2 minute read

ESPÍRITOS DOS MORTOS

Next Article
A RUA DA VILA

A RUA DA VILA

I

Tua alma encontra-se desacompanhada Em meio a pensamentos sombrios da lápide acinzentada – Ninguém, de toda a multidão, a espreitar Teu momento de intimidade singular.

Advertisement

II

Esse retiro requer quietação Que não é isolamento nem solidão – Pois os espíritos dos mortos que se puseram Diante de ti agora novamente se apresentam Na morte que te cerca – e sua vontade Te ofuscará: fica parado.

III

Pois a noite – embora clara – desaprovará E as estrelas para baixo olharão, Do alto de seus tronos no paraíso Com luz tal qual esperança dada aos mortais – Mas seus olhos vermelhos, sem brilho, À tua fadiga parecerão Ardor e febre Que em ti poderiam para sempre grudar.

IV

Agora há pensamentos que não deves banir Agora há imagens que não irão sumir Do teu espírito não deverão Passar mais – como gotas de orvalho que pingam no chão.

V

A brisa – a respiração de Deus – fica – E a névoa sobre o sombrio, Sombrio monte, embora persista É um sinal e um símbolo – Como das árvores pende É o mistério que o universo não entende!

terra encantada

Vales obscuros e inundações sombrias, Bosque que com nuvens parecia, Cujas formas são impossíveis de definir Pois que as lágrimas estão por tudo cair. Luas enormes que vão do minguante ao crescente, Novamente, novamente, novamente. A cada momento do escuro, Numa eterna troca de espaços, E o brilho das estrelas surge seguro Com o respiro de seus pálidos rostos.

Por volta das doze no mostrador lunar Um, mais diáfano que os outros se podiam mostrar (Gentil, que sob julgamento, Foi apontado com destacamento) Para baixo e para baixo desce Com seu centro sobre o topo Uma montanha se estabelece Enquanto seu raio vasto

Em leves cortinas desce Sobre amuletos e salões, Onde quer que trafeguem, Sobre o mar ou em bosques desconhecidos Sobre espíritos nas asas, Sobre tudo que está entorpecido. E os enterra bem no meio De um labirinto de luz cheio – E quão profundo, ó, quão profundo, É o desejo de seu sonho alheio ao mundo. Pela manhã, eles despertam, E sua cobertura enluarada Pelo céu planam Com a tempestade atirada

Como quase tudo mais – Ou como um amarelo albatroz. A lua não é mais usada Para propósitos antes considerada, Como se fosse um abrigo Extravagante, é o que digo. Seus átomos, contudo, Se partem numa chuva, De onde borboletas, Que o céu esquadrinham E voltam insatisfeitas (Criaturas que nunca se contentam!) Da terra trouxeram uma amostra Sobre suas asas exposta.

This article is from: