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Conceitos Gerais sobre Cybersegurança
Eng. Delcio Prizon Nova Smar S/A
Cybersegurança se refere à prática de proteger computadores, dispositivos, redes e dados contra ataques maliciosos. Para tal, muitas questões aparecem, e algumas boas práticas devem estar em mente.
Como proteger instrumentos inteligentes/calibradores e seus dados de hackers?
Sempre que possível, optamos pela segregação e segmentação das redes onde se localizam os instrumentos. Associado a isto, buscamos adicionar, onde necessárias, as boas práticas de autenticação, autorização, auditoria, confidencialidade e integridade.
Alguns conceitos, a serem garantidos aqui, são:
AUTENTICAÇÃO – “Quem é você? “
AUTORIZAÇÃO – “O que você pode fazer? “
AUDITORIA – “O que você fez? “
INTEGRIDADE – “Os dados transferidos entre dois sistemas devem possuir checagem de integridade, por exemplo, algoritmo de CRC”
DISPONIBILIDADE - “O sistema deve continuar operando em caso de uma falha”
Para implementar a Segregação 1) Segmentar as redes. 2) Previna o acesso à rede das pessoas não autorizadas. 3) Permita apenas usuários autorizados na rede. 4) Possibilite vários níveis de acessos para cada tipo de usuário: “Mantenha os intrusos fora, e os de dentro, honestos”
Os instrumentos têm de ser atualizados?
Na medida em que descobrimos vulnerabilidades, patches são necessários, e os instrumentos devem ser atualizados. Os instrumentos possuem softwares embarcados, compostos por diferentes componentes. A Nova Smar segue os boletins de segurança dos componentes e propaga estas atualizações para os instrumentos.
Como lidar com o tempo de homologação de Patches?
Serviços sob demanda são contratados pelas empresas para homologações. A homologação de Patches faz parte do processo de atualização de software.
Quais as obrigações dos fornecedores de instrumentos e softwares industriais no quesito segurança?
Adaptar e homologar tecnologias de segurança, para suportar as necessidades dos ambientes industriais. E deve ser proativo em notificar e disponibilizar atualizações para possíveis vulnerabilidades, detectadas pelos fóruns de segurança e por empresas especialistas.
Qual o impacto do home office na segurança cibernética das empresas e plantas?
Se faz necessária a utilização de hardwares e softwares específicos para suportar o acesso remoto e procedimentos de segurança para acesso. Os recursos aos quais os usuários têm acesso devem ser limitados quanto à necessidade, e devidamente atribuída a responsabilidade, quanto à dimensão de possíveis impactos. No System302, a Nova Smar provê diferentes grupos de usuário para limitar as ações.
Como escolher um antivírus/malware/ramsomware?
O System302 da Nova Smar é homologado periodicamente para o uso de pelos menos 2 antivírus profissionais; mas já existem softwares específicos, dedicados à área de automação, que fazem esta tarefa (por exemplo: KICS Kaspersky).
Se seus clientes/usuários trabalham com nuvem, como escolher uma?.... e seu “provedor”? como deve ser a infraestrutura para nuvem?
Atualmente, existem muitos provedores, oferecendo uma enorme variedade de serviços em nuvem, desde gigantes como a Amazon, Microsoft e Google, até fornecedores de nicho, com ofertas de serviços sob medida.
A Nova Smar recomenda a abordagem de segurança de ponta a ponta, começando pelos dispositivos locais. Hoje, temos, por exemplo, edge devices, equipados com módulos TPM (Trusted Platform Module), que armazenam chaves de criptografia específicas para autenticação de hardware. A segurança da conexão pode ser obtida, por exemplo, com o uso de protocolos seguros, como o AMQP (criptografia TLS e handshaking com certificados), e o MQTT (por HTTPS). Já na nuvem, podem ser contratados serviços de segurança, como Active Directory, Key Vault, entre outros.
