Princípios Físicos e Técnicos em Radioterapia – 2ª edição

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LEONARDO PERES

Graduado em Física Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Físico Médico, na área de Radioterapia, do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e do Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), RJ.

Coordenador da Residência em Física Médica do Inca na área de Radioterapia.

Supervisor de Radioproteção, na área de Radioterapia, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Especialista em Física Médica, na área de Radioterapia, pela Associação Brasileira de Física Médica (ABFM).

Doutor em Engenharia Nuclear pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ.

Mestre em Radioproteção e Dosimetria pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) da CNEN.

Especialista em Física Médica, na área de Radioterapia pelo Inca, RJ.

Princípios Físicos e Técnicos em Radioterapia, 2a edição

Copyright © 2025 Editora Rubio Ltda.

ISBN 978-65-88340-75-2

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora.

Produção

Equipe Rubio

Diagramação

Paulo Teixeira

Capa

Bruno Sales

Imagens de capa ©iStock.com/temet/Mark Kostich

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ)

P511p

2. ed.

Peres, Leonardo Princípios físicos e técnicos em radioterapia / Leonardo Peres. - 2. ed. - Rio de Janeiro : Rubio, 2025.

288 p. : il. ; 24 cm.

Inclui bibliografia e índice

ISBN 978-65-88340-75-2

1. Radioterapia. 2. Radiologia médica. 3. Física médica. I. Título. 24-92736

CDD: 616.0757

CDU: 616-073.5

Gabriela Faray Ferreira Lopes - Bibliotecária - CRB-7/6643

Editora Rubio Ltda.

Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l. 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ

Tel: 55(21) 2262-3779

E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

Dedicatória

Dedico a realização desta obra, primeiramente, a Deus, que me dá forças sempre, e, em segundo lugar, à minha querida filha Maria Clara Peres Dias, com seus 11 meses de vida, que trouxe muita alegria à nossa família. Além disso, dedico este livro aos residentes de Física e de Medicina do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que, com os alunos do curso fellow de Dosimetria, me incentivaram a escrevê-lo.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus e, depois, à minha família por esta obra.

Aos residentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca) da área de Medicina e de Física Médica e aos alunos do curso fellow de Dosimetria, que, com sua paciência e participação nas aulas, contribuíram para esta criação.

Apresentação

A segunda edição foi criada com o intuito de fornecer um material de estudos para os médicos radioncologistas que irão prestar o exame da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e para os dosimetristas que irão prestar o exame da Associação Brasileira de Dosimetristas (ABD).

O conteúdo desta segunda edição está maior e abrange o programa dessas duas provas. Somado a tudo isso, não podemos esquecer da escassez de bibliografia, em português, na área de radioterapia. Portanto, este livro torna-se leitura obrigatória para os profissionais nessa área, principalmente os que estão em formação.

Prefácio

É com imenso orgulho e satisfação que apresento esta obra fundamental sobre os princípios físicos e técnicos em radioterapia, escrita por um físico de renome, cuja trajetória admiro profundamente e que tenho a honra de chamar de colega. Trabalhando lado a lado em duas instituições de prestígio, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), testemunhei de perto sua dedicação e paixão pela área.

A radioterapia é um campo em constante evolução, e a compreensão dos seus fundamentos é essencial para garantir a qualidade e a segurança dos tratamentos. Ter uma obra desta natureza, em português, facilita o aprendizado e a atualização contínua de estudantes e profissionais que atuam no Brasil e em outros países de língua portuguesa.

O autor, além de ser um físico brilhante, possui vocação natural para o ensino. Ele mantém uma relação próxima com residentes médicos e físicos, além dos alunos de dosimetria e do curso de técnicos em radioterapia, o que lhe proporciona uma visão abrangente das demandas desses estudantes. Sempre disposto a compartilhar seu conhecimento, ele orienta as novas gerações de especialistas com dedicação e entusiasmo. Seu compromisso com a

educação é evidente na maneira clara e didática com que aborda temas complexos, tornando o aprendizado mais fácil e interessante.

Preocupado em preparar seus leitores para os desafios profissionais, o autor dedicou-se a incluir neste livro os tópicos mais relevantes e frequentemente abordados em exames de especialização em radioterapia, física médica e dosimetria. Esta abordagem prática e direcionada é um reflexo de sua experiência e compreensão das necessidades educativas de quem busca excelência na área.

