Revista J.P | Edição 172

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J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021 N.172

CHARME E PROPÓSITO

TRÊS, DOIS, UM:

THAI DE MELO

POR UMA INTERNET MAIS CRIATIVA, MAIS SOFISTICADA E MAIS ENGAJADA

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

E MAIS: MARINA SANVICENTE E AS MULHERES DE 60+, A MANHA DA SKATISTA KAREN JONZ, OUTROS JEITOS DE MORAR E O NOVO AMOR DE RONALDO FRAGA R$ 19,50

00172

771980

320006

RECICLAGEM

O QUE STATUS TEM A VER COM BONDADE? O ESCRITOR E JORNALISTA BRITÂNICO DAVID BAKER EXPLICA

COM AFETO

ISSN 1980-3206

9

COMO TORNAR A VIDA MAIS PLENA COM ESCUTA E COMPAIXÃO

A POESIA CONTEMPORÂNEA DE ANA MARTINS MARQUES MOSTRA A CARA


COMING SOON

FRANCK MULLER BOUTIQUE Shopping Cidade Jardim

www.franckmuller.com

46 J.P JUNHO | JULHO 2021


JUNHO | JULHO 2021 J.P 47


VANGUARD SKELETON ™ Com curvas perfeitas o modelo se destaca pelo design exclusivo e movimentos complexos.

48 J.P JUNHO | JULHO 2021


VANGUARD ROSE SKELETON ™ A escolha perfeita para mulheres que buscam um design original e sofisticação.

JUNHO | JULHO 2021 J.P 49


35

30

66

J.P

10

CHARME E PROPÓSITO

O humor e o estilo de Thai de Melo Bufrem: o refresco da internet 24

UMA VIDA MAIS GENTIL

habilidades essenciais para viver melhor 50

João Incerti saiu da moda para colorir as paredes mais hypadas 52

PAPO RETO

Musa do skate, Karen Jonz lança disco 30

34 35

CUIDADO NECESSÁRIO

A escuta no envelhecimento, a desmistificação do luto e a compaixão

Um pequeno guia para ajudar a se reconectar às coisas boas do mundo 27

56 60

CORPO E ALMA FERNANDO TORQUATTO

O talento e a beleza da atriz Luana Xavier

TERRA FIRME

A fotógrafa e surfista Layla Motta conta o que tem feito sua cabeça

62 64

J.P DE OLHO POR AÍ

RADIOGRAFIA PONTO V

65

VIDA INTERIOR

Marina Sanvicente propõe um novo olhar sobre o envelhecimento

Por Kiki Garavaglia Caderno especial sobre morada com afeto

LICENÇA POÉTICA

72 75

J.P VIAJA CABALA

Ana Martins Marques lança livro como escudo para os tempos atuais

76 78

HORÓSCOPO ENTRE LENÇÓIS

44

NOTAS SOBRE O ENCANTAMENTO

79

46

QUEM SOU EU?

42

Por Daniela Arrais Autoconhecimento e evitar preocupação são

24

O CHAMADO DA ARTE

Por Shmuel Lemle

Por Roberta Sendacz

80

CORREIOS/ AGRADECIMENTOS ÚLTIMA PÁGINA

O estilista Ronaldo Fraga e seu mergulho profundo

THAI DE MELO BUFREM Foto Mauricio Nahas, styling Rodrigo Polack, beleza Andre Veloso. Look total Louis Vuitton

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FOTOS MARIANA CALDAS; PAULO FREITAS; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

NESTE NÚMERO 7 EDITORIAL 8 J.P ENTREGA 10 MÊS BOM PARA 12 J.P ADORA 14 EFEITO INSTANTÂNEO



J.P CHARME E PROPÓSITO

DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH joyce@glamurama.com EDITORA-EXECUTIVA Carol Sganzerla carol@glamurama.com EDITORA Luciana Franca luciana@glamurama.com EDITORA CONTRIBUINTE Carla Julien Stagni carla@glamurama.com EDITORA DE ESTILO Ana Elisa Meyer anaemeyer@glamurama.com EDITORES DE ARTE David Nefussi davidn@glamurama.com Jefferson Gonçalves Leal jeffersonleal@glamurama.com FOTOGRAFIA Carla Uchôa Bernal carlauchoa@glamurama.com Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora) meiremarino@glamurama.com Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) celia@glamurama.com Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) REDES SOCIAIS Bruna Fernandes bruna@glamurama.com COLABORADORES Adriana Nazarian, Andre Veloso, Carlos Rosa, Cuca Ellias, Dani Arrais, Fernanda Grilo, Fernando Torquatto, Gaby Alves, Isabelle Tuchband, Kiki Garavaglia, Larissa de Souza, Mariana Caldas, Marina Sanvicente, Mauricio Nahas, Nando Santos, Nina Rahe, Paulo Freitas, Paulo von Poser, Roberta Sendacz, Rodrigo Polack, Rose Luna, Sara Koimbra, Shmuel Lemle, Thiago Dragoni, Vitor Garcia

PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA GERENTES MULTIPLATAFORMA Laura Santoro laura.santoro@glamurama.com Maria Luisa Kanadani marialuisa@glamurama.com Roberta Bozian robertab@glamurama.com

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Aline Belonha aline@glamurama.com Gabriela Monteiro gabriela@glamurama.com Juliana Carvalho juliana@glamurama.com Tânia Belluci tania@glamurama.com

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J.P EDITORIAL

C

om humor inteligente, muito charme e sofisticação na medida – além de um enorme engajamento e muito estilo, Thai de Melo Bufrem transformou a internet num lugar mais criativo, inspirador e divertido. Queridinha das maiores marcas de moda, Thai mostra muito mais do que o look do dia em suas postagens – sem filtro, diga-se de passagem. Aos 35 anos completados em agosto, ela conta que começou a trabalhar aos 30 como vendedora em shopping de Curitiba, onde mora, para ter liberdade financeira e incentiva as mulheres a assinarem os próprios cheques – aliás, alguém ainda assina cheque em tempos de Pix? Também inspira com sua dinâmica familiar: hoje ela é a mãe que trabalha fora, se divide entre Curitiba e São Paulo, e o marido é quem fica com os filhos, compra uniforme, lembra de dar remédio e leva para as atividades extracurriculares. “Compartilhar a nossa história pode ajudar outras pessoas a viverem outras perspectivas”, diz. Thai foi Miss Roraima aos 18 anos, quando estava ali querendo ser aceita, e foi eleita a mais simpática. “O título que mais amo é esse e, hoje em dia, morro de orgulho de falar isso.” Além desse momento pura inspiração, nesta edição resolvemos ampliar os horizontes e junto com a diretora criativa e figurinista Marina Sanvicente fomos atrás de um novo olhar sobre o envelhecimento: viva as com mais de 60! (obrigada, de nada). Marina criou a coluna Ponto V, Envelhecer com Prazer, que estreamos com a artista plástica Patricia Magano, de 66 anos. Uma bela causa no momento certo. Tão certo quanto o escolhido para a poeta Ana Martins Marques dar o ar de sua graça: um dos maiores sucessos da poesia atual, mas sempre reservada e assumidamente tímida, ela conta que desistiu de ser professora e compara seu novo livro, Risque Esta Palavra, a um escudo, e não um espelho, dos tempos atuais. Eu, pessoalmente, sou muito fã dela há bastante tempo. Que orgulho finalmente tê-la por aqui! Mas temos outras novidades mais: a musa do skate, Karen Jonz, que conquistou o Brasil como comentarista dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o artista que está colorindo as paredes mais hypadas do eixo Rio-São Paulo, João Incerti, a fotógrafa e surfista Layla Motta, que mostra sua casa na Vila Madalena e conta quais são as artistas que têm feito sua cabeça. Enquanto isso, na companhia do mascote Scotch e de pequenas coleções de objetos afetivos, a artista e empresária Dulce Horta escolheu um dos prédios mais charmosos de São Paulo para morar e criar. Mas também mergulhamos fundo nestes meses: a escuta no envelhecimento, a desmistificação do luto e o exercício da compaixão fazem a vida ser mais plena, especialmente nos dias de hoje, e isso nos interessa muito. E como seria o mundo se status estivesse ligado a bondade ou compaixão? Isso é o que questiona o professor, escritor e jornalista britânico David Baker: para ele, desenvolver o autoconhecimento e evitar preocupação são habilidades essenciais para viver melhor. E, finalmente, na Última Página, o estilista Ronaldo Fraga conta que a maior loucura que fez foi terminar um casamento feliz de quase 20 anos para seguir as batidas do coração. Ele namora agora o apicultor Hoslany Fernandes. Vale tudo para ser feliz. Ser de verdade. Estamos nessa.

glamurama.com


J.P ENTR EG A JOYCE PASCOWITCH

Um pouco do Brasil em Comporta, casamento animado na fazenda, novidades no mundo das artes e mais lei a outr a s descoberta s em gl a mur a m a .com/nota s

LÁPIS DE COR

Uma das atrações deste verão de pandemia na praia da Comporta, uma das mais sofisticadas de Portugal e da Europa, foi a exposição das galerias brasileiras Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Luisa Strina e Sé na CASA DA CULTURA . Muitos colecionadores internacionais passaram por lá e as vendas foram muito bem, obrigada. Perto dali, o restaurante JACARÉ DA COMPORTA , comandado por Fernando Droghetti, que mora entre Comporta e Trancoso – onde tem os restaurantes Jacaré do Brasil e Floresta –, também tinha fila de reservas nos fins de semana.

SENTA LÁ

Um nome para ficar de olho: JULIANA LIMA VASCONCELLOS, arquiteta e designer de móveis de Belo Horizonte, apontada como uma das promessas brasileiras em várias publicações internacionais. Ela teve sua cadeira Girafa recém-adquirida pelo Museum of Arts and Design, de Nova York. 8 J.P

AXÉ

Uma das notícias tristes deste ano, a morte do joalheiro baiano CARLOS RODEIRO deixou muitos fãs órfãos de suas joias, sua alegria e suas festas, almoços e jantares no seu apartamento no famoso Corredor da Vitória, em Salvador. Ele morreu em julho em decorrência de um tumor no cérebro descoberto três meses antes. Com seu trabalho, conquistou mulheres poderosas e exigentes como clientes, entre elas Madonna, que ganhou um colar assinado por Carlinhos de presente de aniversário do diretor de arte Giovanni Bianco.

FOTOS PAULO FREITAS; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; DIVULGAÇÃO

MADE IN BRAZIL

Não à toa a nova coleção de VANDA JACINTHO foi lançada em uma galeria de arte, a LAMB ARTS, que fica em Mayfair, em Londres. Foi na verdade uma prévenda antes de chegar ao e-commerce e multimarcas pelo mundo. Vandinha mora lá há cinco anos, mas mantém escritório e a produção de roupas e de resina dos acessórios no Brasil. Já as peças de madeira são feitas na Itália.


RSVP Uma turma animada já recebeu o save the date para o casamento de

FRANCESCA ALTERIO e RAPHAEL VILLELA. A cerimônia será em 27 de novembro na fazenda de Fernando Alterio, pai da noiva, em Cesário Lange, a 150 km de São Paulo. Francesca é filha da estilista Candy Brown e trabalha com o pai na Time For Fun, onde é diretora de festival e marketing.

ALMANAQUE

FORA DO EIXO

Nada mais em alta nas cozinhas dos restaurantes bacanas mundo afora do que prezar pelo pequeno, pelo regional e por propostas sustentáveis: essa é a filosofia do premiado Cepa, aberto há pouco mais de um ano no Tatuapé, em São Paulo. Os donos, GABRIELLI FLEMING (sommelière) e LUCAS DANTE (chef), sabem das coisas. A proposta deu tão certo que eles acabam de inaugurar lá mesmo o BAR DO CEPA, de vinhos, que funciona aos sábados à noite, com foco nas vinícolas francesas, produtoras de vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos. “Todos os insumos do restaurante são de agricultura limpa, não podia ser diferente com os vinhos. É uma ideologia de vida”, ressalta ela.

Queridinha dos modernos, a artista plástica e gráfica RITA WAINER, que pinta painéis e objetos, agora é representada internacionalmente pela SAATCHI ART. A prestigiada galeria inglesa on-line, que vende obras de nomes emergentes do mundo todo, acaba de incluir os trabalhos dela em seu portfólio.

PONTE

Quem vai trocar o Rio por São Paulo até o fim do ano é PALOMA DANEMBERG, filha do antiquário Arnaldo Danemberg. Ela vai abrir uma filial de sua loja AD. STUDIO no Shopping Cidade Jardim, em novembro, que terá uma expansão de arquitetura e design. A loja de Paloma no Rio fica no Shopping Leblon.

EM CASA Foi para poucos convidados e

com os devidos protocolos a comemoração dos 35 anos da ORNARE no showroom da alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. A data foi festejada com o lançamento da coleção Square Round, criada em parceria com as arquitetas PATRICIA MARTINEZ e VIVIAN COSER, e o diretor de arte da marca, Ricardo Bello Dias, tudo sob coordenação do CEO Murillo Schattan.

+twitter.com/joycepascowitch | @joycepascowitch AGOSTO | SETEMBRO 2021 J.P 9


AGOSTO E SETEMBRO são meses bons para... Relaxar com um portonic, feito com vinho do Porto branco, água tônica e uma casca de limãosiciliano: é leve, perfumado e extremamente saboroso Visitar a galeria Sé, trabalho apurado de Maria Montero com seus artistas de vanguarda, agora instalada na alameda Lorena, em São Paulo

Dedicar algumas horas da semana a aulas de pintura. Se não sabe por onde começar, experimente as oficinas de aquarela on-line de Maria Eugenia Longo ou Pinky Wainer

Começar a sonhar com a primavera que está chegando Pensar em ações concretas para a metade do ano, o segundo em pandemia: quanto mais ajudarmos os outros, melhor para todos

Hidratar bem a pele do corpo e do rosto, e preparar a alma para os meses que virão Acompanhar o reality Minha Vida Nada Ortodoxa, da Netflix, sobre Julia Haart, ex-membro de uma comunidade judaica ultraortodoxa que virou CEO do Elite, e seus filhos. Tipo Keeping Up With the Kardashians, mas em Nova York e discutindo questões de religião

Fazer uma playlist para celebrar os 80 anos de Ney Matogrosso e ler sua recém-lançada biografia, escrita por Julio Maria (Companhia das Letras) Escolher um curso interessante para se dedicar até o fim do ano, pode ser uma coisa cabeça ou pura diversão, porque a gente merece

Passar um dia inteiro na 34ª Bienal de São Paulo, que abre em 4 de setembro. Sob o tema Faz Escuro Mas Eu Canto, Canto, esta edição reúne o trabalho de 91 artistas de 39 países

Ir ao novo Café Zinn, em São Paulo, para experimentar – e levar para casa – os blends de café produzidos na fazenda da família da proprietária Daniela Coelho, no sul de Minas

FOTOS GETTY IMAGES; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; REPRODUÇÃO;CORTESIA OLIVIA PLENDER; DIVULGAÇÃO

Dar um toque especial à cama e à mesa com peças do Estúdio Avelós, de Zizi Carderari, feitas por artesãos em tear manual, um luxo muito bem-vindo nestes tempos


Maratonar e morrer de rir com a série Hacks, da HBO Max, que une uma jovem roteirista com uma comediante veterana em uma dupla improvável

Seguir já o perfil no Instagram Se Poema Fosse Funk, que transforma versos de grandes poetas em letra de pancadão Pesquisar as pinturas da portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, um dos ícones da arte moderna mundial

Mergulhar no livro Presença de Antígona, de Helen Morales (Rocco), que faz um interessante paralelo entre mulheres da mitologia – como a própria Antígona do título, Minerva e Vênus – e ativistas atuais a exemplo de Malala, Greta Thunberg e Beyoncé

Descobrir no Instagram pequenos artesãos e produtores, e já começar a fazer a lista de mimos para o Natal – vamos prestigiá-los Continuar doando a quem mais precisa. A ONG SP Invisível, por exemplo, faz ações o ano todo com pessoas em situação de rua. www.spinvisivel.org

Voltar a frequentar, com todos os cuidados e protocolos, um dos cinemas mais charmosos de São Paulo, o Cinesala, que acaba de reabrir

Tomar um café da manhã tipo Nordeste em São Paulo, com direito a queijo manteiga, cartola, bolo de rolo e cuscuz com carne seca no Nica Café, nos Jardins

Aproveitar a época das alcachofras e deixar elas desabrocharem lindamente em um vaso com água

Voltar ao passado, mas com a inovação e o frescor de 2021. Dez anos após seu lançamento, o icônico tênis de salto Bekett, da maison francesa Isabel Marant, ganhou novo design e novo nome. O agora Balskee, com 10 centímetros de altura, acaba de chegar na loja da marca no CJ Shops Jardins, em São Paulo

Experimentar e se surpreender com a tecnologia do Alma Prime para tratamentos corporais e faciais avançados, rápidos, não cirúrgicos e com resultados eficazes. O equipamento israelense, trazido ao Brasil pela LBT Lasers, é amado pelas celebridades e está disponível na Clínica Dome, em São Paulo

AGOSTO | SETEMBRO 2021 J.P 11


CONSUMO POR ANA ELISA MEYER SAIA

Cris Barros R$ 1.848

EM AGOSTO/SETEMBRO

J.P ADORA

COLAR

YSL preço sob consulta

GEORGIA O’KEEFFE

Pioneira do modernismo americano e conhecida por suas telas retratando flores, arranha-céus, crânios de animais e paisagens estéreis, Georgia O’Keeffe é considerada uma das grandes pintoras do século 20. Em 1945, comprou uma antiga casa de adobe, no Novo México, para onde se mudou três anos depois, após a morte do marido, o fotógrafo Alfred Stieglitz. O local inspirou grande parte do seu trabalho e lá viveu até sua morte, em 1986, aos 98 anos.

