MARIA HELENA DAMASCENO E SILVA MEGALE
ISBN 978-85-8425-274-9
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MARIA HELENA DAMASCENO E SILVA MEGALE
Professora Titular de Filosofia do Direito. Integrante do Corpo Permanente de Doutores do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG. Autora de várias obras publicadas: livros, capítulos de livros, artigos e outros. Coordenadora do Instituto de Hermenêutica, Teoria e Argumentação Jurídica (IHTAJ). Coordenadora de eventos patrocinados pelo IHTAJ. Organizadora de eventos patrocinados pelo referido Instituto juntamente com equipe sob sua coordenação composta por orientandos, entre os quais a Doutoranda Paula Vilaça Bastos. Atualmente, a autora leciona Temas de Hermenêutica, orienta mestrandos e doutorandos e desenvolve pesquisas acadêmicas em Área de Estudo vinculada à Linha de Pesquisa 2 do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG: Hermenêutica Jurídica nas matrizes fenomenológica e epistemológica.
O HORIZONTE HERMENÊUTICO DA FÉ
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amadurecimento da fé coincide com aquele agir que só a sabedoria é capaz de comandar. Esse amadurecimento independe da longevidade, assim como da escolaridade do praticante. Não fosse assim, não contaríamos com a santidade precoce e desacompanhada de títulos de saberes. A abertura incondicional a Deus corresponde ao que estou designando de “amadurecimento da fé”. É o que possibilita a experiência interior, como veremos na narrativa de Helena ou Maria Faustina Kowalska. A fé é o que possibilita a experiência interior assim como a melhor compreensão do outro. Essa experiência e essa compreensão traduzem a visão mística da apóstola da Misericórdia divina.
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ste livro fala da fé que pode ser vivida no nosso dia a dia: na família, no trabalho, na Igreja, no silêncio, na ciência, no lazer, na arte e na filosofia. A sua temática é o amor sem medida que o Pai oferece sem contrapartida, porque só Ele é Misericórdia pura. Neste livro, a autora concebe a partilha da fé na cultura ecumênica. A união solitária com Deus é privilégio de todas as criaturas que n’Ele acreditam. Simplesmente, o homem e a mulher acham-se com possibilidades de descerrar-se em vivências de fé.
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Copyright © 2016, D’ Plácido Editora. Copyright © 2016, Maria Helena Damasceno e Silva Megale Editor Chefe
Plácido Arraes Produtor Editorial
Tales Leon de Marco
Editora D’Plácido Av. Brasil, 1843 , Savassi Belo Horizonte - MG Tel.: 3261 2801 CEP 30140-007
Capa
Tales Leon de Marco Diagramação
Tales Leon de Marco Revisão técnica
Paula Vilaça Bastos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida, por quaisquer meios, sem a autorização prévia da D`Plácido Editora.
Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica MEGALE, Maria Helena Damasceno e Silva. O horizonte hermenêutico da fé -- Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2016. Bibliografia ISBN: 978-85-8425-274-9 1. Direito 2. Hermenêutica I. Título II. Direito CDU340
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AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA
Ao terminar de escrever este livro, percebo inapreensível a última palavra. Apropriei-me cedo das que até a mim vieram. Primeiramente, da família. A palavra de Santa Faustina ouvi inicialmente de minha tia Virgínia. De outros tantos, vieram também palavras que o tempo não desgasta. Todas elas guardo em meu coração. Desejo agradecer por esses presentes de muitos autores que, em certa medida, comigo escreveram. Padre Wanderci, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, é um desses, com a palavra de entusiasmo com que recebeu o meu comunicado quando iniciei a escrita sobre a Misericórdia divina. Algumas palavras foram ouvidas na intimidade do lar. Outras, nas escolas, no trabalho, nas ruas. Outras, como silêncio sem despedida que também se transforma em anúncio. Escrevi pensando em cada um desses anunciadores. De um modo e de outro, convivo com a palavra herdada dos que me educaram na fé. Convivo com a palavra construída com aquele com quem tudo partilhei e com o qual a palavra da fé se fortificou, especialmente nos nossos filhos. Convivo com a palavra que nasce
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com meu irmão, do modo dele, doce ou áspera, mas que sempre me mostra a face da Misericórdia. Enfim, a cada um agradeço pela palavra possível e dedico este livro. Belo Horizonte, 7 de novembro de 2016.
