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Colégio Sévigné

Colégio Sévigné

Estudamos, eu e a Dety, no Sévigné, um colégio de freiras francesas, do curso primário até o clássico. Começamos logo a achar muito chatas as aulas de religião e as missas que tínhamos que assistir às sextas-feiras.

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Lembro nitidamente do primeiro dia em que voltamos ao colégio depois da morte dos meus pais. Entramos nas respectivas salas levadas pelas freiras. Quando cheguei, se fez um silêncio pesado que me fez mal. Na hora do recreio, as freiras não nos deixaram ir para o pátio com as colegas, temendo, talvez, que elas nos fizessem perguntas inconvenientes. Ficamos numa sala com uma freira, eu e a Dety, odiando aquele castigo, querendo estar no pátio como todo mundo.

Até o final do primário, eu fui uma aluna comportada e quieta. A partir do ginasial, apesar de continuar com boas notas, comecei a ficar rebelde. Cabulava aulas, ria durante as missas, puxava o véu das freiras, falava sem parar na sala de aula.

Era como se eu precisasse dessa rebeldia para seguir em frente. Meu avô seguidamente era chamado no colégio para ouvir queixas do comportamento da neta. Fui parar algumas vezes na sala da Madre Diretora, o cúmulo do castigo. Lá, eu ficava ouvindo preleções sobre o meu comportamento rebelde.

Apesar de tudo, tenho boas lembranças daquela época, do começo da minha rebeldia adolescente, das primeiras amizades, das festas, dos passeios à serra, das quermesses, dos recitais de poesia, das broncas, dos castigos. De mim tocando “Pour Elise” no palco, ou declamando nas festas da escola.

Depois de muitas dúvidas existenciais, resolvi, junto com três amigas do colégio, fazer vestibular para Biblioteconomia.

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Eu conhecia muito pouco do curso, mas fui convencida, principalmente, porque era fácil conseguir trabalho como bibliotecária. Tudo o que eu queria, depois de concluir o curso, era ser independente, ganhar meu salário e morar sozinha, se possível, longe da família.

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