maio | 2014 | ed 30 F oto : R odolfo M agalhães turismo
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nacionais
Márcia Amoroso
caderno
Bom negócio
Uma vida de transformação
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editorial
Maio é mês das mães, e das folhas douradas do outono. E este mês tão especial não poderia ficar sem uma leitura de qualidade, por esta razão, a Inside chega trazendo um excelente conteúdo para você, amigo leitor. Celebrando a benção da maternidade, entrevistamos Márcia Amoroso, fonoaudióloga, enfermeira, mãe forte e dedicada, que transformou a dor da perda de um filho em um trabalho de amor ao próximo, especialmente as pessoas com deficiência. Um belo exemplo para estes nossos dias. Na matéria de Turismo, o fotógrafo e documentarista Eduardo Issa nos convida a visitar os parques nacionais, tão belos quanto carentes de proteção e de infraestrutura. Na página de Comportamento, mais uma homenagem ás mães. E não se esqueçam de que a Inside agora é mais conteúdo e informação, com o Caderno Bom Negócio, com informações sobre o mercado imobiliário e de construção, de Guaratinguetá. Boa leitura! Danilo Rosas | Editor
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M á rUma c ividaa de atransformação moroso 0 7 turismo
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DE M o d a
2 0 arquitetura e X PEDIE N TE
realizando seu sonho
Editor: Danilo Rosas Administração: Renata Rosas Projeto Gráfico: Studio DR Coordenadora Editorial: Lívia Fernandes Coordenador de Arte: Walder Guimarães Redação: Julio Maziero, Benê Carvalho
Make: Layla De La Cruz Foto: Rodolfo Magalhães
A Revista INSIDE é uma publicação da Editora Expedições Rua Monsenhor Filippo, 367 - Guaratinguetá/SP – CEP 12.501-410 e-mail: contato@editoraexpedicoes.com.br. site: www.editoraexpedicoes.com.br A Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.
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REVISTA INSIDE | ISSN 2236-224X | Abril/14 Designer Gráfico: Walder Guimarães Comercial: Benê Carvalho Colaboradores: Eduardo Issa, Euclydes Martins, Raquel Viviane, Fotografias: Eduardo Issa, Rodolfo Magalhães, Danilo Rosas, Benê Carvalho, Leonardo Quissak. Modelos: Jade Perrenoud, Letícia Greff, Gi Faria. Para anunciar ligue: (12) 3133-2449 ou pelo email: editoraexpedicoes@editoraexpedicoes.com.br Impressão: Resolução Gráfica
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M á rUma c ividaa de atransformação moroso
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A Inside conversou com a enfermeira, fonoaudióloga, mulher forte e mãe dedicada dos filhos Lucas, Vitor, Vitório, Mateus e Bia, Márcia Amoroso, que junto do marido Victório, fundaram o Instituto Lucas Amoroso (ILA), para pessoas com deficiência. Neste bate papo franco e emocionante ela fala sobre maternidade, nos revela como transformou a dor da perda de um filho em um belo trabalho de amor e ajuda ao próximo, e conta sobre a realização do desejo de adotar Maria Beatriz (a Bia) para colocar em prática o amor incondicional. Às vezes uma grande perda acaba nos levando a caminhos inesperados. Sabendo que você passou por uma, quais as transformações causadas em sua vida? Eu acho que foi um marco na minha vida. De um lado, tenho o sentimento ruim da perda, pois ninguém quer perder as coisas ou as pessoas que ama. Mas tem um lado positivo, que é um empurrão para que a gente possa se transformar. Quando temos uma perda muito grande, não temos opção. A morte é uma imposição, não temos escolha. Ela vem, acontece e ponto final. Eu observo nas pessoas o seguinte: ou elas ficam amargas porque elaboram muito mal, ou ficam prontas para o que vem, o que tem de novo no mundo. O que eu senti foi uma necessidade pessoal de poder ajudar quem está aqui nessa vida, nesse mundo, onde é difícil de você lidar com as
