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Salvador, atrás do trio elétrico, anos 70

Salvador, atrás do trio elétrico, anos 70

Passei muitos carnavais em Salvador com Helena, Graça e meu irmão Eduardo, entre outras pessoas. Eram os anos 70, de muitos delírios e sonhos.

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Vínhamos do Rio de ônibus. Dormíamos algumas horas na casa da Graça e passávamos o dia na folia sem fim da cidade, até o amanhecer, brincando atrás dos trios elétricos, tomando cervejas no meio da alegria contagiante da multidão.

Te encontrei muitas vezes nas esquinas, sentado numa calçada, ou no meio da folia. Saíamos para tomar fôlego, uma coca ou uma cerveja num dos muitos botecos do caminho. Trocamos histórias de encontros ao acaso, de risos na multidão. Ou descíamos até a praia para mergulhar e ficar secando ao sol ouvindo o barulho da folia. De manhãzinha, voltávamos exaustos para casa. Um banho e um sono de pedra para acordar ao meio-dia e entrar de novo na festa daqueles dias de sol e cerveja.

Uma noite, dormimos nas areias da Praia da Barra, coisa impensável nos dias de hoje. Acordamos de manhã, fomos em casa tomar um banho e seguimos na folia.

Foi uma época de trocas e sonhos, de alegrias delirantes, de encontros ao acaso nas esquinas, ou no meio da multidão bonita e alegre descendo ou subindo as ladeiras entre as igrejas, os becos e o sol. Às vezes a multidão ficava compacta demais e era impossível continuar sem levar empurrões. Saíamos de mansinho, esperando a loucura acalmar.

Reinaldo, um amigo nosso, estava tão cheio de cerveja e “outras coisinhas mais” que um dia foi parar embaixo de um trio elétrico. Teve mais sorte do que juízo (como diria minha avó), passou entre as rodas e não se machucou.

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Nos anos seguintes, a violência tomou conta do carnaval de Salvador e ficou difícil voltar a brincar naqueles dias de sol e cerveja atrás dos trios elétricos. O sonho começava a acabar.

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