Coronéis, Contos, Folclore e Lendas

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CoronĂŠis, Contos, Folclore e Lendas



Honorato Ribeiro dos Santos

CoronĂŠis, Contos, Folclore e Lendas

SĂŁo Paulo 2012


Copyright © 2012 by Editora Baraúna SE Ltda Capa e Projeto Gráfico Aline Benitez Revisão Jacqueline Lima

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ _________________________________________________________________

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Santos, Honorato Ribeiro dos Coronéis, contos, folclore e lendas/ Honorato Ribeiro dos Santos. - São Paulo: Baraúna, 2012. Índice ISBN 978-85-7923-535-1 1. Conto brasileiro. I. Título. 12-2263.

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

11.04.12 17.04.12

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Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua Januário Miraglia, 88 CEP 04507-020 Vila Nova Conceição - São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br www.livrariabarauna.com.br


Apresentação Este livro, que ora escrevo, mais um dos que já tenho escrito sobre a história de Carinhanha, cidade entre dois rios — São Francisco e Carinhanha — a qual foi descoberta em 1712, e emancipada em 1909. Foi uma emancipação política cheia de muita violência, dominada por gananciosos pelo poder político, que culminou em lutas bravias acontecendo muitas mortes e muitas fugas dos próprios filhos da terra. Também conto muitos contos, sagas, folclore e lendas do Rio São Francisco. Nele, o leitor vai conhecer quem eram esses coronéis da “Guarda Nacional” que, além da patente de coronel, eram absolutos, tendo poderes de legislar, administrar, julgar e condenar. Eram revestidos de todos as prerrogativas sem que fossem condenados pelos seus atos cruéis e criminosos que praticavam. Alguém entrevistando o Cel. João Correia Duque lhe perguntou: “Coronel, por que tantos crimes houve aqui em Carinhanha”? Ele respondeu: “Na política não há crime e

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sim remoção de obstáculo”. (...!). Todas as personagens desta história são reais. Muitos dos coronéis citados nesse livro foram descobertos por meio de uma pesquisa que fiz com os mais velhos e com alguns que viveram nessa época de rixas políticas, que começaram em 1912, e só acabaram, quando foram retirados do trono do poder de patente comprada, ficando somente o nome e seus atos criminosos que conto neste livro. Embora tenham perdido os poderes que tinham, ainda, até hoje, corre seu sangue nas veias abertas dos que assumem o poder político. Só acabará definitivamente, quando o Brasil investir na educação e na cultura, pois o povo sem cultura e sem educação é povo pobre sem saber os seus direitos e nem deveres; enxerga com a tapa e se transforma em verdadeiros fantoches. O toma lá dá cá continuará. Pois a maior dependência é ganhar o peixe já pronto no prato, porque não ensinam a pescar. Isso não deixará de ser uma compra do indivíduo que só aprendeu a caminhar com os pés dos outros por não possuir o saber que lhe faz independente, com capacidade de enxergar que é livre para analisar o que é bom para si e o povo brasileiro. Os contos e as personagens são irreais, principalmente os protagonistas. As lendas e o folclore são a maior riqueza que ainda permanece entre nós. Mas muitas coisas já ficaram no esquecimento, pois os velhos que sustentavam essa tradição e cultura da “ciência do povo”, Deus os levou. Não ensinam nas escolas a tradição e poucos são os que leem meus livros por não gostar de ler. Muitos dos alunos dos colégios são forçados a pesquisar;

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não achando onde, vêm me entrevistar. Este livro é a continuação ou resumo dos tantos que já publiquei, a fim de que não morra a nossa maior riqueza: a sua história, os contos, as lendas e o folclore, a cultura e a tradição dessa cidade ribeirinha no Médio São Francisco. O autor.

