Viva bem com sua
famĂlia
JOSé LUIZ GONÇALVES DIVANI GONÇALVES
Viva bem com sua
família
São Paulo 2017
Copyright © 2017 by Editora Baraúna SE Ltda
Projeto Gráfico Editora Baraúna Revisão
Raquel Sena
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________ G626v Gonçalves, José Luiz Viva bem com sua família / José Luiz Gonçalves, Divani Gonçalves. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2017. ISBN: 978-85-437-0726-6 1. Ficção brasileira. I. Gonçalves, Divani. II. Título. 17-38954 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3 ________________________________________________________________ 05/01/2017 10/01/2017 Impresso no Brasil Printed in Brazil
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br
Rua da Quitanda, 139 – 3º andar CEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SP Tel.: 11 3167.4261 www.EditoraBarauna.com.br
AGRADECIMENTO
Nós agradecemos aos nossos pais, Faustino Frois e Maria de Jesus Gonçalves, por tudo que fizeram por nós. Mesmo passando por momentos difíceis, nos deram carinho e atenção, e com simplicidade transmitiam segurança, palavras de conforto e sabedoria tentando nos orientar da melhor maneira possível. O nosso sincero agradecimento, muito obrigado!
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CAPÍTULO 1
Henrique era um garoto notável, mas ele pagava um preço muito alto por sua inteligência. Sua mãe, Verônica, castigava Henrique sem dó nem piedade. Ela não o deixava sair e nem brincar com outras crianças, ele vivia isolado, da casa para a escola e da escola para casa. Henrique era um garoto estudioso, aprendeu a ler e a escrever com apenas cinco anos. Henrique passava a maior parte do tempo lendo cartilhas infantis, jornais e alguns livros. Por ser um garoto estudioso, na classe era considerado o garoto nota 10. Os professores ficavam surpresos com a facilidade que Henrique tinha para aprender e com o comportamento exemplar que ele tinha na sala de aula. Henrique com o seu carisma e sua mente brilhante conquistava os professores e quem estivesse à sua volta. Quando Henrique procurava sua mãe para conversar, ela nunca tinha um minuto livre para dar atenção para ele. Verônica vivia sempre muito estressada e só 7
conversava com o filho aos gritos, ela não acompanhava o raciocínio de Henrique. Ele aos oito anos parecia um adolescente de quinze, fazia muitas perguntas para sua mãe sobre a vida adulta, negócios e a natureza. Verônica não tinha respostas para tantas perguntas, e logo perdia o controle da situação, ficando muito irada. Verônica perguntava: — Henrique, quem te ensina tanta bobagem? Isso não é assunto para criança se preocupar, é por isso que eu não gosto que você fique conversando com estes garotos de rua, você aprende o que não deve. Verônica tentava controlar as amizades de Henrique, e pedia para que ele não fizesse amizades na escola, colocava defeito em tudo que estivesse próximo do filho. Ele vivia em uma prisão domiciliar, sentia-se um prisioneiro com as portas abertas, não tinha o carinho da mãe e não podia brincar com outras crianças, era um garoto solitário e, quanto mais ele estudava e se informava, mais era castigado por sua mãe. Verônica era cruel com o filho, ele só era feliz na escola, porque recebia muitos elogios dos professores, para qualquer mãe era um orgulho ter um filho inteligente como ele, menos para Verônica, pois ela se sentia pressionada pelas perguntas de Henrique. Verônica morava em um sobrado à Rua Montes Claros, 570, no Bairro dos Bandeirantes, em São Francisco, MG. Uma cabeleireira bem-sucedida, morena 1,70m de altura, cabelos castanhos longos, olhos verdes, rosto comprido e delicado, uma bela mulher. Verônica, aos 30 anos, passava a maior parte do 8