Convido todos os leitores a explorarem este livro cheio de conhecimentos, no qual, com certeza, encontrarão um guia valioso para suas carreiras. Esta obra não apenas reforça a competência técnica dos profissionais, mas também inspira uma prática clínica mais segura e eficaz, beneficiando, em última instância, os pacientes que dependem da radioterapia para seu tratamento.

Boa leitura!

Denise Maria de Araujo Magalhães

Radioncologista Pediátrica e Mestre em Saúde Materno-Infantil pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói – RJ.

Sumário

CAPÍTULO 1 Física das Radiações, 1

CAPÍTULO 2 Equipamentos de Radioterapia, 27

CAPÍTULO 3 Grandezas, Detectores e Dosimetria, 41

CAPÍTULO 4 Radiobiologia, 55

CAPÍTULO 5 Radioproteção, 67

CAPÍTULO 6 Aquisição de Imagem do Paciente e Cálculo de Unidade Monitora, 99

CAPÍTULO 7 Acessórios e Blocos para Tratamento, 117

CAPÍTULO 8 Simulação, Deslocamento e Acessórios de Posicionamento, 133

CAPÍTULO 9 Radioterapia Conformacional (3DCRT), 159

CAPÍTULO 10 Radioterapia com Intensidade Modulada, 181

CAPÍTULO 11 Radioterapia Guiada por Imagem, 199

CAPÍTULO 12 Radiocirurgia Intracraniana e Radioterapia Estereotáxica Corpórea, 217

CAPÍTULO 13 Técnicas Especiais de Tratamento e Elétrons, 239

CAPÍTULO 14 Braquiterapia, 257 Índice, 271

2

Equipamentos de Radioterapia

X Objetivos do Capítulo

■ Conhecer os principais tipos de máquinas utilizadas em radioterapia.

■ Conhecer os principais componentes de um acelerador linear.

■ Conhecer as diferenças e características de cada máquina.

INTRODUÇÃO

A radioterapia utiliza radiação ionizante para matar células cancerígenas e divide-se em teleterapia e braquiterapia. Na teleterapia, coloca-se a fonte a certa distância do tumor (geralmente, 80cm nas unidades de cobalto e 100cm nos aceleradores lineares). Na braquiterapia, a fonte é levada até o tumor por meio de aplicadores (ver Capítulo 14, Braquiterapia). Neste capítulo, iremos estudar as máquinas que produzem radiação ionizante: raios X (por meio do método de freamento; são os aceleradores lineares, as unidades de ortovoltagem e

a tomoterapia) e radiação gama (por meio do fenômeno de decaimento radioativo da fonte de cobalto-60 [60Co]).

ACELERADORES LINEARES

Os aceleradores lineares são compostos por uma estrutura aceleradora, um canhão de elétrons, geradores de radiofrequência, geradores de alta tensão, guias de ondas, alvo, colimadores e filtro achatador. A Figura 2.1 mostra os principais componentes de um acelerador linear utilizado em radioterapia no tratamento do câncer.

Magnétron ou Klystron

Bomba de vácuo

Canhão de elétrons

Estrutura aceleradora Bobina magnética Alvo

Colimadores

Guia de onda

■ FIGURA 2.1 Representação esquemática de um acelerador linear com seus principais componentes

Colimador secundário

Colimador primário

Colimadores secundários

Colimador primário Filtro achatador

Lâminas Bi

Câmara de ionização

Espelho/ feixe de luz

espalhadora de elétrons

Colimador secundário

Colimadores superiores

Colimadores inferiores

Lâminas Ai

Colimador terciário

■ FIGURA 2.3 (A a D) Cabeçote do acelerador (A). Colimadores secundários e o colimador multilâminas (MCL) no cabeçote de uma Varian (B). MCL conformando uma lesão irregular (C). Disposição das estruturas dentro do cabeçote: do alvo ao colimador secundário (D)

MLC
Alvo
Feixe de elétrons
Folha
Carrossel

B. Profundidade

C. Tamanho da fonte

D. Distância da fonte ao colimador

E. Distância fonte-superfície

11. Onde ocorre a maior produção de nêutrons em um acelerador linear?

A. Camada de ar entre o cabeçote e o paciente

B. Paciente

C. Folha espalhadora

D. Filtro achatador e colimadores

E. Bobina magnética

12. Em qual das máquinas a seguir pode ocorrer a produção de nêutrons?

A. Acelerador de energia nominal de 6MeV

B. Unidades de 60Co

C. Acelerador linear dual de 6MeV e 15MeV

D. Aparelhos de ortovoltagem

E. Tubos de raios X

13. Quais são os principais responsáveis pelo acelerador linear produzir feixes da ordem de MeV em vez de keV nas unidades de ortovoltagem?

