Mistério no Museu Imperial

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Série Os Invencíveis

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mistÉrio no museu imperial



Ana Cristina Massa

Mistério no museu imperial Série Os Invencíveis

São Paulo, 2010


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MISTÉRIO NO MUSEU IMPERIAL

Copyright © Ana Cristina Massa Capa Rex Design Revisão Mariana Mininel de Almeida Editoração Eletrônica Oficina Editorial Igor Daurício Coordenação Editorial Editora Biruta Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) do Departamento Nacional do Livro M414

Massa, Ana Cristina. Mistério no museu imperial / Ana Cristina Massa. – São Paulo : Biruta, 2003. 160p. ; 21 cm. – (Os invencíveis) ISBN 978–85–88159–11–2 1. Literatura infantojuvenil. I. Título. II. Série Os invencíveis)

CDD-808.899282 12a edição – 2010 Edição em conformidade com o acordo ortográfico da língua portuguesa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Biruta Ltda Rua Coronel José Eusébio, 95 casa 100-5 Consolação CEP 01239-030 São Paulo - SP Brasil Tel (11) 3214-2428 Fax (11) 3258-0778 E-mail biruta@editorabiruta.com.br www.editorabiruta.com.br A reprodução de qualquer parte desta obra é ilegal e configura uma apropriação indevida dos direitos intelectuais e patrimoniais do autor.


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Série Os Invencíveis

Sumário

Passeio Sinistro

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Grande Desafio

23

Sombras no Museu

45

Jogo da Verdade

63

Cuidado com o Cão

85

Perto do Segredo

95

5o Mandamento

107

Golpe Final

125

Tempo Esgotado

143


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Passeio Sinistro

Uma caravana subia a Serra de Petrópolis. Dois ônibus

brancos, ar refrigerado, poltronas vermelhas e confortáveis, janelas largas. Os dois lotados. Mais ou menos cem alunos. Um passeio de um dia só, uma viagem ao passado, época dos imperadores, princesas, carruagens. Um lugar guarda a história desse tempo, o Museu Imperial. Eugênio, sempre atento a tudo, logo que percebeu a agitação do resto da turma, tratou de escolher o lugar mais calmo do ônibus, bem na frente. Rapidamente, os meninos do “fundo da sala” ocuparam os últimos bancos, fazendo um tipo de bagunça comportada. Contavam piadas, davam gargalhadas, alguns até choravam de tanto rir. Jonas comandava essa turma “do fundo”. Recordista em suspensões, era um aluno de boas notas, mas comportamen­ to não tão bom assim. Tinha a mania de inventar histórias durante as aulas de história, desviava a atenção dos outros


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meninos, gostava de impressionar as meninas. Ele era ótimo em imitações, que iam desde os próprios amigos até o som dos mais diversos bichos, como sapo, cavalo e, principalmente, pássaros, quase com perfeição. Ele parecia bem animado. Cada um que entrava no ônibus era alvo dele. Batia palmas, implicava com uns, brin­ cava com outros. Algumas meninas ganhavam assobios. E respondiam com um discreto sorriso no rosto. Os ônibus partiram pontualmente às 9 horas, do portão principal da escola, que ficava numa rua estreita do Leblon, no Rio de Janeiro. A viagem até Petrópolis não é longa, menos de duas ho­ ras, numa estrada cheia de curvas fechadas, e não rara­men­te com chuva e neblina. E foi assim que começou. Uma chu­va fina e um nevoeiro tão forte que pintou tudo de branco. A alegria dentro do ônibus deu lugar ao silêncio. Não se via nada. O motorista dirigia bem devagar, guia­do pela faixa fosforescente na estrada, que refletia a luz dos faróis. Guiado também pela concentração. Ele nem piscava. Logo atrás, vinha o segundo ônibus, e só. A cada curva, as crianças encostavam o nariz nas janelas embaçadas. No meio de tanta névoa podia se ver por uma ou outra brecha a cidade ficando longe, cada vez mais distante. Jonas já não queria saber de brincar, muito menos se divertia com alguma coisa. Se ele não via a estrada, como o motorista conseguia ver? Eugênio não se abalava. Nem nas curvas mais radicais. Ele se apelidou de Gênio, e se dizia um “inven­cível”. Nada para ele era um problema: bastava olhar as setas que indica­ vam para que lado seriam as curvas, acreditar nelas e pronto.


