Ubiratan Nataribu
O locus do Prepotentes e a Logos lição das ruas
volume 3
São Paulo - 2016
Copyright © 2016 by Editora Baraúna SE Ltda.
Jacilene Moraes
Capa
Diagramação Felippe Scagion Revisão
Priscila Loiola
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________
N227L v. 3
Nataribu, Ubiratan O locus do logos : prepotentes e a lição das ruas / Ubiratan Nataribu . - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2016. (O locus do logos ; 3) Sequência de: O locus do logos : prepostos e o pântano dos assalariados Continua com: O locus do logos : prepotentes e a lição das ruas ISBN 978-85-437-0529-3 1. Ficção brasileira. I. Título. II. Série. 16-32443
CDD: 869.91 CDU: 821.134.3(81)-1
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“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (I Coríntios 10:31). (citado em “Piparotes e o casulo de pedra”) “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” (Jeremias 17:5) (citado em “Prepostos e o pântano dos assalariados”) “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém”. (Romanos 11: 33 e 36)
Sumário
DE QUEM ESCREVEU PARA QUEM VAI LER III... 9 O CHAMAMENTO DE DIMAS.................................... 10 CONVERSA A TRÊS...................................................... 12 QUEIXAS......................................................................... 14 O QUE VÍTOR OUVIU E VIU....................................... 17 CONVERSA A CINCO.................................................... 19 UMA DISCUSSÃO IMPORTANTE.............................. 21 SOBRE O QUE SOFIA RAQUEL ESCREVEU.......... 26 OS SEMELHANTES CONVERSAM........................... 29 DISCUSSÃO EM GRUPO.............................................. 31 DIVISÃO NO GRUPO.................................................... 33 ANTES DA VIOLÊNCIA NO GRUPO.......................... 35 UMA CONVERSA, DUAS PROPOSTAS..................... 38 OS OPOSTOS CONVERSAM........................................ 43
A LIÇÃO DAS RUAS E O QUE SOFIA RAQUEL OMITIU.................................................................................... 46 UMA ÚLTIMA CONVERSA.......................................... 49 O QUE SOFIA RAQUEL NÃO PÔDE PRATICAR..... 52 JULGAMENTOS............................................................ 54 UMA REVELAÇÃO ANTES DA SEPARAÇÃO......... 56 A SEPARAÇÃO............................................................... 59 O QUESTIONÁRIO......................................................... 61 AS RESPOSTAS............................................................. 63 NO FINAL DAS CONTAS.............................................. 65 FIM................................................................................... 69 DE QUEM ESCREVEU PARA QUEM LEU III......... 76 PERSONAGENS DO LIVRO, POR ORDEM DE CITAÇÃO................................................................................... 78 LINHA DO TEMPO....................................................... 81
DE QUEM ESCREVEU PARA QUEM VAI LER III
Este livro é uma sequência de “Piparotes e o casulo de pedra” e “Prepostos e o pântano dos assalariados”. Aqui, a cena volta no tempo e no espaço ao Casulo, depois das mortes recentes de três personagens: Sofia Raquel, Lídia e Olga. Aproveitando que esta ficção é a narração do passado, o seu conteúdo também utilizará esse recurso; como e porque não será linear no tempo, uma possível dificuldade para entender a trama não deve ser motivo para preocupação. Trata-se de um texto muito pequeno, se comparado aos anteriores, como o suspiro final de uma existência. Sugiro, prezado leitor, que releia novamente os capítulos “Personagens do livro, por ordem de citação” e “Linha do tempo”, dos livros anteriores, porque são resumos que ajudarão. Se não, use a memória, porque o texto exigirá isso. O locus do Logos Prepotentes e a lição das ruas - 9
O CHAMAMENTO DE DIMAS
— Dimas, querido, até quando você vai ficar aí? — Júlia, acabei de ler um livro que sua sogra escreveu, mas não publicou. — Estou nele? — Em uma linha. Ela escreveu sobre o casamento dos seus pais e que você nasceu um ano antes do Cristóvão. — Você tem ideia de quanto tempo você está aí, sozinho? — Não, imagino que três horas. — Três dias, desde que ela, bem... — Entendi. Três horas foram da leitura do livro e de outras coisas que eu prefiro não dizer. — Eu sei, conhecimento exclusivo do líder principal do Casulo. — Obrigado pela compreensão. — O que faremos a partir de agora? 10 - Ubiratan Nataribu
— Vamos trocar de posição: você, o Cristóvão e a Camila ficarão confinados no Salão 3, lendo este livro, e depois nós quatro vamos ter uma conversa. Vou ficar aqui mais um pouco, até as chamas se apagarem totalmente, e depois vou liberar a água. — É bom mesmo, porque o Cristóvão ouviu reclamações. — Júlia, por favor, traga para mim um pouco de matéria orgânica; vou cobrir os ossos dela e toda a cinza, para mais tarde limpar o crematório. Depois disso, eu vou descer.
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CONVERSA A TRÊS
— Júlia, Cristóvão... — O que é, Camila? — O Dimas e a Sofia Raquel... eles eram o quê? — Por que você está perguntando isso? — Todos nós ficamos com alguém. Vocês dois, eu e o Arnulfo... — Mas e o Vítor e a Lídia? O que você diz? — Eu me lembro que o Vítor tinha sido casado com a Sofia, e a Lídia e o Dimas foram quase marido e mulher, foram noivos. Estão vendo? Sempre tem alguém com alguém. — Eu entendo, mas você viu dois casais aqui dentro que não eram casais, eram próximos. Lá fora isso era muito comum, alguns chamavam de “amizade colorida”. — Não exagere, Cristóvão! Esses quatro não eram assim, você sabe disso. 12 - Ubiratan Nataribu
— Tudo bem, esposa. O que foi, Camila? Você quer dizer alguma coisa? — Cristóvão, era o jeito que ele olhava para ela... — Ele, quem? — O Dimas. Ele olhava para a Sofia de um jeito diferente. — Você acha mesmo? — Bem, foi uma pessoa que me disse isso. Eu nunca percebi isso que ela falou. — Ela quem? — A Dolores, a filha de vocês. — Camila, eu tinha pensado em pedir para você perguntar isso ao Dimas, mas é melhor terminar essa conversa aqui. Você não pergunta nada para ele, nem eu e nem o Cristóvão perguntamos nada disso para a Dolores.
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QUEIXAS
— Olá, Dolores, como vai? — Dimas, por que me pergunta? — Por nada, só para saber. — Você ficou longe de nós, ficou doente? — Não foi isso, foi a cremação da Sofia Raquel, sua avó. — Por que você não se preocupou com a gente, que está vivo? Quase ficamos sem água! — Arnaldo, o que é isso? — Não se preocupe, Dolores. Arnaldo, essa foi a primeira vez que tivemos que queimar um corpo aqui, no Casulo. Mas vocês ficaram sem água? — Não, mas e se tivéssemos ficado? — Isso não é para acontecer, Estela. Após o corpo dela ter sido queimado, as cinzas foram levadas para o Salão 2... — Para cá? 14 - Ubiratan Nataribu
— Não, para a cachoeira, no Salão 2. Ela ficou fechada, não ficou? — Ficou. — Então, Lucas, quando as cinzas chegaram lá, uma parte caiu no solo, outra parte caiu sobre as plantas, e uma parte deve ter caído na água; essas cinzas que foram para a água circularam pelo Casulo, sem que vocês a bebessem ou usassem para alguma coisa. Quando essa água retornar para a cachoeira, não haverá mais cinzas. — Mas quem decide? — Quem decide o quê, Arnaldo? — Quem queima, quem fecha a cachoeira, quem dá a água. — Por que está interessado nisso? Tudo funciona bem. — É a sua opinião, Dolores. — E qual é a sua, Arnaldo? — Que nós também devemos mandar! — Nós, quem? — Todos nós. — O que é que está errado, Tito? — Por exemplo, por que a Camila não está aqui? — Com a morte da Sofia, alguém precisava ocupar o lugar dela. Nós a escolhemos no dia em que vocês ficaram bêbados, no dia em que a Olga e a Lídia morreram, lembram-se disso? — Mas quem escolheu? — Nós, os mais antigos: eu, a Júlia e o Cristóvão. — Isso não está certo! Por que um grupo tem que mandar, e o resto tem que obedecer? — Dulce, você lembra como era antes de vocês se conhecerem? O locus do Logos Prepotentes e a lição das ruas - 15