Wanderley de Souza
organizador
Sobre o Organizador Wanderley de Souza
Diretor de Programas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Professor Titular de Parasitologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador 1A do CNPq na área de Parasitologia. Doutor e Mestre em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Nacional de Medicina (ANM), da Academia de Medicina da Argentina e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e Membro do Conselho Superior da CAPES.
Agentes etiológicos de doenças de grande prevalência nos países em desenvolvimento, os protozoários patogênicos continuam a despertar o interesse da área médica. Tais doenças ainda são um desafio para o conhecimento científico contemporâneo, já que o arsenal terapêutico de que dispomos para combatê-las ainda é medíocre e a possibilidade de preveni-las com a utilização de vacinas é nula. Diante disso, Protozoologia Médica traz informações básicas e relevantes, com ênfase nas infecções que ocorrem na espécie humana, em texto escrito em linguagem acessível a estudantes de graduação da área biomédica e demais profissionais de saúde que queiram ampliar seus conhecimentos. Organizado de modo a enfatizar aspectos biológicos básicos, considerando sobretudo a contribuição da Biologia Celular nos últimos anos, o livro reflete o contato direto, ao longo dos últimos 40 anos, do organizador, Wanderley de Souza, com alguns mestres da Protozoologia no Brasil, entre eles Felipe Nery Guimarães, Hertha Meyer, Leônidas Deane, Maria P. Deane, Samuel Pessoa e Zigman Brener.
Ex-Diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Ex-Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e Ex-Secretário Executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Áreas de interesse Protozoologia Microbiologia Infectologia
Protozoologia Médica
Ex-Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO).
Wanderley de Souza organizador
Outros Títulos de Interesse A Prática Médica no Interior do Brasil
Protozoologia Médica
Clóvis Eduardo Ramos Tomasi
Antimicrobianos – Guia Prático 2010/2011, 2a Ed. Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes
Antimicrobianos em Gastrenterologia – Guia Prático 2012/2013 Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes José Galvão-Alves Alessandro Lisboa da Silva
BIZU Comentado – Perguntas e Respostas Comentadas de Saúde Pública, 2a Ed. Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes
BIZU de Biologia – 2.700 Questões para Concursos Leonardo da Silva Vidal Marco Pinheiro Gonçalves Mildred Ferreira Medeiros Tatiana Amorim Muniz de Alencar
Esquistossomoses Humanas Rodrigo Siqueira-Batista Alberto Novaes Ramos Júnior Andréia Patrícia Gomes Luzidalva Barbosa de Medeiros Fernando Schemelcer M. Bezerra
Moléstia de Chagas, 2a Ed. Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes Anderson Domingues Corrêa Mauro Geller
Redação de Trabalhos Acadêmicos nas Áreas das Ciências Biológicas e da Saúde
Médico formado pela Faculdade de Medicina da UFRJ.
Haroldo Ferreira 9 788564 956049
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Wanderley de Souza (Organizador) Ex-Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e do Centro Universitário da Zona Oeste (UEZO). Diretor de Programas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Professor Titular de Parasitologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador 1A do CNPq na área da Parasitologia. Doutor e Mestre em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Nacional de Medicina (ANM), da Academia de Medicina da Argentina e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e Membro do Conselho Superior da CAPES. Ex-Diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Ex-Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e Ex-Secretário Executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia. Médico formado pela Faculdade de Medicina da UFRJ.
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Protozoologia Médica Copyright © 2013 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-85-64956-04-9 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora. Produção e Capa Equipe Rubio Editoração eletrônica EDEL
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P96 Protozoologia médica / Wanderley de Souza (organizador). - Rio de Janeiro: Rubio, 2013. 416p. : il. ; 25 cm Inclui bibliografia e índice. ISBN 978-85-64956-04-9. 1. Protozoário patogênico. 2. Microorganismos patogênicos. 3. Protozoário. 4. Microbiologia medica. I. Souza, Wanderley de, 1951-. 12-6315. 03.09.12 12.09.12
CDD: 616.93601 CDU: 616.99+563.1 038675
Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 sl. 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefax: 55(21) 2262-3779 ∙ 2262-1783 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil
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Colaboradores
Adriana Lanfredi Rangel Serviço de Microscopia Eletrônica – Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), BA.
Camila Nunes Batista Laboratório de Infectologia e Parasitologia Molecular, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Edésio José Tenório de Melo Centro de Biociências e Biotecnologia – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), RJ.
Jackson Costa Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), BA.
Lúcia de Fátima de Menezes Feitosa Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer (LUCHM), Programa de Biologia Celular e Parasitologia, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Márcia Attias Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer (LUCHM), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Marco Antônio de Oliveira Universidade do Vale da Paraíba (Univap), SP.
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Marcos André Vannier dos Santos Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), BA.
Mariano Zalis Laboratório de Infectologia e Parasitologia Molecular, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Marlene Benchimol Laboratório de Ultraestrutura Celular, Universidade Santa Úrsula (USU), RJ.
Paulo Márcio de Faria e Silva Universidade Federal de Alfenas (Unifal), MG.
Rossiane C. Vommaro Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer (LUCHM), Programa de Biologia Celular e Parasitologia, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Técia Maria Ulisses de Carvalho Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer (LUCHM), Programa de Biologia Celular e Parasitologia, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Thaïs Cristina Baeta Soares Souto-Padrón Laboratório de Biologia Celular e Ultraestrutura, Departamento de Microbiologia Geral, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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Protozoologistas Homenageados
Felipe Nery Guimarães Protozoologista do Instituto Oswaldo Cruz, Nery Guimarães nasceu em Belém (PA) no dia 25 de maio de 1910. Diplomouse pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará em 1930. Trabalhou com Evandro Chagas e, em 1931, frequentou os laboratórios dos professores Magarinos Torres, Oswino Penna entre outros. Em 1937, organizou e dirigiu o Laboratório de Anatomia Patológica do Instituto de Patologia Experimental do Norte. De 1937 a 1940, fez parte da comissão de estudos sobre leishmaniose visceral americana, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), em Belém (PA), transformada em Serviço de Estudos de Grandes Endemias. Em 1941, foi contratado como médico especialista do IOC, onde pesquisou a toxoplasmose. Dois anos mais tarde, junto com Geth Jansen, estudou a ocorrência dos triatomíneos nas matas do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano fez curso de especialização no IOC e iniciou estudos sobre a bouba e o tratamento com penicilina. Entre 1945 e 1955, instalou e chefiou o Posto de Estudos do IOC na Baixada Fluminense. Aí estudou a bouba, a sífilis rural, a blastomicose, a doença de Chagas e outras infecções. Foi chefe da Seção de Protozoologia Médica do IOC e, em 1975, chegou à direção do Instituto. Foi perito em doenças infecciosas e parasitárias na Organização Mundial de Saúde, tendo sido agraciado com a Ordem Nacional do Mérito Médico e, ainda, laureado pela Academia Nacional de Medicina. Faleceu em 1975. Tive a oportunidade de conhecer o homenageado e publicar um artigo em conjunto.
Hertha Meyer Nasceu na Alemanha, no dia 3 de maio de 1902, e estudou no Liceu Hohenzoller, não realizando nenhum curso formal em nível universitário. Entre 1921 e 1926, trabalhou no Instituto Robert Koch de doenças infecciosas e no Instituto de Patologia da Universidade de Berlim. Em 1926,
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passou a integrar a equipe dirigida por Albert Fisher, que desenvolveu estudos básicos em cultura de tecidos no Instituto Kaiser Wilhelm em Berlim-Dahlem. Já em 1928, começou a publicar artigos científicos sobre o cultivo de células neoplásicas. Entre 1930 e 1933, trabalhou na Clínica Neurológica da Universidade de Berlim. Com a ascensão de Adolf Hitler ao poder e a perseguição às pessoas de origem judaica, teve que sair da Alemanha e foi trabalhar com o Professor Giuseppe Levi no Instituto de Anatomia da Universidade de Turim na Itália, viajando em seguida para o Brasil, onde se envolveu com o desenvolvimento da vacina contra febre amarela no Instituto Rockefeller, localizado no campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Em 1941, foi convidada por Carlos Chagas Filho para organizar o Laboratório de Cultura de Tecidos do Instituto de Biofísica e, anos depois, para organizar o Laboratório de Microscopia Eletrônica. Na década de 1940, publicou vários artigos que se tornaram clássicos nos quais desenvolveu metodologias para o cultivo in vitro do Trypanosoma cruzi, do Toxoplasma gondii e do Plasmodium gallinaceum. Seu laboratório ficou conhecido internacionalmente e recebeu pesquisadores de vários países, destacando-se a presença de Rita Levi-Montalcini, que posteriormente foi agraciada com o Prêmio Nobel de Medicina. Nas décadas de 1950 e 1960, desenvolveu os primeiros estudos ultraestruturais sobre protozoários patogênicos. Em 1969, iniciei um estágio de iniciação científica com Hertha Meyer, que se prolongou até o término do curso de medicina. Sob a sua supervisão desenvolvi minhas teses de mestrado e de doutorado. Com sua aposentadoria assumi a chefia do laboratório por ela criado e que hoje se chama Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer. Permaneceu atuando até dias antes do seu falecimento em 6 de setembro de 1990.
