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mutação
VIAGEM IRÃ
ALÉM DOS VÉUS
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Complexa e exuberante, a antiga Pérsia é o país dos lindos jardins, dos povoados encantadores e da constante luta feminina pela conquista de seus direitos
TEXTO E FOTOS LUCILLE KANZAWA
Oavião ainda estava no ar quando todas as mulheres começaram a colocar um lenço na cabeça, pouco antes de pousarmos na capital Teerã. Assim, com esse adereço obrigatório, desembarquei no Irã.
E fui além. Despida de preconceitos, usei um chador nos primeiros dias, preparada para visitar Qom, uma das cidades mais conservadoras e religiosas do país.
Em busca de novas experiências, acompanhei a colheita da rosa damascena, ou rosa de Maomé, em Qamsar, participei de duas festas de noivado, almocei na casa de uma família iraniana e hospedei-me em antigos caravançarais.
Foram cerca de 7 mil quilômetros por terra, atravessando montanhas, deserto, um lago rosado, campos floridos e pequenos povoados. Visitei cavernas ainda habitadas, em Meymand, um cânion pouco explorado, no Vale do Rageh, e conheci os destinos clássicos do país: Teerã, Kashan, Yazd, Kerman, Shiraz, Persépolis, Pasárgada, Isfahan e Abyaneh.
O Irã dos véus e dos espelhos, dos aiatolás, tão cheio de complexidades e carregado de estereótipos, é também o país dos piqueniques, dos belos jardins persas, da arquitetura esplendorosa e repleta de detalhes. Mas, acima de tudo, é o lar de um dos povos mais cultos, acolhedores e apaixonantes que já conheci. n
Em sentido horário, a partir da foto à dir.: Abyaneh, a “cidade vermelha”, é um dos vilarejos mais antigos do Irã; Arg-é Bam, Patrimônio Mundial da Unesco, já foi a maior cidadela de adobe do mundo, mas, em 2003, um terremoto destruiu 80% da fortaleza; estudantes no Palácio Shahvand (Palácio Verde), no complexo de Sadabade, em Teerã (elas ocupam 60% das vagas nas universidades); colheita da rosa damascena, em Qamsar (também conhecida como rosa de Maomé, é a flor símbolo do Irã); e detalhes de azulejo na mesquita Jameh, em Yazd (“Jameh” significa “sexta-feira” e é o domingo dos muçulmanos, dia das orações mais sagradas).
Em sentido horário, a partir da foto no alto: castelo de Narin, na cidade de adobe de Meybod, no meio do deserto; Bagh-e Fin, em Kashan (considerado um dos jardins persas mais antigos do país, construído durante o reinado do Shah Abbas I, no século 16); em Meymand, listada como Patrimônio Mundial da Unesco, um vilarejo pré-histórico com cavernas trogloditas ainda habitadas (de acordo com descobertas arqueológicas, ela tem uns 12 mil anos, mas dizem ser continuamente habitada há 2 mil - 3 mil anos); por fim, Hammam-e Sultan Mir Ahmad, em Kashan, uma antiga casa de banho público do século 16, hoje desativada.