Ano 8 | Nº 87 | Dezembro de 2017 - Janeiro de 2018
www.revistafundacoes.com.br ISSN 2178-0668 | R$ 27,00
TRABALHO DE IMPERMEABILIZAÇÃO É DESTAQUE EM PROJETO
Obras de proteção contra DESASTRES AMBIENTAIS
GEOMIN 2017
Retomada do CRESCIMENTO DA INFRAESTRUTURA
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CONSELHO EDITORIAL São Paulo • Paulo José Rocha de Albuquerque • Roberto Kochen • Álvaro Rodrigues dos Santos • George Teles • Paulo César Lodi • José Orlando Avesani Neto • Eraldo L. Pastore • Sussumu Niyama • Fernando Henrique Martins Portelinha Minas Gerais • Sérgio C. Paraíso • Ivan Libanio Vianna • Jean Rodrigo Garcia Pernambuco • Stela Fucale Sukar Bahia • Moacyr Schwab de Souza Menezes • Luis Edmundo Prado de Campos Rio de Janeiro • Bernadete Ragoni Danziger • Paulo Henrique Vieira Dias • Mauricio Ehrlich • Alberto Sayão • Marcio Fernandes Leão Distrito Federal • Gregório Luís Silva Araújo • Renato Pinto da Cunha • Carlos Medeiros Silva • Ennio Marques Palmeira Rio Grande do Sul • Miguel Augusto Zydan Sória • Marcos Strauss Rio Grande do Norte • Osvaldo de Freitas Neto • Carina Maia Lins Costa • Yuri Costa Espírito Santo • Uberescilas Fernandes Polido
Associações que apoiam a revista
ARTIGO 1 Tiago Ataide Lucas eng.civil.tal@gmail.com Fábio Krueger da Silva fabio.krueger@ifsc.edu.br ARTIGO 2 Mariana Barbosa Juarez mbjuarez15@hotmail.com Fernando Luiz Lavoie fernando.lavoie@maua.br
Fundador e idealizador: Francisjones Marino Lemes (in memoriam) Coordenação editorial e marketing: Jenniffer Lemes (jenni@revistafundacoes.com.br) Colaboradores: Gléssia Veras (Edição); Dellana Wolney (texto), Dafne Mazaia (Redes Sociais); Rosemary Costa (Revisão); Patricia Maeda (Projeto Gráfico); Agência Bud (Diagramação/Arte); Melchiades Ramalho (Artes Especiais) Contatos Pautas: glessia@revistafundacoes.com.br Assinaturas: assinatura@revistafundacoes.com.br Publicidade: publicidade@revistafundacoes.com.br Financeiro: financeiro@revistafundacoes.com.br Foto de capa: Divulgação Miaki Impressão: Gráfica Elyon Importante • A revista Fundações & Obras Geotécnicas é uma publicação técnica mensal, distribuída em todo o território nacional e direcionada a profissionais da engenharia civil. Todos os direitos reservados à Editora Rudder. Nenhuma parte de seu conteúdo pode ser reproduzida por qualquer meio sem a devida autorização, por escrito, dos editores. • A publicação segue o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. • Esta publicação é avaliada pela QUALIS, conjunto de procedimentos utilizados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e encontra-se atualmente com classificação B4. • As seções “Coluna do Conselho”, “Artigo”, “Espaço Aberto”, “Opinião”, “Riscos Geológicos e Geotécnicos” e “Memória de Cálculo” são seções autorais, ou seja, têm o conteúdo (de texto e fotos) produzido pelos autores, que ao publicarem na revista assumem a responsabilidade sobre a veracidade do que for exposto e o devido crédito às fontes utilizadas.
COLUNA DO CONSELHO Márcio Leão marciotriton@hotmail.com
NOTÍCIA 1 ABGE – www.abge.org.br ABMS – www.abms.com.br
EM FOCO Maccaferri – www.maccaferri.com/br/
REPORTAGEM Via Assessoria de Imprensa: Vinicius Garcia – Marketing RM Revestimentos (11) 2164-4340 www.miaki.com.br
GEOTECNIA AMBIENTAL GEGEO – https://gegeotecnia.wixsite.com/gegeoufpr NOTAS GEOMIN – geominouropreto.com.br BASF Brasil – www.basf.com
Fundações e Obras Geotécnicas
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EDITORIAL PAUTAS PARA 2018
Desde de 2012 a revista Fundações & Obras Geotécnicas começou o desenvolvimento de um manual de padronização e estilo que orientasse sobre a publicação em cada uma das seções de nosso periódico. O objetivo desde a sua criação é explicar ao que se destina aquela seção, como funciona, quais são os conteúdos de texto e imagem necessários para a sua composição e também as etapas para que isso ocorra, explicando desde os primeiros contatos dos jornalistas com os entrevistados até o momento da publicação, envio de exemplares, concessão do arquivo digital para uso etc. A sua criação foi motivada especialmente pela novidade e, às vezes, pelas divergências que são causadas nos primeiros contatos para a realização de uma matéria em relação às linguagens utilizadas entre duas áreas tão diferentes: a utilizada na comunicação jornalística e na engenharia civil. O resultado foi motivador: o manual se mostrou uma ferramenta extremamente didática e ilustrativa do processo de produção e finalização da revista e ampliou o nosso alcance nos contatos para as matérias, assim como também se tornou uma ferramenta de grande utilidade para a continuidade do título, mantendo o padrão que ele possui. Em 2018 faremos uma nova edição do manual e contamos com a participação de nossos leitores com críticas e sugestões do que deve ser acrescentado no novo formato.
A revista Fundações & Obras Geotécnicas quer saber quais pautas você gostaria de ler nas edições de 2018? Além disso, também gostaríamos de saber quais são as seções mais interessantes e aquelas que você não se identifica dentro da publicação? Também são bem-vindas sugestões de novas seções, entrevistados para temas e eventos a serem realizados pela revista. Envie um e-mail com as suas sugestões para: glessia@revistafundacoes.com.br
DA REDAÇÃO
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Freepik
MANUAL DA PUBLICAÇÃO
mídias sociais
EDIÇÃO CONJUNTA
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A revista Fundações & Obras Geotécnicas vem passando por uma série de reformulações para manter-se ativa e em circulação no segmento. Dessa forma, algumas soluções são tomadas para que possamos continuar produzindo nosso periódico. Excepcionalmente nesta edição (ED.87) consideraremos dois meses de publicação: dezembro de 2017 e janeiro de 2018. A publicação volta ao normal em fevereiro de 2018.
