253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 1
22-11-2021 11:21:50
A editora e os autores deste livro não mediram esforços para assegurar dados corretos e informações precisas. Entretanto, por ser a Medicina uma ciência em permanente evolução, recomendamos aos nossos leitores recorrer à bula dos medicamentos e a outras fontes fidedignas – inclusive documentos oficiais –, bem como avaliar cuidadosamente as recomendações contidas neste livro em relação às condições clínicas de cada paciente.
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 2
22-11-2021 11:21:51
ORGANIZADORES
GIUSEPPE PASTURA Neurologista Pediátrico pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Doutor e Mestre em Clínica Médica pela UFRJ. MBA em Gestão de Saúde pelo Instituto de Pós-graduação em Pesquisa e Administração (Coppead/UFRJ). Pós-doutorado em Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade pela Würzburg Universität, Alemanha. Professor-associado da Faculdade de Medicina da UFRJ. Ex-diretor Adjunto de Atividades Acadêmicas do IPPMG/UFRJ. Chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins, Capítulo Rio de Janeiro (Abenepi-Rio).
FLÁVIA NARDES DOS SANTOS Neurologista Infantil pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da UFRJ. Integrante do Grupo de Pesquisas Clínicas em Doenças Neuromusculares da UFRJ. Doutora e Mestre em Clínica Médica (Saúde da Criança) pela UFRJ. Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Título de Especialista em Neurologia Infantil pela Associação Médica Brasileira (AMB). Residência Médica em Pediatria e em Neuropediatria pelo IPPMG/UFRJ. Médica pela UFRJ.
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 3
22-11-2021 11:21:51
Puericultura no Dia a Dia Copyright © 2022 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-65-88340-25-7 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora. Produção Jaqueline Santos | JS Serviços Editoriais Capa Bruno Sales Imagem de capa ©iStock.com/ProstockStudio/RuslanDashinsky Ilustração Monnerat editorial Editoração Eletrônica Elza Ramos CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G277p
Puericultura no dia a dia/organizadores: Giuseppe Pastura/ Flávia Nardes dos Santos. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Rubio, 2022. 336 p.: il.; 21 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-65-88340-25-7
1. Pediatria. 2. Puericultura. 3. Crianças. 4. Doenças – diagnóstico. 5. Doença – tratamento. I. Giuseppe, Pastura. II. dos Santos, Flávia Nardes. CDD: 618.92 CDU: 616.053.2
Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefone: 55 (21) 2262-3779 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 4
22-11-2021 11:21:51
Colaboradores
ALESSANDRA FERNANDES MARQUES BRAGA Residência Médica em Pediatria no Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), RJ. Residência Médica em Nutrologia Pediátrica no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Nutrologia Pediátrica pela Associação Médica Brasileira (AMB), Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
ALEXANDRA PRUFER DE QUEIROZ CAMPOS ARAÚJO Pesquisadora do Centro de Pesquisa em Doenças Neuromusculares do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora Colaboradora da Pós-graduação dos Programas de Clínica Médica e da Saúde Materno-Infantil da UFRJ. Professora-associada (aposentada) de Neuropediatria da UFRJ.
ALICE ROZADO Residência Médica em Pediatria pelo Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), RJ. Pós-graduada em Alergia e Imunologia pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Alergia e Imunologia pela Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai). Médica pela UFRJ.
ALINE CHACON PEREIRA Neurologista Infantil pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/ UFRJ). Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Doutora e Mestre em Saúde da Criança pela UFRJ.
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 5
Neurofisiologista Sócia da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI).
ANA ALICE AMARAL IBIAPINA PARENTE Chefe do Serviço de Pneumologia Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora Adjunta de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Doutora em Clínica Médica – Pesquisa Clínica pela UFRJ. Mestre em Pediatria pela UFRJ.
ANA CLARA CYRÍACO BARBOSA Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), RJ. Médica pela Fundação Técnico-educacional Souza Marques, RJ.
ANA CRISTINA CISNE FROTA Médica do Serviço de Infectologia Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Coordenadora da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares do IPPMG/UFRJ. Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFRJ. Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj).
ANA LÚCIA FERREIRA Chefe da Divisão de Ensino do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora-associada do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina UFRJ. Membro do Departamento de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Doutora em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz).
ANA PAULA QUEIROZ ARÊAS MARQUES Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
22-11-2021 11:21:51
ANA PAULA S. BUENO
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Médico Nefrologista Pediátrico do Serviço de Pediatria do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Membro dos Departamentos de Nefrologia da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Mestre em Nefrologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Hematologista Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Mestre em Clínica Médica – Hematologia pela UFRJ. Médica Hemoterapeuta do Hospital de Ensino Alcides Carneiro, Petrópolis, RJ. Residência Médica em Hematologia-hemoterapia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Médica do Serviço de Alergia e Imunologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Médica do Serviço de Emergência do IPPMG/ UFRJ. Professora do Curso de Especialização em Alergia e Imunologia do IPPMG/UFRJ.
Residência Médica em Pediatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Residência Médica em Hematologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ex-médica do Hemorio e Membro do Grupo Multidisciplinar para Atendimento à Pessoa com Coagulopatia no Estado do Rio de Janeiro. Médica pela UFRJ.
ANDRÉA FONSECA-GONÇALVES Professora Adjunta do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora da Clínica de Bebês e Crianças na Primeira Infância (Clibin) da Faculdade de Odontologia da UFRJ. Especialista em Odontopediatria pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio). Pós-doutorado, Doutora e Mestre em Odontopediatria pela UFRJ.
ANDRÉIA DE SANTANA SILVA MOREIRA Professora Adjunta do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), Teresópolis, RJ. Doutora e Mestre em Saúde da Criança e Adolescente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Pediatria com Área de Atuação em Neurologia Infantil.
ANTONIO BRAGA Professor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Pós-doutorado e Livre-docente, Doutor e Mestre em Obstetrícia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Pós-doutorado pela Harvard Medical School e pelo Imperial College of London.
ARNAULD KAUFMAN Médico do Serviço de Nefrologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 6
CAMILA KOELER LIRA
CARLOS EDUARDO SCHETTINO DE AZEVEDO Professor Adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Pediatria pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da UFRJ. Especialista em Infectologia Pediátrica pela Associação Médica Brasileira (AMB), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Especialista em Pediatria pela SBP.
CLAUDIA NAJAR GONZALES MARIZ Professora-assistente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Nefrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Mestre em Pediatria pela UFRJ.
CLAUDIA TAVARES-SILVA Odontóloga do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora e Mestre em Odontopediatria pela UFRJ.
CLEMAX COUTO SANT’ANNA Professor Titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
22-11-2021 11:21:51
Doutor em Doenças Infeciosas e Parasitárias pela UFRJ.
CRISTIANE ALVES DE OLIVEIRA Professora-associada de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora Adjunta de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
CRISTIANE DE SÁ FERREIRA FACIO Médica Onco-hematologista do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Doutora em Clínica Médica pela UFRJ.
CRISTINA BARROSO HOFER Professora Permanente do Programa de Pósgraduação em Saúde Materno-infantil do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora-associada do Departamento de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da UFRJ. Professora Permanente do Programa de Pósgraduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFRJ.
DAIANA C. BARROS Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Pós-graduada em Pediatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Pós-graduada em Hematologia e Hemoterapia pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Médica pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio).
DAIANE AZEVEDO CARNEIRO Residência Médica em Pediatria pelo Serviço Social Autônomo Hospital Alcides Carneiro (Sehac/Unifase), Petrópolis, RJ. Especialista em Nutrologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Médica pela Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase), RJ.
DANIELA DURÃO MENNA BARRETO Residência Médica em Pediatria pelo Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), RJ.
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 7
Residência Médica em Infectologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Médica pela UFRJ.
DANIELA PIRES FERREIRA VIVACQUA Residência Médica em Pediatria pelo Instituto Nacional da Saúde de Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, RJ. Residência Médica em Infectologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Mestre em Doenças Infectoparasitárias pela UFRJ.
DEBORAH SUTTER AYRES PEREIRA Residência Médica em Pediatria no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Residência Médica em Hematologia e Hemoterapia Pediátrica no IPPMG/UFRJ. Mestranda em Saúde da Criança no IPPMG/ UFRJ.
EKATERINI SIMÕES GOUDOURIS Médica do Serviço de Alergia e Imunologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Responsável pelo Ambulatório de Imunodeficiências do IPPMG/UFRJ. Coordenadora do Curso de Especialização em Alergia e Imunologia Clínica do IPPMG/UFRJ.
ELAINE SOBRAL DA COSTA Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Hematologista Pediátrica pela UFRJ. Doutora em Hematologia pela UFRJ. Especialista em Citometria de Fluxo para Uso Clínico.
ELIANE DE DIOS ABAD Professora do Curso de Especialização em Alergia e Imunologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Doutora em Dermatologia pela UFRJ.
22-11-2021 11:21:51
Membro do Comitê de Dermatologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj). Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Médica (aposentada) do IPPMG/UFRJ.
ERICA ALAMY Médica da Rotina na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), RJ. Médica Follow up de Recém-nascidos de Risco da Maternidade-escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Preceptora de Residentes em Neonatologia no HFSE. Instrutora de Residentes em Nutrologia Pediátrica na UFRJ. Especialista em Pediatria, Neonatologia e Suporte Nutricional.
ERICKA VIEIRA VALENTIM DE FARIAS Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), RJ. Especialista em Nutrologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Médica pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), RJ.
EVANDRO PRADO Chefe do Serviço de Alergia e Imunologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ.
FERNANDA PINTO MARIZ Professora-associada de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Alergia/Imunologia pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai). Membro do Departamento Científico de Imunodeficiências da Asbai. Membro da Comissão de Imunodeficiências Primárias da Asbai.
FLÁVIO REIS NEVES Médico do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ).
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 8
Residência Médica em Pediatria no IPPMG/ UFRJ. Residência Médica em Cardiologia Pediátrica no Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (InCor/USP). Residência Médica em Cardiologia Pediátrica no Instituto Nacional de Cardiologia (INC). Especialista em Pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). MBA em Gestão de Saúde pelo Instituto de Pós-graduação em Pesquisa e Administração (Coppead/UFRJ).
FLAVIO SZTAJNBOK Professor Permanente dos Programas de Pós-graduação em Saúde Materno-infantil do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ) e Clínica Médica da UFRJ. Professor Adjunto do Departamento de Pediatria da UFRJ. Responsável pelo Setor de Reumatologia Pediátrica do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NESA-HUPE-UERJ).
FRANKLIN PRADO HERNANDEZ Médico no Serviço de Nefrologia Pediátrica e Emergência do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Nefrologia Pediátrica pelo IPPMG/UFRJ. Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), RJ.
GIULIANA PUCARELLI LEBREIRO Médica do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Mestranda em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFRJ. Especialista em Pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
GRANT WALL B. DE CARVALHO FILHO Professor-assistente de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro da Comissão Executiva do Título de Especialista em Pediatria (Cextep) da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Preceptor da Residência Médica em Pediatria do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOr).
22-11-2021 11:21:51
Mestre em Saúde da Criança pelo Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz (IFF/ Fiocruz), RJ.
Especialista em Nutrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
HÉLIO FERNANDES DA ROCHA
Oftalmologista do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Pós-doutoranda do Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), RJ. Doutora e Mestre em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp).
Pediatra com Área de Especialização em Nutrologia Pediátrica. Chefe do Serviço de Nutrologia Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professor-assistente de Nutrologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da UFRJ.
HELOIZA HELENA NUNES DA SILVEIRA Médica do Serviço de Emergência do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Membro do Comitê de Reação a Medicamentos da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai). Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFRJ. Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Especialista em Alergia e Imunologia pela Asbai.
HENRIQUE CRUZ Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP). Ortopedista do Hospital Estadual da Criança, RJ.
JÚLIA ROSSETTO
LILIAN COSTA BRAGA LICURGO Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Municipal Jesus, RJ. Residência Médica em Endocrinologia Pediátrica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), RJ. Especialista em Nutrologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Médica pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), RJ.
LUANDA SILVEIRA PAPI Residência Médica em Pediatria Geral pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Residência Médica em Infectologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFRJ. Médica pela UFRJ.
IZABEL CALLAND RICARTE BESERRA
LUANE ABDALLA GOUVEA
Professora-associada de Endocrinologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Médica Neuropediatra. Mestre em Saúde Materno-infantil pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Residência Médica em Neuropediatria pelo IPPMG/UFRJ. Residência Médica em Pediatria pelo IPPMG/ UFRJ.
JOSÉ CESAR DA FONSECA JUNQUEIRA Professor Adjunto (aposentado) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor em Medicina da Criança e Adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Pediatria pela UFRJ.
JULIA DONIZETTI LINS DE ALBUQUERQUE Professora Auxiliar de Pediatria da Fundação Técnico-educacional Souza Marques, RJ. Residência Médica em Nutrologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 9
LUCIANNE COPLE MAIA Professora Titular do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora da Área de Odontopediatria do Programa de Pós-graduação em Odontologia da UFRJ. Membro do Conselho Consultivo da Sociedade de Pesquisa Odontológica (SBPqO).
22-11-2021 11:21:51
LUISA BORGES JUNQUEIRA Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Federal da Lagoa, RJ. Residência Médica em Nutrologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Médica pelo Centro Universitário de Volta Redonda (Unifoa), RJ.
LUIZ AFONSO HENRIQUES MARIZ Professor-assistente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Medicina (Pediatria) pela UFRJ. Título de Especialista em Nefrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Título de Especialista em Pediatria pela SBP.
LUIZA MARIA CALVANO Professora-associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ). Doutora em Clínica Médica pela UFRJ. Mestre em Pediatria pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Especialista em Pediatria, Neonatologia, Alergia e Imunologia.
MAILE VIDIGAL PRATES
Membro e Presidente do Comitê de Gastrenterologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj). Médica da Equipe de Transplante Hepático do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN).
MÁRCIA FERNANDA DA COSTA CARVALHO Residência Médica e Especialização em Pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Especialista em Cardiologia Pediátrica pela AMB/SBP. Mestre em Medicina (Saúde da Criança e Adolescente) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
MÁRCIA GONÇALVES RIBEIRO Chefe do Serviço de Genética Médica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora-associada de Genética Clínica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Professora Permanente dos Programas de Pós-graduação em Clínica Médica e Endocrinologia da UFRJ. Professora Permanente do Programa de Pósgraduação em Saúde Materno-Infantil do IPPMG/UFRJ.
MARCUS RENATO DE CARVALHO
Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), RJ. Residência Médica em Nutrologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Professor Adjunto do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Amamentação pelo Wellstart International Lactation Management e pelo International Board Certified Lactation Consultant. Editor do Portal www.aleitamento.com.
MARCELO GERARDIN POIROT LAND
MARIA DE FÁTIMA BAZHUNI POMBO SANT’ANNA
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Saúde Materno-infantil do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professor Titular de Hematologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da UFRJ.
MARCIA ANGÉLICA BONILHA VALLADARES Médica do Serviço de Gastrenterologia Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Mestre em Pediatria pela UFRJ.
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 10
Professora Titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora-associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFRJ.
MARIA EDUARDA NUNES DA CRUZ GALVÃO Especialista em Pediatria pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/ UFRJ).
22-11-2021 11:21:51
Especialista em Pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Especialista em Nutrologia Pediátrica pelo IPPMG/UFRJ. Médica pela Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase), RJ.
MARIA FERNANDA DE ANDRADE MELO E ARAUJO MOTTA Médica do Serviço de Alergia e Imunologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora do Curso de Especialização em Alergia e Imunologia do IPPMG/UFRJ.
MARIA PRISCILA MAGALHÃES DE ANDRADE FIGUEIRA Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Pós-graduada em Nutrologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Membro do Comitê de Nutrologia Pediátrica da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj).
MARIA VASCONCELLOS DE ALENCAR Pediatra Nutróloga Responsável pelo Suporte Nutricional do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora Substituta de Nutrologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Coordenadora da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) do Hospital Pediátrico Jutta Batista/Rede D’Or São Luiz. Médica Nutróloga Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (Braspen/ SBNPE).
MARIANA TSCHOEPKE AIRES Médica do Serviço de Gastrenterologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Chefe da Divisão de Pesquisa do IPPMG/UFRJ. Doutora em Medicina Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Certificado de Área de Atuação em Gastrenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 11
MARLOS MELO MARTINS Coordenador Médico do Serviço de Neurologia Pediátrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro do Comitê de Neurologia Pediátrica da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj). Residência Médica em Pediatria e Neurologia Pediátrica pela UFRJ. Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Doutor e Mestre em Clínica Médica (Saúde da Criança e do Adolescente) pela UFRJ. Médico pela UFRJ.
NATHÁLIA FERNANDES DE MELO Especialista em Pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Especialista em Nutrologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Médica pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
NATHASSIA DE PAULA SOUSA DE SÁ Especialista em Medicina de Família e Comunidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Residência Médica em Pediatria no Hospital Municipal da Piedade, RJ. Residência Médica em Nutrologia Pediátrica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Médica pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio).
PATRICIA CIMINELLI Médica do Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora pela UFRJ.
RAQUEL AITKEN SOARES MUELLER Residência Médica em Pediatria Geral pelo Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), RJ. Residência Médica em Infectologia Pediátrica pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ).
22-11-2021 11:21:51
Especialista em Saúde do Viajante e Imunizações pela Fiocruz. Mestranda em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFRJ.
Membro do Departamento de Gastrenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
RENATA CARNEIRO DA CRUZ
Chefe do Serviço de Dermatologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFRJ. Residência Médica em Pediatria pelo IPPMG/ UFRJ. Pós-graduada em Dermatologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Médica Intensivista Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Residência Médica em Pediatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mestre em Saúde Materno-infantil pela UFRJ.
ROSANE CRESPO MARQUES Residência Médica em Pediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Residência Médica em Hematologia e Hemoterapia Pediátrica pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Médica pela UFRJ.
SHEILA KNUPP FEITOSA DE OLIVEIRA Professora Titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro da Academia Brasileira de Pediatria (ABP) (Cadeira 2). Membro da Academia Brasileira de Reumatologia (ABR) (Cadeira 36). Consultora da Diretoria da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) para Assuntos de Reumatologia Pediátrica.
SILVANA GUIMARÃES TRIGO Residência Médica em Pediatria pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Nutrologia Pediátrica pela UFRJ. Médica pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
SILVIO DA ROCHA CARVALHO Chefe do Serviço de Gastrenterologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professor de Gastrenterologia Pediátrica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 12
SIMONE SAINTIVE BARBOSA
TAMIRES COELHO CAMARGO Médica Pediatra da Unidade Básica de Saúde com Atuação em Ambulatório de Nutrologia Pediátrica em Catalão, Goiás. Residência Médica em Nutrologia Pediátrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Pediatria e Nutrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
TATHIANA SANTANA Residência Médica em Pediatria pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Especialista em Pediatria pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Residência Médica em Alergia e Imunologia pelo IPPMG/UFRJ. Médica pela Escola de Medicina Souza Marques, RJ.
THAIS ROCHA SALIM Médica Plantonista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/ UFRJ). Professora Adjunta de Propedêutica Pediátrica e do Internato em Pediatria da Universidade de Vassouras, RJ. Professora do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas em Saúde – Urgência e Emergência na Universidade de Vassouras, RJ. Professora Colaboradora do Programa de Pósgraduação em Cardiologia do Instituto do Coração Edson Saad (ICES-UFRJ). Doutora e Mestre em Medicina (Cardiologia) pela UFRJ.
22-11-2021 11:21:51
Residência Médica em Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica pelo IPPMG/UFRJ, Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
THALITA FERNANDES DE ABREU Chefe do Serviço de Infectologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ. Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj).
VANESSA SOARES LANZIOTTI Professora Permanente e Coordenadora Adjunta da Pós-graduação Stricto Sensu do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ).
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 13
Doutora e Mestre em Clínica Médica (Saúde da Criança e Adolescente) pela UFRJ. Especialista em Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica pelo Ministério de Educação (MEC), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Divisão de Ensino e Pesquisa do IPPMG/UFRJ.
WALTER TAAN FILHO Coordenador e Professor de Pós-graduação de Nutrologia e Nutrologia Pediátrica na UniRedentor, RJ. Membro do Comitê de Nutrologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj). Doutor em Ciência dos Alimentos pelo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
22-11-2021 11:21:52
Aos meus filhos; à minha esposa; aos meus pais; ao meu irmão e família. Aos nossos mestres e às crianças por nós atendidas. Agradeço ao Sr. Fabio Rubio e à Jaqueline Santos o cuidadoso trabalho de edição desta obra. Giuseppe Pastura
Dedico esta obra aos nossos alunos e colegas, fazendo votos de que a leitura dos tópicos aqui descritos os ajude na prática médica do dia a dia. A Deus; aos meus filhos, Heitor e Lucas; ao meu marido; a meus pais e família, que me permitem, através do seu amor, restaurar e aprimorar minhas vocações. Flávia Nardes dos Santos
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 14
22-11-2021 11:21:52
Apresentação
Puericultura no Dia a Dia é fruto do trabalho de pediatras e professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que atuam no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), hospital universitário pediátrico com quase 70 anos de dedicação à saúde da criança brasileira. Neste rico ambiente acadêmico, ensina-se o cuidado da criança saudável e da criança com doenças crônicas. Trabalha-se para preservar o desenvolvimento físico e mental de crianças, que é a base da puericultura. Ao longo dos anos, a tradicional prática de promoção do crescimento, desenvolvimento, alimentação e imunização de crianças necessitou incorporar conceitos modernos, como aqueles relacionados aos 1.100 primeiros dias de vida, e aqueles decorrentes de novos desafios da vida moderna, como o uso de dispositivos eletrônicos na infância. Esta obra conta com a participação de 82 colaboradores e é dividida por queixas mais comuns observadas nos consultórios de puericultura e pediatria. Nosso objetivo é trazer uma visão prática e baseada em evidências científicas acerca da condução dos problemas mais frequentes enfrentados pelos pediatras do país. Ressaltamos que a prática da puericultura está em permanente modernização, uma vez que os desafios passados continuam em vigor e novas questões relacionadas à saúde da criança surgem a cada dia. Encerramos com uma mensagem final, extraída do livro Amor e Liberdade na Educação da Criança, do professor Cesar Pernetta, grande mestre de gerações de pediatras brasileiros e ex-diretor do IPPMG: Só quem goza de liberdade nas etapas decisivas de seu desenvolvimento psicológico adquire autoconfiança e respeito pela liberdade de seus semelhantes. E torna-se indivíduo seguro e aberto, cheio de vida, em condições de estabelecer fortes laços espirituais com outras pessoas. Apto a ajustar-se depressa às mudanças oportunas. Capaz de aceitar o advento de um mundo diferente, encaminhado para a paz, a fraternidade e a justiça social.