grandes dificuldades. Eu sempre quis fazer uma instituição voltada para crianças com deficiência, porque já era parte da minha vida profissional e porque a vida passa muito rápido. As coisas acontecem fora do nosso controle. Fui motivada pela perda de um filho, que foi muito transformadora. Tudo o que a gente aprendeu na sua vida profissional e pessoal, e tudo o que acreditamos em termos de fé, religiosidade e espiritualidade, no momento da perda, nada disso funcionou. Para mim e para o Victório, que somos da área da saúde, nenhum conhecimento que lutamos para ter na vida profissional foi capaz de segurar o Lucas. Como foi este processo de transformar a dor em amor ao próximo? Eu fiz uma revisão do que era importante em mim. Eu queria criar uma instituição para tratar de pessoas com deficiência e
queria adotar uma criança. As duas coisas aconteceram ao mesmo tempo, a partir de 2004, após a morte do Lucas, a gestação da ONG até 2006 e a Bia que foi algo muito rápido. Eu escuto os meus pensamentos e desejos, o que aprendi a fazer após a perda, pois eles viviam engessados na realidade. Quando você tem um trauma emocional muito grande, dá voz ao seu sentimento. Eu tinha certeza de que havia uma criança me esperando e não sabia aonde. Coloquei o meu desejo para o Victório e os meninos, que se assustaram no começo, porque era uma criança com deficiência. A Bia surgiu através do “boca a boca” de duas mães que têm filhos na escola de minha irmã, em São Paulo. Do conhecer a Bia, até a adoção, foram apenas quatro meses. Ela não era ninguém e vivia perdida, excluída, desde bebê, numa creche muito carente. Foi coisa de Deus,
através de um anjo de um fórum em São Paulo, que fez chegar até o juiz o processo de adoção que estava perdido em meio a tantos outros. Em 16 de dezembro, dia do seu aniversário, a Bia chegou em casa. Com três anos e muito debilitada, ela não saia do berço, não tinha rotinas e sua brincadeira era alisar a parede. Não sabia o que era dia ou noite. Foi uma renovação para tudo. Em sua opinião, qual o real significado da maternidade? Se considera um pouco mãe daqueles que são atendidos por você? A Bia, “foi dar a chance para quem não tem”. Foi uma surpresa para mim, o “cuidar”, porque eu era uma mãe comum, no sentido de trabalhar e criar os filhos, querer alguma coisa boa para eles. Eu não tinha nenhum diferencial antes da morte do Lucas. O fato foi uma “conversão”, um novo ponto de partida que me fez parar e começar tudo novamente. Quando a gente ama um filho biológico, tem a certeza de que ama por ser seu filho, com seu parceiro. Ele é ou não a sua cara, mas a gente não sabe o quanto o ama. As mães não têm noção de quanto amam seus filhos até perdê-los. Aí, pela perda, você o ama muito mais do que o amava. A maternidade na perda extrapola o físico. Você deseja continuar cuidando. E eu encontrei a religião e a espiritualidade, que me fizeram aprender no momento da perda. Apesar da formação católica, encontrei o consolo no espiritismo. Sonhava com o Lucas e que estava cuidando dele em outro lugar. Eu o