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Fundações e Obras Geotécnicas
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REPORTAGEM Trabalho de impermeabilização é destaque em projeto
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16 NOTÍCIA
Workshop discute retomada do crescimento da infraestrutura brasileira
20 ARTIGO
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EM FOCO Obras de proteção contra desastres ambientais
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GEOTECNIA Parceria entre GEGEO e TETO promove melhorias geotécnicas em comunidades carentes do Paraná
Aspectos geotécnicos da construção de um flocodecantador: obra de ampliação da estação de tratamento de água José Pedro Horstmann no município de Palhoça
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28 ARTIGO
Estudo da Utilização de Tubos de Geotêxtil como Dique de Contenção em Áreas Costeiras
SEÇÕES
06 Jogo Rápido 08 Coluna do Conselho 49 Notas
46 Fundações e Obras Geotécnicas
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Jogo Rápido
por Dellana Wolney
A importância das calçadas
O consórcio composto pelas empresas Acciona Água e GEL será responsável pelo projeto, construção e assistência à operação de um Sistema de Tratamento de Águas Residuais localizado em Santa Cruz do Capibaribe (PE). O contrato avaliado em, aproximadamente, 98,9 milhões de reais prevê a melhoria da água lançada no rio Capibaribe. A ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) projetada terá vazão para 400 litros por segundo e contará com mais de 17,6 km de interceptores, 1,3 km de emissários e quatro estações elevatórias.
Um levantamento da OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) revela que menos de 10% das calçadas existentes nas principais capitais brasileiras estão adequadas às normas técnicas previstas. Grande parte está construída inadequadamente e apresenta problemas estruturais como falta de acessibilidade e iluminação. A ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) tem participado de iniciativas com intuito de enfatizar a importância das boas práticas na construção de calçadas e dentro deste contexto foi criada a inciativa “Soluções para Cidades”, cujo funcionamento sistematizado inspira os tomadores de decisões brasileiros a desenvolverem programas que priorizem a construção adequada das calçadas.
Foto: Acervo Designboom
Desenvolvimento
Inovação Um projeto grandioso do escritório de arquitetura Oiio tem chamado atenção do mundo. O Big Bend, que será construído em Nova York, nos Estados Unidos possui um conceito inovador que abrange duas torres de 600 m de altura, interligadas por um arco em formato de “U” invertido. A intenção é que o empreendimento alcance 1.219 m de extensão. Localizada próxima ao Central Park, a área onde será construído o Big Bend já está reservada e ocupará dois terrenos na Billionaires’ Row.
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Fundações e Obras Geotécnicas
Coluna do Conselho
ATÉ ONDE SE PODE CONTAR COM A SORTE NAS OBRAS DE ENGENHARIA?
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O crescimento acelerado da população exige, não apenas, que o meio ambiente se adapte às novas solicitações impostas, como a infraestrutura acompanhe essa demanda. Entre idealizar e executar um projeto, muitos estudos técnicos são fundamentais para que o conhecimento integrado em todas as suas instâncias, colabore para o sucesso de uma obra. Será que assim conseguiríamos prever o antes, o durante e o depois? Infelizmente, os materiais geológicos (solos, sedimentos e rochas), não são passíveis de serem controlados. A cada dia surgem softwares e modelos matemáticos que buscam a previsão mais realística possível do comportamento desses materiais quanto às solicitações impostas. Existe um limiar entre o empirismo e a realidade, explicado pelas propriedades intrínsecas de solos e rochas. Apesar de muitas técnicas disponíveis e praticadas ao melhoramento das características desses materiais, é fundamental que se compreenda a evolução desse processo frente às solicitações impostas em obras de engenharia. Hoje um talude está estável, mas e amanhã? Essa pergunta deve ser replicada as diversas obras. Como poderíamos prevenir e mitigar riscos? Toda ação antrópica, desde a construção de uma moradia sobre um terreno, como também a escavação de um maciço rochoso, impõem mudanças no estado natural de tensões. Some esse fato aos processos como o intemperismo. Comum em países como o Brasil e responsáveis por degradar as características físicas, químicas e mecânicas, mudando de forma não linear a resistência, a deformação
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Fundações e Obras Geotécnicas
e a permeabilidade, principalmente quando tratamos de rochas brandas. Apesar de todas essas particularidades existiria uma maneira de prever ou entender o comportamento dos materiais geológicos? Sim! A instrumentação geotécnica há muito tempo utilizada e difundida em obras de engenharia de todas as magnitudes, representando cerca de 2% a 3% do orçamento global de um projeto. Parece pouco? É pouco, principalmente considerando obras tão grandiosas, como barragens e túneis, cujo colapso pode ceifar muitas vidas, além de gerar transtornos ambientais, econômicos e sociais. O professor Paulo Cruz, já dizia que uma campanha de instrumentação, próxima ao ideal, deveria ser iniciada com todas as perguntas: “Por que instrumentar?”, “O que instrumentar?”, “Onde instrumentar?”, “Como instrumentar?”, “Quais os níveis e os critérios previstos em projeto?” e “Quais providências adotar se os níveis estabelecidos forem ultrapassados?”, e que no final todas fossem respondidas. Instrumentar corretamente uma obra não significa 100% de sucesso, todavia garante que muitas decisões possam ser tomadas a um risco mínimo. Se considerarmos esse contexto nas obras em andamento ou concluídas, imagine as que estão interrompidas ou abandonadas? O monitoramento deve ser redobrado e contínuo! Vemos constantemente, problemas geológico-geotécnicos relacionados ao falho acompanhamento das condições dessas obras, seja pela ausência de leitura e manutenção de instrumentos, seja pela falta de visitas técnicas regulares, por exemplo.
> MARCIO FERNANDES LEÃO é geólogo, com MBA (Master of Business Administration) em Gerenciamento de Projetos pela USP (Universidade de São Paulo), mestre em Geotecnia pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), mestre e doutor em Geologia de Engenharia e Ambiental, pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atualmente é pesquisador do LEMETRO-UFRJ (Laboratório de Experimentos em Mecânica e Tecnologia das Rochas), com ênfase em Mecânica das Rochas, Solos e Ensaios Laboratoriais. É coordenador da Seção Geotecnia Ambiental da revista Fundações & Obras Geotécnicas e membro de várias associações técnico-científicas dentre elas a ABMS e a ABGE.
Arquivo pessoal
Não estamos mais na época da tentativa e erro ou do acerto ao acaso. Quando esse momento ocorreu na história da engenharia, o esforço profissional permitiu que muitas áreas, como a geologia de engenharia e engenharia geotécnica evoluíssem tecnicamente. Hoje dispomos de conhecimento e recursos cada vez mais avançados, mas parece que conceitos básicos andam esquecidos. Executar uma obra ou mesmo abandoná-la, sob a ação contínua dos processos geológico-geotécnicos, baseada puramente na “sorte”, não é apenas irresponsável, é criminoso.