Os Organizadores
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 15
22-11-2021 11:21:52
Prefácio
O convite para prefaciar este livro, que apresenta os mais relevantes e práticos temas da puericultura, foi uma grande honra conferida a mim, por colegas da maior competência. Em esforço conjunto, eles trazem valiosa contribuição à saúde da criança em suas múltiplas vertentes. Além de ser a arte de promover e proteger a saúde das crianças, por meio de uma ação integral, compreendendo-as como seres em desenvolvimento com suas particularidades, a puericultura é uma especialidade médica contida na pediatria que considera tais pacientes, sua família e o contexto biopsicossociocultural nos quais estão inseridos. É, portanto, uma ferramenta essencial para a manutenção da saúde infantil, por meio do acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento de crianças menores de 5 anos de idade. Mostra-se feliz a iniciativa dos organizadores – os professores Giuseppe Pastura e Flávia Nardes dos Santos – de reunir em um compêndio as contribuições de 82 colaboradores que tão bem sintetizaram os aspectos mais importantes de suas exposições. Assegura-se, assim, a tradição do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina e do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ) com tal publicação. Esta agregará valor ao acervo de conhecimento e experiência de seus professores e de toda a equipe docente, de assistência e de pesquisa. Parabenizo os autores pela obra primorosa e felicito a classe médica, em geral, pela oportunidade de contar com um conteúdo de tamanha utilidade em seu cotidiano. Carlos Eduardo Schettino de Azevedo Professor Adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Pediatria pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da UFRJ. Especialista em Infectologia Pediátrica pela Associação Médica Brasileira (AMB), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Especialista em Pediatria pela SBP.
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 16
22-11-2021 11:21:52
Lista de Siglas e Abreviaturas
AAP
American Academy of Pediatrics
DHA
ácido docosa-hexaenoico
AAS
ácido acetilsalicílico
DII
doença inflamatória intestinal
ABA
Applied Behavior Analysis
DM
diabetes melito
ACCP
atraso constitucional do crescimento e puberdade
DMSA
cintilografia renal estática
ACO
anticoncepcional oral
DNA
ácido desoxirribonucleico
ADH
hormônio antidiurético
DNPM
desenvolvimento neuropsicomotor
AG
alvo genético
DOHaD
developmental origins of health and disease
AGPICL
ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa
DP
desvio padrão
AIDS
vírus da imunodeficiência adquirida
DPT
tríplice bacteriana
AIG
adequado para idade gestacional
DRGE
doença do refluxo gastresofágico
AIJ
artrite idiopática juvenil
DSM
Manual de Transtornos Mentais (Manual of Mental Disorders)
AIT
ataques isquêmicos transitórios
DST
doença sexualmente transmissível
ALT
alanina aminotransferase
DTPA
cintilografia renal dinâmica
ALTE
evento com aparente risco de vida (apparent life-threatening events)
DTT
Discrete Trial Training
EAS
elementos anormais do sedimento ou exame de urina do tipo I
AME
aleitamento materno exclusivo
Anvisa
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
EBV
vírus Epstein-Barr
ARA
ácido araquidônico
ECLAMC
ARFID
transtorno de recusa/restrição de alimentos (avoidance/restritive food intake disorder)
Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas
EDTA
ácido etilenodiamino tetra-acético
AST
aspartato aminotransferase
EEI
esfíncter esofágico inferior
BA
bacteriúria assintomática
EIBI
Early Intensive Behavioral Intervention
BAT
ferramentas para avaliação de sangramento (bleeding assessment tools)
EII
erros inatos da imunidade
EISL
Estudo Internacional de Sibilância em Lactentes
EME
estado de mal epiléptico
EPA
ácido eicosapentaenoico
ESDM
Early Start Denver Model
FAO
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
FC
fator de correção/fibrose cística
FeNO
fração exalada do óxido nítrico
FISH
hibridização in situ fluorescente
FOAD
fetal origins of adult disease
FOS
fruto-oligossacarídeo
FSH
foliculestimulante
GH
hormônio do crescimento
GnRH
hormônio liberador de gonadotrofina
GOS
galacto-oligossacarídeo
BCC
Bacilo de Calmette-Guérin/bloqueador do canal de cálcio
BP
baixo peso
BRA
baixo rendimento acadêmico/bloqueador do receptor da angiotensina
BRUE
breve evento inexplicável resolvido (brief resolved unexplained event)
CA
circunferência abdominal
CAE
conduto auditivo externo
CARS
Childhood Autism Rating Scale
CDC
Centers for Disease Control
CE
corpo estranho intrabrônquico
CHCM
concentração de hemoglobina corpuscular média
CI
corticosteroides inalatórios
CIUR
crescimento intrauterino retardado
CMV
citomegalovírus
HCM
hemoglobina corpuscular média
CNEP
crises não epilépticas psicogênicas
HDL
lipoproteína de alta densidade
CPI
cárie precoce da infância
HEPA
high efficiency particulate air
CPK
creatinofosfoquinase
HHP
hipotálamo – hipófise – gônadas
CSR
carga de soluto renal
HHV-5
herpes-vírus humano-5
DAI
doença autoinflamatória
HIC
hipertensão intracraniana
DCQ
displasia congênita do quadril
HIV
vírus da imunodeficiência humana
DF
doença falciforme
HPV
papilomavírus humano
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 17
22-11-2021 11:21:52
Hto
hematócrito
RDW
índice de anisocitose (red cell distribution width)
HVA
ácido vanilmandélico
REM
rapid eye moviments
HVE
hipertrofia ventricular esquerda
RGE
refluxo gastresofágico
IC
infecção congênita
RM
ressonância magnética
ICC
insuficiência cardíaca congestiva
RN
recém-nascido
IDP
inaladores dosimetrados pressurizados
RNA
ácido ribonucleico
IECA
inibidor da enzima conversora da angiotensina
RTCA
reflexo tônico cervical assimétrico
IgA
imunoglobulina A
RVU
refluxo vesicoureteral
IHAC
Iniciativa Hospital Amigo da Criança
SABA
beta-agonistas de curta duração
IL
interleucina
SAF
síndrome alcoólica fetal
ILAE
Liga Internacional contra a Epilepsia
SBIm
Sociedade Brasileira de Imunizações
IMC
índice de massa corporal
SBP
Sociedade Brasileira de Pediatria
IO
idade óssea
SD
desvio padrão dos volumes corpusculares
IOS
oscilometria de impulso
SDHEA
sulfato de de-hidroepiandrosterona
IPA
índice preditivo para asma
SNC
sistema nervoso central
IPR
índice de produção reticulocitária
SRC
síndrome da rubéola congênita
ISAAC
International Study of Asthma and Allergies in Children
T4
tiroxina
TB
tuberculose
ISTH
Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia
TC
tomografia computadorizada
TCC
terapia cognitivo-comportamental
ITU
infecção do trato urinário
TCE
traumatismo craniencefálico
LABA
beta-agonistas de longa duração
TCM
triglicerídios de cadeia média
LAMA
antagonistas muscarínicos de longa duração
TDAH
LCR
líquido cefalorraquidiano
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
LDH
desidrogenase láctica
TGI
trato gastrintestinal
LDL
lipoproteína de baixa densidade
TGO
transaminase oxalacética
LH
hormônio luteinizante
TGP
transaminase glutâmico-pirúvica
LTRA
antileucotrienos
TH1
linfócitos T helper 1
MAPA
monitoração ambulatorial da pressão arterial
TH2
linfócitos T helper 2
MCHAT
Modified Children’s Autism Test
TLMS
teste de latência múltipla do sono
MS
Ministério da Saúde
TNF
fator de necrose tumoral
MVK
mevalonato quinase
TP
tempo de protrombina
NREM
non-rapid eye movements
TRA
técnica restauradora atraumática
OMA
otite média aguda
TSH
hormônio tireoestimulante
OMS
Organização Mundial da Saúde
TT
tempo de trombina
ONG
organizações não governamentais
TTPA
tempo de tromboplastina parcial ativada
ONU
Organização das Nações Unidas
UCM
uretrocistografia miccional
PA
perímetro abdominal/pressão arterial
UE
urografia excretora
PC
perímetro cefálico/peso corporal
Unicef
Fundo das Nações Unidas para a Infância
PC-R
proteína C-reativa
US
ultrassonografia
PCR
reação em cadeia da polimerase
USTF
ultrassonografia transfontanela
PFE
pico de fluxo expiratório
UTI
unidade de terapia intensiva
PIG
pequeno para idade gestacional
UVA
ultravioleta
PN
peso nascimento
VC
velocidade de crescimento
PNI
Programa Nacional de Imunização
VCM
volume corpuscular médio
PNTN
Programa Nacional de Triagem Neonatal
VD
visita domiciliar
PPC
puberdade precoce central
VGM
volume globular médio
PPD
derivado proteico purificado
VHS
velocidade de hemossedimentação
PPP
puberdade precoce periférica
VMA
ácido homovanílico
PT
perímetro torácico
VOP
vacina oral contra poliomielite
RCBP
Registros de Câncer de Base Populacional
VSR
vírus sincicial respiratório
RDA
ingestão diária recomendada
vW
von Willebrand
RDC
Resolução de Diretoria Colegiada
ZIKV
zika vírus
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 18
22-11-2021 11:21:52
Sumário
Parte I Introdução 1
O Puericultor como um Escutador....................................... 3 Marcus Renato de Carvalho
2
Prevenção na Infância de Doenças Crônicas do Adulto.......... 6 Walter Taan Filho | Hélio Fernandes da Rocha
Parte II Roteiro de Puericultura e Crescimento e Desenvolvimento 3
Neonato (0 a 28 dias).................. 11
4
Lactância...................................... 14
5
Pré-escolar................................... 29
6
Escolar......................................... 33
7
Adolescente................................. 36
8
Peso............................................. 39
9
Estatura, Alvo Genético, Velocidade de Crescimento e Idade Óssea.... 41
Flávia Nardes dos Santos
13
Os Primeiros 1.100 Dias............... 57
14
Amamentação............................. 61
15
Fórmulas Infantis......................... 64
16
Alimentação do Lactente, do Pré-escolar e do Adolescente...... 68
Flávia Nardes dos Santos
Maile Vidigal Prates | Nathassia de Paula Sousa de Sá | Hélio Fernandes da Rocha Marcus Renato de Carvalho
Maria Eduarda Nunes da Cruz Galvão | Maria Vasconcellos de Alencar | Hélio Fernandes da Rocha
Julia Donizetti Lins de Albuquerque | Nathália Fernandes de Melo | Hélio Fernandes da Rocha
17
Micronutrientes........................... 71
18
Higiene Bucal, Dentição e Cáries.... 75
Flávia Nardes dos Santos
Erica Alamy | Maria Priscila Magalhães de Andrade Figueira | Hélio Fernandes da Rocha Claudia Tavares-Silva | Andréa FonsecaGonçalves | Lucianne Cople Maia
Flávia Nardes dos Santos Flávia Nardes dos Santos Flávia Nardes dos Santos
Flávia Nardes dos Santos
10
Índice de Massa Corporal............ 44
11
Perímetro Cefálico, Perímetro Torácico e Circunferência Abdominal................................... 45
Flávia Nardes dos Santos
Flávia Nardes dos Santos
12
Parte III Alimentação e Saúde Oral
Parte IV Prevenção de Doenças, Acidentes e Violência 19
Testes de Triagem Neonatal......... 83
20
Imunizações................................. 87
21
Prevenção de Injúrias Acidentais.................................... 91
Desenvolvimento Neuropsicomotor........................ 46 Flávia Nardes dos Santos
Luiza Maria Calvano
Giuliana Pucarelli Lebreiro | Luanda Silveira Papi | Raquel Aitken Soares Mueller | Ana Cristina Cisne Frota | Cristina Barroso Hofer | Thalita Fernandes de Abreu
Renata Carneiro da Cruz | Grant Wall B. de Carvalho Filho
22
Prevenção de Injúrias Não Acidentais.................................... 95 Ana Lúcia Ferreira
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 19
22-11-2021 11:21:52
23
Controle Ambiental para Prevenção de Asma e Rinite........ 99 Camila Koeler Lira | Heloiza Helena Nunes da Silveira
24
Eventos com Aparente Risco de Vida (ALTE) e Breve Evento Inexplicável Resolvido (BRUE).... 102
Parte VII Queixas Infecciosas 38
Doenças Exantemáticas............. 169
39
O Bebê Exposto a Infecções Congênitas................................. 174
Thais Rocha Salim | Vanessa Soares Lanziotti
Parte V Queixas Neurológicas 25
Ana Cristina Cisne Frota | Cristina Barroso Hofer | Daniela Durão Menna Barreto | Giuliana Pucarelli Lebreiro | Raquel Aitken Soares Mueller | Thalita Fernandes de Abreu
40
Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araújo
Problemas de Sono.................... 112
27
Atraso de Linguagem................. 118
28
Agitação, Desatenção e Agressividade............................. 121
Luane Abdalla Gouvea Giuseppe Pastura
Giuseppe Pastura
29
Baixo Rendimento Acadêmico.... 125
30
Convulsão.................................. 128
31
Cefaleias.................................... 133
32
Dispositivos Eletrônicos............. 137
Giuseppe Pastura
Parte VIII Queixas Cardíacas e Nefrológicas 41
Hipertensão Arterial.................. 189
42
Sopro Cardíaco.......................... 193
43
Infecção Urinária....................... 197
44
Enurese...................................... 201
45
Hematúria.................................. 204
Aline Chacon Pereira
Marlos Melo Martins
Andréia de Santana Silva Moreira
Parte VI Queixas Respiratórias e Imunoalérgicas 33
Lactente Sibilante...................... 143
34
Tosse Crônica............................. 147
35
Infecções de Repetição: Quando e Como Investigar........ 151
Ana Alice Amaral Ibiapina Parente
Clemax Couto Sant’Anna | Maria de Fátima Bazhuni Pombo Sant’Anna
Fernanda Pinto Mariz | Ekaterini Simões Goudouris
36
Asma.......................................... 157
37
Rinite......................................... 163
Maria Fernanda de Andrade Melo e Araujo Motta | Tathiana Santana Evandro Prado | Alice Rozado
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 20
Diagnóstico Diferencial das Adenomegalias.......................... 181
Daniela Pires Ferreira Vivacqua | Rosane Crespo Marques | Daiana C. Barros | Ana Paula S. Bueno | Cristina Barroso Hofer | Thalita Fernandes de Abreu | Ana Cristina Cisne Frota | Giuliana Pucarelli Lebreiro
Alteração de Perímetro Cefálico, Fontanelas e Suturas................. 109
26
Carlos Eduardo Schettino de Azevedo
Márcia Fernanda da Costa Carvalho
Márcia Fernanda da Costa Carvalho | Flávio Reis Neves
Franklin Prado Hernandez | Arnauld Kaufman | Claudia Najar Gonzales Mariz | Luiz Afonso Henriques Mariz Arnauld Kaufman | Franklin Prado Hernandez | Claudia Najar Gonzales Mariz | Luiz Afonso Henriques Mariz Arnauld Kaufman | Franklin Prado Hernandez | Claudia Najar Gonzales Mariz | Luiz Afonso Henriques Mariz
Parte IX Queixas Nutricionais e Metabólicas 46
A Criança que Não Ganha Peso.... 209
47
A Criança que Come Mal........... 213
Tamires Coelho Camargo | Lilian Costa Braga Licurgo | Hélio Fernandes da Rocha
Daiane Azevedo Carneiro | Silvana Guimarães Trigo | Hélio Fernandes da Rocha
22-11-2021 11:21:52
48
Obesidade.................................. 217
49
Doença Metabólica: Quando Suspeitar e Como Investigar...... 221
Ana Clara Cyríaco Barbosa | Luisa Borges Junqueira | Hélio Fernandes da Rocha
Alessandra Fernandes Marques Braga | Ericka Vieira Valentim de Farias | Hélio Fernandes da Rocha
Parte X Queixas Endócrinas e Genéticas 50
Alterações Puberais................... 227
51
Criança com Malformação Congênita.................................. 232 Criança que Não Cresce............. 235 Izabel Calland Ricarte Beserra
Parte XI Queixas Gastrintestinais 53
54
55
56
57
Anemias..................................... 263
58
Criança com Sangramentos Frequentes................................. 271
Vômitos...................................... 245 Silvio da Rocha Carvalho | Mariana Tschoepke Aires | Marcia Angélica Bonilha Valadares | José Cesar da Fonseca Junqueira
Dor Abdominal Crônica............. 249 Silvio da Rocha Carvalho | Mariana Tschoepke Aires | Marcia Angélica Bonilha Valadares | José Cesar da Fonseca Junqueira
Constipação............................... 253 Silvio da Rocha Carvalho | Mariana Tschoepke Aires | Marcia Angélica Bonilha Valadares | José Cesar da Fonseca Junqueira
Diarreias Crônicas...................... 257
Mariana Tschoepke Aires | Silvio da Rocha Carvalho | José Cesar da Fonseca Junqueira | Marcia Angélica Bonilha Valadares
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 21
Deborah Sutter Ayres Pereira | Marcelo Gerardin Poirot Land
Ana Paula Queiroz Arêas Marques | Marcelo Gerardin Poirot Land
59
Detecção Precoce dos Tumores Sólidos e Neoplasias Hematológicas........................... 276 Cristiane de Sá Ferreira Facio | Elaine Sobral da Costa
Izabel Calland Ricarte Beserra
Márcia Gonçalves Ribeiro
52
Parte XII Queixas Onco-hematológicas
Parte XIII Queixas Reumatológicas 60
Dores nos Membros.................. 283
61
Febres Recorrentes.................... 288
Sheila Knupp Feitosa de Oliveira Flavio Sztajnbok
Parte XIV Outras Queixas 62
Principais Queixas em Dermatologia............................. 293 Simone Saintive Barbosa | Eliane de Dios Abad
63
Principais Queixas em Ortopedia.................................. 298 Henrique Cruz
64
Principais Queixas em Oftalmologia.............................. 302 Júlia Rossetto
65
Principais Queixas em Otorrinolaringologia.................. 306 Patricia Ciminelli
66
Principais Queixas em Ginecologia Infantopuberal....... 310 Antonio Braga | Cristiane Alves de Oliveira
22-11-2021 11:21:52
253 – Puericultura no Dia a Dia - cap-00.indd 22
22-11-2021 11:21:52
Introdução
PA R T E
1 2
I
Introdução
O Puericultor como um Escutador, 3 Prevenção na Infância de Doenças Crônicas do Adulto, 6
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-01-AB.indd 1
19-11-2021 10:49:20
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
C AP ÍT U LO
2
Prevenção na Infância de Doenças Crônicas do Adulto Walter Taan Filho | Hélio Fernandes da Rocha
Introdução Nos últimos anos, diversos estudos publicados deram início a novas abordagens sobre a origem das doenças crônicas que acometem adultos. Elas são as que apresentam maior impacto nas taxas de morbidade e mortalidade no mundo, como obesidade, diabetes, aterosclerose, doença cardíaca isquêmica, acidentes vasculares encefálicos e alguns tipos de câncer.
Epidemiologia O caso do Brasil deve ser analisado dentro do conceito das diversas transições pelas quais o país passou e vem ainda passando, como a demográfica, na qual mudamos de uma população basicamente rural para urbana; e a epidemiológica, com alteração no perfil de morbidade e mortalidade, com a diminuição das mortes e do adoecimento por doenças infectocontagiosas e aumento das condições mais vistas em países desenvolvidos, como doenças cardiovasculares, diabetes e câncer. Cabe observar que, atualmente, convivemos com padrões que mesclam doenças do subdesenvolvimento com aquelas que comumente acometem sociedades mais abastadas. Ainda dentro dessa ótica, ocorreu a chamada transição nutricional, em que padrões alimentares foram substituídos e sofreram mudanças significativas, acarretando alterações de hábitos e consequências pela adoção de dietas consideradas menos saudáveis. Existem diversas explicações para essas mudanças. A utilização maciça de alimentos industrializados surgiu em uma sociedade que sofreu, por exemplo, alterações com a entrada de muitas mulheres no mercado de trabalho e que necessitavam de algo prático ao prepararem as refeições da família. Além disso, houve evidente diminuição dos quadros de desnutrição pelo maior acesso a alimentos calóricos, mas nem sempre nutritivos. Isso levou à curiosa situação vivenciada atualmente de termos uma população infantil com galopantes taxas de sobrepeso e obesidade, mas ao mesmo tempo carente em micronutrientes. É o novo desafio nutricional a ser enfrentado. Nesse cenário, doenças crônicas, como as que afetam o sistema cardiovascular, obesidade e diabetes, ocupam papel de destaque. São responsáveis por 60% de todos os óbitos, no Brasil e no mundo, com uma aceleração prevista para mais 17% nos próximos anos.
Fatores de risco O cuidado dispensado às crianças, necessariamente, envolve características de seu desenvolvimento, que, caso não sejam atendidas, poderão afetar sua saúde e seu desempenho na vida adulta, com impactos previsíveis na sociedade em que vivem. Crianças são seres em evolução física e cognitiva que, se tiverem obstáculos em seu processo de crescimento/desenvolvimento, terão sua evolução comprometida em direção a uma vida adulta
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-01-MIOLO.indd 6
19-11-2021 10:39:47
Nutrição materna Obesidade Desnutrição Status de vitamina D Doadores de metil dietético Entradas de AGPICL Nutrição materna Poluentes Obesidadealimentares
Desnutrição Status de vitamina D Doadores de metil dietético Microbiota Entradas de AGPICL Tipo de parto Poluentes alimentares Dieta materna e infantil Exposição a antibióticos Pré-natal e pós-natal Ambiente urbano/rural
Microbiota Tipo de parto Dieta materna e infantil Exposição a antibióticos Pré-natal e pós-natal Ambiente urbano/rural
Nutrição
2 | Prevenção na Infância de Doenças Crônicas do Adulto
saudável. Por isso, vêm sendo adotadas alterações em sua condução ao longo do tempo no diagnóstico das condições de saúde em estudos populacionais. Muitos estudos realizados em modelos animais sustentam o conceito de que a suscetibilidade a inúmeras doenças não começa na vida adulta, mas cedo no crescimento. O conceito de developmental origins of health and disease (DOHaD) surgiu da ideia original desenvolvida por Barker e foi denominada origem fetal da doença do adulto – fetal origins of adult disease (FOAD). Assim, levantou-se a hipótese de que eventos intrauterinos indesejáveis, como desnutrição ou privação de oxigênio, por exemplo, levariam à alteração do crescimento em fases precoces da vida (programming), o que poderia resultar em déficit permanente ou a longo prazo na estrutura ou na função do organismo. No entanto, resultados de vários estudos evidenciaram que o risco para o desenvolvimento de doenças crônicas na fase adulta da vida poderia advir não apenas de eventos precoces da vida fetal, mas também de todo o período de desenvolvimento e ao longo da infância e da adolescência. Daí surgiu o conceito dos primeiros 1.000 dias, englobando não apenas o período intrauterino, mas também os dois primeiros anos de vida da criança (Figura 2.1).
