Recordar é viver: a história da Sociedade Brasileira de Genética

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Recordar é viver : a história da Sociedade Brasileira de Genética /

Francisco Mauro Salzano (organizador). – Ribeirão Preto, SP : Sociedade Brasileira de Genética – SBG, 2011. 222 p.

ISBN 978-85-89265-13-3 1.

Sociedade Brasileira de Genética – História. I. Salzano,

Francisco Mauro.

Editoração

www.editoracubo.com.br


A todos os geneticistas, brasileiros e do resto do mundo, pela construção dessa belíssima e muito útil área do conhecimento



Sumário Capítulo 1 — Introdução e síntese (Francisco M. Salzano)........................................................................... 1 Capítulo 2 — Gestão 1955-1956 (Carlos A. Krug)....................................................................................... 11 Capítulo 3 — Gestão 1956-1958 (Friedrich G. Brieger)............................................................................... 15 Capítulo 4 — Gestão 1958-1960 (Crodowaldo Pavan)................................................................................ 19 Capítulo 5 — Gestão 1960-1962 (Newton Freire-Maia).............................................................................. 25 Capítulo 6 — Gestão 1962-1964 (Antonio R. Cordeiro)............................................................................. 33 Capítulo 7 — Gestão 1964-1966 (Warwick E. Kerr)..................................................................................... 39 Capítulo 8 — Gestão 1966-1968 (Francisco M. Salzano)............................................................................ 47 Capítulo 9 — Gestão 1968-1970 (Oswaldo Frota-Pessoa)........................................................................... 53 Capítulo 10 — Gestão 1970-1972 (Bernardo Beiguelman)......................................................................... 59 Capítulo 11 — Gestão 1972-1974 (Ernesto Paterniani)............................................................................... 67 Capítulo 12 — Gestão 1974-1976 (Israel Roisenberg)................................................................................. 71 Capítulo 13 — Gestão 1976-1978 (Pedro H. Saldanha)............................................................................... 77 Capítulo 14 — Gestão 1978-1980 (Willy Beçak)........................................................................................... 83 Capítulo 15 — Gestão 1980-1982 (Darcy F. de Almeida)............................................................................ 91 Capítulo 16 — Gestão 1982-1984 (Luiz Edmundo Magalhães).................................................................. 99 Capítulo 17 — Gestão 1984-1986 (João Lúcio de Azevedo)..................................................................... 105 Capítulo 18 — Gestão 1986-1988 (Edmundo K. Marques)....................................................................... 111 Capítulo 19 — Gestão 1988-1990 (Francisco A. Moura Duarte)............................................................. 117


Capítulo 20 — Gestão 1990-1992 (Luiz Carlos G. Simões)....................................................................... 123 Capítulo 21 — Gestão 1992-1994 (Sérgio Olavo P. da Costa)................................................................... 129 Capítulo 22 — Gestão 1994-1996 (Warwick E. Kerr)................................................................................ 135 Capítulo 23 — Gestão 1996-1998 (João Lúcio de Azevedo)..................................................................... 145 Capítulo 24 — Gestão 1998-2000 (João S. Morgante)................................................................................ 151 Capítulo 25 — Gestão 2000-2002 (Horacio Schneider)............................................................................. 161 Capítulo 26 — Gestão 2002-2004 (Pedro M. Galetti Jr.)............................................................................ 165 Capítulo 27 — Gestão 2004-2006 (Francisco M. Salzano)........................................................................ 171 Capítulo 28 — Gestão 2006-2008 (Horacio Schneider)............................................................................. 175 Capítulo 29 — Gestão 2008-2010 (Mara H. Hutz)..................................................................................... 181 Índice de Assuntos.......................................................................................................................................... 187 Índice de Nomes.............................................................................................................................................. 191


1

INTRODUÇÃO E SÍNTESE

Francisco M. Salzano

A la recherche du temps perdu Marcel Proust (1871-1922)

1.1.