dava água, que na verdade eram fluidos. Este é o amor de mãe, imenso e que não se justifica com apenas dezoito anos de relacionamento. Tem que existir uma história anterior. Essa é a mãe que perde. A mãe que adota, usa do amor incondicional, uma maternidade tão bonita quanto. A Bia, para mim, é minha filha. Em nenhum momento eu senti algo desagradável em relação a ela. A Bia é diferente em todos os sentidos, não se parece fisicamente, não tem a personalidade, não vai ser como eu quero. Apenas a amo como ela é. O amor pelos filhos biológicos é condicional, pois estamos condicionados a esperar exatamente aquilo que queremos. Eu aprendi o que é o amor incondicional através da Bia. Aprendi a qualidade do meu amor e o coloco em prática agora, com os filhos biológicos. Hoje, eu tenho uma noção completamente diferente dos meus filhos, eu os visualizo como pessoas. O que é o ILA (Instituto Lucas Amoroso)? Conte-nos um pouco sobre o seu surgimento e quais são os principais serviços oferecidos? O ILA surgiu pela minha necessidade pessoal de fazer algo para os outros. Nos primeiros quatro anos eu deixei meu consultório e a faculdade para me dedicar exclusivamente ao ILA e à Bia, pois precisavam de muito trabalho. O ILA ajuda as crianças na parte clínica, com o intuito de inseri-las na sociedade. A sua marca é a inclusão e a inserção na sociedade. Depois de oito anos de trabalho, ainda existem obstáculos para a realização dos trabalhos
do ILA frente à sociedade. Nosso forte é o trabalho de habilitação e reabilitação. São os atendimentos clínicos, individuais, em crianças com idade entre um e quatro anos. Depois, existe a inserção em creches, escolas e, por fim, no mercado de trabalho. A terapeuta faz assessoria na escola e nas casas das crianças atendidas para orientação. Temos um projeto para a construção de uma nova sede. Ganhamos o terreno do Rotary e a planta. Agora aguardamos a documentação da Prefeitura e vamos acorrer atrás do material para a construção. Será um centro de reabilitação de referência, para crianças recém-nascidas com deficiência, que serão atendidas nesta, que é a melhor fase para absorção do tratamento através das terapias. Estamos trabalhando com doações para a construção do novo prédio e para a manutenção dos serviços prestados. O ILA, hoje, não tem ajuda da Prefeitura ou da Secretaria de Educação e sobrevive exclusivamente com ajuda de empresários de Guará e de São Paulo. Aceitamos também trabalhos de voluntários e estagiários.
Serviço O ILA (Instituto Lucas Amoroso) nasceu em 2006, da resiliência e espírito de solidariedade de Victório Amoroso Filho e Márcia Amoroso, que decidiram transformar o luto pela perda do filho Lucas, de 17 anos, que sofria de leucemia, em um trabalho de atendimento a pessoas de baixa renda com deficiência intelectual, física ou múltipla. O atendimento clínico contempla pessoas de todas as idades, nas áreas de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicopedagogia e arte terapia, em assistência social e jurídica. O ILA conta hoje com nove funcionários e oito voluntários. Seu principal trabalho é o de inclusão das pessoas com deficiência. Em 2012 o ILA foi contemplado por um projeto do Japão, que permitiu a aquisição de equipamentos especializados, e recebeu uma van do Projeto Criança Esperança para o transporte de pessoas com deficiência física ou múltipla.
As contribuições para este trabalho de amor realizado pelo ILA podem ser feitas por depósito bancário: ILA – Instituto Lucas Amoroso Banco do Brasil Agência: 4467-9 Conta corrente: 22 222-4
Aconteceu Inside /// Aniversário Pedro Sannini – Sociedade Hipica de Guará
/// Sumfest no Soberana
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/// Inauguração do Espaço FÁbio Lima de noivas
by benê carvalho
Visite nossos parques
