número 08 | ano 02 outubro a dezembro 2011 Publicação Sinepe/PR
Educação de Alta Performance
Matrículas Já é hora de pensar no ano letivo de 2012
Pré-vestibular As provas estão aí, prepare-se nesta reta final
Opiniões divididas Será que o ensino da letra cursiva será abolido do currículo escolar?
e.di.to.ri.al
ex.pe.di.en.te
adj m+f
adj m+f
Conselho Diretor gestão 2010/2012
Com o segundo semestre em andamento, o ano letivo já vai se aproximando do fim. Para quem é pai de primeira viagem, é hora de pensar em matrículas.
Para quem já está na escola, o momento também é de garantir a rematrícula para dar continuidade ao processo educacional em 2012. Se você vai mudar de cidade ou tem dúvidas sobre qual escola é a melhor para o seu filho, a Escada traz excelente reportagem para deixar os pais mais seguros. Nesta edição, você confere também entrevista com o psiquiatra e educador Içami Tiba. Ele reforça a importância da família na educação dos filhos, afinal a escola é parte deste processo, mas não pode agir sozinha. A revista traz ainda a reta final para as provas de vestibular, a polêmica de alguns cursos superiores, além de artigos e dicas culturais.
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Diretoria de Ensino Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias
José Antonio Karam Gilberto Vizini Vieira Esther Cristina Pereira Noely Luiza D. Santos José Luis Chong Jaime M. Marinero Vanegas Ana Dayse Cunha Agulham
Conselheiros 1º Conselheiro Jorge Apóstolos Siarcos 2º Conselheiro Pedro Roberto Wiens 3º Conselheiro Raquel Momm de Camargo 4º Conselheiro Irmão Frederico Unterberger 5º Conselheiro Paulo Arns da Cunha 6º Conselheiro Durval Antunes Filho 7º Conselheiro Roberto A. Pietrobelli Mongruel 8º Conselheiro Juliana Toniolo Sandrini 9º Conselheiro Renato Ribas Vaz 10º Conselheiro Magdal J. Frigotto 11º Conselheiro Vanessa C. Sanches Conselho Fiscal Efetivos Orlando Serbena Márcia E. Dequech Henrique Erich Wiens
Suplentes Elvis Tadeu Gilioli Edison Luiz Ribeiro Ir. Anete Giordani
Delegados Representantes - Fenep Ademar Batista Pereira José Manoel de Macedo Caron Jr.
Boa leitura!
Diretorias regionais SINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel) Diretor Presidente Adilson J. Siqueira Diretor de Ensino Superior Maria Débora Venturin Diretor de Ensino da Educação Básica Lauro Daros Irmã Mareli A. Fernandes Diretor de Ensino da Educação Infantil Ione Plazza Hilgert Diretor dos Cursos livres/Idiomas Denise Veronesi Trivelatto
Ademar Batista Pereira Presidente
Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR. Editada pela Editora Inventa Ltda - CNPJ 11.870.080/0001-52 Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR Conteúdo IEME Comunicação www.iemecomunicacao.com.br Jornalista Responsável
Taís Mainardes DRT/PR 6380
Redação
Marília Bobato, Eduardo do Valle, Flávia Ferreira, Felipe Gollnick, Mariana Nunes, Marina Gallucci, Mateus Ribeirete, Priscilla Scurupa
Projeto gráfico e ilustrações
D-Lab – www.dlab.com.br
Revisão
Adriana Brum
Comercialização Márcio M. Mocellin, Ana Amaral e Verônica Souza Críticas e sugestões
contato@editorainventa.com.br
Comercial
veronica@editorainventa.com.br
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista. Conselho editorial Jacir J. Venturi, José Antonio Karam José Manoel de Macedo Caron Jr. Márcio M. Mocellin Aprovação Ademar Batista Pereira Tiragem Impressão e acabamento Logística e Distribuição
Diretoria Executiva Presidente Ademar Batista Pereira 1º Vice-Presidente Jacir José Venturi 2º Vice-Presidente Oriovisto Guimarães Diretor Administrativo Ailton R. Dörl Diretor Econômico/Financeiro Rosa Maria C. V. de Barros Diretor de Legislação e Normas Maria Luiza Xavier Cordeiro Diretor de Planejamento José Manoel de Macedo Caron Jr.
11 mil exemplares Maxigrafica A&D Comercial
SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu) Diretor Presidente Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior Fouad Mohamad Fakin Diretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio Krefta Diretor de Ensino da Educação Infantil Larissa Jardim Zeni Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Márcia Nardi e Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão) Diretor Presidente Ivone Maria Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior Hélio Jair dos Santos Diretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi Donadel Diretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu Pastorello Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa) Diretor Presidente Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior Marco Antônio Razouk Diretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites Bet Diretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco Rodrigues Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins Diretoria da Regional Central Diretor Presidente Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino da Educação Básica Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor dos Cursos livres/Idiomas
Antonia Eliane Vezzaro Salette Silveira Azevedo Telma E. A. Leh Cristiane Siqueira de Macedo Marcos Aurélio Lemos de Mattos
ins.ti.tu.cio.nal adj
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná – Sinepe/PR oferece às instituições associadas apoio e orien-
tação necessários ao bom desempenho de suas atividades, nas áreas pedagógica, administrativa, contábil, jurídica e de imprensa. Para prestar os melhores serviços aos seus associados e, consequentemente, à população paranaense, o Sinepe/ PR conta com o portal da Escola Particular do Paraná. Lá é possível acessar a programação de eventos, cursos e palestras sobre educação, banco de currículos, sugestão de calendário escolar, informações sobre a legislação e ainda se informar por meio do boletim diário de notícias educacionais. Atualmente, são mais de 2 mil instituições associadas que utilizam esses serviços. Hoje, a atuação do Sinepe/PR engloba Curitiba e cinco regionais: Oeste (Cascavel), Cataratas (Foz do Iguaçu), Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão), Campos Gerais (Ponta Grossa) e Central (Guarapuava / União da Vitória). Mais informações e serviços: www.escolaparticularpr.com.br.
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ín.di.ce sm
08.
Sustentabilidade na prática
10/11.
Muitos caminhos para um só destino
12/13.
Sexualidade com responsabilidade
14/15.
A decisiva escolha da escola ideal
16/19.
Entrevista: Içami Tiba
20/21.
Corpo são, mente sã
22/23.
Diploma desempenha papel fundamental no mercado de trabalho
24/25.
Escrita cursiva x Tecnologia
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Dicas Culturais
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Artigo: Vigilância sanitária nas escolas
28.
Artigo: Pais tigres e pais pandas
29.
Artigo: Permissividade e controle
30.