O Papel das Sociedades Científicas

Apesar de as universidades da antiguidade terem sido importantes para que se escapasse

das trevas da Idade Média, elas, durante muito tempo, pouco contribuíram para o desenvolvimento da ciência. No século 16, começaram então a florescer pequenas academias e sociedades destinadas a reunir os interessados nessa área. Por exemplo, 60 anos após a descoberta do Brasil (1560), foi fundada por Giambattista della Porta (1543-1617) a Academia Secretorum Naturae em Nápoles. A Sociedade de Antropologia de Paris surgiu quase três séculos depois (1859), dos esforços de Paul Broca, anatomista e antropólogo; e outras, especializadas, começaram a se formar nos séculos 19 e 20 (Gardner, 1965; Spencer, 1997). Os objetivos dessas sociedades poderiam ser resumidos em quatro pontos: 1. Discussão de temas científicos; 2. Realização ou coordenação de pesquisas ou experimentos; 3. Divulgação e promoção da ciência através de reuniões, publicações e concessões de prêmios; e 4. Defesa de seus membros. RECORDAR É VIVER – A HISTÓRIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA |

1


INTRODUÇÃO E SÍNTESE

1.2.

FRANCISCO M. SALZANO

A Sociedade Brasileira de Genética

Foi dentro desse contexto que foi criada a SBG. Como está detalhado no Capítulo 2, o

evento ocorreu em 4 de julho de 1955 em Campinas, SP, como uma atividade paralela ao Simpósio Internacional de Biometria e contou com testemunhas importantes, de nível internacional. Havia antecedentes importantes a justificarem a iniciativa, em especial os grupos de pesquisa a que eu costumo chamar de “Santíssima Trindade” (em ordem alfabética pelo primeiro nome), André Dreyfus (Figura 1.1), Carlos A. Krug e Friedrich G. Brieger. Eles foram responsáveis pelas primeiras investigações sistemáticas de genética no Brasil, Dreyfus na área da Genética Animal, Krug e Brieger no melhoramento do café e milho, respectivamente. Dos três, apenas Dreyfus não foi presidente da SBG, tendo falecido precocemente aos 54 anos de idade, antes da fundação de nossa sociedade. Na reunião de fundação, ficou decidido que a data oficial de fundação da SBG seria 5 de julho, dia do nascimento de Dreyfus; ficou também decidido que as reuniões anuais da SBG seriam realizadas em conjunto com as da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), visando fortalecer esta entidade e seus objetivos de defesa dos interesses da ciência no país.

1.3.

Por Que Este Livro?

Em plena crise gerada por processo judicial contra a SBG, o seu presidente na época,

Pedro M. Galetti Jr., decidiu, em 2003, organizar um Fórum de ex-presidentes destinado a discutir questões gerais de interesse tanto da SBG quanto da sociedade brasileira em geral, vinculadas às áreas de ciência e tecnologia. Foi no âmbito desse Fórum que surgiu a ideia da montagem de um Projeto Memória, que se constituiria inicialmente de relatos individuais dos ex-presidentes responsáveis pelas gestões ocorridas desde a fundação da sociedade. O projeto desenvolveu-se lentamente; a primeira manifestação foi encaminhada para divulgação em nossa página eletrônica por Bernardo Beiguelman em 2004. Em 2005 foram elaborados sete Relatórios, mas nenhum em 2006. Os restantes foram redigidos entre 2007 e 2011. A tarefa não foi fácil, porque muitos ex-presidentes já haviam falecido ou tinham se afastado da vida acadêmica; além disso, os arquivos mais antigos da sociedade deixavam a desejar. Mas, finalmente, a tarefa foi realizada e chegou agora o momento de divulgar os relatos de forma impressa, como uma breve síntese do ocorrido neste mais de meio século de existência da SBG.

1.4.