nacionais Quando fui convidado a escrever este artigo pelo amigo e editor Danilo Rosas pensei entre tantas experiências vividas nos últimos anos e achei que seria interessante compartilhar um pouco do meu conhecimento sobre os parques nacionais, dentro e fora do Brasil. Acredito que, em tempos de preservação, considerando que a Floresta Amazônica está cada vez menor devido ao avanço do cinturão agrícola que vem do norte do Mato Grosso e a Mata Atlântica já perdeu mais de 90% da sua cobertura original, é sempre pertinente mostrar alguns pontos sobre unidades de conservação e ter mais pessoas engajadas nesta proteção. Só para ilustrar, vale dizer que no Brasil temos vários modelos de unidades seguindo a mesma linha dos parques de outros países. Os objetivos são sempre preservar e conservar a flora, a fauna, os recursos hídricos, as características geológicas, culturais, as belezas naturais, recuperar ecossistemas degradados, promover o desenvolvimento sustentável, entre outros fatores que contribuem para a preservação dos nossos recursos naturais. No Brasil, o número de unidades de conservação já passa de 700 e elas são classi-
ficadas como Parques Nacionais (PARNA), Reservas Biológicas (REBIO), Reservas Ecológicas (RESEC), Estações Ecológicas (ESEC), Áreas de Proteção Ambiental (APA), Área de Proteção Permanente (APP), Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista (RESEX), Refúgio de Vida Silvestre (RVS), Reserva da Fauna (RF), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Cada unidade citada acima segue um modelo de utilização, umas mais restritivas e outras menos, como é o caso dos Parques Nacionais, que entre as suas funções inclui a visitação pública. Entre os anos de 2003 e 2008, tive a oportunidade de fazer uma expedição pelo Brasil, na qual conheci e registrei imagens de todos os 64 parques nacionais existentes no território brasileiro naquele período. Atualmente, cruzando as Américas por terra, conheci, só nos Estados Unidos, cerca de 40 parques e muitos outros pelas Américas, o que me capacitou a falar sobre este assunto. Voltando ao Brasil, a triste realidade é que dentre os nossos 64 parques apenas 15 funcionam como deveriam, com entrada, cobrança de
ingresso, trilhas demarcadas, estradas transitáveis, centro de visitantes entre outros itens. O destaque no Brasil vai para o Parque Nacional do Iguaçu - PR (foto maior), que surpreende pela organização e estrutura. Outros que também são exemplos de boa administração como o PN da Serra da Capivara -PI , PN do Caparaó - ES/MG e o PN da Serra dos Órgãos - RJ. O restante, com poucas exceções, padece de falta de recursos, de pessoal e de estrutura básica. Comparativo Em termos comparativos, só para se ter uma noção de números, os Estados Unidos recebem por ano em seus parques nacionais cerca de 290 milhões de pessoas. No Brasil este número não passa de seis milhões, sendo que só o PN de Iguaçu, que em 2014 completa 75 anos de criação, recebe anualmente aproximadamente dois milhões de visitantes e o PN da Tijuca, onde está o Cristo Redentor e pouca gente sabe que fica dentro de um parque nacional, recebe outros 2,5 milhões. O restante deste número é pulverizado entre os outros 24 parques que estão abertos à visitação. Nos Estados Unidos, os turistas proporcionaram aos parques um faturamento de US$ 30 bilhões em atividades econômicas, garantindo emprego a 250 mil pessoas. O número de visitantes só no Parque do Grand Canyon (fotos menores), no Estado do Arizona, já supera o número de todos os parques do Brasil. A realidade dos nossos parques é triste, os números são ínfimos e o governo não se preocupa com a melhoria da estrutura. Os parques brasileiros necessitam de cuidados essenciais, como plano de manejo atualizado, mais profissionais capacitados, estradas, sinalização, banheiros e muito mais para termos uma visitação coerente e atrair investimentos e iniciativas privadas que possam trazer mais recursos às unidades. Nós, brasileiros, devemos conhecer nossos parques e nos aproximar deste nosso exuberante patrimônio natural, só assim estaremos inseridos neste contexto de preservar e desfrutar destas maravilhas que serão vitais para as gerações futuras.