Reportagem
Trabalho de impermeabilização é destaque em projeto MMA (Resina de Metil Metacrilato) foi um dos componentes presentes na solução de impermeabilização
Fotos: Divulgação Miaki
por Dellana Wolney
Vista aérea da cúpula do teatro digital
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Fundações e Obras Geotécnicas
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Recentemente o empreendimento Praça Pamplona passou por uma reformulação no seu projeto. A finalidade das intervenções foi modernizar e ao mesmo tempo preservar o desenvolvimento arquitetônico do conjunto e a configuração plástica de cada um de seus
edifícios. O casarão presente em uma área de aproximadamente 6 mil m² durou até o final de 1950, dando espaço, posteriormente, ao Instituto de Física Teórica, que hoje também divide a área com um teatro digital (planetário) e uma casa tombada pelo patrimônio histórico. As intervenções feitas recentemente no complexo multiuso, com mais de 36 mil m² de área construída, abrangeram etapas desafiadoras, por exemplo, a impermeabilização da cúpula do teatro digital, caracterizada por ser uma meia esfera aberta que abriga um planetário. A MMA (Resina de Metil Metacrilato) foi um dos componentes presentes na solução de impermeabilização, elaborada pela empresa Miaki Revestimentos que atendeu a demanda de encontrar uma solução para uma superfície de concreto projetado irregular e áspera, sem descaracterizar a superfície e ainda ter total cobertura, penetrando por toda superfície sem deixar falhas. Este sistema moldado in loco à base de MMA fornecida pela Evonik sob a marca DEGADUR®, somado aos flakes (flocos de tinta), permitiu que a concepção arquitetônica planejada fosse atendida em todos os seus aspectos, incluindo textura, cor e forma. O trabalho abrangeu componentes técnicos de impermeabilização e componentes estéticos da cor, brilho e efeito, pois ao mesmo tempo em que apresentou durabilidade e resistência, também viabilizou a criação de efeitos estéticos. A MMA está inserida em um grupo de resinas ésteres que, devido
Detalhes da cúpula
Fundações e Obras Geotécnicas
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Reportagem
Aplicação da MMA (Resina de Metil Metacrilato) na impermeabilização
às suas propriedades diferenciadas, permitem múltiplas formas de aplicações. No setor de construção, por exemplo, as resinas reativas à base de metacrilato como esta, têm sido usadas durante décadas para proteger superfícies. No Brasil, o material ganhou mais espaço pelo seu desempenho, que é bem superior aos outros produtos similares, bem como à rapidez que exerce durante a fase de aplicação e liberação de área e versatilidade para a fase de acabamentos, encaixando-se em diversas espessuras e acabamentos. Outro grande benefício é a sua 12
Fundações e Obras Geotécnicas
cura rápida, mesmo em temperaturas mais baixas, ou que representa tempos curtos de interrupção e perda mínima de produção. A MMA possui ainda resistência aos raios UV (Ultravioletas), ou seja, não se desgasta facilmente quando submetido a algumas condições climáticas. Pela sua resistência mecânica e química é altamente eficiente para proteção e reparo de superfícies de concreto, podendo ser empregado em obras de estádios, aeroportos, hotéis, cozinhas industriais, halls de acesso, áreas de exposição entre outros.
PROCESSO A gerente comercial de impermeabilização da empresa Miaki, Elisabeth Fernandes conta que impermeabilizar toda a cobertura da concha acústica do teatro digital, sem alterar o seu aspecto arquitetônico e agregar uma estética diferenciada, baseada em flocos de tinta multicoloridos, imitando uma concha marinha foi um dos objetivos desta etapa da obra. “Antes de decidir executar a base de metilmetacrilato, não havíamos encontrado nada similar no mercado que pudesse atender todas as necessidades exigidas, como a rápida aplicação”, revela.
Reportagem
A execução da impermeabilização foi feita a partir da etapa de preparação da área, que abrangeu: remoção de contaminações, sujeiras e partes soltas de toda a área, bem como lixamento e limpeza do local a ser impermeabilizado; aplicação do primer PMMA, que é um promotor de aderência entre o substrato e a membrana PMMA; arremates em PMMA, que abrange o encapsulamento de ralos, tubulações, rodapés e todas as interferências e pontos frágeis com o tecido estruturante e membrana PMMA. Em seguida foi feita a aplicação da membrana PMMA, que é flexível e 14
Fundações e Obras Geotécnicas
capaz de suportar as movimentações da base mantendo a integridade do sistema; aplicação do acabamento PMMA, que é uma camada mais rígida para suportar o tráfego de pessoas, além de ser estética, podendo ser adicionada com flocos de tinta; aspersão dos flocos de tinta sobre o acabamento e, por fim, aplicação de verniz incolor. Embora a arquitetura tenha priorizado a forma e a textura que remetia às conchas que carregavam pérolas por associar-se à ideia de um berçário de estrelas e, portanto, de um planetário, o arquiteto Samuel Kruchin conta que houveram alguns fatores desa-
fiadores para conceber este conceito. “Tínhamos um grande problema: não encontrávamos uma solução técnica que permitisse dar expressão a esta ideia. Todas as alternativas levavam a uma solução convencional muito distante do desejado”, revela. Ele diz que nesse sentido, a solução encontrada pela Miaki foi absolutamente decisiva para aproximarem a concepção e realização da obra, pois foi ela que deu o toque fundamental para o efeito expressivo e para a abertura de alternativas plásticas que ampliaram sobremaneira as possibilidades de projeto.
Fotos: Dellana Wolney / Editora Rudder
Notícia
Plateia do workshop “Projetos Estruturantes para a Infraestrutura Brasileira”
Workshop discute retomada do crescimento da infraestrutura brasileira Profissionais apresentaram propostas relacionadas aos modelos de investimentos que devem ser feitos no País por Dellana Wolney
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Fundações e Obras Geotécnicas
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No dia 22 de novembro aconteceu em São Paulo o workshop “Projetos Estruturantes para a Infraestrutura Brasileira”, que ficou marcado como o primeiro encontro após a Carta Manifesto feita em setembro, com a finalidade de propor a retomada organizada da economia do Brasil. De acordo com o documento, a crise econômica atual deve ser superada e, com isso, demandará grandes esforços nas áreas de infraestrutura de transportes, energia, saneamento etc. A junção das entidades técnicas prevê que se não houver planejamento e organização preliminar, essas demandas não poderão ser atendidas de forma adequada. Esta iniciativa deve partir dos órgãos públicos, bem como dos agentes que também participam desse importante segmento. Com a
Carta Manifesto, a ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia), juntamente com a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), tem aberto um debate entre todas as esferas envolvidas, para que sejam apresentados à sociedade estudos e projetos de engenharia necessários para recolocar o País novamente na rota de crescimento. Desta forma, o workshop que reuniu 40 participantes abordou o status atual da infraestrutura brasileira e os possíveis investimentos no setor. Quatro palestrantes de diferentes áreas deram a sua contribuição profissional para o mesmo fim. O engenheiro e presidente da ITA (International Tunnelling and Underground Space Association), Tarcísio Barreto Celestino foi o pri-
O engenheiro e presidente da ITA (International Tunnelling and Underground Space Association), Tarcísio Barreto Celestino
Fundações e Obras Geotécnicas
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Notícia