14. Escreva o nome dos componentes do acelerador linear indicados a seguir pelas setas:

15. O físico médico calculou o tempo de tratamento de uma unidade de telecobaltoterapia e obteve o valor de 2,11min e escreveu na ficha de tratamento 2,10min. Essa diferença entre os valores deve-se a quê?

16. Qual é a finalidade do beam stopper nas unidades de 60Co?

A. Reduzir a espessura das barreiras secundárias (feixe espalhado e fuga)

B. Reduzir a espessura das barreiras primárias (feixe primário)

C. Contrapeso para o movimento do gantry

D. Ajudar na aquisição de imagem

E. Reduzir a energia do feixe primário

17. Quais são os dispositivos geradores de radiação ionizante que utilizam radioisótopos como fonte de energia?

A. Tubos de raios X

B. Fontes de nêutrons

C. Bombas de cobalto

D. Aceleradores de partícula

E. Aceleradores de elétrons

18. As ordens de grandeza de energia de feixes de tratamentos de radioterapia e de radiografias de radiodiagnóstico são, respectivamente:

A. Or tovoltagem e megavoltagem

Aquisição de Imagem do Paciente e Cálculo

de Unidade Monitora

X Objetivos do Capítulo

■ Compreender o processo de simulação em radioterapia.

■ Saber realizar cálculos de unidade monitora (UM) com o intuito de evitar acidentes.

■ Conhecer as expressões build-up e givendose.

■ Saber identificar uma curva de perfil de dose e percentual de dose em profundidade (PDD).

■ Saber como tirar um contorno do paciente.

■ Saber fazer uma aquisição de imagem de tomografia computadorizada (TC).

■ Compreender o conceito de número de Hounsfield (HU).

■ Compreender a importância de um sistema de gerenciamento do tratamento.

INTRODUÇÃO

Neste capítulo, iremos detalhar a simulação, 2D e 3D, que determina o início de todo o processo de tratamento do paciente. Além disso, abordaremos como a noção de UM por parte do técnico pode evitar acidentes fatais, como o ocorrido em uma clínica na cidade do Rio de Janeiro.

AQUISIÇÃO DE IMAGEM E PLANEJAMENTO

O planejamento do tratamento dos pacientes em radioterapia é feito por meio da aquisição de imagens, que pode ser bidimensional 2D (filme e contorno) e tridimensional 3D (tomógrafo). A seguir, iremos descrever os dois métodos de aquisição de imagens.

Aquisição de imagem e planejamento 2D

A aquisição de imagem 2D pode ser realizada em simuladores ou na própria máquina de tratamento. O filme é a forma mais comum de

aquisição de imagem desse tipo de simulação – envia-se ele para o setor de física médica para a realização do planejamento. Adquire-se o filme com o paciente na mesma posição de tratamento e com os mesmos acessórios. Ele pode ser feito com o feixe de energias da ordem de quilo elétron-volt (KeV) − feito no simulador ou em um tubo de raios X acoplado no acelerador linear) – ou megaelétron-volt (MeV) utilizando o próprio feixe do acelerador linear. A imagem adquirida no primeiro é muito mais rica em detalhes do que no segundo, conforme mostra a Figura 6.1.

Na primeira imagem, com a energia KeV, ocorre a predominância do efeito fotoelétrico, ou seja, há diferentes absorções, o que produz diferentes tons de cinza entre o branco e o preto na imagem. Chamamos esta característica de contraste. Diferentemente da primeira imagem, a B, com a energia de MeV, tem a predominância do efeito Compton, espalhamento, produzindo uma imagem com poucos tons de cinza, sem o contraste de branco e preto,

■ FIGURA 6.9 (A e B) DVH de próstata. Marcações de cobertura da lesão (PTV) em que 95% do volume recebe 6.500cGy (A). Valor de dose (6.500cGy) para 35% do volume de reto, muito usado na rotina clínica (B)

Simulação, Deslocamento e Acessórios de Posicionamento

X Objetivos do Capítulo

■ Compreender as diferenças entre as técnicas de programação em distância fontesuperficie (SSD) e distância fonte-eixo (SAD).

