mas nós seríamos capazes de antever e controlar essas máquinas”, retrucaria alguém mais crítico. Ao que Bostrom responde: não, elas perceberiam, são mais inteligentes que nós --e podem dissimular. Parece ficção científica, mas é teoria.
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ARTIGOS Muitas mulheres se sentem invisíveis quando são ignoradas e rejeitadas pelos homens após a separação Muitas mulheres acreditam que não existe experiência mais dolorosa do que o fim de um casamento. Elas dizem que é um enorme sofrimento viver anos com um homem e, após a separação, serem ignoradas, rejeitadas e até mesmo desprezadas por ele. Muitas têm a sensação de que desperdiçaram os melhores anos das suas vidas com um homem que faz questão de demonstrar que elas são invisíveis. Uma professora de 43 anos disse: “Eu queria amar o meu segundo marido até o fim da minha vida. Mas acabou! Pensei que depois de tantos anos continuaríamos amigos e que iríamos conversar mais sobre nós dois. Mas, enquanto eu chorava o fim do nosso amor, ele fazia questão de demonstrar que estava ótimo. Um mês depois já desfilava com uma nova namorada. Eu não mereci uma só lágrima dele, nem um único gesto de carinho ou saudade. Que merda de amor foi o nosso?” Ela disse que não sabe se está sofrendo pelo fim do casamento, pelo fim do amor, pelo fim da amizade ou pelo fim de uma ilusão. “No meu mundo ideal, todos os homens que eu amei, e todos os homens que me amaram, ficariam na minha vida para sempre como os meus melhores amigos”.
Mirian Goldenberg (*) FolhaPress
Ela compara duas experiências de separação: “Meu primeiro marido fez questão de continuar sendo meu amigo, sempre me telefona para dizer que sente saudade e para saber como eu estou. Ele continua dizendo que sou o grande amor da sua vida. Meu segundo marido desapareceu. Ele finge que nunca existi na vida dele. O mais difícil para mim não foi perder o marido, mas perder aquele que eu pensava ser o meu melhor amigo. Meu maior sofrimento é reconhecer que o nosso casamento pode ter sido uma completa farsa e que não restou o mínimo de carinho por mim”. Angustiada, ela pergunta: “Por que dói tanto? Por que um homem que jurou que iria cuidar de mim até eu ficar velhinha, que prometeu que iria me amar para sempre, finge que eu não existo e que não significo nada para ele? Por que, depois de tantos anos de amor, de intimidade e de cumplicidade, não podemos continuar sendo amigos? Será que ele pensa que é uma prova de força e de superioridade masculina demonstrar tanta frieza e indiferença? Será que ele sabe que está sendo cruel ao me ignorar e me fazer sofrer tanto?” (*) MIRIAN GOLDENBERG, articulista da FolhaPress, é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Ed. Record); www.miriangoldenberg.com.br
Avós ajudam a fazer vingar netinhos saudáveis E os netos os ajudam a manter a saúde física e mental Suzana Herculano-Houzel (*) FolhaPress
Dizem as teorias sobre a evolução (esta, um fato - mas isso é outra história) que importa para a perpetuação da espécie simplesmente se os indivíduos conseguem se reproduzir, passando seus genes adiante. Nesse caso, o que acontece depois seria biológica e evolutivamente irrelevante. Mas estão aí nossos avós para provar que a história não é bem assim. E não se trata apenas de avós humanos. Em várias espécies nas quais fêmeas permanecem em bandos, avós-elefante, avósleoas, babuínas e chimpanzés têm oportunidade de interagir com seus netinhos. Como o envelhecimento saudável pode ser evolutivamente benéfico, ou seja, que vantagens evolutivas ele pode ter? Muitas, como sabe quem cresceu com avós presentes - e como sabem também os avós que têm seus netinhos por perto. Mas vou ilustrar por ora apenas com os achados do neurocientista Stephen Suomi, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano nos EUA. Suomi aprendeu com seu orientador, Harry Harlow, que filhotes de macaco reso criados sem mãe e sem carinho crescem com um leque de distúrbios sociais e de ansiedade. Ter mãe, afinal, não é apenas ter quem alimente e proteja. Mas, em seguida, Suomi descobriu que a introdução de macacas e
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macacos idosos, cuidadores experientes e carinhosos, resgatava o desenvolvimento dos bebês. Não de qualquer jeito: se o contato com os bebês era forçado, a saúde dos ‘avós‘ deteriorava. Mas, tendo a opção de ir e vir à vontade, ter ‘netinhos‘ para cuidar recuperava também a saúde física e mental dos macacos idosos - e alguns até se tornaram pais novamente! Avós voluntariamente carinhosos, portanto, ajudam não só a educar a nova geração como ainda a fazer vingar netinhos saudáveis e bem integrados socialmente - e, de quebra, os avós se mantêm revigorados por serem úteis aos netos. Eu bem sei. Perdi minha avó no começo deste ano. Cresci ouvindo-a dizer, sempre hiperbólica, que estava à beira da morte - mas ela manteve a saúde de um touro enquanto teve netos e bisnetos por perto de quem cuidar. Consolo-me, então, pensando não nos anos que perdemos, mas nos 40 em que tive o privilégio de crescer com uma avó que me ensinou música, tricô, costura, empadão e leite queimado; que me divertia não engolindo sapo algum e dirigindo feito uma louca até os 80 e tantos anos --e que sempre teve colo para mim e, depois, para meus filhos. SUZANA HERCULANO-HOUZEL, articulista da FolhaPress, é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor” (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com
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