Artigo: A violência e a indisciplina
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ins.ti.tu.cio.nal adj
Canteiro da Educação Quem incentiva o envolvimento das escolas em ações de voluntariado tem de dar o exemplo. Assim, o Amo Curitiba ações
voluntárias arregaçou as mangas e criou seu próprio projeto: o Canteiro da Educação. A ideia surgiu há mais de 10 anos. Na época, foi realizada uma pesquisa com 1,9 mil alunos de três escolas de Curitiba e constatou-se que apenas 8% participam sistematicamente de ações voluntárias. No entanto, 71% gostariam de participar, mas não sabiam como. O programa é voltado para o trabalhador da construção civil (vigias de obras, seus familiares e amigos) e conta com duas linhas de atuação. Uma é oferecer aulas de alfabetização e ensino continuado até o Ensino Médio em um local de fácil acesso aos operários. Pode ser no próprio canteiro de obras, uma escola próxima ao canteiro ou em local a combinar com a empresa e com os alunos. A outra, garante orientação ao trabalhador já alfabetizado, que é incentivado a dar continuidade aos estudos. Todo o projeto é realizado por pessoas da equipe do Sinepe/PR e voluntários orientados. Achou interessante e quer participar? Os interessados em atuar como professores voluntários, independente de sua profissão, podem entrar em contato com o Sinepe/PR.
Mais informações sobre a programação: 41 3078-6933 www.amocuritiba.org.br
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T / Marília Felipe Gollnick Bobato F / Adriano Forbeck Carlos Iida e divulgação Sinepe/PR
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na prática Planeta Reciclável® leva estudantes a São Paulo para conhecer a fábrica da Meiwa Embalagens e a atuação da CORA
O termo educação ambiental ainda pode ser um tanto confuso para alguns, mas para 28 estudantes da rede particular de ensino
de Curitiba o assunto está na ponta da língua. Inclusive, pôde ser colocado em prática com trabalhos sobre a reciclagem do Poliestireno Expandido (mais conhecido como Isopor®), material que muita gente nem sabe que pode ser reciclado. Com muita criatividade e disposição, os alunos das instituições de ensino Centro Educacional Evangélico, Colégio Acesso, Colégio Bom Jesus, Colégio Energia Ativa, Colégio Opet, Colégio Saint Germain, Colégio Stela Maris, Colégio Técnico de Curitiba, Escola Atuação, Escola da Colina, Escola Interativa e Itecne – Madalena Sofia apresentaram seus trabalhos durante a II Mostra da Escola Particular sobre Reciclagem de Resíduos Sólidos, realizada pelo Sinepe/PR, no mês de junho. Na oportunidade, também puderam ensinar ao público que passou pelo Palladium Shopping Center um pouco mais sobre o conceito de sustentabilidade e reciclagem. Como recompensa pelo bom trabalho, os estudantes foram premiados com uma viagem para São Paulo, realizada no dia 24 de setembro. Lá, eles puderam conhecer o projeto Amigos da Natureza da Meiwa Embalagens que trabalha com a reciclagem do Isopor® e a atuação da Cooperativa de Reciclagem de Arujá (CORA). A iniciativa é do Sinepe/PR por meio do projeto Planeta Reciclável. Para quem gostou da ideia, ano que vem tem mais. A III Mostra de Reciclagem de Resíduos Sólidos acontece sempre em junho, durante a Semana Nacional do Meio Ambiente. Podem participar do projeto alunos de 5ª a 8ª série e Ensino Médio de instituições de ensino associadas ao Sindicato. Mais informações: 41 3078-6933.
T / Eduardo do Valle
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Muitos caminhos para um só Interdisciplinaridade surge como opção de formação plena de alunos e deve ser usada desde o Ensino Infantil
Responsável por emocionar plateias de cinema por todo o mundo no ano 2000, o filme A Corrente do Bem propõe uma discussão que vai além das telas. Na trama, o garoto Trevor (Haley Joel Osment) surpreende seu professor e comunidade ao propor, para um trabalho de Estudos Sociais, uma técnica de estatística para melhorar o mundo ao seu redor: fazer o bem a três pessoas que teriam, como retribuição, de repassar a bondade a outras três pessoas e assim consecutivamente. Sem perceber, Trevor estava fazendo a diferença na história, ao usar uma técnica de grande valia para o ensino: a interdisciplinaridade.
Adotada por diversas escolas, a prática interdisciplinar consiste em aproveitar técnicas de duas ou mais disciplinas para abordar um mesmo tema. O resultado é uma compreensão global da aplicação do ensino na prática. Para Kátia Soares, coordenadora de Estágio na Facinter, a aplicação da interdisciplinaridade, especialmente na formação de base, auxilia na construção de “cidadãos mais críticos, com visão de conjunto, de totalidade, que sabem agir dentro de contextos específicos e, ao mesmo tempo, estabelecer relações amplas do conhecimento com a realidade em que vivem”.
Segundo a pedagoga, existe uma necessidade de aplicar a interdisciplinaridade ainda no Ensino Infantil, terreno fértil para o conhecimento compartilhado. “Nessa fase, o aluno não precisa, necessariamente, saber que o que está aprendendo pertence ao conteúdo de História ou Matemática. O trabalho a partir do lúdico e da brincadeira é o mais adequado e pode estar voltado para a interdisciplinaridade”, diz. Foi justamente para demonstrar a aplicabilidade do ensino no cotidiano que o Colégio Stella Maris instituiu a Semana da Interdisciplinaridade, evento em que os professores expõem projetos nos quais os alunos podem transitar e superar os limites de cada disciplina. A diretora do colégio, Lenita Venantte, explica que o trabalho de um ano, apresentado no fim de forma conjunta, auxilia os alunos a compreenderem como cada conteúdo pode dialogar com e os outros. E, se no caso de A Corrente do Bem, o professor (Kevin Spacey) é um descrente na iniciativa do aluno, nas salas de aula da vida real, o mestre deve ser o primeiro a incentivar a prática, “em qualquer um dos níveis de instrução”, relembra a pedagoga Kátia.
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T / Felipe Gollnick F / Adriano Forbeck
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SEXUALIDADE COM Você já deve ter escutado alguém comentando o fato de que os jovens aprendem e fazem coisas complexas com cada vez menos tempo de vida. Com a vida sexual do brasileiro,
parece que também é assim. A última pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, em 2009, aponta que 26,8% da população brasileira sexualmente ativa teve a primeira relação sexual antes dos 15 anos de idade. O estudo revela ainda que, entre as pessoas que tiveram relações com parceiros casuais, menos da metade (45,7%) fez uso de preservativos. Um dado preocupante que acaba deixando em evidência a necessidade de debater a educação sexual em casa, entre os amigos e nas escolas. As conversas e o interesse pelo assunto iniciam cedo entre os estudantes. “A preocupação com o sexo pode começar desde a 3ª série do Ensino Fundamental”, explica a orientadora educacional do Colégio Novo Ateneu, Margarete Cunico. Ela conta que, pela televisão e internet, os alunos entram ainda pequenos em contato com o universo do sexo e chegam à escola sabendo de muitas coisas. “A gente percebe que eles conversam entre si sobre beijo, gravidez e outras coisas que viram na televisão”, diz.
Projeto Menarca Uma iniciativa do Colégio Sepam, de Ponta Grossa, vem chamando a atenção por uma forma inusitada de abordagem: em vez de adultos passando conhecimento para os alunos, são os próprios adolescentes que conversam entre eles mesmos. Ou melhor: elas mesmas.