Leônidas de Mello Deane Leônidas de Mello Deane nasceu no dia 18 de março de 1914, em Belém (PA). Formou-se pela Faculdade de Medicina do Pará em 1935. De 1930 a 1935 trabalhou no laboratório de análises clínicas da Santa Casa de Misericórdia, em Belém, sob a orientação de Antônio Acatauaçu Nunes Filho. Com a criação do Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN), em 1936, foi trabalhar com Evandro Chagas em pesquisas sobre doença de Chagas e febre amarela. Trabalhou no laboratório do Serviço de Malária do Nordeste, em 1938, na campanha contra o Anopheles gambiae, sob a orientação de Marshall Barber. No ano seguinte participou das atividades do Serviço de Demarcação de Limites do Anopheles gambiae e, em 1940, trabalhou na sede do Serviço de Malária da zona rural de Aracatu (CE), desenvolvendo estudos sobre a ecologia do Anopheles gambiae que resultaram num artigo publicado na revista American Tropical Medicine, editada nos Estados Unidos. Com o fim da campanha do Serviço de Malária, em 1942, voltou para o Instituto Evandro Chagas, antigo IPEN, engajandose no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Nesse mesmo ano, foi para os Estados Unidos fazer o curso de mestrado em saúde pública da Universidade Johns Hopkins e a especialização em entomologia na Universidade de Michigan. Após concluir o mestrado, em 1944, voltou
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ao Brasil para trabalhar no Instituto de Malariologia no Rio de Janeiro, como chefe da Divisão de Malária. Em 1953, a convite de Samuel Pessoa, foi lecionar na Faculdade de Medicina de São Paulo. Recebeu o Prêmio Oswaldo Cruz, em 1955, por sua dedicação à pesquisa sobre o calazar. Durante 1964, fez várias viagens ao redor do mundo, pesquisando a malária em macacos e sua relação com a malária humana. Esse trabalho foi interrompido com o fechamento do Departamento de Parasitologia da Faculdade de Medicina de São Paulo, devido a perseguições políticas sofridas após o golpe militar. Desde essa época Leônidas Deane foi especialista em doenças parasitárias da Organização Mundial de Saúde. O exílio de sua filha Maria Luíza obrigou-o a trabalhar no Instituto de Medicina Tropical de Lisboa, em 1975. Logo depois, transferiu-se para a Venezuela, onde permaneceu até 1979 trabalhando como professor visitante de Parasitologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Carabobo. Ao voltar ao Brasil, Leônidas ingressou no Instituto Oswaldo Cruz como pesquisador titular e chefe do Departamento de Entomologia. Em 1990, aposentou-se compulsoriamente, mas continuou a desenvolver as atividades de pesquisa no Laboratório de Transmissores de Hematozoários até falecer, em 30 de janeiro de 1993. Tive a oportunidade de conhecer o homenageado e realizar estudos em conjunto usando a microscopia eletrônica de varredura.
Maria José von Paumgartten Deane Nasceu no dia 24 de julho de 1916, em Belém (PA), onde realizou seus primeiros estudos. Em 1936, ingressou na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. Durante o curso, realizou trabalhos na comissão encarregada de estudos sobre leishmaniose visceral, do Serviço de Estudos de Grandes Endemias (SEGE) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Permaneceu no SEGE até 1939, foi trabalhar na campanha contra o Anopheles gambiae, realizada no Ceará e no Rio Grande do Norte. Em 1942, assumiu o cargo de assistente do Departamento de Parasitologia do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), lotada no Instituto Evandro Chagas, em Belém, onde colaborou em pesquisas sobre malária e filariose, realizando estudos na Amazônia e no Espírito Santo, entre outros Estados. Promovida a chefe da Seção de Parasitologia do SESP, desenvolveu também pesquisas sobre verminose e leptospirose. Foi ainda chefe do Laboratório de Entomologia da Campanha de Erradicação da Malária, do Ministério da Saúde, cargo que exerceu até 1961, quando ingressou no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo. Em 1969, organizou o Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Faculdade de Medicina de Taubaté (SP), transferindo- se em 1971 para Minas Gerais, onde desempenhou tarefa semelhante no Departamento de Zoologia da universidade desse Estado. Em 1976, a convite do governo venezuelano, organizou o Departamento de Parasitologia da Faculdade de Ciências da Saúde, na Universidade de Carabobo. Em 1980, transferiu-se para o IOC como pesquisadora titular do Departamento de Protozoologia, onde também foi chefe pro tempore do Centro de Microscopia Eletrônica. Logo depois foi promovida a chefe do Departamento. Em 1986, assumiu o cargo de vice- diretora da IOC. Em 1988, participou ativamente da restauração do curso de pós-graduação da IOC, importante na formação de gerações de pesquisadores que foram seus alunos e hoje atuam como consagrados especialistas.
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Samuel Barnsley Pessoa Samuel Pessoa leva no sobrenome ascendência europeia. Filho de médico paraibano e de mãe inglesa, nasceu em São Paulo e formou-se pela Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1921.Teve longa e produtiva carreira como professor e pesquisador, o que justifica ser considerado o grande mestre da Parasitologia sul-americana, tendo contribuído com importantes subsídios para o combate às grandes endemias parasitárias no continente. Precocemente defrontado com a dura realidade social por meio de exaustivos trabalhos de campo realizou importantes pesquisas na área das doenças parasitárias e transformou-se em contestador de um sistema de organização social que mantinha as condições subumanas em que vivia a maioria da população. Foi o primeiro dirigente de um Centro de Saúde-Escola do Brasil ao assumir, em 1923, a função de médico-chefe do Posto Experimental da Inspetoria de Profilaxia Geral do Serviço Sanitário de São Paulo, vinculado ao Instituto de Higiene da Faculdade de Medicina de São Paulo. Perseguido pelo regime militar instalado no Brasil em 1964, foi injustamente acusado de haver transformado o seu departamento na USP em verdadeira fábrica de subversivos, passando a ser duramente perseguido; mesmo, afastado de forma truculenta das suas atividades de pesquisa, manteve importante produção científica no campo da parasitologia médica até sua morte, em 1976. Autor do clássico livro Protozoologia Médica. Tive a oportunidade de conhecer o homenageado em 1971, quando trabalhava no Instituto Butantã, época em que planejamos analisar a ultraestrutura de tripanossomas encontrados no sangue de serpentes.
Zigman Brener Médico nascido em São Paulo, desenvolveu intensa produção em quimioterapia e imunologia e chefiou por mais de 30 anos o Laboratório de Doença de Chagas do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz. Filho de Isaac Brener e Ana Marcinovsky, imigrantes provenientes da Europa Central, fez os seus estudos de primeiro grau em São Paulo. Mudou-se com a família para Belo Horizonte em 1941, aos 13 anos de idade, onde estudou no Ginásio Mineiro, concluindo o segundo grau em 1947. Iniciou, em 1948, o curso na Faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo-se diplomado em 1953. Na Faculdade de Medicina, passou a frequentar em 1949 o laboratório de José Pellegrino, pesquisador ligado ao Centro de Estudos de Doença de Chagas de Bambuí (MG), criado pelo Instituto Oswaldo Cruz. Com José Pellegrino publicou numerosos trabalhos sobre doença de Chagas, leishmaniose e esquistossomose, entre 1951 e 1960. Casou-se, em 1954, com Adélia, sua companheira de toda a vida, com quem teve as filhas Stela e Martha. Em 1955, tornou-se assistente da Cadeira de Parasitologia da Faculdade de Farmácia da UFMG e passou a exercer o cargo de Pesquisador no recém formado Instituto Nacional de Endemias Rurais. Obteve o título de Doutor pela Faculdade de Medicina em 1957, defendendo a tese Calazar Canino em Minas Gerais, e foi promovido por concurso público a Professor Titular de Parasitologia. Em 1961, tornou-se Livre-Docente da Faculdade de Farmácia e Bioquímica
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da mesma Universidade, por concurso de provas, e títulos e, no ano seguinte, também por concurso, foi promovido a Professor Catedrático daquela Faculdade, assumindo a vaga do Professor Amilcar Vianna Martins. Em 1969, com a criação do Departamento de Parasitologia da UFMG, tornou-se Coordenador do Curso de Pós-Graduação de Parasitologia. Presidiu o Steering Committee on Chemotherapy, Parasitology and Immunology of Chagas Disease, do Programa de Pesquisa em Doenças Tropicais (Tropical Diseases Research), da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1977 a 1984. Foi membro do Scientific and Technical Advisory Committee, do Tropical Diseases Research Program da OMS. Aposentado em 1982, passou a Pesquisador Titular do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte, onde chefiou o Laboratório de Doença de Chagas. O cientista publicou 211 artigos científicos completos, sendo 129 em periódicos nacionais e 82 em revistas estrangeiras. Deste total, 158 dissertavam sobre doenças de Chagas, 23 sobre esquistossomose, 19 sobre leishmaniose, 4 sobre malária e 7 sobre outras doenças. Seus livros Trypanosoma cruzi e doença de Chagas, de 1979, e Chagas Disease (American Trypanosomiasis): its impact on transfusion and clinical medicine, de 1992, tornaram-se obras de referência da literatura internacional sobre doença de Chagas. Recebeu numerosas homenagens, medalhas e condecorações, inclusive a Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1994, na classe Grã-Cruz, por decreto do Presidente da República. Foi membro de diversos comitês do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos, a Finep, e de diversos outros. No plano internacional, além de participar de várias comissões e congressos, foi presidente do Steering Committee on Chemotherapy, Parasitology and Immunology of Chagas Disease e membro do Scientific and Technical Advisory Committee, do Programa de Pesquisa em Doenças Tropicais da OMS. Morreu no dia 23 de setembro de 2002, em Belo Horizonte, 16 dias depois de completar 74 anos de idade. Teve importante atuação no sentido de organizar a Reunião Anual sobre Pesquisa Básica em Doença de Chagas, que ocorreu durante muitos anos em Caxambu e que hoje tem continuidade sob o patrocínio da Sociedade Brasileira de Protozoologia. Tive a oportunidade de conviver por muitos anos com o homenageado e de publicar artigos em colaboração. Wanderley de Souza
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Apresentação
É crescente o interesse pelos microrganismos eucarióticos, muitos dos quais se enquadram no que hoje tendemos a chamar de protistas. Esta denominação é correta, do ponto de vista biológico. No entanto, muitas vezes tendemos a privilegiar a tradição. Por este motivo, optamos por denominar este livro de Protozoologia Médica, e não de Protistologia Médica. Os protozoários patogênicos continuam a despertar o interesse da área médica pelo fato de serem agentes etiológicos de doenças de grande prevalência nos países em desenvolvimento. Essas doenças continuam a desafiar o conhecimento científico contemporâneo, já que o arsenal terapêutico de que dispomos para combatê-las ainda é pobre e a possibilidade de preveni-las com a utilização de vacinas é pouco provável. A estes dois desafios, que por si sós justificam o interesse pelo estudo dos protozoários patogênicos, juntam-se outros, como o estudo do complexo sistema utilizado para driblar a resposta imunológica dos hospedeiros, dos mecanismos utilizados para invadir células do hospedeiro e mesmo da utilização de processos de diferenciação e de desdiferenciação celular que ocorrem durante seus ciclos evolutivos. A ideia de organizar este livro surgiu a partir de sugestões de vários colegas e alunos. Sentimos a necessidade de organizá-lo procurando enfatizar aspectos biológicos básicos, considerando sobretudo a contribuição dada nos últimos anos pela biologia celular. De certa forma, o livro reflete o contato direto que tive ao longo dos últimos 40 anos com alguns mestres da Protozoologia no Brasil, que homenageio nas primeiras páginas deste livro dedicando-lhes uma curta nota bibliográfica. Agradeço aos vários colegas que aceitaram o convite para colaborar escrevendo vários capítulos. Cada um teve a liberdade de escrever seguindo o próprio estilo. Por este motivo, não nos preocupamos em apresentar um estilo uniforme de escrita ou mesmo de ordenação dos vários itens. Até mesmo a dimensão dos capítulos reflete a visão de cada autor acerca das informações básicas consideradas relevantes para um curso de Protozoologia voltado para estudantes de graduação da área biomédica, com ênfase nas infecções que ocorrem na espécie humana. Em se tratando da primeira edição, é quase certo que tenhamos exagerado na profundidade de alguns capítulos, que outros precisem ser aprofundados em futuras edições e que mesmo alguns protozoários tenham sido omitidos. Antecipadamente pedimos desculpas e solicitamos que nos enviem comentários e sugestões, que merecerão de nossa parte toda a atenção devida.
