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Um time de peso conta como enfrenta o atual momento
CORPO
SEM JUÍZO
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foto isac oliveira/divulgação Após o sucesso do primeiro EP lançado no isolamento, no qual reafirma a sexualidade e o gênero como campos abertos, Jup do Bairro prepara o segundo álbum e espera o momento em que poderá, enfim, se apresentar no palco
POR NINA RAHE
“Éo momento do ‘chorindo’, no qual percebemos que estar saudável é um grande trunfo e os pensamentos têm oscilações constantes, já que somos bombardeados por essa catástrofe que o presente nos reservou”, diz Jup do Bairro no início da conversa. Após o sucesso de Corpo Sem Juízo, seu primeiro EP – que lhe rendeu prêmios e no qual reafirma a sexualidade e o gênero como campos abertos –, Jup conta estar aprendendo a lidar com os sentimentos de sucesso e fracasso, que estão caminhando lado a lado. “Dois mil e vinte foi um ano profissional incrível, mas não consegui fazer nenhum show e nem sei como será minha performance no palco”, pondera. “O que vejo são números e tudo ficou atrelado ao algoritmo, mas não faço minha música para algoritmos.”
No primeiro trabalho, a paulistana reúne canções que falam de amor, esperança e luta, e comemora os pequenos avanços na causa LGBTQIA+. “Muita coisa tem se perdido, mas muita tem avançado e ficou insustentável não falar do nosso corpo”, diz. Quando pequena, ela se lembra de dificilmente se sentir contemplada com os modelos que via na televisão e do fato de que a aparição de corpos como os da funkeira Lacraia e de Vera Verão, personagem de Jorge Lafond, eram sempre motivo de chacota. “Eram usados como exemplos para não seguir”, analisa ela, que hoje apresenta, ao lado de Linn da Quebrada, o programa TransMissão no Canal Brasil. “É um lugar importante de ocupar, mas ainda há muito que correr.”
Antes da estreia solo, Jup chegou a ouvir de diversas pessoas que seria perigoso lançar algo em meio à pandemia, mas não conseguia imaginar Corpo Sem Juízo guardado por mais tempo. “Sou uma artista do presente e achava que aquilo deveria ser dito naquele momento. Em 2021, tenho outras falas, outras ideias.” E essas ideias não devem demorar a entrar em circulação. Nem um ano após o primeiro EP, ela já prepara o que seria seu desdobramento. “Agora quero fazer uma ponte para pensar o que vem além da morte, desse renascer. Quero entender o que fica para além do corpo, que são memórias e o que a gente constrói enquanto coletivo.” n