Margarete conta que no Novo Ateneu há uma equipe de profissionais capacitados para atender aos estudantes sempre que houver dúvidas. “Pedimos autorização aos pais do aluno para conversar sobre o assunto com ele e, a partir daí, fazemos uma abordagem”. Ela também diz que os alunos estão abertos para conversar sobre o tema e dialogam sem grandes embaraços. “Muitas vezes, o adolescente confia mais na escola do que na família para falar sobre sexo”, afirma a orientadora educacional, deixando claro que essa aceitação por parte dos alunos depende sempre da abordagem feita pelo próprio colégio. Na Escola Atuação, o Projeto Sou Responsável por Mim, pelo Meu Corpo e Minha Vida fez os estudantes das 7ª e 8ª séries se mexerem durante o último mês de agosto: um pintinho foi dado a cada adolescente, que deveria cuidar do filhote durante um período de 6 a 10 dias. O objetivo do projeto, que já tem 12 anos de existência, é conscientizar os alunos a respeito das dificuldades e das responsabilidades envolvidas em uma gravidez precoce. Durante o tempo em que cuidaram dos pintinhos, os estudantes tiveram de levar o bicho para todos os lugares. “O curioso é que muitos alunos colocam lacinhos e fazem enfeites para diferenciar seus filhotes”, explica a diretora Esther Cristina Pereira. “Por outro lado, há aqueles que deixam de alimentar os pintinhos para que morram e não precisem cuidar mais. Mas se morrer, nós damos outro, afinal, a tarefa deve ser cumprida”, conta.
No Projeto Menarca (termo que significa a primeira menstruação), um grupo de jovens voluntárias de 12 a 16 anos se reúne para visitar outras estudantes da mesma faixa etária em colégios estaduais, municipais e particulares. Nessas visitas, as garotas conversam sobre sexualidade, prevenção à gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis – sem nenhum adulto ou garoto por perto. “A educação entre estudantes da mesma idade favorece a quebra de barreiras de linguagem”, afirma o coordenador do Projeto Menarca, Nelson Canabarro. “As adolescentes falam de sua realidade atual e não do passado, como aconteceria se o trabalho fosse feito por um adulto”. Além desse diálogo facilitado e direto, um dos grandes objetivos do projeto é o “empoderamento” da mulher adolescente, ou seja, a promoção da consciência dela a respeito do seu poder de decisão sobre o ato sexual. “Assim ela pode usar esse poder para exigir a prevenção por parte do parceiro e também para que ela decida qual o melhor momento para ter a primeira relação sexual”, explica Canabarro. As visitas das voluntárias às outras escolas acontecem semanalmente e podem ser feitas também em entidades, empresas e outras comunidades organizadas. Desde 2002, quando o Menarca foi criado, a iniciativa recebeu vários prêmios e cerca de 19 mil adolescentes foram atendidas.
Já na Escola Projeto 21, a educação sexual está na grade curricular. “O conteúdo é contemplado a partir do 5º ano e faz parte do estudo do corpo humano”, explica a diretora Yara Amaral. O trabalho ainda ganha fôlego com pesquisas sobre atitudes e gênero (como a força que os papéis masculino e feminino carregam, por exemplo). O assunto é debatido até o 9º ano com o levantamento de questões, discussões em grupos e leituras de materiais. A instituição ainda chama profissionais, como médicos e psicólogos, para dialogar com os pais e os estudantes. “E, dependendo da situação, as conversas são separadas, só entre meninos ou meninas”, diz Yara. “O que acontece muito é que os alunos começam a procurar a coordenadora ou o professor para estender o papo”, conta a diretora. O coordenador Nelson Canabarro e as voluntárias do Projeto Menarca
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T / Priscilla Scurupa
A decisiva escolha da As matrículas estão abertas e chegou a hora de decidir onde seu filho vai estudar no ano que vem. Não importa
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a fase em que a criança ou o jovem se encontra - seja ela a educação infantil ou a fundamental -, o processo de escolha é motivo de preocupação e um grande dilema que todos os pais vivem. As alternativas são muitas e a receita pronta não existe. Entretanto, algumas dicas podem ajudar na decisão. Inicialmente, é preciso entender a proposta pedagógica de cada escola. A diretora de educação básica do Colégio Opet, Edna Percegona, explica que “a proposta precisa estar além do papel. Deve ser possível perceber os princípios pedagógicos e as diretrizes que orientam a escola desde a primeira visita”. E a porta de entrada para essa visita, segundo a assistente pedagógica do Sinepe/PR, Fátima Chueire, é a secretaria. “O primeiro contato da família com a escola é ali. Pais e mães devem observar a organização desse espaço administrativo e solicitar os Atos Legais que habilitam o funcionamento da instituição”. Converse também com a coordenação e a direção. Dessa forma, você pode avaliar a receptividade e o atendimento, fatores essenciais para um diálogo que deverá ser mantido enquanto a criança permanecer na escola. Conheça os professores, responsáveis
por aplicar toda a teoria da proposta pedagógica. Mais do que saber lidar com crianças, estes devem ter formação, preparação e consciência de seus papéis como educadores. “Escolas que se preocupam com a formação e capacitação permanente de suas equipes conquistam, além de profissionais capazes, equipes motivadas e comprometidas”, afirma Edna. Observe o método de ensino, a atenção do profissional com os alunos e a relação entre eles. Questione sobre situações hipotéticas como, por exemplo, problemas de disciplina que possam ocorrer em uma sala de aula. A resposta ajuda a entender a forma com que a escola lida com regras, limites, direitos e deveres. Entre uma conversa e outra, repare na higiene, na limpeza e na segurança da escola. Certifique-se de que ela oferece ambientes que permitam atividades que envolvam desde o aprendizado, até o lazer e o descanso. A diretora do Opet ressalta que “os espaços devem ser cuidadosamente pensados para promover a interação da criança, permitindo que ela viva experiências concretas, que conviva com o ambiente e com os colegas adquirindo novas aprendizagens”.
Informe-se sobre o método de avaliação do rendimento das crianças. É interessante que a escola e os pais estejam sempre atentos e dialogando quanto às facilidades, dificuldades e evoluções no processo de aprendizagem dos pequenos. Tal processo envolve tanto o desenvolvimento cognitivo quanto a sociabilidade e a maneira que a criança lida com emoções e sentimentos. Essa comunicação pode ser diária, por meio de agendas e bilhetes que relatem as atividades ocorridas no dia a dia, ou através de relatórios mensais, bimestrais e reuniões. Depois de obter todas essas informações, é bem provável que você já tenha listadas algumas escolas de sua preferência. Para tomar a decisão final, leve em conta a maneira com que você deseja que seu filho se desenvolva. “Nesse momento, é importante que os pais tenham seus valores familiares em mente e avaliem se todas as propostas se encaixam neles”, afirma Edna. Dessa forma, a resposta deve surgir naturalmente.