meiro a se apresentar. Na ocasião, ele revelou, por meio de alguns dados de pesquisa, a situação desanimadora da infraestrutura brasileira, que ocupa a 123ª posição na colocação do Fórum Econômico Mundial. Com esses números, Celestino exemplificou os gastos gerados, devido à má qualidade da pavimentação das estradas brasileiras. Para ele, apesar de o Brasil ter excelentes profissionais na área de infraestrutura, falta planejamento e investimento. Ele também explanou sobre a péssima qualidade da Rodovia Mogi-Bertioga e sobre a importância das estruturas subterrâneas tanto para a qualidade do transporte, quanto do ponto de vista sustentável. Celestino ainda citou com indignação uma proposta do governo de facilitar a entrada de engenheiros estrangeiros no Brasil, pois a visão pública é de que o “nó da infraestrutura” está na carência desses profissionais, quando na verdade dispomos de profissionais extremamente capacitados. “Temos muitos engenheiros qualificados e
O arquiteto e professor da FAUUSP, João Sette Whitaker
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Fundações e Obras Geotécnicas
O advogado Mauro Augusto Perez
competentes na rua da amargura. Então o ‘nó da infraestrutura’ não existe pela falta de engenheiros, mas sim pela falta de políticas de incentivo ou de organização para que também exista investimento privado”. MULTIDISCIPLINARIDADE O advogado Mauro Augusto Perez ministrou uma palestra mais voltada aos investimentos na infraestrutura e aos seus aspectos legais, citando a regulamentação de leis que visam o crescimento do Brasil e a importância de uma área jurídica estruturada. Apesar de ter sido um assunto levantado pela plateia, as PPPs (Parcerias Público-Privadas) teve um grande destaque no decorrer da sua apresentação. Na ocasião, tanto o participante que falou sobre o tema, quanto Perez concordaram e enfatizaram a afirmativa de Celestino de que no Brasil há ótimos profissionais na área de infraestrutura, mas as práticas de contratação desses serviços ainda deixam
a desejar, pois o menor preço sempre se sobrepõe aos serviços de qualidade. Perez acrescentou que apesar dessas deficiências, esse modelo de contratação (PPP), ainda é extremamente relevante atualmente e que a legislação tem evoluído neste campo. Já o arquiteto e professor da FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), João Sette Whitaker falou sobre a importância de uma cidade bem estruturada, citando o transporte como exemplo. Para ele, com o desenvolvimento da cidade, também são necessárias melhorias nos meios de locomoção da população, pois esse é um fator determinante para a qualidade de vida de quem mora em grandes metrópoles. A diversificação de temas contribuiu bastante para uma programação dinâmica. Exemplo disso foi a palestra do historiador e cientista político, Luiz Felipe de Alencastro, que traçou um panorama histórico desde os tempos
O historiador e cientista político, Luiz Felipe de Alencastro
da navegação, focando na América do Sul, até o crescimento populacional visto atualmente. Com essa explicação, ele relacionou como o transporte hidroviário poderia ser muito mais rentável do que o rodoviário, que é o mais utilizado no Brasil. “A navegação resolveria muito a questão do custo do transporte”, afirma Alecastro. Fruto de uma forte parceria entre ABGE, ABMS e CBDB (Comitê Brasileiro de Túneis) o workshop foi interessante e enriquecedor, principalmente por se diferir dos modelos usuais de reuniões técnico-científicas. As opiniões de áreas distintas para o mesmo fim (debater a infraestrutura do País) mostram que o Brasil realmente dispõe de ótimos profissionais e que está apto a retomar o seu crescimento.
Artigo
Aspectos geotécnicos da construção de um flocodecantador: obra de ampliação da estação de tratamento de água José Pedro Horstmann no município de Palhoça RESUMO: Tiago Ataide Lucas, esp. Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil eng.civil.tal@gmail.com Fábio Krueger da Silva, dr. Instituto Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil fabio.krueger@ifsc.edu.br
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Fundações e Obras Geotécnicas
A execução de um projeto de fundações superficiais ou profundas demanda por um estudo prévio do subsolo da região. Tal estudo permite identificar informações das camadas, suas posições, espessuras, entre outras. Desta forma é possível definir a cota de apoio e uma estimativa da tensão admissível do solo, afim, de dimensionar as fundações e prever seus recalques. O presente trabalho trata do estudo do comportamento das fundações superficiais e profundas utilizadas na construção de um flocodecantador de uma Estação de Tratamento de Água na cidade de Palhoça (SC). A investigação de subsolo foi feita em duas campanhas, numa primeira, através de sondagens à percussão SPT (Standard Penetration Test) e, posteriormente com CPT (Cone Penetration Test), que indicou a presença de solos argilosos de baixa capacidade de carga, nas camadas mais superficiais. Durante a obra ocorreram divergências quanto ao tipo de material informado pelos ensaios SPT,
assim, a investigação complementar com CPT demandou ajustes no projeto geotécnico de fundações. Houve uma individualização dos tipos de fundações da obra, com remoção da camada de solos de baixa capacidade onde a rocha apresentava-se mais próxima a superfície, executando-se sapatas apoiadas em rochas. E na região onde a camada de solos fracos era mais espessa adotou-se a cravação de estacas metálicas como solução geotécnica. Palavras-chave: Fundações; Ensaios de Campo; Tensão admissível; Recalques.
INTRODUÇÃO Quando se trata do abastecimento de água potável é indispensável que a água in natura passe por tratamento. Um dos tipos de tratamento é o convencional, sendo este composto por algumas etapas, onde duas delas consistem em um processo de floculação e decantação. O flocodecantador é utilizado nestas duas etapas e visa à formação de flocos, sendo estas as
Os autores, 2015
partículas em suspensão (impurezas contidas na água). Quando essas partículas se tornam mais pesadas do que a água, tendem a cair para o fundo, aliviando o processo de filtração, evitando a colmatação dos filtros e reduzindo a quantidade de produtos químicos. A Estação de Tratamento de Água José Pedro Horstmann, conhecida também como Estação de Tratamento de Água Cubatão, passará do tipo de tratamento com filtração direta para o tipo convencional. A implantação do flocodecantador irá ampliar a capacidade de tratamento de água em até 50%, possibilitando que a produção de água na Estação de Tratamento de Água Cubatão passe dos atuais 2 mil litros por segundo para 3 mil litros por segundo, ocorrendo também um aumento considerável da qualidade da água tratada. A nova estrutura irá contribuir para melhoria da qualidade e da vazão da água que abastece moradores de Florianópolis, Biguaçu, São José, Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça. Em razão das particularidades da obra da Estação de Tratamento de Água, os recalques totais admissíveis devem ser muito pequenos e, consequentemente, os recalques diferenciais são limitantes para garantia da operacionalidade e segurança da obra. Neste tipo de obra, recalques diferenciais excessivos podem provocar quebra de tubulações, inversão de declividades, além de trincas ou rupturas dos tanques de armazenamento de água. Assim, a concepção do mecanismo de transferência de cargas provenientes da superestrutura ao solo deve ser tratada
Figura 1 – Locação das sondagens e representação da profundidade do manto rochoso
com cautela. A falha no processo de interação solo-fundação pode acarretar diversos problemas quando analisados separadamente.