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Neste momento, é importante fazer um agradecimento especial à Professora Cleuza Faustino, pela revisão técnica do texto, a Paula Almeida, pela organização do livro, e aos colegas Dirceu Esdras Teixeira, Paulo Crepaldi, Marcelo Xavier e Thiago Barros, da Fundação Centro de Ciências e de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), pelo apoio na produção de esquemas e figuras. Por último, quero dedicar este livro aos mestres da Protozoologia brasileira com quem tive a oportunidade de conviver, e que constituem exemplos de dedicação à área e que deram contribuições significativas à Protozoologia. São eles: Felipe Nery Guimarães, Hertha Meyer, Leônidas Deane, Maria P. Deane, Samuel Pessoa e Zigman Brener. Wanderley de Souza
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Sumário
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Introdução à Protozoologia ........................................................................................ 1 Introdução à Ordem Kinetoplastida .......................................................................... 19 Phytomonas ............................................................................................................ 29 A Família Bodonidae – As Criptóbias ....................................................................... 37 Os Tripanossomatídeo Monoxênicos ....................................................................... 51 Trypanosoma cruzi e a Doença de Chagas .............................................................. 63 Leishmania spp. e Leishmanioses ........................................................................... 125 Trypanosoma brucei e a Doença do Sono ............................................................. 153 Trypanosoma rangeli ............................................................................................ 159 Introdução aos Apicomplexa ................................................................................. 165 Toxoplasma gondii e a Toxoplasmose ................................................................... 169 Cryptosporidium ................................................................................................... 205 Eimeria e Isospora ................................................................................................. 209 Sarcocystis ............................................................................................................ 213 Gênero Plasmodium ............................................................................................. 215 Ordem Piroplasmida .............................................................................................. 241 Microsporídeos ..................................................................................................... 245 Introdução aos Protozoários Anaeróbicos .............................................................. 249 Trichomonas ......................................................................................................... 251 Giardia lamblia e Giardíase ................................................................................... 277
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Entamoeba histolytica e Amebíase ........................................................................ 291 Blastocystis hominis .............................................................................................. 333 Ciliados Patogênicos ............................................................................................. 337 Protozoários Oportunistas ..................................................................................... 341 Métodos de Diagnóstico de Doenças Causadas por Protozoários ........................... 343 Índice Remissivo ................................................................................................... 377
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Capítulo
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Introdução à Protozoologia Wanderley de Souza
Introdução Entre 1674 e 1716, em comunicações feitas à Sociedade Real de Londres, Anton van Leeuwenhoek descreveu uma série de minúsculos organismos observados apenas quando se usava um microscópio óptico e que vieram a constituir o que hoje conhecemos como protozoários. Entre os microrganismos descritos destacam-se Giardia lamblia (G. duodenalis, G. intestinalis), encontrado nas fezes, e Eimeria stiedae, encontrado no fígado de coelho. Somente em 1828 Delfour descreveu outros protozoários, gregarinas encontradas no intestino de insetos. A partir de meados do século XVIII teve início um processo crescente de descrição de novas espécies, surgindo assim o mundo dos protozoários ou dos protistas. Estima-se a existência de cerca de cem mil espécies já descritas e um número certamente maior de espécies ainda não identificadas e caracterizadas, o que abre um amplo campo para novas pesquisas. Os protozoários podem ser encontrados nos mais variados habitats, indo do solo ao sangue de vertebrados. Muitos vivem como protozoários de vida livre, enquanto outros exercem intensa atividade parasitária. Ainda que neste capítulo façamos algumas conside-
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rações de ordem geral, a ênfase especial será sempre dada aos que exercem atividade parasitária. Muitos protozoários são de extrema importância por constituírem agentes responsáveis por doenças de elevada prevalência e muitas vezes de elevada morbidade em populações que vivem em diferentes partes do mundo. Podemos incluir nesse grupo os protozoários que causam a malária, a doença do sono, a doença de Chagas, as leishmanioses, a toxoplasmose, a amebíase e a giardíase, entre outras. Milhões de pessoas estão hoje infectadas por um desses protozoários. Também não podemos ignorar que os protozoários constituem modelos experimentais importantes para se entenderem certas questões biológicas básicas. Cito como exemplos o fenômeno da variação antigênica, a transformação celular, a presença de DNA extranuclear ou a biossíntese de proteínas associadas à membrana plasmática via uma âncora de glicosilfosfatidilinositol (GPI). Há certa controvérsia quanto à propriedade do uso do termo protozoário para designar os microrganismos com os quais vamos lidar neste livro. Alguns autores preferem a utilização de termos como protista ou protoctista. Ainda que todos estes termos possam
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Protozoologia Médica
ser utilizados, percebe-se claramente que a grande maioria dos pesquisadores que trabalham com agentes causadores de doenças no homem e em outros animais ainda prefere utilizar o termo protozoário. Por esse motivo, este será o termo utilizado preferencialmente neste livro. Cabe ressaltar, no entanto, que o termo protista é muito mais abrangente e vem sendo utilizado de maneira crescente, principalmente pelos pesquisadores que analisam problemas ligados à evolução dos seres vivos.
Aspectos Taxonômicos Existem várias classificações sendo utilizadas no campo de atuação deste livro. Optei por apresentar apenas quatro que me parecem mais adequadas para os propósitos desta obra. A classificação mais conhecida é aquela que recebe a chancela da Sociedade Internacional de Protozoologia (Levine et al., 1980). Essa classificação organiza os protozoários em sete filos com alguns subfilos, superclasses, classes, subclasses, ordens etc. (Tabela 1.1). A classe Mastigophora apresenta três ordens nas quais vamos encontrar famílias contendo gêneros e espécies que são parasitos importantes, como os tripanossomatídeos e os tricomonadídeos. No subfilo Sarcodina vamos encontrar as amebas. No filo Apicomplexa encontramos um grande número de parasitos de interesse para a medicina e a veterinária, sobretudo na classe Sporozoea, que inclui os membros das famílias Eimeridae, Plasmodiidae, Babesiidae, Theileriidae e Toxoplasmidae. A segunda classificação, que considera o reino Protoctista, ou Protista, procura situar os seus membros com base em dois parâmetros básicos (Margulis et al., 1989) (Tabela 1.2). O primeiro refere-se à presença ou não de cílios ou flagelos, denominados genericamente undolipódios. O segundo refere-se à presença ou não de um ciclo sexual completo. Dessa maneira, formam-se: o grupo I, que inclui os protistas sem undolipódios e sem
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Tabela 1.1 Classificação da Sociedade Internacional de Protozoologia Filo Sarcomastigophora Subfilo Mastigophora Classe Phytomastigophora Classe Zoomastigophora Subfilo Opalinata Subfilo Sarcodina Superclasse Rhizopodia Superclasse Actinopodia Classe Acantharea Classe Polycystinea Classe Phaeodarea Classe Heliozoea Filo Labyrinthomorpha Filo Apicomplexa Classe Perkinsea Classe Sporozoa Subclasse Gregarinia Subclasse Coccidia Subclasse Piroplasmia Filo Microspora Filo Ascestopora Filo Myxozoa Filo Ciliophora Fonte: adaptada de Levine et al., 1980.
um ciclo sexual completo; o grupo II, que inclui os organismos sem undolipódios mas com ciclo sexual completo; o grupo III, que compreende os organismos que apresentam formação reversível dos undolipódios e sem ciclo sexual completo; e o grupo IV, que inclui os protistas com undolipódio reversível e com ciclo sexual completo.
Aspectos Evolutivos A utilização crescente de modernas técnicas de microscopia eletrônica para análise da organização estrutural de um grande número de espécies de protozoários, o estudo bioquímico de diferentes proteínas e, mais recentemente, a utilização da biologia molecular para o estudo de sequências do RNA da subunidade de 16S do ribossomo e da sequência gênica de algumas proteínas têm gerado novas informações que permitem estabelecer uma certa
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Tabela 1.2 Classificação de microrganismos do reino Protoctista Grupo
I. Sem undolipódio. Ausência de ciclo sexual completo (5 filos)
Filo
Classe
Rhyzopoda
Lobosea Filosea
Haplosporidia
Haplosporea
Paramyxea
Paramyxidea Marteiliidae
Myxopora
Myxosporea Actinosporea
Microspora
Rudimicrosporea Microsporea
Acrasea
Acrasids
Dictyostelida
Dyctyostelids
Rhodophyta
Rhodophycease
Conjugaphyta
Conjugaphycease
III. Com formação reversível do undolipódio. Ausência de ciclo sexual completo (14 filos)
Zoomastigina (11 classes)
Amebomastigota Diplomonads Kinetoplastids Opalinds Proteromonads Retortamonads
IV. Com formação reversível do undolipódio. Com ciclo sexual completo (12 filos)
Ciliophora
–
Apicomplexa
Gregarinia Coccidia Hematozoa
II. Sem undolipódio. Com ciclo sexual completo (4 filos)
Fonte: adaptada de Margulis et al., 1989.