Mudança à vista Para muitos pais, chegou a época de procurar uma nova escola para seus filhos. A necessidade da troca normalmente se deve à passagem de uma fase escolar para outra ou à mudança de cidade. Para que o processo de adaptação flua bem, é preciso alguns cuidados. Toda troca escolar, seja ela para uma criança ou jovem, envolve o contato com novos métodos, professores e colegas de classe. Os pais devem procurar escolas que tenham a ver com a personalidade de seus filhos. Para a psicopedagoga Daniele Nahomi Oshiro, no momento de conhecer a escola, é importante que a criança participe, opine e questione. “O diálogo permite que a escolha seja feita com mais segurança”, afirma. De acordo com a assistente pedagógica do Sinepe/PR, Fátima Chueire, “muitas vezes, a criança vai deixar
uma escola pequena para frequentar uma maior e, além disso, se separa de seus amiguinhos e professora querida. Ela precisa se identificar com essa nova escolha”. Depois de tomada a decisão, a nova escola e os pais devem se comunicar constantemente para facilitar o processo de adequação. Através da troca de informações sobre o cotidiano da criança ou jovem, é possível observar como estes estão reagindo à nova fase. “Hoje, com tantas atribuições delegadas para a instituição chamada escola, as famílias têm de ter consciência do seu papel participativo. O papel do pai e da mãe nessa escolha e o envolvimento de ambos serão determinantes para o sucesso e felicidade da criança ou do adolescente nessa nova etapa de vida”, afirma Fátima.
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en.tre.vis.ta / Içami Tiba T / Marina Gallucci F / Divulgação
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para a alta perfoRmance Quando era criança, na pequena cidade de Tapiraí, em São Paulo, Içami Tiba sonhava em ser caminhoneiro. No
pensamento do menino, era uma forma de sair da cidade e viajar. A ideia ganhou uma nova forma depois que ele viu um médico na cidade. Decidiu estudar Medicina, para atender cada dia um novo vilarejo. Ainda na faculdade, viu que a atuação em hospitais não era sua aptidão. Depois de 22 anos de carreira universitária, encontrou aquele que era realmente o seu caminho. “No lugar de uma lâmpada a mais em uma biblioteca de doutores, preferi levar uma vela acesa na escuridão educacional das famílias”, conta. Lançou-se na carreira de escritor, pois acredita que com os livros, colunas e diversas entrevistas que concede, vai atingir as famílias que não têm recursos. “Uma frase pode mudar uma situação. Fazer a diferença na vida deles. Há 20 anos tento fazer isso e acho que de certa maneira, tenho colhido resultados.”
Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da FMUSO, Içami Tiba já realizou mais de 78 mil atendimentos psicoterápicos a adolescentes e suas famílias. Suas 30 obras publicadas ultrapassam os 4 milhões de livros vendidos. Em julho, ele esteve na capital paranaense para lançar o livro Pais e Educadores de Alta Performance, na Livrarias Curitiba. Confira a entrevista que ele concedeu à Revista Escada: Revista Escada - O que significa ser educador de Alta Performance? Içami Tiba – É preciso se preparar para exercer essa função. Ninguém é um educador de Alta Performance sem esforços. A Alta Performance é fazer e pensar o melhor possível para trazer resultados cada vez melhores. Quando digo que é preciso se preparar é porque as pessoas usam como parâmetro para educação o que já passou. Não adianta olhar pelo retrovisor: aplicar sempre o mesmo em crianças totalmente diferentes. É preciso olhar para o futuro. Essa é a parte complicada, pois é um futuro desconhecido.
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RE - Qual o maior desafio para os educadores chegarem ao nível de Alta Performance? I - Têm de aprender. Muitos dizem “eu fiz o melhor que pude”. Mentira! Se a pessoa fez o melhor e não mudou nada ou não aprendeu alguma novidade, ele não é de Alta Performance. Chegar nesse patamar é nunca ser um produto acabado, estar sempre se aprimorando. Outro dia me perguntaram se eu aprendi educação educando os meus filhos. Se fosse assim, estaria perdido. Aprendi muita coisa depois que os meus filhos cresceram e continuo aprendendo.
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É o que eu chamo no livro de teoria do Passo Além. As pessoas não podem ficar acomodadas com aquilo que já sabem. Temos de pensar se existe um jeito melhor ou uma forma de agregar valor em cima do que sempre fizemos. É preciso pensar maior. O Passo Além é ir a um lugar onde a pessoa nem sequer imaginou que poderia chegar e, para isso, é preciso procurar aprender. As escolas, por exemplo, não estão formando alunos de Alta Performance, pois não os ensinam a “aprender a aprender”. Esse já seria um grande passo, porque assim eles vão querer sempre aprender mais e aplicar o aprendizado.
RE – No Brasil já existem educadores de Alta Performance? I - Nesse ponto, a realidade brasileira está muito mal. Se você prestar atenção, até as famílias repetem o esquema político do Brasil. É o seguinte: o país é rico e não investe na educação. Por sua vez, as pessoas que não têm estudo enriquecem, mas não investem na educação. Logo, não é um enriquecimento sustentável. Eles investem na própria riqueza, em algo que é consumido e, daqui a pouco, não serve para nada. Não há desenvolvimento ou aprendizado. Os filhos crescem vendo os pais fazendo isso e vão querer fazer igual. RE - No livro, você comenta sobre a cultura do prazer. O que é e por que ela atrapalha? I - Os pais querem que os filhos sejam felizes e não responsáveis pela própria felicidade. Felicidade ganhada não é felicidade. Na hora que parar de ganhar, vai deixar de ser feliz? Nesse mesmo contexto, os nossos jovens não estão preparados para lidar com responsabilidades e adversidades. Diante de qualquer apertão, eles desistem. Eles querem sair da escola, que tem dez professores, porque brigaram com um. Bastam 10% de contrariedades e já largam: carreira, emprego, família e criança. Eles não aguentam. Penso que faltou responsabilidade na liberdade que foi dada para os filhos. Liberdade baseada no sustento dos outros não é própria, vai depender de ter quem a dê. Agora, a liberdade conquistada pela responsabilidade realmente é dele.
“...O conhecimento da escola com os valores ensinados pela família pode ser uma arma do bem ou do mal. Quem tem ética vai sempre usar para o bem e quem não tem vai usar para benefício próprio. Então, o mais perigoso é oferecer capacitação para quem não tem ética.”
RE - O senhor comenta no livro que nós educamos nossos filhos para que usem drogas. Por quê? I - É a mesma coisa que a liberdade. Damos o prazer sem responsabilidade. O jovem se acostuma com isso. Quando vai para rua, quer ter prazer e não consegue com algo que tenha mérito, por exemplo, esporte e desempenho escolar. Ele não consegue e então parte para o prazer gratuito. O que importa é que ter prazer é bom. A automedicação também é um estilo de drogagem. Se você tem uma dor de braço, vai verificar de onde vem e trata na origem. Agora, se você trata um sintoma, só está piorando a doença. Remédio é para anestesiar a dor e não tratar o problema. Com o erro, a gente não aprende errando, mas sim corrigindo. Na questão dos jovens e das drogas, seria isso. Ao invés de enfrentar a situação, na primeira frustração eles recorrem a essa alternativa.
