Cappuccino Grande
Cappuccino Grande Dilma Fernandes
São Paulo – 2015
Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.
Capa
Jacilene de Moraes
Diagramação Camila C. Morais Revisão
Nome do revisor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________
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Dedicatória Dedicado a meus pais que são tudo para mim, a meu irmão, a toda a minha família, a vocês Daay, Cintia e André, meus melhores amigos; a minha madrinha Virginia por não me deixar desistir de acreditar. Eliane, obrigada por acreditar em mim, por não me permitir abrir mão do que descobri que amo fazer, por investir em mim, da forma como pôde. Você foi fundamental para a realização deste meu sonho, me deu força e abriu meus olhos. Dedicado a todos aqueles que acreditaram que este meu sonho pudesse ser possível, a todos que me deram carinho e que mesmo com um simples “parabéns por sua escrita”ou “gostei” me incentivaram. Sim, estou falando de vocês, meus amados leitores, do Nyah e do Animespirit (atualmente SocialSpirit), e me refiro a todos mesmo, 5
mas em especial a Dani Chris; Felipe(Miicky) que insiste em dizer que um dia se casa comigo; William Alves Lucas, o meu Luke, meu anjo caído, meu irmão de outra vida, obrigada por não me deixar desistir de mim mesma, por me impedir de cair; Nando, que tem um futuro brilhante pela frente; Dinah, minha amada leitora que insiste em pensar que me esqueço de você; Tina, meu orgulho de mente brilhante, minha irmã mais nova que é simplesmente um gênio; Stephani Baker, que sempre vai estar comigo dentro do meu coração. Eu te amo; Lara Sanders, minha linda eu também te amo muito e quero que nunca se esqueça do quão grande você é. Jheny, obrigada por me dar mais motivos para sorrir e por ter surgido em minha vida. Coelhinha doida, hoje você é para mim como P!ATD e sempre será. Dahfs, minha Marilyn da atualidade. DIVA.Wendell, querido amigo,um dia ainda lançaremos uma gramática só nossa. E antes que eu me esqueça, você, Camila, também conhecida como Lostie. Mantenhamos a calma, isso não é um testamento. Geralmente comentários de meus leitores nos sites citados acima sempre foram maiores do que uma frase e de cada um eu sempre pude extrair o máximo de carinho, cuidado e zelo para comigo e com minhas ideias, mesmo que ambos sejamos confusos. Vocês foram essenciais para que este sonho viesse a ser realizado. Obrigada. Dedicado também aos meus amigos que sempre estiveram por perto e mesmo que longe nunca deixarão de ser perfeitos para mim, Júlio (irmão filho de outros pais), Rafael Tadeu, Wallace, Fabrício, Naraiany, Débora, Jessica e Júlio, meu maninho amado, Dâmaris e Elisa. Amo vocês, muito 6
mesmo e peço que desculpem os meus vacilos de sempre. Kenia, minha irmã mais velha, eu não me esqueci de você. Aos professores que não me deixaram desistir e me ensinaram muito do que sei. Sem vocês eu não estaria aqui, nessa página. Não haveria uma outra forma de agradecer, se não dizer obrigada e oferecer estes simples escritos a vocês. Todos vocês, sem exceções. Quando você escreve acaba colocando pedaços de si, mesmo que sejam detalhes mínimos em suas histórias, seus personagens se tornam seus amigos ou espelhos de seus hábitos e, quando as pessoas tratam com carinho, aquilo a que você se dedicou só pode ser descrito como gratificante. Ofereço também a todos aqueles que disseram que eu não seria capaz, que disseram que isto não era para mim. Eu acredito nos meus sonhos e luto por eles. Não me esqueci de você, Márcio, professor de matemática. Obrigada por dizer que eu não seria nada na vida. Agradeço também às bandas que fazem parte de minha vida e de minha história. Pode parecer estranho agradecer a uma banda, mas para mim não é tão estranho quando a música preenche todos os vazios e o silêncio que sua vida tem. Obrigada Panic! At The Disco, Avenged Sevenfold, 30 Seconds to Mars, Michael Bublé, Pitty, My Chemical Romance, Bullet For My Valentine e tantos outros por toda a inspiração. Ah, Matt Shadows você disse que ama os fãs brasileiros e cá estou eu lhe mostrando que é recíproco. Brendon, Dallon e Kennety, obrigada por virem a Belo Horizonte e fazerem do dia 18 de outubro de 2014 o dia mais feliz da minha vida. I was there. 7