1 DADOS DO SOLO (ENSAIOS DE CAMPO) O projeto de ampliação da Estação de Tratamento de Água Cubatão é antigo, os primeiros estudos são de 1999, onde foram realizados 17 ensaios SPT no terreno da Estação de Tratamento de Água. As profundidades do “impenetrável à percussão” variaram de 0,25 m a 4,16 m, com um único furo atingindo os 7,20 m. Em 2000, o projeto estrutural das fundações propôs a solução de fundação direta (sapatas) para todos os apoios das unidades flocodecantadoras. Devido a problemas internos, os estudos de ampliação foram suspensos retornando no ano de 2012. No início de 2012, novos ensaios de campo foram realizados, onde mais dez verticais SPT foram conduzidos na
área em questão. Esta nova etapa de investigação, indicou profundidades do “impenetrável à percussão” variando de 0,91 m a 8,55 m, com vários pontos, com profundidades de impenetrável maiores que 3 m e, resistências do solo relativamente baixas. Com as informações coletadas na segunda campanha de investigação com o SPT, levantou uma questão: é possível executar as fundações diretas inicialmente projetadas sobre o material indicado pela nova prospecção geotécnica? No fim de 2012, compilaram-se os dados disponíveis e considerouse inadequada a solução do projeto original. Ou seja, nas regiões onde a profundidade da rocha ultrapassa a cota dos 3 m, o solo sobreposto a rocha, não apresentava as condições requeridas de capacidade de carga. Além disso, para ampliar e refinar os dados geotécnicos, foram conduzidos 19 ensaios CPT concentrados nas regiões onde a rocha encontrava-se Fundações e Obras Geotécnicas
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Artigo
Nota-se que se trata de um perfil errático e de origem residual. A intepretação dos ensaios de campo e análise da planta de cargas teve finalidade de individualizar cada particularidade geotécnica encontrada na região. O projeto original de fundações por sapatas foi dividido em seis unidades, conforme figura 3. A descrição da situação geotécnica de cada unidade é apresentada abaixo: Na unidade 1 (F1/D1): a) 66% da área possui rocha em profundidades menores ou iguais a 3 m; b) 34% da área com 3m < prof. rocha < 7m; Os autores, 2015
mais profunda. Na figura 1 pode-se verificar a locação dos ensaios de campo SPT e CPT, bem como a posição da profundidade do manto rochoso indicada pelos ensaios. O perfil estratigráfico do solo da região foi obtido através da extrapolação lateral das informações das verticais em ensaios de campo adjacentes. Usualmente, o que se pretende é representar uma visualização do subsolo, quanto a espessura, cotas, níveis d’água, atitudes (mergulho) das camadas e a disposição dos estratos. Na figura 2 pode-se verificar o perfil estratigráfico dos materiais da região.
Os autores, 2015
Figura 2 – Perfil estratigráfico da região da obra
c) A partir de 3º metro, silte arenoso pouco argiloso com NSPT médio entre 22 e 40; d) A partir de 3º metro, resistência de ponta (qc) entre 7 e 15 Mpa; e) Profundidade dos CPTs em média menores que SPTs próximos (possíveis obstáculos); f ) Pressões admissíveis adotadas 3 e 2,5 kg/cm²; Na unidade 2 (F2/D2): g) 48% da área possui rocha em profundidades menores ou iguais a 3 m; h) 52% da área com 3m < profundidade da rocha < 7 m; i) A partir de 3º metro, silte-arenoso pouco argiloso com NSPT médio entre 13 e 15; j) A partir de 3º metro, resistência de ponta (qc) entre 3 e 7 MPa; k) Pressões admissíveis adotadas 2,5 e 2 kg/cm²; Na unidade 3 (F3/D3): l) 15% da área possui rocha em profundidades menores ou iguais a 3 m; m) 85% da área com 3 m < profundidade da rocha < 7 m; n) A partir de 3º metro, silte-arenoso pouco argiloso NSPT médio entre 11 e 14; o) A partir de 3º metro, resistência de ponta (qc) entre 2 e 6 MPa; p) Pressão admissível adotada de 2 kg/cm².
2 DADOS ESTRUTURAIS DA OBRA
Figura 3 – Unidades do flocodecantador sobrepostas ao projeto de fundações
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Fundações e Obras Geotécnicas
Um bom projeto geotécnico de fundações deve ser seguro e econômico. A escolha adequada do tipo de fundação vai resultar num compor-
Os autores, 2012
tamento adequado e previsível das estruturas de fundações. Qualquer insucesso nessa escolha pode representar, além de outros inconvenientes, custos elevadíssimos de recuperação ou até mesmo, levar ao colapso da estrutura. Os fatores que influenciaram na escolha do tipo de fundação, quando relativos aos elementos estruturais, foram: a) Tipo de material: concreto e aço; b) Função: estação de tratamento de água com tubulações ligadas a todas unidades; c) Ações: grandeza, natureza, posição, tipo etc. Aspectos como o tamanho da obra, o volume de concreto usado, presença de solos superficiais de baixa capacidade e variação da profundidade da superfície rochosa foram norteadores para a tomada da decisão. Com base nestas considerações foi definido que em parte da obra haveria uma escavação do material de baixa capacidade de suporte, sendo as sapatas apoiadas diretamente na rocha e, nos perfis mais profundos seria cravado estacas metálicas. De acordo com o projeto estrutural, as seis unidades (3 floculadores e 3 decantadores) são estruturas independentes. Identificados na figura 3, os floculadores de F1 a F3 e os Decantadores de D1 a D3, partindo-se da entrada d’água do sistema. Mesmo que sejam estruturas independentes, a ligação entre as unidades floculadores e decantadores foi feita por tubulações, assim, os recalques diferenciais não poderiam representar nenhum tipo de risco de ruptura ou variação nas declividades destas ligações. Com isso,
Imagem 1 – Escavações e detonações de rochas
além do dimensionamento da capacidade estrutural de cada elemento de fundações, o principal limitante das verificações era a estimativa dos recalques diferenciais. No entanto, como se tratou de sapatas isoladas apoiadas diretamente em rocha e estacas metálicas cravadas até o impenetrável pode-se garantir que os recalques seriam desprezíveis. Como o terreno é formado por uma camada superficial de baixa capacidade, adotou-se fundação do tipo sapatas apoiadas em rochas onde a camada de solo era mais próxima da rocha. Ressalta-se que na unidade D1, que apresenta em grande parte espessura da camada de solos fracos, superior aos quatros metros e viáveis a sua remoção, decidiu-se pela retirada
do material argiloso na sua totalidade, evitando a execução de fundação mista na mesma unidade e reduzindo possíveis recalques. Na imagem 1 pode-se observar as escavações em andamento. Já nas unidades que tinham em sua totalidade espessuras superiores aos 5 metros de solos moles, houve a cravação de estacas metálicas, alcançando a rocha, diferentemente do que era previsto no projeto inicial. A execução das unidades foi iniciada em 2012 e a obra inaugurada em 2015. Inicialmente os resultados dos ensaios de campo levaram os projetistas das fundações a adotar tensões admissíveis do solo da ordem de 2 a 3 kgf/cm² (0,2 a 0,3 MPa). Contudo, após os ajustes no projeto geotécnico foi decidido que todas as fundações Fundações e Obras Geotécnicas
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Artigo
projeto complementar para o colarinho (estrutura que liga as sapatas às vigas baldrames). Por fim, foi adotada como solução sapatas assentadas na rocha nas unidades, D1, D2, D3 e F1. E nas unidades F2 e F3 foram cravadas estacas metálicas até atingir o impenetrável. Nas respectivas unidades foram cravadas estacas metálicas em perfil “H”, tendo em vista a espessura da camada de solo, e consequentemente
a profundidade da rocha nesses setores. A utilização de estacas metálicas implica em alguns casos na adoção de soluções protetoras contra corrosão como pintura, aplicação de resina epóxi e encapsulamento com concreto. Como a mesma permanecerá totalmente enterrada não haverá problemas de corrosão. Após a conclusão das cravações das estacas, para verificação da qualidade das estacas CASAN, 2013
seriam apoiadas em rocha. Assim, foi estimado um valor de resistência da rocha entre 15 e 30 kgf/cm² (1,5 a 3 Mpa). Adotou-se a pressão conservadora de 10 kgf/cm² (1 Mpa), representando grande redução nas dimensões e armadura das sapatas. Nas imagens 2 e 3 podem-se observar as sapatas já construídas. Nos casos em que a rocha chega a 5 m de profundidade elaborou-se um
Imagem 2 – Sapatas apoiadas em rocha nas unidades D1, D2, D3 e F1
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Fundações e Obras Geotécnicas
CASAN, 2014
Imagem 3 – Sapatas apoiadas em rocha na unidade D1, ligação das sapatas ao baldrame
foram realizados ensaios de carregamento dinâmico do tipo PDA (Pile Dinamic Analizer). Todas as estacas testadas apresentaram ótimo desempenho, garantindo a capacidade de carga exigida e consequentemente a segurança da obra.
