16 minute read

AH, O AMOR

A domicílio

Uma taça de vinho, comida pelo delivery e uma boa companhia – mesmo que seja apenas a sua. Aí é só apertar o play ou abrir um livro. Veja nossas sugestões para embalar mais um Dia dos Namorados comemorado em casa

Advertisement

Séries

DA REDAÇÃO

1

s

2

3

1- Foodie Love 2- Betty em Nova York 3- 100 Días para Enamorarnos 4- I Love Dick 5- Modern Love 6- You Me Her 7- Outlander 8- Something in the Rain

5

4 7

6

Filmes

13

5

16

18

11

1- Eu Te Amo 2- Por Um Destino Insólito 3- Dona Flor e Seus Dois Maridos 4- Jules e Jim 5- O Grande Gatsby (1974) 6- O Eclipse 7- Um Beijo Roubado 8- Seu Nome Gravado em Mim 9- Trama Fantasma 10- Confiança 11- Crown, o Magnífico 12- Antes do Amanhecer 13- Me Chame Pelo Seu Nome 14- Hiroshima, Meu Amor 15- Orgulho e Preconceito 16- Amor à Flor da Pele 17- Um Caminho para Dois 18- Encontros e Desencontros

4

3 1 2 3

4

7

10 5

8

11 6

9

12

Livros

1- A Espuma dos Dias, Boris Vian 2- O Amor Nos Tempos do Cólera, Gabriel García Márquez 3- Anna Kariênina, Liev Tolstói 4- Me Encontre, André Aciman 5- Cartas Extraordinárias: Amor, Shaun Usher 6- Norwegian Wood, Haruki Murakami 7- O Amante, Marguerite Duras 8- De Amor Tenho Vivido, Hilda Hilst 9- Este É Um Livro Sobre Amor, Paula Gicovate 10- Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, Marçal Aquino 11- Um Dia, David Nicholls 12- O Que Ela Sussurra, Noemi Jaffe

Playlist

1- “Ninguém”, Fran e Chico Chico 2- “It’s Real Love”, Yellow Days 3- “Tangerina”, Tiago Iorc 4- “L-O-V-E”, Gregory Porter 5- “Azul Moderno”, Luiza Lian 6- “One More Night”, Michael Kiwanuka 7- “Volta”, Johnny Hooker 8- “My Baby Just Cares For Me”, Nina Simone 9- “Lumina”, Saulo Duarte & Luedji Luna 10- “Over the Rainbow”, Patti LaBelle & The Bluebelles

4 2

8

5 9 1 10

6

3

CONSUMO

por ana elisa meyer Uma seleção inspirada no clima de casal

JOGO DE GAMÃO Louis Vuitton, preço sob consulta MANTAS Trousseau, preço sob consulta ANEL Chloé CJ Fashion, R$ 2.100 ÓCULOS Persol na Sunglass Hut, R$ 1.460 COLÔNIA Granado, R$ 160 PRATOS Calu Fontes para Tok Stok, R$ 38 (cada)

É PRECISO AMAR

Para o psicólogo Saulo Velasco, o romantismo retratado no cinema e na literatura faz com que criemos expectativas inalcançáveis nos relacionamentos. O amor começa justamente depois do final feliz e é uma habilidade que se aprende

POR DENISE MEIRA DO AMARAL ILUSTRAÇÕES GABY ALVES A paixão avassaladora de Romeu e Julieta, clássico de Shakespeare, só é eterna porque a morte chegou antes que a rotina e os percalços do dia a dia minassem o romantismo dos jovens de famílias rivais, Capuleto e Montecchio. Pós-doutor em psicologia experimental pela USP, professor da The School of Life e especialista na temática amor, Saulo Velasco brinca que a intensa, mas curta história entre Romeu e Julieta não permitiu que cada um conhecesse o lado miserável do outro. “Todas as histórias de

FOTO THAYS BITTAR/DIVULGAÇÃO amor do cinema e da literatura acabam quando o casal consegue ficar junto e não mostram sua continuidade. Mas essa paixão é muito diferente do amor. O amor mesmo só começa quando o filme termina”, acredita ele.

Apesar do ideal romântico ter criado uma série de mitos prejudiciais, como “depois que você encontrar sua alma gêmea seus problemas estarão resolvidos”, Velasco relembra que é justamente depois da paixão que é preciso arregaçar as mangas: “Esquecem de nos contar que amar dá trabalho. Amar é uma habilidade aprendida e envolve aprender e ensinar, constantemente”.

J.P: Qual a importância do amor em tempos de pandemia?