Síntese

A Tabela 1.1 lista todos os presidentes, de 1955 a 2010, bem como as instituições às quais

eles estavam vinculados na época. As 28 gestões foram dirigidas por 24 pessoas, pois W.E. Kerr, F.M. Salzano, J.L. Azevedo e H. Schneider foram presidentes duas vezes. Dezoito das gestões (64%) foram desenvolvidas por geneticistas de São Paulo, os outros estados representados foram: o Rio Grande do Sul com seis gestões (21%), o Pará com duas (7%) e o Paraná e o Rio de Janeiro com uma (4%) cada. Mara H. Hutz é a única mulher da lista, tendo presidido a SBG entre 2008 e 2010. Como já foi mencionado na seção 1.2, havia ficado decidido, em 1955, que as Reuniões Anuais da SBG ocorreriam concomitantemente com as da SBPC. A Tabela 1.2 lista a época e locais dos Congressos Brasileiros de Genética. Foram ao todo 56, contando-se as três Semanas de Genética de Piracicaba, duas realizadas antes de 1955. A ampla gama de cidades escolhidas

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FRANCISCO M. SALZANO

INTRODUÇÃO E SÍNTESE

1.1. André Dreyfus (1898-1952), o único membro da “Santíssima Trindade” que não foi também presidente da SBG.

1.1

1.2

1.2. O. Frota-Pessoa (esquerda) e F.M. Salzano, conversando em bar do aeroporto Galeão no Rio de Janeiro, em 1974, enquanto aguardavam os voos para suas respectivas cidades. refletiu o objetivo da SBPC, de reuniões itinerantes visando marcar presença nas mais variadas regiões do país. Houve um momento, porém, em que a Assembleia Geral da sociedade, após longos debates que se estenderam por vários anos, decidiu realizar o Congresso de maneira independente, apenas colaborando com a SBPC em promoções específicas, em suas Reuniões Anuais. O primeiro Congresso separado ocorreu em 1991, tendo sido realizado em Caxambu, MG. Considerando-se os 56 eventos como um todo, obtém-se que eles ocorreram em 21 cidades. Águas de Lindóia, por sua conveniente localização geográfica e outras facilidades operacionais, abrigou mais vezes (oito) o nosso Congresso. Seguem-se, em ordem, São Paulo (sete), Piracicaba e Caxambu (cinco cada), e outras localidades aparecendo em menor número. Alguns marcos importantes na trajetória da SBG estão listados na Tabela 1.3. O apoio decidido da Fundação Rockefeller em nossos primeiros anos foi fundamental e decorreu naturalmente da subvenção que ela destinava às pesquisas em Genética desde o início da década de 40. Foi por inspiração de um de seus Diretores, Harry M. Miller Jr., com o apoio entusiástico de Crodowaldo Pavan, que foi criada a Comissão de Genética Humana, destinada a realizar um programa de desenvolvimento coordenado das pesquisas nessa área no país. Ela funcionou de 1959 a 1972 e teve um papel fundamental na promoção e coordenação de investigações em um campo de conhecimento que estava em plena expansão, em nível mundial, na época. As Figuras 1.2 e 1.3 fornecem fotos de quatro dos Secretários Executivos, O. Frota-Pessoa (gestão de 1959-1962), B. Beiguelman (1966-1968), F.M. Salzano (1968-1970) e I. Roisenberg (1970-1972). O sucesso dos trabalhos da Comissão de Genética Humana fez com que Crodowaldo Pavan pleiteasse junto à Fundação Rockefeller, em 1962, a criação de duas outras Comissões, de Genética Vegetal e de Genética Animal, bem como a montagem de um Plano Trienal de Genética. O financiamento dessas atividades foi a última medida de impacto da Fundação Rockefeller para a genética no Brasil. Paralelamente, e tendo como núcleo formador a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) e F.G. Brieger, começou a se desenvolver no país a Genética de Microrganismos. RECORDAR É VIVER – A HISTÓRIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA |

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FRANCISCO M. SALZANO

INTRODUÇÃO E SÍNTESE

Tabela 1.1. Lista dos presidentes da Sociedade Brasileira de Genética, período de suas gestões e instituições a que estavam vinculados na época (1955-2010). Período de gestão

