S O NIA CO ELHO
Nem
Tudo que Reluz
é Ouro Nem
TUDO O QUE PARECE É
São Paulo 2017
Copyright © 2017 by Editora Baraúna SE Ltda
Capa
Felippe Scagion
Diagramação
Editora Baraúna
Revisão
Scarlett Martins
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ C62n Coelho, Sonia Nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que parece é / Sonia Coelho. 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2016. ISBN: 978-85-4370-736-5 1. Romance brasileiro. I. Título. 16-38425
CDD: 869.3 CDU: 821.134.3(81)-3
________________________________________________________________ 07/12/2016 12/12/2016 Impresso no Brasil Printed in Brazil
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br
Rua da Quitanda, 139 – 3º andar CEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br
Dedicatรณria Pelos momentos e pelas alegrias que vivemos, dedico este livro a um ser especial que continuarรก sendo sempre meu anjo dourado.
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AGRADECIMENTO À Agroindústria Citrus Santa Cruz.
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Introdução Tudo em nossas vidas, seja de bom ou ruim, não é coincidência. Tudo tem uma razão de ser e também um por que, nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que parece é. Buscar conhecimento e adquirir sabedoria é necessário para sabermos lidar com diversas situações que nos são impostas no caminho de nossas vidas... é necessário refletir sobre nós mesmos. Fazer uma viagem dentro do nosso próprio eu é difícil, mas é fácil olhar os erros e defeitos alheios, julgar e condenar. No entanto, não é nada fácil encarar a nós mesmos. Errar é humano, mas persistir no erro é burrice. Os olhos são o espelho da alma, eles não mentem jamais. Se souber ver com os olhos da alma, poderá identificar através de um olhar todas as energias e pensamentos. Falar até papagaio fala, os lábios podem trair através de palavras, sorrisos e até mesmo beijos falsos; o coração, o segundo órgão mais importante em nossas 9
vidas, também pode nos trair através de sentimentos; o cérebro é o primeiro órgão, costumo chamá-lo de nossa caixinha de segredos porque é nele que se escondem pensamentos e lembranças. O cérebro está ligado em primeiro plano com o coração, que reage diretamente sob o comando do cérebro, que é a nossa mente, nosso consciente e inconsciente. É ali que se esconde o nosso eu verdadeiro. Comece a procurar, tente se encontrar.
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NEM TUDO QUE RESLUZ É OURO, NEM TUDO QUE PARECE É
Em um pequeno vilarejo havia um mago ancião que trazia consigo grande sabedoria. Um senhor misterioso que muito ouvia, mas pouco falava, pois uma coisa sabia é ouvir mais e falar menos, assim como diz o ditado popular: o peixe morre pela boca. Nesse mesmo vilarejo moravam duas jovens irmãs que estavam em idade para se casar e decidiram procurar o mago para pedir conselhos e orientação. Assim que chegaram, lhe colocaram a par do motivo da visita. O mago as ouviu atentamente e então lhes disse: — Lhes darei quatro baús, dois para cada uma, porém, desses dois terão que escolher apenas um. Guardarão com vocês e poderão usar apenas se for necessário, mas não poderão se desfazer de suas escolhas. Em breve se casarão e terão que cuidar de vosso baú. Então o mago colocou à frente de cada jovem dois 11
baús e pediu que escolhessem. Em um baú havia joias belas e valiosas e no outro ferramentas de trabalho. Uma das irmãs se deslumbrou pelas joias. Estava fascinada e não hesitou em sua escolha, porém a outra estava confusa e pensativa. O mago, então, lhe perguntou: — Por que hesita na sua escolha? Ela lhe respondeu: as joias são belas e de grande valor, mas de que me servirão? Nunca as usarei e o senhor mesmo disse que não poderemos nos desfazer da nossa escolha. Porém, se eu me casar com um bom homem, ele poderá usufruir da minha escolha. Se eu escolher as ferramentas, elas serão úteis: poderei compartilhar com ele minha escolha e não estarei me desfazendo dela. O mago deu um sorriso sereno e lhe respondeu: — Não posso interferir na sua escolha, ouça apenas o seu coração. –Então a jovem escolheu o baú de ferramentas. A irmã, inconformada com a escolha da outra, dizia com desdém e fazendo críticas. — Você deve ser muito burra ou ignorante mesmo. Escolher ferramentas em vez de joias lindas, valiosas. Ao que a outra respondeu: — Ah sim... são realmente lindas e muito valiosas, mas que não poderão ser usadas pois nunca saímos do vilarejo; não poderão ser vendidas, pois, como o mago disse, não poderemos desfazer de nossa escolha. E o que tem valor para você, pode não ser tão valioso para mim. Não vamos mais falar sobre isso, fizemos nossas escolhas e está feita. 12