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SUMÁRIO
A experiência interior
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A dimensão da fé
15
Testemunho vivo da apóstola da Misericórdia
19
A jornada de uma mística
23
Traços de espiritualidade
25
A chama do amor substitui o medo
29
No amor puro, a fortaleza e o resplendor
31
O hábito da paciência
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Termômetro com que se mede o amor
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Passando o amor a limpo
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Amar a Deus inclui amar o próximo
41
A visão mística
43
O coração: tabernáculo vivente do amor
45
O amor e a renúncia de si mesma
47
É doce viver o amor na Terra rumo à pátria celeste
51
Modo provisório de dialogar com Deus
53
A alegria e a paz não estão no deserto, mas no viandante que o atravessa
55
A esperança nos propósitos de uma santa
57
Saber dosar a fala e o silêncio na relação com o outro
59
O diálogo com Deus pauta-se na sinceridade e na confiança
61
A vocação doadora na prática da fé
65
A misericórdia que não falha
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A misericórdia como confirmação da essência de Deus
71
O rigor na apuração da santidade
81
Fé e autoconhecimento
83
A plenitude da paz
85
Atravessar noites escuras para compreender
87
A palavra da sabedoria
91
O horizonte hermenêutico da fé
95
Razão e fé
99
Amor e fé
101
Simplesmente fé
111
A fé e o trabalho da dúvida
115
A vivência da fé em comunidade
117
O culto da Misericórdia divina
121
Referências Bibliográficas
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A experiência interior
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Cientificamente, quase nada sabemos sobre nós mesmos. Na trilha das ciências, as pesquisas captam alguns dados ainda primários sobre o nosso ser. No meio de tantas incertezas, constatamos que somos animais com as distinções que a ciência, a filosofia e a poesia decantam, porque somos viventes que pensam, falam, aprendem. Entre meias verdades, sabemos que o nosso ser se distingue dos simplesmente animais, porque esses, diferentes de nós, seguem a natureza, inapreensíveis na sua quietante infinitude.1 Diferentes de nós, eles não sabem que irão morrer; por isso os animais são infinitos. Nós, como lembra Santo Agostinho, “[...] desde o instante em que começamos a existir neste corpo, estamos na morte”.2 Com esse pensador da interioridade, que tanto contribuiu com descobertas sobre nós mesmos, a filosofia repetidamente ostenta esta verdade: somos mortais. Na nossa finitude, refletimos sobre a vida e a morte. Assim, convivemos com o inexorável até o dia exaustivo de RILKE, Rainer Maria. Décima elegia. In: RILKE, Rainer Maria. Elegias de Duíno.Tradução de Dora Ferreira da Silva. 6. ed. São Paulo: Biblioteca Azul, 2013. p. 83-91, p. 85. 2 SANTO AGOSTINHO. A cidade de Deus: contra os pagãos. Tradução de Oscar Paes Leme. 2. ed. Petrópolis:Vozes, 1990, parte II, p. 105. 1
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nosso tempo terreno. Com a ciência desse peso, desde o nosso nascimento, caminhamos para um termo final aqui na Terra, permanecendo ignorantes quanto ao nosso destino. Mas a eternidade é irresistível aos que têm fé. A experiência interior pode descortinar uma dimensão libertadora para a pessoa humana, mesmo que as coisas da fé ultrapassem os limites do visível na cotidianidade. Por isso, por escapar aos sentidos, nem todos aceitamos esse tipo de experiência, ainda quando participamos dos costumeiros rituais de uma existência religiosa, mas sem fervor, presa ao inconsciente do eu exterior, mergulhada em preconceitos e convencionismos vãos.Talvez, porque deixamos as coisas da fé para depois, como se o comunicado de Deus fosse incompatível com a finitude da vida terrena. Não é fácil descrever a experiência do eu interior, mesmo porque não se trata de apreender um objeto, para dissecá-lo, defini-lo e explicá-lo, mas descerrar-nos na descrição do indizível em nós mesmos. Simplesmente, é possível afirmar que o eu interior na fé vive uma experiência nova e indefinível, pois nele não vemos o que temos ou o que somos, mas o que em nós acontece por obra de Deus, com nossa aquiescência. O eu interior é a nossa própria realidade em seu nível mais pessoal, único, existencial e consciente. É, enfim, a vivência espiritual “[...] em seu máximo”.3 Na potencialidade desse máximo recebido e sustentado por Deus em nós, com nosso consentimento e cultura, o eu interior reflete-se nas atitudes e criações da espiritualidade pessoal. Assim, as experiências religiosas, 3
MERTON,Thomas. A experiência interior.Tradução de Luiz Gonzaga de Carvalho Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 12-20.
