Sete vezes sim!

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Sete vezes sim!

Tatiana Belinky

ilustraçþes Rubens Matuck



Tatiana: um pratinho de céu Tatiana apareceu na porta da casa dela toda de papisa, traquinas, puríssima de afetos. E eu vi. Tatiana escreveu um livro, depois outro, mais de cem. E eu li. Tatiana me disse, nada baixinho, para “não se levar a vida a sério”. E eu quis muito ouvir e ouvi. Tatiana toda de Tatiana me acolheu de cor-de-rosa na casa dela. E eu entrei feliz como quem entra numa história sem fim. Na casa de Tatiana tem de tudo, é só procurar, mas sem lanterna. Só “com olhos de ver”. Magia? Quem sabe, mas que tem, tem. Tem “ogro”, “rabanetes enormes”, “caracol e lesma” apaixonadíssimos, cadeiras voadoras, as “Mentiras e mentiras” mais verdadeiras do mundo. Tem tanta coisa. Tem sol mesmo nos dias de chuva, tem chá, chocolate, licor, a casa de Tatiana é toda de sabor. Tem uma biblioteca enorme e é por isso que a casa dela “tem alma”. Tatiana lê em cada brechinha do tempo o tempo todo. Ela rabisca o tempo com uma caneta bic ou com uma máquina de escrever que fica sempre acordada no seu colo. É possível ouvir os livros conversando silenciosamente com ela e sai deles “pó de pirlimpimpim” que é o jeito de ela ler. Na casa de Tatiana tem imaginação que não acaba mais. Vem da vida, sua única inspiração. E é por isso tudo e muito mais que nem dá para escrever que Tatiana é “um pratinho de céu”, como seu pai dizia pra ela quando uma parte deliciosa da vida estava quase-quase na palma da mão da gente, pronta para acontecer. “É misterioso viver e é tão simples”, Tatiana me diz sem palavras e eu escuto com tudo. Clarice Lispector escreveu que “Dar a mão a alguém é tudo que esperei da alegria”. Tatiana não espera, ela é a alegria. Uma vez ou outra, um pouquinho triste, mas alegria mesmo. “Tatiana, posso ficar mais um pouco com você?” Ela me olha abrindo uma outra porta para o mundo e nem precisa dizer que sim. “Que bom, Tatiana, você nasceu de uma varinha mágica, mas existe aqui tão perto de nós”. Tatiana virou as costas, não gosta de muito lenga-lenga. E eu entendi. É agora mesmo que eu vou ler os “Limeriques dos tremeliques”, os “Bicholiques”, dizendo sempre para Tatiana “Sete vezes sim”. Jorge Miguel Marinho




Um rato, em vez de queijo, Resolveu comer capim – Isso sim!





Hipopótamo nervoso Bebeu chá de alecrim – Isso sim!



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