CAIO RITE�
Pedro Noite ilustrações
mATEuS RIOS
1
2
Pedro Noite CAIO RITE�
ilustrações
mATEuS RIOS 3
São Paulo — 2011
Copyright © Caio Riter Copyright ilustrações © Mateus Rios Projeto gráfico e editoração eletrônica Mateus Rios e Monique Sena Revisão Beatriz Crespo Dinis Coordenação Editorial Beatriz Crespo Dinis – Editora Biruta 1ª edição – 2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
4
Riter, Caio Pedro Noite / Caio Riter. — São Paulo: Biruta, 2011. ISBN 978-85-7848-056-1 1. Ficção - Literatura infantojuvenil I. Rios, Mateus. II. Título. 10-05540
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura infantojuvenil 028.5 2. Ficção : Literatura juvenil 028.5
Edição em conformidade com o acordo ortográfico da língua portuguesa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Biruta Ltda Rua Coronel José Euzébio, 95 – Vila Casa 100-5 Higienópolis – CEP 01239-030 São Paulo – SP – Brasil Tel (011) 3081-5739 Fax (011) 3081-5741 E-mail: biruta@editorabiruta.com.br Site: www.editorabiruta.com.br A reprodução de qualquer parte desta obra é ilegal e configura uma apropriação indevida dos direitos intelectuais e patrimoniais do autor.
5
Ao meu Amigo pedRo, que me ensinou A veR.
Pedro era garoto, destes que de tudo ria, menino pintado de noite, olhos de estrela, boca de lua crescente, canção de pássaro entre os dentes.
6
Garoto Pedro era, que desde o muito pequenino, o lábio ia apertando pra ficar no sempre bem fino. Assim mandava o pai, assim fazia o menino. E, nestas coisas de fazeção, a vida é que vai mesmo no fazido.
7
8
Na parede, um retrato: ele e o pai, cabelo liso, todo ondulado, a pele nem tão escura, porém, quando olhava, meio de lado, o canto do olho é que via, no reflexo do vidro espelhado, um Pedro que não era o do desenho. Era negro. Era noite. E uma pergunta, pergunta de dor, triste pergunta, se fazia no dentro de si: por que na pintura Pedro não era Pedro? Por que era tão quase igual aos outros tantos meninos, noite escura desmaiada? Pergunta sem resposta é sempre buraco no coração.
9
Pedro morava, não como a maioria dos colegas, vivia sem pai e sem mãe, a vida toda enredada, um nó, vida de muito dar dó, somente a companhia que tinha era da velha Cida, sua quase avó. Se digo que Cida era quase, era por não ser mesmo, nem mãe da mãe, nem mãe do pai, nem nada do Pedro era, mas foi se apegando de amor pelo menino da cor da noite, 10
tão logo os pais pr’outro mundo se sumiram.
11
12
Um dia, dia sei lĂĄ quando, os meninos de olhos verdes perceberam que Pedro nĂŁo era igual na cor, e foram logo apontando, cada vez que ele passava, e foram logo dizendo que ele sujo, bem sujo, era.
Sujo? Como sujo? Pedro perguntou dentro do peito, aquilo não era direito, banho tomava sim, e a água que caía em seu cabelo carapinha saía como vinha, limpa de tão limpinha. Água até de beber. E bebia.
13