Introdução Meu nome é Daphne Blake, tenho vinte e oito anos e há cerca de cinco sou formada em Psicologia e atuo desde então para o governo do estado do Colorado, nos Estados Unidos, como psicóloga criminal e atendendo a todo o sistema prisional da cidade de Denver. Vez ou outra prestando serviço para outros estados. Tantos foram os que passaram pela cadeira de aço à frente da minha que nem mesmo tenho um número específico que posso usar, porém mesmo assim me lembro de cada rosto que passou por aquela sala. Cada voz e de cada tom usado. Alguns conseguiram me ferir no começo com palavras que me rasgavam mais que navalha em carne nua, outros tentaram desnecessariamente me conquistar com cantadas baratas e declarações desnecessárias, outros 9
deixaram claro que só precisavam de alguém para conversar, alguns melhoraram depois de algumas sessões e puderam cumprir o resto de suas penas e voltar para as ruas sem apresentar risco à sociedade, ao contrário dos que me deram a mesma impressão e voltaram tempos depois por terem feito coisas ainda piores, e tantos outros cometeram suicídio. Fui responsável direta pela condenação de alguns à Cadeira Elétrica ou Morte Química, e, sim, é dessa última lista que iremos tratar. Muitos me fizeram sentir dó e remorso ao ponto de eu sequer conseguir pregar meus olhos por dias seguidos após a execução, as quais sou obrigada a assistir, mas nenhuma me machucou tanto quanto a última. Me dando a sensação de que seria melhor se eu tivesse sido morta também, minutos antes. Com todos os prós e contras aquela era a profissão que eu havia escolhido para mim e por isso não podia me permitir ficar abalada, até porque nem mesmo que eu quisesse conseguiria me livrar dessa carreira. Havia feito escolhas e toda escolha tem suas consequências, e foram estas que me fizeram chegar a este momento. Me encontrava responsável por outros vinte e um novos presos, sendo três por tarde e tendo minhas manhãs de ajuda psicológica às “moças” do presídio, quando jogaram por sobre a minha mesa o vigésimo segundo perfil para análise e estudo, e foi este último caso que passou por minhas mãos, o que realmente me trouxe até aqui. Adam James Smith Freitag. Me encontro afastada de meu cargo há exatamente um mês por estar sem condições físicas ou psicológicas 10
para seguir em frente; e estou cumprindo o último desejo de Adam. Ao correr meus olhos pelo perfil pré-definido dele, pensei ser só mais um rico presunçoso com o rei na barriga, mas se mostrou a mente mais complexa e semelhante à minha que já passou por minha mesa. Talvez, se tivesse o rei na barriga, ele teria se matado também. Neste momento estou digitando o que ele me deixou, ou melhor dizendo, deixou para Rosemary Campbell. Sempre me utilizei desta alcunha dentro dos presídios em que eu trabalhava por medida de segurança própria. Eu o faço, mesmo que minhas mãos tremam a cada linha e que meus olhos me façam ter de parar algumas vezes por estarem embaçados devido às malditas lágrimas que o preenchem. Observação: Nenhuma palavra fora alterada da versão original. Apenas a digitação foi realizada e estas minhas poucas palavras que foram adicionadas.