Arquitetura recomendada
1. Rede, Controladores, Servidores e Roteadores devem ser projetados para operar de maneira redundante, garantindo DISPONIBILIDADE; 2. Uma DMZ (Zona Desmilitarizada) elimina tráfego direto entre a Área corporativa e a Área do chão de fábrica; 3. Os usuários corporativos devem ser forçados a autenticar, para garantir que eles têm direito aos serviços; 4. Utilizando o Gerenciador de Grupos no Studio302 (Plataforma de Gerenciamento de Softwares da Nova Smar), o administrador do sistema deve configurar direitos de acesso e permissões, para cada operador; 5. Segmentação na rede de controle vai prover determinismo e controle sobre a ethernet industrial; 6. Os Servidores OPC operam de forma segura, entre vários clientes, de diversos fabricantes;
7. Exemplo utilizando Infraestrutura da CISCO
Referências
IEC 62443-4-1, IEC 62443-4-2 NIST Special Publication 800-82 Guide to Industrial Control Systems (ICS) Security
Central de Custódia desenvolve 1º sistema de circularidade de resíduos da cadeia do plástico
4° maior produtor de lixo plástico no mundo, o Brasil reciclou 23,1% dos resíduos plásticos pós consumo, em 2020, segundo dados da Abiplast – Associação Brasileira da Indústria do Plástico, e possui o desafio de ampliar os índices de reciclagem, assegurando um modelo de consumo mais sustentável.
A Central de Custódia, startup especialista em rastreabilidade de dados da cadeia de logística reversa de embalagens, está desenvolvendo uma ferramenta, capaz de rastrear os resíduos plásticos, desde o seu descarte até a reinserção como matéria-prima, na fabricação de um novo produto.
A iniciativa foi estabelecida por meio de um convênio assinado no final de maio, entre a Abiplast e a ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial –, respectivamente gestora e financiadora da medida, no acordo que terá vigência de dois anos.
Para Fernando Bernardes, Diretor de Operações da Central de Custódia, o convênio possibilita aliar a experiência da startup em rastreabilidade de dados da cadeia de reciclagem do país às necessidades de todos os agentes do setor. “O sistema que estamos desenvolvendo possibilitará rastrear toda a circularidade da cadeia do plástico, envolvendo todos os agentes: entidades gestoras, operadoras da reciclagem, indústria de reciclagem, indústria de embalagens e proprietários de marcas. Desconhecemos algo similar no mundo”, afirma.
Com o novo convênio, a ferramenta criada vai poder emitir um Certificado de Economia Circular dos plásticos, a partir do rastreio de origem dos seus resíduos e da verificação da circularidade, ou seja, do descarte ao reuso como matériaprima, a novos produtos e mercados, e com transparência e segurança jurídica dos dados utilizados.
De acordo com o diretor-superintendente da Abiplast, Paulo Teixeira, na prática, a ferramenta vai valer-se dos dados de origem dos resíduos, de forma combinada às informações da indústria no uso dos resíduos como matéria-prima, e reincorporados em novos produtos. “Com isso, é possível também garantir segurança jurídica para as empresas usuárias da plataforma – algo que, no final das contas, torna ainda mais atrativa a adesão a modelos circulares de economia”, complementa.
Sendo verificador independente, é vedado à Central de Custódia comercializar créditos de logística reversa. Essa essência traz segurança e transparência, para toda a cadeia de reciclagem de embalagens pós consumo compartilhar seus dados de forma anonimizada, e possibilitar integração entre eles, evitando colidência e duplicidade de resultados, e permitindo a rastreabilidade dos dados da origem de triagem até o proprietário da marca ou “brand owner”.
“É importante salientar que os dados lançados no sistema de circularidade do plástico serão integrados com os dados da base da Central de Custódia, de forma anonimizados, o que possibilita a rastreabilidade completa do plástico da origem ao novo produto. Essa integração será a única forma de evitar o que denominamos de “duplicação de massa”, em diferentes Notas Fiscais, nos resultados de logística reversa de embalagem em geral, e possibilitará o aumento de fluxo de material para a Indústria Recicladora, além de coibir as práticas de greenwashing no mercado de créditos de reciclagem”, destaca Bernardes. A Central de Custódia atua como verificador independente de resultados de logística reversa de embalagens do Brasil, e possui em sua base de cliente mais de 12 programas, que já adicionaram na Central mais de 600 mil toneladas de embalagens pós-consumo recuperadas no país.