tempo trabalhando no seu próprio salão ao lado da residência, e os filhos ficavam com a babá. Raramente Verônica tirava folga e ia com os filhos passear na casa dos seus pais na Fazenda Rio Pequeno. Henrique gostava muito dos seus avós; durante os primeiros quatro anos de vida, ele foi criado com eles na fazenda. O pai de Verônica, Dimas Machado, um fazendeiro também muito bem-sucedido, agricultor e pecuarista, morava na Fazenda Rio Pequeno com a esposa, Dolores Tardele. Quando Verônica levava Henrique na fazenda, ele passava a maior parte do tempo conversando com o seu avô Dimas, mas as visitas de Verônica eram sempre rápidas, ela sempre voltava no mesmo dia. Henrique estava passando por um momento difícil, e Verônica o deixou passar quinze dias na fazenda com os avôs. Dolores descobriu que Henrique não estava bem, pois estava muito triste e indisposto, o que não era comum para aquele menino. Henrique era um garoto sapeca, inteligente e com muitas habilidades, sempre surpreendia a todos com a sua inteligência e facilidade de aprender. Dolores passou a tarde conversando com ele, tentando entender o que estava acontecendo, ele era um garoto sorridente e, naquele dia, mal esboçou um sorriso depois de uma longa conversa. então Dolores perguntou: — O que está acontecendo com você, Henrique? — Nada, vó. 9
— Rik, eu te conheço, você não está bem! Os olhos dele encheram de lágrimas e ele disse: — Vó, eu estou triste porque ninguém gosta de mim. As lágrimas começaram cair, Dolores o abraçou e disse: — Calma, meu anjo, como você tem coragem de dizer uma coisa dessas, eu te amo. — Vó, a minha mãe não gosta de mim. Ela me odeia. — Bobagem, ela te ama, meu filho. — Não, vó, ela me espanca e grita comigo o tempo todo, ela não tem tempo para conversar comigo e nem me dá carinho, ela não gosta de mim. — Henrique, se a sua mãe te protege, é porque ela te ama. — Vó, a minha mãe só me protege dos outros para sobrar carne para ela bater, não porque me ama, a minha mãe nunca gostou de mim, eu sempre fui um fardo na vida da minha mãe, só de olhar nos olhos dela dá para ver. Depois que a minha mãe se casou e teve o outro filho, ela só da atenção para ele. Não porque o ama, ela só não maltrata o Cléber para não perder o marido. Vovó, eu queria vir morar com vocês aqui na fazenda, mas a minha mãe não deixa. Quando eu crescer, vou fugir para bem longe, eu quero me livrar das garras da minha mãe, ela é cruel, vó, eu só tenho a senhora e o vô Dimas, o meu pai também não gosta de mim. A minha mãe sempre me disse que ele falou que queria me pegar e prender em uma gaiola e é por isso que eu tenho muito medo do meu pai. 10
Dolores o abraçou novamente e ficou secando as lágrimas do rosto dele com os dedos e falou: — Oh, meu anjo, é bobagem da sua mãe, o seu pai nunca quis te fazer mal nenhum. Eles brigaram, sua mãe ficou com raiva dele e inventou essa história, mas não é verdade. — Então o meu pai não queria me prender em uma gaiola, vovó? — Não, meu anjo! A sua mãe só inventou isso porque estava com raiva do seu pai. Esquece essas bobagens e lembre-se que eu te amo! Eles conversaram por mais alguns instantes e Henrique foi brincar, mas, quando Dimas chegou, Dolores falou: — Precisamos ter bastante cuidado com Henrique, o garoto já está ficando deprimido, Verônica pressiona e prende muito o garoto e ela não tem paciência com ele. Ela enche a cabeça do garoto de bobagens para colocá-lo contra o pai, o Wagner não presta, mas ele jamais fará mal ao Henrique, esta história que ela conta está prejudicando o menino, ele está muito perturbado. Quando você sair com ele, Dimas, tente ouvi-lo, ele está muito triste. Dimas saiu com Henrique e eles conversaram bastante e Henrique falou: — Vô, eu queria fazer algumas perguntas para o senhor, posso? — Pode fazer, Henrique! — O senhor promete não contar para ninguém. — Claro, será um segredo nosso. 11