■ Saber transformar o tamanho de campo de uma técnica para a outra.

■ Compreender as etapas do processo de deslocamento do isocentro do planejamento para o de tratamento.

■ Saber calcular o fator de magnificação de um filme de programação.

■ Saber identificar os parâmetros ósseos necessários em uma programação de emergência.

■ Saber qual acessório usar na simulação e no tratamento dos principiais sítios.

INTRODUÇÃO

A simulação adquire as imagens dos pacientes, com os acessórios de posicionamento para cada sítio, que serão usadas para delineamento e planejamento do tratamento. Este último gera uma coordenada (x, y e z) dos campos de tratamento que podem ser diferentes das marcações de origem feitas na tomografia de simulação. Quando forem diferentes, convém fazer um deslocamento das coordenadas, que pode ser realizado no simulador ou na sala de tratamento. Tais etapas antecedem o tratamento do paciente. A simulação e o deslocamento serão discutidos neste capítulo.

TÉCNICA DE TRATAMENTO: DISTÂNCIA FONTE-SUPERFÍCIE E DISTÂNCIA FONTE-EIXO

Existem duas técnicas de tratamento em radioterapia com relação à posição do isocentro do aparelho: distância fonte-superfície (SSD) e distância fonte-eixo (SAD [isocêntrico]). Na primeira, o isocentro está na superfície do paciente e, na segunda, ele está na profundidade

de tratamento. Na técnica de SAD, o paciente fica mais próximo do cabeçote do aparelho, já que a distância fonte-superfície é menor que 100cm (nos aceleradores lineares) ou 80cm (nas unidades de cobalto). Isso acarreta uma dose maior na pele e uma probabilidade maior de colisão do gantry com a mesa, principalmente se estiver usando blocos, do que na técnica de SSD. A vantagem da técnica de SAD é que se posiciona o paciente apenas uma única vez para todos os campos, o que não acontece na outra técnica. Isso porque cada campo tem um isocentro diferente. Assim, o técnico precisa entrar na sala para posicionar o paciente em cada campo de tratamento. A técnica de SAD também é conhecida como isocêntrica. Para entendermos por que a SSD é diferente de 100cm ou 80cm na técnica isocêntrica, o técnico primeiro precisa medir a distância anteroposterior (DAP) ou a distância laterolateral (DLL) do paciente com o espessômetro, conforme mostra a Figura 8.1. Vamos supor um tratamento anteroposterior, ou seja, dois campos, e um DAP medido pelo técnico de 12cm. Se a prescrição do médico for na linha

■ FIGURA 8.7 (A a C) Dois tipos de máscaras (longa e curta) (A e B) e os vários suportes (C)

■ FIGURA 8.8 (A e B) Campos hemibloqueados utilizados nos tratamentos de cabeça e pescoço. (A) Visão lateral e (B) visão frontal

■ FIGURA 8.9 Abaixador de ombros

A
B C
A B

14

Braquiterapia

X Objetivos do Capítulo

■ Saber o que é braquiterapia.

■ Conhecer as maneiras de se classificar a braquiterapia.

■ Saber as vantagens e desvantagens da braquiterapia em relação à teleterapia.

■ Conhecer as principais fontes utilizadas em braquiterapia.

■ Compreender como a dose é calculada.

■ Ter noção de braquiterapia 3D.

■ Compreender a braquiterapia 2D ginecológica.

INTRODUÇÃO

A radioterapia divide-se em teleterapia e braquiterapia. Na primeira, a fonte está a certa distância do tumor e, na segunda, coloca-se a fonte de radiação em contato com o tumor.

Na braquiterapia, a radiação é emitida por radionuclídeos (núcleos de átomos instáveis que emitem radiação) blindados (selados) para evitar a contaminação do paciente com o material radioativo, ao contrário do que ocorre na medicina nuclear, na qual as fontes não são seladas.