“Chegar ao patamar da Alta Performance é nunca ser um produto acabado... Outro dia me perguntaram se eu aprendi educação educando os meus filhos. Se fosse assim, estaria perdido. Aprendi muita coisa depois que os meus filhos cresceram e continuo aprendendo.” RE – Qual é o papel dos pais na educação escolar de seus filhos? I – Acredito que os pais, além de não contribuírem para a educação, estão sabotando-a. Por exemplo, na hora de cobrar a lição. Falam para o filho estudar e ele diz que ainda não tem prova. O pai fala que “então tá bom”. Como está bom? O filho tem de estudar todos os dias e não na véspera da prova. Os pais erram quando colocam um professor particular para um filho que durante um mês fica “vagabundeando” e, na véspera da prova, fica nervoso. Dessa forma, o erro não está corrigido. Acabou a prova, ele larga o professor particular e volta para a antiga rotina. O pai que não concorda que um funcionário venha só trabalhar no final do mês, no dia do pagamento, mas aceita que o filho faça isso, acaba criando um duplo padrão de comportamento, o que é inaceitável. Está educando o filho para permanecer na ignorância. RE - A escola pode ajudar nesse processo? I – As escolas não conseguem exercer seu papel porque os pais não têm educação. Um jeito de a família aprender é a escola convocar os pais como parceiros e orientá-los como ensinar os filhos para estudar. A escola precisa dar o ABC. Quando os pais começarem a ver o resultado, eles vão investir nisso. Tem de dar instrumentos para os educadores das escolas promoverem essa parceria e evitar aquilo que parece que virou uma verdade universal: o que vale é o capital pago pelo aluno e os pais exigem que a escola mude as regras para se adaptar ao filho que está matriculado.
RE - Dentro desse contexto, é preciso entender qual é a diferença entre educação e escola? I - Sim. Educação é mais amplo, pois é o que vai formar um cidadão. Já a escola é uma capacitação que faz com que as pessoas sejam mais capazes, aprendam e tenham competências. Todo esse conhecimento com os valores ensinados pela família pode ser uma arma do bem ou do mal. Quem tem ética vai sempre usar para o bem e quem não tem vai usar para benefício próprio. Então, o mais perigoso é oferecer capacitação para quem não tem ética. Quem ensina ética são os pais e para isso eles também devem ser éticos e ter comportamentos coerentes com o que exigem. Existem pais que mentem para escola que o filho está doente, pois ele perdeu a prova porque não sabia a matéria. Esses pais estão financiando a ignorância. RE - Todos nós somos educadores? I - Sim. Se você fizer algo errado e uma criança ver, ela vai imitar. Você tem de se portar com ética porque não sabe quem está te vendo. Isso eu também chamo de Alta Performance. Os pais não podem se distrair em nenhum momento, o que eles fizerem os filhos aprendem e reproduzem.
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T/ Flávia Ferreira
MENTE SÃ
A importância do exercício físico para o vestibulando Antes, durante ou depois das provas de vestibular, os estudantes podem sentir irritabilidade, tensão muscular, preocupação, cansaço, 20
náuseas e dores de estômago, desânimo e tristeza. São consequências do estresse e da ansiedade vividos nesse período.
O esforço físico, mental e emocional excessivo desequilibra a capacidade de reação do sistema nervoso e prejudica a mente e o corpo. As incertezas na escolha do curso, a cobrança intensa e experiências anteriores mal sucedidas, entre outras causas, faz com que desordens emocionais e dolorosas sejam percebidas nos estudantes pré-vestibular. Durante esse período, os estudantes muitas vezes acabam deixando de lado outras atividades para se dedicar exclusivamente aos livros. No entanto, o ideal é que reservem um tempo para praticar exercícios físicos para relaxar e, até mesmo, auxiliar na concentração e prevenir problemas de postura que podem surgir devido a tantas horas diárias sentados para estudar. Segundo o diretor do Curso Pré-vestibular Direto, Luiz Carlos de Domenico, o desgaste mental é muito grande nesse momento. “Muitos alunos acham que estarão perdendo tempo, porém, fazer uma atividade física duas ou três vezes por semana durante uma hora ajuda a combater o estresse e dá vazão para a ansiedade”, aconselha.
A aluna de Publicidade e Propaganda, Ianna Stechman, praticou pilates durante todo o período de estudos. “Com certeza, foi um dos elementos que mais me ajudou a ter condições para estudar e ficar mais confiante para enfrentar as provas do vestibular”, afirma. Segundo a fisioterapeuta, instrutora de pilates e sócia do Núcleo do Corpo, Priscila Bassi, a prática desenvolve habilidades que contribuem com os estudos, como a disciplina e a coordenação motora. “Além de manter a saúde e a boa forma, o método intensifica a concentração, estabiliza o tronco por meio do reequilíbrio muscular e reorganiza a postura, o que pode melhorar as condições de estudo dos vestibulandos”, explica. O coordenador de Esportes e Educação Física do Curso Expoente, Adalto de Paula Pinto Junior, afirma que os vestibulandos passam muitas horas sentados, seja nas aulas ou no estudo em casa, o que faz com que o corpo fique muito tenso e enrijecido. “A atividade física promove a liberação de endorfina, que melhora bastante o humor e até alivia as dores. É importante fazer exercícios, principalmente os aeróbicos, como caminhadas, corridas, entre outros, e aproveitar o momento para relaxar e mexer o corpo”, orienta o professor. Adalto indica ainda aos estudantes que façam meia hora de alongamento por dia. “Alongar o corpo tira a dor, melhora a concentração e a disposição para estudar”.
Exercite-se já! Curitiba tem diversas opções gratuitas de exercícios físicos. Escolha qual atividade combina mais com você e exercite-se já:
• Programa de atendimento socioesportivo voltado para crianças e adolescentes: futebol, basquetebol, voleibol, handebol, ciclismo, atletismo, xadrez, tênis de campo, ginástica artística, escalada, capoeira e boxe. As inscrições são realizadas nas regionais e a documentação exigida difere conforme a atividade.
• Para quem não quer fixar horário, existem 64 Academias ao Ar Livre espalhadas pela cidade. No site da prefeitura é possível ver a academia mais próxima da sua casa e orientações aos praticantes sobre a utilização correta de cada aparelho.
• A Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude realiza todas as terças-feiras à noite o Pedala Curitiba, com distância percorrida de 15 a 20 km e uso obrigatório de capacete. A saída é às 20h15 na Praça Garibaldi (Largo da Ordem) e chegada no mesmo local.
• Os parques e praças da cidade têm programações itinerantes de aulas de yoga nos finais de semana. Mais informações: 41 3350-3734 e www.curitiba.pr.gov.br
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T/ Mariana Nunes
desempenha papel fundamental no mercado de trabalho
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Mesmo em áreas em que não é obrigatório, o curso superior atua como diferencial em um cenário em constante crescimento Algumas profissões se destacam em meio a polêmicas sobre a necessidade ou não de um diploma de curso superior.