Nome

Instituição a que estava vinculado

1955-1956

Carlos A. Krug

Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, SP

1956-1958

Friedrich G. Brieger

1958-1960

Crodowaldo Pavan

Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

1960-1962

Newton Freite-Maia

Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR

1962-1964

Antonio R. Cordeiro

1964-1966

Warwick E. Kerr

1966-1968

Francisco M. Salzano

1968-1970

Oswaldo Frota-Pessoa

Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

1970-1972

Bernardo Beiguelman

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP

1972-1974

Ernesto Paterniani

1974-1976

Israel Roisenberg

1976-1978

Pedro H. Saldanha

Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

1978-1980

Willy Beçak

Instituto Butantan, São Paulo, SP

1980-1982

Darcy F. de Almeida

1982-1984

Luiz Edmundo Magalhães

1984-1986

João Lúcio Azevedo

1986-1988

Edmundo K. Marques

1988-1990 Francisco A. Moura Duarte

4

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, SP

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, SP Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Universidade de São Paulo, São Paulo, SP Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP

1990-1994

Luiz Carlos G. Simões

Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

1992-1994

Sérgio Olavo P. da Costa

Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

1994-1996

Warwick E. Kerr

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP

1996-1998

João Lúcio Azevedo

1998-2000

João S. Morgante

Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

2000-2002

Horacio Schneider

Universidade Federal do Pará, Bragança, PA

2002-2004

Pedro M. Galetti Jr.

Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP

2004-2006

Francisco M. Salzano

2006-2008

Horacio Schneider

2008-2010

Mara H. Hutz

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, SP

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS Universidade Federal do Pará, Bragança, PA Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

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INTRODUÇÃO E SÍNTESE

Tabela 1.2. Época e locais dos Congressos Brasileiros de Genética1. Numeração do Congresso

Ano

Local

1

1943

Piracicaba, SP

2

1949

Piracicaba, SP

3

1956

Piracicaba, SP

4

1958

São Paulo, SP

5

1959

Salvador, BA

6

1960

Piracicaba, SP

7

1961

Poços de Caldas, MG

8

1962

Curitiba, PR

9

1963

Campinas, SP

10

1964

Ribeirão Preto, SP

11

1965

Belo Horizonte, MG

12

1966

Piracicaba, SP

13

1967

Rio de Janeiro, RJ

14

1968

São Paulo, SP

15

1969

Porto Alegre, RS

16

1970

Salvador, BA

17

1971

Curitiba, PR

18

1972

São Paulo, SP

19

1973

Rio de Janeiro, RJ

20

1974

Recife, PE

21

1975

Belo Horizonte, MG

22

1976

Brasília, DF

23

1977

São Paulo, SP

24

1978

São Paulo, SP

25

1979

Fortaleza, CE

26

1980

Rio de Janeiro, RJ

27

1981

Salvador, BA

28

1982

Campinas, SP

29

1983

Belém, PA

30

1984

São Paulo, SP

31

1985

Belo Horizonte, MG

32

1986

Curitiba, PR

33

1987

Brasília, DF

34

1988

São Paulo, SP

35

1989

Fortaleza, CE

36

1990

Porto Alegre, RS

37

1991

Caxambu, MG

38

1992

Rio de Janeiro, RJ

39

1993

Caxambu, MG

40

1994

Caxambu, MG

41

1995

Caxambu, MG

42

1996

Caxambu, MG

As três primeiras reuniões eram denominadas I, II e III Semanas de Genética; a partir da 4ª. e até a 17ª., eram denominadas Reuniões Anuais; da 18ª. até a 49ª., eram Congressos Nacionais de Genética; da 50ª. à atual, foram denominadas Congressos Brasileiros de Genética. 1

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INTRODUÇÃO E SÍNTESE

Tabela 1.2. Continuação...

Numeração do Congresso

Ano

Local

43

1997

Goiânia, GO

44

1998

Águas de Lindóia, SP

45

1999

Gramado, RS

46

2000

Águas de Lindóia, SP

47

2001

Águas de Lindóia, SP

48

2002

Águas de Lindóia, SP

49

2003

Águas de Lindóia, SP

50

2004

Florianópolis, SC

51

2005

Águas de Lindóia, SP

52

2006

Foz do Iguaçu, PR

53

2007

Águas de Lindóia, SP

54

2008

Salvador, BA

55

2009

Águas de Lindóia, SP

56

2010

Guarujá, SP

As três primeiras reuniões eram denominadas I, II e III Semanas de Genética; a partir da 4ª. e até a 17ª., eram denominadas Reuniões Anuais; da 18ª. até a 49ª., eram Congressos Nacionais de Genética; da 50ª. à atual, foram denominadas Congressos Brasileiros de Genética. 1

Tabela 1.3. Marcos importantes na trajetória da Sociedade Brasileira de Genética. Ano

1955

Fundação, em reunião em Campinas, SP.