ALMOFADA

+55 Design preço sob consulta

CESTO

Chefanie no Iguatemi 365 R$ 1.380

LUMINÁRIA

Lumini R$ 3.298

12 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

SANDÁLIA

Dior preço sob consulta


CAMISA

Isabel Marant no CJ Fashion R$ 4.420

ANEL

Antonio Bernardo R$ 23.940

PULSEIRA

Bottega Veneta preço sob consulta FLOREIRAS

Lider Interiores preço sob consulta MANTA DE CASHMERE

Trousseau R$ 4.480

CADEIRA

Amoreira R$ 750

FOTOS REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

CARRINHO

Maria Cândida Machado para Dpot preço sob consulta

AGOSTO | SETEMBRO 2021 J.P 13


Look total Salvatore Ferragamo, brinco Tiffany & Co.


C A PA

INSTANTÂNEO Com humor inteligente, engajamento nas entrelinhas e muito estilo, Thai de Melo Bufrem transformou a internet em um lugar mais criativo e inspirador

por luci a na fr a nca fotos m aur ício na h a s st y ling rodr igo pol ack belez a a ndr e v eloso (ca pa mgt)


Q

C A PA

uem cai por acaso no Instagram de Thai de Melo Bufrem deve achar que se trata de um canal de moda. Se olhar mais um pouco, perceberá que tem humor, boas sacadas e muita personalidade. E, a partir de então, nunca mais vai abandonar o perfil dela. Em tempos de filtros e tanta coisa fake na tela do celular, Thai apareceu, há pouco mais de um ano, como um refresco para aqueles que não aguentam mais rostos e corpos distantes da realidade, papos e looks vazios, e publicidade disfarçada de dica de amiga. A boa-vistense, que se mudou para Curitiba na adolescência, usa seu perfil e seu olhar de esteta para levar uma moda pensante e discutir beleza, maternidade e empoderamento feminino sem precisar levantar bandeiras. “Tem gente que coloca a bandeira na cara, outros vão nas entrelinhas e, assim, a gente fala sobre as mesmas pautas de formas diferentes. Nunca usei a palavra feminismo, mas sou feminista. Tem muitas mulheres que, infelizmente, ainda vivem num mundo tão machista e patriarcal que nem me seguiriam se eu começasse a falar sobre isso”, conta. “Sempre fiz com humor e ironia porque assim você não impõe, mas planta uma semente.” E Thai permeia suas crenças de forma leve e espirituosa entre seus seguidores. Aos 35 anos recém-completados, ela é prova de que é possível subverter os padrões impostos. Teve seu primeiro emprego aos 30 e no último Dia dos Pais, por exemplo, fez um vídeo bem-humorado homenageando o marido, mais conhecido como Marcelão, em que conta que hoje ela é a mãe que trabalha fora, mora parte da semana em São Paulo, e ele é quem fica com os filhos, Marcelo e Lorenzo – famosos na internet como MarceLorenzo –, compra uniforme, lembra de dar remédio e leva para as atividades extracurriculares. “Compartilhar a nossa história pode ajudar outras pessoas a viverem outras perspectivas.”

DONA DO CHEQUE

“Dei o golpe no Marcelo (risos). Engravidei do primeiro filho com 23 anos, aí casei e me dediquei às crianças e a ele. Fiquei seis anos nisso, fui jubilada na faculdade de jornalismo, fiz vestibular de novo e terminei com quase 30. Meu pai sempre falava: ‘Quem manda é quem assina o cheque’, e eu ficava pensando nisso. Queria muito ter minha liberdade financeira, me via sempre refém, queria dar o último ‘sim’. O último ‘sim’ não era meu se eu quisesse comprar um vestido, era do meu marido. Meus pais tiveram uma relação muito complicada. Vi minha mãe não conseguir sair desse relacionamento por causa da situação financeira, não conseguia bancar a mim e ao meu irmão. Quantas mulheres são obrigadas a se sujeitar ao que não querem? Comecei a me sentir muito incomodada porque saí do cheque do meu pai para o cheque do meu marido, vi tudo o que minha mãe passou até conseguir se libertar e falei: ‘Não quero isso na minha vida, quero assinar meu cheque’. E aí fui trabalhar como vendedora de shopping aos 30, assim que acabei a faculdade.”

NUNCA É TARDE

“Eu achava que nunca iria conseguir nada na vida, que era burra, sempre achei que a geração com 30 anos já tinha 15 anos de carreira, feito pós, mestrado, doutorado... Aí meu marido tinha investido em um restaurante e tinha dado errado. Então, fiz um espaço kids maravilhoso – a maternidade me ajudou muito, ela me move – e salvou o negócio dele. Pensei: ‘Sabe que eu não sou tão ruim assim?’ Ali foi meu start. Só que trabalhar com marido não dá certo, então ele sugeriu abrir uma loja para mim. Mas eu não quis, preferi aprender com o dinheiro dos outros. Fui ser vendedora na loja da Cris Barros. Como minhas amigas eram minhas clientes, decidi fazer uns vídeos no meu Instagram para elas verem, assim começou o Provador da Thai, que tinha vinhetas, sátiras, esquetes... Eu falava de maternidade, estava sempre vestida com os looks [que queria vender] e performou muito bem.”


Casaco Prada

“Fui Miss Roraima aos 18 anos. Quando me vi, estava ali querendo ser aceita… Fui eleita a mais simpática, óbvio. O título que mais amo é esse e, hoje em dia, morro de orgulho de falar isso”


C A PA

#SEMFILTRO

“Eu não uso filtro [no Instagram], é um posicionamento, uma libertação. As mulheres falam que gostam de me ver assim. Por outro lado, tem quem diga: ‘Nossa, como você é feia, tem melasma’. Eu gosto dessa coisa de provocar, óbvio que me machuco no caminho porque vim dessa sociedade que preza pela menina de narizinho… Já tive distúrbios alimentares e aí falei: ‘Peraí, percentual de gordura não mede caráter’. Em que momento a gente se perdeu achando que a perfeição é isso? Sou vaidosa, adoro me cuidar, passo meus cremes, só que acho que todo excesso esconde uma falta. A gente vive na sociedade dos excessos e isso é

muito preocupante. A vida não é um concurso de beleza. Fui Miss Roraima aos 18 anos, meu pai tinha essa coisa da filha mais bonita, essa egotrip, e me levou para isso. Quando me vi, estava ali querendo ser aceita, querendo ser a mais bonita… Fui eleita a mais simpática, óbvio. O título que mais amo é esse e, hoje em dia, morro de orgulho de falar isso.”

AQUI AGORA

“Tinha muito medo de avião, pânico, chorava, achava que ia morrer. Pegava dois voos por semana e falava: ‘Olha só, Deus, vai ser feio da sua parte, estou indo trabalhar’. O humor veio para me ajudar nessas horas. E


Look total Louis Vuitton


C A PA

Vestido e capa Prada, meia-calça Calzedonia

comecei a amar pensar na morte, em pensar que a gente é finito. Isso mudou a minha vida. Quando comecei a lembrar que iria morrer, passei a viver melhor porque a gente vive achando que nunca vai morrer.”

#PUBLI

“Quando comecei a usar o Instagram, passei a ver as frestas do que eu queria consumir e as brechas do que não estava sendo feito, por exemplo, a publicidade. É cheio de publi

e a galera não sinaliza, o que me irrita demais e é errado. Se aquilo é verdadeiro, tem que ter orgulho, você está com uma marca que acredita, que está te pagando. Os influenciadores caíram numa vala de chacota da sociedade porque foi todo mundo colocado no mesmo buraco, com várias pessoas que não levam a profissão a sério. Todo mundo precisa vender, vamos fazer isso de uma forma legal e honesta. Desde pequena, sempre gostei de ver propagandas inteligentes.” n


“Tem muitas mulheres que ainda vivem num mundo tão machista que nem me seguiriam se eu começasse a falar sobre feminismo. Com humor você planta uma semente”

Direção de Arte: Jeff Leal Direção criativa e produção executiva: Ana Elisa Meyer Produção de moda: Ana Luiza Ballesteros e Jr. Mendes Assistente de beleza: André Campos Assistentes de fotografia: Veronica Ritton e Vitor Cohen


Intimissimi e Calzedonia apresentam

Sofisticada, ousada, sexy na medida... Inúmeros adjetivos podem traduzir o estilo de Thai de Melo Bufrem, mas quem a acompanha nas redes sociais sabe que autenticidade é o que melhor a representa. À J.P, ela já disse que seu amuleto é a moda: “Impressionante o poder que o vestir tem sobre meu dia, sobre meu humor e sobre como me percebo, e, por fim, me expresso”. A camisa de seda Intimissimi, mais clássica e romântica, se completa com a meia-calça Calzedonia, que acrescenta um toque de modernidade e evidencia a essência de Thai: se mostrar da forma que faz sentido a ela hoje. E o que mais pode fazer sentido do que a beleza à sua maneira? @INTIMISSIMIBRASILOFICIAL | WWW.INTIMISSIMI.COM.BR | @CALZEDONIABRASIL | WWW.CALZEDONIA.COM.BR

FOTO VITOR GARCIA; THIAGO DRAGONI

À moda de Thai



ALMANAQUE

Uma vida mais Com a retomada gradual da rotina “lá fora”, é hora de fazer um balanço dos bons hábitos adquiridos no último ano e meio e decidir o que manter para sempre. Fizemos um pequeno guia para ajudar a se reconectar às coisas boas do mundo com mais tranquilidade e propósito POR LUCI A NA FR A NC A ILUST R AÇÕE S G A BY A LV E S

24 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021


TENHA UM HOBBY

Muita gente teve que partir para um plano B na carreira nestes tempos pandêmicos e, algumas vezes, a alternativa de trabalho surgiu justamente de um hobby: crochê, cerâmica, pintura, marcenaria... Um passatempo pode, sim, apontar a profissão para outra direção, mas o importante é que ele traga diversão e amplie os horizontes.

ALIMENTE A ALMA

A arte salva: música, filmes, livros e séries nos ajudaram a passar pela pandemia com mais leveza. Por isso, inclua em sua rotina mais idas a galerias, museus e livrarias – em São Paulo, por exemplo, vale colocar na lista as novas e charmosas Gato Sem Rabo, só com autoras femininas em suas prateleiras, e a Megafauna. Além da cultura, pequenos momentos de bem-estar também preenchem a alma: vale meditar, fazer uma xícara de chá especial, acender uma vela perfumada…

INVISTA NA CASA

Aprendemos na marra que o lar não é apenas um lugar de passagem: é um espaço que nos acolhe, nos representa e é para onde queremos voltar sempre. Comprar um sofá superconfortável, aumentar a coleção de plantas e manter um canto organizado para o home office, por exemplo, são investimentos com retorno imediato e duradouro.

CONECTE-SE COM A NATUREZA

Estar perto do verde faz um bem danado para o corpo e para a mente. Um ato simples como caminhar ou correr no parque antes do trabalho já é suficiente para mudar a vibração do dia todo. Encontrar um refúgio fora da cidade para passar alguns dias, de preferência desconectado do celular, é uma ótima pedida.

AGOSTO | SETEMBRO 2021 J.P 25


ALMANAQUE NADE MAIS

Já se deu conta de que mergulhar nos transporta imediatamente para outra dimensão? Essa sensação de flutuar – na piscina, no rio ou no mar – ajuda muito a desestressar. Dar algumas braçadas na água é uma excelente alternativa para exercitar o corpo e esvaziar a mente.

Se o isolamento nos obrigou a passar mais tempo na cozinha, talvez seja bom reavaliar nossa relação com o forno e fogão para torná-la mais prazerosa. Descubra a satisfação em preparar uma única receita muito bem para que ela vire sua marca registrada.

SE FAÇA PRESENTE

Em tempos tomados por reuniões e encontros via videoconferências, enviar um presente de aniversário, uma garrafa de vinho ou flores, com um cartão escrito à mão, fez a diferença do dia a dia de muita gente. Mantenha o hábito de mandar lembranças físicas à casa de quem gosta. Há quanto tempo você não escreve um cartão-postal?

COMPRE MENOS, MAS MELHOR

Sabe aquela poltrona de design assinado com a qual tanto sonhou? Ou a peça ícone de moda que faz seus olhos brilharem? Os hábitos de consumo vêm mudando nos últimos anos e a pandemia nos fez valorizar ainda mais os objetos que nos cercam e a história por trás da produção de cada peça. Talvez seja a hora de economizar em coisas sem importância e investir em algo que faça diferença em sua casa ou em seu estilo.

