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FOTOSSÍNTESE

J.P foi entender o universo da estética e da cura espiritual do povo huni kuin, que tem desviado a rota de férias de uma turma antenada para o Acre

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por beatriz manfredini fotos camilla coutinho

Depois do sucesso de Alto Paraíso, em Goiás, o hype agora para quem busca autoconhecimento fica no Acre: é lá que mora o povo huni kuin, na região do rio Jordão. Conhecidos por suas práticas medicinais e profundo conhecimento das plantas, eles começaram a chamar a atenção em 2011, depois de lançar o livro Una Isi Kayawa – O Livro da Cura, com o objetivo de disseminar suas tradições. Hoje, são reconhecidos no Brasil e seu principal cacique e pajé, Tadeu Huni Kuin, faz viagens nacionais e internacionais para participar de exposições e dar palestras. Em um encontro exclusivo com a J.P em São Paulo, onde Tadeu tem uma casa de apoio, descobrimos um pouco mais sobre essa história. Mas ele avisa: “A gente não mostra tudo que é sagrado. Tem coisa que é só nossa”.

O QUE AS PESSOAS BUSCAM?

“Elas querem sentir a energia e a força da floresta, conhecer a natureza e, claro, nossos rituais. É possível participar de tudo, mas o que mais recebemos são pessoas buscando uma cura interior. Só de chegar lá, a primeira respirada já é diferente.”

COMO ACONTECE ESSA CURA?

“Tudo começa com o pajé. Ele sabe do que cada pessoa precisa, já que está conectado com a natureza, os remédios e as rezas. Ele pode até saber se você está doente pelos seus sonhos. Se não descobrir, vai preparar um chá de ayahuasca, que ajuda a desvendar essas doenças interiores e como elas devem ser tratadas.”

QUAIS SÃO OS TIPOS DE CURA?

“As curas podem ser feitas com cantorias, rapés, ayahuasca, banhos de ervas, defumação... Elas podem tratar timidez, preocupações e até doenças da alma, como depressão – quem está sofrendo com doenças físicas e graves não pode entrar. Um tipo que todos buscam hoje é o rapé: um pó com folhas de tabaco e ervas, que é assoprado no nariz do indivíduo. É uma proteção para o corpo e o espírito.”

A coleção de fotografias desta matéria é do livro Slit in Time - Uma Fenda no Tempo, da fotógrafa Camilla Coutinho, que foi exposto na Bienal de Veneza a convite do artista plástico Ernesto Neto, que o levou para compor sua instalação

QUEM PODE IR?

“Todos os anos temos festivais com pessoas de fora. No caso da nossa aldeia, eles acontecem em dezembro para 60 a 80 pessoas. Nós os recebemos de coração aberto e com amor, para que retornem à sua vida mais tranquilos e renovados.”

ARTESANATO HUNI KUIN

“Os nossos artesanatos e roupas são feitos pelas mulheres e têm geometrias específicas que representam 63 animais. Dão proteção, força, energia, cada um tem um significado. A estampa principal é da jiboia, que quer dizer natureza, terra. Para usar essa, precisa ter alcançado um cargo específico na aldeia.”

Para saber mais, acesse @guardioeshunikuinrj.

F O T O S PA J É E P R O D U T O S J A I R O M A LTA ; D I V U LG A Ç Ã O

Pajé Tadeu Huni Kuin em sua casa no Butantã, em São Paulo

QUEM JÁ FOI

Alix Duvernoy, Raphael Tepedino, Fernanda Baffa, Roberta Abud, Ernesto Neto, Camilla Coutinho e Anna Dantes

Tecidos da aldeia do pajé Tadeu

PARA ENTRAR NO CLIMA DO ARTESANATO INDÍGENA

CERÂMICAS

Artesol

CARTEIRA

Akra Collection

BANCO

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