Nutrição neonatal e infantil Leite humano Fórmula infantil Prebióticos/probióticos
Nutrição neonatal e infantil Leite humano Fórmula infantil Prebióticos/probióticos Genona humano Epigenoma MicrobiomaNutrição Fatores ambientais
Microbioma
Epigenoma
Genona humano Fatores ambientais
Primeiros 1.000 dias
Primeiros 1.000 dias
Figura 2.1 Fatores que influenciam os 1.000 primeiros dias de vida da criança AGPICL: ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa. Fonte: adaptada de Indrio et al., 2017.
Epigenética Com os conhecimentos adquiridos a partir do Projeto Genoma, outro mecanismo fundamental envolvido dentro do conceito DOHaD é o efeito epigenético determinado por influências ambientais. Ele promove o controle do processo de transcrição dos genes de modo seletivo, silenciando ou fomentando a expressão de determinados genes e não envolvendo nesse processo mudanças na sequência de DNA. Desde os anos de 1970, sabemos que as células alcançam sua necessária diferenciação quando um processo epigenético ativa ou desativa os genes, corretamente, no úte-
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-01-MIOLO.indd 7
7
19-11-2021 10:39:47
Neonato (0 a 28 dias), 11
Roteiro de Puericultura e Crescimento e Desenvolvimento
PA R T E
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
II
Roteiro de Puericultura e Crescimento e Desenvolvimento
Lactância, 14 Pré-escolar, 29 Escolar, 33 Adolescente, 36 Peso, 39 Estatura, Alvo Genético, Velocidade de Crescimento e Idade Óssea, 41 Índice de Massa Corporal, 44 Perímetro Cefálico, Perímetro Torácico e Circunferência Abdominal, 45 Desenvolvimento Neuropsicomotor, 46
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 9
19-11-2021 10:49:57
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
C AP ÍT U LO
Estatura, Alvo Genético, Velocidade de Crescimento e Idade Óssea
9
Flávia Nardes dos Santos
Estatura A estatura é a medida do crescimento linear e também denominada comprimento (até 2 anos) ou altura (após 2 anos). A estatura final de um indivíduo depende cerca de 80% da genética, ou seja, mostra-se influenciada principalmente pela estatura dos pais. Existem vários genes (mais de 400) envolvidos com o crescimento linear. Uns regulam a atividade hormonal; outros, o metabolismo celular ósseo e cartilaginoso. Entre os hormônios e fatores químicos que mais influenciam a estatura, podemos citar: ■■ IGF-1: principal hormônio influenciador do crescimento linear na vida pré e pós-natal, por agir diretamente na epífise de crescimento por meio do estímulo à hipertrofia e à hiperplasia celular. Sua síntese hepática é diretamente estimulada pelo hormônio do crescimento (GH). ■■ GH: hormônio produzido pela hipófise, atua estimulando a síntese hepática de IGF-1 e a diferenciação celular na epífise de crescimento. ■■ Hormônios tireoidianos: estimulam a secreção de GH e IGF-1 e atuam sobre a epífise de crescimento, induzindo a diferenciação celular. ■■ Glicocorticoides: agudamente, podem estimular o crescimento, mas níveis elevados cronicamente comprometem o crescimento linear, pois diminuem a síntese e a sensibilidade ao GH. ■■ Esteroides sexuais (androgênios e estrogênios): estimulam a síntese de GH e atuam diretamente na epífise de crescimento. As Figuras 9.1 e 9.2 ilustram a técnica correta para a aferição da estatura em crianças.
Segurar cabeça no plano de Frankfurt
Pressionar joelhos (estender as pernas)
Encostar cursor na sola dos pés, com calcanhar e pés em 90
Parte mais alta da cabeça Panturrilhas
Ombros Parte de trás da cabeça
Nádegas
Calcanhares
Figura 9.1 Aferição do comprimento em crianças com menos de 2 anos de idade
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-MIOLO.indd 41
20-11-2021 09:58:28
Puericultura no Dia a Dia
Parte posterior da cabeça
Ombros
Nádegas
Panturrilhas
Calcanhares
Figura 9.2 Aferição da altura em crianças acima de 2 anos de idade Os principais pontos de corte de estatura para idade em crianças com menos de 10 anos, de acordo com o Ministério da Saúde, são apresentados na Tabela 9.1. Tabela 9.1 Pontos de corte de peso para idade em crianças abaixo de 10 anos de idade Valores críticos
Diagnóstico nutricional
Percentil ≥3
Escore z ≥+2
Comprimento/altura adequado para a idade
Percentil ≥0,1 e <3
Escore z ≥-3 e <-2
Comprimento/altura baixo para a idade
Percentil <0,1
Escore z <-3
Comprimento/altura muito baixo para a idade
Fonte: adaptada de Brasil, 2012.
Alvo genético
42
O cálculo do alvo genético é um método para prever o canal de crescimento da criança conforme a estatura dos pais e antecipar o conhecimento da estatura no fim da puberdade. É calculada da seguinte maneira: ■■ Meninas: [(estatura do pai – 13) + (estatura da mãe)]/2 ±8,5cm. ■■ Meninos: [(estatura da mãe + 13) + (estatura do pai)]/2 ±8,5cm.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-MIOLO.indd 42
20-11-2021 09:58:28
C AP ÍT U LO
12
Desenvolvimento Neuropsicomotor Flávia Nardes dos Santos
Introdução O desenvolvimento neuropsicomotor compreende ganhos de habilidades e funções nas áreas motora grosseira, motora fina, adaptativa, pessoal-social e de linguagem, todas dependentes do amadurecimento neurológico ao longo dos primeiros anos de vida, especialmente da mielinização, do aumento de axônios e dendritos e da formação de sinapses úteis e funcionais. As Tabelas 12.1 a 12.23 resumem alguns desses marcos nas grandes áreas, de acordo com a idade. Tabela 12.1 Idade-chave: 4 semanas (1 mês) Adaptativo
■■ Argola pendente: acompanha até a linha média ■■ Chocalho: mãos fecham-se ao contato; deixa cair imediatamente ■■ Sino: presta atenção; atividade diminui
Motor grosseiro
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Motor fino
■■ Supino: mãos fechadas ■■ Chocalho: mãos fecham-se ao contato; deixa cair imediatamente
Linguagem
■■ Expressivo: olhar vago e indireto ■■ Vocalização: sons guturais
Pessoal-social
■■ Olha o rosto do examinador ■■ Olha indefinidamente ao redor
Supino: RTCA Puxado para sentar: cabeça cai para trás Sentado: cabeça cai para a frente Suspensão ventral: cabeça alinha-se momentaneamente ao plano do corpo Posição prona: libera vias aéreas (roda cabeça); reflexo propulsão (rastejar)
RTCA: reflexo tônico cervical assimétrico.
Tabela 12.2 Idade-chave: 8 semanas (2 meses) Adaptativo
■■ Argola pendente: acompanha até depois da linha média ■■ Chocalho: segura brevemente
Motor grosseiro
■■ ■■ ■■ ■■
Supino: RTCA Sentado: cabeça oscilante Suspensão ventral: cabeça sustentada no plano do corpo Posição prona: cabeça mais levantada
Motor fino
–
Linguagem
■■ Expressivo: sorriso social; olhar definido ■■ Vocalização: sons vocálicos (“a”, “e”, “u”)
Pessoal-social
■■ Sorri para o examinador ■■ Acompanha pessoa em movimento
RTCA: reflexo tônico cervical assimétrico.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-MIOLO.indd 46
20-11-2021 09:58:28
Adaptativo
■■ Argola pendente: acompanha até 180º ■■ Chocalho: olha-o na mão
Motor grosseiro
■■ ■■ ■■ ■■
12 | Desenvolvimento Neuropsicomotor
Tabela 12.3 Idade-chave: 12 semanas (3 meses)
Supino: cabeça meio de lado (RTCA desaparecendo) Sentado: cabeça mais ereta, oscilante Suspensão ventral: cabeça acima no plano do corpo Posição prona: levanta cabeça e tórax com braços estendidos
Motor fino
■■ Chocalho: segura ativamente
Linguagem
■■ Vocalização: arrulhos
Pessoal-social
■■ Resposta vocal-social
RTCA: reflexo tônico cervical assimétrico.
Tabela 12.4 Idade-chave: 16 semanas (4 meses) Adaptativo
■■ Argola pendente: segura a argola, levando-a à boca ■■ Chocalho: leva-o à boca
Motor grosseiro
■■ Supino: cabeça na linha média; mãos se encontram na linha média ■■ Sentado: com apoio (canto do sofá), cabeça firme, inclinada para a frente ■■ Posição prona: apoia-se nos antebraços semifletidos com pernas estendidas/semiestendidas ■■ Posição prona: vira-se para o lado ■■ Colocado ereto: empurra com os pés
Motor fino
■■ Supino: agarra o objeto (preensão palmar) e solta voluntariamente
Linguagem
■■ Expressivo: ri alto
Pessoal-social
■■ Fica feliz ao ver alimento/mamadeira/seio materno ■■ Puxa roupas para o rosto
Tabela 12.5 Idade-chave: 20 semanas (5 meses) Adaptativo
■■ Cubo: pega quando próximo da mão; segura o primeiro, olha o segundo ■■ Chocalho, argola pendente: pega quando próximo das mãos; busca visual pelo chocalho perdido
Motor grosseiro
■■ Puxado para sentar: cabeça não pende, permanece na linha do tronco ■■ Sentado: com apoio, cabeça firme, ereta ■■ Posição prona: apoia-se nos antebraços estendidos; peso transferido para as mãos, cotovelos eretos e tronco erguido
Motor fino
■■ Posição prona: arranha o tampo da mesa ■■ Cubo: preensão palmar, cubo entre a base dos dedos e a palma da mão (lado ulnar)
Linguagem
■■ Expressivo: gritos
Pessoal-social
■■ Sorri ou chora para sua imagem refletida no espelho ■■ Coloca as duas mãos ao redor da mamadeira
Tabela 12.6 Idade-chave: 24 semanas (6 meses) Adaptativo
■■ Argola pendente, chocalho, cubo e sino: aproxima-se e pega com as duas mãos; pega quando cai
Motor grosseiro
■■ Supino: levanta as pernas estendidas e segura os pés ■■ Supino: rola para posição prona
Motor fino
■■ Chocalho: retém; preensão firme
Linguagem
■■ Sino: vira a cabeça procurando a fonte do som ■■ Vocalização: grunhe; rosna; vocaliza com brinquedos
Pessoal-social
■■ Discrimina estranhos: pode ficar sério e não aceitar aproximação como ocorre com familiares próximos ■■ Pega/brinca com o pé ■■ Espelho: olha, sorri e vocaliza
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-MIOLO.indd 47
47
20-11-2021 09:58:28
Alimentação e Saúde Oral
Os Primeiros 1.100 Dias, 57 Amamentação, 61 Fórmulas Infantis, 64 Alimentação do Lactente, do Pré-escolar e do Adolescente, 68 Micronutrientes, 71
Alimentação e Saúde Oral
PA R T E
13 14 15 16 17 18
III
Higiene Bucal, Dentição e Cáries, 75
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-AB.indd 55
19-11-2021 10:50:08
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-AB.indd 56
19-11-2021 10:50:08
C AP ÍT U LO
17
Micronutrientes
Erica Alamy | Maria Priscila Magalhães de Andrade Figueira | Hélio Fernandes da Rocha
Introdução Micronutrientes são vitaminas e minerais essenciais para a promoção de crescimento, maturação sexual, desenvolvimento neuromotor, integridade e funcionamento do sistema imune. Esses nutrientes são necessários para a manutenção do organismo, embora em pequenas quantidades, de miligramas a microgramas. Contudo, por serem nutrientes essenciais, devem estar presentes diariamente na alimentação. As vitaminas A, C, D e E exercem, também, funções antioxidantes. Uma de cada três pessoas no mundo é afetada pela deficiência de vitamina A, ferro ou iodo. Manifestações clínicas dessas carências, como morte materna e infantil, resposta imunológica diminuída, cegueira, retardo mental e anemia, afetam mais de meio bilhão da população mundial. A má nutrição durante a infância pode prejudicar a função intelectual e estar associada a deficiências de micronutrientes, tais como ferro, zinco, ácido fólico e vitamina B12. O crescimento, igualmente, pode ser afetado pela deficiência de ferro, zinco e vitamina A. No Brasil, a prevalência da deficiência de ferro e a hipovitaminose A na população infantil abaixo de 5 anos ainda são alarmantemente altas. Deficiências subclínicas, também designadas como fome oculta, pois cursam sem manifestações clínicas evidentes, podem ter efeitos importantes sobre o desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente a deficiência de ferro que afeta irreversivelmente a cognição e o aprendizado. A seguir, serão mencionadas as principais carências na população pediátrica brasileira.
Ferro Anemia ferropriva na infância é a carência nutricional mais frequente, sendo um grave problema de saúde pública no Brasil. Inicialmente, as reservas de ferro caem, a ferritina diminui de maneira progressiva e, persistindo a deficiência, caem os níveis de hematócrito e hemoglobina com consequente anemia. A ferritina é uma proteína de fase aguda plasmática, podendo estar elevada nas infecções e inflamações. Ao solicitar a dosagem da ferritina, devemos solicitar também a dosagem de proteína C-reativa (PC-R), a fim de esclarecer se os níveis adequados ou elevados da ferritina não se devem a um processo inflamatório. A deficiência de ferro está relacionada com a dificuldade de aprendizado e o baixo rendimento escolar. As fontes na dieta são duas: ■■ Ferro inorgânico (ferro não heme): encontrado nos vegetais e grãos. ■■ Fonte orgânica (ferro heme): oriundas de carnes vermelhas, fígado (maior biodisponibilidade) e maior absorção em relação ao ferro inorgânico.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-MIOLO.indd 71
19-11-2021 10:55:14
Puericultura no Dia a Dia
O tratamento da anemia deve ser feito com reposição de ferro (Fe) (metálico) na dose de 3 a 5mg/kg/dia, por pelo menos 8 semanas. O seguimento é feito pela avaliação laboratorial constando hematócrito, hemoglobina, volume corpuscular médio (VCM), reticulócitos e ferritina a cada 30 dias, até que a ferritina sérica esteja maior que 30ng/mL.
Suplementação de ferro Situação
Recomendação
Recém-nascidos – excluídos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em aleitamento materno exclusivo ou não
1mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 3o mês até o 24o mês de vida
Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em uso de menos de 500mL de fórmula infantil por dia
1mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 3o mês até o 24o mês de vida
Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2.500g, 2mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante 1 ano
2mg/kg de peso/dia a partir de 30 dias durante 1 ano Após este período, 1mg/kg/dia por mais 1 ano
Nota: o recente Consenso sobre Anemia Ferropriva (2018) sugere iniciar suplementação já com 3 meses e em aleitamento materno.
Vitamina A Trata-se de uma vitamina lipossolúvel essencial durante toda a vida, sobretudo quando há maior proliferação e diferenciação celular. A denominação vitamina A refere-se a um grupo de compostos que inclui o retinol, o retinaldeído e o ácido retinoico, além dos carotenoides com atividade pró-vitamina A, que são precursores do retinol. A apresentação clínica da deficiência manifesta-se sobretudo por cegueira e xeroftalmia. A cegueira noturna, que é a dificuldade em se adaptar a enxergar no escuro, é a primeira manifestação da carência. Em crianças pequenas, o frequente “medo do escuro” pode atrasar o diagnóstico de carência de vitamina A. A deficiência de zinco pode levar à carência de retinol, uma vez que o zinco atua na proteína ligadora dessa substância. A vitamina A também está relacionada à integridade das células epiteliais e à proteção dos tratos digestivo e respiratório. Baixos níveis, mesmo em pacientes assintomáticos, estão relacionados com o aumento do risco para infecções respiratórias, diarreias, infecções urinárias e alterações dos epitélios em geral. A vitamina A interfere em vários passos do metabolismo do ferro. O programa Nacional de suplementação de vitamina A preconiza para as áreas com deficiência endêmica a suplementação de megadose em crianças de 6 a 59 meses. Crianças com infecções graves ou desnutrição devem receber suplementação com 50.000UI por via oral para os menores de 6 meses, 100.000UI para crianças de 6 a 11 meses e 200.000UI para maiores de 12 meses, devendo ser repetida no segundo dia e após 2 semanas. Suas principais fontes são o óleo de fígado de peixe, as carnes e as hortaliças escuras ou amarelo-laranja.
Zinco
72
O zinco assume função de grande importância em uma série de processos biológicos, tais como: ■■ O metabolismo dos carboidratos (existem evidências de relação entre a deficiência de zinco e a síndrome metabólica). ■■ A melhora da sensibilidade à insulina, melhorando o controle glicêmico e auxiliando na prevenção do diabetes melito (DM).
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-MIOLO.indd 72
19-11-2021 10:55:14
C AP ÍT U LO
18
Higiene Bucal, Dentição e Cáries Claudia Tavares-Silva | Andréa Fonseca-Gonçalves | Lucianne Cople Maia
Introdução A cárie dentária é uma doença não comunicável que depende da presença de microrganismos na superfície do dente e de açúcares da dieta, em especial a sacarose. Embora os microrganismos, por si só, não sejam capazes de produzir a cárie dentária, a presença dos açúcares os seleciona no meio, viabiliza a formação de um biofilme dental cariogênico e propicia a produção de ácidos orgânicos capazes de causar perda mineral dos dentes. Quando não controlada, a cárie pode levar a cavidades e perdas dentárias, gerando desconforto e dor e afetando a qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Embora os seus mecanismos patogênicos sejam conhecidos, a cárie dentária é uma doença que continua a acometer a população mundial, principalmente os mais afetados economicamente, sendo também determinada por fatores comportamentais e psicossociais, diretamente ligados ao ambiente familiar. Assim, os maus hábitos alimentares, combinados ao acesso limitado a ações preventivas e o desconhecimento da importância da manutenção de uma boa saúde bucal, ocasionam a lesão cariosa, o que leva a inúmeras consequências para as crianças e suas famílias. O objetivo deste capítulo é descrever as principais recomendações para manutenção da saúde bucal de acordo com cada faixa etária e proporcionar ao pediatra uma avaliação clínica ampla e segura do paciente, além de fortalecer a importância da multidisciplinaridade no alcance de uma assistência integral à saúde e bem-estar de crianças e adolescentes.
Principiais recomendações para o cuidado da saúde bucal Bebês (até 12 meses) De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), é aconselhável que o bebê seja acompanhado por um odontopediatra logo após o aparecimento dos primeiros dentes, a fim de que este profissional verifique o desenvolvimento das estruturas orofaciais e ajude a manter a saúde bucal.
Recomendações ■■ Conscientizar pais, cuidadores, médicos, dentistas, técnicos em saúde bucal, enfermeiras e demais profissionais da saúde, bem como outros grupos interessados, da importância da higiene bucal na primeira infância, a fim de evitar a cárie precoce da infância (CPI) (Figura 18.1). A CPI apresenta as seguintes características: presença de um ou mais dentes decíduos cariados, perdidos por cárie ou restaurados antes de 6 anos de idade. A cárie é uma doença de rápida progressão, por conta da constante exposição a açúcares contidos em mamadeiras ou recipientes semelhantes.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-MIOLO.indd 75
19-11-2021 10:55:14
Puericultura no Dia a Dia
■■ O odontopediatra deve realizar um exame oral completo e promover a demonstração apropriada ao responsável da limpeza dos dentes. Assim, a partir da presença do primeiro dente na cavidade bucal, deve-se realizar a higiene com escova infantil de cerdas ultramacias na presença de dentifrício com concentração de fluoreto (a partir de 1.000ppm), duas vezes ao dia. É importante ressaltar que se deve respeitar a quantidade de pasta, equivalente ao tamanho de metade de um grão de arroz cru (0,05g) (Figura 18.2). ■■ Incentivar sempre o aleitamento natural para o desenvolvimento do sistema estomatognático. ■■ Em caso de aleitamento artificial, nunca deixar o bebê adormecer com a mamadeira de leite na boca. ■■ Desestimular o consumo de açúcar em alimentos e bebidas, bem como evitar açúcares livres. ■■ Informar que a erupção da dentição pode acarretar desconforto, irritabilidade e salivação excessiva, o que permite o uso de mordedores refrigerados como tratamento. Esse aspecto torna-se importante para um possível diagnóstico diferencial de dor decorrente de cárie. ■■ Aconselhar sobre os malefícios causados por hábitos orais não nutritivos (sucção dos dedos, chupeta ou mamadeira, por exemplo), que podem aplicar forças aos dentes e estruturas dentoalveolares, e alertar sobre a necessidade de remoção desses hábitos antes que ocorra má oclusão ou displasias esqueléticas. A importância da informação sobre esses hábitos deve-se, principalmente, pelo uso de mamadeiras, que podem conter alimentos açucarados, o que representa um alto fator de risco à cárie.
Figura 18.1 Imagem intrabucal de uma criança com cárie precoce da infância Fonte: gentilmente cedida pela Dra. Alessandra Castro Alves.
Crianças (acima dos 12 meses até os 10 anos) Essa abrangente faixa etária, que compreende a 1a e a 2a infâncias, apresenta características peculiares e de grandes transformações. Nela, ocorre a completa instalação da dentição decídua (3 anos) e o início da dentição mista (6 anos). A criança passa por uma série de mudanças de crescimento físico e orofacial, seguidas de transformações de ordem cognitivas e afetivas, necessitando de um apoio permanente de seus pais/responsáveis, bem como do profissional de saúde que a acompanha. 76
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-MIOLO.indd 76
19-11-2021 10:55:14
18 | Higiene Bucal, Dentição e Cáries
A
B
C Figura 18.2 Quantidade ideal de pasta de dente: 1 ano de idade (A). De 2 a 3 anos de idade (B). Maior de 3 anos de idade (C) Fonte: gentilmente cedida do Arquivo da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2020.
