Humberto Mendes
A Universalidade do Ser
SĂŁo Paulo 2016
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Lina Mendes
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ M491u Mendes, Humberto A universalidade do ser / Humberto Mendes. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2016. ISBN 978-85-437-0725-9 1. Religião. 2. Filosofia. I. Título. 16-38207
CDD: 204 CDU: 2-4
________________________________________________________________ 28/11/2016 29/11/2016 Impresso no Brasil Printed in Brazil
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A UNIVERSALIDADE DO SER
O homem não é um simples ser itinerante, dando uma passada aqui pelo planeta Terra. Ele é, isto sim, um espírito, um ser eterno e universal, vivendo mais uma reencarnação como ser humano e, como tal, seu compromisso durante toda a sua existência é muito mais amplo do que sua simples imaginação é capaz de avaliar.
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INTRODUÇÃO SOBRE OS DEPOIMENTOS Ao saber de nossa intenção de publicar este livro, alguns amigos, frequentadores da doutrina ou não, decidiram dar sua colaboração, com depoimentos sobre este autor e sua obra. Gostei tanto da ideia que resolvi abrir espaço para outros tantos amigos, independentemente de suas convicções, fazerem seus comentários. Não deu outra: pelo menos uns vinte escreveram depoimentos que muito valorizaram o trabalho. Então, considerando toda a honra que sinto em cada um desses textos, peço aos amigos leitores para não levaram em conta as loas e louvores que não fiz absolutamente nada para merecer. Esses depoimentos podem ser encontrados no fechamento dos artigos - ou capítulos - e também nas orelhas deste A Universalidade do Ser. Muito obrigado a todos, e que Deus engrandeça a encha de alegria e encantamento a existência de cada um desses exagerados e muito queridos amigos. Humberto Mendes
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Creio, como o filósofo mais crente, Na generalidade decrescente Com que a substância cósmica evolui… Creio, perante a evolução imensa, Que o homem universal de amanhã vença, O homem particular que eu ontem fui! Augusto dos Anjos (Último credo, excerto)
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PREFÁCIO Em meados do século XIX, nos primórdios do Espiritismo – ainda antes do lançamento de O Livro dos Espíritos –, Hippolyte Léon Denizard Rivail ocupava-se intensamente da observação e análise dos fenômenos físicos, os quais se multiplicavam não apenas na França, mas em boa parte do ocidente. Eram cadeiras e mesas girantes, objetos lançados ao longe, gavetas no abre e fecha, aparições, cheiros, sons em profusão. Não por acaso, esses episódios tornavam-se muito frequentes e aguçavam a curiosidade de cientistas, físicos, acadêmicos. Era a Providência Divina, permitindo que ficasse evidente aos aqui encarnados que havia, sim, um mundo desconhecido por nós, que ultrapassava os limitados sentidos carnais. Um mundo muito mais completo e complexo, habitado por seres igualmente vivos e inteligentes, que permanecia em constante contato com o plano terrestre. Por mais que os materialistas e positivistas, muito na moda à época, insistissem em negar, lhes faltavam os instrumentos que fossem capazes de explicar as manifestações de maneira convincente. Vem daí a importância histórica de Sr. Rivail, agora Allan Kardec, ainda não devidamente reconhecida. Ao codificar a Doutrina Espírita – é bom que se 11
faça um à parte sobre a palavra codificação, pois de fato transformou as suas observações dos fenômenos e dos diálogos com os Espíritos em algo absolutamente didático e acessível a todos, por meio da publicação das obras básicas e da Revista Espírita, daí ser chamado de codificador –, Kardec estabeleceu os fundamentos para a compreensão de muitas questões de cunho filosófico, existencial, técnico e até mesmo relativas à saúde do ser humano, que há milênios acompanhavam e angustiavam as mais diversas sociedades. O tempo se encarregará de colocá-lo no lugar que lhe é de direito na história do mundo. Por razões que me escapam, o Espiritismo respira por aparelhos na França. São cada vez mais raros os centros sérios de estudo e ainda mais difíceis de encontrar aqueles que permaneceram fiéis aos princípios básicos espíritas. O que talvez nem Kardec nem nenhum de seus mais próximos companheiros poderiam supor era que a Doutrina Espírita em poucos anos atravessaria o Atlântico e, quase concomitantemente à sua decadência no Velho Continente, fincaria profícuos e promissores pilares em solo brasileiro. Alguns poderiam justificar que isso se dá pela influência religiosa afrodescendente, eu quero acreditar que ocorre porque somos especiais mesmo. Aqui tivemos Eurípedes Barsanulfo, excepcional professor, Dr. Bezerra de Menezes, médico caridoso, Herculano Pires, estudioso disciplinado, Chico Xavier, testemunho de abnegação e entrega, e tantos outros que podem nos fazer acreditar que o Espiritis12