TRENCH COAT

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26 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

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FOTOS DIVULGAÇÃO

FIQUE EXPERT EM UM PRATO


MOR A L

PAPO RETO Musa do skate, Karen Jonz conquistou o Brasil como comentarista dos Jogos Olímpicos de Tóquio e agora prepara seu primeiro álbum como cantora e compositora POR CARL A JULIEN STAGNI

foto arquivo pessoal

U

ma nova voz feminina, mais fresh e descolada, se destacou nas transmissões dos Jogos Olímpicos de Tóquio na TV. Nada daqueles discursos melodramáticos de superação, clássicos das coberturas esportivas. Por essas e outras, a presença de Karen Jonz logo virou notícia. Dona de uma espontaneidade rara, a skatista de papo reto, convidada para comentar as competições do esporte que este ano se tornou categoria olímpica, roubou a cena. Tiradas divertidas como “botou a xereca na mesa”, “esse obstáculo redondo a gente chama de teta. Parece uma bunda, mas a gente chama de teta”, fizeram a diferença. “Tive que me segurar na transmissão porque falo muito palavrão”, conta. Aos 37 anos, Karen é tetracampeã mundial de skate, responsável pelo primeiro ouro brasileiro feminino nos X Games, e se tornou uma espécie de ativista em prol da representatividade feminina no esporte: “Decidi ensinar mulheres mais velhas a andar de skate e anunciei nas minhas redes sociais. Levei alguns skates que tinha em casa, equipamentos de segurança, e apareceu um monte de garotas, muito mais do que eu imaginava”, conta. “Esse projeto cresceu tanto que tive que contratar um outro professor para ajudar. Disponibilizava meu tempo, pagava esse professor do meu bolso, era um trabalho voluntário, mas me deixava muito feliz. Era recompensador ver essas mulheres superando seus medos. Tivemos que parar por causa da pande-

mia, mas quero retomar em breve.” Porém, não só de skate vive essa santista. Ela também é artista, musicista e youtuber. Casada com Lucas Silveira, da banda Fresno, e mãe de Sky, de 5 anos, Karen está prestes a lançar seu primeiro álbum como cantora e compositora. “Sempre toquei muitos instrumentos e compunha minhas músicas. Anos atrás, eu tinha uma banda que se chamava Violeta Ping-Pong (risos). Recentemente comecei a produzir mais, a me gravar. No ano passado lancei um EP e, em novembro, sai meu primeiro álbum”, conta. E o que podemos esperar desse disco? “Todas as composições são minhas. As letras falam sobre relacionamentos, decepções, sentimentos de modo geral. Mas tem alguns momentos alegres também. É um mix de indie eletrônico, meio rock, com bateria gravada. É bem diferente. Não vi nenhum artista fazendo algo parecido no Brasil”, diz ela, que tem como referências gringas Imogen Heap, The Japanese House, Alanis Morissette, Hole e The Corrs. “Vão rolar feats com artistas que têm um som que conversa com o meu. Espero que dê tudo certo.” Alguém duvida? n

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NO PARAÍSO

CAMILA NUNES CARNEIRO

FOTOS MAÍRA KELLERMANN/DIVULGAÇÃO; ILUSTRAÇÕES FREEPIK

CAMILA NUNES CARNEIRO, diretora comercial da Florense Gabriel, D&D Shopping e Salvador, organizou uma viagem daquelas para parceiros e amigos da marca. Os arquitetos Fábio Morozini, José Ricardo Basiches e Patricia Martinez estavam entre os convidados que curtiram quatro dias de sol e mar em Fernando de Noronha. A turma ficou hospedada na pousada hype do lugar, a Maria Bonita, que é um charme só, toda decorada com móveis FLORENSE. Quando não estavam aproveitando o aconchego do spot que pertence ao ator Bruno Gagliasso, curtiam as praias, passeio de canoa havaiana para avistar golfinhos e tour de iate por todo o arquipélago, com direito a mergulho com as tartarugas. A gastronomia foi outro ponto alto da viagem: na programação, happy hour no Bar do Meio, pôr do sol no restaurante Mergulhão, almoço no Maravilha – um dos mais concorridos da ilha –, jantar no Cacimba Bistrô e, para encerrar a deliciosa minitemporada por lá, os convidados se despediram admirando a vista do restaurante da pousada Nannai, a poucos metros da Baía do Sueste. Melhor, impossível.


J.P INDICA

JOSÉ RICARDO BASICHES

PATRICIA MARTINEZ

FÁBIO MOROZINI


ALMA LEVE

TERRA FIRME Atualmente, a fotógrafa e surfista Layla Motta tem levado a vida com menos ondas e mais chamegos da vira-lata Zuma. Aqui, ela conta quais são as artistas mulheres que têm feito sua cabeça e o que faz para desacelerar por luciana franca fotos paulo freitas

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L

ayla Motta tem ficado mais em casa do que no mar. “Desde o início da pandemia tenho surfado bem menos do que gostaria, torcendo para isso mudar logo”, diz a fotógrafa e surfista habituée do litoral norte de São Paulo. Mas cercou-se de boa companhia, especialmente feminina, para passar os dias mais introspectivos: a vira-lata Zuma, que adotou há um ano; as personagens Lenu e Lila, da série The Brilliant Friend, inspirada na obra A Amiga Ge-


Há um ano eu... adotei a minha grande parceira: Zuma, uma vira-lata estopinha. Daqui um ano eu… espero ter conseguido terminar uma série de fotografia autoral sobre o litoral norte de São Paulo. Não saio de casa sem… alguma câmera. Busco inspiração… na natureza, sempre! Gostaria de fotografar… as paisagens montanhosas da China. Minha paisagem preferida é… o misticismo que as ilhas em geral possuem. No mar… clichê, mas é verdade: me reconecto com a minha essência. Layla posa em seu estúdio fotográfico vizinho de casa e, abaixo, poltrona Radar, assinada pelo pai, Carlos Motta

nial, de Elena Ferrante, e o olhar da cineasta belga Agnès Varda, considerada a mãe do movimento francês nouvelle vague. “No dia a dia, trabalho com fotografia comercial, mas em paralelo estou sempre desenvolvendo uma série autoral”, conta ela, que tem um estúdio grudado em sua charmosa casa na Vila Madalena, em São Paulo. Na decoração, alguns móveis assinados pelo pai, o arquiteto e designer Carlos Motta, de quem herdou o gosto pelo bairro, pelo surfe e o olhar afiado.


Meu refúgio é… o silêncio. Na minha geladeira sempre tem… missô. No meu estilo não podem faltar… camisa branca e calça confortável. Não uso de jeito nenhum… casaco de pele. Tenho coleção de… livros de fotografia e esculturinhas de animais. Maior conselho que já recebi... Confie na vida, ela é mais criativa do que a gente consegue imaginar. Filme da vida: No momento, estou apaixonada pelos filmes da Agnès Varda.

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Acima, à esq., luminária que era da avó e pintura de Gabriela Godoi. À dir., o canto da música. Abaixo, foto de Layla impressa em jato de tinta no canvas e sofá de Carlos Motta


FOTOS DIVULGAÇÃO

ALMA LEVE

Não perco um episódio de: My Brilliant Friend (A Amiga Genial, da HBO). Ansiosa, esperando a nova temporada. Música que ouço em repeat: Neil Young acompanha minha vida. Minha rotina de saúde inclui… yoga, caminhadas e estar perto da natureza, quando possível. Primeira coisa que faço assim que acordo… dou uma enrolada na cama, abraçada com a Zuma. Para desacelerar eu… vou na praça sem o celular. Gostaria de ter uma obra de arte de: Lynette Yiadom-Boakye [artista britânica].

Acima, prateleiras de livros. No alto, mesa e rede da área externa da casa, na Vila Madalena. No sofá de futon, a companhia do violão (acima) e da vira-lata Zuma (abaixo)


RADIOGRAFIA

A primeira vez que viu um grafite, aos 11 anos, a paulistana Larissa de Souza já soube que queria ser artista e começou a pintar com o que estivesse disponível: de esmalte de unha a lápis de cor. Mais tarde, como vendedora de uma loja de materiais artísticos, aproveitou não só a facilidade de conseguir tintas com desconto, como passou a conhecer mais sobre as especificidades de cada produto. As informações vinham desde conversas com o responsável pelo setor de compras até as infinitas leituras enquanto o local estava vazio. Antes de se mudar para um apartamento com o namorado, Larissa não dispunha de muito espaço na casa onde vivia com a mãe e os irmãos e, muitas vezes, recorria à luz da televisão para continuar trabalhando à noite sem atrapalhar o sono da família. Agora, com um lar para chamar de seu – e a decisão de abandonar o emprego para se dedicar exclusivamente à arte –, ela viu sua produção deslanchar com uma infinidade de telas que misturam memórias pessoais e coletivas. “Sempre gostei de pintar, mas os temas que tenho explorado vêm do momento que me reconheci como uma pessoa não branca”, explica ela, que inaugurou neste ano sua primeira individual na Hoa, galeria com sede em São Paulo que surge com o objetivo de inserir artistas emergentes no mercado de arte. (por Nina Rahe) 34 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

FOTO DIVULGAÇÃO

LARISSA DE SOUZA


M AT U R IDA DE

DE OLHO NO FUTURO Aos 38 anos, a diretora criativa e figurinista Marina Sanvicente quer mudar o olhar sobre o envelhecimento e busca referências em mulheres com mais de 60

FOTO RICARDO WADDINGTON/ARQUIVO PESSOAL; ARQUIVO PESSOAL

O

fim da rotina intensa na ponte aérea como figurinista na Globo e a pandemia fizeram Marina Sanvicente repensar sua trajetória profissional. Mas foi uma visita à dermatologista o gatilho que a fez focar na maturidade para seu novo projeto. “Estava incomodada com meu colo, que acordava enrugado, e a dermatologista falou que não tinha jeito, que eu deveria dormir de barriga para cima. Essa não era uma opção porque fico desconfortável e comecei a questionar por que não é permitido que as mulheres envelheçam”, diz ela. “Acreditamos que vamos perdendo a potência, a beleza, e isso é uma prisão. Queria mudar o meu olhar, parar de negar o que é natural em mim e foi assim que nasceu a ideia do projeto Ponto V. Se colocarmos essas mulheres com mais de 60 anos como protagonistas, como verdadeiras influenciadoras e musas, mudamos o olhar, a sociedade, o preconceito… Mudamos essa prisão”, resume. A cada coluna,

a diretora criativa convoca uma mulher interessante para inspirar as gerações mais jovens. Veja a estreia de Ponto V com a artista plástica Patricia Magano nas páginas seguintes.

Bastidores do ensaio na casa da artista plástica Patricia Magano

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M AT U R IDA DE

Com sua força, elegância e espontaneidade, a artista plástica Patricia Magano é quem estreia a coluna que mira nas mulheres com mais de 60 anos. Idealizada por Marina Sanvicente, a Ponto V coloca luz nessa geração e inspira as mais jovens

V

PONTO ENVELHECER fotos mariana caldas

COM PRAZER


FOTO LUCAS SANTANNA/ARQUIVO PESSOAL

Q

Patricia veste pelerine Alberta Ferretti do brechó Novas Histórias

uando cheguei à casa da Patricia Magano tive a sensação de atravessar um portal, um lugar que por si só é uma experiência artística. Por algumas horas até esqueci que estava em São Paulo. Cercada por verde, com fachada colonial e uma mistura de cores e formas nada óbvias, cada canto da casa leva a mergulhar no universo dessa mulher de 66 anos que me hipnotizou com sua beleza, alegria e vigor. Despojada, vai mostrando sua arte enquanto elogia os looks que levamos para as fotos. Patricia tira tudo de letra, sugere a maquiagem que lhe cai melhor, as poses e, de quebra, deixa toda a equipe encantada. Ela tem a força, a elegância, a clareza e a espontaneidade que qualquer mulher almeja e, o melhor, segue aberta para ser surpreendida, sempre. Vivacidade é a palavra que traduz Patricia. Em tom de maturidade, vive uma vida sem arrependimentos, mas também se vulnerabiliza ao reconhecer as inseguranças de envelhecer. Potência e juventude representam essa mulher, independentemente da idade, e quando pensei nesta coluna, era exatamente essa inspiração que buscava. Precisamos apurar o olhar para as mulheres maduras, nos deixar inspirar por quem já viveu um pouco mais que nós, por quem tem mais histórias, mais vida, e reconhecer a importância de ouvi-las como uma transferência de saber ancestral. Patricia Magano é arte, talento, beleza e inspiração, sem piração. Ponto nosso! Com amor, Marina

MARINA SANVICENTE é a nova colunista da j.p

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M AT U R IDA DE

POR PATRICIA MAGANO

Um sonho: Surpresa boa Um arrependimento: No regrets (sem arrependimentos) O sexo hoje é: Ontem, hoje e sempre Uma saudade: Abraçar desconhecidos Uma viagem: Interior Maior medo: Sofrer, sentir dor


Direção criativa: Marina Sanvicente Criação e produção: Lívia Barros e Flora Marchesan - @prisma_cultural Make: Adriana Fares Styling: Olivas Agradecimento especial: Malu Vergueiro

Blazer de couro Gucci, do brechó Novas Histórias, e sapato Schutz. Na pág. ao lado, conjunto Eva


Round by Ricardo Bello Dias

EM PERFEITA HARMONIA Ornare, uma das mais sofisticadas marcas internacionais de mobiliário sob medida de alto padrão, comemora seus 35 anos com o lançamento da coleção SQUARE ROUND, apresentada pela primeira vez em julho, no showroom da marca, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. “A coleção nasceu de uma profunda pesquisa sobre geometria e seus significados, proporções presentes na natureza e interpretadas pelo homem. Um dos elementos mais interessante desse trabalho foi o Retângulo Áureo, que deriva da sucessão de Fibonacci, sequência que caracteriza o equilíbrio das formas e está associada à ideia de harmonia e beleza encontradas na natureza e interpretadas pelo homem na arte e na arquitetura”,

explica Ricardo Bello Dias, diretor de arte da ORNARE, que conta ainda que a novidade surgiu de um processo de produção racional e minimalista. Criada em parceria com Ricardo Bello Dias e as arquitetas Patricia Martinez e Vivian Coser, sob coordenação do CEO, Murillo Schattan, a nova coleção traz cinco linhas sofisticadas: Round, Wire, Move, Square Wall e 270°, resultado da colaboração bem-sucedida dos designers. Para completar a lista de novas entradas no catálogo, o Studio Ornare introduz uma série de novos complementos Stow Sky, acessórios Safety Box e detalhes técnicos Cube Ripado e Candle&Shine. A linha Wire, de Patricia Martinez, é marcada pela leveza de uma fina estrutura de alumínio.


