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TREINAMENTO CORPORATIVO

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CARTAS

CARTAS

por sergio chaia

CONFLITO SEM CONFRONTO “S ou vítima do meu próprio sucesso.” Foi com essa frase mulher escolhia um de arte, lá ia ele para o cinema indicado pela mulher. e em tom de desabafo que o CEO O leitor pode achar o sujeito perdido, de uma grande multinacional me sem expressão ou voz, mas não era o confidenciou o que gostaria de caso. Ao contrário. Era bem-sucedido “trabalhar” em si. Ele vocalizava na empresa e no casamento. sua grande perícia em harmoniAcontece que, além da frustração zar interesses por uma agenda copor não impor suas ideias, percebeu mum. Mas o que um dia foi reméque precisava partir para o conflito. dio virou veneno. A habilidade foi Não só pelo seu bem-estar, mas tamsendo exigida ao extremo, o que bém para obter resultados. Situações o obrigou a quase silenciar sobre inusitadas, concorrentes novos, prestemas que precisava costurar – e são por metas em situação adversa opinar. E então, ao perceber esse exigem as melhores ideias. Muitas movimento, um sentimento de delas aparecem justamente na diverfrustração apareceu, acompanhasidade de opiniões. do de uma baixa autoestima que Pode-se chegar ao conflito sem a influenciava sua performance. necessidade do confronto. Não é pelo

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Para piorar, ele levava essa caracconfronto que surgem alternativas e terística também para a vida pessoal. opiniões distintas. Devemos nos arSe queria ir a um restaurante italiamar de perguntas, não do embate dino, mas a esposa preferia um japoreto, o famoso fogo contra fogo. Innês, eles iam ao japonês. Se um filme terrogar é convidar à reflexão, ainda de ação chamava sua atenção, mas a que momentânea. Indagar tem ainda mais eficácia se às pergunas forem acopladas alternativas, ideias novas que devem ser apresentadas de forma sutil e engajadora.

No caso do CEO em questão, a saída foi praticar a nova competência em ambientes de menor risco: na vida pessoal. Fizemos o seguinte experimento: toda vez que a esposa optava por um restaurante diferente do seu, em vez de apenas concordar ou negar, ele apresentava outra alternativa em forma de pergunta. Assim, diante da escolha pela culinária japonesa da companheira, propunha: “Abriu um italiano ótimo de um chef renomado aqui perto, o que você acha?”.

Perceba que ele não discordou ou bateu de frente, apenas propôs uma alternativa. Resultado: de cada dez eventos, convenceu a esposa em seis. Uma evolução para quem não dizia o que pensava. Depois ele levou a prática para o ambiente corporativo, em assuntos mais complexos, e os resultados foram parecidos. O que mudou para o CEO ao fim do processo foi um incremento da autoestima, performance e capacidade de gerar melhores ideias. Ativos importantes no trabalho e na vida.

Conflitar é uma arte e adotar a prática de maneira sutil e mobilizadora, uma jornada quase eterna. Se abraçarmos a causa, os frutos aparecerão mais cedo do que pensamos. n

Sergio Chaia é coach de CEOs e atletas de alto rendimento e faz mentoria na Endeavor. Ex-CEO da Nextel e da Sodexo, é autor do livro Será que É Possível? (ed. Integrare)

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