E-MRG Mag #1

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Tela em Branco Lucas Piêtro mostra em uma incrível série fotografica seu novo projeto.

Os quatro elementos e o tempo. Faísca, a chama não apagou. Entrevista com Helen Murta e Jão, os idealizadores da feira Faísca - Mercado Gráfico.

Todos os monstros dentro do meu quarto. Ramiel abre as portas do seu quarto e inicía um diálogo visual em uma série com os monstros do seu subconsiente.

Arte, Lifestyle & Cultura

O Coletivo Lanternas comemora seus 4 anos de resistência e lança um Pocket Sarau, aqui na revista.

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1,2 3 testando… Foi dada a largada, entre sem bater! A revista E-MRG nasceu da vontade de criar um espaço de discussão e experimentação de novas ideias, novos formatos, um olhar crítico a respeito das manifestações artísticas e culturais da cidade, disseminação de uma cultura emergente e em caráter de urgência, levando um panorama a respeito da cena gráfica/literária local, um conteúdo multimidiático de plataforma interativa. A nossa primeira edição, traz em seu lançamento compilações de trabalhos locais e seus desdobramentos, bem abertos a experimentações, como a Tela em Branco de Piêtro, as palavras soltas do Lanternas, a chama do Faísca, as dicas da Grazi e os monstros de Ramiel. A Editora Kuringa se propõe a somar de forma horizontal a novos colaboradores, para criarmos juntos um conteúdo interessante no qual também gostaríamos de receber e compartilhar.

Sobre 2


Indíce 1. Sobre 2. Tela em Branco 3. Os quatro elementos e o tempo 4. Faísca, a chama não apagou A revista E-MRG Mag

por: Lucas Pietro (@pipietro)

4 anos de Coletivo Lanternas

com: Helen Martins e Jão

5. Do it Yourself 6. Fulano indica 7. Ramiel Acabamento em Relevo Seco

por: Grazi Medrado

com: Todos os monstros do meu quarto.

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Editora Kuringa mostra como uma simples folha de formato A4 pode se transformar em 4 tipos de publicações fanzine diferentes.

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a4

Esta oficina compõe a programação do 28‘ Encontro Nacional dosEstudantes de Design Bauru - SP /2018

BAURU/SP

em

zines

de 7 a 15 de Julho

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210 x 297 mm

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-Oficina

28º Encontro Nacional dos Estudantes de Design facebook.com/eneovo

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Tela em branco. O projeto “tela em branco” é sobre foguetinha online e cyshimi, das artes plásticas e das modas, performando uma tela em branco.

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Lucas Pietro é fotógrafo e criador de conteúdo em Belo Horizonte. Criado na região metropolitana, Lucas começou a fotografar aos 12 anos com a cybershot de sua mãe, para registrar seus momentos e amigos, e compartilhar na rede orkut. Hoje aos 22, de olho no que acontece no mundo e nas ruas, ele usa codinome “pipicture”, variação do seu apelido pipi. Dedica seu trabalho a fotografia contemporânea e tende a registrar uma realidade crua e fresca. As vezes, até irônica. No seu tempo livre, captura paisagens urbanas e momentos juvenis de fuga.

por: Lucas Pietro


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by: @pipietro

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Os quatro elementos e o tempo Se alimentando de elementos Vivendo de sentidos Mudanças de tempo Suando frio Suór sólido Cansaço líquido Corpos cansados e líquidos Corpos cansados suados e sem tempo Não tem mais tempo Não tem sentido Sente-se, sinta os sentidos Levante-se, o tempo, relógio Filho pródigo, não prodígio Há tempos fui mau elemento e até hoje sonho com grades Hoje sou água, terra, fogo...

e ar É tempo de sonhar com aves.

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Pare um segundo observe o momento Aprisionado em fotos envelhecidas com o tempo... Mas acredito num passado com mais cor e mais vida Menos acelerado e menos suicida Nasce, cresce, reproduz e morre O tempo sempre vai passar independente de quanto ce corre Somos sempre recordistas nas coisas mais inúteis E apegados a cada dia coisas mais fúteis Meu tênis, roupa, carro, celular E família, amigos ou parar pra respirar? Sem ver o sol nascer ou a flor desabrochar As cores sumindo assim como o brilho em seu olhar Pra alguns sei que é muito oito horas de lida Um segundo não é nada pra quem descobre o brilho da vida Escreva um livro, plante uma arvore, deixe descendentes Use seu tempo livre pra salvar algumas mentes Sendo longa ou curta a vida é a obra-prima E só quero estar nas fotos envelhecidas do inicio da rima.

