Um amor em Barcelona by Editora D'Plácido

3ª ÃO IÇ

Lavínia Rocha

Belo Horizonte, nasceu dia 24 de maio de 1997 e formou-se no Colégio Santo Antônio em 2014. Incentivada pelos amigos, pais e familiares, publicou seu primeiro romance, Um amor em Barcelona, em 2010, aos treze anos. Quatro anos depois, lançou De olhos fechados e, em 2015, Entre 3 mundos.

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Nesta obra, “essa menina escritora nos coloca de mãos dadas com uma narradora que, habilidosa, conduz o leitor por cenários e diálogos vividos por personagens que encenam o drama de um primeiro amor que se confunde com a descoberta das novidades e dos limites que uma terra etrangeira pode esconder”

ISBN 978-85-8425-288-6

– Sandra Cavalcante. 9 788584 252886

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Um amor em barcelona

Lavínia rocha é mineira de

Isabela simplesmente odeia as visitas anuais ao seu pai em Barcelona e sempre faz de tudo para não ir. Nessas férias, além de não poder aproveitá-las com a amiga, terá de aguentar dois meses inteiros na Espanha. O que poderia ser mais chato? Ah, claro, ir na companhia da prima Briana. O que Isabela não imagina, porém, é como um garoto pode deixar Barcelona muito mais interessante...

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“– Hola, ¿qué tal? – Uma linda voz falou uma frase em espanhol incompreensível. Vireime para saber quem era. Foi quando perdi a fala. Era como um anjo. Cabelo enrolado e loiro. Os olhos eram azuis e a pele clara. Fiquei encantada. O garoto percebeu o meu silêncio. Eu ainda estava processando sua imagem em minha mente. – ¿Estás bien?”

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Para tia Simone, Sofia e Beatriz.

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Para minha mãe tão amada, cujo empenho foi fundamental para a realização deste projeto. Para Mariana, uma pessoa muito importante para mim. Se não houvesse tanto incentivo da parte dela, talvez esta história estivesse escondida até hoje. Por fim, para Lorena, minha maravilhosa prima. Aquela que acompanha todas as minhas histórias foi a primeira leitora desta obra e é uma pessoa que está sempre me inspirando.

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Agradecimentos Primeiramente, agradeço a Deus, tão importante para mim, por ter me dado capacidade de criar. Meus pais, Luciene e Valentim, pelo apoio e incentivo. Minha madrinha, Simone, por sempre estar ao meu lado, e a toda minha família que, de alguma forma, colaborou para a realização desta obra. Todas as minhas primas, que sempre estão comigo. Que possamos nos divertir cada vez mais! Minhas amigas, Raylene, Marcella e tantas outras por estarem juntas comigo ao longo da jornada. Terezinha, que sempre incentivou minha leitura, e as minhas duas maravilhosas professoras de português, Patrícia Nolasco e Flávia Lucas, que tanto amo. E os demais excelentes profissionais da escola SESI, que tanto contribuíram para minha formação. Por fim, a todas as pessoas que acreditaram em mim, o meu muito obrigada. .9.

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1 Notícia da viagem Estava eu em um dia comum. Em uma hora comum. Minha mãe chega e diz que eu vou viajar para a casa do meu pai! Logo para lá... – Viajar?! – Sim. Você vai pra casa do seu pai, na Europa! – Mas por que, mãe? Eu estou “supercomportada” aqui. Não precisa me mandar pra Europa! Por favor! – Não adianta, Isabela, você vai e pronto! E a sua prima Briana vai com você! – Não acredito que ELA vai comigo! – Isabela, vá arrumar suas coisas, você viaja AMANHÃ! E cedo! – Por que você tá fazendo isso, mãe? Quer ficar sozinha? Eu posso ir pra casa de alguma tia, sei lá. Por favor, Europa, NÃO! – Europa! Na verdade, tenho que fazer algumas coisas aqui e, na semana que vem, . 11 .

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CANADÁ. Vou fazer compras em um dos maiores shoppings do mundo! E você precisa estar com o seu pai. Você sabe, Isabela, tem que visitar seu pai uma vez por ano. – Ah, eu sabia que tinha alguma coisa de shoppings, compras e mais frescuras – eu disse numa voz irritante e ela fez uma careta. – Tinha que ter alguma coisa a ver com VOCÊ! Claro, só pensa em você mesma! – É. Só penso em mim! Agora vai arrumar LOGO as suas roupas! Ou quer ir sem malas pra Europa? – Eu NÃO quero ir pra Europa! – Opção negada! E chega de opções! Anda, Isabela, vai! Foi assim que fiquei sabendo que ia viajar para o lugar mais terrível deste mundo! Por que minha mãe não me manda para qualquer outro lugar? Europa, NÃO! Na verdade, ficarei na Espanha e, definitivamente, ODEIO a língua . 12 .