Eduardo Issa Arquiteto e jornalista, atualmente trabalha na produção de documentários de viagens e de natureza. Autor e idealizador dos projetos Expedição Parques Nacionais e Travessia das Américas. Tel.: (12) 99747-1566 e-mail: eduphoto@hotmail.com
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Fotos: Edu Issa
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COMPORTAMENTO
DONA“Adoro LYBIA 2 A MISSÃO ler suas palavras sobre sua mãe ...” Quando me incumbiram de escrever nesta edição dedicada às mães, na mesma hora reagi: “mas eu acabei de escrever sobre a minha, desse jeito ninguém vai aguentar mais”. Aí, ao compartilhar no Facebook o texto da INSIDE em que homenageei as mulheres, na mesma hora recebi a mensagem acima, escrita por uma amiga muito querida e a quem muito admiro, que encontrava nas minhas palavras uma forma de aplacar um pouco as saudades que sentia da sua mãe. Era o que eu precisava saber para voltar a falar da Dona Lybia. Ela nasceu no dia 15 de fevereiro de 1923. Era a mais velha de uma família de quatro mulheres e um homem. Quem olha suas fotos tem a ideia de uma jovem comportada, tranquila, mas as histórias que soube a respeito dela apontam numa outra direção. Adorava festas, viagens, tinha uma turma enorme, todos munidos com suas respectivas lambretas e gordinis, os ícones daquela época. Segundo relatos, já era, na época, pessoa de quem se gostava com facilidade, que fazia amigos com um sorriso. Trabalhou na Esso Brasileira de Petróleo por 30 anos, como secretária. No seu último dia eu a acompanhei, pois fora avisado que iam fazer uma homenagem surpresa para ela. Não sei quem chorou mais naquela tarde. Acho que fui eu, com certeza. Todos os funcionários vieram se despedir dela, e agradecer por tantos anos de carinho e atenção. Acho que foi ali, naquele momento, que comecei a entender a extensão da grandeza de minha mãe como ser humano. Lembro que, desde criança, ansiava pela hora dela voltar pra casa. E quando ela chegava virava o centro do meu mundo. Pena que tinha que compartilhá-la com meu irmão, meu pai, com os vizinhos da vila onde morávamos, com meus amigos, com o resto da família. Todo mundo queria tê-la, saborear do momento especial que era estar com ela. Mas eu nem ligava tanto assim, sabia que era eu quem reinava soberano naquele coração tão generoso. Dela herdei esse interminável gosto pelas artes. Íamos sempre ao cinema, ao teatro, a shows. Ela adorava ler. Lembro que um de seus livros favoritos era O LIVRO DE SAN MICHELLE, escrito pelo sueco Axel Munthe. Era enlouquecida também por Érico Veríssimo e
Jorge Amado. Entre os filmes, seus favoritos eram os do Jacques Tati, e seu maravilhoso Sr. Hulot. Mas era apaixonada mesmo pela NOVIÇA REBELDE. Deu pra perceber de onde surgiu minha paixão incurável por Fraulein Maria? Não sei maiores detalhes de como minha mãe conheceu meu pai. Sei que ele fazia parte da turma de “lambreteiros” e que sempre a deixava em saias justas, com seu comportamento absurdamente politicamente incorreto, para qualquer época. Meu humor negro, meu sarcasmo, é todo do meu pai. Embora tão diferentes, se deram bem a vida toda. Só me lembro de uma briga feia entre eles durante os 18 anos em que convivi com os dois. Ela casou tarde para os padrões daqueles tempos, com 35 anos, e era dois anos mais velha que meu pai, outro tabu. Com 37 já tivera os dois filhos pretendidos e não se falou mais no assunto. Quer dizer, ela pariu dois filhos, mas teve dezenas que a “adotaram” como mãe ao longo da vida. Minha mãe teve uma vida simples, mas tenho certeza de que foi muito, muito feliz. No dia 29 de julho de 1978 eu me arrumei para sair com minha turma. Ela fazia seu tricô, outra de suas paixões, eu lhe dei um beijo, ela me recomendou cuidado como sempre. Foi a última vez que nos falamos. Quando voltei, duas horas depois, soube que um edema fulminante a havia levado para sempre. Com pai e irmão destroçados sobrou para mim segurar a barra de tudo. Ainda bem que, o tempo todo, estive cercado de carinho e de amigos. Difícil foi ver minha avó, mãe dela, se despedir da filha
primeira, a sua favorita. Minha ficha só foi cair quando, dias depois, me encontrei sozinho em casa e, ao abrir a gaveta de uma cômoda, um de seus lenços de cabelo predileto pulou nas minhas mãos, literalmente. Tudo foi difícil sem ela. O primeiro Natal, o primeiro ano novo, o primeiro dia das mães. No final do mesmo ano de 78, fui acordado por meu pai me parabenizando, pois havia passado no vestibular da PUC. Foi um dia inteiro de abraços e felicitações, mas no olhar de cada rosto que me encarou naquele dia pude ler “sua mãe iria adorar estar aqui para viver este momento”. No dia do casamento do meu irmão, doze anos depois, foi a mesma comoção. Só lastimo que ela não tenha tido tempo de conhecer meus sobrinhos, enlouquecida que era com crianças. E nem de comprovar o belo homem que seu filho se tornou, em todos os sentidos. Hoje em dia a saudade é mais branda, sempre superada pelo orgulho que tenho de ter sido seu filho. Não existe dinheiro no mundo que pague este reconhecimento. Através da lembrança de Dona Lybia abraço e beijo todas as mães do mundo. E se você ainda tem a benção de ter a sua ao alcance dos seus lábios e braços, não economize esforços para ir ao seu encontro e dizer que a ama. Fiz isso muitas vezes ao dia, ao longo dos meus primeiros dezoito anos. Não sei como seria minha vida sem ter isso no meu coração.