Atualmente, contém, na Central de Custódia, mais 541 Cooperativas/Associação de Catadores e Operadores Privados, ambos são conhecidos no setor como Operadores. “Na maioria das vezes, os operadores comercializam materiais entre eles e, após determinado acúmulo no operador mais bem estruturado, esse material é enviado até a Indústria Recicladora. O modelo de circularidade do plástico desenhado foi elaborado para trabalhar de forma independente, e integrado na Central de Custódia, sendo que toda vez que elos da cadeia forem comuns em ambos os sistemas, será possível verificar o caminho do material até chegar naquele determinado operador logístico e, a partir do operador logístico, até chegar na indústria recicladora e, consequentemente, até o proprietário de marca”, finaliza Bernardes.
Mercado de Carbono cresceu 4 vezes mais no último ano
O mundo parece disposto a cumprir o Acordo de Paris, assinado por 196 países, e que visa a desacelerar o aquecimento global. É isso que indicam os dados do Ecosystem Marketplace (EM) – fonte global líder de informações sobre finanças ambientais, conduzida pela organização sem fins lucrativos, Forest Trends –, que apresenta um grande crescimento no valor anual de negociações do mercado de carbono voluntário em 2021, atingindo a marca de 1,98 bilhão de dólares – aumento de quase 300%, em comparação a 2020, onde o valor era de US$ 520 milhões.
O relatório da EM também mostra que a maior parte do lucro do mercado voluntário de carbono encontra-se na categoria “floresta e uso de terra”, somando US$ 1,32 bilhão, área em que o Brasil possui vantagem, pela grande presença de floresta Amazônica em seu território – um estudo realizado pela ICC Brasil – International Chamber of Commerce em 2021, mostra que o Brasil possui capacidade de suprir 22% da demanda global do Mercado de Carbono.
A cada tonelada de gases de efeito estufa (GEE) não emitida, é gerado um crédito de carbono, que pode ser vendido para empresas ou governos de países que necessitam atingir metas de redução de GEE, mas não consegue por algum motivo.
“Para participar do mercado de carbono é necessário calcular, primeiramente, a pegada de carbono da organização. A partir dela é possível traçar estratégias para reduzir as emissões, resultando em créditos de carbono para comercialização”, explica Alessandra Gaspar Costa, diretora-executiva da APCER Brasil, certificadora de origem portuguesa presente em mais de 10 países. “Esse mercado tende a continuar crescendo, principalmente se houver uma regulamentação”, completa. O segundo edital de Chamada para Aquisição de Créditos de Carbono no Mercado Voluntário, com valor é de R$ 100 milhões no total, foi lançado pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – com objetivo de financiar o desenvolvimento do mercado de carbono, incentivando padrões de qualidade para projetos de descarbonização.
Barco autônomo para monitoramento ambiental da UFF, UFRN e NVIDIA
Um dos principais objetivos da NVIDIA como empresa global é avançar a tecnologia em diversos setores e cenários de futuro. Justamente por isso, a empresa possui uma ação ativa junto às universidades e laboratórios de pesquisas e da indústria, que visam a trazer melhorias para o mercado e para o mundo. Esse é o caso do mais recente case de sucesso entre a empresa, a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Juntas, elas estão desenvolvendo o F-Boat, um veleiro autônomo, capaz de realizar monitoramento ambiental na superfície marinha da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. Diversas tecnologias da NVIDIA foram escolhidas para atender às necessidades de diferentes partes do projeto, que uniu um grupo de 20 pesquisadores e coordenadores, liderado pelos professores Esteban Clua e Daniel Nogueira da Universidade Federal Fluminense, além de Luiz Marcos Gonçalves da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A proposta da embarcação é poder navegar de forma completamente independente, captando informações ambientais do oceano, por meio de sensores, facilitando o trabalho de pesquisadores ambientais do mundo todo, e proporcionando segurança, agilidade e o aumento da base de dados a respeito das condições ambientais dos locais de estudo. O projeto, que já é funcional e está em constante atualização para angariar mais funções, está sendo treinado com IA há dois meses, para navegação completamente autônoma, e identificação de obstáculos e outros objetos. O projeto também teve apoio financeiro da Prefeitura de Niterói, que pretende usar o F-Boat muito em breve.
“A preocupação com o meio ambiente nunca precisou tanto de destaque. É uma pauta da qual depende, literalmente, o nosso futuro como espécie. A NVIDIA se orgulha muito das iniciativas que apoia, envolvendo cuidados do tipo”, afirma Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da NVIDIA na América Latina.
