Luanda, filha de Iansã

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Copyright © Lia Zatz Ilustrador Alexandre Teles Coordenação Editorial Editora Biruta Capa e Projeto Gráfico Rex Design 1ª edição - 2007

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro) Zatz, Lia Luanda, filha de Iansã / Lia Zatz ; [ilustração Alexandre Teles]. -- São Paulo : Biruta, 2007. -- (Série Marrom de Terra) ISBN 978-85-88159-74-7 1. Literatura infanto-juvenil I. Teles, Alexandre. II. Título. III. Série. 07-4677

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura infantil 028.5 2. Literatura infanto-juvenil 028.5

Todos os direitos desta edição reservados à Editora Biruta Ltda. Rua João Moura, 166 – Jardim América Cep 05412-000 – São Paulo – Brasil Tels.: (11) 3081-5741 e (11) 3081-5739 E-mail: biruta@editorabiruta.com.br www.editorabiruta.com.br A reprodução de qualquer parte desta obra é ilegal, e configura uma apropriação indevida dos direitos intelectuais e patrimoniais do autor.



Ela vinha vestida com roupa africana, de panos coloridos enrolados no corpo e um turbante na cabeça. Entrou na classe como o sol que surge de repente atrás da montanha, no alvorecer, iluminando a sala e afastando os bocejos de sono. Falou bom dia, contou que se chamava Lucia e que era a nova professora. Silêncio absoluto. Começou a perguntar o nome das crianças, mas, como elas continuavam mudas, de boca escancarada olhando para ela, a professora deu risada e perguntou:


— Vocês perderam a língua? Luanda tomou coragem: — Eu me chamo Luanda... Você é estrangeira? — Você está perguntando isso por causa das minhas roupas? — É... não sei... você é diferente. — Eu sou brasileira. Mas morei muitos anos em Moçambique, um país que fica na África e, de vez em quando, gosto de me vestir do jeito que as mulheres de lá se vestem. — Você parece uma princesa! – falou Luanda, admirada. — Você é burra, Luanda? Não existe princesa negra! – contestou uma criança.


Até entrar na escola, Luanda era uma menina esperta, segura, ligeira como o vento, que cativava todo mundo com seu jeito alegre, gracioso e sedutor. “Filha de Iansã, dá para ver. Tal mãe, tal filha”, falou a avó, quando primeiro jogou os búzios para determinar o orixá da neta. O mundo para Luanda era a família em que tinha nascido. Família grande, enorme, na qual a avó era o centro de tudo. Esta tinha criado muitos filhos, os que teve e os que deram para ela criar. Nem sabia mais qual era filho de sangue, qual de criação. Não importava, era tudo filho igual: os de sangue, os de criação e também os filhos-de-santo. Fosse preto como ela, fosse branco, ou misturado de preto e branco.



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