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espanhola! Sempre tirei abaixo da média nas provas de Espanhol. Eu não entendo NADA! Além disso, meu pai coloca mil seguranças atrás de mim! Que ódio! E o pior de tudo é que a Briana vai comigo. Tá bom que isso não é o pior porque eu não conheço essa prima direito, mas posso exagerar um pouquinho? Tô com raiva! Vou perder minhas férias e eu já havia combinado com a Bia (minha melhor amiga) de ir ao cinema, ao clube e outros lugares três vezes melhores que Barcelona. Na última vez em que fui para a casa do meu pai, ele ficava trabalhando o dia inteiro e eu mal o via. Ficava abandonada naquela casa sem nada para fazer. Isso porque se eu desse um passo para a rua, viriam seguranças atrás de mim. Terrível! Em outra vez, meu pai saiu comigo, mas só me levou a museus chatos e, para falar a verdade, preferia ter ficado naquela casa à toa. Quero dizer, preferia nem ter ido. “Também vou tacar qualquer roupa na mala! Ou melhor, eu vou fugir. Isso! Ótimo! Ai, meu Deus, como eu sou exagerada! São só alguns dias na Europa. Espera aí... QUANTOS dias?!”, pensei enquanto abria o meu guarda-roupa. . 13 .

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– Ô manhê! Quantos dias com meu pai mesmo? – Dois meses! – O QUÊ? Dois meses?! – Sim, dois meses! Não acredito! O que são dois meses na Europa? Um pesadelo! Isso sim! Minhas férias todas naquele lugar chato sem nada para fazer. Ah, não! Que desânimo! Férias e Barcelona são palavras que não combinam DE FORMA ALGUMA. No meu mundo, essas palavras não nasceram uma para a outra. O que há de errado comigo? Qualquer garota que tenha quatorze anos, como eu, sonha em ir para a Europa. Famosa Europa. Ah... Europa! Eu não! Eu sou muito diferente de qualquer garota que tenha quatorze anos. Bom, acho que, na verdade, o fato de eu ir para lá uma vez por ano, desde muito tempo, ajuda – e também por ter que ficar cercada de seguranças porque sou filha de um homem que é superfamoso em Barcelona. Ah, e fora que eu SEMPRE fui para lá OBRIGADA. Por que todo santo ano tenho que ir à Espanha? Onde não há diversão alguma, não posso fazer nada, não posso sair à noite, não posso . 14 .

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conhecer novos amigos... Enfim, todo ano é um tédio essa viagem.

– Isabela, acorda! – Ai, mãe, o que foi? – Europa, lembra? – Como se pudesse esquecer! Essa Europa me persegue até em meus sonhos! – Ótimo! Agora se levante que iremos pro aeroporto! – Odeio avião! – Mas você sempre gostou! – Gostei? Ah é! Corrigindo: odeio avião com destino à Europa! – Seu estoque de reclamações ainda não se esgotou? – Tá brincando? Mal comecei a reclamar! Verá como sua vida será um inferno daqui até o aeroporto! – Certo, mas agora você poderia se levantar? Vai perder o voo. – Tomara que perca! . 15 .

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– Aí seu pai mandaria um jatinho vir te buscar! Sabe que ele é exagerado! Falando nisso, você deve ter nascido tão exagerada por causa dele! – Ou por sua causa... – Ou por causa dos dois! Agora vem, menina, que você tem uma viagem a fazer! – Infelizmente! Quero ir não, mãe, por favor! Eu faço tudo que você quiser! – Filha, seu pai também tem direito de ver você! – Por que ELE não vem pra cá?

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– Sabe que ele não pode! E eu vou viajar pro Canadá não só pelas compras, mas pra fazer uma viagem apenas com o Antônio – minha mãe estava noiva do Antônio, um cara muito gente boa! – Eu estarei melhor sabendo que você estará com seu pai! – Mas, mãe, EU não estarei melhor! Sabe o que é passar o dia inteiro sem nada pra fazer? Presa naquela casa sem poder sair? Ou melhor, passar dois meses? – O que é isso, Isabela? Você poderá sair sim. – Claro! Com seguranças. É muito chato isso. – Conversei com seu pai e você não terá seguranças por perto o tempo todo! Agora vamos. Você tá muito atrasada! – Obrigada mãe, menos um tormento na minha vida! Tá bom, eu só me fingi de boazinha e concordei porque vi que a minha mãe precisava de uma diversão. Essa história de não ter seguranças atrás de mim eu tenho certeza de que é mentira. Como se eu não conhecesse Augusto Menzáles. Com certeza, não vou poder ser uma garota normal em uma viagem de férias normal. Meu pai nunca abriria mão disso... . 17 .