A tua temperatura, outra vez chega e me entorna, atravessa a borda com o bater das portas as claves de Do e Fá fazendo dançar sobre outro ritmo, ou talvez outra prosa. No silêncio estável, quase mudo. o corpo grita, em silêncio. olhares carregados de signos, significados e objetos. E nessa ordem tudo se esvai. você e eu somos água morna, morta.


O Sarau do Coletivo Lanternas completa 4 anos de existência, transformação e resistência na praça João Viana, na região norte da cidade. Reunindo diversos artistas, performers, músicos, no terceiro domigo de cada mês. E para não passar em branco essa data tão especial, a revista E-MRG convidou alguns poetas e escritores do coletivo para disertarem sobre o tema em uma espécie de pocket sarau. Segue a Luz. . .

Os 4 maus elementos e a vida A fumaça é fruto de uma noite casual que a água teve com o fogo O ar conheceu a fumaça e brigaram A fumaça sufocou o ar O fogo ficou do lado da fumaça A água apagou o fogo No fim todos terminaram sujos e corrompidos Os 4 elementos sucumbiram como as pessoas.

Textos: Digô Faria e Ués.

Cata-ventos, contra o tempo Tempo todo, todo tempo Cadeado destrancado Comedido comemora Sem hora pra voltar Voltar as horas São senhoras Em trabalho de parto a mais de cem horas O tempo é um cata-vento no olho do furacão Ao mesmo tempo é uma carcaça de mamute congelada Uma calota que de longe parece uma vidraça Uma caixa de vidro em formato de caixão Um relógio de pulso que marca o batimento Uma câmera que registra um momento avulso Nós somos crianças perdidas na praia E o tempo é como Copacabana lotada...

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Faísca,

a chama não apagou

A Faísca – Mercado Gráfico foi a primeira feira de arte impressa a ser realizada mensalmente em Minas Gerais. Depois de 23 edições, mais de 350 expositores diferentes, entre artistas individuais, coletivos, selos e editoras, passaram pela programação, que também contemplou oficinas, debates, palestras e outras atividades culturais. Em 2017, a temporada movimentou quase cem mil reais, diretamente destinados ao mercado independente de Belo Horizonte. A E-MRG conversou com os criadores da feira, a produtora cultural Helen Murta e o quadrinista Jão, diretores da Pulo Comunicação e Arte, para entender melhor a trajetória da Faísca desde sua criação até o momento atual, em que os eventos não contam com recursos para sua realização.

1 - Como o Faísca começou, e quais foram as maiores dificuldades no começo do projeto? A Faísca começou como uma aposta. A ideia surgiu a partir da falta de eventos em que artistas e público pudessem se encontrar regularmente. Na época, existiam várias feiras, porém, sem essa referência estabelecida por meio da periodicidade fixa. Para tirar o projeto do papel, eram necessários recursos, objetivo que demandou tempo e esforço.

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Quando a ideia chegou até o então presidente do BDMG Cultural, João Paulo Cunha, ele acreditou na proposta, concluindo que ela era coerente com a linha de atuação do Instituto, e viabilizou o financiamento da produção dos encontros. A primeira dificuldade foi implementar essa regularidade, fazendo com que as pessoas entendessem esse funcionamento, já que não havia recursos para a divulgação. Nesse momento, então, trabalhamos com o que tínhamos em mãos: um curto tempo que não era ocupado pelas tarefas de produção para destinar à comunicação, e, claro, o apoio de cada expositor para conseguir que a feira chegasse até os interessados em artes gráficas. As duas primeiras temporadas, em 2015 e 2016, foram feitas“na raça”, tendo em vista o lugar que gostaríamos que a Faísca ocupasse um dia. Esse cenárionmudou um pouco com a aprovação na Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte para a realização da temporada 2017 da feira. 2- Como você vê a relação entre o mercado gráfico local, com o de outras cidade? Vemos a produção local se destacando no país em vários dos campos que a Faísca propôs contemplar. Além disso, percebemos que esse mercado se desenvolveu muito nos últimos anos. Um dos destaques mais interessantes de se acompanhar nesse período foram os artistas que, lá em 2015, estavam começando, e hoje estão propondo coisas novas. Nessa comparação entre o cenário de Belo Horizonte e o de outros lugares do país, o ponto no qual encontramos mais diferenças é o público. Aqui na capital mineira, consideramos que as pessoas ainda estão em formação para realmente valorizar o mercado de arte impressa. Essa observação não contempla somente os consumidores, mas, em grande parte, os gestores de espaços culturais da cidade e do estado. Em São Paulo, por exemplo, a movimentação financeira é muito maior em feiras voltadas para esse nicho, e a própria cadeia de produção é contemplada de maneira mais ampla do que vemos por aqui. De qualquer forma, percebemos que a caminhada do mercado gráfico local está acelerada, então, estamos chegando lá.