Recomendações ■■ Conscientizar pais, cuidadores, dentistas, técnicos em saúde bucal, médicos, enfermeiras, profissionais da saúde e outros grupos interessados sobre a importância da saúde bucal. ■■ Encaminhar as crianças para o cirurgião-dentista habilitado, preferencialmente o odontopediatra, que será capaz de fornecer o atendimento adequado, respeitando as características da criança e de sua família, a fim de estabelecer um programa individualizado. Considerando-se que o diagnóstico precoce da cárie dentária é fundamental para a interrupção e/ou controle desse processo patológico, com rápida progressão na dentição decídua, recomenda-se a indicação de uma rotina de consultas ao dentista.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-03-MIOLO.indd 77
77
19-11-2021 10:55:14
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
Prevenção de Doenças, Acidentes e Violência
Testes de Triagem Neonatal, 83 Imunizações, 87 Prevenção de Injúrias Acidentais, 91 Prevenção de Injúrias Não Acidentais, 95 Controle Ambiental para Prevenção de Asma e Rinite, 99 Eventos com Aparente Risco de Vida (ALTE) e Breve Evento Inexplicável Resolvido (BRUE), 102
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-04-AB.indd 81
Prevenção de Doenças, Acidentes e Violência
PA R T E
19 20 21 22 23 24
IV
19-11-2021 10:55:43
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-04-AB.indd 82
19-11-2021 10:55:43
C AP ÍT U LO
20
Imunizações
Giuliana Pucarelli Lebreiro | Luanda Silveira Papi | Raquel Aitken Soares Mueller | Ana Cristina Cisne Frota | Cristina Barroso Hofer | Thalita Fernandes de Abreu
Princípios básicos em imunizações Imunização consiste em uma das principais medidas para controle e prevenção de doenças. Define-se como a aquisição de proteção imunológica contra doenças infecciosas, que pode ocorrer de forma ativa ou passiva. A vacinação, por sua vez, tem como objetivo promover a imunização, ou seja, conferir ao indivíduo vacinado a imunidade contra a(s) doença(s) cujo imunobiológico administrado promoverá proteção. A vacinação é a principal responsável pela redução de morte por causas evitáveis. A imunização ativa ocorre quando o próprio sistema do indivíduo, ao entrar em contato com uma substância estranha ao organismo (antígeno), responde produzindo anticorpos e células imunes. Ela pode ser natural, resultante do contágio e desenvolvimento da doença, ou adquirida por meio da vacinação. A imunização passiva ocorre quando a imunidade é induzida pela administração de anticorpos contra uma infecção específica, podendo ser adquirida de forma natural ou artificial. A imunização passiva natural é aquela conferida ao recém-nascido por meio da transferência materna de anticorpos, e a artificial ocorre através da transfusão de anticorpos que podem ser obtidos de humanos (imunoglobulinas) ou de animais (soros). As vacinas, em princípio, são superiores às imunoglobulinas (Tabela 20.1). A vantagem principal das imunoglobulinas é a rapidez de proteção conferida por elas. Tabela 20.1 Comparação entra vacinas e imunoglobulinas Propriedade Duração da proteção
Vacina Longa
Imunoglobulina Transitória
Proteção após aplicação
Geralmente após 2 semanas
Imediata
Eliminação de portadores sãos
Possível
Impossível
Erradicação de doenças
Possível
Impossível
Fonte: adaptada de Brasil, 2014.
Outro conceito importante é a imunidade em rebanho. Trata-se do efeito obtido quando algumas pessoas são indiretamente protegidas pela vacinação de outras, o que acaba beneficiando a saúde de toda a comunidade. Funciona da seguinte forma: a pessoa vacinada não transmitirá a doença para outros que não estão imunizados por possuírem alguma contraindicação à vacinação, tais como imunossupressão, gestação e idade inferior à recomendada para vacinação.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-04-MIOLO.indd 87
19-11-2021 10:58:05
Puericultura no Dia a Dia
Vacinas Vacinas são medicamentos imunobiológicos que contêm uma ou mais substâncias antigênicas que, quando inoculadas, são capazes de induzir imunidade específica ativa, a fim de proteger contra, reduzir a gravidade ou combater a(s) doença(s) causada(s) pelo agente que originou o antígeno (Anvisa 2014). Os componentes vacinais simulam o antígeno selvagem e induzem uma resposta imune antígeno-específica muito semelhante à produzida pela infecção natural, sem que a doença e suas consequências ocorram.
Tipos de vacina As vacinas podem ser vivas ou inativadas (não vivas), o que influencia diretamente no tipo de resposta imune desencadeada, a eficácia protetora, as contraindicações e os eventos adversos esperados (Tabela 20.2). As vacinas vivas são constituídas de microrganismos atenuados, obtidos pela seleção de cepas naturais (selvagens), e atenuados por intermédio de passagens em meios de cultura especiais. As vacinas inativadas são obtidas de diferentes modos: ■■ Microrganismos inteiros inativados de tal forma que perdem sua capacidade infecciosa, mas mantêm suas propriedades imunogênicas protetoras (p. ex., vacina celular contra a coqueluche e vacina inativada contra a poliomielite). ■■ Produtos tóxicos dos microrganismos, também inativados (p. ex., vacinas contra o tétano e a difteria). ■■ Vacinas de subunidades ou de fragmentos de microrganismos (p. ex., alguns tipos de vacina contra o vírus influenza). ■■ Vacinas contendo componentes tóxicos inativados (p. ex., vacina acelular contra a coqueluche). ■■ Vacinas obtidas por engenharia genética (p. ex., vacina recombinante contra a hepatite B). ■■ Vacinas constituídas por polissacarídeos extraídos da cápsula de microrganismos invasivos, como o pneumococo e o meningococo. Por não estimularem imunidade celular, timo-dependente, não protegem crianças com menos de 2 anos de idade, e sua proteção é de curta duração. Induzem pouca ou nenhuma memória imunológica, ou seja, a imunidade em geral não aumenta com a repetição das doses (p. ex., vacinas polissacarídicas não conjugadas contra o pneumococo e meningococo). ■■ Vacinas conjugadas, em que os componentes polissacarídicos são ligados a proteínas, criando um complexo antigênico capaz de provocar respostas imunológicas timo-dependentes e efetivas abaixo de 2 anos de idade (p. ex., vacinas conjugadas Haemophilus influenzae tipo B, pneumococo e vacina conjugada contra meningococos de tipo A, C, W e Y). Outros dois conceitos importantes são: ■■ Vacinas combinadas: associações de antígenos independentes em uma mesma composição farmacológica (p. ex., tríplice viral [MMR] e pentavalente [difteria, tétano, pertussis, hepatite B e Haemophilus influenza tipo B]). ■■ Vacinação simultânea: aplicações simultâneas de diversas vacinas em locais anatômicos diferentes. Essa prática não promove aumento de eventos adversos pós-vacinais e não altera a eficácia para os antígenos individuais.
88
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-04-MIOLO.indd 88
19-11-2021 10:58:05
C AP ÍT U LO
23
Controle Ambiental para Prevenção de Asma e Rinite Camila Koeler Lira | Heloiza Helena Nunes da Silveira
Introdução O controle ambiental consiste em um conjunto de medidas adotadas para prevenir a sensibilização e/ou a ocorrência de exacerbações em pacientes com doenças alérgicas. É importante detalhar os principais ambientes aos quais o paciente está exposto, por meio da história ambiental, e determinar, pela história clínica, os fatores desencadeantes (Tabela 23.1) de cada indivíduo. O detalhamento permite recomendar medidas de controle ambiental múltiplas e individualizadas para um maior sucesso da estratégia (Tabela 23.2). Tabela 23.1 Fatores desencadeantes Aeroalérgenos Ácaros da poeira doméstica
Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae, Blomia tropicalis
Baratas
Blatella germanica, Periplaneta americana
Fungos
Aspergillus sp., Cladosporium sp., Alternaria sp., Penicillium notatum
Animais
Gato, cão, coelho, cavalo, roedores (hamster, furão, porquinho-daíndia, camundongos)
Pólens
Gramíneas – Lolium multiflorum (azevém), Phleum pratense
Alérgenos ocupacionais
Trigo, poeira de madeira, detergentes, látex
Intradomiciliares
Fumaça de cigarro, poluentes derivados da combustão do gás de cozinha/fogão a lenha, odores fortes, perfumes, ar frio e seco, produtos de limpeza
Extradomiciliares
Ozônio, óxidos do nitrogênio e dióxido de enxofre
Poluentes e irritantes
Ácaros da poeira doméstica Os ácaros da poeira doméstica são importantes causas de alergia em todo o mundo, e estão associados a doenças como rinite alérgica, asma e dermatite atópica. São artrópodes microscópicos, que vivem na poeira e se nutrem de pele descamada, de suas próprias fezes, de fungos e de outras substâncias ricas em proteínas. As partículas fecais são os principais alérgenos identificados e permanecem em suspensão após a poeira ser mobilizada. Representam a maior fonte de alérgenos intradomiciliares e podem ser encontrados em todos os cômodos. No entanto, sua maior concentração está em colchões e tapetes.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-04-MIOLO.indd 99
19-11-2021 10:58:05
Puericultura no Dia a Dia
Tabela 23.2 Medidas de controle do ambiente ■■ Encapar colchão e travesseiro com material impermeável. Trocar e lavar roupas de cama semanalmente em altas temperaturas (>55ºC) e secá-las ao sol ou ar quente ■■ Evitar bichos de pelúcia, estante de livros, caixas de papelão ou qualquer outro local que possa acumular poeira, principalmente no quarto de dormir. Dar preferência a brinquedos laváveis ■■ Evitar tapetes, carpetes, cortinas e almofadões. Dar preferência a pisos laváveis e cortinas que possam ser limpas com pano úmido. Em caso de carpetes ou tapetes de difícil remoção, aspirar com frequência ■■ Evitar o uso de vassouras e espanadores. Passar diariamente pano úmido na casa ou usar aspiradores de pó com filtros de alta eficiência, conhecidos como HEPA (high efficiency particulate air), duas vezes por semana. Afastar o paciente do ambiente enquanto se faz a limpeza ■■ Identificar e eliminar focos de mofo e umidade. Verificar periodicamente banheiros (cortinas plásticas de chuveiro, armários de pia etc.), bem como fontes de exposição aos fungos fora do domicílio (creche, escola e locais de trabalho) ■■ Evitar animais de pelo e pena. Caso seja impossível, restringir o animal a uma área e utilizar purificadores de ar HEPA no quarto ■■ Controlar exposição a alérgenos de baratas através dos cuidados de limpeza associados ao acondicionamento adequado de alimentos e à remoção do lixo. Buscar orientação profissional nas infestações. O mesmo se aplica ao controle de roedores ■■ Em regiões polínicas, manter as janelas da casa e do carro fechadas durante o dia, período de alta contagem de polens, abrindo-as à noite ■■ Não fumar e não deixar que fumem dentro de casa e do automóvel ■■ Evitar talcos, bem como perfumes e desodorantes, sobretudo na forma de spray ■■ Manter os filtros dos aparelhos de ar-condicionado sempre limpos, evitar temperaturas muito baixas e oscilações bruscas de temperatura ■■ Limpar e arejar ambientes fechados por tempo prolongado, pelo menos 24h antes da chegada do indivíduo alérgico
Baratas Existe uma forte relação entre alergia a baratas, rinite alérgica e asma. Os alérgenos são derivados de saliva, fezes, secreções e produtos de seus corpos. São partículas relativamente grandes, que ficam suspensas no ar com a mobilização do pó e se depositam rapidamente. O local de maior acúmulo de baratas é a cozinha; no entanto, a exposição pode ocorrer não apenas no domicílio, mas também em creches e escolas. Inspeção, limpeza do ambiente e extermínio desses insetos são essenciais na remoção dos alérgenos.
Fungos Nos domicílios, estão presentes em locais muito úmidos e com pouca ventilação, tais como banheiros, cozinhas, armários, soleiras de janelas, locais com plantas e ductos de ar-condicionado. A exposição aos fungos ocorre por esporos em aerossol, e a principal medida para sua redução consiste no reparo de problemas na moradia que ocasionam vazamentos, infiltrações e aumento no grau de umidade. Em locais naturalmente úmidos, podem-se adotar aparelhos desumidificadores portáteis, mantendo a umidade do ar em cerca de 50%.
Alérgenos de origem animal Os alérgenos de origem animal mais comuns são os provenientes de gatos e cães, produzidos principalmente no fígado e glândulas secretórias e que estão presentes na pele e em fluidos corporais (urina, saliva e sangue). As proteínas alergênicas aderem ao pelo e são distribuídas pelo ambiente, carreadas em pequenas partículas que permanecem sus100
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-04-MIOLO.indd 100
19-11-2021 10:58:05
PA R T E
Queixas Neurológicas
Alteração de Perímetro Cefálico, Fontanelas e Suturas, 109 Problemas de Sono, 112 Atraso de Linguagem, 118 Agitação, Desatenção e Agressividade, 121 Baixo Rendimento Acadêmico, 125 Convulsão, 128 Cefaleias, 133 Dispositivos Eletrônicos, 137
Queixas Neurológicas
25 26 27 28 29 30 31 32
V
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-05-AB.indd 107
19-11-2021 10:58:23
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
C AP ÍT U LO
27
Atraso de Linguagem Giuseppe Pastura
Introdução Chamamos de fala a produção verbal da linguagem, enquanto a linguagem é o processamento conceitual da comunicação, podendo ser falada ou visual (sinais). A linguagem inclui as porções receptiva (compreensão) e expressiva (capacidade de transmitir informações, sentimentos, pensamentos e ideias). Os atrasos de fala e de linguagem podem impactar negativamente no desenvolvimento escolar de crianças afetadas e devem ser precocemente detectados para otimizar o rendimento acadêmico. Sabe-se que crianças com atraso de linguagem aos 2 anos e meio e 5 anos apresentam maior dificuldade de leitura nos anos do ensino fundamental. Crianças em que os atrasos de linguagem persistem após os 5 anos e meio de idade apresentam maior incidência de desatenção e dificuldades sociais. Os fatores de risco que apresentam maior associação ao atraso de linguagem são: história familiar positiva, sexo masculino, prematuridade e baixo peso ao nascer.
Avaliação clínica O pediatra deve estar atento ao contexto no qual está inserida a criança com queixa de atraso de fala e/ou de linguagem. É importante investigar se a família ajuda no desenvolvimento da linguagem de seus filhos contando histórias, jogando jogos de palavras, recitando rimas e músicas, participando de conversas e lendo livros junto com eles. O pediatra deve perguntar aos pais se o atraso de linguagem é consistente em todos os ambientes de convívio da criança, em casa, na escola e no grupo de amigos. A proporção do discurso de uma criança que deve ser compreensível aumenta com a idade. Para facilitar a avaliação de linguagem, podemos usar a “regra dos quatro”: se a idade da criança em anos for dividida por quatro, o quociente será aproximadamente igual à quantidade de fala que deve ser compreensível. Desse modo, uma criança de 1 ano deve ser compreensível em 25% das vezes; uma de 2 anos, 50%; uma de 3 anos, 75%; e uma de 4 anos, 100% das vezes. Cabe ressaltar o cuidado que o pediatra deve ter ao avaliar crianças que crescem em um ambiente bilíngue, uma vez que essas crianças costumam se tornar proficientes nos dois idiomas apenas aos 5 anos de idade. Os marcos normais de desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva estão resumidos na Tabela 27.1.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-05-MIOLO.indd 118
19-11-2021 10:59:11
Idade
Linguagem receptiva
Linguagem expressiva
6 meses
Volta-se para a voz humana
Gargalha e vocaliza
9 meses
–
Balbucia sílabas simples, diz “mama” ou “dada” (não específicos)
12 meses
Segue comando simples (uma etapa)
Imita vocalizações e sons, diz uma palavra e dá tchau
15 meses
–
Fala 3 palavras
18 meses
Aponta uma parte do corpo
Fala 6 palavras
24 meses
Aponta para duas figuras e segue comando de duas etapas
Combina duas palavras e nomeia uma figura
30 meses
Aponta 6 partes do corpo
Conhece duas ações Nomeia uma imagem Metade do discurso compreensível
36 meses
–
Conhece 2 adjetivos nomeia quatro figuras Nomeia uma cor Discurso totalmente compreensível
48 meses
–
Define 5 palavras, sabe 4 cores e discurso totalmente compreensível
27 | Atraso de Linguagem
Tabela 27.1 Marcos de desenvolvimento para fala e linguagem em crianças
Fonte: adaptada de Green et al., 2002.
As causas de atrasos nos marcos de fala e linguagem podem ser consideradas primárias, quando não há causa subjacente; ou secundárias, quando o atraso pode ser atribuído a uma outra causa. Neste último grupo, podemos incluir: ■■ Transtorno do espectro autista: as crianças apresentam déficits de comunicação social e de linguagem associados a comportamentos repetitivos e estereotipados. ■■ Paralisia cerebral: o atraso pode ser decorrente de dificuldade de coordenação ou espasticidade dos músculos da língua, perda auditiva e deficiência intelectual, sendo todos elementos não excludentes entre si. ■■ Apraxia de fala: distúrbio neurológico motor da fala. Ocorre na infância e é resultante de déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à fala, na ausência de déficits neuromusculares. Seu diagnóstico requer habilidades receptivas normais. ■■ Deficiência intelectual: há atraso generalizado em todos os aspectos dos marcos do desenvolvimento. ■■ Mutismo seletivo: há falha consistente na fala diante de situações sociais específicas e nas quais há expectativa do ato, apesar de o indivíduo falar em outras situações. Os principais sinais clínicos de alerta para atraso de fala/linguagem podem ser observados na Tabela 27.2.
Tratamento O acompanhamento clínico conservador, sem intervenção e antes do encaminhamento pode ser apropriado quando houver suspeita de atraso na fala e na linguagem. Entretanto, cabe ressaltar que essa abordagem deve ser usada com cautela, pois mais da metade das crianças menores de 3 anos e meio com atraso na fala e na linguagem precisarão de terapia fonoaudiológica após 1 ano sem intervenção. 119
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-05-MIOLO.indd 119
19-11-2021 10:59:11
C AP ÍT U LO
30
Convulsão Aline Chacon Pereira
Introdução O diagnóstico diferencial para uma primeira convulsão é amplo (Tabela 30.1). Os mais importantes em nossa experiência são a síncope (incluindo prender a respiração e síncope pálida), os ataques isquêmicos transitórios (AIT), a encefalopatia metabólica (incluindo hipoglicemia ou distúrbio eletrolítico) e transtornos do sono (como o terror noturno e outras parassonias – enxaquecas com auras complexas), problemas cardíacos como arritmias, síncope vasovagal e pseudoconvulsões. A “síncope convulsiva” apresenta um desafio particular quando provoca uma convulsão pós-anóxica. Outro importante desafio são as crises não epilépticas psicogênicas (CNEP), mais comuns nos adolescentes e adultos, e que, na maioria das vezes, já tenham epilepsia. Tabela 30.1 Eventos paroxísticos não epilépticos Neonatos ■■ Apneia ■■ Nervosismo (jitteriness) ■■ Mioclonia do sono neonatal benigna ■■ Hiperecplexia
Lactentes
Pré-escolares e escolares
■■ Crise de perda de fôlego ■■ Mioclonia benigna da infância ■■ Ataques de tremor ■■ Síndrome de Sandifer ■■ Torcicolo benigno da infância ■■ Movimentos anormais dos olhos (espasmo nutans, opsoclonusmioclonus) ■■ Distúrbios rítmicos do movimento (bater a cabeça)
■■ Síncope vasovagal ■■ Enxaqueca ■■ Vertigem paroxística benigna ■■ Tiques e estereotipias ■■ Distúrbios rítmicos do movimento ■■ Parassonias
Adolescentes ■■ Síncope vasovagal ■■ Narcolepsia ■■ Movimentos periódicos dos membros durante o sono ■■ Discinesia paroxística ■■ Tiques ■■ Enxaqueca ■■ CNEP
Fonte: adaptada Hopp, 2019.
Uma anamnese detalhada do paciente e da testemunha é primordial, mas não o único recurso para o diagnóstico. A semiologia da crise convulsiva pode ajudar bastante. São sinais sugestivos de crise convulsiva: ■■ Pupilas dilatadas com olhar vazio. ■■ Mordida tardia da língua, lateral. ■■ Olho cintilante.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-05-MIOLO.indd 128
19-11-2021 10:59:12
Uma mordida ou laceração da língua pode ser evidente em paciente que sofreu uma convulsão tônico-clônica generalizada. Ainda que morder a língua em sua porção lateral careça de sensibilidade para o diagnóstico (ou seja, ocorre em uma minoria de crises tônico-clônicas generalizadas), distinguir eventos epiléticos de crises não epilépticas psicogênicas e síncope (mordida na língua costuma ser na ponta) é uma tarefa de alta especificidade. Nas metanálises, a especificidade da mordida na língua para o diagnóstico de convulsão epiléptica é de 96% a 100%. Por outro lado, a incontinência urinária apresenta menor utilidade diagnóstica (sensibilidade e especificidade). Outros sinais que podem auxiliar na confirmação se os eventos são ou não epilépticos estão descritos na Tabela 30.2.
30 | Convulsão
■■ Movimentos clônicos dos lábios. ■■ Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial durante o evento. ■■ Fase pós-ictal (confusão pós-ictal).
Tabela 30.2 Sinais sugestivos de crises epilépticas e não epilépticas Segmento/evolução Olhos
Crises epilépticas Abertos
Crises não epilépticas Fechados
Cabeça
Fixas/versão unilateral
Movimentos de lado a lado
Membros
Em fase, na mesma direção
Movimentos fora do eixo
Corpo (axial)
Em linha reta/flexão anterior
Opistótono/arqueado
Corpo (movimento)
Sem rotação
Com rotação
Evolução
Contínua, sem interrupção
Flutuante, com interrupção
Caso o primeiro episódio de crise convulsiva seja duvidoso, recomenda-se a espera de uma nova ocorrência para esclarecimentos. Na experiência, e como delineado em uma revisão cuidadosa, o diagnóstico incorreto de convulsão “epiléptica” pode ser mais estigmatizante do que um atraso no diagnóstico de epilepsia. Pela diretriz da American Academy of Neurology, as recomendações clínicas para iniciar o tratamento imediato com fármaco antiepiléptico após uma primeira crise devem estar baseadas em avaliações individualizadas que ponderem o risco de recorrência contra a probabilidade de efeitos adversos da terapia com tais fármacos.
Investigação diagnóstica Anamnese É importante detectar se o paciente já tem diagnóstico prévio de epilepsia ou não e caracterizar o evento suspeito quanto aos fatores precipitantes, os acontecimentos antes, durante e depois, além da duração. Questionar sobre episódios anteriores de perda da consciência, eventos que a precedam (que podem sugestionar auras como formigamento, cefaleia, cheiros, sons, escotomas ou outras alterações visuais, alterações de sensibilidade e emoções). O relato após o evento também é de grande valia, visto que nos permite avaliar o pós-ictal, perda de memória recente, confusão mental e/ou sonolência. A falta desses sintomas não descarta totalmente crise convulsiva, mas já direciona a suspeita para alguns tipos de crises mais específicos. Se confirmada a crise convulsiva, caracterizar o tipo de crise segundo os critérios da Liga Internacional contra a Epilepsia (ILAE) de 2017 auxilia na investigação diagnóstica (Tabela 30.3). 129
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-05-MIOLO.indd 129
19-11-2021 10:59:12
PA R T E
Queixas Respiratórias e Imunoalérgicas
Lactente Sibilante, 143 Tosse Crônica, 147 Infecções de Repetição: Quando e Como Investigar, 151 Asma, 157 Rinite, 163
Queixas Respiratórias e Imunoalérgicas
33 34 35 36 37
VI
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-06-AB.indd 141
19-11-2021 10:59:31
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-06-AB.indd 142
19-11-2021 10:59:31
C AP ÍT U LO
34
Tosse Crônica Clemax Couto Sant’Anna | Maria de Fátima Bazhuni Pombo Sant’Anna
Introdução A tosse pode ser dividida em: ■■ Tosse seca. ■■ Irritativa. ■■ Não produtiva. ■■ Tosse úmida ou produtiva. A tosse crônica é aquela com duração >4 semanas. Várias doenças ou síndromes podem cursar com tosse crônica, associada ou não a outros achados clínicos (Tabela 34.1). A radiografia de tórax e a espirometria (em >6 anos) podem ajudar no diagnóstico. Uma das causas mais comuns é a tosse inespecífica, decorrente de infecções de vias aéreas superiores de repetição ou protraídas (bronquite bacteriana protraída). Deve-se sempre pesquisar sobre poluição doméstica (tabagismo passivo ou ativo) e ambiental.