SAULO VELASCO: O amor, assim como qualquer conexão que a gente estabelece com outras pessoas, sempre foi importante, mas em contexto de adversidade, como agora, ele é fundamental para criarmos resiliência. Vários estudos demonstram o fator protetivo quando você tem conexões afetivas com as pessoas – e isso pode ser com amigos, familiares, mas mais ainda no amor. Uma das formas de a gente superar a adversidade e lidar com os desafios é estar com alguém que vai ser um suporte, um parceiro para pensar junto, que às vezes pode nos ajudar a tomar decisões que não conseguiríamos sozinhos. Às vezes, estamos encalacrados em um ponto cego e a outra pessoa pode nos ajudar a enxergar por outro ângulo.

J.P: Quais mazelas do amor romântico carregamos até hoje?

SV: O romantismo foi um movimento artístico e literário, mas todas as histórias de amor que conhecemos se espelham nele. Se temos como parâmetro esse tipo de amor, a tendência é sempre estarmos insatisfeitos com o outro. Muitas vezes, estamos infelizes em função de expectativas erradas, como, por exemplo, achar que o outro precisa te aceitar do jeito que você é, que o sexo sempre vai ser incrível e frequente, que o outro não tenha defeitos, ou seja, criamos a ilusão de que existe alguém na Terra que me completaria plenamente. Ficamos numa eterna busca do amor perfeito. Somos formados nessa cultura. Não há ninguém perfeito na galáxia. O amor dá trabalho para qualquer um. Alain de Botton [fundador da The School of Life] disse uma vez que deveríamos experimentar vários relacionamentos antes de nos casarmos, não para termos mais experiência, mas para termos certeza que é sempre difícil, com qualquer pessoa. Cultivamos uma intolerância muito baixa às imperfeições dos outros. Esse ideal romântico do amor, como se tivesse uma necessidade inata de se apaixonar, é muito recente na história. Até o século 18, os casamentos não tinham nada a ver com o amor. Eles eram contratos políticos e econômicos, arranjos diplomáticos. O romantismo inaugurou essa ideia de que a pessoa com quem você vai dividir a vida pode ser alguém que você ame, o que é muito mais legal. O amor é uma habilidade aprendida. Nós aprendemos a amar.

J.P: Como aprendemos a amar?

SV: O amor romântico prega um conjunto de suposições e uma delas é que o amor é algo espontâneo, que em algum momento você vai encontrar sua alma gêmea, que foi desenhada para você, vai se apaixonar e seus problemas vão acabar. Esse alguém vai compartilhar os mesmos valores, interesses e paixões e você não precisa falar nada que ela adivinhará o que está pensando. Não tem que aprender a conversar

“Um amor a longo prazo é uma empresa, você precisa dividir contas, pagar boletos, cuidar da casa e combinar quem vai levar o filho para a escola”

nem a se relacionar. Essa é ilusão criada pelo romantismo: o casal luta contra tudo e todos, e, depois que ficam juntos, a história não continua. Mas o amor começa justamente quando o filme termina. Isso que a gente chama de paixão é muito diferente do amor. Esse desejo de estar com o outro o tempo inteiro, essa cegueira em relação aos defeitos alheio, esse turbilhão de emoções e hormônios – que, inclusive, são úteis para a gente se reproduzir – nos embriagam e nos deixam cegos. Quando essas emoções se acalmam, começa o que a gente chama de amor. Amor é aprender a negociar as diferenças, a comunicar nossos incômodos, nossas próprias esquisitices, é buscar proximidade e ajudar o outro e, inclusive, facilitar a vida administrativa. Um amor a longo prazo é uma empresa, você precisa dividir contas, pagar boletos, cuidar da casa e combinar quem vai levar o filho para a escola. Por isso digo que amor é uma habilidade. Aprender a aprender.

J.P: Como esse ensinamento pode ser feito?

SV: A gente precisa lembrar que ensinar e aprender é parte do amor. Amar é uma oportunidade das pessoas se tornarem melhores. O outro, que compartilha sua intimidade, pode ajudar a te conhecer melhor. Precisamos aceitar que sempre temos o que aprender e melhorar. O que vejo é que a comunicação sempre trava em algum ponto. Quando o outro age de maneira que nos desagrada, em vez de ensinar, brigamos e agredimos. Geralmente não somos bons aprendizes nem bons professores. Quando o outro está sendo desagradável deveríamos ser o mais acolhedor possível. Briga é um momento em que todos só querem ganhar. Não há diálogo. Se seu parceiro não está te entendendo, muitas vezes o problema é você que não está sabendo ensinar. O ensino precisa vir com afeto e carinho.

J.P: A paixão a longo prazo é impossível?