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3 - Jão, conta pra gente um pouquinho do seu projeto Parafuso, suas referências, e como é o processo criativo? PARAFUSO funciona como um laboratório para meus trabalhos. É um espaço para experimentações não somente na linguagem dos quadrinhos, mas um ambiente de testes relativos a formatos de publicações e a outros pensamentos gráficos. Utilizo esse nome para minhas revistas que não se constituem por histórias longas. É como se fosse uma válvula de escape para o que estou pensando em cada momento. “PARAFUSO”, assim, nomeia um conjunto de ideias. Inicialmente, pensei em dez volumes, que podem ser revistas ou outras derivações, mas já estou considerando estender esse projeto mais ainda. A revista PARAFUSO 0 traz uma história de minha autoria, que apresenta um universo que criei composto por superheróis, a partir de um desafio que coloquei para mim mesmo: como nunca havia trabalhado o gênero, resolvi experimentar caminhos diferentes dos que via no mainstream. Agora, estou trabalhando em uma expansão desse conceito, com novas histórias. Em breve, pretendo abordar várias novidades em relação a isso. Já a edição da PARAFUSO que leva o número 1, que está em processo de edição, é uma antologia que organizei para reunir o trabalho de outros doze artistas ao meu. Ela é um resultado de uma residência artística que coordenei no início do ano. Nos outros volumes que estão por vir, nem eu sei o que esperar... 4 - Helen, fala mais sobre o espaço Fanzinoteca Faísca, como surgiu essa alternativa, e como tem sido esse desdobramento?

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A Fanzinoteca foi pensada, ao mesmo tempo, para ser uma derivação e uma forma de resistência do projeto Faísca como um todo, já que, quando foi inaugurada, a feira não tinha (e ainda não tem) previsão de recursos para ser realizada. A Fanzinoteca é uma combinação entre biblioteca e exposição de obras que integraram a programação da temporada 2017 da feira, e a ideia é que continue recebendo publicações como as que já são encontradas lá: desde zines, revistas e livros até fotografias, pôsteres e outros trabalhos de arte impressa. O espaço foi constituído por doações de expositores e fica em um centro cultural municipal, a Usina de Cultura, oferecendo acesso


gratuito para o público. A recepção da iniciativa, por se tratar de uma das primeiras bibliotecas públicas com esse viés, foi muito boa, mas pretendemos desenvolver ações para viabilizar recursos para o local, que precisa de investimentos desde o mobiliário, passando pela catalogação, conservação e ampliação do acervo. A Fanzinoteca foi criada como contrapartida do projeto aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o que significa que sua inauguração se deu a partir do nosso próprio investimento. No plano de gestão do espaço, queremos desenvolver, por lá, mais atividades voltadas para pesquisa, produção e desenvolvimento do mercado.

5- Com a paralisação do Faísca, devido ao corte dos recursos investidos, como vocês veem o mercado gráfico local a partir desse marco? Algo que nos deixou muito satisfeitos foi, enquanto a Faísca estava em atividade, ver diversas outras feiras surgindo. Foi perceber, ainda, como os artistas se profissionalizaram. Enquanto sentimos falta da continuidade de um projeto que estava se estabelecendo como referência, também vemos que toda a movimentação, que já vinha acontecendo antes do momento em que a feira começou, não vai parar. O mais importante para isso, agora, é que gestores das instituições culturais e investidores percebam isso melhor, e possam apostar nessas ideias junto com os artistas e produtores locais. Para saber mais sobre o projeto acesse:

foto: Dea Vieira

https://www.facebook.com/mercadofaisca/

... ainda continúa acesa! 19


Relevo Se 1

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eco DIY

Nesta primeira edição, a EMRG traz um tutorial sobre como simular relevo seco em peças gráficas e embalagens utilizando de poucos recursos. Use desta técnica para ampliar suas formas de expressão com materiais que geralmente você tem em casa.

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1. Para esse DIY você precisará do seguintes materiais: 3 folhas de craft de mesmo tamanho sendo este maior que o desenho do relevo, cola branca ou bastão, a superficie onde deseja o relevo seco, estilete e o desenho a ser transferido. 2. Cole duas folhas de craft uma na outra espalhando bem e evitando acúmulos de cola.

DICAS: -Há caixas de sapato, de cereais, de gelatinas, todas feitas com craft, aproveite esse material para fazer os moldes e também reciclar. -Na ausência de um boleador, você pode facilmente subtituílo por uma tampa de caneta ou um clip de papel.

3. Transfira seu desenho para as folhas coladas de craft deixando uma distanciâ entre o mesmo e as bordas da folha. 4. Com um estilete recorte o molde vazado do seu desenho. 5. Espalhe a cola sem excessos sobre a folha de craft restante, LEMBRE-SE: COLE O DESENHO INVERTIDO SOBRE ESTA FOLHA. 6. Aguarde a secagem COMPLETA do molde. 7. Coloque o molde a frente da superfície que deseja o relevo seco. 8. Use um boleador, para transferir seu desenho. Para isso faça pressão sobre o molde. 9/10. Aprecie o resultado!

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PARA MAIS TUTORIAIS COMO ESSE, ACESSE E INSCREVA-SE NO NOSSO CANAL. FIQUE POR DENTRO DE TODOS OS WORKSHOPS E OFICINAS MINISTRADOS PELA EDITORA KURINGA.


Convidamos @ellamedrado, que está sempre por dentro do que rola no cenário cultural de BH pra compartilhar uma lista de eventos incríves que acontecerão nos próximos dias.

Café das Pretas

Projeto FRITO

Abertura da Exposição

16JUN Baronesa

Sessão com debate

9JUN 13JUN JUNTA

13ªCineOP Mostra de Cinema de Ouro Preto

Bazar de Arte Independente

Baile do Pretim

Guilherme Ventura e Johnny Hernno

foto: Mariana Valentim

Grazi

Fala Neves

17JUN 18JUN Queerdrilha

Lançamento do livro Translado + Arraiá

indica.

Grazi Medrado é diretora criativa, atriz e produtora cultural. Trabalha com diversos artistas, grupos e coletivos de teatro, música, dança, arte urbana, audiovisual e performance. Foi coordenadora de produção do Galpão Cine Horto, centro cultural do Grupo Galpão em Belo Horizonte. É colaboradora da segundaPRETA espaço de reflexão, debate, prática artística negra, fabulações e outras histórias. Cria e dirige as aberturas/performances das Mostras de Cinema de Tiradentes, CineBH e CineOP.

Segunda PRETA

20JUN 22JUN Roda de Conversa sobre Carnaval

Cabaré da Divinas Tetas

23JUN 24JUN TransZona Junina

Para Chicos

25JUN 28JUN Curso Cinema e Audiovisual para Educadores

IDEA Apresenta: Julia Branco

30JUN IX Varejão

Convocatória Teatro 171

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Ramiel

- todos os monstros dentro do meu quarto.


by: @ramielramiel

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Se você é artista, e quer fazer uma parceria para ter seu trabalho divulgado e tem interesse em contribuir para a próxima edição da E-MRG Mag, manda um e-mail pra gente ou envie uma mensagem inbox nas nossas redes sociais! editorakuringa@gmail.com cargocollective.com/editorakuringa @editorakuringa

Contato 26


ficha técnica Revista E-MRG Produção Editora Kuringa Edição nº1 - Junho 2018 Cordenação e Edição Editora Kuringa Direção de Arte Gabrieu Algusto Chefe de Edição Barbara Fox Projeto Gráfico Gabrieu Algusto Revisão Barbara Fox Digô Faria Colaboradores Coletivo Lanternas Graziella Medrado Helen Murta João Hq Lucas Piêtro Matheus Maciel Wesley Amorim Fotografias e Capa Gabrieu Algusto Disponível em https://issuu.com/editorakuringa

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