Causas de tosse crônica Bronquite bacteriana protraída Caracteriza-se por tosse úmida, radiografia de tórax normal, paciente em bom estado geral e sem outra causa aparente. É comum em pré-escolares e escolares; pode ser precursora de bronquiectasias.
Bronquiectasias Na maioria dos casos, são adquiridas por sequela de infecções pulmonares graves, fibrose cística (FC), pneumonias recorrentes, coqueluche e aspiração de corpo estranho. Caracteriza-se por tosse crônica, em geral com expectoração mucopurulenta diária pela manhã.
Asma Ocorre obstrução variável ao fluxo aéreo e hiper-reatividade brônquica. Em geral, os episódios são recorrentes (tosse, dispneia e sibilância) e associados à alergia (rinite alérgica e dermatite atópica). Alguns pacientes cursam com tosse crônica, geralmente noturna ou associada a exercícios físicos. Em lactentes (menores de 2 anos), crises recorrentes de tosse e sibilância após viroses respiratórias são denominadas hiper-responsividade brônquica.
Fibrose cística Doença autossômica recessiva, que pode cursar com bronquite purulenta crônica, broncopneumonias e bronquiectasias. Outras manifestações são: pansinusite, polipose nasal e alterações nos aparelhos digestivo (esteatorreia crônica) e reprodutor (infertilidade masculina).
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-06-MIOLO.indd 147
19-11-2021 11:01:05
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-06-MIOLO.indd 148
■■ FC ■■ Bronquiectasias
■■ Asma (crises agudas, em geral evoluindo para dispneia)
■■ Asma ■■ Hiper-responsividade brônquica
■■ Infecções respiratórias agudas de vias respiratórias superiores de repetição ■■ Bronquiectasias ■■ FC
Crônica agudizada (corresponde a episódios de agudização)
CE: corpo estranho intrabrônquico; FC: fibrose cística; TB: tuberculose; ICC: insuficiência cardíaca congestiva. Fonte: elaborada pelos autores.
■■ Bronquite bacteriana protraída ■■ TB (febre de evolução lenta, queda do estado geral e alterações radiológicas de tórax)
■■ Asma (crises agudas) ■■ Hiper-responsividade brônquica ■■ FC
■■ Pneumonias intersticiais idiopáticas (doença intersticial pulmonar) ■■ ICC
■■ Bronquite bacteriana protraída ■■ Asma ■■ Hiper-responsividade brônquica ■■ Bronquiectasias (expectoração matinal crônica) ■■ FC ■■ Gotejamento pós-nasal (sinusite)
Febre
Crônica
Sibilância aguda
Taquipneia
Expectoração (tosse úmida)
Tosse
Tabela 34.1 Principais etiologias relacionadas à tosse crônica a partir de sinais e sintomas
148
19-11-2021 11:01:05
–
■■ malformação congênita ■■ Aspiração de CE ■■ Discinesia ciliar (em lactentes) ■■ Coqueluche (fase de convalescença)
Afebril
Puericultura no Dia a Dia
C AP ÍT U LO
37
Rinite Evandro Prado | Alice Rozado
Introdução A rinite alérgica é uma doença inflamatória das vias aéreas superiores, que se caracteriza por rinorreia, espirros, prurido nasal/ocular e congestão nasal. As causas são decorrentes da predisposição genética para atopia e da sensibilização para aeroalérgenos, principalmente os ácaros intradomiciliares. O estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Children) teve como resultado no nosso meio de uma prevalência de rinite alérgica em crianças e adolescentes em torno de 24%. O processo inflamatório é consequência da participação de células, produtos celulares como os mediadores liberados de mastócitos (histamina, leucotrienos e prostaglandinas) e citocinas pró-inflamatórias liberadas de linfócitos e outras células. Os eosinófilos são as mais importantes células nesse processo. Produzem e liberam, quando ativadas, proteínas tóxicas que têm a capacidade de lesar o epitélio nasal e provocar o que denominamos hiper-reatividade nasal. Isso explica por que os pacientes com rinite alérgica agravam ou desencadeiam sintomas quando em contato com frio, umidade, poluentes e outros fatores ambientais
Diagnóstico O diagnóstico baseia-se em história familiar e pessoal, exame clínico e provas laboratoriais. A anamnese é muito importante para se chegar ao diagnóstico de rinite alérgica. O relato de desencadeamento de sintomas em contato com alérgenos do meio ambiente, frio e irritantes primários (poluentes) pode sugerir o diagnóstico. O exame clínico pode ajudar muito no diagnóstico. A hipertrofia de conchas nasais na rinoscopia anterior e a mucosa nasal pálida podem sugerir o diagnóstico de rinite alérgica. ”Olheiras” são comuns nesses pacientes em função da estase venosa. Respiração oral pode ser observada em muitos pacientes que apresentam rinite persistente. Testes de leitura imediata e dosagem de IgE positiva para alérgenos inalatórios podem comprovar o diagnóstico. Os ácaros intradomiciliares (Dermatofagoides pteronyssinus, Dermatofagoides farinae e Blomia tropicalis) são os aeroalérgenos mais importantes em nosso meio como desencadeantes de manifestações alérgicas respiratórias. Alergia polínica pode ser detectada nas cidades do sul do país.
Como orientar o seu paciente com rinite alérgica no consultório Feito o diagnóstico, deve-se estabelecer qual a melhor conduta para o paciente. O tratamento deve ter como base a gravidade da rinite alérgica em relação a sintomas e qualidade de vida.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-06-MIOLO.indd 163
19-11-2021 11:01:06
Sintomas persistentes
Sintomas intermitentes
Leve Anti H1 oral ou intranasal e/ou descongestionante ou antileucotrieno
37 | Rinite
Verificar se há asma, especialmente em pacientes com rinite grave e/ou persistente
Diagnóstico de rinite alérgica
Moderada/ grave
Moderada/grave
Leve
Em ordem preferencial: CS intranasal Anti H1 ou antileucotrieno
Anti H1 oral ou anti H1 intranasal e/ou descongestionante ou antileucotrieno (ou cromona)
Na rinite persistente, rever o paciente em 2 a 4 semanas
Se falência: step-up Se melhora: manter por 1 mês
Rever o paciente em 2 a 4 semanas
Melhora
Falência
Step down e manter tratamento >1 mês
Rever diagnóstico, avaliar complicações, infecções e outras causas
Adicionar ou aumentar dose do CS intranasal
Rinorreia: Congestão: Adicionar Adicionar ipratrópio descongestionante ou CS oral Falência: encaminhar ao especialista
Evitar alérgenos e irritantes pode ser apropriado Se conjuntivite, adicionar: Anti H1 oral ou anti H1 ocular ou cromona intraocular (ou solução salina) Considerar imunoterapia específica
Figura 37.1 Manejo da rinite alérgica Fonte: adaptada de Bousquet et al., 2008.
Outro dado importante é a qualidade do sono. Vários trabalhos mostram que crianças com sintomas muito frequentes de rinite alérgica têm dificuldade para dormir, acordam durante a noite ou não se sentem descansadas ao acordar, o que pode acarretar mau aproveitamento escolar, sono diurno, déficit de atenção e falta de concentração nas atividades escolares. A rinite alérgica é uma doença muito prevalente em crianças e adolescentes. O não controle da doença pode acarretar uma série de comorbidades e situações clínicas, tais como: ■■ Otite média com efusão. ■■ Rinossinusite. ■■ Hipertrofia adenoamigdaliana.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-06-MIOLO.indd 165
165
19-11-2021 11:01:06
PA R T E
Queixas Infecciosas
Doenças Exantemáticas, 169 O Bebê Exposto a Infecções Congênitas, 174 Diagnóstico Diferencial das Adenomegalias, 181
Queixas Infecciosas
38 39 40
VII
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-07-AB.indd 167
19-11-2021 11:01:25
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
C AP ÍT U LO
39
O Bebê Exposto a Infecções Congênitas
Ana Cristina Cisne Frota | Cristina Barroso Hofer | Daniela Durão Menna Barreto | Giuliana Pucarelli Lebreiro | Raquel Aitken Soares Mueller | Thalita Fernandes de Abreu
Introdução As infecções congênitas (IC) são aquelas transmitidas durante os períodos intrauterino, intraparto e pós-parto, da mãe para o filho (transmissão vertical). Elas podem resultar em aborto/natimorto, IC sintomática, IC assintomática e ausência de infecção. As Tabelas 39.1 e 39.2 resumem as principais etiologias e manifestações clínicas. Tabela 39.1 Principais manifestações e etiologia das infecções congênitas Infecção intraútero
Infecção perinatal
Infecção pós-natal
Manifestações
■■ CIUR ■■ Malformação congênita ■■ Perda fetal
■■ ■■ ■■ ■■
Meningite Sepse Pneumonia Prematuridade
■■ ■■ ■■ ■■
Etiologia
■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Gonococo Clamídia Herpes neonatal Chikungunya vírus Listeriose
■■ Leite: HIV, CMV ■■ Pessoa a pessoa: Estreptococo do grupo B, listeria, E. Coli
Rubéola CMV HIV Toxoplasmose Sífilis Zikavírus Parvovírus
Meningite Sepse Conjuntivite Pneumonite
CIUR: crescimento intrauterino retardado; CMV: citomegalovírus; HIV: vírus da imunodeficiência humana.
Tabela 39.2 Infecções congênitas × achados mais característicos Infecção congênita
Achados mais característicos
Toxoplasmose
■■ SNC: hidrocefalia e calcificações cerebrais difusas ■■ Olhos: coriorretinite, microftalmia, estrabismo, nistagmo, catarata, amaurose ■■ Ouvido: surdez neurossensorial ■■ Outros: adenomegalia, hepatosplenomegalia, anemia, trombocitopenia, eosinofilia, pneumonia, e anormalidades no LCR ■■ Tríade de Sabin: hidrocefalia, retinocoroidite e calcificações intracranianas
Citomegalovírus
■■ SNC: microcefalia, calcificações periventriculares, malformações corticais (lisencefalia), alteração de sinal em substância branca ■■ Olhos: coriorretinite, estrabismo, atrofia de nervo óptico ■■ Ouvido: surdez neurossensorial ■■ Síndrome de CMV congênito: microcefalia, calcificações periventriculares, coriorretinite e perda auditiva neurossensorial (continua)
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-07-MIOLO.indd 174
20-11-2021 09:59:22
Infecção congênita
Achados mais característicos
Herpes neonatal
■■ Infecção in utero (herpes congênito): tríade clássica: vesículas ou cicatrizes na pele, acometimento ocular (coriorretinite, com ou sem ceratoconjuntivite) e microcefalia ou hidranencefalia. Comum: hepatosplenomegalia, microftalmia, calcificações cerebrais e lesão de SNC com retardo psicomotor grave ■■ Intraparto (forma mais comum): ●● Doença disseminada com acometimento de múltiplos órgãos em 25% dos casos ●● Doença limitada a pele, olho ou boca, que corresponde a 40% dos casos ●● Encefalite, associada ou não a lesão de pele, olho ou boca em 35% dos casos
Rubéola
■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Zikavírus
■■ Infecção: principalmente intraútero ■■ SNC: microcefalia, distúrbios de malformação cortical, calcificações cerebrais, ventriculomegalia, agenesia do corpo caloso ■■ Epilepsias de difícil controle ■■ Disfagia ■■ Olhos: coloboma, atrofia de nervo óptico, palidez macular ■■ Outros: pé torto congênito, artrogripose
SNC: microcefalia, atraso neuropsicomotor Olhos: catarata, retinopatia, glaucoma e microftalmia Ouvidos: surdez neurossensorial Cardiopatias congênitas Tríade da rubéola congênita: cardiopatia, catarata, microcefalia e surdez
39 | O Bebê Exposto a Infecções Congênitas
Tabela 39.2 Infecções congênitas × achados mais característicos (continuação)
SNC: sistema nervoso central; LCR: líquido cefalorraquidiano; CMV: citomegalovírus.
Toxoplasmose Etiologia ■■ Protozoário intracelular: Toxoplasma gondii. ■■ Infecção parasitária mais comum em humanos. ■■ Amplamente distribuída em todo o mundo.
Profilaxia ■■ Beber água filtrada e fervida. ■■ Lavar bem as mãos antes das refeições. ■■ Não ingerir carne crua ou malcozida e não manipular carnes cruas sem luvas. ■■ Lavar bem as frutas e descascá-las antes do consumo. Não consumir verduras cruas. Idealmente, os alimentos devem ser consumidos cozidos. ■■ Evitar contato com gatos. ■■ Evitar atividades de jardinagem ou mexer em canteiros e caixas de areia. ■■ Repetir a sorologia a cada mês.
Fisiopatologia ■■ A infecção transplacentária ocorre, principalmente, após a primoinfecção materna. ■■ A infecção crônica na mãe pode estar associada à infecção no feto – principalmente em gestantes imunocomprometidas (coinfecção pelo HIV, doenças neoplásicas, uso de fármacos imunossupressores etc.). 175
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-07-MIOLO.indd 175
20-11-2021 09:59:22
C AP ÍT U LO
40
Diagnóstico Diferencial das Adenomegalias Daniela Pires Ferreira Vivacqua | Rosane Crespo Marques | Daiana C. Barros | Ana Paula S. Bueno | Cristina Barroso Hofer | Thalita Fernandes de Abreu | Ana Cristina Cisne Frota | Giuliana Pucarelli Lebreiro
Introdução A adenomegalia é o aumento dos linfonodos por inflamação aguda ou crônica. Os gânglios são considerados aumentados nas situações a seguir: ■■ >1cm de diâmetro nas regiões axilar e cervical. ■■ >1,5cm na região inguinal. ■■ >0,5cm na região epitroclear.
Classificação ■■ Localizada (75%): quando apenas uma cadeia linfática é envolvida. Geralmente, resulta de uma infecção ou traumatismo na área anatômica drenada por esta cadeia. ■■ Generalizada: quando duas ou mais cadeias não contíguas são envolvidas, sendo mais associada a doenças sistêmicas. ■■ Aguda: <6 semanas. ■■ Crônica: >6 a 8 semanas.
Etiologias mais comuns no Brasil Causas infecciosas Vírus Vírus Epstein-Barr
Faringite, esplenomegalia, febre, mal-estar, fadiga, edema periorbitário
Citomegalovírus (CMV) Febre, mal-estar, fadiga, hepatosplenomegalia Herpes-vírus
Vesículas agrupadas, gengivoestomatite
Varicela-zóster
Exantema generalizado com máculas, pápulas, vesículas e crostas, lesões em mucosas, febre
Adenovírus
Sintomas do trato respiratório superior, conjuntivite
Vírus da rubéola
Febre baixa e exantema
Vírus da hepatite B
Comportamento sexual de risco, exposição a componentes de sangue
Vírus do sarampo
Exantema maculopapular com progressão craniocaudal, tosse, coriza, conjuntivite
HIV
Infecções bacterianas recorrentes, infecções oportunistas, febre, diarreia, hepatosplenomegalia
Estreptococo do grupo A
Exantema escarlatiniforme seguido de descamação, língua em framboesa, faringoamigdalite com exsudato e petéquias em palato
Bactérias
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-07-MIOLO.indd 181
20-11-2021 09:59:22
Puericultura no Dia a Dia
Bactérias Leptospirose
Febre, mialgia, cefaleia, conjuntivite, exantema, hepatosplenomegalia, alteração urinária
Doença da arranhadura do gato
Contato com gatos, lesões granulomatosas ou ulceradas, geralmente em cadeia
Tuberculose
Febre, adenomegalia geralmente única, sintomas respiratórios associados
Esporotricose
Contato com gatos, lesões granulomatosas ou ulceradas, geralmente únicas
Paracoccidioidomicose
Febre, mal-estar, perda de peso, adinamia, hepatosplenomegalia, presença de lesões granulomatosas em fígado e baço
Histoplasmose
Pneumonia, viagem para área endêmica
Sífilis
Exantema, febre, mal-estar, anorexia, perda de peso, hepatomegalia
Doença de Lyme
Eritema migratório, febre, cefaleia, mialgia, mal-estar, artralgia
Toxoplasmose
Mialgia, fadiga, febre, hepatosplenomegalia, exantema maculopapular
Leishmaniose
Lesões cutâneas, hepatosplenomegalia, febre, caquexia
Malária
Febre, viagem para área endêmica
Fungos
Espiroquetas
Parasitos
HIV: vírus da imunodeficiência humana.
Causas não infeciosas Neoplasias Linfoma de Hodgkin
Linfadenomegalia unilateral
Linfoma não Hodgkin
Adenomegalia generalizada de crescimento rápido
Metástases
–
Lúpus
Pode ocorrer adenomegalia generalizada durante as fases de ativação da doença
Anemia hemolítica autoimune
Adenomegalia coincide com a hemólise
Doença granulomatosa crônica
Infecções recorrentes, abscessos de pele, adenite supurativa
Doença de Gaucher
Hepatosplenomegalia, anemia, trombocitopenia, osteopenia
Doença de Niemann-Pick
Hepatosplenomegalia, perda das funções neurológicas
Fenitoína, fenobarbital, carbamazepina, isoniazida, ácido acetilsalicílico, barbitúricos, penicilina, tetraciclina e sulfonamidas, entre outros
Rash maculopapular grave, hepatosplenomegalia, icterícia, anemia, leucopenia
Sarcoidose
Granulomatose multissistêmica, adenomegalia generalizada
Imunológicas
Metabólicas
Fármacos
Miscelânea
182
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-07-MIOLO.indd 182
20-11-2021 09:59:22
Queixas Cardíacas e Nefrológicas
Queixas Cardíacas e Nefrológicas
PA R T E
41 42 43 44 45
VIII
Hipertensão Arterial, 189 Sopro Cardíaco, 193 Infecção Urinária, 197 Enurese, 201 Hematúria, 204
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-08-AB.indd 187
19-11-2021 11:02:50
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-08-AB.indd 188
19-11-2021 11:02:50
C AP ÍT U LO
1 41
Alimentação HipertensãoColetiva Arterial Ana Lúcia de Freitas Saccol Márcia | Marizete Fernanda Oliveira da Costa de Mesquita Carvalho
Introdução A criança ou o adolescente são considerados hipertensos quando apresentam valores de pressão arterial sistólica e/ou diastólica iguais ou superiores ao percentil 95 para idade e sexo e percentil de altura em três ou mais ocasiões distintas. De acordo com a pressão encontrada, classificamos o paciente conforme a Tabela 41.1 e, para adolescentes acima de 13 anos, desde que estejam na puberdade, podemos utilizar os critérios da Tabela 41.2. Tabela 41.1 Classificação da pressão arterial – crianças de 1 a 13 anos de idade PA <P90 para sexo idade e altura
Normotensa
PA ≥ P90 e <P95 para sexo, idade e altura
Pré-hipertensão
PA ≥ P95 para sexo, idade e altura
Hipertensão
PA até P95 + 12mmHg
Hipertensão estágio 1
PA ≥ P95 + 12mmHg
Hipertensão estágio 2
PA: pressão arterial. Fonte: adaptada do Manual de Orientação do Departamento Científico de Nefrologia da SBP – Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência – abril/2019.
Tabela 41.2 Classificação da pressão arterial – crianças maiores de 13 anos de idade PA <120×80mmHg
Normotensa
PA entre 120×80 a 129×89mmHg
Pressão arterial elevada
PA entre 130×80 e 139×89mmHg
Hipertensão estágio 1
PA ≥140×90mmHg
Hipertensão estágio 2
PA: pressão arterial. Fonte: adaptada do Manual de Orientação do Departamento Científico de Nefrologia da SBP – Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência – abril/2019.
Estima-se a prevalência da hipertensão arterial na idade pediátrica em 3% a 5%, e da pré-hipertensão, em 10% a 15%, com aumento proporcional ao aumento da obesidade infantil. Até 40% das crianças hipertensas já apresentam hipertrofia ventricular esquerda (HVE) ao diagnóstico de hipertensão arterial, apesar de oligossintomáticas. A HVE na infância é precursora de arritmias e insuficiência cardíaca em adultos e lesões em órgãos-alvo, como espessamento mediointimal da carótida, redução da complacência arterial e estreitamento arteriolar da retina.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-08-MIOLO.indd 189
19-11-2021 11:05:34
Puericultura no Dia a Dia
Aferição da pressão arterial Toda criança maior de 3 anos de idade deve ter sua pressão arterial aferida anualmente e, em crianças menores, nas seguintes situações: ■■ História neonatal de prematuridade (menor de 32 semanas). ■■ Cateterismo umbilical. ■■ Baixo peso ao nascer. ■■ Internação em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal. ■■ Cardiopatia congênita. ■■ Doenças renais. ■■ Transplantes. ■■ Uso de medicamentos que podem cursar com hipertensão arterial (corticosteroides, imunossupressores etc.). ■■ Neurofibromatose. ■■ Anemia falciforme. ■■ Neoplasias. ■■ Esclerose tuberosa. ■■ Vasculites. ■■ Hipertensão intracraniana etc. A técnica de aferição é muito importante. O paciente deve estar em repouso por, no mínimo, 5min, sentado ou deitado, tranquilo, pés apoiados, pernas descruzadas, manguito cobrindo 40% da largura e de 80% a 100% do comprimento do membro superior, preferencialmente o direito. As tabelas de pressão arterial podem ser obtidas nos livros de referência de pediatria ou podem ser usados aplicativos para smartphones.
Etiologia A hipertensão arterial secundária é mais comum na infância, sendo a doença renal responsável por 35% a 80% dos casos, principalmente em menores de 6 anos de idade. Outras causas secundárias que devem ser pesquisadas são as endócrinas (5%) – tireotoxicose, feocromocitoma, síndrome de Cushing, coarctação da aorta (2%) e outras como neurofibromatose, uso de drogas lícitas e ilícitas, hipertensão intracraniana etc. A hipertensão arterial primária é mais comum em crianças acima de 6 anos de idade, relacionada com sobrepeso ou obesidade, história familiar de hipertensão arterial e ausência de sinais sugestivos de causa secundária para a hipertensão arterial.