1959

Criação da Comissão de Genética Humana.

1960

Simpósio Sul-Americano de Genética, em homenagem a Harry M. Miller Jr., da Fundação Rockefeller, em São Paulo, SP.

1960-1972

Publicação do Boletim da SBG.

1962

Plano Trienal da Genética, com o apoio da Fundação Rockefeller.

1966

Simpósio Internacional de Genética em Piracicaba, SP.

1969

Patrocínio da criação da Asociación Latinoamericana de Genética.

1970-1972

Alteração dos estatutos e criação de 10 Comissões Estaduais, posteriormente substituídas pelos Departamentos e Seções Regionais.

1975-1984

1ª. fase do Programa Integrado de Genética.

1978

Criação da Revista Brasileira de Genética.

1984

Primeiro Colóquio sobre Citogenética e Evolução de Plantas.

1985-1989

2ª. fase do Programa Integrado de Genética.

1986

Reunião sobre Desempenhos e Rumos da Genética no Brasil.

1991

Primeiro Congresso realizado independentemente da SBPC.

1992

Reunião conjunta da SBG com a Asociación Latinoamericana de Genética.

1992

First South-North Human Genome Conference.

1996

Patrocínio do 9th International Congress of Human Genetics.

1998

Transferência para sede própria.

2000-2009

6

Evento

Crise vinculada à ação judicial contra a SBG, com desfecho favorável à mesma.

2006

Reunião conjunta e reativação da Asociación Latinoamericana de Genética.

2008

Eleição da primeira presidente de sexo feminino.

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INTRODUÇÃO E SÍNTESE

Para coordenar e divulgar essas pesquisas, ocorreu em fevereiro de 1973 a primeira das Reuniões Anuais (que depois passaram a ser realizadas a cada dois anos) de Genética de Microrganismos. Três ex-presidentes da SBG foram fundamentais no desenvolvimento da área e estão mostrados na Figura 1.4. A estruturação formal da outra área tradicional de nossos congressos, a Mutagênese, ocorreu mais recentemente, com a fundação em 11 de setembro de 1989 da Sociedade Brasileira de Mutagênese, Carcinogênese e Teratogênese Ambiental (SBMCTA). Ela resultou da reunião de membros do Projeto Integrado de Mutagênese financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que teve lugar na Universidade Federal de Goiás em Goiânia. A atual presidente da SBMCTA é Elza T.S. Hojo, da USP. Entre 1970 e 1972, houve considerável expansão nas atividades da SBG, através de mudanças em seu estatuto e a criação de 10 Comissões Estaduais, posteriormente substituídas pelas Regionais. Outro evento fundamental, ocorrido em 1975, foi o surgimento do Programa Integrado de Genética. Com o afastamento da Fundação Rockefeller do Brasil, havia necessidade de substituição do amplo programa de apoio à genética patrocinado por ela, e o CNPq, e mais especificamente seu Diretor Manoel da Frota Moreira, resolveu assumir a tarefa. A 1ª. fase do Programa desenvolveu-se por 10 anos (1975-1984) e foi seguida por outra, mais curta (1985-1989). Os resultados foram excelentes e poderiam servir de modelo de como deve ser implementado um plano de fomento à investigação científica. Outros marcos importantes para a SBG foram a criação da Revista Brasileira de Genética (atualmente Genetics and Molecular Biology) em 1978; e a construção de uma sede própria e de uma infraestrutura administrativa permanente de apoio (1998). Atualmente essa infraestrutura é dirigida de maneira muito eficiente por Agnes P. Portella (Figura 1.5). Ações de fomento adicionais como promoção e apoio a eventos internacionais, especialmente aqueles relacionados com a Asociación Latinoamericana de Genética, estão listados na Tabela 1.3. Informações selecionadas sobre o número de participantes e de comunicações livres, bem como a distribuição dessas últimas pelas áreas da genética nas quais elas são classificadas, quanto aos seis últimos congressos da SBG estão indicadas na Tabela 1.4. A casa dos mil participantes em nossos congressos foi ultrapassada em 1994 e, nos considerados na tabela, esse número variou de