“Ainda há muito a ser feito em termos de aprimoramentos, mas já podemos dizer que um grande passo foi dado, em direção a um cuidado ambiental intensificado pelo bom uso da tecnologia”, explica Esteban Clua, da Universidade Federal Fluminense.
O F-Boat se move a vento, energia solar e IA, mais especificamente provida pela plataforma Jetson AGX Xavier da NVIDIA, além de ter embarcadas diversas sondas e sensores (podendo ser atualizado para portar mais equipamentos no futuro), que captam informações de índice de qualidade da água, como PH e oxigenação, e envia esses dados de forma remota a um operador, em tempo real, auxiliando-o na tomada de decisão de cuidado ambiental com a região analisada.
Para viajar sozinho, o veleiro precisa de diversos sensores de navegação, que captam dados externos, e os enviam ao computador com a IA, que utiliza a Jetson. Essa IA julga qual a melhor linha de ação a se tomar no quesito de movimentação, a fim de evitar obstáculos, e seguir por um caminho específico dentro dos parâmetros de seu percurso. A embarcação também possui um motor elétrico, abastecido com energia solar, que é usado para momentos em que há falta de vento, de demanda por manobras mais precisas ou de emergência, quando o vento sozinho não dá conta de direcionar a embarcação à segurança. Além disso, há um controle remoto que pode ser acionado em casos de emergência, para que o F-Boat seja controlado por um operador externo, em casos mais extremos. Toda a equipe de operação do F-Boat fica em terra, e o barco é guiado, na Baía, pelo mapeamento dos pontos de interesse apontados pela equipe para a IA. O barco, por não precisar parar nunca, ajuda os pesquisadores a terem uma maior quantidade de dados, do que teriam se contassem apenas com uma análise de embarcações tripuladas. O projeto pretende ser um grande laboratório de pesquisa, tanto ambiental e marítima, quanto de IA. Para o futuro, os pesquisadores buscam instalar mais equipamentos de análise, como câmeras submersas, que possam analisar a vida marinha, por exemplo.
Por enquanto, o grupo de pesquisa ainda trabalha em diversos treinamentos, para tornar o barco mais completo em sua navegação, permitindo que ele identifique cada vez mais tipos de obstáculos diferentes, por exemplo. Para isso, o projeto pretende utilizar o NVIDIA Omniverse Enterprise, a fim de criar um gêmeo digital, tanto da embarcação como da Baía, e poder apresentar à IA diversos obstáculos diferentes, o que seria muito complexo de ser ensinado, só com dados do mundo real. “Isso ajudará o barco a ter contato com situações que não são exatamente fáceis de se simular, sobretudo sem danificar o F-Boat”, conta Clua. O trabalho de treinamento da IA é extensivo, pois, ele demanda ensinar ao barco como funciona a física do mundo, as condições envolvendo obstáculos, e diversas outras camadas de aprendizado, que só podem ser ensinadas pela tentativa e erro, como a lidar com situações meteorológicas atípicas. Para isso, é preciso o uso de grandes módulos de dados, com reforços positivos da IA, a fim de que ela entenda os comportamentos adequados para guiar a embarcação.
Até agora, foram dois meses de treinamento intensivo da IA do barco, e o uso das DGX1 da NVIDIA possibilitaram que o processamento das informações de treinamento fossem dezenas de vezes mais rápido do que em outras plataformas de processamento. Daqui a um ano, mais ou menos, os pesquisadores esperam conseguir acoplar um módulo de análise de micro plásticos aos F-Boat, além de sensores que possibilitem uma análise de legalidade de pesca para outras embarcações e câmeras térmicas e noturnas. O treinamento de visão computacional, que se está iniciando agora, permitirá verificar análises de resíduos e derramamento de óleo, por exemplo, permitindo conhecer a trajetória desses poluentes.
“Estamos animados com o que pode ser conquistado com o F-Boat, e sabemos que mais projetos do tipo são o futuro de inciativas que intentam preservar, monitorar e melhorar o meio ambiente. A NVIDIA se orgulha muito de fazer parte dessa jornada”, finaliza Aguiar.
Descarbonizar energia poupará US$ 12 trilhões até 2050
A transição global para um sistema de energia descarbonizado até 2050 permitirá ao mundo economizar 12 trilhões de dólares, em comparação com a continuação dos níveis atuais de uso de combustíveis fósseis. Esta é a principal conclusão de um estudo revisado por pesquisadores da Universidade de Oxford, e publicado na revista Joule.