No caso dos estudantes de Direito, a discussão é em relação à obrigatoriedade do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para o exercício da advocacia. Em julho deste ano, o subprocuradorgeral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer defendendo a inconstitucionalidade da prova. De acordo com ele, a prova viola o direito ao trabalho e à liberdade de profissão, garantido pela Constituição Federal de 1988. Com 52 anos de profissão, o advogado Carlos Fernando Correa de Castro defende a obrigatoriedade do exame. Segundo ele, trata-se de uma necessidade. “O Exame de Ordem equivale a um concurso público, pois tem a intenção
de comprovar qualificação suficiente para o exercício da profissão. Qualificação esta que nem sempre é dada pelas faculdades de Direito, ou pela deficiente dedicação dos próprios candidatos, enquanto estudantes. Somente pela comprovação de condições mínimas é que o candidato pode tornar-se ‘indispensável à administração da Justiça’ – conforme artigo 133 da Constituição Federal”, defende Correa de Castro. Para o coordenador do curso de Direito do UniCuritiba, José Mário Tafuri, o exame é um “mal necessário”, devido a dois fatores: “primeiro, as instituições de ensino abrem com frequência novos cursos de Direito e, em segundo lugar, muitos alunos estão interessados somente no diploma, sem preocupação com a formação”. Tafuri acredita que falta rigidez na abertura de cursos e que os estudantes formados por essas institui-
ções não podem ir direto para o mercado de trabalho, pois colocam a liberdade de outras pessoas em jogo. “A prova da OAB foi se aperfeiçoando ao longo dos anos e, atualmente, é um exame justo, com questões médias e aborda aquilo que o profissional precisa saber”, diz o coordenador. “Além disso, a prova cobra habilidades primordiais para o exercício da advocacia, como o uso da palavra, a leitura e a capacidade de argumentação, pontos aprimorados ao longo do curso superior”, completa. Outro curso que gera constantes polêmicas entre profissionais e estudantes é a habilitação em Jornalismo. Em junho de 2009, um recurso protocolado pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) tornou o diploma para o exercício do jornalismo não obrigatório. A discussão é ainda mais antiga, em 2006, o Supremo Tribunal Federal garantiu o exercício do jornalismo a todos aqueles que atuavam na profissão, independente de diploma e registro no Ministério do Trabalho. Chegar a um consenso sobre o tema é complicado, pois as opiniões se dividem e geram polêmicas.
Porém, a maioria dos professores da área defende não somente a necessidade do diploma, mas todo o respaldo que um curso superior oferece. A diretora do curso de Comunicação Social - habilitação em Jornalismo - da PUCPR, Mônica Fort, é a favor da formação superior para atuar em qualquer ramo profissional. “É na faculdade que os estudantes aprendem a aplicar conhecimentos teóricos e práticos ao cotidiano da sua atuação profissional. Para isso, eles têm de prezar pela boa formação acadêmica, sempre aproveitando as oportunidades de ensino, pesquisa e extensão que as universidades oferecem”, diz. Mônica argumenta que é muito importante o jornalista ter concluído um curso universitário e, consequentemente, discutido conceitos sociais, teóricos e técnicos. “Durante o curso, o estudante tem oportunidade de desenvolver-se nos aspectos técnicos, éticos e estéticos da profissão. O conhecimento sólido é fundamental para a formação profissional, garantindo à sociedade que esses jornalistas levarão a informação de maneira ética, competente e coerente”, comenta a diretora.
Novos cursos, novas possibilidades Em um mercado de trabalho em constante transformação, novas profissões também surgem de acordo com as demandas e necessidades do próprio mercado. O diretor do Campus Rebouças das Faculdades Opet, Luiz Alberto Vivan, aponta que com a ascensão das classes C e D e o consequente aumento no poder de consumo da população, cresce também a demanda por serviços relacionados principalmente às áreas de gastronomia, entretenimento e estética.
Nessas profissões, o diploma não é obrigatório, mas a formação superior é essencial para quem busca mais qualificação e deseja diferenciar-se da concorrência. “A faculdade insere o estudante em um processo de aprendizagem contínua. O aluno adquire autonomia acadêmica, aprende a identificar, selecionar e fazer bom uso deste universo de informação disponível nos dias atuais. Além disso, a graduação é um ‘passaporte’ para os cursos de Especialização, MBA, Mestrado e Doutorado”, explica Vivan.
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T/ Priscilla Scurupa
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X Tecnologia A discussão começou nos Estados Unidos (EUA) e dividiu opiniões no mundo todo. O estado norte-americano
de Indiana tornou o ensino da letra cursiva opcional para seus alunos e, gradativamente, a prática deve ser abolida do currículo escolar. Espera-se que, dentro de pouco tempo, a decisão seja adotada também por outros 40 estados do país. Há algumas décadas, as atividades escolares consistiam em encher páginas e páginas de cadernos de caligrafia para que a arte da escrita cursiva fosse aprendida. A técnica, inclusive, era sinônimo de elegância para os que a dominavam. Hoje, crianças e jovens chegam às escolas munidos de um conhecimento e habilidade naturais para usar e interagir com os diversos tipos de tecnologia existentes. São “nativos digitais”, como denominam especialistas, e representam a chamada Geração Y e sua sucessora, a Geração Z. Para se adaptarem ao tempo que vivem, antes mesmo de ler ou escrever, aprendem a digitar. Na opinião da professora especialista em Psicopedagogia da PUCPR e mestre em Educação, Maria Silvia Bacila Winkeler, a educação deve ser focada nas necessidades dos indivíduos. “Os sujeitos mudaram e são eles que pedem essa alteração. As crianças para quem ensinamos hoje não são as mesmas de ontem”, diz. Mas deixar de usar a letra cursiva não seria prejudicial para as crianças?
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Durante a alfabetização, as crianças passam por vários níveis no processo de construção da escrita, segundo a psicopedagoga Jaqueline Gnata. Nos níveis iniciais, são orientadas a fazer uso da escrita bastão, que se assemelha aos caracteres que usamos no computador. É somente por volta dos 7 anos, após desenvolverem maturação neurológica, que começam a fazer uso da letra cursiva ou letra de mão. Para alguns pequenos, a troca traz problemas. “A letra cursiva é mais rápida de se traçar, mas exige maior coordenação motora fina”, explica Jaqueline. Além disso, a memorização ortográfica é afetada. Segundo Maria Silvia, “a passagem de um tipo de escrita para a outra altera toda a percepção da criança quanto à grafia das palavras e ela é obrigada a começar do zero o aprendizado”. Alguns educadores, em defesa do método tradicional, afirmam que aprender a caligrafia é fundamental para o desenvolvimento da psicomotrocidade infantil. Jaqueline diz que não especificamente. “O desenvolvimento da coordenação motora fina ocorre a partir dos estímulos oferecidos à criança desde muito pequena, quando ela aprende a abrir e fechar as mãos, por exemplo. Todas as suas necessidades, sejam elas lúdicas, escolares ou profissionais, estimulam as habilidades”. Ou seja, o corpo é capaz de se adaptar assim às novas condições impostas pelas mudanças na aprendizagem e os alunos podem ter seus movimentos estimulados através do desenho ou até mesmo do uso de joysticks.