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Prefácio “Sempre que vou à Carinhanha, eu faço uma visita de cortesia ao amigo das letras, o confrade Honorato Ribeiro dos Santos, defensor aguerrido do Velho Chico e estudioso inveterado do passado glorioso daquela região do Vale do Carinhanha. É interessante entender a angústia e o temor que os barranqueiros têm quando se fala sobre a morte contínua do rio São Francisco. É porque, se morre o rio, morreremos todos nós. Evidentemente! O nosso confrade das letras, o mestre Honorato Ribeiro dos Santos canta e encanta o valoroso rio da Unidade Nacional “nas suas” literaturas de cordéis. Também, expressa, em versos, a sua preocupação com a degradação que o rio vem sofrendo através dos tempos modernos, por atos de vandalismo de pessoas irresponsáveis e inescrupulosas. Diz o poeta, com muita propriedade, em uma linda estrofe do seu opúsculo “A Morte do Velho Chico”, a seguinte anotação sobre a trajetória do rio:

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Januária da cachaça, Bom Jesus tem romaria, Malhada da Santa Cruz, Carinhanha da pescaria... Pirapora dos vapores, Juazeiro dos amores Das águas das Três Marias. Certamente que o ilustre historiador, Honorato Ribeiro dos Santos, sintetizou todas as passagens, as pioneiras do velho rio São Francisco numa só estrofe: de Pirapora a Juazeiro. Essa é a parte média do rio, onde ainda é permitida a navegação em suas águas nas antigas embarcações ainda existentes. O clamor por socorro colocado em pontos específicos pelo poeta Honorato Ribeiro dos Santos, apenas realça a necessidade que temos de preservar a vida deste grande rio. Se vivo fosse, o reinol Manuel Nunes Viana, fundador da Vila de São José de Carinhanha, estaria hoje horrorizado com o descuido que o povo tem pela conservação do rio. Poderíamos até ouvir dele a seguinte indagação: — por onde anda a matéria que eu deixei por aqui? Ora, é verdade que o gato não comeu e os nossos governantes sabem disso. A história de Carinhanha é uma das mais belas histórias das cidades do sertão baiano. Falar sobre os episódios dos jagunços “das rixas políticas dos coronéis”, em especial nos anos de 1919 a 1928, — nessa década, — quando o senhor Ruy Barbosa se lançava à sucessão governamental na Bahia, através de sua Campanha Política, percebemos a importância que as cidades de Carinhanha

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e Malhada da Santa Cruz representavam para a consolidação do governo baiano. O Mestre Honorato registrou em seu livro, História de Carinhanha, esses fatos, todos eles de relevantes valores para a história local. Estar com o Mestre Honorato Ribeiro dos Santos é um privilégio. Falar do passado de Carinhanha e do futuro de sua gente e, ainda, discutir pontos de vistas sobre os fatos mais importantes da história do rio, de “Carinhanha” e Malhada, a antiga Biguara, além de privilégio é o momento de mergulhar de corpo e alma, num banho de sabedoria. E, depois disso, somente absorver os ensinamentos do Mestre Honorato nos seus mínimos detalhes. A cidade de Carinhanha é hoje o retrato em preto e branco de um sertão mal colonizado. Pois isso, perambular pelas suas ruas, sempre à luz do meio-dia, ainda nos leva de volta ao passado. E, apreciar os seus velhos casarões, todos eles de uma beleza — “com a Casa da Careta e a da Estação” — que nos causa uma sensação de paz e espírito, é a maneira pela qual retornamos o tempo pretérito. Portanto é preciso recuperar a história e o grande segredo para tanto, está na alma e no coração de gente como Honorato, que tem consigo coragem e a chave dos mistérios da vida. Dário Teixeira Cotrim. Escritor e Historiador.