ligação entre a filogenia, que analisa a evolução das espécies, e a sistemática, que permite a sua identificação. Com base nesses estudos, os protozoários têm sido agrupados em determinados esquemas. Apoiados em estudos bioquímicos, o grau de relação entre diferentes organismos vem sendo estabelecido, elaborando-se árvores filogenéticas que permitam o estabelecimento de hipóteses sobre relações evolutivas entre diferentes espécies. As árvores construídas com base na análise do RNA ribossomal coloca microsporídeos e diplomonas na base dos dendogramas. É importante ressaltar que, de acordo com o complexo molecular usado, diferenças têm sido observadas. Por exemplo, os protozoários que não apresentam mitocôndrias, como é o caso
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de Giardia, Trichomonas e Entamoeba, estão colocados na base da árvore construída a partir da análise do RNA ribossomal. No entanto, quando a árvore é construída com base na sequência de proteínas conservadas, como é o caso da tubulina, organismos sem mitocôndria, como é o caso de microsporídeos, não mais aparecem na base da árvore, mas junto com os fungos. Resultados como este levam à interpretação de que alguns protozoários perderam a mitocôndria ao longo do processo evolutivo. A seguir são apresentadas árvores evolutivas construídas com base na análise do RNA ribossomal (Figura 1.1). Há algumas classificações que já levam em consideração dados filogenéticos, entre as quais destacamos as de Cavalier-Smith
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Bacteria
Archaea
Eucariota
Green filamentous Slime Entamoebae bacteria molds Animals Spirochetes Methanosarcina GramFungi Methanobacterium positives Halophiles Proteobacteria Plants Methanococcus Cyanobacteria Ciliates T. celer Planctomyces Thermoproteus Flagellates Bacteroides cytophaga
Trichomonads
Pyrodicticum
Microsporidia
Thermotoga Diplomonads
Aquifex
Figura 1.1 Árvore filogenética baseada na análise do RNA ribossomal mostrando os três grandes domínios: Archaea, Bacteria e Eucariota
(1998) (Tabela 1.3) e de Adl e cols. (2005) (Tabela 1.4), estabelecidas em grupos. A partir da definição de que os seres vivos podem ser colocados em apenas três grandes domínios
(Archaea, Eubacteria e Eucariota), o grupo de eucariotos pode ser classificado tal como indicado na Tabela 1.3.
Tabela 1.3 Classificação proposta por Cavalier-Smith, 1998 Reino Protozoa Sub-reino Archezoa Cavalier-Smith, 1983 Filo Metamonada (Grassé, 1952) Cavalier-Smith, 1981 Subfilo Eopharyngia Cavalier-Smith, 1993 Subfilo Axostylaria (Grassé, 1952) Cavalier-Smith, 1997 Filo Trichozoa Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Anaeromonada Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Parabasala (Honigberg, 1973) Cavalier-Smith, 1997 Sub-reino Neozoa Cavalier-Smith (1993), 1997 Infrareino Sarcomastigota Cavalier-Smith, 1983 Filo Neomonada Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Apusozoa Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Isomita Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Choanozoa Cavalier-Smith (1981), 1983 Filo Cercozoa Cavalier-Smith (1985, 1997), 1998 Subfilo Phytomyxa Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Reticulofilosa Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Monadofilosa Cavalier-Smith, 1997 Filo Foraminifera (d’Orbigny, 1826) (Eichwald, 1830), Margulis, 1974 Filo Amoebozoa Lühe, 1913 Subfilo Lobosa (Carpenter, 1861) Cavalier-Smith, 1997 Subfilo Conosa Cavalier-Smith, 1998 Infrafilo Archamoeba Cavalier-Smith, 1983 Infrafilo Mycetozoa de Bary, 1859 Superclasse Eumyxa Cavalier-Smith, 1993 Superclasse Dictyostelia Lister, 1909 (continua)
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Infrareino Discicristata Cavalier-Smith, 1998 Filo Percolozoa Cavalier-Smith, 1991 Subfilo Tetramitia Cavalier-Smith, 1993 Subfilo Pseudociliata Cavalier-Smith, 1993 Filo Euglenozoa Cavalier-Smith, 1981 Subfilo Plicostoma Cavalier-Smith, 1998 Subfilo Saccostoma Cavalier-Smith, 1998 Infrareino Alveolata Cavalier-Smith, 1991 Superfilo Milozoa Cavalier-Smith, 1987 Filo Dinozoa Cavalier-Smith, 1981 Subfilo Protalveolata Cavalier-Smith, 1991 Subfilo Dinoflagellata (Bütschli, 1885) Cavalier-Smith, 1991 Filo Sporozoa (Leuckart, 1879) Cavalier-Smith, 1981 Subfilo Gregarinae (Heckel, 1866) Cavalier-Smith, 1998 Subfilo Coccidiomorpha (Doflein, 1901) Cavalier-Smith, 1993 Subfilo Manubrispora Cavalier-Smith, 1998 Superfilo Heterokaryota (Hickson, 1903) Cavalier-Smith, 1993 Filo Ciliophora (Doflein 1901, Copeland 1956) Cavalier-Smith, 1998 Subfilo Tubulicorticata de Puytorac et al., 1992 Subfilo Epiplasmata de Puytorac et al., 1992 Subfilo Filocorticata de Puytorac et al., 1992 Infrareino Actinopoda (Calkins 1902) Cavalier-Smith, 1997 Filo Heliozoa (Haeckel, 1886) Margulia, 1974 Filo Radiozoa Cavalier-Smith, 1993 Subfilo Spasmaria Cavalier-Smith, 1993 Subfilo Radiolaria (Müller, 1858) Cavalier-Smith, 1993
Tabela 1.4 Classificação proposta por Adl e cols., 2005 Supergrupos
Amoebozoa
Opisthokonta
Primeira classe
Segunda classe, exemplos
Tubulinea
Leptomyxida, Testacealobosia, Tubulinida
Flabellinea
Cochliopodium, Dactylopodia, Thecamoebida, Vanellida
Stereomyxida
–
Acanthamoebidae
–
Entamoebida
–
Mastigamoebidae
–
Pelomyxa
–
Eumycetozoa
Dictyostelia, Myxogastria, Protostelia
Fungi
Ascomycota, Basidiomycota, Chytridiomycetes, Glomeromycota, Microsporidia, Urediniomycetes, Ustilaginomycetes, Zygomycota
Mesomycetozoa
Aphelidea, Capsaspora, Corallochytrium, Ichthyosporea, Ministeria, Nucleariida
Choanomonada
Acanthoecidae, Monosigidae, Salpingoecidae
Metazoa*
Porifera, Trichoplax, Mesozoa, Animalia (continua)
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Tabela 1.4 Classificação proposta por Adl e cols., 2005 (continuação) Supergrupos
Rhizaria
Archaeplastida
Chromal veolata
Excavata
Primeira classe
Segunda classe, exemplos
Cercozoa
Cercomonadida, Chlorarachniophyta, Nucleohelea, Phaeodarea, Phytomyxea, Silicofilosea
Haplosporidia
–
Foraminifera
Subdivisions uncertain
Gromia
–
Radiolaria
Acantharia, Polycystinea, Sticholonche
Glaucophyta
–
Rodophyceae
Subdivisions uncertain
Chloroplastida
Charophyta*, Chlorodendrales, Chlorophyta, Mesostigma, Prasinophytae
Cryptophyceae
Cryptomonadales, Goniomonadales
Haptophyta
Pavlovophyceae, Prymnesiophyceae
Stramenopiles
Actinophryidae, Bacillariophyta, Bolidomonas, Bicocoecida, Chrysophyceae, Dictyochophyceae, Eustigmatales, Hypochytriales, Labyrinthulomycetes, Opalinata, Pelagophyceae, Peronosporomycetes, Phaeophyceae*, Phaeothamniophyceae, Pinguiochrysidales, Raphidiophyceae, Schizocladia, Synurales, Xanthophyceae
Alveolata
Apicomplexa, Ciliophora, Dinozoa
Fornicata
Carpediemonas, Eopharyngia
Malawimonas
–
Parabasalia
Cristamonadida, Spirotrichonymphida, Trichomonadida, Trichonymphida
Preaxostyla
Oxymonadida, Trimastix
Jakobida
Histionidae, Jakoba
Heterolobosea
Acrasidae, Gruberellidae, Vahlkampfiidae
Euglenozoa
Euglenida, Diplonemea, Kinetoplastea
Obtenção de Protozoários Como já foi mencionado, podemos encontrar protozoários nos mais variados ambientes. Os protozoários parasitos são estudados, na maioria dos casos, a partir da coleta de amostras de sangue, fezes e secreções de animais e/ou de insetos. Muitas vezes, poucas células são encontradas, o que permite apenas a identificação do parasito. Outras vezes, a infecção é intensa e um número relativamente grande de protozoários pode ser obtido, permitindo a realização de experimentos bioquímicos, que em geral requerem muitas células. Em todas essas situações é sempre di-
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fícil excluir a possibilidade de que o animal utilizado para obtenção dos parasitos esteja infectado por protozoários pertencentes a diferentes espécies, gêneros e mesmo diferentes classes. Logo, todo esforço deve ser feito no sentido de se isolarem os protozoários e colocá-los em meios de cultura que propiciem o seu crescimento. Na maioria das vezes esses protozoários são obtidos junto com outros microrganismos, razão pela qual é necessário inocular fármacos de ação antibacteriana e antifúngica nas culturas. Considerável avanço tem ocorrido em relação ao cultivo de protozoários. A partir de
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amostras isoladas diretamente de um animal infectado, obtém-se um cultivo chamado de heteroxênico, que contém protozoários e vários outros microrganismos, em geral bactérias. Muitos protozoários ainda hoje só podem ser mantidos nesse tipo de cultivo. Nesses casos, a eliminação das bactérias com o uso de antibióticos leva à morte do protozoário. Muitas vezes é possível eliminar boa parte dos microrganismos contaminantes, obtendo-se apenas um único tipo de organismo. Nesse caso, a cultura é chamada de monoxênica. O ideal, no entanto, é cultivar apenas o protozoário, obtendo-se assim uma cultura denominada axênica. A obtenção de um cultivo axênico de determinado protozoário é uma etapa fundamental para que se avance em estudos bioquímicos e imunológicos. A Tabela 1.5 mostra a composição de um meio axênico para o cultivo de um tripanossomatídeo. Em meios como esse é fundamental a presença de componentes que fornecem moléculas básicas para o crescimento celular, como os fornecidos por tripticase e o extrato de levedura. Hemina é fundamental como fonte de ferro associado a grupamentos tetrapirrólicos. Muitas vezes é insuficiente contar com um meio simplesmente axênico. Como se vê na Tabela 1.5, esses meios contêm alguns componentes cuja composição é extremamente complexa, razão pela qual são chamados meios complexos. Sobretudo para estudos sobre a biossíntese de determinadas moléculas é importante que tenhamos meios dos Tabela 1.5 Composição de um meio complexo Substância
Quantidade (g/L)
quais se conheça a natureza química de cada componente. Estes são chamados de meios definidos. A Tabela 1.6 mostra um exemplo de meio definido usado para o cultivo de tripanossomatídeos monoxênicos isolados de insetos. Tabela 1.6 Meio definido de Roitman para o crescimento de tripanossomatídeos Composto
Quantidade (g/L)
Betaglicerofosfato de sódio (5 H2O)
10,0
Citrato de potássio (H2O)
1,0
Ácido cítrico (H2O)
0,5
Ácido málico
0,2
Ácido succínico
1,0
MgCO3
1,0
CaCO3
0,02
Fe (NH4) 2 (SO4) 2 (6 H2O)
0,01
L-arginina (HCL)
0,4
L-histidina (base livre)
0,3
L-isoleucina
0,2
L-leucina
0,2
L-lisina (HCL)
0,2
L-metionina
0,1
L-fenilalanina
0,2
L-treonina
0,2
L-triptofano
0,1
L-tirosina
0,2
L-valina
0,2
Adenina
0,02
Hemina
0,02
Elementos-traço
0,1
Nicotinamida
2,0
Pantotenato de cálcio
2,0 1,0
Tripticase
5
Riboflavina sódica
Extrato de levedura
5
Piridoxamina (2 HCL)
0,6
Sacarose
10
Tiamina (HCL)
0,6
Hemina
0,018
Ácido fólico
2,0
Glicerofosfato de sódio
10
Biotina
0,008
Tris (pH 7,6)
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Fonte: adaptada de Roitman & Azevedo, 1972.