CONCLUSÃO A obra do flocodecantador está sendo agregada à Estação de Tratamento
de Água Cubatão, onde contribuirá para melhoria da qualidade e da vazão da água que abastece os moradores de Florianópolis, Biguaçu, São José, Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça. As alternativas construtivas devem sempre ser analisadas quanto à técnica, aos custos e prazos envolvidos. No caso particular de estruturas de fundações aspectos como as tensões admissíveis da camada de suporte e
recalques admissíveis são fundamentais na tomada de decisão. No presente caso, pode-se verificar que um plano de investigação de subsolo mal projetado ou mal executado acarretou em informações não confiáveis, consequentemente, gerando um projeto geotécnico de fundações equivocado. Uma nova campanha de investigação permitiu inferir maiores informações sobre a Fundações e Obras Geotécnicas
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CASAN, 2014
Artigo
Imagem 4 – Estacas Metálicas perfil H, nas unidades F2 e F3
composição e disposição das camadas que compõem o subsolo da região. A nova solução geotécnica produziu um projeto mais engenhoso, segmentando partes das estruturas individuais em dois tipos de metodologias construtivas, com fundações diretas e profundas na mesma obra. Decidiu-se que nas regiões onde o 26
Fundações e Obras Geotécnicas
estrato de solo era menos espesso iria ser promovida a escavação total e construção de sapatas isoladas apoiadas diretamente na rocha. Nos locais onde a espessura de solo era mais profunda, inviabilizando sua retirada, optou-se por cravação de estacas metálicas, também apoiadas sobre a rocha. Desta forma, pode-
se aproveitar toda a capacidade de suporte oferecida pela rocha, aumentando-se a tensão admissível das fundações e, consequentemente, diminuindo as quantidades e dimensões dos elementos estruturais. Como já apontado anteriormente, por se tratar de uma obra compostas por tanques ligados por tubulações hidráulicas quaisquer níveis de deformações poderiam gerar problemas de funcionalidade e operacionalidade
da Estação de Tratamento de Água. Assim, os recalques diferenciais não podiam ser tolerados, a solução por apoio das fundações em rocha também se mostrou acertada uma vez que os recalques totais produzidos pelas fundações são desprezíveis. Assim, de acordo com os estudos, o novo projeto propôs uma alternativa para as fundações com a individualidade dos tipos de técnicas construtivas, combinando sapatas apoiadas em
rochas nas unidades (D1, D2, D3 e F1) e estacas metálicas cravadas, nas unidades (F2 e F3). A obra está em operação desde 2016 e encontra-se em perfeito funcionamento.
AGRADECIMENTOS À CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) pela expertise na solução do projeto e pela disponibilização dos dados que embasaram esta pesquisa.
REFERÊNCIAS CASAN, Companhia Catarinense de Água e Saneamento. Estação de Tratamento de Água – ETA. Disponível em: http://www.casan.com.br/noticia/index/url/casan-vistoria-obra-de-melhoria-no-sistema-de-abastecimento-da-grande-florianopolis#0. Acesso em 28 de Mar.2015.
Artigo
Estudo da Utilização de Tubos de Geotêxtil como Dique de Contenção em Áreas Costeiras Mariana Barbosa Juarez; São Caetano do Sul (SP). Estudante de Engenharia Civil, Instituto Mauá de Tecnologia mbjuarez15@hotmail.com MSc. Fernando Luiz Lavoie; São Caetano do Sul (SP). Docente no Instituto Mauá de Tecnologia – São Caetano do Sul (SP) e Gerente de Soluções na empresa Tecelagem Roma Ltda., Barueri (SP) fernando.lavoie@maua.br
RESUMO No presente trabalho, apresentase o estudo da estabilidade global de um dique de contenção, construído com o empilhamento de tubos de geotêxtil preenchidos com areia. Tal estrutura pode ser construída em zonas costeiras, para reduzir os efeitos do fenômeno da erosão do solo. Foram realizadas simulações numéricas variando-se os ângulos de atrito das areias nos tubos de geotêxtil, para se entender o comportamento da estrutura. Notou-se que as condições de estabilidade alteraram-se significati28
Fundações e Obras Geotécnicas
vamente com o ângulo de atrito. Para um ângulo de atrito de 30°, a altura crítica do dique deu-se entre 6 m e 7 m, já com o ângulo de atrito de 40° não atingiu a altura crítica para 20 m. Diante das análises, os tubos de material geotêxtil mostraram-se uma alternativa bastante viável para obras de contenção com diques. Palavras-chave: Erosão; Área Costeira; Geotêxtil; Dique; Contenção.
INTRODUÇÃO Os processos erosivos são muito danosos ao meio natural, especialmente nas zonas costeiras. A gestão do problema é bastante complexa e desafiadora, pois, além das causas naturais que levam ao enfraquecimento do solo, devem ser levadas em consideração as interferências humanas na região. A ocupação inadequada, que ocorre sem nenhum planejamento e, muitas vezes, não segue a legislação que estabelece recuos entre as construções e a linha de costa, compromete severamente a vegetação original, que antes servia de proteção ao solo da encosta. Nesse contexto, surge a necessidade de obras de engenharia que garantam estabilidade, prevenindo deslizamentos de terra.