A pesquisa mostra um cenário vantajoso para todos: a rápida transição para a energia limpa resultaria em custos mais baixos dos sistemas energéticos, ao mesmo tempo em que forneceria mais energia para a economia global, expandindo o acesso para mais pessoas, em mais partes do mundo. Para chegar a esta conclusão, os estudiosos analisaram milhares de cenários de custos de transição produzidos pelos principais modelos do setor energético, e utilizaram dados sobre 45 anos de custos de energia solar, 37 anos de custos de energia eólica, e 25 anos para armazenamento de baterias.
Eles descobriram que o custo real da energia solar caiu duas vezes mais rápido do que as projeções mais ambiciosas desses modelos, revelando que, nos últimos 20 anos, os modelos anteriores sobrestimaram muito os custos futuros da energia limpa.
“Modelos anteriores, que estimavam custos elevados para a transição, dissuadiram as empresas a investir, e deixaram os governos cautelosos para cortar a dependência de combustíveis fósseis”, diz o autor principal da pesquisa, Rupert Way, pósdoutorando da Universidade de Oxford. “Mas os custos da energia limpa caíram acentuadamente na última década, muito mais rapidamente do que esses modelos previam.”
Desde a guerra russa contra a Ucrânia, os custos da energia fóssil dispararam, causando inflação em todo o mundo. Este estudo, realizado antes da crise atual, leva em conta tais flutuações, utilizando dados de mais de um século de preços de combustíveis fósseis. A atual crise energética ressalta as conclusões do estudo, demonstra os riscos de continuar a depender de combustíveis fósseis caros e inseguros, e confirma que a resposta à crise está na aceleração da transição para energia limpa.
“O mundo está enfrentando uma crise de inflação simultânea, crise de segurança nacional e crise climática, todas causadas por nossa dependência de combustíveis fósseis de alto custo, inseguros, poluentes, e com preços voláteis”, avalia Doyne Farmer, professor de Oxford, e líder da equipe que conduziu o estudo. “Há um equívoco generalizado, de que mudar para energia limpa e verde será doloroso, caro e significará sacrifícios para todos nós – mas isso é simplesmente errado.”
O estudo “Impactos da cadeia do etanol: subsídios para uma proposta integrada de vigilância ambiental e de saúde do trabalhador”, de Helena Ferraz Bühler e Sandra Souza Hacon, analisou os impactos positivos e negativos da cadeia produtiva do etanol, em munícipios do polo agroindustrial do estado de Mato Grosso.
A pesquisa das autoras evidenciou que os impactos considerados positivos à expansão da cana-de-açúcar para a produção de etanol no Cerrado sofrem, ao longo do tempo, a falta de melhorias sociais e econômicas. Ressaltam também que é importante implantar iniciativas e ações, para uma gestão em saúde ambiental e de prevenção à saúde dos trabalhadores.
O estudo completo traz ainda desenho e contexto do universo empírico da pesquisa; coleta de dados; análise dos dados; aspectos éticos; impactos positivos e negativos da cadeia produtiva do etanol, na área de influência direta e indireta do empreendimento; riscos socioambientais nos territórios inseridos no polo agroindustrial do etanol; condições e relações de trabalho dos (ex) trabalhadores inseridos na cadeia do agronegócio, e vigilância em saúde e meio ambiente, para um empreendimento de médio porte no polo agroindustrial do etanol do Cerrado.
O estudo de caso no campo da Vigilância em Saúde Ambiental, desenvolvido no perímetro de abrangência de uma usina de etanol, se utilizou do método de Diagnóstico Rápido e Participativo, com uso de dados secundários, análise documental e entrevistas.
E concluiu que os impactos usualmente percebidos como positivos não promoveram melhorias sociais e econômicas permanentes para os trabalhadores e a população local. Verificou-se que a vigilância ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores inexiste, mas a vigilância participativa contribui para o empoderamento dos atores sociais nas discussões dos direitos dos trabalhadores e para a percepção socioambiental local.
