1 minute read
PARA ISADORA
I
Sob os beirais cobertos de videiras Cujas sombras caem diante Da tua porta, na tua soleira Sob as folhas do lilás vibrante – Apertada em tua mão enevoada Vinha a flor purpúrea. Noite passada em sonho eu te vi de pé Como majestosas ninfas direto da terra das fadas – Feiticeira da varinha florida, A mais formosa, Isadora!
Advertisement
II
Eu quando ordenei que o sonho A rondar teu espírito se fosse, Teus olhos violeta virados em torpor Para mim, pareceram exuberantes Com o prazer profundo e incalculável Da serenidade do amor; Tua fronte clássica, como lírios brancos E pálidos como a noite imperial Sobre seu trono, com estrelas adornada, Atraiu para ti minha alma.
III
Sempre contemplei Teus olhos sonhadores, apaixonados, Lânguidos como o céu azulado, Perdurados com a borda dourada do pôr do sol; Estando agora estranhamente clara, tua imagem cresce, E lembranças antigas de seu repouso aparecem Como sombra sobre a neve silenciosa, Quando de repente o vento noturno sopra E o brilho da lua, silencioso, tudo ata.
IV
Como música vinda de sonhos, Como desconhecidos rompantes de harpas, De pássaros que bateram asas e foram, Audíveis como a voz de riachos Que murmura em algum frondoso vale Escuto tua suave harmonia E o silêncio vem com sua magia Como aquela que em minha língua habita, Quando tremendo em sonhos eu declaro Meu amor por ti irradia.
V
Ouvida em cada vale, Flutuando de árvore em árvore, Menos bela para mim, A música do pássaro radiante, Do que tom sincero como o teu Cujo eco nunca some! Ah! Como anseio por tua doce voz Proferir com tua afável fala (Feiticeira!) esse meu rude nome Soa como melodia rara!