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Muitos protozoários apresentam fases do seu ciclo evolutivo que se passam exclusivamente no interior de células do hospedeiro. Para uma efetiva reprodução in vitro do ciclo evolutivo desses protozoários é fundamental o cultivo das células hospedeiras. Esta é uma maneira de se manter parte do ciclo de protozoários dos gêneros Trypanosoma, Leishmania, Toxoplasma, Eimeria, Plasmodium etc. Alguns desses protozoários apresentam fases do seu ciclo, principalmente a fase sexuada, em hospedeiros chamados de hospedeiros definitivos. É o caso, por exemplo, das fases esquizogônica e gametogônica do Toxoplasma gondii nas células epiteliais do intestino de felídeos, que são os hospedeiros definitivos deste protozoário. Esforço tem sido feito nos últimos anos no sentido de se obterem estas fases em cultivos celulares.
Nutrição Como mencionamos no item anterior, os protozoários necessitam de variadas moléculas para sobreviver. Muitas dessas moléculas entram no interior da célula atravessando diretamente a membrana plasmática, por difusão e transporte, muitas vezes envolvendo a participação de carreadores específicos. Outras
moléculas, principalmente na forma de macromoléculas, entram na célula por um processo de endocitose, seja por pinocitose, macropinocitose ou mesmo fagocitose. Podemos citar como exemplos de pinocitose a ingestão que ocorre em trofozoítos de Giardia lamblia (Figura 1.2). Exemplo de macropinocitose é o que ocorre com trofozoítos de Entamoeba histolytica. No caso da fagocitose, pode-se mencionar a ingestão de bactérias por trofozoítos de E. histolytica mantidos em meio monoxênico ou heteroxênico. Em algumas situações os processos endocíticos ocorrem de maneira inespecífica. Em outras, no entanto, há participação de moléculas receptoras localizadas na superfície do protozoário que reconhecem a macromolécula a ser ingerida. É a chamada endocitose mediada por receptor, que ocorre, por exemplo, com membros do gênero Trypanosoma ao ingerirem transferrina ou LDL. A maioria dos protozoários é capaz de ingerir macromoléculas em qualquer parte da sua superfície. Outros, no entanto, desenvolveram estruturas especiais por onde toda a atividade endocítica ocorre. Citamos como exemplos o citóstoma, encontrado em Toxoplasma gondii e Trypanosoma cruzi, ou a bolsa flagelar, encontrada em todos os tripanossomatídeos.
Figura 1.2 Forma trofozoítica de Giardia lamblia incubada na presença de peroxidase. A proteína é ingerida por endocitose e concentra-se nas vesículas periféricas (setas) Fonte: imagem gentilmente cedida por Lanfredi & De Souza.
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Motilidade A maioria dos protozoários é capaz de se movimentar, e muitas vezes esta propriedade é fundamental para que sobrevivam nos vários ambientes em que vivem. Esta motilidade deve-se a algumas estruturas especializadas. As mais comuns e mais conhecidas são os cílios e flagelos, estruturas que inclusive permitem identificar um conjunto de protozoários como ciliados e flagelados, respectivamente. A estrutura básica dos cílios e flagelos é a mesma e o movimento é gerado a partir do deslizamento entre microtúbulos, com a participação de uma ATPase especial chamada dineína. A Figura 1.3 mostra o detalhe de um flagelo visto tanto ao microscópio eletrônico em um corte fino (Figura 1.3A) como em uma réplica obtida após congelamento rápido, criofatura, sublimação e sombreamento rotatório (Figura 1.3B). Outro movimento importante é conhecido como ameboide e deve-se à formação de projeções do corpo celular como consequência da interação entre moléculas de proteínas contráteis como actina e miosina. Um terceiro tipo de movimento, conhecido como deslizamento, também envolve a participação de moléculas de actina e miosina. No entanto, diferencia-se do movimento ameboi-
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de por exigir a adesão permanente do protozoário a um determinado substrato. É o que se passa, por exemplo, com formas infecciosas do T. gondii ou de Plasmodium.
Divisão Celular Ao longo do ciclo de vida os protozoários passam por processos de divisão que podem variar de acordo com o habitat. Em geral, o processo clássico de divisão binária, na qual duas células são formadas a partir de uma, predomina na maioria dos casos. Nesse processo, primeiro ocorre a divisão do núcleo, seguida da divisão do citoplasma. Em alguns protozoários que apresentam outras estruturas citoplasmáticas contendo DNA, como é o caso do cinetoplasto em membros da ordem Kinetoplastida (Figura 1.4), ou no grupo Apicomplexa, que contém o apicoplasto (Figura 1.5), essas estruturas dividem-se antes do núcleo. Ao longo do processo mitótico quase sempre ocorre a participação de microtúbulos que formam um fuso mitótico. Em vários protozoários esse fuso é intranuclear e a membrana nuclear permanece íntegra durante todas as fases do processo mitótico, como ocorre com os tripanossomatídeos (Figura 1.6). Em outros casos, como ocorre
A
A
B
Figura 1.3 (A) e (B) Visão longitudinal do flagelo de um tripanossomatídeo mostrando o axonema (A) e uma complexa rede de filamentos que formam a estrutura paraflagelar (B). Outros filamentos conectam os dois componentes do flagelo (setas). As mesmas estruturas podem ser vistas em corte fino (A) e em uma réplica obtida após congelamento rápido, criofratura, sublimação e sombreamento rotatório Fonte: imagem gentilmente cedida por Souto-Padron, De Souza e Heuser.
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com tricomonadídeos, o fuso é extranuclear (Figura 1.7). Nem sempre cromossomos podem ser morfologicamente identificados durante o processo mitótico. Em tripanossomatídeos eles não são observados. Já em tricomonadídeos a presença de cromossomos é clara (Figura 1.8).
C
F
A
BF G N
Figura 1.4 Microscopia de transmissão de Angomonas desouzai, uma espécie de tripanossomatídeo que conta com um núcleo (N), o cinetoplasto (C) e um endossimbionte de natureza bacteriana. A imagem mostra ainda o complexo de Golgi (G) e um flagelo (F) no interior da bolsa flagelar (BF) Fonte: imagem gentilmente cedida por Soares & De Souza.
PB
B Figura 1.6 (A e B). Imagens do núcleo do Trypanosoma cruzi em processo de divisão na qual não se observa a presença de cromatina condensada nem de um nucléolo. No entanto, placas densas (PB) são observadas em associação com microtúbulos intranucleares (setas) Fonte: imagens gentilmente cedidas por Solari.
A
N
N
Figura 1.5 Imagem de um apicoplasto (A) localizado junto ao núcleo (N) e circundado por cisternas do retículo endoplasmático (seta) na forma taquizoítica do Toxoplasma gondii
Figura 1.7 Feixe de microtúbulos extranucleares (seta) que participam do processo de divisão nuclear em Tritrichomonas foetus. (N) núcleo
Fonte: imagem gentilmente cedida por Attias & De Souza.
Fonte: imagem gentilmente cedida por Benchimol.
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CM
VP
CA
R C1
M
C2
N N
Figura 1.8 Visualização dos cromossomos encontrados em Tritrichomonas foetus em divisão Fonte: imagem gentilmente cedida por Benchimol.
Alguns protozoários pertencentes ao grupo Apicomplexa podem se dividir por um processo em que duas células-filhas são formadas no interior da célula-mãe. Apenas na fase final as células-filhas “brotam” da célula-mãe, da qual inclusive obtêm a membrana plasmática, formando duas novas células-filhas. Este processo, conhecido como endodiogenia, tem sido mais bem descrito em formas taquizoíticas de T. gondii que se multiplicam no interior de células dos hospedeiros intermediários (Figura 1.9). Um terceiro processo de divisão, que predomina entre os Apicomplexa, é o da esquizogonia. Caracteriza-se pela ocorrência de vários ciclos de divisão nuclear e, posteriormente, pela segmentação citoplasmática com formação da várias células-filhas (Figura 1.10).
Figura 1.9 Processo de divisão por endodiogenia realizado por taquizoítos de Toxoplasma gondii localizados no interior de um vacúolo parasitóforo (VP). Na célula localizada à direita é possível observar duas células-filhas (C1 e C2) com seus respectivos núcleos (N), e com um complexo apical em formação (CA). No entanto, as duas células-filhas ainda estão dentro da célula-mãe (CM). Mitocôndria (M) Fonte: imagem gentilmente cedida por Attias & De Souza.