Exames laboratoriais
190
Deve-se solicitar em todos os pacientes hipertensos avaliação do sedimento urinário (EAS) e urinocultura. No sangue, hemograma completo, bioquímica, eletrólitos, ureia, creatinina, lipidograma e ácido úrico. Nos pacientes menores de 6 anos ou quando houver alteração do exame de urina, ureia e creatinina, solicitar ultrassonografia renal. Para os pacientes obesos, além dos exames citados, devemos solicitar hemoglobina glicada e transaminases. Outros exames podem ser solicitados, dependendo da suspeita de hipertensão secundária. O ecocardiograma com color Doppler é o único exame de consenso nas diretrizes para investigação de acometimento de órgãos-alvo. De modo geral, o eletrocardiograma não descarta a existência de comprometimento cardíaco secundário. A fundoscopia está recomendada pela Diretriz Europeia de 2016 quando houver encefalopatia hipertensiva ou hipertensão maligna.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-08-MIOLO.indd 190
19-11-2021 11:05:34
C AP ÍT U LO
42
Sopro Cardíaco Márcia Fernanda da Costa Carvalho | Flávio Reis Neves
Introdução Sopros são ruídos gerados pela passagem do fluxo sanguíneo turbulento através do coração ou dos vasos sanguíneos, podendo estar presentes em doenças do aparelho cardiovascular ou no coração sem anomalias aparentes. Em aproximadamente 50% ou mais das crianças com 3 a 4 anos de idade podemos auscultar, em alguma ocasião, sopro cardíaco em um coração estruturalmente normal denominado “sopro inocente” (ou sopro funcional).
Diagnóstico Na coleta da história clínica, devemos questionar quando o sopro foi auscultado pela primeira vez, se a criança estava doente na consulta em que foi ouvido, e se ela apresentava febre ou anemia. É importante saber se a criança é portadora de alguma malformação congênita ou alguma síndrome. Algumas síndromes genéticas apresentam maior prevalência de cardiopatias congênitas, como as síndromes de Down (defeito septal atrioventricular), de Turner (coarctação de aorta e anomalias da valva mitral) e de Williams (estenose supravalvar e valvar pulmonar). Dessa maneira, a presença de síndrome genética na criança requer avaliação cardiológica, devido ao maior número de cardiopatias congênitas nesse grupo de pacientes. Ainda na história da doença atual, deve-se perguntar se a criança apresenta queixas de cansaço aos esforços (ou mamadas), cianose, dor torácica ou síncope. Doenças crônicas, como anemia falciforme, distrofias musculares e colagenoses podem afetar o coração de modo secundário e devem ser pesquisadas. Na história da gestação e do parto, cabe investigar se a mãe fez pré-natal, o que é importante para a investigação de infecções congênitas como a rubéola, que pode causar persistência do canal arterial. A presença de diabetes gestacional aumenta a incidência de hipertrofia septal assimétrica, e a prematuridade eleva o risco de persistência do canal arterial. Por fim, complicações no parto e oxigenioterapia por tempo prolongado aumentam a possibilidade de broncodisplasia e hipertensão arterial pulmonar. A presença de história de morte súbita na família pode ser sugestiva de cardiomiopatia hipertrófica com obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo. No exame, avaliar o aspecto geral da criança, estado nutricional, ocorrência de cianose, dispneia, sudorese, facies sindrômica e deformidades torácicas. Não se deve esquecer de fazer aferição da pressão arterial nos membros superiores e inferiores, palpação dos pulsos e da parede torácica, pesquisa de cliques e bulhas acessórias, localização do ponto do tórax em que o sopro cardíaco é mais audível e classificação do sopro segundo a sua intensidade na escala de 1+ a 6+ (Tabela 42.1).
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-08-MIOLO.indd 193
19-11-2021 11:05:34
Puericultura no Dia a Dia
Tabela 42.1 Classificação do sopro de acordo com a sua intensidade ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■
1+: pouco audível. Pode ser necessário vários ciclos para ser detectado 2+: suave, mas facilmente audível 3+: moderadamente alto, sem frêmito 4+: alto, com frêmito 5+: alto, audível com o estetoscópio angulado à parede torácica 6+: alto, audível sem que o estetoscópio toque o tórax
Diagnóstico diferencial Informações como a idade do paciente e presença de sinais e sintomas sugestivos de cardiopatia fazem toda a diferença no diagnóstico diferencial. Após conhecermos a história clínica do paciente e considerarmos os principais diagnósticos diferenciais para a faixa etária e apresentação clínica do paciente (assintomático, cianose e/ou sinais e sintomas de insuficiência cardíaca), realizamos o exame físico cuidadoso. Antes de auscultar o paciente, devemos sempre fazer a inspeção e a palpação do precórdio, para pesquisa de frêmito. O frêmito localiza o foco do sopro cardíaco. Não é necessário identificar o foco exato do sopro. Uma alternativa muito utilizada é relacionar o sopro com a borda esternal direita ou esquerda, alta, média ou baixa. Na criança pequena, pode ser difícil determinar o foco exato do sopro cardíaco, sendo muito comum a impressão de ser um sopro “pancardíaco”, auscultado em todo o precórdio, em todos os focos. Apesar dessa dificuldade, devemos tentar identificar o local em que a intensidade do sopro é maior. No recém-nato ou lactente, um sopro sistólico em foco mitral pode estar relacionado a uma malformação congênita da valva mitral ou a uma cardiomiopatia dilatada com insuficiência mitral ou até mesmo com uma insuficiência mitral secundária a uma isquemia miocárdica em um paciente com origem anômala da artéria coronária esquerda. Já no escolar, essa ausculta sugere cardite reumática. Da mesma forma, em um recém-nato, um sopro sistólico em foco pulmonar (ou na borda esternal esquerda alta) pode sugerir uma estenose fisiológica das artérias pulmonares ou a persistência de um canal arterial (este pode ser, em casos mais graves, um sopro contínuo, em maquinária, normalmente descrito nos livros). Em um escolar, este sopro pode sugerir estenose valvar pulmonar, persistência do canal arterial, comunicação interatrial (por uma estenose relativa da valva pulmonar relacionada ao hiperfluxo pulmonar) ou até mesmo um sopro funcional. Sendo um sopro sistólico, a presença de frêmito em foco pulmonar sugere uma estenose valvar pulmonar. O sopro da estenose valvar pulmonar pode ser confundido com o sopro sistólico de uma comunicação interventricular perimembranosa, mas, na maioria dos casos, conseguimos diferenciá-los. A presença de “múltiplas bulhas” sugere o diagnóstico da estenose pulmonar e um sopro holossistólico de intensidade mais constante, e o foco em borda esternal esquerda média sugere a comunicação interventricular. Caso o paciente apresente sinais de insuficiência cardíaca, como taquidispneia, baixo ganho de peso, ou tenha uma segunda bulha hiperfonética, o diagnóstico da comunicação interventricular fica evidente. A presença de sopro sistólico pulmonar associada à cianose sugere o diagnóstico da tetralogia de Fallot, embora, no recém-nato, podemos estar diante de uma transposição das grandes artérias associada com uma estenose pulmonar e/ou comunicação interventricular. O sopro sistólico em borda esternal esquerda média, na maioria das vezes, está relacionado a uma comunicação interventricular, mas um diagnóstico diferencial é a este-
194
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-08-MIOLO.indd 194
19-11-2021 11:05:34
Queixas Nutricionais e Metabólicas
A Criança que Não Ganha Peso, 209
Queixas Nutricionais e Metabólicas
PA R T E
46 47 48 49
IX
A Criança que Come Mal, 213 Obesidade, 217 Doença Metabólica: Quando Suspeitar e Como Investigar, 221
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-09-AB.indd 207
19-11-2021 11:06:10
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-09-AB.indd 208
19-11-2021 11:06:10
C AP ÍT U LO
1 46
A Criança Alimentação que Não Ganha Coletiva Peso
Tamires Coelho Camargo Ana|Lúcia Liliande Costa Freitas Braga Saccol Licurgo | Marizete | HélioOliveira Fernandes de Mesquita da Rocha
Introdução A nutrição que contempla as necessidades de nutrientes em cada fase do crescimento é essencial para a saúde. As necessidades nutricionais variam nos primeiros anos de vida. Os neonatos precisam de um aporte calórico alto devido ao rápido crescimento e ao desenvolvimento em tal fase, que diminui ao longo do primeiro ano. Eles podem perder até 10% do peso ao nascer, e devem recuperá-lo em torno de 10 a 14 dias após o nascimento. O ganho de peso esperado no primeiro trimestre é de, aproximadamente, 20 a 40g por dia, diminuindo para 5 a 10g por dia aos 12 meses de idade. O crescimento representa a expressão macroscópica de um processo microscópico de hiperplasia e hipertrofia celulares. Sua avaliação é fundamental em todas as consultas, pois informa as condições de saúde e nutrição das crianças.
Avaliação clínica A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um conjunto de curvas para avaliar o crescimento e o estado nutricional das crianças e adolescentes, de 0 a 5 anos (peso/ idade, peso/estatura e estatura/idade) e de 5 a 19 anos (estatura/idade e índice de massa corporal [IMC]/idade), para uso internacional. A OMS recomenda a utilização de curvas em escore Z, que considera valores acima ou abaixo dos desvios padrões como indicativos de anormalidade. O peso, a estatura e o perímetro cefálico são as medidas mais utilizadas e devem ser colocados nessas curvas para avaliação dos índices antropométricos. Outras medidas, como dobras cutâneas e circunferência do braço, são utilizadas com menos frequência, porém são muito úteis para avaliar a massa muscular; e seus gráficos podem ser acessados por meio do site http://www.who.int/childgrowth/standards/en/. Além disso, estão disponíveis gráficos de crescimento específicos para prematuros (https://intergrowth21.tghn.org/intergrowth-21st-applications/), pacientes com paralisia cerebral (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21768315) e indivíduos com síndrome de Turner (https://turnersyndromefoundation.org/wp-content/uploads/2017/07/ Growth-chart-US-1987.pdf) ou síndrome de Down (http://www.cdc.gov/ncbddd/birthdefects/downsyndrome/growth-charts.html). Não se deve utilizar os gráficos de crianças saudáveis para esses grupos, para não haver erro no diagnósico nutricional. Para o acompanhamento de crianças prematuras por meio das curvas-padrão, é necessário que se corrija a idade cronológica delas para 40 semanas de idade gestacional, até que completem, pelo menos, 2 anos de idade. Por exemplo, um bebê nascido com 28 semanas e com 4 meses de vida tem a idade corrigida de 1 mês. Ele nasceu com 12 semanas antes do previsto (40 semanas – 28 semanas = 12 semanas, ou seja, 3 meses), o que deve ser descontado da idade cronológica (4 meses – 3 meses = 1 mês).
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-09-MIOLO.indd 209
19-11-2021 11:07:15
Puericultura no Dia a Dia
Quando a ingestão calórica é inadequada, o peso altera-se rapidamente, enquanto a estatura leva mais tempo para modificar, sendo este último um marcador de comprometimento nutricional crônico. O perímetro cefálico é um parâmetro antropométrico que representa o crescimento cerebral e deve ser avaliado em conjunto com os outros parâmetros e com o desenvolvimento neuropsicomotor. No bebê prematuro, deve ser avaliado semanalmente em curva de crescimento até alcançar 50 a 64 semanas de idade corrigida. O termo failure to thrive que vem sendo substituído por outros termos, entre eles faltering growth, ambos sem tradução adequada, é um sinal clínico em que se observa um inadequado ganho ponderal comparado com crianças semelhantes de mesma idade, sexo e etnia. São critérios antropométricos que mais frequentemente configuram faltering growth: ■■ Desaceleração do peso atravessando duas curvas de percentil. ■■ Peso < percentil 3 (ou < escore Z – 2). ■■ Peso para estatura <2DP para idade e sexo. Faltering growth (Tabela 46.1) é uma complicação comum de muitas crianças com doenças crônicas (cardiopatia, pneumopatias, encefalopatias, gastrenteropatias), devido ao desequilíbrio entre a demanda e o aporte nutricional, o que resulta em déficit energético, proteico e de micronutrientes. Por isso, elas podem requerer um aumento significativamente maior de ingestão calórica e proteica para sustentar o crescimento. Tabela 46.1 Causas de faltering growth Ingestão inadequada de alimentos ■■ Perda de apetite: doença crônica, infecção, neoplasia, anemia, fármacos ou transtorno alimentar ■■ Falta de alimento: condições socioeconômicas ruins, percepção errônea sobre práticas alimentares, tipo ou volume inadequado de alimento, interação dos pais e a criança (problemas alimentares comportamentais, negligência, abuso infantil) Redução da absorção ou digestão dos alimentos ■■ Insuficiência pancreática ■■ Intestino curto Perda excessiva de nutrientes ■■ Vômitos: TGI (RGE, obstruções), SNC (hipertensão intracraniana, drogas), doenças sistêmicas (ITU e outras infecções, doenças metabólicas) ■■ Diarreia e má absorção: doença inflamatória intestinal, fibrose cística, colites ■■ Perdas renais: insuficiência renal, acidose tubular renal, diabetes melito ou insípido Incapacidade de utilizar adequadamente os nutrientes ingeridos ■■ Doenças genéticas, endócrinas e metabólicas Utilização excessiva de energia ■■ Doenças crônicas, como cardiopatias, pneumopatias, insuficiência hepática ou renal, doenças endócrinas, infecção, anemia, neoplasia TGI: trato gastrintestinal; RGE: refluxo gastresofágico; SNC: sistema nervoso central; ITU: infecção do trato urinário.
210
A maioria das causas orgânicas de baixo peso pode ser detectada por meio de anamnese e exame físico. A anamnese deve contemplar: ■■ História do período gestacional e neonatal. ■■ Parâmetros antropométricos do nascimento. ■■ História familiar, incluindo a altura dos pais. ■■ História de alergias, internações e medicações.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-09-MIOLO.indd 210
19-11-2021 11:07:15
C AP ÍT U LO
49
Doença Metabólica: Quando Suspeitar e Como Investigar Alessandra Fernandes Marques Braga | Ericka Vieira Valentim de Farias | Hélio Fernandes da Rocha
Introdução As doenças metabólicas hereditárias são causadas por erros inatos do metabolismo que correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica, ocasionando falhas na síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Nos neonatos, os primeiros sinais clínicos de uma descompensação metabólica podem ocorrer nos primeiros dias de vida e costumam ser sinal de gravidade. Geralmente são inespecíficos, como letargia, dificuldades de alimentação, vômitos, respiração alterada, hipotonia e convulsões, clinicamente semelhantes a um quadro de sepse, em que o estado mental alterado é secundário a hipoperfusão, hipoglicemia e/ou acidose. A sepse e um erro inato do metabolismo podem coexistir no mesmo paciente, sendo necessárias a terapêutica apropriada para o caso e investigações laboratoriais completas. Embora a maioria das crises metabólicas ocorra no período neonatal, há doenças que se apresentam em períodos mais tardios da vida, após o acúmulo de compostos tóxicos. Podem ocorrer apresentações mais sutis devido a defeitos parciais, ainda na infância. A história familiar pode revelar irmãos que morreram com manifestações clínicas similares, suspeita de sepse neonatal ou, ainda, doença não explicada em outro membro da família (doença neurológica progressiva, fenilcetonúria materna, abortos de repetição, síndrome HELLP). A consanguinidade aumenta o risco de uma doença recessiva. A investigação e o manejo inicial envolvem a identificação dos fatores desencadeantes da descompensação metabólica, tais como vômito, febre ou mudanças na dieta alimentar. O diagnóstico apropriado e as medidas terapêuticas devem ser iniciados assim que possível, para evitar danos a longo prazo.
Divisão dos erros inatos do metabolismo Grupos
Exemplos
1. Acumulo e intoxicação por metabólitos
Distúrbios dos ácidos orgânicos, doenças do ciclo da ureia, aminoacidopatias
2. Distúrbios do metabolismo energético 3. Disfunções do metabolismo de moléculas complexas
Gatilhos (infecção, alimentação)
Diagnóstico por meio de testes metabólicos
Tratável com dietas
Frequentes
Frequentes
Frequentes
Doenças mitocondriais, defeitos da oxidação dos ácidos graxos
Frequentes
O teste enzimático molecular pode ser necessário
Algumas vezes
Doenças lisossomais e dos peroxissomos
Raros
Geralmente necessita do teste enzimático molecular
Raramente
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-09-MIOLO.indd 221
19-11-2021 11:07:16
Puericultura no Dia a Dia
Manifestações clínicas Crises convulsivas As crises convulsivas ocorrem frequentemente em muitos distúrbios metabólicos, mas são particularmente comuns em doenças da substância branca cerebral. Toda criança com epilepsia e sintomas adicionais, como retardo de crescimento, retardo mental ou anormalidades neurológicas, deve ser investigada do ponto de vista metabólico.
Hipotonia A hipotonia muscular é um sintoma comum em doenças metabólicas, nas quais está geralmente associada a sintomas como letargia, convulsões, coma, anormalidades neurológicas ou disfunções de outros sistemas e órgãos. A hipotonia muscular isolada é mais observada em doenças neuromusculares primárias. Pode ocorrer em casos de doenças mitocondriais, defeitos da betaoxidação de ácidos graxos, defeitos no metabolismo da carnitina, doença de Pompe, doenças dos peroxissomos e defeitos congênitos da glicosilação.
Retardo neuropsicomotor Muitas doenças metabólicas causam dano cerebral crônico variável e retardo psicomotor. Este pode ser progressivo (contínuo ou exacerbado por doença aguda), algumas vezes envolvendo a perda de habilidades previamente adquiridas, e afetar tipicamente todas as áreas do desenvolvimento de modo variável. Os pais podem relatar graves problemas comportamentais, como hiperatividade, irritabilidade, agressividade ou transtornos do sono. Quando associado à visceromegalia e à perda progressiva de habilidades, as doenças de depósito, como as mucopolissacaridoses, devem ser consideradas. Caso seja um distúrbio multissistêmico, considerar doenças mitocondriais ou dos peroxissomos (como defeitos da betaoxidação de ácidos graxos de cadeia muito longa) ou, ainda, defeitos congênitos da glicosilação como prováveis causas.
Cardiomiopatia A cardiomiopatia pode se caracterizar como hipertrófica dilatada e estar associada a arritmias graves nas doenças metabólicas. A miopatia esquelética costuma estar presente, mas pode ser sutil. É importante procurar por outros sinais de doença sistêmica como disfunção hepática e neurológica, doença de depósito ou desarranjo metabólico. Podem ocorrer nas acidúrias orgânicas, como a acidemia propiônica, na hemocromatose, nos defeitos congênitos da glicosilação, nas glicogenoses tipos III (doença de Cori) e IV (doença de Andersen) e nas doenças dos lisossomos.
Investigação básica inicial Investigação diagnóstica Sangue
■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Hemograma completo Glicose Ureia e creatinina Sódio, potássio, cálcio, cloro PC-R Creatinofosfoquinase TGO, TGP Ácido úrico Gasometria venosa e lactato Amônia
Armazenamento da amostra ■■ Plasma (5mL) com heparina a 20ºC ■■ Sangue em papel-filtro ■■ Sangue total (10mL) coletado em EDTA e congelado (para estudos de biologia molecular) ■■ Investigações metabólicas: cromatografia de aminoácidos; perfil de acilcarnitinas
222
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-09-MIOLO.indd 222
19-11-2021 11:07:16
Queixas Endócrinas e Genéticas
Alterações Puberais, 227 Criança com Malformação Congênita, 232 Criança que Não Cresce, 235
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-10-AB.indd 225
Queixas Endócrinas e Genéticas
PA R T E
50 51 52
X
19-11-2021 11:07:31
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-10-AB.indd 226
19-11-2021 11:07:31
C AP ÍT U LO
1 50
Alimentação Alterações Puberais Coletiva Ana Lúcia de Freitas Saccol | Marizete Izabel Calland Oliveira Ricarte de Mesquita Beserra
Introdução Puberdade é o processo por meio do qual ocorre a maturação reprodutiva, sendo iniciado pela ativação do eixo hipotálamo – hipófise – gônadas (HHP). O hipotálamo é ativado e secreta o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), que estimula a hipófise a liberar os hormônios luteinizante (LH) e foliculestimulante (FSH), que estimulam os testículos ou ovários a produzir testosterona ou estrogênio, respectivamente. Nas meninas, tal processo caracteriza-se pelo início do desenvolvimento das mamas (telarca), seguido por estirão do crescimento, maturação esquelética e, subsequentemente, sangramento vaginal (menarca). Nos meninos, ocorre o aumento do volume testicular, seguido pelo crescimento do escroto e do pênis, além da maturação óssea e do estirão puberal. Outro componente da puberdade é a adrenarca, que ocorre independentemente do eixo HHG. O córtex adrenal libera os androgênios adrenais, levando ao desenvolvimento de pelos pubianos (pubarca) e axilares, acne e odor corporal adulto. Nos meninos, a adrenarca também desencadeia aumento do pênis e mudanças no tom de voz. A puberdade tem início entre os 8 e 13 anos nas meninas e entre os 9 e 14 anos de idade nos meninos, levando cerca de 3 anos até que a maturação esteja completa. As meninas geralmente crescem em torno de 20 a 25cm e ganham aproximadamente 11,5kg durante a puberdade. Seu período mais rápido de crescimento (estirão) ocorre logo após o início da puberdade. Em geral, a menarca ocorre no período de 2 a 2,5 anos após o início da telarca. Os meninos crescem em torno de 25 a 30cm e ganham, em média, 18kg durante a puberdade. O estirão masculino ocorre tipicamente no final da puberdade. Em média, meninas e os meninos completam o crescimento linear com idade óssea (IO) de 15 e 17 anos, respectivamente.