Tabela 1.4. Número de participantes e de comunicações livres e a distribuição dessas últimas quanto a áreas da genética. Numeração N°. N°. com. do Congresso participantes livres 51

2.152

1.286

GA 34

Percentagens nas áreas da genética1 GH GV GM MU 22

22

12

10

EN -

52

2.660

1.452

23

26

26

14

11

-

53

1.995

1.248

30

28

24

11

7

-

54

2.677

1.602

26

23

21

18

11

1

55

1.987

1.275

30

30

19

10

9

2

56

2.351

1.432

25

30

22

23

9

1

GA: Genética, Evolução e Melhoramento Animal; GH: Genética e Evolução Humana e Genética Médica; GV: Genética, Evolução e Melhoramento de Plantas; GM: Genética de Microrganismos; M: Mutagênese; EN: Ensino. 1

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INTRODUÇÃO E SÍNTESE

1.3

1.3. Da esquerda para a direita, I. Roisenberg, B. Beiguelman e J.L. Azevedo no 50º. Congresso Brasileiro de Genética, 2004.

1.4. O “trio do fusca”, da esquerda para a direita Sérgio Olavo Pinto da Costa, Darcy Fontoura de Almeida e João Lúcio Azevedo. A expressão surgiu da brincadeira da década de 70 de que os pesquisadores em Genética de Microrganismos cabiam todos dentro de um fusca. Graças aos três e muitos outros, o número agora é bem maior.

1.4

1.5

1.5. Fotografia obtida em 2010 da atual Secretária Executiva da SBG, Agnes P. Portella.

8

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INTRODUÇÃO E SÍNTESE

1987, no 55º, a 2.677, no 54º. Os valores indicados na Tabela 1.4 salientam a importância de locais turísticos mais atraentes. Os 51º, 53º e 55º foram realizados em Águas de Lindóia e mostram números menores dos que ocorreram em Foz do Iguaçu (52º), Salvador (54º) e Guarujá (56º). Os números de comunicações livres são proporcionais (com uma exceção) aos números de inscritos. No que se refere às áreas da genética, a de Ensino foi implementada apenas nos três últimos anos e seu número é ainda pouco expressivo. Com relação às cinco outras, tradicionais, o número de comunicações em Genética de Microrganismos e Mutagênese é sempre menor porque os especialistas nessas áreas também realizam eventos independentes aos da SBG. Quanto às três áreas predominantes, há um pouco mais de Genética, Evolução e Melhoramento Animal (23%-34%) do que em Genética e Evolução Humana e Genética Médica (22%-30%) ou Genética, Evolução e Melhoramento de Plantas (19%-26%).

1.5.

A Genética no Brasil e no Mundo

O período de pouco mais de meio século aqui considerado revelou um progresso espantoso,

em nível mundial, na área da genética. Em muitos dos próximos capítulos há um detalhamento desses desenvolvimentos. Entretanto, para se ter uma ideia desse ritmo vertiginoso, basta lembrar que em 1955 ainda não se sabia o número exato de cromossomos de nossa espécie, enquanto que em 2001 era revelado um primeiro rascunho do genoma humano completo. Apenas em 1961, foi esclarecida a natureza do código genético e atualmente estamos em plena fase da genômica comparada, do DNA recombinante e de todas as suas aplicações. Descobriram-se fenômenos que fariam estremecer os pioneiros, como a transferência gênica horizontal; e nossa visão evolutiva foi surpreendida pela criação de todo um novo domínio de vida, os Archaea. Como resultado desses desenvolvimentos um número expressivo de geneticistas recebeu o Prêmio Nobel. E o Brasil? Bem, nenhum geneticista brasileiro recebeu o Prêmio Nobel. Mas em geral, as nossas pesquisas vêm acompanhando razoavelmente de perto o que ocorre em nível mundial. A internet tornou-se um mecanismo importante para democratizar o acesso à informação, com a eliminação da barreira de tempo que existia neste acesso entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Ainda há dificuldades na importação de aparelhos e reagentes, e o intercâmbio de material biológico tornou-se mais difícil. Mas a quantidade de investimentos em ciência e desenvolvimento alcançou nos últimos anos níveis jamais obtidos anteriormente, de maneira que há razões para otimismo.