Euclydes Martins tem 54 anos,
é carioca, publicitário, torce pelo Fluminense e tem uma crença incurável no ser humano.
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CADERNO
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arquitetura
REALIZANDO SEU SONHO Por Raquel Viviani (Arquiteta e Proprietária da DRV Arquitetura)
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ara a realização de um projeto arquitetônico, tenho como pontos principais a necessidade e o desejo do proprietário, somados às possibilidades técnicas, atingindo assim a funcionalidade com boa relação custo x benefício. Quanto você está disposto a gastar? Muitos itens personalizam um projeto, desde a topografia, luz do Sol, cores, trabalhos em gesso, iluminação, entre outros, levando-se
sempre em conta a disponibilidade de materiais no mercado regional para que essa procura não se torne motivo de gastos desnecessários ou atrasos na execução da obra. Tenho como representação marcas reconhecidas há anos no mercado da construção e decoração, materiais excelentes como o piso madeira (forro e piso Parquet), lustres (diversos fornecedores), puxadores (Artmetal), papel de parede (Celina Dias, Black Paper)
e instalador de gesso (exclusivo) modelando seu sonho. Na realização de projetos, muitas perguntas vêm à mente dos proprietários. Responderei aqui algumas destas questões: Um dos grandes trunfos da arquitetura para decorar ou reformar ambientes tem sido a aplicação do gesso, na personalização de ambientes, e os
molduras sejam usadas em paredes, tetos, ou ao redor de esquadrias, quando somados à iluminação, trazem uma supervalorização a cada ambiente ou peças decorativas e lustres. A iluminação é importantíssima, pois “cria um clima” para cada momento. Como dica, tenha sempre dois tipos de iluminação, a incandescente (amarelada) que valoriza cada detalhe deixando o ambiente mais aconchegante, e a fluorescente (branca) que deixa o ambiente mais funcional. As tradicionais paredes brancas estão perdendo cada vez mais lugar para as cores e estampas, que conferem graça e alegria aos ambientes do século XXI. Como deve ser realizada a escolha das cores dos ambientes internos e externos? E no âmbito das cores e estampas, um material que vem ganhando destaque no gosto das pessoas é o papel de parede que, com vários formatos, desenhos e cores, dá um aspecto diversificado e original ao espaço. Como é realizado o processo de escolha e aplicação deste material? Uma dica para a escolha de papéis de parede e cores é “abra a cabeça e ouse”. As cores fortes, texturas e estampas prometem um ambiente aconchegante, personalizado, temático, sendo assim, reserve essas opções para ambientes que não sejam de uso contínuo, como lavabo, quarto de hóspedes, hall e áreas externas, que podem ser também valorizados através da iluminação focada.
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lustres e luminárias, que fazem parte da eterna tendência arquitetônica, seja mais clássica ou moderna. Nos projetos de iluminação com diversas posições no ambiente, como por exemplo, mais próxima à mesa ou mais distante, que fazem com que o ambiente ganhe uma característica diferenciada, quais são os modelos, as novas tendências e a versatilidade destes materiais para a arquitetura de interiores? E como fazer a melhor escolha? Um par fantástico para a decoração é a iluminação e forro de gesso, que se moldam ao gosto e ao estilo de cada proprietário, do clássico ao moderno. A tendência de hoje no trabalho de gesso são as linhas retas. Mesmo que os volumes se diferenciem ou apenas
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