J.P INDICA

FOTOS DIVULGAÇÃO

Move By Vivian Coser

A malha tridimensional do sistema de armazenamento é realçada por elegantes prateleiras, gaveteiros e caixas em diferentes materiais. A estrutura é complementada por uma variedade de acessórios específicos. Com isso, ela pode ser configurada em diversos ambientes como cozinha, sala, quarto, banheiro ou escritório. Já Vivian Coser trouxe para a Move um DNA dinâmico e único, capaz de garantir infinitas composições como painel de múltiplos orifícios, nos quais se fixam ganchos, nichos, prateleiras e gavetas entre outros itens. Com total autonomia, é possível personalizar, acrescentar ou mudar a configuração das peças ao longo do tempo e até migrar o painel para diferentes ambientes da casa. A imaginação é quem manda. WWW.ORNARE.COM.BR | @ORNARE_OFFICIAL

Wire by Patricia Martinez


LITER ATUR A

LICENÇA POÉTICA Um dos maiores sucessos da poesia atual, mas sempre reservada e assumidamente tímida, Ana Martins Marques conta que desistiu de ser professora e compara seu novo livro a um escudo, e não um espelho, dos tempos atuais POR NINA RAHE

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isque Esta Palavra (Companhia das Letras), novo livro de Ana Martins Marques, tem 15 sóis e nenhuma lua. Essa diferença, notada pela editora Heloisa Jahn, nem mesmo a autora sabia. Na publicação com poemas antigos e outros recentes há também muito sobre o luto, embora Ana não consiga avaliar em qual medida as questões sociais e políticas deste tempo – “as muitas perdas coletivas, o medo da perda de pessoas próximas, o agravamento da pobreza, o descalabro de um governo que investe na produção do caos e que não tomou nenhuma providência para evitar as mortes, ao contrário, debochou dos mortos e

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dos doentes” – entram ou não na escrita. “Quem sabe o que essa morte / trouxe à vida? / As casas / coloridas / estão alegres sem motivo”, ela escreve. “Quem sabe tudo que morreu / com quem morreu? Um livro nunca escrito / um novo amor / um pensamento que permanecerá / impensado.”


fotos rodrigo valente/divulgação; divulgação

Em um processo de edição que durou cerca de três anos e aconteceu em parte durante o isolamento, no qual se somaram ao livro cerca de seis, sete poemas, Ana diz que Risque Esta Palavra funcionou como uma espécie de escudo, citando uma frase da poeta russa Marina Tsvetaeva, na qual ela afirma que a poesia deve refletir o tempo, não como um espelho, mas como um escudo. Em sua conversa com a J.P, Ana faz referência também a Maurice Blanchot, Thomas Mann, Enrique Vila-Matas, Manuel de Freitas, Murilo Mendes e outros autores que, assim como seu livro, talvez funcionem como escudos. Isso porque Ana fala muito sobre a escrita, mas pouco de si. Desde que estreou na literatura com A Vida Submarina (2009) – que acaba de ser relançado pela Companhia das Letras – a poeta tem se esquivado dos pedidos de entrevista. Confessa ter dificuldade

Luis Borges no livro Sete Noites, quando escreve “algo como”: “a timidez é um dos males que temos que tentar suportar”. Acabamos de lançar tuas cinzas Possivelmente por surpresos de que reste conta do acanhamento, tão pouco de ti também tenha desisdepois seguimos em silêncio tido de lecionar, ativiao sol dade que exerceu por em meio a tudo o que curto período em uma te sobreviveu escola municipal. “Me - e tu estás dei conta de que não seria uma boa profesem tudo sora, ou ao menos que sofreria muito para conseguir ser uma boa professora”, afirma. No de pensar “ao vivo” e que lugar das aulas – apesar prefere ter tempo para re- do mestrado e doutorado fletir sobre as perguntas e concluídos na UFMG –, Ana elaborar as respostas. “Pen- prestou um concurso para o sar, para mim, praticamente cargo de redatora e revisora acontece no papel”, justifi- na Assembleia Legislativa, ca a autora, cujas “ideias se função que ocupa há quase elaboram ao escrever”. 20 anos. “É um trabalho que Assumidamente tími- adoro. Muitas vezes lamento da, a mineira de 43 anos não ter mais tempo para ler e diz ter aprendido, com o escrever. Mas, como já disse tempo, a lidar melhor com uma vez, não desejaria ‘viver esse traço da sua persona- de literatura’: a poesia é um lidade. “É uma negociação patrão muito caprichoso.” complexa, que inclui tanto Para ela, a vida seria certamunir-se de coragem para mente mais pobre sem a escrifazer as coisas ta, ainda que não seja impossíque se deseja vel se imaginar sem escrever. “É quanto aprender bem mais difícil me imaginar a não se forçar sem ler”, diz Ana, para quem a a fazer coisas só literatura pressupõe um certo porque seria so- desconforto com as palavras, cialmente dese- uma espécie de desaprendizajável ou conside- gem ou de estranhamento. É rado ‘normal’”, por esse desconforto, inclusive, explica, citando que também é impossível imadesta vez Jorge ginar a vida sem lê-la. n

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NOTAS SOBRE O ENCANTAMENTO POR DANIELA ARRAIS

A vida às vezes pede uma pausa. Respeitei esse tempo, agora estou de volta. Vamos pra uma rodada de coisas legais que essa internet nos traz?

Lorena Moreira é artista plástica e visuvisual. É de Niterói (RJ), tem apenas 22 anos e já é dona de um trabalho de fôlego, tanto é que assina estampa para uma grande marca de moda. “Gosto de brincar com figuras e criar quase que alguns alter egos, dar rosto e forma para emoções a fim de reconhecêreconhecê-las de outra maneira. Tudo vira um grande manifesto do que eu realmente desejo em questões pessoais e coletivas”, diz ela. E de onde parte essa investigação? De uma busbusca por entender o ser feminino e a potência que nos sustenta. “Me sinto propagadora de uma imagem da independência emocional feminina através das minhas criações. TeTenho um tema muito forte relacionado a uma parte da mulher que nunca descansa, mumulheres como ‘feras’, donas de si e retentoras 44 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

de um poder que já não as pertencem, mas com a consciência de estarmos cada vez mais próximas de tomá-lo de volta.” Vale ficar de olho: @LORENADMOREIRA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; DIVULGAÇÃO

UMA ARTISTA


ALGUNS LIVROS PARA COLECIONAR

A Antofágica faz de seus livros verdadeiros objetos de desejo. Se pela capa a gente se encanta, é pela curadoria de clássicos que a gente se apaixona. A editora já lançou Dom Casmurro, 1984, Orgulho e Preconceito, só para citar alguns. E a seleção não para. Em agosto, há o resgate de Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, com ilustrações de Heloisa Hariadne, apresentação de Preta Ferreira e diversos posfácios, entre eles um assinado pela grandiosa escritora Conceição Evaristo. Para outubro, dois lançamentos de peso: O Processo, de Franz Kafka, com ilustrações de Lourenço Mutarelli, e Quincas Borba, de Machado de Assis, com ilustrações do artista em ascensão Samuel de Saboia. Para ler, ter e fazer da sua biblioteca um presente para a posteridade. Vale colecionar: @ANTOFAGICA

MATERNIDADE COM POESIA

Depois que a gente vira mãe, passa a acompanhar inúmeros perfis nas redes sociais. Ando encantada por um deles, o @ki.dsgraca, de Laís Sampaio, mãe de Amaralina. “Escrever sempre foi uma coisa que gostei, mas com vergonha (ou síndrome da impostora) não conseguia publicar. Percebi que existem tantos perfis e realidades maternas diferentes expostas, e decidi expor minha visão. Meus textos são pessoais, mas acho que organicamente têm alguma poesia ou leveza. Óbvio que é uma demanda desgraçada o dia a dia com uma bebê, mas acho que consigo ver belezas

e muitos ensinamentos nesse atravessamento. Aprendo mais do que ensino”, diz. “Eu via muito Insta da ‘maternidade real’ com um peso grande, um cansaço, uma dor. Tinha essa visão de que a maternidade era uma ‘guerra a ser enfrentada’, e hoje vejo que é uma passeata ou uma manifestação em prol da educação e amor. Ora pacífica, ora com tumulto. Entendi também que a maternidade é um ato político e que não existe maternidade real e, sim, maternidade possível.” O conteúdo já impacta outras mulheres, que se identificam e trocam relatos. Tudo isso deu gás para Laís começar a criar produtos, como o móbile sensorial para bebês e para quem quiser cor e movimento em casa. Ela fez o primeiro para a filha, depois para amigas e agora abriu a lojinha. Cada móbile é único e a produção é familiar, já que Bruno, seu companheiro, também está na empreitada. Vale acompanhar: @KI.DSGRACA

DANIELA ARRAIS É JORNALISTA E SÓCIA DA @CONTENTE.VC, A PRIMEIRA E A MAIOR PLATAFORMA DO BRASIL POR UMA VIDA DIGITAL MAIS CONSCIENTE – QUE FAZ COLETIVAMENTE #AINTERNETQUEAGENTEQUER

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ENTREVISTA

Como seria o mundo se status estivesse ligado a bondade ou compaixão é o que questiona o professor, escritor e jornalista britânico David Baker. Para ele, desenvolver o autoconhecimento e evitar preocupação são habilidades essenciais para viver melhor POR CARL A JULIEN STAGNI ILUSTRAÇÕES NANDO SANTOS

E

qualizar o passado, o presente e o futuro para chegar a uma vida mais prazerosa e compensadora. Como fazer isso em meio a um dia a dia estressante, repleto de demandas, obrigações e cobranças? E tudo isso elevado ao cubo em tempos de pandemia. É o que o professor, escritor e jornalista britânico David Baker tenta desvendar. Um dos fundadores da filial brasileira da The School of Life e criador da incensada Wired, revista sobre inova46 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

ção, Baker se especializou no uso de linguagem simples para discorrer sobre tópicos complexos e tem um interesse particular no futuro do trabalho e no efeito da tecnologia nos seres humanos. “Nossa sociedade nos dá a impressão de que precisamos nos esforçar para sermos melhores em quase tudo. Alain de Botton, fundador da The


School of Life, costuma dizer que estamos sempre nos comparando com os outros, mas o problema é que normalmente nos comparamos com pessoas que, em nossa opinião, são melhores do que nós. Elas têm um emprego melhor, uma casa melhor, uma vida mais descolada... Ficamos continuamente ansiosos porque sentimos que não estamos de fato sendo bem-sucedidos”, diz Baker, frisando que devemos parar de supervalorizar a carreira e abrir espaço para o prazer em nossa vida. Diretamente de Londres, ele conversou sobre essas e muitas outras questões.

FOTO NICK WILSON/DIVULGAÇÃO

J.P: Na sociedade ocidental, as pessoas costumam colocar o trabalho na frente da vida pessoal. De que forma isso impacta a essência humana? DAVID BAKER: Bem, nos faz priorizar o trabalho sobre todo o resto. É muito mais fácil usar uma promoção, um aumento de salário ou um novo cargo como meio de autovalidação do que realmente pensar no que o “eu” significa. Para mim, “eu” é o que se passa dentro de nós e como nos conectamos com os outros, e nenhuma dessas coisas tem realmente a ver com trabalho. O problema é que o sucesso nessas áreas é difícil de medir, então não nos concentramos nelas. Entendo por que algumas pessoas avaliam seu trabalho acima de tudo e as respeito por isso. Mas não é para mim. Eu preferia ter seis ou sete amigos próximos e um emprego de nível médio, do que nenhum amigo de verdade, um escritório e um cargo importante.

J.P: Nos tornamos escravos da vida moderna? DB: Acho que “escravos” é uma palavra muito

forte e sugere que não temos controle sobre como vivemos nossa vida. Mas é verdade que muitas das coisas que fazemos, as opiniões que temos e as emoções que sentimos são fortemente influenciadas pelo que vemos como expectativas da vida moderna. Todo mundo precisa de comida, aconchego, abrigo e segurança – e todos nós deveríamos lutar muito para ajudar quem não têm essas coisas –, porém, quantos de nós realmente precisamos de um carro maior ou uma casa maior ou um corpo perfeito para o Instagram? Acho que vale a pena dar um passo atrás e nos perguntar por que nos esforçamos para ter certas coisas. É por que realmente as queremos ou por que pensamos que a sociedade as exige de nós? E isso também se aplica a comportamentos. Em nossa cultura, ser rico significa alto status. Mas como seria o mundo se o status estivesse vinculado a algo como bondade ou compaixão?

J.P: Você diz que deveríamos reduzir o valor que damos às coisas pelas quais podemos pagar. Como fazer isso em uma sociedade profundamente capitalista como a nossa? DB: Acho que focando em coisas que o dinheiro não pode comprar: amizade, contentamento, conversas nas quais sentimos uma conexão real com alguém... A lista é interminável. Ao fazer isso, colocamos as coisas pagas em seu lugar, como aspectos de nossa vida, mas não sua totalidade. J.P: Como iniciar uma mudança real para equilibrar o trabalho e a vida pessoal? DB: A resposta óbvia é trabalhar menos horas e tornar as horas que trabalhamos mais eficientes e satisfatórias. Muitas pessoas não conseguem fazer isso. Seus trabalhos são mais enfadonhos do que alegres e precisamos entender isso quando estamos lidando com eles. Mas muitos de nós podemos. Há um verdadeiro prazer em trabalhar com inteligência, compreender realmente a contribuição única que fazemos para a organização para a qual prestamos serviços e nos posicionar para que sejamos usados da melhor maneira possível. Isso pode significar mudar de função, de

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“É mais fácil usar uma promoção ou um novo cargo como meio de autovalidação do que realmente pensar no que o ‘eu’ significa. ‘Eu’ é o que se passa dentro de nós e como nos conectamos com os outros, e nenhuma dessas coisas tem a ver com trabalho” emprego ou até toda a nossa profissão, mas vale a pena. Daniel Pink, em seu livro Drive, argumentou que as pessoas mais motivadas no trabalho são aquelas que têm autonomia, desafios e propósitos. Para elas, o trabalho é um prazer e pode ocupar lugar como um dos muitos prazeres que todos merecemos ter na vida. J.P: A sociedade também precisa se reinven-

tar. Qual seria o primeiro passo?

DB: Precisamos que nossas sociedades mudem,

pois isso valida nossas próprias habilidades humanas de curiosidade e invenção. Concordo que há muitos conflitos no mundo no momento, não apenas físico, mas no reino das ideias e emoções. Talvez, em vez de buscar o equilíbrio, precisemos cultivar a compreensão: o que está por trás de nossas divergências. Para mim, pensar em um “equilíbrio” entre trabalho e vida é uma ideia perigosa, porque o trabalho faz parte da vida, não é algo separado dela e (presumivelmente) não é tão importante. Porém, certamente muitas pessoas sentem que o trabalho é “tudo” o que fazem. Alain de Botton aponta que elevamos o trabalho a um grande projeto com o qual, de alguma forma, temos que continuar lutando até acertarmos. Diminuir sua importância para ser apenas uma das muitas coisas que fazemos na vida é um bom primeiro passo para abrir espaço para outras atividades, como o amor, a amizade ou simplesmente se divertir. 48 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

J.P: Você costuma falar em suas palestras

de “habilidades suaves”. Do que se trata?

DB: Durante a maior parte dos últimos 200

anos, vimos trabalhadores parecidos com máquinas e os ajudamos a cultivar suas habilidades de acordo com isso. É por isso que treinamos pessoas em coisas como “gerenciamento de processos”, “contabilidade fiscal”, “análise de dados” e assim por diante. Essas habilidades são importantes, mas elas apenas se baseiam em uma parte racional e lógica do cérebro. A mente humana é capaz de muito mais. Podemos, por exemplo, tranquilizar alguém que está assustado simplesmente dando atenção ao que ele tem a dizer; podemos fazer as pessoas se sentirem fortes e valorizadas sendo bons amigos para elas; podemos ler nas entrelinhas quando alguém está tentando nos dizer algo difícil de expressar em palavras; podemos entender nossos próprios desejos, motivações e medos, e conviver com eles, mesmo quando parecem um pouco estranhos. Esses são exemplos do que é chamado de “habilidades suaves”. Na verdade, devem ser chamadas de “habilidades humanas” porque são habilidades que nenhuma máquina poderia fazer.

J.P: Que necessidades precisamos desenvol-

ver para viver melhor?

DB: Eu colocaria o autoconhecimento no to-

po da lista. Precisamos entender por que res-


ENTREVISTA

“Quantos de nós realmente precisamos de um carro maior ou uma casa maior ou um corpo perfeito para o Instagram? Acho que vale a pena dar um passo atrás e nos perguntar por que nos esforçamos para ter certas coisas” pondemos a certas coisas de maneiras inesperadas, saber por que gostamos de uma coisa em vez de outra e entender como as experiências que tivemos em nossa infância ainda podem nos afetar como adultos. Além disso, acho que relaxar e não se preocupar muito seriam habilidades úteis. Fiquei muito impressionado com o livro Feline Philosophy, do filósofo britânico John Gray, no qual ele investiga como os gatos parecem levar uma vida melhor do que a nossa. Não acho que gostaria de ter a vida de um gato em sua totalidade, mas certamente eles têm muito a nos ensinar sobre como viver o momento. J.P: Inteligência emocional versus tecnolo-

gia. Como será esse embate no futuro?