Todos os dias as jovens abriam seus baús, uma se perdia deslumbrada pela beleza e brilho das joias. A outra se perdia imaginando o que seu futuro esposo faria com aquelas ferramentas. Alguns meses se passaram e, em um belo dia, ao entardecer, apareceram no vilarejo três viajantes que procuravam abrigo para passarem a noite. O pai das jovens os acolheu, ofereceu-lhes um pequeno quarto onde poderiam repousar e apresentou aos visitantes sua esposa e as duas filhas. Durante o jantar todos participavam de uma conversa bem animada. Os rapazes olhavam com interesse disfarçado para as irmãs, admirando as qualidades que possuíam. Uma era muito faladeira, a outra se limitava apenas a ouvir. A jovem se levantou, pedindo licença para se retirar, então um dos visitantes comentou: — Parece que ela não gosta muito de visitas. Então o pai respondeu: — É o jeito dela, não se preocupe. Todas as noites ela passa horas sentada na varanda observando o céu estrelado. se deslumbrando com a lua. Coisas de moças nessa idade. Então o outro jovem perguntou à irmã presente: — E você, do que gosta? – E ela disse que adorava viajar. O pai, assustado, retrucou: — Você nunca saiu do vilarejo! Ao que ela respondeu: — Sim, papai, me refiro aos livros. Quando me ponho a ler é como se estivesse viajando. É para isso 13
que serve a imaginação, não é? – E começou a rir, achando graça de si mesma. O pai dos rapazes agradeceu pela hospedagem e disse: — Ao amanhecer poderei conhecer melhor esse vilarejo, me parece ser um bom lugar. – E logo se retirou para os aposentos seguido por um dos filhos. O pai das moças também ia se retirar, então o outro jovem pediu permissão para continuar conversando com sua filha, ao que ele permitiu, fazendo-lhe uma observação: — Tudo bem, mas tome cuidado. Em pouco tempo a jovem animada, faladeira, pôs o rapaz a par de todos os acontecimentos e dos moradores do vilarejo, em especial o mago, que despertou grande interesse no rapaz. A moça logo se ofereceu para lhe mostrar o vilarejo, o que ele aceitou imediatamente, dizendo que gostaria muito de conhecer esse mago. Aos primeiros raios de sol, as mulheres da casa já estavam na cozinha preparando o café da manhã, deixando a mesa farta. Assim que os visitantes chegaram para o café, senhor Pietro, pai dos rapazes, disse ao chefe da casa: — Senhor Josias, sua esposa e filhas são bem prendadas, o senhor é um homem de muita sorte. Seu Josias agradeceu, sentindo grande alegria pelo elogio recebido. Todos se sentaram à mesa durante uma conversa animada e descontraída e os homens saíram para conhecer o vilarejo após o café. Pietro, o filho mais velho, disse ao pai que ficaria para 14
cuidar dos cavalos caso resolvesse prosseguir a viagem quando voltasse, mas Antônio, o filho mais jovem, em tudo acompanhava o pai. No quarto, Ynara, a jovem faladeira e animada, conversava com sua irmã. Estava toda empolgada com a presença dos visitantes na casa. Yasmin ouvia e admirava o entusiasmo da irmã. Ynara então lhe disse que levaria o rapaz mais velho para conhecer o mago. Yasmin, assustada, perguntou à irmã: — Você não contou a ele do baú, contou? – Ao que Ynara, rindo, negou Yasmin respirou fundo e falou: — Graças a Deus! Ynara completou dizendo: — Acredita que esqueci! Yasmin, irritada, falou: — Não seja louca, não conhecemos essas pessoas. Pediram abrigo para passarem a noite e logo irão embora, não fale nada sobre o baú. — Está bem – respondeu Ynara. O vilarejo era um lugar calmo. Os moradores eram humildes e seguiam uma rotina diária: os homens trabalhavam nas plantações, de onde tiravam o sustento da família. Uma parte era para o consumo da família, a outra eles vendiam em cidades próximas; as mulheres se ocupavam em tarefas domésticas, mas sempre que podiam também ajudavam seus maridos. Todas as famílias do vilarejo viviam como uma grande família, com simplicidade, mas em harmonia. Assim que terminou de cuidar dos cavalos, Igor procu15