O Vale de Suicidas em Revista III Terceiro Andar

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III TERCEIRO ANDAR DE

O VALE DE SUICIDAS EM REVISTA



III TERCEIRO ANDAR DE

O VALE DE SUICIDAS EM REVISTA ALBERTO KENUTSEN

São Paulo - 2018


Copyright © 2018 by Editora Baraúna SE Ltda.

Jacilene Moraes

Capa

Diagramação Jacilene Moraes Revisão

Alberto Kenutsen

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Andreia de Almeida CRB-8/7889

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Kenutsen, Alberto III andar de o vale de suicidas em revista / Alberto Kenutsen. -– São Paulo : Ed. Baraúna, 2018.

134 p.

ISBN: 978-85-437-0883-6

1. Filosofia e religião 2. Religião - Filosofia I. Título

18-1205 CDD 100

________________________________________________________________ Índices para catálogo sistemático: 1. Religião : Filosofia 201

Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua da Quitanda, 139 – 3º andar CEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.


SUMÁRIO 01 - DIS ALTER VISUM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 02 - FAROFEIROS E MENSAGEIROS . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 03 - O HERMAFRODITISMO PSÍQUICO . . . . . . . . . . . . . . 13 04 - A PARALISIA HISTÉRICA PELA SUGESTÃO . . . . . . . . 15 05 - A MEDICINA DA REPRODUÇÃO DE IDÉIAS. . . . . . . . 17 06 - A QUESTÃO DA SOBREVIVÊNCIA. . . . . . . . . . . . . . . 19 07 - O PODER CRIATIVO DA MENTE. . . . . . . . . . . . . . . . . 21 08 - A REGENERAÇÃO LIBERTADORA . . . . . . . . . . . . . . . 23 09 - TEORIA LIBIDINAL DAS NEUROSES . . . . . . . . . . . . . 25 10 - AS NOVAS VIDAS E AS IDÉIAS NOVAS. . . . . . . . . . . 27 11 - A PRÁTICA COLETIVA ESPIRITUAL. . . . . . . . . . . . . . . 29 12 - AS PARTICULARIDADES DA METEMPSICOSE. . . . . . . 31 13 - A BUSCA AFETIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 14 - AS FANTASIAS PATOLÓGICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . 35 15 – A DESVIRILIZAÇÃO TRANSFORMATIVA. . . . . . . . . . 37 16 – A CONDUTA SEXUAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 17 - O RECALCAMENTO PARANOICO. . . . . . . . . . . . . . . 41 18 - O MECANISMO DA DEMÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . 43 19 - A INVESTIGAÇÃO PSICOTERÁPICA. . . . . . . . . . . . . . 45 20 - O DESPERTAR DE CONSCIÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . 47 21 - A BIOLOGIA NA PSICANÁLISE. . . . . . . . . . . . . . . . . 49


22 - UM NOVO TIPO DE SOCIALISMO. . . . . . . . . . . . . . . 51 23 - A INVERSÃO SEXUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 24 - A PRISÃO DA LIBERDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 25 - OS DEUSES IMORTAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 26 - O TEMPLO DE SALOMÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 27 - A TERGIVERSAÇÃO RESTRINGENTE. . . . . . . . . . . . . . 61 28 - A PRESSÃO COLETIVA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 29 - UM DECLIVE NO VALE DOS SUICIDAS. . . . . . . . . . . . 65 30 - A LEI DA POPULAÇÃO DOS ANTIGOS . . . . . . . . . . 67 31 - UM ROTEIRO NO IDEAL RELIGIOSO. . . . . . . . . . . . . 69 32 - A REPRESENTAÇÃO NAS REPÚBLICAS. . . . . . . . . . . . 71 33 - FALE DAS MULHERES, MAS... . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 34 - O PROGRESSO DAS SOCIEDADES. . . . . . . . . . . . . . . 75 35 - A ESCADA CAPITALISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 36 - A MORTE DOS INOCENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 37 - OS FILHOS DAS MULHERES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 38 - CENÁRIO DO COTIDIANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 39 - ENFIM, A DEMOCRACIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 40 - HOLOCAUSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 41 - A VELHA PATOLOGIA CIRÚRGICA . . . . . . . . . . . . . . 89 42 - MIGUEL DE CERVANTES E ARTHUR CONAN DOYLE. . 91 43 - TAMBÉM SOU FILHO DO REI . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 44- OS INIMIGOS DO TRABALHO. . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 45 - O ÍNDIO CIVILIZADO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 46 - AS REFORMAS RELIGIOSAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 47 - O LATIFUNDIÁRIO E A MECANIZAÇÃO . . . . . . . . . 101 48 - A CONFEDERAÇÃO DOS TAMÓIOS. . . . . . . . . . . . 103


49 - O SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . 105 50 - A HISTÓRIA CONTADA A RASGOS . . . . . . . . . . . . 107 51 - O SALÁRIO MÍNIMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 52 - O DEPAUPERAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 53 - A CAUSA DAS VIÚVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 54 – O COSMOPOLITISMO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 55 – AS AVENTURAS DE SHERLOCK HOLMES . . . . . . . . 117 56 - CRÉ COM CRÉ E LÉ COM LÉ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 57 - UM QUADRÍCULO ANDAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 58 - O DIA INTERNACIONAL DA MULHER. . . . . . . . . . . 123 59 - A MÉDIA UNIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 60 - A ESTRELA DE CINCO PONTAS. . . . . . . . . . . . . . . . 127 61 - A VOZ QUE MAIS VALIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 62 - NEUROSES E PSICOSES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 63 - O EQUILÍBRIO BIOLÓGICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 64 - O GREGARISMO DE ZÉ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 65 - FI-LO PORQUE QUI-LO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137



01 - DIS ALTER VISUM

Diga-se logo que os deuses antigos desejavam diferente, os senhores de engenho ditavam as leis, enquanto Sigmund Freud (1856-1039) apontava o complexo de culpa ou desníveis entre o Ego e o Id como as causas das doenças. Nossa conduta é registrada no inconsciente e se o nosso comportamento não obedece as imagens do momento, ficará entre os focos imaginários dos extremos, um que ficou no passado e outro apenas sonhado pela imaginação. Um real e o outro desejado apenas. Um vivo e o outro morto. O vivo impulsionado no passado e o morto ainda não vivido. Parte dos desejos antigos e o total dos sonhos atuais. Porém,se não fazemos idéia das imagens do futuro sobra-nos imaginar-las com os elementos do passado residentes no Id inconsciente. A voz que fala de contínuo em nossa mente, revivendo vidas passadas, acatando fácil a orientação dos desencarnados, conforme dizem Freud, Miguel de Cervantes (1547-1616), e Arthur Conan Doyle (1859-1930) que deu aparência de romance policial ao entendimento entre o inconsciente e o consciente, representado pelo detetive Sherlock Holmes e Dr. 9


Watson. Com efeito, imaginar significa criar imagens em aparentes discursos nem sempre possíveis, como os que se deram em São Luis reunindo caudilhos e abrindo as senzalas para inauguração das democracias. As tropas de negros lançadas em marchas noturnas, mal alimentadas e enfrentando o frio e a tuberculose como aconteceu em 1822, ao se bateram contra outros negros das províncias vizinhas, estariam agora lutando pela liberdade no sul, contra os paraguaios em 1866, utilizando-se de ataques laterais na batalha de Tuiutí onde ficaram mortos pelo caminho 150 mil escravos, vitimados pelos fuzis Springfield 1865, com raiamento interno, carregamento pela culatra e alcance de 2.000 metros, nos combates onde eles tinham nas mãos os velhos fuzis Spencer de fabricação inglesa, sem raiamento interno e carregamento pela boca. Mas os alforriandos não tinham o que reclamar, enquanto na França a Revolução voltava-se para a monarquia, no Brasil, a luta pela liberdade democrática continua. Os antigos caudilhos, deuses reunidos em congresso, discutem o mais valia e produzem liberdade com aumento do próprio salário anual acima dos custos da inflação. Somente os deuses se mantêm com altos salários.

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02 - FAROFEIROS E MENSAGEIROS

Tanto quanto sabemos que o sonho não é absurdo nem desatinado segundo os métodos analistas, a pessoa que usa de jactância desordenada e irracional difere dos indivíduos que comedidamente possuem um cabedal de conhecimentos que os coloca em magistratura. Socialmente falando êles devem assumir os poderes de mando. Terão posições de chefia suficientes em qualquer situação, e isto será resultado de uma atividade intelectual altamente meritória. Porém, o seu desenvolvimento não será motivado somente por vitórias. Certo é acreditar-se que terão de ser sagazes tanto nos sonhos como nos desejos. Todos se esforçam para descobrirem os caminhos que os possam libertar dos sonhos obscuros e desejos incompletos. De onde virá portanto, o material cuja elaboração deu corpo aos episódios descritos por Miguel de Cervantes (1547-1616), com a história de Dom Quijote? De que modo entender-se a Arthur Conan Doyle (1859-1930) que criou a figura de Sherlock Holmes inspirado pelos indivíduos sonhadores que se deixam conduzir por idéias 11