DB: É difícil dizer, pois todas nossas previ-

sões do futuro parecem erradas. Quando eu era criança, o futuro era carros voadores e jetpacks, e ainda estamos de ônibus. Mas espero que a tecnologia assuma algumas das tarefas chatas e repetitivas do trabalho, que tornam

tantos empregos desanimadores. E espero que isso nos dê mais tempo fora do trabalho para continuarmos com outras coisas na vida. J.P: Mundo pós-pandemia. A seu ver,

quais serão as transformações, para o bem e para o mal? DB: A primeira coisa que precisamos fazer é nos tornar um mundo pós-pandêmico. Não estamos nem perto disso agora e muitos países não ficarão nessa posição por muito tempo. Em um nível global, espero que a experiência da Covid-19 tenha nos ensinado como estamos interconectados, não apenas em termos de risco, mas também em termos de nossos deveres mútuos. Todos, desde o banqueiro no centro de Manhattan até o agricultor na zona rural do Chade [na África], são seres humanos e temos mais em comum com cada um deles do que diferenças. Espero que o vírus tenha nos lembrado disso e que possamos agir com base nesse conhecimento no futuro. Mas estou pessimista, nós, humanos, somos muito paroquiais. Tendemos a não olhar para o mundo além de nossa própria experiência e isso é uma pena, pois nos reduz como pessoas. J.P: O que diria aos jovens brasileiros que estão mais confusos do que nunca sobre que direção seguir em sua vida? DB: Quando eu era jovem, nunca ouvia os conselhos de pessoas mais velhas, então seria ridículo para mim começar a dar conselhos agora. Mas, caso me pedissem, eu diria: “Realmente não importa o que as outras pessoas pensam de você. Na maioria das vezes, elas não estão pensando em você. Em vez disso, concentre-se no que pensa de si mesmo. Se, Deus me livre, você morresse amanhã, olharia para trás em sua vida com prazer? E se não, o que precisa ser mudado?”. n

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O CHAMADO

DA ARTE

Fomos atrás do artista que está colorindo as paredes mais hypadas do eixo Rio-SP. João Incerti deixou o emprego na área de moda para seguir com seu trabalho autoral inspirado em sentimentos

J

POR NINA RAHE

oão Incerti decidiu pedir as contas na Farm, onde fez carreira como designer de estampas, para se dedicar a seu trabalho autoral. Acostumado a desenhar desde cedo, num período em que o lápis e o papel serviam de passatempos para a vida na fazenda em Teresópolis (RJ), onde cresceu, o artista de 26 anos lembra que, assim que precisou escolher uma profissão, só conseguia pensar em carreiras que estivessem relacionadas a tal habilidade. Foi durante um curso livre, no qual se viu desafiado a copiar imagens de croquis, que a moda apareceu como uma opção. Mais ou menos nesse período, antes ainda de ingressar na faculdade de moda no Senai Cetiqt, ele começou a customizar roupas com água sanitária para vender na Feira do Lavradio, no Rio, e, mais tarde, acabou entrando em contato com a estamparia por meio de uma oficina com o diretor desse núcleo na Farm, marca na qual, em pouco tempo, passou de designer júnior a especialista em arte, o cargo mais alto dentro da sua área.

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FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Na pág. ao lado, hall na casa de Betina de Luca. Em sentido horário, a partir da dir., João em sua casa; esboço para uma pintura; quarto na casa de Gigi Barreto; e telas do artista

Com a pandemia e o excesso de tempo em casa, surgiu a ideia de decorar o espaço que antes era “apenas para dormir”. “Eu tinha muita identidade com a roupa, mas, quando ia colocar algo na parede, não era a mesma coisa”, diz João, que passou a pintar telas para preencher o próprio lar e, em uma semana, conseguiu ressignificar, por meio da pintura, até mesmo o corredor de sua casa. No ano passado, ele também recebeu o convite

para desenvolver uma coleção de itens de decoração com a bobinex Uau, que ganhou o título “Ai que perrengue”. “Gosto dessa coisa divertida nas roupas e trouxe isso para a coleção, mas é algo que comecei a abrir mão [na pintura] porque não acho que os quadros tenham que ser cômicos, mas trazer sentimentos”, explica. “Quero que meu trabalho tenha um significado. As coisas que a gente coloca na parede representam muito a energia do lugar.” Não à toa, suas criações foram ganhando as redes e seu perfil no Instagram, @o_incerti, atraiu não só um punhado de seguidores (mais de 80 mil), como pedidos para que imprimisse sua marca em lares que não o seu. Além da cenógrafa e designer de interiores Gigi Barreto, que o chamou para pensar o quarto de sua filha, o artista foi convidado pela estilista Betina

de Luca para desenhar o hall de entrada da sua casa em São Paulo. A ideia da Betina era que a pintura transmitisse alegria, para que seus convidados se sentissem bem recebidos logo que chegassem, e João trabalhou com o conceito de entusiasmo. “Às vezes um sentimento entra na minha cabeça e fico obcecado por ele, pensando em como poderia retratá-lo”, conta o artista, que chegou a perder seu voo de volta ao Rio para conseguir terminar o trabalho. “Fiquei superemocionado quando vi o resultado. Achei tão elegante, tão grandioso que, quando olhei, nem parecia que eu que tinha feito”, lembra João. Ele agora planeja se dedicar não só à produção de quadros – no seu Instagram, chegam a 100 os pedidos por obras suas –, mas a projetos cada vez mais ambiciosos. “Pretendo pintar em muitos lugares ainda e coisas cada vez maiores. Estou com a sensação de que, em breve, vou conhecer muito do mundo por causa do meu trabalho.” n

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O L H A R PA R A D E N T R O

CUIDADO

NECESSÁRIO

A escuta no envelhecimento, a desmistificação do luto e o exercício da compaixão fazem a vida ser mais plena, especialmente nos dias de hoje

m meio ao turbilhão de fatos e emoções que arrebatou o planeta desde o início do ano passado por conta da pandemia, o ser humano precisou se reinventar por livre e espontânea pressão. De repente, tivemos de aprender a lidar com uma ameaça invisível que trouxe dúvidas, medo, isolamento social, doença, perda de entes queridos, mais de meio milhão de mortes no Brasil. Haja equilíbrio físico e mental para segurar esse rojão. Mas ainda bem que existem profissionais com essa expertise: ajudar as pessoas com questionamentos que fazem parte da vida de todo mundo, antes mesmo do coronavírus, como luto, envelhecimento e compaixão. Temas que ganharam ainda mais urgência diante da realidade do mundo em que vivemos. Em lives com Joyce Pascowitch, a antropóloga Mirian Goldenberg desmistifica a velhice, a professora e psicóloga Lina Sue fala de seus estudos sobre compaixão e Ana Claudia Quintana Arantes, médica especializada em cuidados paliativos, lança luz sobre o luto. Vale escutar o que elas têm a dizer. Aqui, destacamos alguns trechos dessas conversas.

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POR C A R L A J U LIEN STAG N I


ENVELHECIMENTO

Por Mirian Goldenberg, doutora em antropologia social e autora do livro A Invenção de Uma Bela Velhice “Sempre quis estudar envelhecimento. Tinha medo desse tema, achava que era difícil, triste... Comecei a me aprofundar nisso aos 40 anos [Mirian tem hoje 64]. Me interessei em desvendar as prisões das mulheres relacionadas ao corpo (tem que ser magra, jovem, em forma, não pode envelhecer) e criei um conceito. No Brasil, para a mulher, o corpo é o verdadeiro capital. Somos as que mais investimos em corpo no mundo. E também número 1 em ansiolíticos, antidepressivos, remédios para dormir. Sofremos mais que todas as mulheres do mundo com esse modelo, que é uma prisão”, pontua. “Na Alemanha, as mulheres não falam de corpo, velhice, não sofrem por estarem fora do padrão. Na nossa cultura você é culpada por estar ficando velha e feia. Vivemos uma verdadeira velhofobia.” E como encarar o envelhecimento de uma forma positiva? “Existe uma certa urgência quando mulheres chegam aos 40, 50, insatisfeitas. Muitas explodem: ‘Chega, vou cuidar de mim’. Elas valorizam liberdade e amizade, não querem mais se casar. Algumas nem querem mais transar, querem outros prazeres, a libido está em outro lugar. Eu mostro que a velhice, se não tiver problemas de saúde, pode ser o melhor momento da nossa vida”, diz a antropóloga, e alerta: “A maior violência contra os velhos é não escutá-los. Se tornam invisíveis. Pessoas de 90 e poucos me dizem que não têm mais com quem conversar. Elas são nosso tesouro, conseguiram sobreviver a tudo. Sem elas, não estaríamos aqui.”

LUTO

Por Ana Claudia Quintana Arantes, médica especializada em geriatria e gerontologia, psicóloga e fundadora de A Casa Humana “A tal da luta pela vida se tornou muito desafiadora, por conta de tudo que foi imposto com a pandemia: aumento vertiginoso de pessoas doentes e o número de mortes. Famílias foram quase que dizimadas e deixaram sobreviventes emocionalmente devastados. Isso tudo vai ter que ser trabalhado”, diz ela. “As pessoas precisam começar a pensar na morte e no luto como algo necessário para uma vida que faça sentido, porque se você imaginar


que as pessoas que você mais ama podem estar mortas na semana que vem, não vai abrir mão em nenhum momento de poder dizer o quanto ama, de ter esse momento de afeto”, revela. “Não tem uma fórmula mágica para sair do luto. O caminho mais fácil de fazer isso é se libertar do dia da morte. Se você ficar presa ao dia da morte da pessoa, não consegue olhar para toda a história que teve com ela antes disso. Essa história carrega todas as pistas necessárias para nos fazer lembrar o quanto tinha de amor nessa relação. É isso que nos reconstrói”. E finaliza: “Se a pessoa que morreu pudesse voltar, que conselho acha que ela te daria? Se existe amor verdadeiro o conselho vai ser: ‘Siga sua vida, seja feliz’. Não cabe uma vida inteira num dia só. Não cabe uma história de amor em uma doença. O corpo acaba, mas a história não”.

COMPAIXÃO

Por Lina Sue, professora, psicóloga clínica, mestre em ciências e diretora do Espaço Cuidar comPaixão “Tudo que passei na minha vida, a compaixão que me salvou. Fato é que preciso primeiro ter contato com meu sofrimento, aprender a lidar com ele, e aí sim, cuidando de mim, eu cuido do 54 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

outro. Especialmente as mulheres, mães, avós, que sempre colocam os outros na frente. Quando a matriarca da família adoece, desorganiza tudo. Por isso, ensinar o autocuidado é ensinar a autocompaixão. O treino da compaixão pode ser o antídoto de várias questões importantes, é um caminho necessário”, ensina Lina. “Fiz faculdade mais velha, me formei com 50 anos em psicologia. Meu objetivo é trazer a compaixão para o tratamento psiquiátrico: se estou sofrendo e vejo seu sofrimento, ao te ajudar, ao te ver sorrir, eu me ajudo. É curativo. Esse é o contágio da compaixão. A pandemia foi um gatilho. Fiz uma pesquisa sobre estresse pós-traumático, antes mesmo do coronavírus, e conseguimos mostrar que aumentar sua autocompaixão diminui sintomas de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade. O mais importante, pensando em prevenção, é a escala de desesperança. Segundo a terapia cognitiva, quanto mais alta sua desesperança, mais grave o quadro. Na pesquisa, essa escala caiu 34%, o que é muito expressivo. Pensar na finitude serve para respeitarmos a morte. Ela é inevitável e virá, e eu respeito a morte, aceito que existe a velhice, doença e pobreza.” E em plena pandemia, mais do que nunca é preciso exercitar a compaixão: “Toda vez que ouvir que alguém morreu de Covid, pense que cada número é uma vida, uma pessoa. Põe a mão no coração e faça um minuto de silêncio. Foca no seu coração que isso reverbera no coração de outras pessoas”. n

FOTO REPRODUÇÃO FACEBOOK PESSOAL; ILUSTRAÇÕES GETTY IMAGES

O L H A R PA R A D E N T R O


J.P INDICA

SOB MEDIDA

APOSTE NOS TRATAMENTOS DE REJUVENESCIMENTO MAIS EFICAZES PARA CADA FASE DA PELE

Já ouviu falar da escala de rugas GLOGAU de fotoenvelhecimento? O sistema de classificação em quatro níveis foi desenvolvido pelo doutor Richard Glogau, nos Estados Unidos, para medir objetivamente a gravidade das rugas e do envelhecimento prematuro da pele, geralmente causado pela exposição excessiva aos raios ultravioletas. A escala é usada por dermatologistas para classificar e determinar com sucesso quais tratamentos serão eficazes e seguros para cada paciente. De acordo com a classificação de Glogau a pele pode ser agrupada em quatro graus conforme os sinais que apresenta: Grau I: envelhecimento suave. Discretas alterações pigmentares e poucas rugas, poucas sequelas de acne. Uma maquiagem leve faz com que os sinais desapareçam; Grau II: envelhecimento moderado. Manchas senis precoces, ceratoses palpáveis, linha nasolabial evidenciando-se, discretas lesões de acne. Necessita de maior quantidade de base para cobrir as marcas do envelhecimento; Grau III: envelhecimento avançado. Fotoenvelhecimento avançado, discromia óbvia, rugas sem movimento, cicatrizes acneicas; Grau IV: envelhecimento grave. Fotoenvelhecimento grave, pele cinzenta, lesões malignas, rugas disseminadas, cicatrizes acneicas. A maquiagem provoca rachaduras.

FOTOS BRUNA GUERRA/DIVULGAÇÃO; FREEPIK

DR. DANIEL MANOR, do Centro

de Dermatologia da Clínica Dome, é um dos especialistas que utiliza a classificação de Glogau para caracterizar as necessidades individuais de cada paciente e ajudar a orientar o tipo e a agressividade do tratamento ideal. Daniel compartilha com a J.P quais são os protocolos de tratamentos adequados a cada grupo de acordo com o sistema: GRAU I: O indicado é a toxina botulínica com o objetivo de

prevenção das rugas estáticas. O Laser Nd-YAG Q-Switched Elektra para estímulo de colágeno cria uma poupança de colágeno e melhora a textura da pele. GRAU II: A dica é associar o tratamento anterior com ultrassom microfocado para prevenção da flacidez cutânea e muscular da face. Pode ser acrescentado microagulhamento com drug delivery (vitamina C, ácido hialurônico).

GRAU III: Associar os

procedimentos anteriores com luz pulsada para tratamento das manchas e vasos, e skin boosters, como hidroxiapatita de cálcio e ácido poli-L-láctico, para tratamento de flacidez e fotoenvelhecimento. Laser de CO2 ou Erbium fracionado uma vez ao ano, para melhora da flacidez, rugas e viço da pele. GRAU IV: Laser de CO2 ou Erbium fracionado a cada seis meses. Associado com todos os tratamentos anteriores.

CLÍNICA DOME | AV. ANGÉLICA, 2163, CJ 133/134, 13º ANDAR - HIGIENÓPOLIS, SÃO PAULO - SP | AGENDAMENTO PELO WHATSAPP: 11 94547-1428. WWW.ESPACODOME.COM.BR


COR PO E A LM A Iluminador para todas as peles, escova que preserva os cachos, óleo essencial para seduzir e outras belezinhas P O R LU CI A N A F R A N C A

PARA RELUZIR

“Se você está iluminado, ilumina tudo ao redor.” Foi com essa premissa e 28 anos de experiência na maquiagem, especialmente voltada para a fotografia, que Max Weber lançou uma linha de iluminadores, os primeiros produtos de sua marca de make, a MAX WEBER LAB. Em três cores (Brown Sexy, Golden Sexy e Light Sexy), que atendem a todos os tons de pele, podem ser usados no rosto e corpo, e misturados entre si ou com outros produtos como hidratante,

base e sombra para criar os mais diversos efeitos de contorno e bronzeamento. À J.P, Max conta como criar aquele glow típico de tapete vermelho: “Para uma pele de Oscar, mesmo com idade mais avançada, o ideal é focar em alguns pontos, essa é a mágica da maquiagem. Aplique o iluminador no dorso do nariz, na parte mais alta da maçã do rosto em direção das têmporas e pode aplicar no queixo, se quiser destacar essa região. Mas esqueça a testa”, avisa ele. “Se a roupa permitir, vale passar também nos braços, colo, pernas e na parte de cima da mão.” O iluminador (R$ 59,90) – com vitamina E na composição, sem perfume e não testado em animais – está à venda no site: MAXWEBERLAB.COM.BR

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ÍMÃ

Óleos essenciais para um sono tranquilo, aliviar dores musculares, reduzir o estresse e a TPM e, por que não, para seduzir? Entre os novos blends da BEBRASIL, para serem usados diretamente na pele, o Sensual reúne o poder estimulante dos óleos essenciais de ylangylang, sândalo, ho wood e limão-siciliano para inspirar a autoconfiança. Basta aplicar de três a seis gotas como perfume, atrás da orelha, ou em movimentos circulares no baixo ventre. (R$ 39 CADA). @USEBEBRASIL


MASSAGEM E MEDICINA POR RENATA FRANÇA

Em entrevista a Renata França, criadora da massagem mais desejada pelos famosos, médicos falam de suas especialidades e dos benefícios da massagem para a saúde DR. GILBERTO NARCHI RABAHIE

Cirurgião vascular do Hospital do Coração (HCor) CRM: 44.224

RENATA FRANÇA

RENATA FRANÇA: Doutor Gilberto,

quais doenças vasculares mais acometem a população?

GILBERTO NARCHI RABAHIE:

Venosas são mais frequentes. Cerca de 37% da população brasileira apresenta quadro de varizes (dilatação de veias superficiais em membros inferiores), em vários graus. A trombose venosa profunda é a formação de um coágulo em veias da musculatura da perna ou coxa e acredita-se em 180 mil novos casos por ano. RF: Pode-se afirmar que algumas

têm raiz genética? Se sim, quais?

FOTOS MICHELE SILVA/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

GNR: Varizes e tromboses podem

ter causa genética. Doenças arteriais, como aneurismas (dilatação que pode romper e levar a hemorragias graves) e doença aterosclerótica obstrutiva (placas de gordura que causam oclusão do vaso sanguíneo) também podem ter condição genética associada, além de fatores alimentares e o tabagismo.

RF: É possível prevenir uma doença vascular? De que forma? GNR: Sim, é possível. Os indivíduos mais susceptíveis

são os que têm algum grau de descontrole dos fatores de risco. Sedentarismo, tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, hipercolesterolemia familiar ou adquirida são os mais importantes em relação às doenças cardiovasculares. Controlá-los é fundamental para a prevenção. RF: Qual é a sua opinião sobre a

drenagem linfática em pacientes com problemas vasculares? GNR: A drenagem linfática só será eficiente quando bem indicada. Não podemos utilizá-la para todas as afecções vasculares, e não pode ser confundida com massagem, que é sempre agradável. E ela deve ser feita por profissional habilitado. RF: Quem tem varizes pode receber a drenagem? GNR: Pode, sim. A drenagem não é parte integrante do tratamento, mas não há contraindicação para varizes. RF: Qual é a importância da dre-

nagem para pacientes com casos de edema ou linfedema, por exemplo? GNR: Para os casos de linfedema

ela é muito importante, e deve ser realizada por profissional habilitado. Vale lembrar que é parte de um conjunto de medidas que envolvem medicações orais, para melhora do edema, uso eventual de antibióticos e compressão elástica por meias apropriadas. RF: Para que casos de pós-ope-

ratório o senhor recomenda a drenagem? GNR: Ela pode ser indicada dependendo do tipo de cirurgia, que pode levar a alterações linfáticas passageiras. RF: Quando ela pode ser indicada no pós-cirúrgico imediato? GNR: Pode ser realizada em algumas cirurgias plásticas cujo pós-operatório leva a um edema passageiro, que pode ser minimizado com a drenagem. Nas de varizes, não é uma indicação padrão. Porém, se o pós-operatório cursar com edema dos membros inferiores, a drenagem também pode ser efetiva. RF: Há contraindicação? GNR: Sim, em casos de trombose venosa e de edema sem causa conhecida.

Para a entrevista completa,


CORPO E ALMA

PASSE DE MÁGICA

Tratamento profissional ao alcance das nossas mãos, literalmente. Esta é a proposta da linha GRANADO PINK , que tem entre seus best-sellers produtos para o cuidado das mãos, unhas e cutículas desenvolvidos com dermatologistas e podólogos. O queridinho da vez é o REMOVEDOR DE ESMALTE (R$ 33) que, quase como em um passe de mágica, remove o esmalte sem ressecar as unhas, já que não tem acetona e leva vitamina E, glicerina vegetal e D-Pantenol na fórmula. A embalagem prática, com espuma interna, dispensa o uso do algodão. Toda a linha Pink tem o visual vintage, marca registrada da GRANADO. WWW.GRANADO.COM.BR

CARACÓIS Chegou uma aliada

relaxar, um simples escalda-pés pode trazer benefícios para o corpo inteiro. A bacia com água quente e óleos essenciais ou infusão – que podem ser de camomila, alecrim ou lavanda – proporciona equilíbrio térmico, alivia o estresse, elimina toxinas e ainda ajuda a ter uma boa noite de sono. Basta uma bacia funda com água quente, três gotas de óleo essencial misturado com uma colher de sopa de leite para emulsionar ou um chá bem forte, uma cadeira confortável e 15 minutos de quietude.

NATURALLY CURLY (R$ 119), que promete

diminuir a quebra dos fios, reduzir o frizz e estimular o couro cabeludo. @TANGLETEEZERBR

TROCA DE PELE

É com uma combinação de ingredientes ativos, como ácido lático, ácido hialurônico e Phycosaccharide AP, que atua o novo MICRO MILK PEEL, loção bifásica da linha SUPERFUSION VACCINE da ELLEMENTTI DERMOCOSMÉTICOS (120 ML/R$ 125). O resultado? Rosto limpíssimo e tratado de uma só vez. O Micro Milk Peel tem ação antipoluente e proporciona uma esfoliação suave que uniformiza o tom e a textura, e dá mais luminosidade. ELLEMENTTI@ELLEMENTTI.COM.BR

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A SEUS PÉS Não é preciso ter uma banheira para

para desembaraçar com facilidade cabelos cacheados e crespos molhados. A famosa escova britânica TANGLE TEEZER, queridinha de muitas celebridades, lança a versão WET DETANGLER


NATALIA MARTINS

FOTOS DIVULGAÇÃO

BELEZA COM PROPÓSITO

O GRUPO NATALIA BEAUTY (NB) é um império da nanopigmentação erguido na avenida Rebouças, em São Paulo, com mais de 90 filiadas espalhadas pelo mundo. Mas, além de se tornar referência na área da beleza, Natalia colocou em prática seu propósito de vida, oferecendo recursos e estímulos para que as pessoas conquistassem protagonismo, visibilidade, independência e, claro, sucesso nos negócios. “Quando idealizei meu negócio, decidi incluir o braço acadêmico para poder dividir as inúmeras demandas da vida profissional e pessoal. Por isso, os cursos oferecidos pela NATALIA BEAUTY ACADEMY não se resumem apenas na parte técnica da evolução da micropigmentação, batizada de Nanoblading e desenvolvida por mim, mas também estimulam os alunos a liderarem sua própria empresa, ensinando sobre finanças, investimento, marketing e gestão, tudo de uma forma descomplicada, para mudar a vida das pessoas”, explica a empreendedora. Jemerson foi um desses alunos que Natalia fez mais do que simplesmente ensinar. Ex-presidiário, ele deu a volta por cima e encontrou na profissão

J.P INDICA de micropigmentador o motivo para ressignificar sua vida. “Ele entrou em contato comigo pelo Instagram. A mensagem dele tocou meu coração e decidi apostar nele: dei um curso sem pedir nada em troca, apenas o esforço e a dedicação integral. Hoje, ele quer ser um filiado NB e está caminhando para isso. E agora tem minha mentoria gratuitamente para que tenha mais inspiração e confiança em seu trabalho”, conta Natalia. Mas seu propósito vai além de ensinar: ela quer fazer a diferença na vida das pessoas e tornar o mundo um lugar onde todos os tipos de beleza são aceitos e respeitados. Natalia tem até uma meta diária de devolver a autoestima de clientes que tiveram câncer de mama ou pessoas que nasceram com lábio leporino. “Ofereço tanto a reconstrução da aréola quanto dos lábios gratuitamente. É minha forma de retribuir tudo que recebi até hoje.” Para isso, o Grupo NB iniciou a produção de próteses de aréola, feitas com pele sintética para doação em hospitais, clínicas, ONGs e pessoas físicas que passaram por mastectomia. A nanopigmentação de lábio leporino com FlowLips é outro procedimento que a enche de orgulho. “A fissura labial provoca muito preconceito, assim como problemas relacionados à autoestima. Por isso, tento devolver a confiança de pessoas que nasceram com a fenda labial e já fizeram todas as cirurgias plásticas necessárias para a reconstrução. A maioria se sente fisicamente e emocionalmente abalada e é por isso que ofereço, gratuitamente, durante todo o ano, o procedimento para que ganhem qualidade de vida e resgatem a alegria de viver”, ressalta Natalia. O atendimento gratuito, que é feito na matriz em São Paulo, pode ser agendado pelo telefone: (11) 3061-2670. | @NATALIABEAUTY



fernando torquatto BEAUTY ARTIST

Luana Xavier Foi no terreiro de umbanda da avó, a atriz e mãe de santo Chica Xavier, que Luana fez suas primeiras interpretações, ainda criança, para divertir a família. De Chica – que marcou a história da TV com papéis em novelas como Sinhá Moça e Renascer, e morreu no ano passado – herdou o comando do terreiro e o talento artístico. Superelogiada na mais recente temporada da série Sessão de Terapia, do Globoplay, a carioca de 34 anos, que estudou serviço social na UFRJ, tem emendado um trabalho no outro no streaming. Em suas redes sociais, despida de qualquer personagem, Luana também mostra a que veio.

J.P: O que Chica Xavier diria para a Luana de hoje? LX: “Minha Lua cheia de amor, você se saiu todinha a sua avó. Tô amando ver sua carreira, mas ai de você se não colocasse o canudo de serviço social na minha mão. Agora só tá faltando construir sua família. Vou falar com Santo Antônio. Te amo!” (POR LUCIANA FRANCA)

J.P: Quando percebeu que virou uma voz potente nas redes sociais? LUANA XAVIER: Acho que tive essa certeza quando comecei a ver comentários nos meus vídeos de pessoas que eu admiro. Vi Lázaro Ramos, Taís Araujo, Conceição Evaristo… Todos eles comentando e dizendo que se sentiam representados pela minha fala. E definitivamente isso não tem preço. J.P: O que as gravações de Sessão de Terapia agregaram nas sessões com sua terapeuta da vida real? LX: Minha personagem, Giovana, foi a virada de chave que eu precisava. Ela me deu coragem para encarar a obesidade como uma doença que de fato precisa de tratamento, de acompanhamento médico. E me deu incentivo para, na minha terapia pessoal, falar com tranquilidade sobre meus deslizes no controle alimentar. Eu ainda escondia da minha terapeuta algumas escapulidas. FERNANDO TORQUATTO já transformou todo mundo que importa – aqui e lá fora. só vai

sossegar depois de clicar madonna

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J.P DE OLHO Uma seleção de marcas e designers independentes, e seus produtos cheios de charme e afeto P O R A N A EL I S A M E Y ER

EM CORES

Depois de uma viagem à Ásia, onde o tempo tem outro ritmo, Kelly Kim e o marido, Adrien Gingold, decidiram que era hora de desacelerar. Foi assim que nasceu a Calma São Paulo, marca sem gênero com modelos confortáveis e versáteis desenvolvidos pela própria Kelly – é ela quem escolhe o tecido, a estampa, faz a modelagem, corta e costura as peças piloto. Estampadas e coloridas, as criações são pensadas para agradar as pessoas que as usam – e não o outro. “Para mim, o corpo é um quadro em branco e minhas estampas vão colorir você para expressar ao mundo o jeito que você se sente, quem você é”, diz a estilista. @CALMASAOPAULO

JOIA ETERNA

Foi depois de estudar ourivesaria que a designer e historiadora de arte Débora M. Goldenfum, 27 anos, se encantou com a possibilidade de trabalhar com materiais que eram mutáveis e também eternos. “A ideia de desenvolver peças que seriam carregadas por quem as consumisse por muito tempo, podendo até mesmo serem passadas entre gerações, além de carregarem significados únicos para cada um, foi algo que entendi que era o modo de consumo ideal para mim.” A marca gaúcha Demgo traz peças delicadas feitas com prata reciclada, com pérolas e pedras naturais, inspiradas no antigo e na memória, que, através do olhar contemporâneo da designer, contam uma nova história. @DEMGO.CO

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ORIGAMI

Feitas uma por uma, as luminárias de Melissa Kawahara são verdadeiras esculturas. Formada em arquitetura e urbanismo na FAU-USP – faculdade que lhe deu um grande repertório para buscar inspirações em diversas áreas –, a designer criou sua marca homônima em 2017. Interessada em escultura, estuda artistas como Richard Serra e Amilcar de Castro e, relacionados à iluminação, Isamu Noguchi e Ingo Maurer, para criar suas peças, que exigem paciência e mãos habilidosas e cuidadosas no processo de produção. “Quero transmitir uma certa leveza, uma beleza etérea com os objetos que crio.” @MELKAWAHARA

FAUNA E FLORA

Morando atualmente em Portugal, Carolina Nogueira começou a trabalhar com cerâmica em 2017 depois de fazer um curso de torno na Itália e se apaixonar. De volta ao Brasil, montou um atêlie em sua garagem, a Cerâmica Corolle. Além das peças que trazem imagens dos animais de estimação de suas clientes, que acabaram virando sua marca registrada, a ceramista se inspira na natureza brasileira e portuguesa para produzir objetos que trazem beleza ao dia a dia. @STUDIOCOROLLE

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ABRAÇO

Levar um design autoral e afetivo para as pessoas. Essa é a proposta da Tufo, marca de produtos têxteis criada, em 2020, pela mineira Stella Nardelli, 27 anos. Formada em design com especialização em moda e têxtil, ela se inspira em práticas manuais antigas para elaborar os desenhos e confeccionar as peças feitas, em maior parte, sob encomenda, diminuindo assim o impacto ambiental. Produzidos a partir de fios de lã e tecidos, os tapetes, patchworks, almofadas e tricôs da marca trazem um olhar mais contemporâneo e colorido para a casa e para quem os vestem. @TUFFFFO J.P 63


POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA

OUTRAS PAISAGENS Com saudade de carimbar o passaporte, a charmosíssima Bibury, em Gloucestershire, está na mira cida pela conservação perfeita através dos séculos. No ano de 1086, o rei Guilherme, ‘O Conquistador’, fez uma sondagem da região, que já existia, mas era chamada Becheberie, rua dos tecelões. Em 1880, restos de uma vila romana da época do império romano foram descobertos acidentalmente perto da ponte de Arlington com moedas, pedaços de cerâmicas romanas, adereços... Mas nunca tentaram descobrir o que era na época do romanos. Tenho que ir para Bibury ver! A maior construção da cidade é uma magnifica mansão chamada Bibury Court, construída em 1633 no estilo de arquitetura jacobina. Era a casa do lorde Sherborne, depois vieram outros proprietários e se tornou um hotel. Infelizmente fechou, mas existem outros bons hotéis. Uma mansão famosa que deve ser interessante é Ablington Manor, construída em 1590. A famosa rua Arlington Row é tão bonita que todos os antigos passaportes ingleses traziam um desenho dela na parte de dentro ... Por falar em passaporte, ainda quero carimbar o meu com viagens ao Sri Lanka, Zimbábue, Mianmar... Não custa sonhar. n