N
N
N
Secreção e Regulação Osmótica Os protozoários sintetizam, armazenam e secretam uma série de macromoléculas. A intensidade com que estes processos ocorrem varia de espécie para espécie e mesmo entre as diferentes fases do ciclo de vida de uma determinada espécie. Muitas vezes a secreção ocorre por meio de pequenas vesículas, como parece ser o caso da secreção de fosfatase ácida por Leishmania. Outras vezes ocorre o armazenamento de produtos em estruturas secretórias típicas, como é o caso de róptrias,
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Figura 1.10 Forma de divisão esquizogônica encontrada em Plasmodium juxtanucleare no interior de uma célula do fígado de um pinto infectado. Note-se a presença de muitos núcleos (N) Fonte: imagem gentilmente cedida por De Souza.
micronemas e corpos densos em T. gondii. Em geral o processo de secreção é regulado pela concentração de Ca2+, e nesses casos pode ser ativado pela incubação do protozoário em meio contendo Ca2+ e ionóforo para
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este íon. Em outros casos, como ocorre com os grânulos densos do T. gondii, o processo secretório independe de Ca2+. Em muitas situações os protozoários apresentam um citoplasma hiperosmótico em relação ao meio em que se encontram; em consequência, penetra água no interior da célula pelo processo de osmose. Nesses casos, os protozoários lançam mão de uma estrutura, conhecida como vacúolo contrátil, que consiste em uma rede de túbulos conhecida como espongioma, conectada a um vacúolo central (Figura 1.11). A água coletada pelo espongioma é armazenada durante a fase de diástole no vacúolo central. Este, em determinado momento, funde-se com a membrana plasmática e descarrega o conteúdo no meio extracelular.
BF E
VC
BB 5 cyt
M
Figura 1.11 Visão geral do vacúolo contrátil encontrado em Bodo sp. É possível identificar o vacúolo central (VC) e uma rede de cisternas que formam o espongioma (E), bolsa flagelar (BF), corpúsculo basal (BB), mitocôndria (M), 5 microtúbulos (cabeças de seta) ao redor do citóstoma (cyt) Fonte: imagem gentilmente cedida por Attias & De Souza, 1996.
Estruturas e Organelas Citoplasmáticas Os protozoários apresentam uma organização básica comum a todas as células eucarióticas. Muitas dessas estruturas e organelas serão apresentadas em mais detalhe nos capítulos subsequentes, razão pela qual são apenas mencionadas neste capítulo.
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M
RE
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Figura 1.12 Visão geral da superfície de um tripanossomatídeo (Leishmania amazonensis) na qual é possível observar a membrana plasmática (seta), e os microtúbulos subpeliculares (M) em associação com cisternas do retículo endoplasmático (RE) Fonte: imagem gentilmente cedida por Pimenta & De Souza.
A membrana plasmática, que delimita a célula, apresenta sempre a estrutura trilaminar clássica (Figura 1.12). Áreas especializadas da membrana, nas quais proteínas integrais se organizam de forma especial, têm sido descritas com o uso da técnica de criofratura. Citamos como exemplos a base dos cílios e flagelos, área de adesão do flagelo ao corpo do protozoário, entre outros tripanossomatídeos e tricomonadídeos. Sobre a membrana plasmática, encontra-se o glicocálice, formado por glicoproteínas, glicolipídios e polissacarídeos, intimamente ligados à membrana plasmática. A morfologia e a espessura dessa camada, que inclusive confere certa negatividade à superfície celular, varia entre os diferentes protozoários. Ela é pouco desenvolvida em membros do grupo Apicomplexa, sendo bastante evidente em formas sanguíneas de Trypanosoma brucei (Capítulo 8, Trypanosoma brucei e Doença do Sono). Por outro lado, alguns protozoários são capazes de produzir uma parede celular quando submetidos a determinados ambientes, dando origem às chamadas formas císticas, como se verá nos capítulos dedicados a Giardia lamblia e Entamoeba histolytica. O núcleo é sempre delimitado por uma membrana nuclear típica, contendo poros nucleares (Figura 1.13) e cromatina, aderida à membrana nuclear. Alguns protozoários apresentam um nucléolo exuberante, en-
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Capítulo
2
Introdução à Ordem Kinetoplastida Wanderley de Souza
Introdução
Aspectos Taxonômicos
A ordem Kinetoplastida compreende as famílias Bodonidae Hollande, 1952, e Trypanosomatidae Kent, 1880. Nestas famílias encontramos flagelados com um ou dois flagelos que se originam de uma abertura, conhecida como bolsa flagelar, que normalmente contém uma estrutura paraflagelar e uma estrutura proeminente, conhecida como cinetoplasto. Este corresponde a uma condensação de ácido desoxirribonucleico (DNA) localizada no interior de uma mitocôndria única e ramificada por todo o corpo do protozoário. Organelas especiais do tipo peroxissomo, conhecidas como glicossomas, e microtúbulos subpeliculares são também estruturas características. Os membros da família Bodonidae apresentam dois flagelos; entre eles encontramos protozoários de vida livre, como os do gênero Bodo, e alguns parasitos de peixe que causam sérios problemas no cultivo do salmão e da truta, pertencentes ao gênero Cryptobia. A família Trypanosomatidae inclui os gêneros Blastocrithidia, Crithidia, Endotrypanum, Herpetomonas, Strigomonas, Angomonas, Leishmania, Leptomonas, Phytomonas e Trypanosoma.
Nos últimos 20 anos, tem havido uma preocupação crescente com as questões relacionadas à sistemática e à evolução dos seres vivos. A utilização cada vez mais frequente de métodos morfológicos modernos aliados a uma abordagem bioquímica e molecular tem permitido um avanço significativo nessa área. O gênero Trypanosoma é um dos mais importantes dentro da família Trypanosomatidae, por incluir uma série de espécies causadoras de importantes doenças em humanos – como Trypanosoma cruzi, agente da doença de Chagas, Trypanosoma rhodesiense e Trypanosoma gambiense, agentes da doença do sono –, além de espécies causadoras de doenças em animais – como Trypanosoma brucei, Trypanosoma equiperdum e Trypanosoma equinum. Com base no comportamento do parasito em seus hospedeiros, principalmente em vetores, o gênero Trypanosoma foi dividido em dois grupos. O primeiro, chamado Stercoraria, inclui tripanossomas que se desenvolvem no tubo digestivo do vetor e deslocam-se em direção à porção intestinal, de onde liberam formas infecciosas pelas fezes. Nesse grupo incluem-se o T. cruzi e o T. lewisi. O segundo grupo,
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chamado de Salivaria, inclui tripanossomas que se desenvolvem inicialmente no tubo digestivo, posteriormente atravessam o epitélio digestivo e alojam-se nas glândulas salivares, onde podemos encontrar formas infecciosas que são inoculadas mecanicamente. Nesse grupo incluem-se: T. brucei, T. congolense e T. rangeli. A grande complexidade no comportamento biológico dos tripanossomatídeos do gênero Trypanosoma levou à criação de alguns subgêneros. No âmbito de interesse deste livro é importante mencionar o subgênero Schizotrypanum, no qual se inclui o T. cruzi, bem como outros tripanossomas encontrados principalmente em morcegos na Europa e nas Américas, como é o caso do T. dionisii, do T. vespertilionis e do T. myoti. Essas três espécies apresentam um ciclo evolutivo em culturas axênicas e de células muito semelhante ao do T. cruzi. Alguns tripanossomatídeos apresentam interesse especial por serem agentes etiológicos de doenças extremamente importantes, como é o caso do T. cruzi, agente da doença de Chagas (Capítulo 6, Trypanosoma cruzi e Doença de Chagas); do grupo pertencente ao complexo do T. brucei, que inclui os agentes da doença do sono, ou tripanossomíase africana (Capítulo 8, Trypanosoma brucei e Doença do Sono); e das várias espécies do gênero Leishmania, agentes das várias formas de leishmaniose (Capítulo 7, Leishmania spp. e Leishmanioses). Incluímos ainda neste livro um capítulo dedicado ao T. rangeli (Capítulo 9, Trypanosoma rangeli) e outro dedicado aos tripanossomatídeos não patogênicos, que constituem excelentes modelos de estudo (Capítulo 5, Os Tripanossomatídeos monoxênicos).
Morfologia A Figura 2.1 mostra um esquema geral das principais estruturas e organelas encontradas nos tripanossomatídeos, tomando-se como modelo a forma epimastigota do T. cruzi.
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Citóstomo Axonema
Acidocalcissoma
Estrutura paraflagelar
Bolsa flagelar
Complexo de Golgi
Cinetoplasto
Mitocôndria
Núcleo Nucléolo
Reservossoma Microtúbulos subpeliculares
Figura 2.1 Esquema geral que mostra as principais estruturas e organelas encontradas nos tripanossomatídeos, tomando-se como modelo a forma epimastigota do Trypanosoma cruzi Fonte: adaptada de Flavia Moreira-Leite.