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Capítulo 1 Bem-vinda a meu mundo. Aos cuidados de Rosemary Campbell Aqui seguem todas as palavras que não fui capaz de dizer fitando seus olhos, mesmo sendo ou tentado ser transparente com você em todos os nossos diálogos que pareciam mais monólogos já que você pouco falava. E, por falhar desta forma, me sinto em dívida com você. Devo ressaltar antes de qualquer coisa que eu desejo que sejas feliz como eu gostaria de tê-la feito. Poderia ter feito de você a mulher mais feliz deste mundo, caso tivesse lhe conhecido em outra situação em que eu não estivesse algemado a uma cadeira de aço e você à minha frente tendo de escutar o quão monstruoso eu posso ou poderia ser. Aqui eu era só mais dos tantos e nem mesmo sei se você está lendo isto. 13
Me fascinei pela forma firme com que se mostrou enquanto eu revelava pela primeira vez todos os pensamentos que já passaram por minha mente doente, todos os meus absurdos e traumas. Quem eu realmente era. Muitos enlouqueceriam na primeira, na segunda ou alguns pouco mais fortes na terceira sessão talvez, mas não você, que parece ter nascido apenas para isto. Ou talvez fosse porque, como todo ser humano, me enxergava maior e mais importante do que eu realmente era. Era desconcertante perceber que você estava me mostrando que eu era apenas um monte de terminações nervosas, sentimentos embaraçados, como cabelos que não vêem um pente há meses, litros de sangue e quilos de carne que resultavam em um monte de... nada. Posso dizer que ser como eu fui é divertido na maior parte do tempo, interpretar uma personagem que exige tanta veracidade e esforço, que todos acreditem ser você, enquanto, na verdade, você nunca será aquele ser insignificante, sem graça, minimalista, atrapalhado e apenas mais um rico presunçoso. Sim, é assim que eu vejo Kevin Barton, a identidade que eu assumi desde meus dezoito anos. No resto do tempo, isso se torna cansativo, frustrante e até digo que se resume em pura perda de tempo. É andar em círculos, como fazem os cachorros tentando morder o próprio rabo, no meu caso deixando pegadas e as apagando em um ciclo vicioso que parece nunca ter fim. Ser sempre duas pessoas é cansativo, o certinho que não pode nem mesmo respirar normalmente com medo de evocar a atenção das pessoas a sua volta para si, e o monstro que todos tentam pegar, mas não têm 14
provas. Eles às vezes entram em conflito dentro de você, aí é quando surge a vontade de se matar para acabar com tudo de uma única vez, ou, como diria Shakespeare, é aí que bate o ponto. Parte de mim sempre quis parar, desde a primeira morte, mas o resto do meu ser sempre quis mais e mais. Nunca quis parar, aliás era como um jogo e quem é que quer parar quando está ganhando? Os cassinos de Vegas lucram dessa forma. Por essa segunda parte de mim, quanto mais pessoas morressem, melhor. Mas eu já havia matado mais de cem pessoas por diversão e pura e simples perversão mental alegando ser por vingança. Eu já havia atingido meus trinta anos, possuía tanto dinheiro que, mesmo que quisesse, não conseguiria gastar todo ele sozinho, tinha tudo que sempre quis comprar, estava casado há quatro anos com uma mulher que eu sequer gostava. Ela não passava de algo com o que eu me satisfazia durante as noites e pagava com todo meu dinheiro, que ela gastava com coisas fúteis. Eu julgava ser casado com uma prostituta de luxo. Era assim que eu a via, não me culpo por isso; então, não me julgue. Tinha um irmão que nem mesmo sabia se ainda estava vivo porque, há exatos doze anos, eu não o via. Não sabia se ele havia se casado, se estava feliz, se tinha filhos e, se os tinha, quantos eram, não me importava com isso. Joshua era só um dos tantos detalhes de minha vida que eu simplesmente fazia questão de esquecer. Havia nessa lista também um único amigo que eu tive de abandonar para ter a completa certeza de que não iria machucá-lo e isso foi pior do que qualquer coisa que eu já havia passado até então. 15