VIAJANTE INSACIÁVEL, KIKI GARAVAGLIA JÁ CORREU O MUNDO, MAS AINDA TEM MUITO LUGAR PARA CONHECER. SÓ TEM MEDO DE MORRER SEM ANTES IR AO SRI LANKA

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Depois de mais de um ano “prisioneira” em casa, comecei a sonhar com uma nova viagem: Inglaterra. Esta ilha poderosa que é a Grã-Bretanha, com suas tradições, a família real, sua arquitetura, seus hábitos... Adoro! Conheço a Inglaterra do norte, como York, ao sul, como a linda Cornualha, e sem falar no coração do país, Londres – magnífica, tem tudo do bom e do melhor, não comparo a Nova York em termos de qualidade e sofisticação ... Adoraria voltar e conhecer a cidadezinha de Bibury, no distrito de Cotswold, considerada a mais linda do país. Todos os anos eu dizia que iria e acabava ficando em Londres, com preguiça! Vejo lindas fotos de Bibury, com o rio Coln, que atravessa a pequena aldeia, cheia de flores, aquela típica igreja/paróquia inglesa do passado com seu cemitério acoplado na parte de trás. Em Bibury, os túmulos e placas em mármore com querubins e outros símbolos figurativos, além de lindos, são do século 16 (quando o Brasil estava sendo descoberto) e considerados um patrimônio histórico. A famosa rua Arlington Row, com suas casinhas de pedra marrom e telhados negros, é conhe-


J.P

MODO DE VIDA

FOTO FREEPIK

TEMPO INTERIOR


MODO DE V IDA

ACONCHEGO

Na companhia do mascote Scotch e de pequenas coleções de objetos afetivos, a designer e empresária Dulce Horta escolheu um dos prédios mais charmosos de São Paulo para viver e criar POR LUCIANA FRANCA

FOTOS PAULO FREITA S



MODO DE V IDA Fachada e hall do edifício Lausanne. Abaixo, vista do quarto. Na cozinha, panelas trazidas de uma fazenda em Illinois

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iel moradora de casas, Dulce Horta soube escolher bem seu primeiro apartamento. Há um ano, ela se instalou no charmoso edifício Lausanne, um conjunto de dois prédios grudados, de 1958, com projeto do arquiteto Adolf Franz Heep. A fachada de janelas revestidas com lâminas quebrasol coloridas é um dos ícones do bairro de Higienópolis. E uma pintura de Clóvis Graciano, que se estende por todo o hall de entrada, dá boas-vindas a quem chega. Já no apartamento, as visitas são recebidas pelo espertíssimo Scotch, de 10 anos, da raça bedlington terrier. O lar de Dulce é um convite ao aconchego, com salas conectadas à varanda e à cozinha, e algumas pequenas coleções de objetos sentimentais, entre eles tigelas, banquetas, bengalas, livros e discos. Um cavalinho de balanço do artista Keith Haring, que era de seu filho quando pequeno, um quadro com pichação de Walter Silveira do fim dos anos 1970 e cadeiras de Paulo Mendes da Rocha compõem a atmosfera afetiva. “Tenho uma coisa de cada lugar, de cada casa, aí lembro do todo”, conta. É nesse ambiente, e ao lado do inseparável mascote, que ela cria os pijamas da sua marca, Early Bird Just For Dreamers. “Sempre desenhei, quem desenha consegue colocar equilíbrio e estética em qualquer coisa”, diz Dulce, que estudou artes plásticas na Faap e gravura em metal em Nova York, e comandou um estúdio de design antes de dedicar-se à etiqueta própria. “Meus pijamas não são sexy, meus clientes são. Os pijamas são bem confortáveis”, define. Suas peças, vendidas apenas por Instagram e WhatsApp, já faziam sucesso 68 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021


Mesa de jantar onde Dulce (à dir.) gosta de criar seus modelos de pijama. Abaixo, a coleção de tigelas e detalhe da varanda

muito antes da pandemia, quando as pessoas passaram a ressignificar e a valorizar as roupas para ficar em casa. A cozinha ampla – decorada com uma toalha de mesa quadriculada que pertenceu ao tio e foi emoldurada, e um galo enorme em cima da geladeira trazido do sítio da família em Paraty – é outro espaço em que a designer e empresária gosta de criar. Mas seus pratos são triviais, avisa ela, antes de qualquer comparação com a mãe, Nina Horta, banqueteira e escritora que morreu em 2019. Luminárias assinadas por André Vainer estão por todos os ambientes, incluindo o modelo de piso que ganhou destaque em seu quarto. A parede acima da cama foi intencionalmente deixada vazia porque ali, em certo momento da manhã, são refletidas as sombras das árvores da rua. A varanda dá de frente para a residência de dona Veridiana, aristocrata que reunia a elite política e artística do fim do século 19. Hoje, o local abriga o Iate Clube de Santos. Já pelo basculante da cozinha, se avista uma das únicas casas do estilo art nouveau que resiste em São Paulo e foi cedida à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. É, de fato, um lar com muita história para contar. n AGOSTO | SETEMBRO 2021 J.P 69


MODO DE V IDA

LINGUAGEM DA MATA Na Serra da Mantiqueira desde o ano passado, os artistas Júlia Rocha e Gustavo Galo estão descobrindo o vocabulário da floresta e criaram um espaço de troca com poetas que se dedicam ao cultivo de outras formas de escrita e de vida POR NINA RAHE

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uma manhã de julho, o músico Gustavo Galo e a artista Júlia Rocha acordaram com uma “guerra entre tucanos e passarinhos”. Os bichos estavam em disputa pela primeira colheita de bananas do casal, que está desde outubro na Serra da Mantiqueira, quando conseguiu concretizar o desejo de viver próximo à natureza. O ambiente não é tão distante do apartamento onde viviam em São Paulo, no qual quarto, sala e cozinha conviviam sem separação, mas as portas de vidro da casa nova, com vista para toda sorte de verde, trouxeram outro tipo de experiência. “A diferença é esse espaço vivo, onde a todo momento está acontecendo alguma coisa, com pássaros que chegam toda hora”, comenta Galo. “A gente começou a desacelerar e a pensar nos trabalhos a partir daqui.” Foi lá que criaram, por exemplo, o site Mataviva, um espaço de conversa com poetas que estão deslocados da experiência urbana e experimentam a proximidade com a mata, os bichos, as plantas, as pedras e os rios. Um depoimento do autor Leonardo Fróes, editado por eles, sobre a escala das pinturas orientais, nas quais

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FOTO GUTO NOGUEIRA; ADELITA AHMAD; TOM BUTCHER CURY

as figuras humanas aparecem pequenas diante da natureza, resume bem a adaptação: “Meu olhar está se acostumando com essa imensidão. A gente tira um pouco da nossa importância e entra no movimento das coisas”, explica o músico. No meio de uma rotina de trabalho que continua a distância, na qual Galo mantém a troca com sua banda, a Trupe Chá de Boldo, e Júlia segue nas experimentações com coletivos de dança, eles vêm se adaptando a um vocabulário novo, descobrindo espécies como os margaridões, plantas de caules finos que chegam a dois metros de altura e receberam os dois logo na mudança, dando a impressão de que es-

tavam em uma pintura de Van Gogh. “Quando cheguei, via aquela massa verde, mas agora o que vejo é o guapuruvu, a quaresmeira, o mamoeiro. O olho vai ganhando mais camadas de percepção”, diz Júlia. Outro aprendizado é a relação com o tempo. Do tempo de plantar, que conta com as dicas do vizinho Benedito, ao tempo de espera do mercado, que entrega a depender das condições da estrada, ou mesmo o tempo de sol, quando Galo e Júlia chegam a adiar compromissos para tomar banho no rio. Essas possibilidades, impensáveis antes, são questionadas cada vez que precisam voltar a São Paulo. “Como a gente vivia assim antes?”, eles se perguntam. n

Acima, vista da cozinha e, nas paredes, poesias do casal entre as roupas e no quarto

Retrato de Hilda Hilst ao lado de cartaz em referência à vacinação. À dir., bordado que a dupla ganhou de uma moradora da região

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J.P V I A JA

A explosão de biodiversidade do Pantanal, uma fazenda com jardins de Burle Marx e um castelo na Toscana estão na nossa lista de desejos POR ADRIANA NAZARIAN

PRAZER, PANTANAL

Se existe um ganho inegável trazido pela pandemia é o desejo de conhecer mais a fundo o Brasil. Verdadeira explosão de biodiversidade, não é de se estranhar que o Pantanal tenha entrado no topo dessa busca. Defensor da região há longa data, o conservacionista Roberto Klabin aproveitou os meses de pausa do ano passado para reformar as instalações da CAIMAN, refúgio ecológico de 53 mil hectares que ocupa a antiga fazenda de sua família. A nova pousada, batizada de CASA CAIMAN, tem tudo o que os viajantes precisam entre uma aventura e outra em busca da vida selvagem: quartos superconfortáveis, piscina embalada pelo cantarolar das araras com vista para uma baía e restaurante delicioso, entre outros. Mas o que impressiona, de fato, vai muito além da hotelaria em si: dos biólogos aos guias de campo, a Caiman é feita por um time de apaixonados pelo Pantanal, entusiasmado em mostrar e conservar os encantos da fauna, da flora e da cultura local – não à toa, já faz muitos anos que a Caiman sedia projetos importantes de conservação, caso do Onçafari. Basta uma saída em campo, portanto, 72 J.P AGOSTO | SETEMBRO 2021

para entender a tal da magia pantaneira. Afinal, não é todo dia que você fica ao lado de onças – mãe e filha – subindo numa árvore, acompanha o caminhar elegante de um tuiuiú ou a corrida cinematográfica de um tamanduá-bandeira, rema ao lado de jacarés e vê o sol ganhar tons inesperados de rosa na imensidão da natureza. Como o próprio Klabin já disse, “que venham cada vez mais gerações interessadas em arregaçar as mangas e lutar para que o Pantanal não desapareça”. +CAIMAN.COM.BR


NOVA ERA

Esqueça tudo o que você já viu quando o assunto são as cannabis shop. A ALCHEMY, marca canadense especializada em produtos à base de maconha, abriu recentemente uma espécie de flagship/apotecário em Toronto que vai muito além do óbvio. O projeto, assinado pelo Studio Paolo Ferrari, propõe uma jornada multissensorial em torno da erva, que mistura arte, natureza e tecnologia, redefinindo seu uso. +ALCHEMYCANNACO.COM

LÁ EM CASA Se você segue sonhando com um

refúgio mais intimista na natureza, a dica é passar uma temporada na CASA MARAMBAIA , pertinho de Petrópolis (RJ). Trata-se de uma fazenda de 1947 que tem, entre seus destaques, o mobiliário de época e jardins assinados por Burle Marx. São apenas oito suítes com vista para a Serra dos Órgãos e uma série de experiências pensadas para aproveitar o visual – trilhas, passeios de bicicleta e aulas de ioga estão entre as opções. A gastronomia, que tem pitadas francesas e brasileiras, prioriza ingredientes da região e de sua própria horta.

FOTOS DIVULGAÇÃO

@CASAMARAMBAIA

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J.P V I A JA

ERA UMA VEZ UM CASTELO Atende por o novo hotel que CASTELLO DI RESCHIO

tem dado o que falar na Itália. Escondida em um ce nário mágico entre a Umbria e a Toscana, a novidade impressiona pela riqueza de detalhes – da história à decoração. A restauração da propriedade, que inclui vilas e um castelo milenar onde ficam os quartos do hotel, foi comandada por um casal de condes que comprou o local inicialmente para servir de refúgio nas férias. Um dos cinco filhos, o arquiteto Benedikt, é o responsá vel pelo projeto minucioso que tem encantado os viajantes. Mais do que um cenário cinematográfico, o Cas tello di Reschio é o lugar perfeito para mergulhar na dolce vita, seja ela concretizada numa aula de culi nária, em um passeio a cavalo, em pedaladas, em partidas de tênis ou em expedições de caças às trufas. +RESCHIO.COM

motivo para viajar e no nosso radar da vez está TAGHAZOUT, uma pequena vila de pescadores pertinho de Agadir – não à toa, o local é destino favorito dos surfistas, conhecidos por descobrirem paraísos pelo planeta antes de todo mundo. É lá que o Fairmont acaba de abrir as portas de um hotel com vista para o Atlântico. Tem spa, restaurante com delícias locais e a boa vibe que só os refúgios dos entusiastas das ondas reservam. +FAIRMONT.COM

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FOTOS DIVULGAÇÃO

FORA DA ROTA Desbravar o Marrocos é sempre um bom


CABALA POR SHMUEL LEMLE shmuel@casadakabbalah.com.br

HORA DA MUDANÇA Às vezes parece que a vida está estagnada, tudo permanece igual, nada muda. As pessoas ao nosso redor agem sempre da mesma maneira e não aguentamos mais seus defeitos e manias. Gostaríamos tanto que elas mudassem! Conversamos, discutimos e nada muda. Não adianta querer que o outro mude se você continua igual. Você precisa iniciar a mudança. Quando você muda, o outro muda. Se você não estiver mudando, por que sua vida deveria mudar? As coisas não vão acontecer na sua vida só porque você quer. Tem que ser com esforço, senão não tem graça. Comece a agir diferente. Descubra alguma coisa que você precisa mudar e faça o seu movimento de transformação. Torne-se você uma pessoa melhor. Corrija algum defeito seu. Você verá resultados ao seu redor.

PODER DA MENTE SOBRE A MATÉRIA

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Vav

visualizar da direita para a esquerda

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HORÓSCOPO POR SARA KOIMBRA ILUSTRAÇÕES PAULO VON POSER

Energia de Agosto

Agosto tem como marca muito proeminente a comunicação e os relacionamentos. Na primeira quinzena teremos Mercúrio em Virgem (11/8) trazendo racionalidade e detalhismo para nossa atividade mental, e Vênus em Libra (16/8) destacando os romances idealizados, a gentileza e a cortesia. O mês também se destaca pelo início da retrogradação de Urano em Touro (19/8): este é um trânsito que nos direciona à reavaliação nas finanças e relacionamentos, mesmo que signifique rupturas. Também temos a entrada da temporada de Virgem (22/8), que nos ajuda a lidar racionalmente com todos os aspectos da nossa vida com organização e simplicidade. No fim do mês, a influência de Mercúrio em Libra (30/8) traz a energia necessária para nos conectarmos mais com as pessoas sob uma perspectiva de equilíbrio e com o uso da diplomacia nas situações do dia a dia. * Confira a previsão de setembro no site Glamurama, a partir de 1º/9

ÁRIES (21/3 a 20/4) Arianos podem enfrentar obstáculos em seus planos este mês. Existem tensões entre seu desejo de agir e a necessidade de reservar um tempo para firmar os detalhes. Em 15/8, a aparente retrogradação de Urano começará na Casa 2 de Áries. Este trânsito indica tendência ao consumismo, o descuido com a administração dos recursos e a falta de planejamento econômico. TOURO (21/4 a 20/5) Amor e relacionamentos podem confundir os taurinos. As dificuldades existentes em todo tipo de relação vêm à tona. Alguns ciclos podem se encerrar e outros, surgir. Se um novo amor aparecer neste mês, há chances reais de evoluir para um compromisso mais sério. Fiquem atentos para ações mal pensadas e abram para as perspectivas afetivas.