Avaliação de uma suspeita de distúrbio de puberdade Anamnese Deve-se perguntar sobre o início e a progressão de odor corporal, acne, desenvolvimento mamário ou testicular e de pelos pubianos e axilares. Tratamentos atuais ou anteriores (quimioterapia, radioterapia ou uso de esteroides sexuais exógenos) podem indicar a causa subjacente. Sintomas neurológicos podem revelar patologia intracraniana. Na puberdade tardia, é importante traçar uma história sugestiva de doença crônica subjacente (p. ex., fadiga, dor, fezes anormais), padrões de nutrição e exercício, mau funcionamento psicossocial, criptorquidia e anosmia (na síndrome de Kallmann). Padrões de crescimento como o atraso constitucional podem ser familiares. Assim, a história familiar deve incluir a idade de puberdade dos pais, em especial a da menarca da mãe e aquela em que o pai alcançou a altura adulta.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-10-MIOLO.indd 227
20-11-2021 10:00:47
Puericultura no Dia a Dia
Exame físico Altura, peso e índice de massa corporal (IMC) devem ser plotados nas curvas de crescimento, e a velocidade de crescimento (VC) deve ser calculada. A altura-alvo pode ser determinada por meio da seguinte equação: [(Altura da mãe + altura do pai) + 13cm nos meninos ou 13cm nas meninas/2] Uma altura-alvo diferente da altura projetada, em mais de 10cm, pode sugerir uma condição patológica. Por conta dos efeitos dos esteroides sexuais na maturação epifisária, os pacientes com puberdade precoce podem apresentar estatura relativamente alta (levando à baixa estatura na vida adulta), e aqueles com puberdade tardia podem apresentar baixa estatura. A classificação de maturidade sexual (Tabela 50.1) deve ser anotada, bem como a presença de acne e pelos axilares e faciais. Nos meninos, a determinação do tamanho, da localização e da consistência dos testículos ajuda a classificar o estadiamento puberal e pode evidenciar criptorquidia, malignidade (assimetria testicular) ou síndrome de Klinefelter (testículos firmes). Nas meninas, a mucosa vaginal rosa opaca sugere exposição ao estrogênio; a virilização (clitoromegalia, hirsutismo) deve ser excluída. A tireoide, o abdome e o sistema neurológico devem ser examinados em busca de evidências de doença tireoidiana, gastrintestinal ou patologia intracraniana. Características dismórficas podem sugerir a síndrome de Turner nas meninas. Manchas “café com leite” podem sugerir síndrome de McCune-Albright. Tabela 50.1 Escala de classificação de maturidade Menina
228
Menino
M1
Mamas ausentes; elevação da papila, apenas
G1
Testículos, saco escrotal e pênis com tamanhos e proporções infantis
P1
Pelos pubianos ausentes
P1
Pelos pubianos ausentes
M2
Brotos mamários se desenvolvem, aumento do diâmetro da aréola
G2
Aumento do escroto e dos testículos (volume ≥4mL), com mudança na pele escrotal
P2
Pelos pubianos esparsos, pigmentados, levemente enrolados ao longo dos grandes lábios
P2
Pelos pubianos esparsos, pigmentados, levemente enrolados na base do pênis
M3
Aumento das mamas e aréola, sem separação dos contornos
G3
Aumento no comprimento (>6cm) e circunferência do pênis, dos testículos (volume: 8 a 10mL) e do escroto
P3
Aumento dos pelos pubianos, mais pigmentados, espessos e encaracolados, em direção à região pubiana
P3
Aumento dos pelos pubianos, mais pigmentados, espessos e encaracolados, em direção à região pubiana
M4
Aumento das mamas e projeção das aréolas e papilas acima do nível das mamas, formando montes secundários
G4
Aumento do pênis, desenvolvimento da glande; aumento dos testículos (volume: 10 a 12mL) e escroto; pele escrotal escurece
P4
Pelos do tipo adulto, mas em menor volume
P4
Pelos do tipo adulto, mas em menor volume
M5
Mama adulta com projeção apenas da papila
G5
Genitália adulta, testículos com volume de 15 a 25mL
P5
Pelos formam um triângulo invertido e atingem a face interna das coxas
P5
Pelos formam um triângulo invertido e atingem a face interna das coxas
Fonte: adaptada de Marshall & Tanner.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-10-MIOLO.indd 228
20-11-2021 10:00:47
C AP ÍT U LO
52
Criança que Não Cresce Izabel Calland Ricarte Beserra
Introdução A criança que não cresce é uma queixa frequente nos consultórios dos pediatras. Saber identificar o real problema por trás desta queixa mostra-se fundamental e desafiador, pois, muitas vezes, ela está relacionada ao ganho de peso inadequado e não à alteração da altura. Quando avaliamos essa criança, convém saber o que está alterado. O crescimento adequado revela-se um indicador de saúde e nutrição da criança. O crescimento normal sofre influência de vários fatores e, dependendo da fase de algum deles, será predominante (Tabela 52.1). Compreender tal aspecto é fundamental para avaliar a queixa da criança que não cresce, diagnosticando precocemente os desvios patológicos e evitando investigação desnecessária em pacientes com variantes normais do crescimento. Tabela 52.1 Fases do crescimento e principais fatores relacionados Principais fatores
Fases do crescimento
Maternos e placentários
Intrauterina
Nutricionais e ambientais
Lactente
Genéticos e hormonais
Pré-escolar e escolar
Hormonais
Adolescência
Causas de alteração do crescimento Baixo ganho de peso A nutrição é o fator mais importante para o crescimento nos primeiros 2 anos de vida. A desnutrição de longa duração pode impedir uma apropriada altura, e sua identificação precoce é fundamental para evitar prejuízos. Crianças com peso muito baixo para idade ou altura e aquelas que não mantêm uma apropriada curva de crescimento podem apresentar causa orgânica (relacionada a uma condição patológica) ou não orgânica (relacionada a fatores comportamentais e ambientais). A maioria dos casos tem componente não orgânico, como negligência e alimentação familiar insuficiente. As condições patológicas podem ser decorrentes de ingestão calórica e absorção de nutrientes inadequada ou de gasto calórico aumentado.
Baixa estatura Por definição, a baixa estatura é o comprimento ou altura abaixo de 2 desvios padrões da média ou do percentil 3 da curva de crescimento.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-10-MIOLO.indd 235
20-11-2021 10:00:47
Puericultura no Dia a Dia
■■ História social: quem alimenta as crianças, ambiente da alimentação e dificuldades de acesso para avaliar a segurança alimentar. Pesquisar privação emocional ou níveis elevados de estresse e ansiedade.
Exame físico Medidas antropométricas fazem parte da consulta pediátrica de rotina, sua correta obtenção e a plotagem nas curvas apropriadas são fundamentais para a detecção dos distúrbios do crescimento, evitando intervenção desnecessária em crianças normais. ■■ Estatura: o comprimento é medido nas crianças menores de 2 anos, e a altura nas crianças maiores de 3 anos. Entre 2 e 3 anos, ambas as medidas podem ser obtidas para comparação posterior. O ideal é que as medidas sejam obtidas com a criança apoiada em superfícies rígidas. Para diminuir o erro, deve-se medir a criança duas vezes e a diferença entre essas duas medidas deverão ser menores que 0,4cm. Quando for maior, uma terceira medida deve ser feita para diminuir a diferença. ■■ Curvas de crescimento: como não temos gráficos próprios para a população brasileira atual, devemos utilizar as curvas da Organização Mundial da Saúde (OMS) até os 2 anos e dos Centers for Disease Control (CDC) de 2000 entre 2 a 20 anos, disponíveis nos websites. Quando a criança tiver anotações de medidas anteriores, esses indicadores poderão ajudar na construção da curva, visto que um ponto isolado pode não refletir a alteração do crescimento. ■■ Prematuros: deve ser usada a idade corrigida para plotar nas curvas. Não há consenso de quanto tempo essa idade corrigida deve ser utilizada, mas a maioria sugere até os 2 anos. ■■ Alvo genético: medidas dos pais são importantes, pois há uma tendência de os valores referidos serem superestimados. Altura do pai (cm) + altura da mãe (cm) (+13cm para meninos ou –13cm para meninas) ____________________________________________________________________________ ± 8,5cm 2
■■ Velocidade de crescimento: o cálculo da velocidade de crescimento facilita a identificação da trajetória da curva e a avaliação de potenciais desvios. O intervalo entre as medidas deve ser o mais próximo possível de 12 meses para minimizar os erros de medida e a sazonalidade do crescimento. Os valores são diferentes pela faixa etária (Tabela 52.3). ■■ Avaliação do peso-para-idade (até 2 anos) ou índice de massa corporal (IMC) (>2 anos) também é importante ferramenta para sugerir estado nutricional. A criança com sobrepeso/obesidade e baixa estatura pode sugerir causa endócrina ou genética, visto que, no primeiro caso, a criança geralmente cresce muito bem. ■■ Estágios puberais. ■■ Proporções corporais também são importantes para identificar se o crescimento apresenta equilíbrio ou não. Quando alteradas, podem sugerir causas para o crescimento inadequado, tais como: raquitismo, displasia óssea e algumas síndromes. Por serem mais complexas as medidas dos segmentos superiores e inferiores, geralmente são obtidas pelos especialistas, porém o perímetro cefálico deve ser medido nas consultas de rotina até o período compreendido entre os 3 e 4 anos de idade. ■■ Dismorfismos podem sugerir causa genética. ■■ Sinais que possam sugerir doenças crônicas são: edema, hepatomegalia, bócio etc. 238
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-10-MIOLO.indd 238
20-11-2021 10:00:47
PA R T E
Queixas Gastrintestinais
Vômitos, 245 Dor Abdominal Crônica, 249 Constipação, 253 Diarreias Crônicas, 257
Queixas Gastrintestinais
53 54 55 56
XI
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-11-AB.indd 243
19-11-2021 11:09:28
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-11-AB.indd 244
19-11-2021 11:09:28
C AP ÍT U LO
1 53
Alimentação Vômitos Coletiva Silvio da Rocha Carvalho | Mariana Tschoepke Aires | Ana Lúcia de Freitas Saccol | Marizete Oliveira de Mesquita Marcia Angélica Bonilha Valadares | José Cesar da Fonseca Junqueira
Introdução O vômito, a passagem retrógrada e forçada do conteúdo gástrico e duodenal, é bastante comum na pediatria. Apresenta uma gama imensa de etiologias, em sua maioria ocorrências benignas e autolimitadas, e suas complicações imediatas são o motivo de maior preocupação. Pode ser agudo, crônico ou recorrente, sendo a origem infecciosa a mais comum. Devem ser diferenciados do refluxo gastresofágico e da regurgitação (refluxo que atinge porções altas o suficiente para ser visualizado), visto que não apresentam as fases do vômito, a saber: náusea e esforço retrógrado involuntário. Distingue-se, ainda, da ruminação, que é a regurgitação do conteúdo gástrico para a boca com o propósito de autoestimulação. Como o vômito é a consequência terminal de um processo neurológico, o reflexo da êmese, a Tabela 53.1 esquematiza seus estímulos e vias. O discernimento entre as vias que originam o vômito é importante para guiar o procedimento terapêutico. Tabela 53.1 Estímulos e vias de geração do vômito Estímulo
Mecânico
Toxinas
Movimento
Emocional
Alvo
Mecanorreceptores ou quimiorreceptores do intestino
Zona do gatilho quimiorreceptora (área postrema)
Sistema vestibular
Hipotálamo (?)
Gatilho
Distensão e substâncias químicas
Toxinas séricas e substância P
Movimento ou percepção de movimento anômalo do corpo
Ansiedade, medo, odores etc.
Receptores
Receptores: 5HT3, 5HT4 e neuroquinina 1
Receptores dopaminérgicos, 5HT3 e neuroquinina 1
Receptores muscarínicos e histamínicos
Hormônio liberador da corticotrofina (?)
Manifestações clínicas Inicialmente, a diferenciação a ser feita está relacionada ao tempo de duração do processo. O vômito pode ser agudo, que potencialmente é capaz de gerar desidratação, tendo intensidade alta em 24 a 48h. Podemos citar como exemplos: ■■ Gastrenterite aguda. ■■ Síndrome da enterocolite induzida por alimentos (FPIES) ou obstrução intestinal. O vômito crônico, que ocorre por dias ou semanas, geralmente é menos intenso e não está associado à desidratação; suas causas comuns relacionam-se com doença péptica,
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-11-MIOLO.indd 245
19-11-2021 11:10:56
Puericultura no Dia a Dia
esofagite eosinofílica e acalasia. O vômito cíclico, outra forma de apresentação do vômito recorrente, caracteriza-se por períodos de início súbito, muitas vezes com gravidade, intervalados por períodos assintomáticos. Ocorrem, também, síndrome dos vômitos cíclicos, enxaqueca e cetoacidose diabética, entre outros. A Tabela 53.2 sintetiza as principais causas. Tabela 53.2 Causas comuns de vômito, segundo o tempo de duração do processo Agudo Gastrenterite
Crônico Sinusite crônica
Cíclico Sinusite crônica
Otite média
Doença péptica
Má rotação com volvo
Sinusite aguda
Giardíase
Porfiria intermitente aguda
Pielonefrite
Refluxo gastresofágico
Hidronefrose aguda
Apendicite
Esofagite eosinofílica
Cetoacidose diabética
Meningite
Acalasia
Erros inatos do metabolismo
Pancreatite
Síndrome da artéria mesentérica
Enxaqueca abdominal
Invaginação intestinal
Vesícula biliar discinética
Enxaqueca (cefaleia)
Má rotação com volvo
Hiperplasia adrenal
Síndrome dos vômitos cíclicos
Cetoacidose diabética
Gravidez
Síndrome de Reye
Síndrome de Reye
Vômito funcional
Distúrbios alimentares
Intoxicação
Bulimia
Munchausen por procuração
Diagnóstico A história e as manifestações clínicas devem ser avaliadas com cuidado. Duração, frequência, associação a náusea, diarreia, dor abdominal ou outros sintomas sistêmicos são importantes, assim como a história clínica prévia, como cirurgias anteriores ou uso de medicamentos. Os achados do exame físico do abdome devem ser especialmente valorizados, como intensificação ou ausência de ruídos hidroaéreos, distensão ou presença de visceromegalia. A avaliação do peso e o exame neurológico também são importantes. O exame físico deve buscar sinais de alarme: ■■ Frequência cardíaca. ■■ Hipotensão. ■■ Tipo de respiração. ■■ Grau de hidratação, usando os parâmetros recomendados pelo Ministério da Saúde (MS) (observar estado geral, olhos, lágrimas, sede, explorar os sinais da prega e do pulso e classificar o estado de hidratação). ■■ Hematêmese. ■■ Hematoquezia. ■■ Presença de bile. ■■ Encefalopatia. ■■ Papiledema.
Exames complementares Pode-se lançar mão de exames complementares para o diagnóstico etiológico dos vômitos. Nos casos agudos, a preocupação inicial sempre se relacionará com o estado de hidratação e a correta reposição hídrica e de eletrólitos. Muitas vezes, a história e o exame físico elucidam a causa. No entanto, principalmente no caso de vômitos crônicos, lança-se mão dessa 246
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-11-MIOLO.indd 246
19-11-2021 11:10:56
C AP ÍT U LO
55
Constipação Silvio da Rocha Carvalho | Mariana Tschoepke Aires | Marcia Angélica Bonilha Valadares | José Cesar da Fonseca Junqueira
Introdução A constipação, juntamente à dor abdominal crônica, corresponde ao maior volume de atendimentos da gastrenterologia pediátrica. De modo semelhante, representa cerca de 3% a 10% dos atendimentos em pediatria. Trata-se mais de um sintoma que uma doença, e sua definição, considerando a necessidade de intervenção, envolve frequência, consistência e conjunção com outros sintomas, como dor ou desconforto ao evacuar. É importante lembrar que, em muitos casos, há envolvimento emocional marcante, e pesquisas mostram que a qualidade de vida dessas crianças pode ser inferior àquelas com doença inflamatória intestinal.
Causas e diagnóstico Existem inúmeras causas que levam à constipação, desde as mais simples, como erros na alimentação, até as mais graves e irreversíveis, como as que ocorrem nas alterações neuronais do próprio intestino. Podemos dividir, grosso modo, suas causas em orgânicas (envolvendo qualquer processo patológico) e funcionais (a causa mais comum de constipação crônica). A Tabela 55.1 lista as causas orgânicas de constipação. Tabela 55.1 Causas orgânicas de constipação na criança Causas Neuronais
Doenças
Patologia
Neuropatias viscerais familiares
Hiperganglionose
Hiperganglionose
Aganglionose
Musculares
Síndrome da megabexiga-microcólonhipoperistalse
Leiomiopatia degenerativa
Miopatia visceral esporádica da infância
Miopatia visceral familiar
Sistêmicas
Diabetes melito
Feocromocitoma
Hipotireoidismo
Neurofibromatose
Hipocalcemia
Polineurite infecciosa
Dermatomiosite
Encefalopatias crônicas
Esclerose múltipla
Esclerodermia
Neoplasia endócrina múltipla
Hipoparatireoidismo
Doença de Chagas
Intoxicações
Inflamação crônica do intestino
Doença autoimune
Insuficiência hepática terminal
Doença renal
Pseudo-obstrução aguda do colo
Amiloidose
Anorexia nervosa
Bulimia
Secundárias
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-11-MIOLO.indd 253
19-11-2021 11:10:57
Puericultura no Dia a Dia
Entre as causas orgânicas, merece destaque a aganglionose, doença que pode ter consequências (megacólon tóxico) e exige, na maioria das vezes, intervenção cirúrgica. Classicamente, a história aponta para a ausência de evacuação nas primeiras 48h de vida, posteriormente cursando com distensão abdominal importante, além da constipação grave. A Tabela 55.2 apresenta os sinais de alerta que podem estar associados à constipação em quadros orgânicos. Tabela 55.2 Sinais de alerta para constipação de origem orgânica ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Eliminação de mecônio >48h (a termo) Início no primeiro mês de vida História familiar de doença de Hirschsprung Sangue nas fezes (sem fissura anal) Fezes em fita Defeito na implantação do ânus Distensão abdominal intensa Déficit de crescimento Vômitos biliosos Anormalidade na tireoide Anormalidades neurológicas/motoras de membros inferiores Dimple ou tufos de pelos em região sacra Desvios do sulco interglúteo Cicatrizes anais
A constipação secundária e aquelas relacionadas a doenças sistêmicas podem ser mais facilmente percebidas e diagnosticadas pela apresentação associada ao distúrbio de base. A constipação funcional, aquela sem causa orgânica, pode ser difícil de diagnosticar, visto que, em alguns casos, depende da avaliação comportamental da criança. Nesses casos, é importante ter em mente os critérios de Roma IV, que norteiam a avaliação clínica visando ao diagnóstico. A Tabela 55.3 mostra os critérios para o diagnóstico da constipação funcional. Tabela 55.3 Critérios de Roma IV para o diagnóstico da constipação funcional Constipação funcional Presença de dois ou mais destes sintomas, ao menos uma vez na semana, por um mínimo de 1 mês e sem critérios para diagnóstico de síndrome do intestino irritável: ■■ Duas ou menos evacuações na toalete por semana (em crianças maiores de 4 anos) ■■ Pelo menos um episódio de incontinência (escape de fezes na roupa) por semana ■■ História de postura retentiva ou excessiva retenção voluntária de fezes ■■ História de evacuação dolorosa ou fezes endurecidas ■■ Presença de volumosa massa fecal no reto ■■ História de fezes de grande diâmetro que entopem o vaso sanitário ■■ Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra condição clínica
Síndrome do intestino irritável Deve incluir todos os critérios a seguir: ■■ Dor abdominal por, ao menos, 4 dias por mês associado com um ou mais dos seguintes sintomas: ●● Relação com a evacuação ●● Alteração na frequência das fezes ●● Alteração na aparência das fezes ■■ Em crianças com constipação, a dor pode não cessar com a resolução da constipação (nas crianças em que a dor desaparece, há constipação funcional e não síndrome do intestino irritável) ■■ Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser plenamente explicados por outra condição clínica
254
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-11-MIOLO.indd 254
19-11-2021 11:10:57
PA R T E
Queixas Onco-hematológicas
Anemias, 263 Criança com Sangramentos Frequentes, 271 Detecção Precoce dos Tumores Sólidos e Neoplasias Hematológicas, 276
Queixas Onco-hematológicas
57 58 59
XII
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-12-AB.indd 261
19-11-2021 11:11:15
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-12-AB.indd 262
19-11-2021 11:11:15
C AP ÍT U LO
1 57
AlimentaçãoAnemias Coletiva Deborah Ana Lúcia Sutter de Freitas Ayres Pereira Saccol ||Marizete Marcelo Gerardin Oliveira de Poirot Mesquita Land
Introdução Do ponto de vista fisiológico, define-se anemia como o estado de insuficiência de oferta de oxigênio tecidual, causado pela redução na concentração de hemoglobina plasmática. Pode-se dizer que essa definição é de grande aplicação clínica na compreensão de estados fisiológicos de diminuição de hemoglobina sem deficiência na oferta de oxigênio, como a redução esperada da concentração de hemoglobina em recém-nascidos, que ocorre entre 2 e 3 meses de vida, equivocadamente denominada “anemia fisiológica do recémnascido”. Tal exemplo, entre outros, justifica a necessidade do pediatra geral em conhecer os valores normais dos parâmetros do hemograma durante toda a faixa etária da criança e do adolescente.
Variação da concentração de hemoglobina ao longo da vida A concentração de hemoglobina varia bastante, de acordo com a fase da vida e o sexo biológico da criança. Ao nascer, o indivíduo apresenta níveis relativamente altos de hemoglobina, por conta de o feto estar em um regime de baixa tensão de oxigênio no útero materno. Nesse ambiente, o tipo de hemoglobina que predomina é a fetal, que tem alta afinidade pelo oxigênio, o que favorece a retirada desse elemento do sangue materno. Ao nascer, logo após a expansão pulmonar pela entrada de ar ambiente, a tensão de oxigênio aumenta sensivelmente. Dessa maneira, o estímulo à produção de hemácias diminui e, consequentemente, é possível notar uma queda progressiva na concentração de hemoglobina, o que gera o fenômeno descrito como “anemia fisiológica do recém-nascido”. Desde o nascimento, nota-se a substituição progressiva da hemoglobina fetal pela hemoglobina A1, também chamada de hemoglobina do tipo adulto. Habitualmente, esse processo de substituição é concluído aos 6 meses de vida. Durante a infância, os níveis de hemoglobina tendem a aumentar. Levando-se em conta o ponto de vista prático, é possível considerar três fases diferentes: ■■ De 6 meses a 2 anos: fase em que a concentração de 2,3-DPG (difosfoglicerato) nas hemácias humanas é a mais elevada. Como sabemos, o 2,3-DPG age diminuindo a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, e tal fenômeno é mais evidente em locais com baixa tensão de oxigênio, como nos tecidos em geral. Diante disso, a hemácia, nessa fase da vida, pode ser considerada “muito eficiente” na entrega de oxigênio para o tecido. Dessa maneira, a concentração de hemoglobina esperada é menor que nas fases posteriores da vida. ■■ De 2 anos ao início da puberdade: nesta fase, as taxas de hemoglobina tendem a ser, em média, cerca de 1g/dL maiores que na fase anterior, e mais baixa que a verificada em adultos.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-12-MIOLO.indd 263
19-11-2021 11:13:54
Puericultura no Dia a Dia
Investigação A solicitação de exames laboratoriais deve ser avaliada de acordo com a classificação morfológica do volume globular médio (VGM) e o índice de produção reticulocitária (IPR) (Figura 57.1). A avaliação morfológica do sangue periférico (hematoscopia) ajudará a nortear a investigação; no entanto, a hematoscopia é mais informativa e imprescindível nos casos com suspeita de anemia hemolítica, ou seja, nas anemias com IPR >2,5, ocasiões em que foi descartada a presença de hemorragia aguda ou sequestro esplênico. Nesses casos, o hematologista pediátrico é decisivo. Nos demais casos, o pediatra geral poderá conduzir boa parte do diagnóstico diferencial.
VGM baixo IPR baixo
VGM alto IPR baixo
IPR alto
VGM normal IPR baixo
Figura 57.1 Classificação dos pacientes, segundo VGM e IPR IPR: índice de produção reticulocitária; VGM: volume globular médio.