Ele começou a fazer as perguntas e Dimas ficou assustado, mas respondeu uma a uma, conversaram bastante e os olhos de Henrique brilhavam de alegria. Ele estava se sentindo à vontade com Dimas. No dia seguinte, antes de o sol brilhar no horizonte, Henrique já estava brincando no quintal. E, quando Dimas se levantou, Rik correu para dar um abraço no avô. Dimas estava vendendo uma boiada e esperava um boiadeiro naquela manhã, ele foi com Henrique para o pátio. O boiadeiro chegou, e Wagner o pai de Henrique, era quem acompanhava o boiadeiro. Quando Henrique percebeu que era o seu pai, correu e passou debaixo da cancela, entrou no quintal, correu até entrar na casa e só foi parar na cozinha nos braços de Dolores. Quando ela o olhou, ele estava pálido com os olhos vidrados e mal conseguia respirar, então ela perguntou: — O que aconteceu, Henrique? — O meu pai chegou aí, vó, acho que ele veio me buscar para me colocar na gaiola. Dolores olhou para ele com pena e sorriu: — Calma, meu anjo, ele não veio buscar você e, mesmo que ele tivesse vindo, nós não deixaríamos ele te levar. Dolores percebeu o quanto Henrique estava perturbado com os absurdos que Verônica falava para ele. Quando Dimas chegou Henrique foi correndo para o colo do avô, que perguntou: — Por que você correu daquele jeito quando os homens chegaram? 12
Ele ficou sem graça e respondeu de cabeça baixa: — A minha mãe me falou que, quando eu visse o meu pai, era para não deixar ele se aproximar de mim porque ele quer me pegar e me prender em uma gaiola e depois desaparecer comigo. Dimas não conseguia acreditar no que estava ouvindo. — A sua mãe falou isso, Henrique? — Falou, vô, ela falou para eu não deixar ele aproximar porque, se ele me pegar, vai prender em uma gaiola, desaparecer comigo e ninguém vai me ver nunca mais. Ele o abraçou e sentiu o coração do garoto bater tão forte que parecia que ia sair do peito. Ele beijou a testa de Henrique, olhou nos olhos dele e disse: — Não precisa ter medo, Henrique, perto de nós ele não vai fazer nada para você. Quando estiver perto de mim, não precisa mais correr. Dolores serviu o almoço e todos esqueceram aquela conversa. Quando terminaram de almoçar Henrique saiu da mesa e Dimas falou: — Eu estou preocupado com o que Verônica está fazendo com o filho dela, e eu não sei o que fazer porque ela anda muito estressada e não dá para conversar. Tudo tem que ser como ela quer e, se contrariá-la, já começa a gritar. Eu fico com pena do meu netinho, sei que ele vai sofrer muito nas garras dela. Verônica é uma mulher de fibra, bonita e não tem medo de trabalho. Ela não media esforços para conquistar o seu objetivo e sempre quis ser indepen13
dente. Conheceu Wagner e namoraram por um longo tempo, ela engravidou e ele queria casar, mas Verônica tinha um gênio muito forte e tudo tinha que ser do jeito que ela queria, não sabia o que era ser flexível, mas mesmo assim eles continuaram namorando durante a gravidez e a cada mês que passava o clima ficava mais tenso, pois Verônica estava com os nervos à flor da pele e não tinha paciência para conversar. Depois que ela teve a criança, Wagner ainda foi visitá-la algumas vezes, mas, quando eles começavam a conversar, Verônica explodia e descarregava a raiva em cima de Wagner, colocando-o para correr, até que ele arranjou outra mulher e esqueceu Verônica, mas ela não se conformava com a situação e sempre culpava Wagner por tudo. Verônica continuava muito angustiada e brava como uma leoa.
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CAPÍTULO 2
Verônica ficou solteira por alguns anos até conhecer Tiago Borges, um simpático caubói, 28 anos, 1,90 m de altura, moreno claro, ombros largos, costas fortes e cintura fina, os cabelos negros espalhados no pescoço caíam sobre os ombros, sua pele era macia e reluzente, olhos negros e uma bela forma física, parecia pertencer a algum pelotão de elite. Tiago Borges um caubói paulista, um excelente peão de rodeio com muitos títulos nacionais, ele conheceu Verônica em um rodeio em São João da Lagoa, em Minas Gerais. Três dias de festa foram suficientes para Verônica abalar as estruturas do caubói, ele foi a nocaute e aceitou as condições de Verônica, interrompendo a carreira e casando-se com ela para morar em São Francisco. Verônica melhorou bastante do rancor e da angústia, mas não voltou a ser aquela pessoa maravilhosa que era antes. Ela teve outro filho, arranjando um irmão para Henrique. Tiago Borges gostava muito de Henrique, 15