As obras hidráulicas de contenção dividem-se em três tipos: as de contenção de erosão superficial, de fluxos hídricos e, por fim, de aterros mecânicos ou hidráulicos. No caso das zonas costeiras, as obras devem atuar de acordo com as duas primeiras classificações. As estruturas protegem o solo de uma possível ruptura devido às ondas e variações do nível do mar, atenuando o fluxo de água (ocorre uma dissipação de energia) (VERTEMATTI, 2004). Após o esclarecimento da finalidade da obra de contenção, é essencial a escolha correta do material que será utilizado, que depende de fatores como o custo, a durabilidade e a disponibilidade. As estruturas podem ser construídas com os materiais convencionais, como concreto, terra e enrocamento (blocos de rocha compactada) ou, ainda, de material geotêxtil. Esse último tem sido bastante aceito por apresentar vantagens comprovadas com relação a custo e instalação. A ideia dos tubos produzidos com geossintético não é tão recente. Os primeiros protótipos surgiram na Holanda ainda na década de 1950 e eram, basicamente, sacos de náilon preenchidos com areia. A evolução
do material e a possibilidade de selecionar suas propriedades promoveram uma ampliação nos tipos de aplicação dos tubos, que passaram a atuar não somente em obras de proteção contra processos erosivos, como também em aterros, reforço de solo e barragens.
1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE DIQUE COM TUBOS DE GEOTÊXTIL Os diques propriamente ditos têm como função deter os sedimentos, reduzir a velocidade da água e, consequentemente, proteger a terra dos processos erosivos. Para que os tubos de geotêxtil tenham esse tipo de atuação, eles devem ser dimensionados de acordo com a necessidade na obra, preenchidos com material apropriado e podem, ainda, ser empilhados ou superpostos até atingirem uma determinada altura. No tubo de geotêxtil linear, as dimensões são estabelecidas por meio de alguns cálculos. Inicialmente, devese considerar as seguintes hipóteses apresentadas por Liu, Kazimierowics e Carroll: devido ao comprimento dos tubos, todas as seções transversais são similares, logo estão sujeitas às mesmas forças; o peso do geotêxtil é desprezível; não há tensão de cisalhamento entre o material de preenchimento e o geotêxtil; por fim, o cálculo da resistência à tração deve considerar fatores de redução, cujas causas vão desde danos à instalação até a exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos (VERTEMATTI, 2004). Em seguida, com a determinação
Figura 1 – Representação gráfica do dique de contenção
da altura, da geometria (alturas menores resultam em estruturas mais achatadas, enquanto alturas maiores vão gerar seções transversais elípticas mais próximas de circunferências), das tensões na seção e da densidade do material de preenchimento, é possível criar uma lista de especificações. O empilhamento dos tubos é outro ponto fundamental da obra, pois o posicionamento escolhido influencia diretamente a estabilidade. À medida que o dique adquire altura, deve-se ficar atento a um possível rolamento do conjunto, uma vez que a tensão na base é maior. Uma forma de contornar o problema é associar dois tipos de geossintéticos com a implantação de geogrelhas entre as “camadas” de tubo geotêxtil que formam o dique.
2 METODOLOGIA 2.1 SIMULAÇÃO NUMÉRICA Para o estudo da estabilidade desse tipo de estrutura foi utilizado como ferramenta o software Slide da Rocscience. O procedimento realizado numericamente foi: desenho do con-
torno da seção do dique por meio de coordenadas cartesianas, definição das propriedades dos materiais (solo e geossintético), inserção do nível de água, criação de uma grade de cálculos para a localização do menor fator de segurança e instalação de reforços, quando necessários. Na Figura 1 apresenta-se a representação gráfica do dique estudado.
2.2 PARAMETRIZAÇÃO Na simulação, foram adotados tubos com 4,3 metros de largura, 1 metro de altura e 20 metros de comprimento, como se mostra na Figura 2. Admitiu-se também uma resistência à tração de 31 kN/m para o geotêxtil que constitui o tubo. Os gráficos gerados consideraram o próprio material do local para o preenchimento dos tubos, sendo esse um solo arenoso não coesivo com ângulo de atrito ф’ variando em: 30° – valor típico para areias fofas, bem graduadas e de grãos arredondados; 35° – valor típico para areias fofas, mal graduadas e de grãos angulares; 40° – valor típico de areias comFundações e Obras Geotécnicas
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Artigo
pactas, bem graduadas e de grãos arredondados. É válido ressaltar que, na simulação, o formato cilíndrico da seção dos tubos não pôde ser reproduzido, mas foi substituído por uma aproximação retangular.
2.3 MÉTODOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE
Figura 2 – Dimensionamento da estrutura
Tabela 1 – Fator de segurança para ф’ = 30° Fator de Segurança
Altura H (metros) 3
4
5
6
7
Método de Bishop Simplificado
1,811
1,669
1,565
1,529
1,481
Método de Janbu Simplificado
1,782
1,641
1,539
1,479
1,433
Método de Spencer
1,813
1,686
1,568
1,533
1,484
Figura 3 – Fator de segurança e superfície de ruptura para dique de 7 metros (Janbu Simplificado)
30
Fundações e Obras Geotécnicas
Após a indicação dos parâmetros, foram selecionados no software três métodos de análise de estabilidade: Bishop simplificado, Janbu simplificado e Spencer. Todos são considerados métodos das fatias, nos quais há a divisão da superfície de ruptura em fatias e o estudo do equilíbrio de forças em cada uma delas. A diferença entre os métodos dá-se devido às hipóteses iniciais adotadas. O Método de Bishop simplificado, por exemplo, é um modelo iterativo que admite superfícies de
Figura 4 – Fator de segurança e superfície de ruptura para dique de 20 metros (Janbu Simplificado)
três métodos de análise de estabilidade utilizados neste estudo.
Tabela 2 – Fator de segurança para ф’ = 35° Fator de Segurança
Altura H (metros) 3
5
10
15
20
Método de Bishop Simplificado
2,138
1,862
1,706
1,648
1,608
Método de Janbu Simplificado
2,138
1,857
1,677
1,610
1,574
Método de Spencer
2,152
1,902
1,711
1,650
1,610
ruptura circulares e uma resultante de forças horizontal em cada fatia. O Método de Janbu simplificado apresenta as mesmas hipóteses, mas com um fator de correção empírico (que se relaciona com os tipos de solo e deslizamento). O método de Spencer aplica-se a todos os tipos de superfícies de ruptura e considera todas as equações de forças e momentos nas fatias.
3 RESULTADOS A simulação numérica foi realizada para três valores de ângulos de
atrito distintos de uma areia inserida nos tubos de geotêxtil, nível d’água no topo da estrutura para diferentes alturas da estrutura.
3.1 SOLO COM ÂNGULO DE ATRITO DE 30° Na Figura 3, apresenta-se o resultado da simulação numérica para o ângulo de atrito de 30°, com altura da estrutura de 7 metros para o método de Janbu Simplificado. Na Tabela 1, apresentam-se os resultados dos fatores de segurança para o ângulo de atrito de 30° com a variação da altura da estrutura, considerando os
3.2 SOLO COM ÂNGULO DE ATRITO DE 35° Na Figura 4 apresenta-se o resultado da simulação numérica para o ângulo de atrito de 35°, com altura da estrutura de 20 metros para o método de Janbu Simplificado. Na Tabela 2, os resultados dos fatores de segurança para o ângulo de atrito de 35° com a variação da altura da estrutura, considerando-se os três métodos de análise de estabilidade utilizados neste estudo.