Anemias hipoproliferativas Cada um desses grupos está associado ao mecanismo fisiopatológico da anemia, aos achados de hemograma norteadores, às suas possíveis causas e aos exames a serem solicitados e avaliados. Na maioria dos casos, os pacientes com anemia isolada hipoproliferativa podem ser investigados pelo pediatra geral (Tabelas de 57.3 a 57.5). Tabela 57.3 Anemia com VGM baixo e IPR baixo Mecanismo ■■ Produção inadequada de: ●● Hemoglobina (hemoglobina = globina + Heme + ferro)
Causas ■■ ■■ ■■ ■■ ■■
Deficiência de ferro Anemia sideroblástica Traço talassêmico Anemia de doenças crônicas Deficiência proteica grave
Exames ■■ Cinética de ferro (ferro sérico, TIBC, ferritina e saturação de transferrina)* ■■ Eletroforese de hemoglobina ■■ Mielograma – conferir reserva de ferro e presença de sideroblastos em anel ■■ Teste terapêutico com ferro oral**
*Cabe lembrar que a cinética do ferro pode ser influenciada por estados inflamatórios e hipotireoidismo. **Algumas vezes, o teste terapêutico com ferro oral pode funcionar como teste diagnóstico de anemia ferropriva, desde que essa intenção seja explicada ao paciente ou ao seu responsável, e seja realizado pelo período máximo de 30 dias, quando se espera o aumento de pelo menos 1g/dL na taxa de hemoglobina basal.
268
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-12-MIOLO.indd 268
19-11-2021 11:13:55
C AP ÍT U LO
58
Criança com Sangramentos Frequentes Ana Paula Queiroz Arêas Marques | Marcelo Gerardin Poirot Land
Introdução Deparando-se na prática clínica com uma criança com relato de sangramentos frequentes, o maior dilema do pediatra consiste em afastar ou confirmar a presença de um distúrbio hemorrágico verdadeiro. Isso ocorre, sobretudo, por conta das percepções dos familiares, que podem valorizar, por exemplo, hematomas e equimoses em membros inferiores, comuns em uma criança saudável e muito ativa, ou epistaxe unilateral recorrente em um paciente com rinite alérgica, que não representam alterações da hemostasia. Por outro lado, hematomas secundários a traumatismos não acidentais podem ser achados ocasionais de exame físico, ainda que não sejam relatados pelos cuidadores. Hematomas frequentes e edemas de joelhos ou tornozelos em bebê do sexo masculino que está começando a andar ou engatinhar podem ser os primeiros sinais de uma deficiência grave dos fatores VIII ou IX da coagulação (hemofilia). Como sabemos, os sangramentos são resultado de desequilíbrio entre: ■■ Intensidade e frequência das injúrias ao endotélio vascular, as quais podem ser provocadas por traumatismos externos (acidentais ou não acidentais), inflamação ou deficiência de sustentação da matriz conjuntiva subendotelial. ■■ Capacidade do sistema hemostático (função plaquetária e sistema de coagulação) em compensar a lesão provocada pela injúria. Na infância, a identificação dos distúrbios hemorrágicos pode ser facilitada ao ser organizada por um roteiro que inclui história clínica detalhada, exame físico completo e exames laboratoriais de triagem, seguidos de exames mais específicos, conforme os resultados iniciais. Embora a maioria das queixas de uma criança com sangramento frequente possa ser abordada e resolvida pelo pediatra geral, é importante que este profissional esteja atento quando a investigação do paciente necessite de uma abordagem especializada por um hematologista.
História e avaliação clínica A história hemorrágica compreende a análise de todos os sangramentos apresentados pelo paciente ao longo da vida, inclusive diante de desafios hemostáticos. Contudo, diferentemente dos adultos e na maioria das vezes, as crianças são expostas a menos desafios hemostáticos, como cirurgias, extrações dentárias, traumatismos e, no caso de meninas, período menstrual. Dessa maneira, nem sempre é possível detectar história positiva para sangramentos, mesmo em pacientes com distúrbios hemorrágicos congênitos. No entanto, todos os problemas hemorrágicos já experimentados pela criança (relacionados a parto, vacinação, ao início da mobilidade e pequenos procedimentos realizados) devem ser descritos. Muita atenção deve ser dispensada para a história familiar e a exclusão de sangramentos causados por traumatismos não acidentais (abuso). A Tabela 58.1 apresenta um roteiro a ser avaliado na anamnese dos pacientes.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-12-MIOLO.indd 271
19-11-2021 11:13:55
274
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-12-MIOLO.indd 274
26-11-2021 09:33:40
Normal Doença de von Willebrand
Anormal
Análise para doença de von Willebrand Sim Não
Administrar vitamina K Sim Não Corrigido Causas de deficiência de vitamina K
Presente Anticoagulante lúpico inibidor do fator VIII
Estudar fator VII, VIII e IX
Não
Ausente
Sim
Teste da mistura
Doença hepática CIVD Deficiência de fatores
Observações: • O TP e o TTPA podem estar aumentados na insuficiência hepática, deficiência de vitamina K ou uso de antagonistas da vitamina K. • O TTPA e o TP podem estar ambos aumentados nas deficiências dos fatores II, V e X e hipofibrinogenemias. Nas deficiências de fibrinogênio, além do TTPA e do TP aumentados, o TT e o tempo de sangramento também estarão anormais. • O TP e o TTPA estão normais nas deficiências do fator XIII. O fator XIII é um estabilizador de fibrina, e sua deficiência leva a sangramentos graves, que habitualmente ocorrem de modo tardio em relação ao momento da injúria. Sangramento persistente do coto umbilical em neonatos, dificuldade de cicatrização e hemorragias intracranianas de repetição desproporcionais ao traumatismo sofrido devem levantar a suspeita de sua deficiência, de modo que exames específicos para avaliar sua atividade devem ser solicitados, mesmo diante de triagem de hemostasia normal.
Avaliar fator VII
Não corrigido
Reavaliar função hepática Fibrinogênio Fatores de coagulação
Não
PTT normal?
Não
Sim
Não
PTT normal?
Sim
TAP normal?
Sim
Trombocitopenia
Apenas contagem plaquetária baixa
Figura 58.1 Roteiro de investigação de sangramentos frequentes pelo pediatra geral
Curva de agregação plaquetária
Forma ou tamanho plaquetário anormal
Historia hemorrágica ou ISTH BAT anormais (solicitar hemograma, lâmina do sangue periférico, TAP, PTT, função renal e hepática)
Investigação pelo especialista
Descartar traumatismo ou medicamento
Sangramento ou hematomas anormais
Investigação pelo pediatra geral
Puericultura no Dia a Dia
PA R T E
Dores nos Membros, 283 Febres Recorrentes, 288
Queixas Reumatológicas
60 61
XIII Queixas Reumatológicas
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-13-AB.indd 281
19-11-2021 11:14:13
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-13-AB.indd 282
19-11-2021 11:14:13
C AP ÍT U LO
1 60
Alimentação Dores nos Membros Coletiva Ana Lúcia de Freitas Saccol Sheila | Marizete Knupp Oliveira Feitosa dede Mesquita Oliveira
Introdução As queixas de dores em membros são comuns em crianças e, na maioria das vezes, são benignas. O diagnóstico da causa requer habilidade clínica durante a história, o exame físico e a seleção adequada dos exames complementares.
História O médico experiente faz perguntas para identificar as características da dor e das manifestações associadas, o que ajuda a classificar em um dos três grupos de doenças: ■■ Inflamatórias. ■■ Mecânicas. ■■ Síndromes de amplificação da dor. A dor é uma sensação subjetiva, difícil de ser definida, muitas vezes afetada pelo estado emocional e por experiências prévias. Na medida do possível, as crianças devem ser envolvidas nesse diálogo em nível adequado à idade. Os pais ajudam fornecendo detalhes históricos; e, caso haja discordância entre o relato do paciente e dos pais, isso pode ocorrer por esquecimento, erros de interpretação ou indicação de um problema subjacente grave, como abuso. A Tabela 60.1 mostra as principais características que devem ser questionadas a respeito da dor: ■■ Caráter. ■■ Gravidade. ■■ Ritmo. ■■ Localização (articulação, osso, músculo, tendão ou entese). ■■ Presença de rigidez. ■■ Curso (agudo ou crônico). Outras características importantes são a presença de sinais e sintomas como: ■■ Edema articular. ■■ Limitação do movimento. ■■ Calor local.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-13-MIOLO.indd 283
19-11-2021 11:15:45
Puericultura no Dia a Dia
Tabela 60.1 Avaliação da dor na história Caráter da dor ■■ Dor que surge aos movimentos. Sugere fatores mecânicos ■■ Dor presente no repouso com movimentos. Sugere inflamação ■■ Dor intolerável e que não interfere nas atividades diárias. Sugere fatores psíquicos Gravidade ■■ Escala visual analógica de 0 a 10cm (em que 0 é a ausência de dor) ■■ Escala visual com desenhos de faces com diferentes expressões ■■ Perguntas: “A dor faz chorar?”, “Impede de andar?”, “Impede de ir à escola?” Ritmo ■■ Dores mais intensas à noite podem ser indicativas de dor de crescimento ou algo grave, como a leucemia ■■ Dores mais intensas pela manhã e que melhoram no decorrer do dia falam a favor de causas inflamatórias, como a artrite idiopática juvenil ■■ Dores persistentes e que se agravam no decorrer dos dias. Sugerem doenças infecciosas Localização ■■ Articulação: artralgia é a presença de dor articular. Na artrite, além da dor, existem sinais inflamatórios como aumento de volume, calor, rubor e limitação de movimentos ■■ Dor óssea: é importante para o diagnóstico de osteomielite, infartos ósseos (p. ex., anemia falciforme), neoplasias (leucemia, osteossarcoma, metástases de neuroblastoma), osteocondrites, fraturas ■■ Dor em enteses: quando estão inflamados, os pontos de inserção de tendões nos ossos (enteses) ficam doloridos. Deve ser investigada a inserção do tendão no calcâneo, do tendão patelar na tíbia, do tendão quadríceps na patela e da fáscia plantar no calcâneo e nos metatarsianos ■■ Dor difusa com exame físico normal é característica de fibromialgia Rigidez ■■ Maior dificuldade em movimentar as articulações e claudicação no período da manhã ou, após um período de inatividade, é observada na artrite de origem autoimune
A presença de sintomas sistêmicos como febre, erupção cutânea, dor de cabeça, apatia, letargia, claudicação, fraqueza, anorexia ou dor fala a favor de doenças inflamatórias que cursam com queixas musculoesqueléticas transitórias ou crônicas, e que podem ser doenças reumáticas ou não. Também é necessário considerar causas dolorosas de origem não orgânica, como as síndromes de amplificação da dor, muitas vezes associadas a conflitos emocionais, e os problemas de adaptação ou de relacionamento, principalmente na esfera familiar ou escolar.
Exame físico O exame físico completo é necessário, visto que muitas doenças que apresentam dores musculoesqueléticas envolvem outros sistemas. O exame do aparelho locomotor é essencial para detectar com exatidão o sítio doloroso e verificar se existe artrite, artralgia, mialgia, entesite ou dor óssea. Uma dica importante é não começar o exame pelo local doloroso, deixando-o para o fim do roteiro, explicando à criança o que será feito e o que deverá informar. As manobras não devem ser dolorosas, visto que poderiam levar à perda de confiança e cooperação do paciente. O exame do aparelho locomotor deve ser feito em três fases:
Inspeção.
284
Começar com a observação da postura e da marcha quando o paciente entra na sala, sobe na escadinha, tira as roupas, sem que ele saiba que está sendo observado. Continuar de modo formal sob o comando de andar na ponta dos pés, sobre os calcanhares. É importante observar a presença de assimetrias, desvios, atrofias, aumento no volume de
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-13-MIOLO.indd 284
19-11-2021 11:15:45
PA R T E
Outras Queixas
Principais Queixas em Dermatologia, 293 Principais Queixas em Ortopedia, 298 Principais Queixas em Oftalmologia, 302 Principais Queixas em Otorrinolaringologia, 306 Principais Queixas em Ginecologia Infantopuberal, 310
Outras Queixas
62 63 64 65 66
XIV
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-14-AB.indd 291
19-11-2021 11:16:01
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
C AP ÍT U LO
63
Principais Queixas em Ortopedia Henrique Cruz
Pé plano flexível Condição comum em crianças, caracteriza-se pela diminuição do arco longitudinal medial do pé submetido à carga. Encontra-se em 100% das crianças aos 2 anos de idade e somente em 4% de crianças com 10 anos, confirmando a resolução espontânea esperada na maioria dos casos. A história familiar é positiva em grande parte dos pacientes. Pode estar associado a alterações rotacionais de membros inferiores, frouxidão ligamentar e obesidade.
Avaliação clínica Assintomático na maior parte dos casos. No entanto, pode eventualmente causar dor difusa relacionada às atividades físicas mais intensas, cansaço, calos na região medial do pé e desgaste precoce dos calçados. A flexibilidade de retropé deve ser acessada para excluir o pé plano rígido ou estar associada ao encurtamento do tríceps sural, presente em até 25% dos casos. O pé plano flexível deve ser corrigido sem carga, e o valgo do retropé ajusta quando na ponta dos pés.
Avaliação radiográfica Usamos as radiografias em anteroposterior (AP) e perfil com carga do pé e oblíqua interna a 45º sem carga. O eixo longo do tálus passa plantar ao eixo longo do primeiro metatarsiano no perfil com carga. No AP com carga, o eixo longo do tálus é medial ao eixo longo do primeiro metatarsiano. Retropé em equino (diminuição do pitch do calcâneo).
Tratamento Quando assintomático, o seguimento é conservador, e a resolução ocorre de maneira espontânea na maioria dos casos. Quando doloroso, tentar as seguintes medidas conservadoras: ■■ Suporte do arco medial longitudinal. ■■ Modificações do calçado/palmilha rígida. ■■ Alongamento de tríceps sural. ■■ Pode haver melhora dos sintomas, não da deformidade. Quando houver dor refratária ao tratamento conservador, avaliar cirurgia: a osteotomia de alongamento do calcâneo, associada ao alongamento do tríceps sural, é a técnica mais utilizada.
Deformidades angulares A progressão para as deformidades no plano coronal varia entre varo (joelhos afastados) e valgo (joelhos juntos). Para tanto, utiliza-se o gráfico de Salenius e Vankka (Figura 63.1).
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-14-MIOLO.indd 298
20-11-2021 10:01:45
Joelhos afastados
15° 10° 5° 0°
Joelhos juntos
63 | Principais Queixas em Ortopedia
Desenvolvimento do ângulo tíbio-femoral durante o crescimento
20°
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Idade em anos
5° 10° 15°
Figura 63.1 Gráfico de Salenius e Vankka
Geno valgo Avaliação clínica Com o paciente em ortostatismo, deve-se medir a distância entre os maléolos mediais, que, em crianças maiores de 7 anos, não deve ser superior a 8cm.
Avaliação radiológica Radiografia panorâmica dos membros inferiores – o eixo mecânico entre 3 e 4 anos é considerado normal até 20º. Aos 7 anos, o valgo não deverá ultrapassar 12º.
Diagnóstico diferencial Raquitismo, osteodistrofia renal, displasias esqueléticas (síndrome de Morquio), sequela de fratura, tumores (displasia fibrosa, doença de Ollier, osteocondroma).
Tratamento Observação até os 7 anos quando a medida for menor que 15º. Raramente são utilizadas órteses. Em crianças com deformidades superiores a 20º, o tratamento cirúrgico passa a ser uma opção, com o crescimento guiado (hemiepifisiodese) como padrão-ouro nos pacientes imaturos esqueleticamente.
Geno varo Considerado fisiológico até os 18 meses.
Diagnostico diferencial ■■ Doença de Blount. ■■ Raquitismo. ■■ Displasias esqueléticas.
Avaliação radiológica Realizar radiografia panorâmica dos membros inferiores com carga e calcular o ângulo de Drennan (metáfiso diafisário). Quando maior que 16º, sugere alteração patológica. 299
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-14-MIOLO.indd 299
20-11-2021 10:01:45
C AP ÍT U LO
65
Principais Queixas em Otorrinolaringologia Patricia Ciminelli
Introdução Diversas doenças otorrinolaringológicas acometem as crianças. Quando não identificadas e tratadas adequadamente, podem trazer consequências para o desenvolvimento físico, podendo afetar ganho de peso, crescimento e desenvolvimento da linguagem e das habilidades escolares. Neste capítulo, serão descritos alguns importantes sintomas otorrinolaringológicos que acometem as crianças e merecem atenção especial.
Obstrução nasal/respiração oral A obstrução nasal é um dos sintomas mais frequentes que levam as crianças a procurar um otorrinolaringologista. Apesar de ser autolimitada e não ter maiores consequências na maior parte dos casos, como em um resfriado comum e na rinite alérgica, ela pode estar presente em muitas outras doenças locais e sistêmicas. A morbidade da obstrução nasal varia com a causa e a gravidade do sintoma. Com exceção da atresia coanal congênita bilateral, a obstrução nasal não acarreta risco de morte para o paciente. O paciente que apresenta obstrução nasal perde os benefícios da respiração fisiológica pelo nariz, como aquecimento, umidificação e purificação do ar inspirado. Com isso, pode ocorrer o aumento da ocorrência de infecções de vias aéreas superiores. A respiração oral de suplência crônica e persistente gera alterações estruturais no esqueleto craniofacial e dentário, transtornos do sono e até repercussões no sistema cardiovascular. Outros sintomas associados à obstrução nasal são: cansaço, sonolência diurna, baixo rendimento escolar, prejuízos nas atividades diárias, anorexia, distúrbios do sono, irritabilidade, déficit de crescimento na criança, baixo ganho de peso e distúrbios de aprendizado e atenção. Quando a obstrução ocorre pelo crescimento de massas retronasais, pode haver autofonia, plenitude auricular, zumbido e hipoacusia. Quando persistente, pode resultar em atraso no desenvolvimento da linguagem e, muitas vezes, em alterações no processamento auditivo central. O indivíduo com respiração oral apresenta crescimento desarmônico da face, o que resulta em típicas características reconhecidas ao exame: maxila atrésica, protrusão dos incisivos superiores, mordidas abertas e cruzadas, eversão do lábio inferior, lábio superior hiperdesenvolvido, narinas estreitas e hipotonia da musculatura perioral. A Tabela 65.1 descreve os principais diagnósticos que levam à obstrução nasal e seus quadros clínicos.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-14-MIOLO.indd 306
20-11-2021 10:01:45
Diagnóstico
Quadro clínico
Resfriado comum
■■ Coriza, espirros, tosse, cefaleia, mal-estar, dor de garganta e sintomas mais brandos por menos de 10 dias
Gripe
■■ Febre alta, dor no corpo, coriza, dor de garganta, tosse e sintomas mais intensos que os do resfriado comum, com evolução menor que 10 dias
Rinossinusite aguda
■■ Obstrução/congestão nasal, cefaleia, dor na face, diminuição do olfato, rinorreia anterior e posterior, tosse. Febre pode estar presente por mais de 10 dias e menos de 12 semanas
Rinossinusite crônica
■■ Sintomas semelhantes aos da rinossinusite aguda com mais de 12 semanas de evolução, normalmente sem febre, presente apenas nas agudizações
Rinite
■■ Coriza, prurido, crises de espirros e obstrução nasal
Hipertrofia de adenoide
■■ Roncos, respiração oral de suplência, sialorreia noturna, sono agitado, dificuldade para ganhar peso e rinorreia constante
Malformações congênitas
■■ Sintomas presentes desde o nascimento. Cisto dermoide, gliomas, encefalocele, pólipos e atresia de coana são alguns exemplos. Na atresia de coana unilateral, há obstrução e rinorreia unilaterais. Casos bilaterais representam uma emergência ao nascer, sendo necessária imediata intubação orotraqueal
Tumores
■■ Benignos: sintomas unilaterais, crescimento lento e exame de imagem não mostra destruição óssea ■■ Maligno: sintomas unilaterais, crescimento rápido, pode estar associado a outros sintomas como epistaxe, sintomas oculares e dor. Exame de imagem mostra invasão e destruição óssea
65 | Principais Queixas em Otorrinolaringologia
Tabela 65.1 Principais diagnósticos
O diagnóstico da obstrução nasal na infância deve ser realizado por meio de anamnese cuidadosa com a própria criança, quando maior, ou com a família em recém-nascidos e lactentes. Na maioria dos casos, o exame direto da cavidade nasal será determinante para a definição e poderá ser realizado com o auxílio de espéculos nasais, sob iluminação direta ou indireta, e, preferencialmente, com o uso de fibras ópticas rígidas ou flexíveis. Exames de imagem podem ser necessários para esclarecimento diagnóstico, dependendo do caso. O tratamento será realizado de acordo com a causa da obstrução, podendo ser clínico e, por vezes, cirúrgico.
Otalgia A otalgia é outro grande sintoma otorrinolaringológico que leva as crianças ao médico e, muitas vezes, ao serviço de emergência. Nesses casos, o grande diagnóstico diferencial encontra-se entre a otite externa e a otite média aguda: é fundamental a diferenciação entre ambas, pois seus tratamentos são bem diferentes.
Otite externa Em países tropicais, de clima quente e úmido (principalmente no verão) e nos quais é frequente a prática de esportes aquáticos, há maior incidência das otites externas. Lesões por atrito da pele do conduto auditivo externo (CAE), sobretudo pelo uso de hastes flexíveis, são frequentes portas de entrada para agentes infecciosos no CAE. Outra causa muito comum de otalgia e otorreia em crianças é a presença de corpos estranhos no CAE. A presença de dermatites, descamações e cerume no CAE também facilita as ocorrências de otites externas. Na maioria dos casos, as infecções de orelha externa são de origem bacteriana, seguida pelas afecções causadas por fungos.
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-14-MIOLO.indd 307
307
20-11-2021 10:01:45
253 – Puericultura no Dia a Dia - Parte-02-AB.indd 10
19-11-2021 10:49:57
Puericultura no Dia a Dia é fruto do trabalho de pediatras e professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que atuam no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), hospital universitário pediátrico com quase 70 anos de dedicação à saúde da criança brasileira. Neste rico ambiente acadêmico, ensina-se o cuidado da criança saudável e da criança com doenças crônicas. Trabalha-se para preservar o desenvolvimento físico e mental de crianças, que é a base da puericultura. Ao longo dos anos, a tradicional prática de promoção do crescimento, desenvolvimento, alimentação e imunização de crianças necessitou incorporar conceitos modernos, como aqueles relacionados aos 1.100 primeiros dias de vida, e aqueles decorrentes de novos desafios da vida moderna, como o uso de dispositivos eletrônicos na infância. O livro apresenta os mais relevantes temas da puericultura e tem o objetivo de trazer uma visão prática e baseada em evidências científicas acerca da condução das queixas mais comuns observadas nos consultórios. O leitor terá em mãos um guia prático e de fácil consulta, didaticamente dividido em 14 partes, a saber:
· Introdução · Roteiro de Puericultura e Crescimento e Desenvolvimento · Alimentação e Saúde Oral · Prevenção de Doenças, Acidentes e Violência · Queixas Neurológicas · Queixas Respiratórias e Imunoalérgicas · Queixas Infecciosas · Queixas Cardíacas e Nefrológicas · Queixas Nutricionais e Metabólicas Área de interesse Pediatria
· Queixas Endócrinas e Genéticas · Queixas Gastrintestinais · Queixas Onco-hematológicas · Queixas Reumatológicas
9 786588 34025 7
Pastura - Puericultura Dia a Dia.indd 2
· Outras Queixas
23/11/21 13:45