A braquiterapia pode ser utilizada como única forma de tratamento ou em combinação com outras técnicas terapêuticas, como a cirurgia, a teleterapia e a quimioterapia. Um dos aspectos fundamentais da terapia de contato com aplicadores é o fato de a dose de radiação ser praticamente entregue na periferia do aplicador. Ou seja, a dose mostra-se muito alta nas proximidades do aplicador e diminui rapidamente, conforme nos afastamos deste (Figura 14.1). Consequentemente, a irradiação dos tecidos sadios, circunvizinhos ao tumor, é bem reduzida quando comparada com a teleterapia. No entanto, essa técnica somente é possível para tumores de fácil acesso (no qual se pode levar a fonte por meio de aplicadores)

e de volumes pequenos. Isso porque, se o tumor for grande, a distância entre o centro e a periferia dele também será grande. Além disso, como a dose no centro do tumor é alta e a distribuição de dose, na terapia de contato, diminui rapidamente com a distância, a variação de dose do centro à periferia será alta do mesmo modo. Isso resultará em uma grande variação de dose ao longo do tumor, além da considerada normal para braquiterapia, que já tem uma distribuição muito menos homogênea com relação à teleterapia. Devido a essas duas limitações, a teleterapia mostra-se mais difundida que a braquiterapia. O problema do tamanho do tumor pode ser amenizado ao se utilizar muitos cateteres e, assim, a dose é mais bem distribuída ao longo do volume. Quanto maior o tumor, maior será o número de cateteres necessários para se ter uma distribuição de dose mais uniforme, nos padrões da braquiterapia, ao longo do tumor.

BRAQUITERAPIA GINECOLÓGICA BIDIMENSIONAL (2D)

A Figura 14.1 mostra a variação de dose em um tratamento de colo de útero, em que são inseridos dois aplicadores: uma sonda (tandem),

■ FIGURA 14.6 Histograma dose-volume típico de uma braquiterapia com a curva do alvo à direita

recomendações do GEC-ESTRO. Os valores adotados para a avaliação de um plano de braquiterapia ginecológica 3D, utilizando o ICRU 89 e as recomendações do GEC-ESTRO, são:

■ D98, D90 e D50 para avaliação do PTV, CTV e GTV.

■ V100 do CTV de alta resolução.

■ Dose em 0,1cc e 2cc para bexiga, reto, sigmoide e intestino delgado.

■ cc = centímetros cúbicos.

■ D98 = dose em 98% do volume.

■ D90 = dose em 90% do volume.

■ D50 = dose em 50% do volume.

■ V100 = volume que recebe 100% da dose.

CÁLCULO DA DOSE

O cálculo da dose a partir de uma fonte de radiação depende, sobretudo, do tamanho da mesma: pontual ou extensa.

Fonte pontual

A taxa de exposição (X/dt) pode ser determinada utilizando-se a seguinte equação: X dt A d = Γ 2

Em que:

A: atividade da fonte. d: distância da fonte ao ponto de interesse (ponto distante da fonte onde se quer calcular a taxa de exposição).

Γ: constante que converte atividade em taxa de exposição. Cada radionuclídeo tem um valor diferente para essa constante. Também conhecida como “gamão”.

A taxa de dose (ou simplesmente a dose) no ar pode ser obtida convertendo a exposição (X) para dose. Para tal, basta considerar a condição de equilíbrio de partículas carregadas e utilizar a seguinte equação:

Dosear (cGy) = 0,876 × X (R)

Em que:

X: a exposição em Roentgen.

Obtém-se a dose no tecido multiplicando a dose no ar pela razão de coeficientes de atenuação mássico de absorção de energia do tecido pelo do ar, conforme mostra a seguinte equação:

Dose tecido (cGy) = Dosear × µen/ρtecido,ar

Em que:

µen/ρtecido,ar: razão de coeficiente mássico de absorção de energia tecido-ar.

Fonte extensa

Considera-se uma fonte extensa de comprimento L na qual se quer determinar a dose em um ponto P separado da fonte pela distância (d). A Figura 14.7 mostra um desenho esquemático dessa situação.