Citoesqueleto Os quatro principais componentes do citoesqueleto – microtúbulos, filamentos espessos, filamentos intermediários e microfilamentos – desempenham papel importante na manutenção da forma das células eucarióticas, nos movimentos da célula e intracelulares, e no controle da mobilidade de componentes da membrana, entre outros. Os estudos acerca do citoesqueleto do T. cruzi ainda são incipientes. Praticamente nada se conhece sobre filamentos espessos e intermediários. Microfilamentos ainda não foram identificados, apesar de já ter sido realizado um grande número de estudos estruturais. No entanto, o componente principal dos microfilamentos, a actina, já foi identificado em tripanossomatídeos tanto por meio de microscopia de imunofluorescência quanto por
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A Acanthamoeba, 341 Acidocalcissoma, Trypanosoma, 26 Adenosina, 187 Adesinas, Trichomonas, 268 Aglutinação, 354 Amebas, 327 Amebíase, 291 - extraintestinal, 319 - intestinal, 317, 322 Amebicidas - contato ou luminais, 321 - hepática, 323 - tissulares ou sistêmicos, 321 Amoebozoa, 5 Angomonas, 19 Apicomplexa, 165-168 Archaeplastida, 6 Atovaquona, toxoplasmose, 203 Azitromicina, toxoplasmose, 202 B Balamuthia mandrillaris, 341 Balantidium coli, 337 Blastocrithidia, 19, 57 Blastocystis hominis, 333-335 - aspectos patológicos, 335 - ciclo evolutivo, 333 - morfologia, 333 Bodonídeos, 37, 39
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C Células - B, toxoplasmose, 195 - Langerhans, 134 - NK, toxoplasmose, 194 - T, toxoplasmose, 194 Chromal veolata, 6 Ciclos - biológico - - Entamoeba histolytica, 303 - - Giardia, 278 - - Leishmania, 127 - - Phytomonas, 31 - - Trypanosoma rangeli, 160 - celular, Cryptobia, 38 - evolutivo - - Blastocystis hominis, 333 - - Trypanosoma cruzi, 73 - vida - - Toxoplasma gondii, 171 - - Trichomonas, 255 Ciliados patogênicos, 333 Cinetoplasto - criptóbias, 40 - Trypanosoma, 20 Cistos, Toxoplasma gondii, 172 Citoesqueleto, 16 - criptóbias, 42 - Trypanosoma, 20 Citofaringe, criptóbias, 41 Citometria de fluxo, 372 Clindamicina, toxoplasmose, 198
Coanomastigotas, 53 Complexo de Golgi - criptóbias, 42 - Giardia, 283 - Trichomonas, 263 - Trypanosoma, 25 Criptóbias, 37-48 - aspectos - - clínicos, 47 - - epidemiológicos, 37 - - estruturais, 40 - - imunológicos, 46 - - patológicos, 47 - ciclo celular, 38 - cinetoplasto, 40 - citoesqueleto, 42 - citofaringe, 41 - complexo de Golgi, 42 - cultivo, 39 - diagnóstico, 47 - flagelos, 40 - glicossomas, 42 - histórico, 37 - imunidade - - adquirida, 47 - - inata, 46 - interação com os hospedeiros, 45 - - sistema digestório, 46 - - sistema vascular e brânquias, 46 - lisossomas, 43
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- mastigonemas, 41 - mitocôndria, 40 - morfologia básica à microscopia óptica, 37 - núcleo, 44 - quimioterapia, 48 - retículo endoplasmático, 42 - simbiontes, 44 - vacúolo contráctil, 43 Crithidia, 18, 57 cruzipaína, 71 Cryptosporidium, 205-208 Cultivo - criptóbias, 39 - Phytomonas, 32 - Trichomonas, 258 - tripanossomatídeos monoxenicos, 54 - Trypanosoma cruzi, 90 Curva de precipitina, 356 D Diagnóstico de doenças causadas por protozoários, métodos, 343-375 - aglutinação, 354 - doença de Chagas, reação de Guerreiro-Machado, 374 - hemocultura, 345 - identificação e caracterização de antígenos proteicos, 356 - imunofluorescência, 370 - imunológicos, 353 - Leishmaniose, teste de Montenegro, 372 - localização de antígenos em tecidos e células, 369 - moleculares, 348 - pesquisa do parasito, 343 - sistema complemento, 367 - solução de azul de metileno, 375 - toxoplasmose, teste do corante ou reação de Sabin-Feldman, 374 - xenodiagnóstico, 348 Divisão celular - protozoários, 9 - Trypanosoma cruzi, 85 Doenças causadas por protozoários
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- Chagas - - aspectos clínicos, 100 - - fase - - - aguda, 110 - - - aguda, 101 - - - características da resposta imunológica, 110 - - - crônica, 102, 114 - - forma - - - cardíaca, 104 - - - cardiodigestiva, 108 - - - determinada, 104 - - - digestiva, 107 - - - indeterminada, 104 - - imunopatologia, 117 - - lise pelo complemento, 116 - - macrófagos, papel, 115 - - método de diagnóstico, 118 - - reação de Guerreiro-Machado, 374 - - resposta imunológica, 108 - - terapêutica, 119 - - - medicamentos, 120 - - transmissão, 98 - - - acidental, 100 - - - congênita, 99 - - - oral, 99 - - - sexual, 100 - - - transfusional, 99 - - - transplante de órgãos, 100 - - - vetores não triatomíneos, 100 - - - vetorial, 99 - - vetores, 95 - diagnóstico, métodos, 343-375 - sono, 153 - - diagnóstico, 157 - - epidemiologia, 158 - - tratamento, 158 E Eimeria, 209 Eletroforese bidimensional, 364 ELISA, 365 Endocitose, Trypanossoma, 25 Endolimax nana, 329 Endossimbiontes, 59 Endotrypanum, 19 Entamoeba - coli, 328 - gingivalis, 292
- hartmanni, 328 - histolytica, 291-331 - - amebíase, 293 - - - extraintestinal, 319 - - - intestinal, 317 - - aspectos - - - bioquímicos, 304 - - - imunológicos, 308 - - - moleculares, 306 - - ciclo biológico, 303 - - cisto, 302 - - cultivo, 295 - - diagnóstico, 322 - - - imunológico, 324 - - epidemiologia, 325 - - fatores - - - clínicos, 316 - - - envolvidos na virulência amebiana, 312 - - - hospedeiro, 313 - - - intrínsecos ao parasito, 314 - - - microambiente, 313 - - - patológicos, 316 - - histórico, 292 - - importância, 293 - - metacisto, 303 - - métodos de obtenção, 295 - - morfologia, 296 - - precisto, 303 - - profilaxia, 325 - - quimioterapia, 320 - - taxonomia, 291 - - transmissão, 303 - - trofozoíto, 296 - poleck, 292 Epimastigotas, 53 Esfregaços - camada fina, 344 - gota espessa, 345 - processado pelo método de Bouin-Giemsa, 345 Esquizogonia, 167 Exames - parasitológico de fezes, 350 - sangue, 343 Excavata, 6 F Fixador de Bouin, 345 Flagelos - criptóbias, 40 - Trypanosoma, 21
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G Giardia lamblia, 277-289 - aspectos - - imunológicos, 287 - - patológicos, 287 - bioquímica do parasito, 286 - ciclo biológico, 278 - cisto, 284 - complexo de Golgi, 283 - corpo mediano, 281 - desencistamento, 286 - diagnóstico, 288 - disco adesivo, 279 - encistamento, 285 - epidemiologia, 288 - evolução, 278 - flagelos, 282 - funis, 281 - histórico, 277 - interação entre parasito e célula, 286 - mitossomos, 284 - núcleos, 282 - protrusão ventral, 280 - quimioterapia, 288 - retículo endoplasmático, 283 - superfície celular, 286 - taxonomia, 278 - trofozoíto, 279 - vesículas periféricas, 283 Giardíase, 277 Glicogênio, Trichomonas, 258 Glicossomas - criptóbias, 42 - Trypanosoma, 25 H Hartmannella, 341 Hemoaglutinação, 354 Hemocultura, 345 Hemolinfa, Trypanosoma, 155 Herpetomonas, 19, 56, 59 Hidrogenossomos, Trichomonas, 256 Hidrolases, Trichomonas, 268 Hospedeiros - criptobiose, 45 - Plasmodium, 218 - Trypanosoma cruzi, 75 - - adesão celular, 75, 88 - - divisão celular, 85 - - fagócito, interação, 87
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- - infecciosidade da forma amastigota, 87 - - invasão, 79 - - ruptura celular, 87 - - transformação - - - amastigota em tripomastigota, 86 - - - epimastigota em tripomastigota, 89 - - - tripomastigota em amastigota, 83 - - vacúolo parasitóforo, 82 I Ichthyophthirius multifiliis, 337 Imunidade inata, criptóbias, 46 Imunodifusão/imunoprecipitação em gel de agarose, 357 Imunoeletroforese, 360 Imunofluorescência, 370 Iodamoeba bütschlii, 329 Isospora, 209 J Junção molecular móvel, 183 K Kinetoplastida (ordem), 19-26 Kupferberg, composição do meio, 347 L Leishmania, 19, 51, 125-148 - aspectos - - bioquímicos, 129 - - clínicos, 136 - - imunológicos, 133 - - moleculares, 120 - ciclo biológico, 127 - interação parasito - - célula hospedeira, 131 - - parasito e hospedeiro, 132 Leishmaniose, 125 - amazonensis, 125 - controle, 145 - cutânea, 136 - diagnóstico, 143 - epidemiologia, 145 - ganglionar, 136 - infecção inaparente, 136 - major, 125 - mexicana, 125
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- mucosa, 139 - - atrófico-crostosa, 140 - - cavidade oral, 140 - - infiltrativa, 140 - - mutilante, 140 - - poliposa, 140 - - ulcerodestrutiva, 140 - - ulcerovegetante, 140 - patologia, 142 - tegumentar americana, 136 - teste de Montenegro, 372 - tratamento, 144 - tropica, 125 - viannia, 125 - visceral, 142 Leptomas, 19, 58, 341 Lisossomas - criptóbias, 43 - Trichomonas, 264 M Malária, 215 - diagnóstico, 233 - distribuição dos casos, 216 - fatores de risco para a transmissão, 218 - grave, 228 - - aspectos imunológicos, 228 - - patogênese, 228 - - resposta - - - celular, 230 - - - humoral, 229 - manifestações clínicas, 227 - tratamento, 235 - vacina antimalárica, 230 Mastigonemas, criptóbias, 41 Membrana plasmática - Trichomonas, 260 - Tripanossoma cruzi, 68 MHC, infecção por Toxoplasma, 195 Microsporídeos, 245 - ciclo de vida, 246 - diagnóstico, 248 - infecção e doença, 247 - organização celular, 246 - tratamento, 248 Mitocôndria - criptóbias, 40 - Trypanosoma, 23 Morcegos, doença de Chagas, 98
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Morfologia, Trypanosoma, 20 Motilidade dos protozoários, 9 N Neospora caninum, 341 Núcleos - criptóbias, 44 - Giardia, 282 - Trypanosoma, 27 Nutrição - protozoários, 8 - Trichomonas, 258 O Oocistos, Toxoplasma gondii, 173 Opisthokonta, 5 Opistomastigotas, 54 Opistomorfas, 54 Ordem - eimeriida, 168 - kinetoplastida, 19-27 - - acidocalcissoma, 26 - - aspectos taxonômicos, 19 - - cinetoplasto, 23 - - citoesqueleto, 20 - - complexo de Golgi, 25 - - endocitose, 25 - - flagelo, 21 - - glicossoma, 25 - - mitocôndria, 23 - - morfologia, 20 - - núcleo, 27 - - reservossoma, 25 - - retículo endoplasmático, 25 - piroplasmida, 241 Microrganismos do reino protoctista, 3 P Paramastigotas, 54 Paramecium, 337 Parasito, pesquisa (diagnóstico da doença), 343 PDTC, 185 Pentatrichomonas hominis, 257 Peroxissomos, Trichomonas, 263 Phytomonas, 19, 29-36 - aspectos - - bioquímicos, 32