Vale ressaltar que a escrita, mais do que uma capacidade que o homem desenvolveu, é também uma forma de expressão carregada de personalidade e que traz a assinatura pessoal de cada um. A preocupação de educadores e pais quanto ao destino dessa técnica é também uma preocupação social. Por exemplo, se hoje a carta de Pero Vaz de Caminha é difícil de ser entendida, provavelmente o mesmo acontecerá com as atuais formas de registro. Além disso, o Brasil não tem condições econômicas de suprir a tecnologia, tampouco os requisitos educativos que o abandono da escrita cursiva e a adoção de um ensino digitalizado exige. Mas nada impede que este seja pensado de forma a oferecer às crianças e jovens as ferramentas para que possam aprender e crescer preparados para o mundo que vão enfrentar. Como ressalta Maria Silvia, “a criança que não se adaptar ao mundo digital estará dentro de uma condição social desigual”. O papel da educação é, mais do que formar pessoas, estimular a individualidade destas. Seja com a escrita bastão, a cursiva ou a digitação, o importante é que alunos, pais e professores consigam se comunicar de forma eficiente.
mo.men.to cul.tu.ral sm
adj m+f
T / Mateus Ribeirete I / Divulgação
QUANTO VALE X? (livro)
Equação: eis aí uma boa palavra para despertar os mais variados gostos. Pensando tanto naqueles que se animam com o tema quanto nos aversivos a ele, Robert P. Crease, professor do Departamento de Filosofia da Universidade de Stony Brook, em Nova York, escreveu As Grandes Equações. Crease trata de contar os sucessos e frustrações daqueles que contribuíram para o mundo com equações matemáticas, de Pitágoras a Heisenberg. Uma leitura interessante mesmo para os que sentem frio na espinha ao pensar em contas com letras. Classificação: a partir de 10 anos
COMO VOU? (livro) Podemos ir de um canto a outro das mais diversas formas, dependendo de onde moramos, de quanto tempo temos e, às vezes, de algumas das nossas preferências também. Nas brincadeiras infantis, os meios de transporte estão sempre presentes e levam as crianças até onde a imaginação mandar. Neste livro, três artistas arquitetos se uniram para falar sobre a nossa movimentação no espaço, seja embaixo da terra, na água ou no ar - para cada situação, um jeito diferente de se deslocar -, e usaram um pouco de tudo que gostam na hora de ilustrar: colagem, lápis e tinta. É só apertar o cinto e botar o pé na estrada. Classificação: todas as idades
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PREPARE SEUS BÉQUERES! (jogo)
PEQUENO EXPLORADOR (jogo)
Aprender Geografia brincando: essa é a proposta de Explorando o Brasil, jogo ideal para iniciar a criança nos conhecimentos de localização, climatologia, vegetação e hidrografia do nosso país. Dispondo de dois mapas – um com e outro sem os nomes dos estados -, o jogador precisa acertar perguntas a respeito da disposição geográfica das capitais. Não só isso. Para vencer também é necessário dominar a área de conhecimentos gerais.
Quando é que alguém se descobre cientista? O jogo Aventura Ciência – 25 Experiências trata de despertar esse interesse desde cedo. Dotado de várias peças, as brincadeiras (experiências) podem ser realizadas por um só participante ou em companhia. Aventura Ciência introduz noções de Química, de Som e até de Óptica, entre outras áreas. Classificação: a partir dos 8 anos
Classificação: a partir de 8 anos
LOBISOMENS, ROBÔS, DUENDES... (livro)
EDUCANDO COM A PERDA
(livro)
“Tudo que vou contar aqui é verdade. Tudo realmente aconteceu!”, é o que garante Jake Cake antes de relatar que sua professora é um lobisomem e que viu uma múmia viva. O extrovertido garoto, criação de Michael Broad, tem sua segunda publicação traduzida para o português. Jake Cake e a Merendeira Robô conta como ele descobriu a identidade robótica da merendeira do colégio, além de mostrar a sua casa sendo invadida por duendes. Tudo é acompanhado por ilustrações de Jake, na tentativa de provar ao mundo que não está mentindo de maneira alguma.
Famoso por contar histórias, Ian Brenman, psicólogo de formação, decidiu tocar num ponto por vezes ignorado na educação infantil: a perda. Para tanto, reuniu-se com o 4 Estações, Instituto de Psicologia, focado em ajudar nas situações de luto, e chamou seis autores. O resultado é Meu Filho Pato, uma junção de contos doces e tenros que ajudam a falar sobre um tema de difícil abordagem pelos pais. Acompanham as ilustrações inspiradoras de Rafael Anton, que valoriza a ternura e a delicadeza da obra.
Classificação: todas as idades
Classificação: todas as idades
ar.ti.go sm
T / Adriano Jochem - Consultor do SINEPE/PR em projetos de Engenharia e Vigilância Sanitária
Todas as instituições de ensino devem atender a exigências mínimas de conforto, higiene, segurança, iluminação, ventilação dos ambientes, estando sujeitas à regulamentação, fiscalização e controle do Poder Público. Compete aos profissionais de Vigilância Sanitária fazer cumprir a legislação sanitária expedindo informações, lavrando intimações e/ou autos de infração e impondo penalidades, quando for o caso, visando à prevenção e à repressão de tudo que possa comprometer a saúde. Nas instituições de ensino, a função da Vigilância Sanitária consiste em estimular a autoavaliação e a resolução conjunta dos problemas, com a participação dos diretores de escola, professores, pais, alunos e a comunidade em geral. O Brasil não possui uma legislação nacional específica relativa à normatização de padrões de construção e funcionamento, sendo totalmente delegada para as unidades federadas e municípios esta atribuição. No estado do Paraná, a Resolução SESA N° 318, de 31 de julho de 2002, estabelece as exigências sanitárias para instituições de Ensino Fundamental, Médio, Superior e cursos livres, bem como a Resolução SESA N° 176 162, DOE – 14 de fevereiro de 2005, estabelece exigências sanitárias para centros de Educação Infantil.
A Resolução N° 05/2010-SMS determina que estabelecimentos de Educação Infantil, Pré-Escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio necessitam de análise e aprovação sanitária de projeto arquitetônico (PROJEVISA) no setor de Engenharia da Vigilância Sanitária para instalação e início de funcionamento no município de Curitiba. O Visto da Saúde em Projetos Arquitetônicos – PROJEVISA - em Estabelecimentos de Interesse à Saúde objetiva a análise de parâmetros e normas previstas na Legislação Sanitária vigente para fins de aprovação de projeto para liberação de Alvará de Construção (SMU), Parecer Técnico para Consulta Comercial (SMS), liberação de Licença Sanitária (SMS) e autorização para funcionamento de empresas. A Licença Sanitária é o documento que atesta as condições físico-higiênico-estruturais, operativas sanitárias e de funcionamento de estabelecimentos de interesse à saúde. Em Curitiba, esse documento é expedido em impresso padrão de via única, com validade específica para cada ramo de atividade econômica (Resolução Municipal n°12/2009), a contar da data de expedição.
A renovação da Licença Sanitária deve ser solicitada anualmente pelos estabelecimentos de interesse à saúde, 30 dias antes do vencimento, independente de comunicação. Essa licença atesta que, no momento da inspeção sanitária, o estabelecimento atende à legislação sanitária vigente. Desde 2010, o Sinepe/PR, em conjunto com a Vigilância Sanitária Municipal de Curitiba (VISA), trabalha na elaboração de um manual de parâmetros básicos de infraestrutura para as instituições de ensino, criando um instrumento norteador das edificações existentes, novas construções, reformas e ampliações, instalações e funcionamento de estabelecimentos de ensino que atendam aos princípios de regionalização, hierarquização, acessibilidade e qualidade da assistência prestada à população, considerando a viabilidade técnica e financeira das instituições da rede privada de ensino. Tal projeto contribui para um processo democrático de implantação das políticas de saúde, estabelecendo um processo de fiscalização pela Vigilância Sanitária Municipal mais explícito, objetivo e homogêneo.