Índice

AAceleradores lineares, 27, 28, 32

- com ressonância magnética, 211

Acessórios de posicionamento, 117, 133

- e a irradiação dos principais sítios, 138

- - cabeça e pescoço, 138

- - mama, 141

- - próstata, 143

- - reto, 146

- - tórax, 147

Alcance, 18

Aparelho(s)

- de ortovoltagem, 36

- - e terapia superficial, 35

- de tomoterapia, 35

Aquisição de imagem

- do paciente, 99

- e planejamento 2D, 99

- e planejamento 3D, 102

Atenuação de um feixe de fótons, 16

Ativação, 11

Atividade, 7, 8, 42

Átomo, 1

Avisos luminosos na sala de tratamento, 79

B

Barreira

- direta, 71

- primária, 87, 90

- protetora

- - primária, 83

- - secundária, 83

- redutora

- - de consequência, 71

- - de frequência, 72

- secundária, 88, 90

Blindagem, 76

Blocos de conformação, 126

- versus colimadores multilâminas, 126

Bólus, 117, 119, 120

Braquiterapia, 257

- classificação da, 263

- ginecológica bidimensional (2D), 257

- tipos de fontes, 266

- tridimensional (3D), 261

CCálculo

- da espessura da barreira, 86-88

- - primária, 87

- - secundária, 88

- de blindagem, 83

- de unidade monitora, 99

- final da dose, 189

Calibração, 45, 48, 49

- cruzada, 48

Campo direto com fótons, 164

Características do feixe de tratamento, 107

Carga de trabalho, 85

Células tumorais, 61

Classificação

- das áreas, 78

- dos efeitos das radiações ionizantes, 58

Coeficiente de atenuação linear, 16

Colagem do bloco, 127

Colchão a vácuo (Vaclock®), 123

Colimador multilâminas (MLC), 126

Cone beam, 35

Confecção do bloco, 126

Controle de qualidade em radioterapia guiada por imagem, 207

Conversão da fluência ótima nas condições reais de movimento das lâminas, 189

Cristais opticamente estimulados (OSL), 50

Curva(s)

- de isodoses, 102

- de respiração, 228

D

Decaimento radioativo, 6

Delineamento radiocirurgia, 223

Deslocamento, 133, 135

Desprendimento da fonte na sala de tratamento, 80

Detectores, 41

- a gás, 42, 43

Dispositivos e procedimentos de emergência em radioterapia em casos de possíveis acidentes, 77

Distância, 76, 133

- fonte-eixo, 133

- fonte-superfície, 133

Dois campos oblíquos, 169

Dose(s)

- absorvida, 42

- efetiva, 69

- equivalente em tecido ou órgão, 68

- no paciente devido à radioterapia guiada por imagem, 206

Dosimetria, 41, 45

- e calibração do acelerador linear, 44

Dosímetro

- opticamente estimulado (OSL), 50, 73

- termoluminescente (TLD), 50, 73

E

Efeito

- Compton, 13, 14

- determinístico, 58

- direto, 55

- fotoelétrico, 11, 13

- indireto, 55

Entrada de dados, 185

Equipamentos de radioterapia, 27

Equipe e equipamentos mínimos de um serviço de radioterapia, 81

Equivalente

- biológico de dose (BED), 61

- uniforme de dose (EUD), 63

Espessura da porta, 89

Excitação, 11

Exposição, 41

- externa, 74

- interna, 77

F

Fan beam, 35

Fases do ciclo celular, 59

Fator(es)

- bandeja, 111

- de correção da leitura, 46

- de ocupação, 84

- de uso, 85

- espalhamento de pico, 111

- filtro, 111

- fora do eixo central, 111

Feixe

- de elétrons, 245, 247

- útil, 84

Filtro, 38, 121, 122

- achatador, 38

Física das radiações, 1

Fonte

- extensa, 262

- pontual, 262

GGeradores de alta tensão, 28

Grandezas

- limitantes, 68

- radiológicas básicas, 41

- utilizadas

- - em radioproteção, 68

- - no cálculo de barreiras, 84

H

Hard colision, 17

Histograma dose-volume (DVH), 63

IImagem(ns)

