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ABRE-ALAS
Sócia de uma grande consultoria, Marienne Coutinho luta para que as empresas ganhem um olhar mais plural
POR DENISE MEIRA DO AMARAL
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Marienne Coutinho é uma mulher que se deve prestar atenção. Não só porque ela é uma executiva de sucesso, mas por sua luta pela promoção da diversidade nas altas lideranças corporativas, especialmente nos conselhos de administração. Mês passado, ela recebeu o prêmio Rise and Raise Others da ONU, que é concedido a mulheres que se dedicam a empoderar outras. Atualmente, a advogada paulistana de 48 anos, é sócia-líder de Tax Transformation & Innovation da KPMG no Brasil, é membro do Comitê de Inovação & Enterprise Solutions da consultoria e cofundadora brasileira do Know, network de executivas do C-Level.
Com a mãe, Magali, que nasceu no interior de Alagoas, a executiva aprendeu a importância do empoderamento feminino. Primeira mulher a se desquitar em sua cidade, Magali mudou-se para São Paulo com a filha mais velha e trabalhou como doméstica e assistente de palco de Silvio Santos; depois, virou dona de salão de beleza. Do pai, Gerson, administrador industrial, Marienne herdou os traços orientais e valores como lealdade e disciplina.
Ao entrar na KPMG há 28 anos, Marinne notou que havia algo errado, já que 50% dos trainees eram mulheres, não existia nenhuma no alto escalão e a proporção delas diminuia drasticamente ao longo da carreira. Quando
engravidou de seu primeiro filho, aos 25, sofreu por conta da falta de iniciativas que contemplassem a maternidade. Nas primeiras viagens internacionais a trabalho, sentia-se constrangida por levar seu bebê e a mãe a tiracolo para continuar amamentando.
Por conta de seu cargo, precisou retornar ao trabalho quando sua segunda filha tinha apenas dois meses. “Ia me arrastando”, recorda. Hoje, graças a sua atuação, existem políticas como a possibilidade de sócias e gerentes levarem seus bebês de até 1 ano com um acompanhante em viagens a trabalho e com as despesas pagas, salas de apoio à amamentação, programas de mentoria e de lideranças femininas e licençamaternidade remunerada para sócias.
Segundo ela, apesar dos avanços, as demandas femininas são negligenciadas porque a quantidade de mulheres em posições de liderança ainda é insuficiente. “Sem falar que não ter alguém para servir de inspiração dá a impressão de que não poderemos chegar lá.”
A pauta racial é outra grande preocupação de Marienne. Em 2020, ela ajudou a fundar o Conselheira 101, programa de capacitação e incentivo à presença de mulheres negras nos conselhos de administração. “Não podemos mais dizer que não há mulheres negras preparadas ou que não sabemos onde elas estão”, dispara Marienne. Atualmente, 30% das mulheres do programa já fazem parte de algum conselho. Para ela, um conselho mais diversificado toma decisões melhores. n