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morais, técnico-científicas, artísticas, filosóficas, políticas, laborais, recreativas, amorosas são afetadas pelo eu interior. Na consciência desse eu, a visão experiencial de Deus dialoga com Ele e com os outros,4 porque essa visão em seu máximo não se faz no isolamento dos outros de Deus em nós. Na solidão do eu interior é que encontramos o tu, isento de qualquer apreensão subjetivista e solipsista. É na união solitária com Deus que a nossa interioridade livre e espontânea se abre para o próximo, apta para o encontro espiritual com a interioridade dos outros de Deus. O eu interior do cristão [...] é inseparável de Cristo, sendo, portanto, de um modo misterioso e único, inseparável de todos os outros “eus” que vivem em Cristo, de tal forma que todos eles juntos formam uma só “Pessoa Mística”, “que é Cristo”.5
A união solitária com Deus não é privilégio dos cristãos, mas de todas as criaturas que n’Ele acreditam. Como tudo na vida, a fé demanda amadurecimento alcançável com a experiência. No caso, a experiência de Deus. Cada ser humano, de acordo com sua caminhada, acha-se com possibilidades de descerrar-se em vivências de fé. No seu horizonte, tanto o indígena habitante da selva quanto o cidadão da metrópole mais adiantada podem, a seu modo, viver a experiência da fé. Para isso, em primeiro lugar, conta a graça de Deus, unida à vontade do agraciado, mais do que o intelecto e qualquer JO 17, 21-23. In: Bíblia Sagrada.Tradução do Centro Bíblico de São Paulo. 177. ed. São Paulo: Ave-Maria, 2008. 5 MERTON, 2007, p. 33. 4
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ciência ou filosofia. Curioso é que o ser de fé acaba por descerrar-se na sabedoria. O amadurecimento da fé coincide com aquele agir que só a sabedoria é capaz de comandar. Esse amadurecimento independe da longevidade, assim como da escolaridade do praticante. Não fosse assim, não contaríamos com a santidade precoce e desacompanhada de títulos de saberes. A abertura incondicional a Deus corresponde ao que estou designando de “amadurecimento da fé”. É o que possibilita a experiência interior, como veremos na narrativa de Helena ou Maria Faustina Kowalska.
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Professora Titular de Filosofia do Direito. Integrante do Corpo Permanente de Doutores do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG. Autora de várias obras publicadas: livros, capítulos de livros, artigos e outros. Coordenadora do Instituto de Hermenêutica, Teoria e Argumentação Jurídica (IHTAJ). Coordenadora de eventos patrocinados pelo IHTAJ. Organizadora de eventos patrocinados pelo referido Instituto juntamente com equipe sob sua coordenação composta por orientandos, entre os quais a Doutoranda Paula Vilaça Bastos. Atualmente, a autora leciona Temas de Hermenêutica, orienta mestrandos e doutorandos e desenvolve pesquisas acadêmicas em Área de Estudo vinculada à Linha de Pesquisa 2 do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG: Hermenêutica Jurídica nas matrizes fenomenológica e epistemológica.
O HORIZONTE HERMENÊUTICO DA FÉ
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amadurecimento da fé coincide com aquele agir que só a sabedoria é capaz de comandar. Esse amadurecimento independe da longevidade, assim como da escolaridade do praticante. Não fosse assim, não contaríamos com a santidade precoce e desacompanhada de títulos de saberes. A abertura incondicional a Deus corresponde ao que estou designando de “amadurecimento da fé”. É o que possibilita a experiência interior, como veremos na narrativa de Helena ou Maria Faustina Kowalska. A fé é o que possibilita a experiência interior assim como a melhor compreensão do outro. Essa experiência e essa compreensão traduzem a visão mística da apóstola da Misericórdia divina.
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ste livro fala da fé que pode ser vivida no nosso dia a dia: na família, no trabalho, na Igreja, no silêncio, na ciência, no lazer, na arte e na filosofia. A sua temática é o amor sem medida que o Pai oferece sem contrapartida, porque só Ele é Misericórdia pura. Neste livro, a autora concebe a partilha da fé na cultura ecumênica. A união solitária com Deus é privilégio de todas as criaturas que n’Ele acreditam. Simplesmente, o homem e a mulher acham-se com possibilidades de descerrar-se em vivências de fé.
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