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T / Jacir J. Venturi - 1º Vice-Presidente do Sinepe/PR
PAIS TIGRES E PAIS PANDAS 28
Os limites são necessários e cabe aos pais estabelecer quais faixas devem ser mais estreitas ou mais largas, de acordo com suas convicções e modelos, respeitando as características individuais da personalidade do filho e as suas inteligências múltiplas (Gardner). O livro Grito de Guerra da Mãe Tigre relata a saga da autora Amy Chua ao educar as duas filhas, hoje com 15 e 18 anos. Amy é descendente de chineses e professora na prestigiada Universidade de Yale, EUA. Foi contumaz em seu objetivo: criar filhas bem-sucedidas na escola para que o sejam na carreira profissional. Suas exigências eram precisas: qualquer nota inferior a dez é porque não se esforçaram o suficiente; nada de tevê ou games no computador; só participar de atividades esportivas ou recreativas com chance de medalha, de ouro, é claro; não brincar e muito menos dormir na casa das amigas; atividades extracurriculares, somente as escolhidas pela mãe; tocar obrigatoriamente dois instrumentos, desde que sejam violino e piano. Aos pais tigres, rudes, severos e opressores contrapõem-se os pais pandas, desmedidos no elogio, ternura e conforto. Mínimas exigências, muitos presentes em vez de uma presença com ensinamentos e dedicam horas relatando os prodígios do filho. Acima de tudo, o afeto. E exacerbam nos encômios para manter elevada a autoestima. Geram expectativas irreais e certamente, quando adulto, o seu rebento será acometido de desmesuradas frustrações, pois as pessoas e as empresas pouco ou nada valorizam a autoestima sem o complemento do esforço, trabalho, disciplina e determinação.
O livro de Amy, já traduzido em mais de 30 países, polemizou ao extremo, os debates emanaram calor, mas também fachos de luz sobre a mais difícil das artes: educar filhos. A Tiger-mom, uma típica representante do amor exigente, acredita em suas convicções e assevera que, para a cultura chinesa, os filhos são fortes, aguentam uma rotina espartana de estudos, enquanto os ocidentais os pressupõem frágeis e qualquer gesto duro pode traumatizá-los. Ser exigente sem ser extremado. Quando exercida com equilíbrio, a autoridade é uma manifestação de afeto. E é relevante que nós, pais, tenhamos no intelecto e no coração um preceito consensual entre os educadores: foi-se o tempo das exigências padronizadas. A suprema sabedoria é cobrar resultados respeitando a individualidade e promovendo as potencialidades e limitações dos filhos. Reconheço o quão difícil é a prática e, em tom de gracejo, costumo dizer aos pais da escola, com dois ou mais filhos: antes de nascerem, eles já combinaram de um ser diferente do outro, para aborrecer pai e mãe.
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T / Esther Cristina Pereira - Diretora de Ensino Fundamental do Sinepe/PR
Permissividade
e controle
O que nossas crianças esperam de nós quando elaboramos processos de comportamentos e condutas com eles, em sua relação com o mundo regrado e disciplinado que viverão na vida adulta? Esperam que, pela nossa permissão, atitudes diversas venham com empecilhos que os façam crescer e, quem sabe, até os façam sofrer. O sofrer faz parte do crescer com controle. Mas, normalmente, sofrimento é uma palavra deixada de lado no vocabulário e na vida das nossas crianças, em função do trauma que a palavra “não” pode acarretar, se acaso eu, adulto da relação, o fizer sofrer.
Como crescer sem sofrer? Existe essa possibilidade? Não. Crescer é romper a barreira da tranquilidade e perceber que o mundo cobra das crianças comportamentos de paciência, de destreza, de inquietude e quietude, de silêncio e de diálogo.
Como ensinar o caminho certo, dizendo o contrário do que nossos filhos querem ouvir, sem que os façamos sofrer, ou quem sabe, deixar que eles ousadamente façam errado para perceber que nossa permissão nem sempre é negativa, ou que nosso controle pode, sim, ser positivo? A criança precisa de controle diário, para que aprenda a exercer o seu controle interno, que aprenda o certo e errado e passe a discernir as coisas boas e ruins da vida. Para que, quando adulto, faça o certo sem que haja alguém no comando dizendo o que fazer e como fazer. Precisamos ensinar permitindo e controlando para que, quando adultos, os filhos vivam com qualidade e conduta correta, sem controle externo e, sim, simplesmente o controle interno trabalhado na infância pelos pais e responsáveis da relação. Ou quem sabe, deixar para que tenhamos eternos pequenos dentro de casa, pequenos não no tamanho, mas na maturidade.
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T / Ademar Batista Pereira – Presidente do Sinepe/PR
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A violência e a indisciplina
A violência tem ocupado a maior parte do noticiário. Como se diz popularmente: se espremer, sai sangue. Em casa, vivemos cercados por grades, muros, seguranças privados e alarmes. Uma “indústria da insegurança” que nos torna reféns do medo. A discussão está em todos os lugares e, invariavelmente, chega à escola.
Nesse sentido, precisamos separar a violência do problema disciplinar. Este, quando bem resolvido na escola ou em casa, dificilmente torna-se violência. Todos nós, adultos, precisamos observar e tratar com nossas crianças os pequenos delitos, as pequenas agressões. Desde muito cedo, as crianças tendem a querer ganhar no grito; os adultos, por medo, receio ou despreparo, cedem. Com o passar dos anos, as exigências aumentam e o problema disciplinar pode acabar em violência. O que ocorre é que muitos adultos confundem as duas coisas. A escola tem condições, ferramentas, e claro em seu regimento como resolver os problemas de disciplina. Atualmente, existem muitos questionamentos sobre a autonomia da escola, e isso cria muitas dificuldades, o que leva ao aumento dos casos de indisciplina.
Acredito na parceria da escola com a família e tenho certeza que a família, tendo conhecimento, tomará as providências, colaborará com a escola na solução dos problemas. O que temos hoje são pais que não sabem bem como lidar com as crianças e adolescentes, sentem-se desautorizados, de mãos amarradas e querem que a escola resolva tudo. Isso explica recente pesquisa, que mostra que mais de 80% dos pais esperam que a escola reviste as crianças para verificar se não estão com armas ou drogas. Sendo que para as famílias seria muito mais fácil fazer isso, já que têm uma ou duas crianças. Poderiam revistá-las antes de sair de casa. As tragédias em escolas, que têm atormentado as famílias e a sociedade, são casos isolados e um problema de segurança pública. Afinal, infelizmente, estamos sujeitos à violência, seja ao ir a um cinema, shopping ou mercado. A escola já tem muito que fazer: ensinar, resolver os problemas de aprendizagem, disciplinares. Não cabe à escola resolver o problema da segurança pública. Esta função é do Estado brasileiro e um direito de todos nós. Como sugestão, uma escola integral até os 14 anos que tirasse nossas crianças e jovens das ruas ajudaria muito em médio prazo, mas, para isso, precisamos de investimentos e do interesse público. Precisamos urgentemente de apoio do Estado, pois estamos acuados com medo e sem saber para quem pedir ajuda.
Respeito é uma palavra sem efeito no trânsito?
ESPECIALIZAÇÃO EM
O melhor caminho é a educação. O trânsito se tornou caótico com o crescimento das cidades e do volume de carros. Há uma demanda por profissionais que desenvolvam projetos inovadores e cidadãos para a área. Para que haja harmonia entre motoristas e pedestres. Para que a cidade seja um lugar melhor para viver.
INSCRIÇÕES ABERTAS
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