GÊMEOS (21/5 a 20/6) É provável que os geminianos se sintam sobrecarregados com muitas informações, escolhas, atividades ou mudanças. Vocês

estarão propensos à tensão nervosa e falando mais do que deveriam por uma mente superestimulada. É bom pisar no freio em relação à mente e ao corpo, tente encontrar mais paz de espírito. Adie decisões ou conversas importantes para depois de 3 de setembro.

CÂNCER (21/6 a 22/7) Cancerianos podem sentir um impulso por cuidado e para se relacionarem com a entrada de Vênus em Libra. Haverá muita paixão e oportunidades para novos relacionamentos. Apenas observem com cuidado a tendência a extremos, especialmente no fim do mês. As finanças no contexto familiar tendem a ser boas e a relação entre os membros da família será muito cordial. Sobre dinheiro: cancerianos precisam tomar cuidado com gastos desnecessários para impressionar outras pessoas.

LEÃO (23/7 a 22/8) Leoninos se sentiram renovados com a entrada da temporada de Leão em julho e essa energia

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ainda perdura. É talvez um dos melhores meses do ano na astrologia para vocês... Nos relacionamentos amorosos, pode acontecer algum percalço causado por assuntos familiares e vocês devem ser flexíveis e se ajustar a essas mudanças. Um bebê pode começar a ser planejado. A carreira pode ser a sua preocupação neste mês, mas a família ainda está em primeiro lugar.

VIRGEM (23/8 a 22/9) Os virginianos provavelmente serão forçados a lidar com muitas mudanças em agosto. Como consequência, há uma propensão a deixarem que as pequenas coisas perturbem mais do que o aceitável e essa tensão se traduz em dores de estômago ou problemas com o intestino delgado. Portanto, tentem não comer quando estiverem sentimentais ou com pressa. Evite cafeína, alimentos pesados ou comer tarde da noite. Acalmem seu sistema em vez de estimulá-lo porque o mês é instável.


sem problematizações excessivas e permanentes.

LIBRA (23/9 a 21/10) Librianos podem ter problemas em relação ao autovalor. Amores antigos devem vir à tona ou vocês ainda podem se sentir cansados por enfrentar problemas antigos em relacionamentos. Também há tendência de ficarem sensíveis a críticas, especialmente sobre suas ideias criativas, senso de estilo ou beleza, ou falta de disponibilidade nas relações pessoais. O melhor é responder gentilmente aos relacionamentos que mais importam. Sejam mais amorosos e gentis, especialmente consigo mesmo. Por outro lado, terminem relações difíceis agora com uma sensação de alívio, há

ESCORPIÃO (22/10 a 21/11) Se você está em uma parceria comprometida (pessoal ou profissional), este mês pode ser repleto de conversas e discussões importantes. O que está pensando e não dizendo? Se você não conversou sinceramente sobre o que devia recentemente, reserve um tempo para isso. Os aspectos planetários trarão suporte para resolver todos os problemas por meio de discussões saudáveis. Um excelente mês para tentar fazer algo verdadeiramente notável. Faz sentido expandir sua experiência profissional por meio de treinamento especializado. Você também pode se envolver em empreendimentos de caridade para o benefício da sociedade. SAGITÁRIO (22/11 a 21/12) Este mês é uma das épocas mais poderosas do ano para o sagitariano. Uma energia enorme e potente se infiltra à medida que Júpiter, seu regente, está em aspecto auspicioso com Saturno, especialmente no meio de agosto. Não subestime este mês, use-o a seu favor. Aja com coragem, consciência e decisão. Se você ainda não começou a traçar um plano para um novo começo significativo, todo o universo o direciona para dar esse salto. No entanto, não há necessidade de ter medo de não ser capaz de receber muitas informações novas de uma só vez.

CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1) Capricornianos terão uma supercompensação de energia voltada ao trabalho e podem estar indisponíveis ou exaustos em casa. Se seu lar tem sofrido com a necessidade ou compulsão de trabalhar, agora é a hora de remediar isso. O tempo para a família deve ser prioridade. É importante restaurar as conexões com seus filhos, parceiros e amigos. Férias em família, encontros e reuniões são favoráveis. Concentre-se nas necessidades das crianças e nas brincadeiras com elas. AQUÁRIO (21/1 a 19/2) Para os aquarianos, as duas últimas semanas de agosto, especialmente, são um bom momento para reavaliar o ano sob uma perspectiva mais elevada. Pessoas solteiras enfrentarão turbulências ao entrarem em relacionamentos amorosos; há possibilidade de se apaixonarem repentinamente. Todos os projetos serão executados de acordo com o cronograma e o aquariano será recompensado por seu trabalho. PEIXES (20/2 a 20/3) Este mês é um dos ciclos mais reveladores do ano para Peixes. A combinação planetária atua como um holofote, tornando mais fácil discernir entre o mundo materialista, denso e tecnologicamente abstrato, e o mundo sutil da intuição, dos sonhos e dos símbolos. Você tem maior capacidade de extrair o significado de seus sonhos e de ver sua vida de uma perspectiva mais sutil, espiritual ou simbólica. Se se sentiu isolado ou espiritualmente isolado, este é o momento de tentar se reconectar.

LEIA AS PREVISÕES SEMANAIS EM GL AMURAMA.COM

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ENTRE LENÇÓIS POR ROBERTA SENDACZ

Entre as décadas de 1750 e 1770, quando era necessário compilar o conhecimento e torná-lo acessível, foi lançada a Enciclopédia. Os filósofos franceses Denis Diderot, JeanBaptiste Le Rond d’Alembert, Jean-Jacques Rousseau e Voltaire foram alguns dos autores que se debruçaram nessa missão ao lado de outros nomes proeminentes da época e criaram a publicação com cerca de 300 verbetes dividida em seis volumes: Discurso Preliminar e Outros Textos; Os Sistemas dos Conhecimentos; A Ciência da Natureza; Política; Sociedade e Artes; Metafisica. Nem sempre um verbete é explícito de amor ou sexo, a exemplo de “delírio”, que chega como verbete da medicina. Eles se confundem entre exemplos literais ou figurados: delírio é, ao mesmo tempo, um estágio febril médico e um ápice de patologia circunscrita no erotismo. Vamos a alguns deles. Adultério: “O adultério pode prejudicar extremamente as crianças que dele provém, porque elas não terão nem os efeitos da ternura materna, da parte de uma mulher que vê as crianças somente como objetos de inquietude ou castigo pela infidelidade, nem qualquer vigilância sobre seus costumes, da parte de uma mãe que não possui mais costumes e que perdeu o gosto pela inocência”. Fornicação: “Traduziu-se pela palavra fornicação as impiedades do povo judeu em relação aos deuses estrangeiros, porque entre os profetas tais impiedades são chamadas impurezas, sujeiras [...]. A fornicação, enquanto união ilegítima de duas pessoas livres e sem parentesco, é propriamente um comércio carnal cuja permissão não foi dada por um padre”. Galanteria: “A galanteria considerada

como um vício do coração é apenas libertinagem a qual se deu um nome honesto. Em geral os povos não perdem a oportunidade de mascarar os vícios comuns por denominações honestas. As palavras galante e galanteria possuem outras concepções”. Gozo: “Gozar é conhecer, provar, sentir as vantagens de possuir. Com frequência, possuímos sem gozar. De quem são estes magníficos palácios? Do soberano. Quem plantou estes jardins imensos? O soberano. Quem desfruta deles? Eu”. Casamento: “É a primeira, a mais simples de todas as sociedades e é a sementeira do gênero humano. Uma mulher, filhos, são como uma garantia que o homem dá a fortuna, são como novas relações e laços ternos que começam a germinar em sua alma. [...]. As moças que são conduzidas à liberdade pelo casamento, que têm um espírito que não ousa pensar, um coração que não ousa sentir, olhos que não ousam ver, ouvidos que não ousam escutar, condenadas sem trégua, a preceitos e as bagatelas, vão necessariamente para o casamento”. Sensibilidade, sentimento: “Sensibilidade é a faculdade de sentir, o princípio sensitivo ou o sentimento mesmo das partes, da base e do agente conservador da vida, a animalidade por excelência, o mais belo, o mais singular fenômeno da natureza etc. A sensibilidade é, no corpo vivo, uma propriedade que certas partes têm de perceber impressões dos objetos externos e, em consequência disso, produzir movimentos proporcionais ao grau de intensidade da percepção”. n

ROBERTA SENDACZ É FORMADA EM JORNALISMO E FILOSOFIA, ESPECIALIZADA EM FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA E EROTISMO

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FOTO FERNANDO TORRES; ARTE ISABELLE TUCHBAND

Verbetes precisos


AGRADECIMENTOS

NANDO SANTOS É quem assina as ilustrações da entrevista com o escritor britânico David Baker

RODRIGO POLACK Para compor o look de Thai de Melo Bufrem, o stylist contou com peças de grifes internacionais

MAURICIO NAHAS Após um breve hiato na J.P, o fotógrafo clicou nossa capa em seu estúdio em São Paulo

J.P NAS REDES

ANDRE VELOSO Em sua estreia na revista, o maquiador teve a missão de ressaltar a beleza de Thai

MARIANA CALDAS A fotógrafa imprimiu seu olhar na nova coluna Ponto V

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MARCAS DO MÊS

CARTAS@GLAMURAMA.COM

FOTOS JORGE BISPO, ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL

@sonianeves92 Essa mulher é maravilhosa!!!! @ritaalmeida8538 Arrebentou Jorge Bispo. Leandra Leal é linda mas seu olhar cobriu-a de mais beleza @renatatelesdama Leandra é maravilhosa!!! Talentosa, carismática, humana! Artista que se posiciona! Amamos @cindara5.0 meu sonho essa revista

+55 Design + 55-DESIGN.COM Amoreira + AMOREIRA.COM.BR Antonio Bernardo + ANTONIOBERNARDO.COM.BR Bottega Veneta + BOTTEGAVENETA.COM Burberry + BURBERRY.COM Calzedonia + CALZEDONIA.COM.BR Cartier + CARTIER.COM CJ Fashion + CJFASHION.COM Cris Barros + CRISBARROS.COM.BR Dior + DIOR.COM Dpot + DPOT.COM.BR Iguatemi 365 + IGUATEMI365.COM Lider Interiores + LIDERINTERIORES.COM.BR Louis Vuitton + LOUISVUITTON.COM Lumini + LUMINI.COM.BR Prada + PRADA.COM Salvatore Ferragamo + FERRAGAMO.COM Tiffany & Co. + TIFFANY.COM Trousseau + TROUSSEAU.COM.BR YSL + YSL.COM

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Ú LT I M A PÁ G I N A

RONALDO FRAGA

A moda proposta pelo estilista mineiro de 53 anos é um mergulho profundo às raízes, cultura e ensinamentos sobre o Brasil. Apesar de sua busca pela memória do que fomos e o que somos, Ronaldo não se prende a estereótipos, quaisquer que sejam. Há dois anos, vive ao lado do apicultor Hoslany Fernandes, que conheceu pelo que há de mais atual: trocando mensagens pelo Instagram. Ele se separou da mulher depois de um feliz casamento de quase duas décadas e o match veio. É isso, Fraga nunca foi só um croqui. por fernanda grilo

que vivemos. J.P: ARTISTA QUE TODO MUNDO DEVERIA CONHECER? RF: Bento de Sumé [escultor

um casamento feliz de quase 20 anos para seguir as batidas do coração.

paraibano].

J.P: O AMOR EM TEMPOS DE INTERNET? RF: A internet encurtou os

e Vivienne Westwood forever!

caminhos do encontro, mas enxergar o amor nessa seara hoje nos exige muito mais. J.P: O QUE O HOSLANY REPRESENTA PARA VOCÊ E SUA VIDA? RF: Um equilibrista de circo

mambembe que me encoraja enfrentar abelhas e leões. J.P: ONDE E QUANDO É MAIS FELIZ? RF: Numa cachoeira com o

meu namorado.

J.P: O QUE NINGUÉM SABE SOBRE VOCÊ? RF: Guardo todos os meus

álbuns de figurinhas colecionados na infância. De Disney até personagens da TV. J.P: UMA EXTRAVAGÂNCIA? RF: Comprei dois caminhões

de bolinhas brancas, que vieram de Santa Catarina, para encher uma piscina de 30 x 10 metros que foi cenário do desfile Festa no Céu na SP Fashion Week. Até hoje tem bolinhas nos cantos do prédio da Bienal. J.P: UMA INQUIETUDE? RF: Fazer do meu ofício um

verdadeiro registro do tempo

J.P: REFERÊNCIA DE MODA? RF: As estilistas Rei Kawakubo J.P: COMO DEFINE A MODA BRASILEIRA? RF: Uma indústria com poten-

cial econômico e cultural gigantescos.

J.P: O QUE É SER BEM-SUCEDIDO? RF: Manter a paixão pelo seu

ofício e pagar as contas e caprichos com os frutos dele.

J.P: MODA SEM PROPÓSITO É... RF: Ter coleções inspiradas

na Amazônia, indígenas, sustentabilidade, oceanos, liberdades… e ajudar a eleger um demônio como esse que está no poder. J.P: POESIA X POLÍTICA? RF: Fazer poesia é também

uma forma poderosa de se fazer política. Mas nem sempre os políticos entendem de poesia…

MUNDO? RF: Nordeste brasileiro. J.P: OCUPAÇÃO PREFERIDA? RF: Desenhar os meus cader-

nos de coleção.

J.P: O QUE NUNCA FALTA NA SUA CASA? RF: Música brasileira, sempre. J.P: UM DISCO, UM FILME E UM LIVRO RF: Mel, de Maria Bethânia;

O Baile, de Ettore Scola, e Paixões Alegres, de José Antônio de Souza.

J.P: MANIA? RF: Ler três livros ao mesmo

tempo.

J.P: VÍCIO? RF: Minhas duas taças de vinho

diárias.

J.P: NÃO PODE FALTAR NO CAFÉ DA MANHÃ? RF: Um shot de água com

limão e própolis.

J.P: PECADO GASTRONÔMICO? RF: A comida mineira. J.P: FRASE? RF: Os homens planejam e

Deus ri [provérbio iídiche].

J.P: MOMENTO DE MAU HUMOR? RF: Com a política brasileira. J.P: O QUE VOCÊ VESTE? RF: Linho, moletom e adoro

J.P: SONHO DE INFÂNCIA? RF: Ter a Rural [carro utilitário

J.P: LUGAR PREFERIDO NO

o que planto.

maxicamisas.

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fabricado até os anos 1970] verde e branca do meu avô.

J.P: O QUE FALTA REALIZAR? RF: Viver na roça, consumindo

FOTO ANA COLLA/ARQUIVO PESSOAL

J.P: MAIOR LOUCURA QUE FEZ POR AMOR? RONALDO FRAGA: Terminar


O MELHOR DAS LIVES

FOTOS MAURÍCIO NAHAS; DIVULGAÇÃO INSTITUTO IGARAPÉ; BOB WOLFENSON; ROBERTO SETTON; GETTY IMAGES; REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

Acompanhe as entrevistas de Joyce Pascowitch com os personagens mais relevantes do país no Instagram @revistapoder

Ilona Szabó, cientista política

Luiza Helena Trajano, empresária

Ester Sabino, médica e pesquisadora

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente

João Doria, governador de SP

Michel Temer, ex-presidente

revistapoder.com.br /revista-poder-joyce-pascowitch

@revistapoder

@_PoderOnline

/Poder.JoycePascowitch



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