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Bom, no café tinha pão com geleia, que eu simplesmente AMO. Comi e fui para o carro. Tentei demonstrar um pouco de ânimo, mas nem rolou. Eu estava com cara de enterro. Quando contei para a Bia que não iriam rolar nossas férias dos sonhos, ela ficou meio chateada, meio não, MUITO chateada. Mesmo assim tentou me animar, contando que a cidade de Barcelona é linda e tudo mais... Só que não foi o suficiente para eu ficar feliz. Ao contrário, fiquei ainda mais desanimada. Ótimo que Barcelona é uma cidade linda, mas o que adianta se não posso conhecê-la? No caminho do aeroporto acho que acabei dormindo, porque foi tão rápido... Então eu vi uma menina mais ou menos da minha idade com uma cara muito animada e acompanhada de uma mulher alta, bonita, de cabelos grandes e anelados. A menina era a Briana, e a mulher era a tia Katie (só descobri isso depois). Cumprimentei a tia, e minha mãe me apresentou a prima. – Essa é a Briana, sua prima, lembra-se dela? – Claro, mãe! – menti. – Oi, Briana. . 18 .

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– Oi, Isabela. – Bom, meninas, vamos resolver algumas coisas ali e daqui a pouco voltaremos. Fiquem aqui, certo? – disse a tia Katie. – Tá bom, mãe! – Briana respondeu com uma voz animada! Como alguém poderia estar animada indo para a Europa? Todo mundo. Menos eu. Depois que elas saíram, fiquei conversando com a minha prima. – Ansiosa pra ir a Barcelona? – perguntou ela, ofegante. – Na verdade... não! – Como não? – Odeio Barcelona! – Ah, é? Mas por quê? – Porque odeio, lá é muito chato. – Nossa, eu tô realmente muito empolgada. Você deveria estar também, vai ver seu pai! – Por esse lado é bom, mas também é ruim. Meu pai me prende em uma redoma, coloca trinta seguranças atrás de mim, e eu não saio pra nenhum lugar. Odeio falta de privacidade e falta de liberdade. – Sabe que é a primeira vez que eu vou visitar meu pai na Espanha? Ele mudou faz pouco tempo, . 19 .

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as pessoas vivem dizendo que é muito bacana essa cidade. Acho que vai ser legal. – É muito ruim, Briana. E você entende alguma coisa de espanhol? – Sim, estudo desde pequena – ela disse com um orgulho evidente. – Ah, que ótimo! Porque eu não entendo nada com nada. – Ai, que desânimo! Tomara que isso não seja contagioso, porque eu estou muito animada. – Percebe-se. – Tenho uma ideia que pode animar você. – Já sei, eu não preciso ir mais pra casa do meu pai? – Não, não é isso! – Então NÃO vai me animar! – Vamos ficar em hotel! – O quê? Não vamos ficar na casa do meu pai?! – Não, não vamos ficar na MANSÃO dos NOSSOS pais – disse ela me corrigindo. – Por que não? – perguntei ignorando totalmente a correção; nunca me importei com a casa. – Nossos pais querem uma folguinha de trabalho, então vamos ficar em um hotel . 20 .

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superchique, que mais parece uma colônia de férias. Não é ótimo? – Sim, é ótimo! Em vez de eles irem pra outra cidade e ficarem de férias... – revirei os olhos – Bom, pelo menos não ficaremos com seguranças atrapalhando nossa diversão! – Talvez. – Como talvez? Não vai me dizer que precisamos de seguranças até dento de um hotel! – É que eu não vou querer passar dois meses SÓ no hotel. Quero conhecer Barcelona, visitar as lojas, ver as pessoas... Então, não será COM certeza que iremos andar pela cidade sem uma superproteção! – Francamente? Prefiro ficar no hotel e você pode ir fazer suas compras e ver de perto os espanhóis! – Mas foi por isso que eu disse talvez! – Ãh? – eu tava morrendo de sono, desorientada e desanimada. – A namorada do meu pai, Adriana, mora lá e é muito gente boa. Então ela poderia ir conosco, assim talvez nossos pais deixem a gente sem aquele mundo de seguranças! – Que ótimo! . 21 .

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– E fora que os espanhóis devem ser muito gatos, né! – Hum... Devem ser! O problema é que, com aqueles caras no meu pé, como poderia SONHAR com garotos? – É... mas a Adriana não é uma segurança... – Então... Na hora que ia completar a frase, minha mãe e a minha tia chegaram. – Então o quê? – perguntou minha mãe. – Então tá na hora de irmos. Olha já tá na hora – apontei para o quadro de horários. – De repente você ficou animadinha, hein? – Foi a Briana que me contou algumas coisas... Inclusive que ficaremos em um hotel! – Briana! Isso era uma surpresa! – Desculpa, tia Helene, é que essa aí tava tão infeliz com a viagem... – escutamos um aviso de que nosso avião iria decolar em poucos minutos. – É a sua deixa – disse minha mãe sentimental. – Me liga quando chegar! – Certo, mãe! Tchau! Amo você! Tchau, tia Katie. Vem, Briana!Briana se despediu das duas também e fomos em direção à sala de embarque. . 22 .

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