coletivas e irracionais, ao mostrar a necessidade de um continuado contato com o racional conhecido pelo Dr. Watson? Tudo isto é para dizer-nos da importância de equilibrar-se o Ego racional e o Id irracional, segundo as observações de Sigmund Freud (1856-1939) nas clínicas neurológicas de Jean Charcot (1825-1893). Freud viu o desnível existente entre o Ego racional e o Id irracional como causa eficiente das doenças, além de muitos outros como Allan Kardec (1804-1869) que demonstrou a doutrina da comunhão do consciente e do inconsciente como medicina salutar ao desenvolvimento da mediunidade, recurso inevitável ao entendimento entre os mortos e os vivos que vão onde querem como o vento. Os racionais e os irracionais que se abraçam. Dos conflitos aí surgidos, entre as noções irracionais do Id e os conceitos racionais do Ego, é que se nota desenvolver as doenças nervosas descobertas pela psicanálise, e atrás delas os autores invisíveis, todos procurando é comunicar-se.

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03 - O HERMAFRODITISMO PSÍQUICO

Os dicionários só definem como hermafrodita ao indivíduo que reúne em si características dos dois sexos. Trabalhos do Dr. José Breuer (1842-1925) em 1895 nos dão conta de estudos sobre as histerias em tratamentos das neuroses. Para atingir-se os objetivos da cura, busca-se ver no psiquismo um instrumento da psicanálise. O complexo de Édipo feminino quando a paciente vê na mãe um impecilho posto entre ela e o pai, passando a desejar o afastamento da mãe. É quando os naturais conselhos paternos dirigidos à adolescente de nada valem e ela passa a interessar-se pelo irmão. Seus afetos se deslocam para outra pessoa e mais tarde para estranhos, como no caso especial onde a enferma se enamora por uma empregada dez anos mais velha que ela. Afastou-se do pai, repeliu a própria feminilidade e deu outro destino à sua libido. Transformou-se em homem e tomou a própria mãe como objeto erótico em lugar do pai. Entretanto, acrescentado a tudo isso foi o fato de abandonar todos os homens e passar a interessar-se pelas mulheres. Alcançou 13


a inversão total na homosexualidade feminina, muito comum nos dias que correm, sem ferir a ética social que leva a fêmea a procurar um macho. No presente caso a atração pelo pai ocultava ainda o desejo inconsciente de ter um filho com êle, numa série de conecções mentais que levam ao psiquismo desenfreado. As transformações biológicas vista por Carlos Darwin (1809-1882) entretanto, não se afastam desses atalhos indiscutivelmente doentios; as mudanças biológicas acompanham os desejos formulados no inconsciente mesmo que não sejam fiscalizadas pelo consciente. A escolha do sexo será uma permanente na obra da criação. Se Lavoisier (17431794) afirmara que na química a natureza não dá saltos e tudo se transforma, será evidente que na biologia os fatos se reproduzam da mesma forma; e diga-se em permanentes transformações, onde toda a humanidade se modifica em criadora de si mesma.

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04 - A PARALISIA HISTÉRICA PELA SUGESTÃO

Ao ouvir-se falar sobre a cocaína temos logo a idéia voltada aos casos vistos nos boletins de ocorrência da polícia e nos registros hospitalares. Famílias inteiras destroçadas pelo tráfico de drogas. Entretanto, o seu histórico lembra a aplicação da cocaína como anestésico local, empregado em pequenas cirurgias pelas clínicas neurológicas de Viena (Áustria) em 1886 ou nas clínicas de Jean Charcot (1825-1893) em Paris. Médicos e pacientes tinham certeza na eficácia química do procedimento ao mesmo tempo em que os discípulos de Franz Mesmer (1775-1815) curavam as doenças nervosas com a aplicação de barras metálicas eletricamente magnetizadas que em contato com o magnetismo animal do paciente, pro duzia os efeitos esperados. Pacientes e médicos observaram os efeitos hipnóticos produzidos nessas operações, por meio de análises que só Sigismundo Freud (1856-1939) viria a prescrever no equilíbrio entre o Ego consciente e o Id inconsciente. Até aí contudo, a sugestão fazia vítimas entre as pessoas parcial15


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