Embora localizado, o estudo levantou evidências de que os impactos considerados positivos à expansão da cana-deaçúcar para a produção de etanol no Cerrado, ao longo do tempo, não são percebidos nem representam, necessariamente, melhorias nas condições sociais e econômicas, tanto dos trabalhadores da cadeia de produção quanto das comunidades na área de influência do empreendimento. A vigilância à saúde e ao meio ambiente praticamente inexiste nesses locais, e a fiscalização é condescendente com os impactos gerados pelo setor, possibilitando ao empreendimento, assim, operar sob controles ineficazes para o enfrentamento dos impactos gerados por ele. Ademais, a vigilância em saúde dos trabalhadores, especificamente, é ausente, assim como a integração de ações entre instituições e esferas governamentais para ratificar a necessidade da vigilância participativa com atores locais, constituindo, dessa forma, um instrumento de gestão em saúde ambiental para a formulação de políticas públicas com mais equidade.
O artigo faz parte da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional da Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho.
Agência de embalagens alemã classifica como recicláveis estruturas de filme de polietileno / poliamida
Estruturas de filme coextrudado de polietileno/poliamida foram reconhecidas como mecanicamente recicláveis pela Agência Central alemã de registro de embalagens, Stiftung Zentrale Stelle Verpackungsregister. Este é o resultado de uma nova avaliação feita pela agência sobre as poliamidas no seu padrão mínimo de avaliação da reciclabilidade de embalagens.
“Valorizamos a decisão de registro do Stiftung Zentrale Stelle Verpackungs”, diz Rolf-Egbert Grützner, gerente sênior de Suporte Técnico para poliamidas de extrusão Ultramid da Basf Europa. “Estava em tempo de corrigir a categorização da poliamida 6, e também das co-poliamidas 6/6.6 relacionadas, e colocá-las em uma base sólida e atualizada”.
Já em junho de 2021, o instituto independente de teste e certificação cyclos-HTP examinou e confirmou sistematicamente a reciclabilidade de filmes multicamadas de PE/PA, em nome da Basf.
A utilização de estruturas de filmes coextrudados PE/PA em filmes multicamadas possibilita a produção de filmes muito finos (downgauging), reduzindo significativamente o uso de plásticos, e também a quantidade de resíduos.
A reclassificação é visível através da alteração no Anexo 3 – fração “Filme e PEBD (polietileno de baixa densidade)” – do padrão mínimo para avaliação da reciclabilidade de embalagens, sujeitas à participação do sistema conforme Seção 21 (3) VerpackG.
Mais rápido, mais barato
O cenário de “Transição Rápida” do estudo mostra um futuro realista possível para um sistema de energia livre de fósseis, por volta de 2050, fornecendo 55% mais serviços de energia globalmente do que hoje, aumentando a energia solar, eólica, baterias, veículos elétricos, e combustíveis limpos, como o hidrogênio verde (feito de eletricidade renovável).
Segundo Way, acelerar a transição para a energia renovável é agora a melhor aposta, não apenas para o planeta, mas também para os custos de energia. “Nossas últimas pesquisas mostram que a expansão de tecnologias verdes continuará a reduzir seus custos, e, quanto mais rápido formos, mais economizaremos”, diz o pesquisador.
“Este estudo mostra que políticas ambiciosas para acelerar drasticamente a transição para um futuro de energia limpa, o mais rápido possível, não só são urgentemente necessárias, por razões climáticas, mas podem economizar trilhões de dólares mundiais em custos energéticos futuros, dando-nos um futuro mais limpo, mais barato e mais seguro, em termos de energia”, diz Farmer.
“Os custos renováveis vêm diminuindo há décadas. Eles já são mais baratos que os combustíveis fósseis, em muitas situações, e nossa pesquisa mostra que eles se tornarão mais baratos que os combustíveis fósseis, em quase todas as aplicações, nos próximos anos”, explica Farmer. “Se acelerarmos a transição, eles se tornarão mais baratos mais rapidamente.”
A pesquisa estima ainda que os custos das principais tecnologias de armazenamento, como baterias e eletrólise de hidrogênio, também deverão cair drasticamente. Enquanto isso, os custos da energia nuclear têm aumentado consistentemente, nas últimas cinco décadas, tornando altamente improvável que ela seja competitiva no futuro.
O estudo é uma colaboração entre o Institute for New Economic Thinking da Oxford Martin School, o Oxford Martin Programme on the Post-Carbon Transition, a Smith School of Enterprise & Environment da Universidade de Oxford, além do SoDa Labs da Universidade de Monash.