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Mesmo estudando na mesma sala desde a primeira série, Jonas e Eugênio mal se falavam. Na verdade, nunca conversaram. Além de se sentarem distantes na sala – Jonas na última fileira e Eugênio na primeira –, durante o recreio, Jonas não saía da quadra de salão. Era um atacante respeita­ do no time, organizava campeo­natos na hora do recreio e só ficava na reserva quando algum adversário fazia falta nele. Geralmente saía da quadra por causa de uma contusão ou por fazer charme e, minutos depois, estava jogando outra vez. Tinha uma legião de fãs, que torciam por ele em todos os jogos. Eugênio não jogava bola, mas gostava de assistir. Do terceiro andar, na biblioteca, onde ficava a maior parte do re­ creio, ele tinha uma visão de toda a quadra de salão da escola. Entre um livro e outro, olhava a partida, não co­mo jogador, mas como juiz. Marcava pênaltis imagi­nários, chegava até a expulsar uns joga­dores e, é claro, xin­gava o juiz verdadeiro. Mas sempre de longe. Ele era um internauta típico, daqueles que adoram computadores, senhas, apelidos. O computador influenciava até em seu jeito de falar. Foi durante a viagem que se sentaram pela primeira vez juntos. A chuva parou e a turma correu para as janelas maiores do ônibus. Tentavam adivinhar as figuras que a névoa formava no caminho. Alguns viam bolas que viravam dinossauros ou serpentes, mas Jonas via a mesma coisa: um homem sem rosto. Sempre ele. Ele não disse para ninguém, mas estava detestando a brincadeira. Não tinha a menor graça a imagem daquele homem a toda hora. Jonas olhou para Eugênio, que estava sentado lá na frente,


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ao lado do Goma ou, melhor, do Marco, e resolveu sentar-se ali, perto deles e da professora de história, Rosa, que ficou muito surpresa: —  Olá, Jonas, você por aqui? Sentado na frente? Bem vindo, senta aqui. —  É... Cansei de olhar a névoa... Não quero mais ver coisas. Eugênio só observava. Ele achou Jonas diferente, de um jeito apagado. E Marco, o Goma, sempre distraído mascando chiclete, entrou na conversa: —  Não quer ver o quê? Não dá pra ver nada mesmo nessa névoa. Só sombras. Eu sempre vejo sombras, mas minha imaginação vê muito mais. Jonas não respondeu, olhou para baixo tentando disfar­ çar, mas deu um pulo quando Goma estourou uma bola do chiclete no meio das bochechas. —  PLOC! Qual é, Jonas, tá assustado? Quer um chi­ clete? Tenho vários, de frutas, com açúcar, sem açúcar, em barra, com calda. Goma falava sem parar sobre seus chicletes, era quase um vício, mas foi interrompido por Eugênio: —  Para, Goma, deixa ele quieto. Jonas, o que você imaginou é só névoa. Re­la­xa, cara. Ninguém vai perguntar mais nada, né, Goma? —  Ok, Gênio. Pela primeira vez, Jonas prestou atenção em Eugê­nio. Não tinha reparado muito nele. Não era alto nem baixo, nem gordo nem magro, mas tinha uma voz firme e um olhar forte: —  Petrópolis está chegando... Faltam só duas curvas. Meu avô tem uma casa aqui, ele me traz às vezes, para passar


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o fim de semana. Disse isso com a mão no ombro de Jonas, que se sentia melhor, e ainda cochichou no ouvido dele: —  A gente só imagina o que quer e o que a gente não quer “deleta” do pensamento. E, depois de exatas duas curvas, chegaram a Petrópolis. Goma foi o único que teimava em não colocar as pan­ tufas: —  Rosa... PLOC... Não é uma boa ideia an­dar com isso... Posso tirar meu sapato e entrar de meias? —  Não, temos que calçar essas pantufas para entrar no museu, assim não arranha o chão. Aproveita e joga esse chiclete fora, tá bom? —  É melhor jogar fora mesmo. Não vou conseguir mascar e andar com essas “pranchas” ao mesmo tempo. Muito complexo. Rosa riu. Goma resmungava, mas, no fundo, tinha razão. Andar com aqueles chinelões era uma tarefa difícil. Bem maiores que os tênis, só dava para andar de um jeito desengonçado, meio torto. Rosa explicava a melhor maneira de andar – arrastando os pés no chão –, mas a turma custava a se adaptar. Para Goma, as pantufas mais pareciam um par de pa­ tins. Levou dois tombos logo na entrada e foi ampa­rado por Eugênio, que quase o carregava nas costas. O Museu Imperial, na verdade, foi a casa de verão do imperador d. Pedro II e da família real. Era uma casa enor­ me, cheia de salas, portas por todos os lugares e corredores sem fim.


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