SV: Ela é muito rara. É muito difícil a gente continuar apaixonado num relacionamento duradouro. Brinco que Romeu e Julieta, se não tivessem morrido, talvez tivessem matado um ao outro na convivência. Eles não faziam a menor ideia do que é dividir uma vida. Não tiveram tempo de conhecer o lado miserável um do outro, as manias, as pequenas chatices... Mas é possível nos reapaixonarmos pela mesma pessoa várias vezes durante a vida. A gente redescobre a pessoa.

J.P: E se escolhermos viver uma vida só de paixões, engatando uma após a outra?

SV: Existem dois perfis. A pessoa que escolhe viver apaixonada e vive pulando de um relacionamento para o outro, e está tudo bem, mas existe também a pessoa que acha que está fazendo essa escolha, mas, na verdade, tem dificuldades em criar vínculos duradouros. Ela não sabe fazer concessões e não quer aprender a se relacionar. E se justifica dizendo que quer continuar sentindo as emoções da paixão. Falta autoconhecimento. Amar é se mostrar vulnerável. E muitas pessoas não querem.

J.P: Por que as pessoas estão cada vez mais com dificuldade em criar laços?

SV: Poderia fazer várias análises, mas vou ficar com uma vertente. A nossa cultura atual privilegia o prazer imediato em relação ao esforço. Muitos dos problemas que estamos vivenciando hoje tem a ver com isso. Quando começamos a usar veículos, começamos a destruir mais o mundo. Quando inventamos o celular e o computador, nos tornamos mais sedentários. Quando a

gente não se esforça, a gente acaba perdendo o prazer de realizar algo e construir. Estamos em uma cultura do comodismo. As pessoas querem tomar remédios para solucionar problemas emocionais, em vez de fazer terapia. É a cultura da facilidade. Se a gente pensar que o amor dá esse trabalho todo, talvez seja melhor garantir o sexo e a paixão imediata do que se esforçar para construir algo.

J.P: Como se beneficiar do humor?

SV: Sabe quando você fala a mesma coisa e a outra pessoa não muda? Se a pessoa não mudou até agora, é porque você não está ensinando do jeito que ela aprende. Falar não é ensinar. Ensinar é fazer o outro compreender. O humor é uma ferramenta que permite uma imunidade diplomática em falar coisas que seriam encaradas como um ataque. Mas se você fizer o outro rir, ele desarma. Eu tinha uma mania horrível de acumular meias ao lado da minha cama. Minha esposa reclamou mais de mil vezes e eu simplesmente esquecia. Um dia, cheguei em casa e tinha uma fileira de meias do meu quarto até o cesto do banheiro. Era a caravana das meias. Eu ri e, despois daquele dia, entendi.

J.P: Você disse numa live que é importante abrir o jogo e deixar espaço para questões “sobre o que você precisa ser perdoado” e “sobre o que eu quero que você me perdoe”.

“É muito difícil continuar apaixonado num relacionamento duradouro... Mas é possível nos reapaixonarmos pela mesma pessoa várias vezes durante a vida. A gente redescobre a pessoa”

SV: Sim, porque muitas vezes a gente guarda mágoas e não as colocamos na mesa. Mas tudo acumula, o que torna as coisas cada vez mais difíceis. Quando existe uma ferida e não se fala, ela vira um fantasma. Essas perguntas são formas para desentupir o que está entalado. Porque muitas vezes a gente tolera, mas não perdoa. E isso bloqueia os afetos.

J.P: Na The School of Life, a maioria dos alunos é mulher. O homem não é ensinado a lidar com suas emoções?

SV: Acho que, no geral, ninguém é muito ensinado. Mas o homem, muito menos. Isso faz parte da cultura patriarcal e machista. O cuidado sempre foi uma habilidade feminina na história, e parte por conta da maternidade, que sempre foi atribuída à mulher. O homem de hoje está pela primeira vez descobrindo o papel na maternidade. A mulher historicamente é ensinada a cuidar, a escutar, a abrir mão. Já o homem é ensinado a subjugar, a dominar e a se impor. É recriminado por demonstrar vulnerabilidades.

J.P: Qual o preço que os homens pagam?

SV: Eles adoecem, levam uma vida infeliz, não se conhecem e não podem pedir ajuda. Eles também são vítimas dessas práticas. Mas todos nós pagamos enquanto sociedade. Isso acarreta uma série de estragos, como a divisão injusta do trabalho doméstico e dos filhos, e os altos índices de violência doméstica.

J.P: É possível ser feliz sozinho?

SV: O ser humano precisa de conexão e de afeto. O amor a dois não é a única forma de supri-los. Agora, acho impossível ser feliz sem outros seres humanos. O isolamento predispõe situações de risco. Somos seres sociais. Nós precisamos do outro para nos entendermos, para nos construirmos humanos. É possível ser feliz tendo pessoas significativas em sua vida que tenha intimidade. Ser feliz sozinho completamente é impossível. n

CUIDADO,FRÁGIL

Filho de dois poetas, Carlos Nejar e Maria Carpi, Fabrício Carpinejar cresceu cercado de livros. Aos 7 anos, com dificuldade para ler e escrever, foi diagnosticado por um neurologista com retardo mental, mas sua mãe conseguiu, em apenas três meses, ensinar o bê-á-bá. Para ela, segundo o escritor, sempre existe a possibilidade de uma primavera e é essa percepção de mundo que Carpinejar segue partilhando por onde passa. Em live com Joyce Pascowitch, o poeta contou que ele e o amor são delicados como um guardanapo, mas diz que, “ao escrever, cria alguém do tamanho da sua dor para consolar e confortar”. Aqui, os melhores momentos desse encontro.

TEMPOS LÍQUIDOS “O amor é muito sensível; o amor é aquela caixa que a gente transporta de um lado para o outro com a etiqueta frágil. Ele quebra e não tem como colar. Você pode ficar com o amor lascado e fissurado, mas sempre irá olhar para a rachadura, pois você sabe que ela existe. O vício do relacionamento é achar que, se há reconciliação, deve-se continuar de onde parou. É uma nova história, mas eu gosto de quem insiste em restaurar. Em tempos líquidos e de amores descartáveis, eu gosto dessa teimosia de uma nova história dentro de uma história. Mas nenhum amor vale a pena se não é correspondido. Não tem como amar sem amor-próprio. Às vezes, a gente demora mais para perceber a própria ausência do que a do outro.”

NO VÁCUO “Tem gente que usa a embalagem do amor romântico para desaparecer de repente. É uma pessoa que tem muita pressa, mas não é intensa. O apressado é falso, quer logo porque não sabe o quanto irá durar. A pressa quer tudo que vem pela frente, a intensidade escolhe com convicção. Muitos vêm com esse discurso de renúncia para depois sumir. Uma coisa é o amor que morre no chão, que já estava rastejando, outra coisa é o amor que morre no alto, é um baque, um susto, um terremoto.” AMOR DE MÃE “O papel da minha mãe é poema, é um papel escrito, é um papel em versos. Ela é um poema encarnado: ela fala poeticamente. Meu jeito de falar é impactado por tanto ouvi-la. Minha mãe nunca foi da perfeição, ela é da autenticidade. Ela queria que eu oferecesse o máximo de mim, que eu fosse sincero. Na hora que eu entendi o quanto a sinceridade é transformadora, eu fiquei ainda mais grato a minha mãe e quis escrever [o livro] Coragem de Viver, que é meu testamento para ela, meu testamento de filho para mãe. O costume é a mãe deixar um testamento para o filho, mas eu não queria que houvesse uma morte entre nós para falarmos o que é necessário.”

apresenta

No vermelho da noite

De cor rubi hipnotizante, aroma vivo e notas florais, o novo Periquita Red Blend chega para ser a sua companhia do inverno. Uma bebida que pode ser degustada sem cerimônia, em qualquer ocasião, com quem desejar. E por que não com você mesma? O dia cai, é hora de encerrar o home office, abrir uma garrafa e deixar a frenética trilha sonora da cidade para trás. “Agora sou eu comigo, um vinho e a noite para me abraçar.” As sensações e a potência das notas envolvem a atriz Maria Eugênia Suconic, despertando um momento único. Um brinde.

fotos autumn sonnichsen

Saiba mais em:

Suéter Trousseau, moletom Tommy Hilfiger. Na pág. ao lado, Vestido Zara, brinco Guerreiro

APRECIE COM MODERAÇÃO. NÃO COMPARTILHE COM MENORES DE 18 ANOS.

APRECIE COM MODERAÇÃO. NÃO COMPARTILHE COM MENORES DE 18 ANOS.

Vestido Zara, brinco Guerreiro

APRECIE COM MODERAÇÃO. NÃO COMPARTILHE COM MENORES DE 18 ANOS. Arte: Jeff Leal Editora de estilo: Ana Elisa Meyer Produção executiva: Meire Marino Criação e planejamento: Carol Guimarães e Victor Brandão Roteiro: Erica Gonsales Styling: Andrea Levy Beleza: Carlos Rosa Manicure: Rose Luna Assistente de fotografia: Jozzuu Camareira: Mariza Eugênia da Silva

This article is from: