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TERRA DOS SONHOS

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A RUA DA VILA

A RUA DA VILA

Por um caminho solitário e obscuro, Assombrado por anjos impuros, Onde um espírito de “Noite” chamado, Num trono negro reina inalterado. A essas terras há pouco cheguei, Vindo de sombria Thule1, para trás deixei Um clima selvagem, sublime e alheado, De espaço e de tempo deslocado.

Vales sem fundo e pântanos sem fronteira Abismos, cavernas e bosques ticianos sem beira Formas que impedem que se desvendem Com gotas de orvalho que tudo cobrem, Montanhas para sempre balançando Sobre mares onde praias estão faltando, Mares que aspiram agitados Subindo a céus afogueados, Lagos que espalham infinitamente Suas águas solitárias, solitárias e dormentes, Suas águas paradas, paradas e geladas, Com as flores pendendo nevadas.

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1 Na Grécia e Roma antigas, era considerado o lugar mais ao norte conhecido. Na geografia medieval, pode significar qualquer lugar distante, para além dos limites conhecidos.

À beira de lagos que espalham infinitamente Suas águas solitárias, solitárias e dormentes, Suas águas tristes, tristes e geladas, Com as flores pendendo nevadas,

Ao pé de montanhas próximas ao rio, Murmurando baixinho um murmúrio como um pio, Ao lado de cinzentos bosques que o pântano ladeiam Onde o sapo e a salamandra acampam Ao lado de piscinas e tristes lagos Onde os monstros estão domiciliados, Em cada canto o mais diabólico, Em cada esconderijo o mais melancólico,

O viajante encontra aterrorizado Memórias recortadas do passado, Formas ocultas que encetam e suspiram Enquanto pelo andarilho passam, Amigos em trajes translúcidos À Terra e ao céu há muito partido.

Para o coração cujas tristezas são legião Esta é um pacata e relaxante região, Para o espírito que à sombra tem caminhado Aqui é, aqui é o Eldorado! Mas o viajante que por aqui passar Não pode, não deve abertamente contemplar; Nunca seus mistérios são revelados Para o fraco olho humano vedado, Assim deseja o rei que proibiu sem mais nada O levantar da pálpebra cerrada, Assim a triste alma que por aqui passa lentamente Contempla senão por escurecidas lentes. Por um caminho solitário e obscuro, Assombrado por anjos impuros, Onde um espírito de “Noite” chamado, Num trono negro reina inalterado, Por meu lar tenho vagado, Vindo de sombria Thule, que havia deixado.

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