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DEPOIMENTOS Escritora Mirian Warttusch, Estou lhe enviando três cordéis compostos por um grande amigo, escritor do interior da Bahia. O nome dele é Honorato Ribeiro dos Santos (Mestre Zé de Patrício). Hoje ele tem sido o maior porta-voz do sertão do São Francisco e um dos maiores defensores do Rio. A literatura de Honorato Ribeiro dos Santos está causando admirações por toda região naquela parte do Sertão baiano. Hoje, eu até poderia dizer que, lá no cerrado de Goiás germinou uma linda e perfumada flor que cresceu e desabrochou para que nós brasileiros, através da sua literatura, nos deliciássemos dos seus lindos versos. Nome da flor: Cora Coralina. E que lá no meio do tabuleiro no sertão do São Francisco, entre os juazeiros, cagaiteiras, cajueiros, macambiras, ingazeiras, fixos, araticuns cagões e pequizeiros, germinou uma flor que cresceu e está maravilhando os sertanistas barranqueiros do sertão do rio são Francisco com a sua literatura . Nome da flor é:

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Honorato Ribeiro dos Santos. E que eu, a partir de agora, chamo-o de “o Porta voz do sertão do São Francisco”. Mirian Warttusch, o Honorato está resgatando para nós e para as gerações futuras, a história daquela região, trazendo à tona a saga dos coronéis que deixaram rastros de sangue por toda aquela parte do médio São Francisco, desde Pirapora das Minas Gerais, até Juazeiro e Petrolina, passando pelas cidades construídas às beiras dos afluentes do velho Chico. Hoje nós conhecemos bastante, a saga dos coronéis através dos livros do grande Jorge Amado, mas os coronéis de lá do sul da Bahia. O Honorato está trazendo à baila, a história dos coronéis lá do sertão baiano através dos seus cinco volumes de livro A História de Carinhanha e também resgatando muitas coisas da cultura daquela região, há tempo esquecidas. Recentemente ele lançou um livro de cunho religioso: O Retrato de Jesus. Agora me surpreende com um próximo lançamento: Coronéis, Contos, Folclore e Lendas. E pelo o que conheço do autor, tenho a convicção de que será mais um belo livro, considerando o universo do Honorato, universo que eu conheço muito bem. Miriam Warttusch, estou lhe escrevendo sobre este meu amigo porque tenho a certeza de que você como grande pesquisadora, sem dúvida gostará de conhecer este grande sertanejo lá do sertão do médio São Francisco. Na internet você poderá pesquisar muitas coisas sobre o Honorato Ribeiro dos Santos. Abraços e até o dia do Sarau. João Nogueira da Cruz, poeta e cronista. São Paulo.

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Meu Mestre, Honorato Ribeiro dos Santos, hoje noto que é muito mais fácil falar de Honorato Ribeiro dos Santos, que o popular como o povo o (sic) chama de “Zé de Patrício. E vou tentar fazer a proeza de separá-los. O primeiro, só conheci, via fone, quando já morava em Campinas, no Estado de São Paulo, quando ele me falou que gostaria de gravar o Hino de Carinhanha de sua autoria. Após inúmeros contatos e a gravação do CD fiz uma visita à sua cidade, no ano de 2009, e lá me abasteci culturalmente com o seu cabedal do saber. Literato discorre como ninguém a história de Carinhanha com suas sagas, e rixas políticas de coronéis da “Guarda Nacional” que investido de poderes absolutos e com seus asseclas e jagunços matavam sem piedade. Honorato, ora como contador de causos, ora como musicista, com seu plangente violão solando músicas clássicas, ora como compositor, poeta, historiador e escritor. O Zé de Patrício era um mito que eu tinha na cabeça, desde a minha infância, pois fui seu aluno, no Educandário São José, e já estava (sic) ficando tênues as lembranças daquele tempo, mas a viagem de retorno trouxe-me todas as memórias do seu “fazer cultural”, que nos transmitiu, como um exemplo de professor. Costumo me parafrasear como Mestre-maestro, mais (sic) podemos amalgamar aqui outras nuanças, como cristão que propaga aos quatro ventos a salvação através do seu exemplo de vida de Jesus Cristo, escrevendo,

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