1.6.

O Papel da Ciência em Países Periféricos

Por que fazer ciência no Brasil? Não seria mais fácil simplesmente importar o que é feito

lá fora, queimando etapas e recebendo o que já foi testado no exterior? A adoção desta última opção condicionaria uma dependência permanente, e eu costumo afirmar que o principal produto das universidades e outras instituições de nível superior é formar cérebros. É somente através do pensamento independente que irá se superar o fosso atualmente existente entre países ricos e pobres. Se existe alguma instituição social que tenha contribuído de maneira significativa para o bem-estar geral da humanidade, esta instituição é a ciência. Cabe a todos prestigiá-la para alcançar-se a meta de um mundo socialmente mais justo. RECORDAR É VIVER – A HISTÓRIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA |

9


FRANCISCO M. SALZANO

INTRODUÇÃO E SÍNTESE

1.7.

Agradecimentos

O trabalho de composição e edição dos textos, tarefa não trivial em uma obra de 14 autores, foi

realizado de maneira muito eficiente por Laci Krupahtz; e Angela M. Vianna-Morgante solucionou problemas de falhas de arquivos com fotografias difíceis de serem obtidas. Todos os geneticistas brasileiros agradecem o apoio constante recebido, em nível nacional, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), bem como, em nível regional, às fundações estaduais de apoio à pesquisa.

Referências bibliográficas Gardner, E.J. 1965. History of Biology. 2nd edition. Burgess, Minneapolis. Spencer, F. 1997. History of Physical Anthropology. Garland, New York.

Porto Alegre, 10 de março de 2011

Francisco M. Salzano

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

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| RECORDAR É VIVER – A HISTÓRIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA


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GESTÃO 1955-1956

Carlos A. Krug 2.1. Carlos A. Krug (1906-1973).

2.1.

Informações Gerais

A ata de fundação da Sociedade Brasileira de Genética registra que o evento ocorreu em 4 de

julho de 1955, no anfiteatro do Instituto de Educação Carlos Gomes em Campinas, SP. A reunião, que contou com geneticistas brasileiros e estrangeiros, tinha sido convocada por Chana Malogolowkin, da então denominada Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro; Hermindo Antunes Filho, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), SP; e Warwick Estevam Kerr, na época docente da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) de Piracicaba, SP. Estes haviam sido designados para a tarefa durante o Segundo Congresso Pan-Americano de Agronomia, e a reunião em Campinas estava vinculada ao Simpósio Internacional de Biometria, que se realizava concomitantemente sob a presidência de Friedrich Gustav Brieger, também da ESALQ. Nesse evento foi decidido que a data oficial de fundação da SBG seria no dia seguinte (5 de julho), data de nascimento de André Dreyfus, falecido três anos antes e que havia organizado o Departamento de Biologia Geral da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (BIO-USP), na cidade de mesmo nome, e onde se desenvolviam pesquisas importantes na área. Na reunião foi aclamada uma diretoria provisória composta pelos seguintes geneticistas: Presidente: Carlos Arnaldo Krug do IAC; Membros: Ady Raul da Silva, na época docente da Escola Superior de Agricultura Eliseu Maciel, que posteriormente foi anexada à Universidade Federal de Pelotas, RS; Luiz Edmundo de Magalhães, do BIO-USP; e Hermindo Antunes Filho, do IAC. RECORDAR É VIVER – A HISTÓRIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA |

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