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- - moleculares, 32 - - patológicos, 33 - ciclo biológico, 31 - cultivo, 32 - isolamento, 32 - morfologia básica, 31 - quadro geral das infecções, 30 Pirimetamina, toxoplasmose, 202 Piroplasma, 170 Piroplasmida, 241 Plaquetas, toxoplasmose, 195 Plasmodium, 215-230 - aspectos moleculares, 226 - biologia, 221 - ciclo evolutivo, 218 - cultivo, 226 - epidemiologia, 216 - esquizonte, 224 - histórico, 211 - merozoíto, 221 - metabolismo das formas eritrocíticas, 224 - trofozoíta, 222 Prednisona, toxoplasmose, 203 Promastigotas, 53 Proteomonas, 60 Protozoários, 1 - anaeróbicos, 249 - citoesqueleto, 16 - divisão celular, 9 - estruturas e organelas citoplasmáticas, 12 - métodos diagnóstico de doenças, 343 - - aglutinação, 354 - - citometria de fluxo, 372 - - doença de Chagas, reação de Guerreiro-Machado, 374 - - eletroforese bidimensional, 364 - - ELISA, 365 - - hemocultura, 345 - - imunoeletroforese, 360 - - imunofluorescência, 370 - - leishmaniose, teste de Montenegro, 372 - - localização de antígenos em tecidos e células, 369 - - pesquisa do parasito, 343 - - radioimunoensaio, 364
- - sistema complemento, 367 - - toxoplasmose, teste do corante ou reação de Sabin-Feldman, 374 - - western blotting, 360 - - xenodiagnóstico, 348 - motilidade, 9 - nutrição, 8 - obtenção, 6 - oportunistas, 341 - secreção e regulação osmótica, 11 Protozoologia, 1 - aspectos - - evolutivos, 2 - - taxonômicos, 2 Q Quimioterapia - amebíase, 320 - criptóbias, 48 - giardíase, 288 - Trichomonas, 273 R Radioimunoensaio, 364 Reação - cadeia da polimerase, 134 - imunoprecipitação ou precipitina, 356 Retículo endoplasmático - criptóbias, 42 - Giardia, 283 - Trichomonas, 263 - Trypanossoma, 25 Rhizaria, 6 Rhynchoidomonas, 60 S Sarcocystis, 213 Shedding, 353 Simbiontes, 44 Solução de azul de metileno, 375 Strigomonas, 19 Sulfadiazina, toxoplasmose,202 T Taquizoítos, Toxoplasma gondii, 175 Taxonomia, 2
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- Entamoeba histolytica, 291 - Giardia lamblia, 278 - tripanossomatídeos monoxenicos, 51 - Trypanosoma, 19 Tetrahymena, 337 Toxoplasma gondii, 169-204 - antígeno, 193 - aspectos - - biológicos, 170 - - bioquímicos, 182 - - genéticos, 181 - células - - B, 195 - - NK, 194 - - T, 194 - ciclo - - celular, 184 - - vida, 171 - cistos, formação, 172 - disseminação, fatores do hospedeiro, 196 - evasão à resposta imunológica, 196 - gato, 173 - histórcico, 170 - infecção, 192 - interação do parasito com a célula hospedeira, 182 - invasão ativa do taquizoíto e a formação do vacúolo parasitóforo, 183 - macrófagos, 194 - MHC, 195 - micro-e macrogametas, 174 - multiplicação dos parasitos, 181 - oocisto, formação, 173 - organelas especiais, 177 - patologia, 197 - plaquetas, 195 - resposta celular do hospedeiro, 194 - saída da células hospdeira, 188 - sobrevivência do taquizoíto no interior do vacúlo parasitóforo, 187 - taquizoítos, 175 Toxoplasmose - adquirida, 190
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- aspectos imunológicos, 192 - cérebro, 197 - congênita, 191 - diagnóstico, 198 - imunodiagnóstico, 199 - infecção - - adquirida, 198 - - uterina, 198 - medicamentos, 197 - ocular, 197 - teste do corante ou reação de Sabin-Feldman, 374 - transmissão, 190 - - fecal, 191 - - ingestão de carne, 191 - - placentária, 191 - tratamento, 201 - - atovaquona, 203 - - azitromicina, 202 - - clindamicina, 202 - - mulheres grávidas, 203 - - pirimetamina, 202 - - prednisona, 203 - - sulfadiazina, 202 - - trimetoprim-sulfametoxazol,202 Trichomonas, 251-275 - adesão e integridade metabólica, 269 - adesinas, 268 - áreas extragenitais, 273 - aspectos - - bioquímicos, 272 - - clínicos, 272 - - imunológicos, 270 - - moleculares, 272 - - patológicos, 270 - carga de superfície, 268 - ciclo de vida, 255 - complexo - - Golgi, 263 - - pelta-axostilar, 265 - composição do meio TYM, 258 - considerações evolutivas, 262 - contágio, 270 - costa, 262 - cultivo, 258 - diagnóstico, 273 - divisão celular, 265 - epidemiologia, 253
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- gallinae, 257 - gallinarum, 257 - glicogênio, 263 - hidrogenossomos, 260 - hidrolases, 272 - histórico, 253 - homen, 274 - interação do parasito com o hospedeiro, 266 - interesse médico e veterinário, 265 - lisossomos, 264 - membrana plasmática, 260 - metabolismo lipídico, 272 - morfologia, 253 - núcleo, 265 - nutrição, 258 - parasito, 252 - participação das cisteína-proteases, 268 - patogenicidade, 268 - peroxissomos, 263 - quimioterapia, 273 - respiração, 258 - retículo endoplasmático, 263 - suis, 258 - taxonomia, 247 - tenax, 257 - ultraestrutura, 259 - vacúolos, 264 - vaginalis, 258 Tripanossomatídeos monoxênicos, 51-61 - aspectos biológicos, 52 - cultivo, 54 - espécies portadoras de endossimbiontes, 60 - gênero - - blastocrithidia, 57 - - crithidia, 57 - - herpetomonas, 59 - - leptomonas, 58 - - proteomonas, 60 - - rhynchoidomonas, 60 - isolamento, 54 - taxonomia, 56 - transmissão, 60 Tripomastigotas, 53 Tritrichomonas foetus, 255 Trofozoíto, entamoeba histolytica, 296
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Trypanosoma, 19 - acidocalcissoma, 26 - brucei, 19, 153-158 - - aspectos imunológicos, 157 - - ciclo evolutivo, 154 - - distribuição geográfica, 153 - - morfologia, 154 - - patologia, 157 - - ultraestrutura, 156 - cinetoplasto, 23 - citoesqueleto, 20 - complexo de Golgi, 25 - congolense, 20 - cruzi, 19, 63-122 - - amastigota, 63 - - ciclo - - - doméstico, 94 - - - evolutivo, 75 - - - peridoméstico, 95 - - - silvestre, 92 - - cultivo, 90 - - diversidade biológica, 63 - - epidemiologia, 92 - - epimastigota, 64 - - hospedeiro - - - invertebrado, 88 - - - vertebrado, 75 - - membrana plasmática, 68
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- - reservatórios, 97 - - - desdentados, 97 - - - domésticos, 98 - - - marsupiais, 97 - - - morcegos, 98 - - - roedores, 97 - - - silvestres, 98 - - superfície celular, 66 - - transmissão da doença de Chagas, 98 - - - acidental, 100 - - - congênita, 99 - - - oral, 99 - - - sexual, 100 - - - transfusional, 99 - - - transplante de órgãos, 100 - - - vetorial, 99 - - tripomastigota, 65 - - vias endocíticas e exocíticas, 73 - endocitose, 25 - equinum, 19 - equiperdum, 19 - flagelo, 21 - gambiense, 19 - glicossoma, 25 - mitocôndria, 23 - morfologia, 20
- núcleo, 27 - rangeli, 20, 159-163 - - ciclo biológico, 160 - - hemolinfa, 159 - retículo endoplasmático, 25 - rhodesiense, 19 U Ultraestrutura do Trichomonas, 260 V Vacúolo contráctil, criptóbias, 43 Vahlkampfia, 341 Vetores da doença de Chagas, 95 W Western blot, 360 X Xenodiagnóstico, 348 Z Zimodemas, 64 Zitromax, toxoplasmose, 202 Zoíto, 166
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Wanderley de Souza
organizador
Sobre o Organizador Wanderley de Souza
Diretor de Programas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Professor Titular de Parasitologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador 1A do CNPq na área de Parasitologia. Doutor e Mestre em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Nacional de Medicina (ANM), da Academia de Medicina da Argentina e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e Membro do Conselho Superior da CAPES.
Agentes etiológicos de doenças de grande prevalência nos países em desenvolvimento, os protozoários patogênicos continuam a despertar o interesse da área médica. Tais doenças ainda são um desafio para o conhecimento científico contemporâneo, já que o arsenal terapêutico de que dispomos para combatê-las ainda é medíocre e a possibilidade de preveni-las com a utilização de vacinas é nula. Diante disso, Protozoologia Médica traz informações básicas e relevantes, com ênfase nas infecções que ocorrem na espécie humana, em texto escrito em linguagem acessível a estudantes de graduação da área biomédica e demais profissionais de saúde que queiram ampliar seus conhecimentos. Organizado de modo a enfatizar aspectos biológicos básicos, considerando sobretudo a contribuição da Biologia Celular nos últimos anos, o livro reflete o contato direto, ao longo dos últimos 40 anos, do organizador, Wanderley de Souza, com alguns mestres da Protozoologia no Brasil, entre eles Felipe Nery Guimarães, Hertha Meyer, Leônidas Deane, Maria P. Deane, Samuel Pessoa e Zigman Brener.
Ex-Diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ. Ex-Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e Ex-Secretário Executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Áreas de interesse Protozoologia Microbiologia Infectologia
Protozoologia Médica
Ex-Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO).
Wanderley de Souza organizador
Outros Títulos de Interesse A Prática Médica no Interior do Brasil
Protozoologia Médica
Clóvis Eduardo Ramos Tomasi
Antimicrobianos – Guia Prático 2010/2011, 2a Ed. Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes
Antimicrobianos em Gastrenterologia – Guia Prático 2012/2013 Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes José Galvão-Alves Alessandro Lisboa da Silva
BIZU Comentado – Perguntas e Respostas Comentadas de Saúde Pública, 2a Ed. Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes
BIZU de Biologia – 2.700 Questões para Concursos Leonardo da Silva Vidal Marco Pinheiro Gonçalves Mildred Ferreira Medeiros Tatiana Amorim Muniz de Alencar
Esquistossomoses Humanas Rodrigo Siqueira-Batista Alberto Novaes Ramos Júnior Andréia Patrícia Gomes Luzidalva Barbosa de Medeiros Fernando Schemelcer M. Bezerra
Moléstia de Chagas, 2a Ed. Rodrigo Siqueira-Batista Andréia Patrícia Gomes Anderson Domingues Corrêa Mauro Geller
Redação de Trabalhos Acadêmicos nas Áreas das Ciências Biológicas e da Saúde
Médico formado pela Faculdade de Medicina da UFRJ.
Haroldo Ferreira 9 788564 956049
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