mo foi feito mesmo para essa terra em que tudo dá. Foi aqui, no Brasil, que a Doutrina difundiu-se com bastante intensidade, onde houve uma profusão de centros espíritas, de médiuns, de grupos de estudos, de escritores, de instituições de caridade mantidas por centros espíritas, de creches, asilos, hospitais e até escolas. Nem mesmo a forte presença católica inibiu a difusão do pensamento espírita, e até aqueles que se dizem evangélicos acreditam, em maior ou menor grau, na existência de Espíritos, na vida após a morte, na influência que o mundo invisível exerce sobre nós, no poder da cura pelas mãos etc. É por isso que cabe a nós, os espíritas, o apreço pela Doutrina, o cuidado em mantê-la o mais próxima possível da sua pureza e simplicidade, sem introduzir enfeites e perfumaria naquilo que é claro e límpido. Está sob nossa responsabilidade manter os ensinamentos e as descobertas de Kardec intactas, pois neles está assentada a beleza da própria Doutrina. Kardec, ele mesmo cravou que se a ciência provasse que o Espiritismo não correspondia à realidade, ficássemos nós com a ciência, tamanha a confiança naquilo que havia produzido com o auxílio direto dos Espíritos. Se há algum problema com o Espiritismo, ou melhor, com os espíritas, é a maneira como lidam com a própria Doutrina. De um lado, aqueles que se consideram doutos, proprietários dos mais vastos conhecimentos, donos do mais rebuscado “espiritês” em suas palestras intermináveis, que, do alto de uma hierarquia falsamente criada e alimentada por alguns, es13
culpem ares de superioridade e, por vezes amparados por uma mediunidade mal-educada, tornam a prática espírita muito mais próxima da pajelança. De outro, estão aqueles que, embora imbuídos da mais pura boa vontade, justamente pela falta de debruçarem-se no estudo da obra básica, levam a prática doutrinária na simples intuição, reproduzindo padrões e dogmas que são completamente estranhos ao Espiritismo. Daí a importância deste livro. Os registros de Humberto Mendes são justamente um apelo à simplicidade e à veracidade da Doutrina; um convite ao bom senso. Faz-nos lembrar que é preciso raciocinar, pensar, ponderar, refletir sobre nossos pensamentos e ações, uma vez que a responsabilidade de praticamente tudo o que ocorre conosco é absolutamente nossa. O que equivale dizer que, embora estejamos submetidos às Leis Naturais, queiramos ou não, Deus nos dotou do livre arbítrio, e compete a nós, somente a nós, a condução da nossa própria felicidade ou infelicidade. Relembrando Herculano Pires, “Não havendo no Espiritismo dogmas de fé, tudo pode ser apreciado e discutido em termos de bom senso ou boa razão. Descartes aconselhava a evitar-se dois elementos perigosos ao raciocínio, que são o preconceito e a precipitação” (PIRES, Herculano. Agonia das Religiões. São Paulo: Paideia, 1976. p. 68). Com sua escrita fluida, lembra conversas informais como as que temos todos os dias com os amigos mais próximos. Talvez por isso, em alguns temas, há quem possa discordar. E isso é ótimo, é a mais bela prova da plasticidade e da racionalidade da Doutrina Espírita, 14
que permite a discussão e o embate de ideias, desde que os argumentos utilizados levem em conta seus fundamentos: a existência do Espírito e do mundo espiritual, a influência dos desencarnados sobre os encarnados (e vice-versa), a certeza do processo evolutivo e a crença em Deus. É a chamada fé raciocinada posta à prova. Mas é preciso dizer que o livro de Humberto Mendes não é um compêndio que reúne as regras congeladas e máximas ocas de uma religião, nem pretende ser um receituário para a libertação de almas sofridas que, diga-se, quase todos somos. Melhor que isso, é um convite ao exercício do bem e à reflexão sobre temas que nos visitam o tempo todo, da convivência familiar à necessidade da retidão do caráter, tão carente em nossos dias. No final das contas, fica claro com a leitura de seus textos, que todos queremos a mesma coisa; seja por meio do espiritismo, do islamismo, do hinduísmo, do budismo ou do judaísmo, a busca humana é sempre a mesma. A ideia de paz – a verdadeira paz de espírito –, é perseguida por todos nós porque sabemos intimamente, consciente ou inconscientemente, que nossa vida não se resume às relações profissionais, às conquistas materiais, aos títulos e aos cargos. O sentimento de incompletude e vazio que por vezes nos abate é, pelo menos em parte, reflexo do impulso de busca daquilo que transcende o mundo carnal. E a lição mais importante de todas é a de que qualquer transformação que nos leve à libertação espiritual depende exclusivamente da nossa própria vonta15