- de tomografia com feixe cônico de quilovoltagem, 203

- planares (kV-Kv), 202, 208

- planares (MV-MV), 201, 207

- tridimensionais, 208

IMRT (radioterapia com intensidade modulada), 50, 181, 182, 184, 185, 189, 193

Índice

- de conformidade (IC), 226

- de conformidade de Paddick (ICP), 226

Indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE), 77

Instabilidade artificial, 7

Interação da radiação

- corpuscular com a matéria, 17

- eletromagnética com a matéria, 11

- ionizante com células humanas, 55

Ionização, 11

Irradiação

- além do previsto, 79

- de corpo total, 239

- não intencional de pessoas, 78

- total de pele, 250

JJustificação, 69

K

Kerma, 42

LLei da atenuação de um feixe de fótons, 16

Levantamento radiométrico, 90

Limitação, 70

M

Magnificação do filme, 137

Máscaras termoplásticas, 123

Meia-vida, 8

Métodos de exposição, 74

Modalidades de IGRT e o melhor tipo para cada sítio, 201

Modelo

- atômico de Bohr, 2, 5

- dose-resposta, 63

- linear-quadrático, 62

Monitor de TV e o intercomunicador oral, 79

Monitoração individual, 73

N

Não recolhimento da fonte, 80

Neuroeixo, 241

Nêutrons, 77

Número de Hounsfield, 102, 103

O

Otimização, 70, 187

P

Par oposto, 166

Partículas

- alfa, 10, 76

- beta, 76

Penumbra, 33

Planejamento

- do tratamento bidimensional, 160

- radiocirurgia intra- e extracraniana, 223

- tridimensional conformacional, 161

Prevenção de acidentes, 71

- com acelerador linear, 78

- com unidade de cobalto, 79

- na braquiterapia, 80

Princípios de radioproteção, 69

Probabilidade de controle tumoral (TCP), 62

Processo

- de produção

- - da ponte de anáfase, 57

- - do anel, 57

- - do dicêntrico, 57

Produção de pares, 14

Protocolo de radioterapia guiada por imagem, 204

QQuatro campos, 171

R

Radiação(ões)

- beta

- - negativa (elétron de origem nuclear), 9

- - positiva (pósitron), 9

- corpuscular, 4, 9

- de fuga, 84

- diretamente ionizantes, 4

- eletromagnética (gama e X), 2, 76

- espalhada, 84

- gama, 8

- indiretamente ionizantes, 4

- ionizante, 2, 4

- oriunda

- - da eletrosfera, 5

- - do núcleo, 5

- primária, 84

Radioatividade, 6

Radiobiologia, 55

Radiocirurgia intracraniana, 217

Radionuclídeos, 8

Radioproteção, 67

Radiossensibilidade das células humanas, 59

Radioterapia

- adaptativa, 205

- breve histórico da, 159

- com intensidade modulada (IMRT), 50, 181

- - com gantry

- - - dinâmico, 182

- - - fixo, 182

- - com tomoterapia, 184

- - controle de qualidade de um paciente específico de, 193

- - desafios, 189

- - etapas da técnica de, 185

- conformacional, 159

- estereotáxica corpórea, 217, 227

- evolução da, 160

- guiada

- - pela superfície (SGRT), 211

- - por imagem, 199, 200

- - - como redução de erros sistemáticos e randômicos, 200

- intraoperatória, 249

Raios X

- característicos, 5

- por freamento, 5

Range continous slowing down approximation, 18

Região

- das câmaras de ionização, 43

- de descarga elétrica contínua, 44

- do Geiger-Müller, 44

- não proporcional, 44

- proporcional, 44

Ruptura do cateter, 80

SSimulação, 133

- de emergência, 138

- radiocirurgia, 220

Soft colision, 17

Stopping power, 17, 18

TTécnica(s)

- com intensidade moduladas, 181

- conformacional, 164

- especiais de tratamento e elétrons, 239

Tecnologias em radioterapia guiada por imagem, 209

Tempo, 76

Teoria cavitária de Bragg-Gray, 44

Terapia

- rotatória, 172

- volumétrica em arco com modulação da intensidade (VMAT), 50

Teste de Winston-Lutz, 227

Transponders emissores de radiofrequência, 209

Tratamento com feixe de elétrons, 245

Três campos (anterior/posterior e dois laterais), 170

U

Umbra, 108

Unidade(s)

- de telecobaltoterapia, 32

- de tomoterapia, 36

- monitoras, 29, 107

Vida média, 8

Princípios Físicos e Técnicos em Radioterapia – 2a edição, apresenta 14 capítulos revisados e atualizados mantendo a essência do sucesso da versão anterior, que soma, ao texto de qualidade, imagens, ilustrações e exercícios no final de cada capítulo. Com um conteúdo mais amplo, essa nova edição também foi pensada em fornecer um material de estudos para os médicos radioncologistas que irão prestar o exame da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e para os dosimetristas que irão prestar o exame da Associação

Brasileira de Dosimetristas (ABD).

Esta obra não apenas reforça a competência técnica dos profissionais, mas também inspira uma prática clínica mais segura e eficaz, beneficiando, em última instância, os pacientes que dependem da radioterapia para seu tratamento.

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