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PARA MARIE LOUISE SHEW II

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A RUA DA VILA

A RUA DA VILA

Não faz muito tempo, o autor destas linhas, No louco orgulho da intelectualidade, Manteve o “poder das palavras” – negou que algum dia Um pensamento tivesse nascido no cérebro humano, Além da enunciação da língua humana: E agora, como que zombando daquele despautério, Duas palavras1 – dois doces dissílabos estrangeiros – Tons italianos, feitas apenas para serem murmuradas Por anjos sonhando ao luar, “orvalho Pendente das correntes de pérolas no Monte Hermon”2 – Revolveram do abismo de seu coração,

1 Alusão ao nome de Marie Louise. 2 No Novo Testamento, o monte onde houve a Transfiguração de Jesus.

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Pensamentos controversos que são a alma do pensamento, Mais ricas, maiores, visões muito mais divinas Que nem mesmo o harpista seráfico, Israfel3 , (Que tem “a mais doce voz de todas as criaturas de Deus”) Esperaria proferir. E eu! Meus encantos se quebraram. A caneta pende sem força da minha mão trêmula. Com seu caro nome como texto, embora impelido por ti, Não posso escrever – não posso falar ou pensar –Pobre de mim! Não posso sentir; pois que não é sentimento, Essa posição imóvel diante do limiar Dourado do portão escancarado dos sonhos, Contemplando, arrebatado, abaixo da esplêndida vista, E eletrizante como eu vejo, para a direita, Para a esquerda, e por todo o caminho, Em meio às púrpuras brumas, bem longe Para onde o panorama finda – apenas ti!

3 Um dos quatro arcanjos islâmicos.

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