3.3 SOLO COM ÂNGULO DE ATRITO DE 40° Na Figura 5, apresenta-se o resultado da simulação numérica para o ângulo de atrito de 40°, com altura da estrutura de 20 metros para o Fundações e Obras Geotécnicas
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Artigo
Figura 5 – Fator de segurança e superfície de ruptura para dique de 20 metros (Janbu Simplificado)
Tabela 3 – Fator de segurança para ф’ = 40° Fator de Segurança
Altura H (metros) 3
5
10
15
20
Método de Bishop Simplificado
2,492
2,190
2,024
1,958
1,922
Método de Janbu Simplificado
2,540
2,205
1,995
1,923
1,881
Método de Spencer
2,537
2,243
2,030
1,961
1,924
método de Janbu Simplificado. A Tabela 3 mostra os resultados dos fatores de segurança para o ângulo de atrito de 40° com a variação da altura da estrutura, considerando os três métodos de análise de estabilidade utilizados neste estudo.
3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A partir dos modelos criados, verificou-se que o fator de segurança atinge o valor mínimo aceitável (ou seja, maior do que 1,5) até uma de32
Fundações e Obras Geotécnicas
terminada altura da estrutura. A partir dessa altura crítica, são necessários reforços entre as camadas de tubos de geotêxtil para que não haja comprometimento da segurança. Notou-se também que as condições de estabilidade se alteraram significativamente com o ângulo de atrito, parâmetro do solo associado à resistência ao cisalhamento. Para um ângulo de atrito de 30°, a altura crítica do dique deu-se entre 6 e 7 metros quando o fator de segurança ficou em torno de 1,4. Já para o ângulo
de atrito de 35°, o dique só chegou próximo à altura crítica quando atingiu cerca de 20 metros; nesse caso, altura pouco usual para esse tipo de estrutura. O solo confinado no tubo de geotêxtil com ângulo de atrito de 40° não atingiu a altura crítica para 20 metros, neste caso, os valores dos fatores de segurança ficaram na ordem de 1,9, valor bastante confortável para a estabilidade global da estrutura. Na análise numérica realizada não foram considerados os vazios entre os encontros dos tubos de geotêxtil, portanto há a necessidade de um estudo por meio do método de elementos finitos neste caso.
CONCLUSÕES Diante das análises, os tubos de material geotêxtil mostraram-se uma alternativa bastante viável para obras
de contenção, uma vez que apresentam elevada versatilidade, podendo ser preenchidos com diversos tipos de materiais. Para evitar e atenuar os efeitos da erosão em zonas de costa, um dique pode ser criado com o empilhamento de tubos geotêxteis preenchidos com a areia do próprio local, diminuindo custos e impactos com transporte e instalação. Mesmo com a variação dos parâmetros de um solo arenoso, como o ângulo de atrito, é possível garantir fatores de segurança dentro do aceitável para alturas consideráveis.
Existe ainda a possibilidade de utilização de reforços geossintéticos entre camadas dos tubos de geotêxtil, que poderiam melhorar a estabilidade da estrutura, mas impactariam o custo da obra. Além disso, alterando-se o material de preenchimento dos tubos para um solo coesivo, poder-se-ia obter melhoria na estabilidade da estrutura. No entanto, num projeto real, a mudança no tipo de solo implicaria aumento de custo e de tempo de execução da obra, pois haveria a necessidade da escolha de uma área de empréstimo.
REFERÊNCIAS CAMARGO, José Maria B. Curso de Mecânica dos Solos. Instituto Mauá de Tecnologia. São Caetano do Sul, 2011. CASTRO, Natália Paiva Barbosa de; ESCOBAR. Luiz Gustavo Burihan; MARTINS, Paula de Mello. O uso da tecnologia de tubos de geotêxtil para controle de erosão marinha e fluvial. Disponível em: http://www.lcbconsult. com.br/pdf/Artigo-Nathalia-Controle-erosao-tubos-geotextil.pdf Acesso em: jun. 2016. FABRÍCIO, João Vicente Falabella. Análises Probabilísticas da Estabilidade de Taludes e Contenções. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2006. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8888/8888_3.PDF Acesso em: nov. 2016. MARTINS, Paula de Mello; VIDAL, Delma de Mattos. Tubos Geotêxteis para acondicionamento e desaguamento de rejeitos de mineração. ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E PÓS-GRADUAÇÃO DO ITA, XII, 2006, São José dos Campos. Anais do 12.º Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA. São José dos Campos, SP, 2006. PEREIRA, Tonismar dos Santos. Avaliação do Desempenho de Diferentes Métodos de Análise de Estabilidade de Taludes em Barragens de Terra. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2013. Disponível em: http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_arquivos/11/TDE-2013-11-12T102607Z-4721/Publico/PEREIRA,%20 TONISMAR%20DOS%20SANTOS.pdf Acesso em: nov. 2016. SOUZA, Celia Regina de Gouveia. A Erosão Costeira e os Desafios da Gestão Costeira no Brasil. Revista da Gestão Costeira Integrada, 9(1): 17-37, 2009. Disponível em: http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-147_Souza. pdf Acesso em: maio de 2016. VERTEMATTI, José Carlos. Manual Brasileiro de Geossintéticos. São Paulo: Blucher, 2004. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Zona Costeira e Marinha. Disponível em: http://www.mma.gov. br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/zona-costeira-e-marinha Acesso em: maio de 2016.
Fundações e Obras Geotécnicas
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7º e 8º Prêmio Milton Vargas O Prêmio Milton Vargas é uma premiação estritamente Cultural, Artística e Científica, conforme disposto no art. 30 do Decreto nº 70.951/72, promovido pela Editora Rudder Ltda., sem qualquer modalidade de sorte ou pagamento pelos concorrentes, nem vínculo obrigatório com a compra de produtos editoriais fabricados pela empresa promovente, suas marcas ou qualquer outra forma de publicidade.
Categoria Ambiental
Categoria Fundações
Categoria Geossintéticos
Será premiado o melhor trabalho, obra, meio de desenvolvimento ou estudo, relacionado à área ambiental que tenha sido publicado na seção “Geotecnia Ambiental” entre as edições 72 e 83 da revista Fundações & Obras Geotécnicas.
Serão premiados os três melhores artigos – que não precisam necessariamente ter como mote principal o tema fundações, pois o nome dessa cate- goria é uma homenagem ao título da revista –, a partir dos critérios ‘originalidade’, ‘conjunto da obra’ e ‘apresentação técnica’, que tenham sido publicados na seção “Artigo” entre as edições 72 e 83 da revista Fundações & Obras Geotécnicas.
Será premiado o melhor trabalho, obra, meio de desenvolvimento ou estudo, relacionado à geossintéticos que tenha sido publicado apenas na seção “Geossintéticos” e “Espaço Aberto” entre as edições 72 e 83 da revista Fundações & Obras Geotécnicas.
Avaliação
Os trabalhos concorrentes serão julgados por um corpo de jurados formado por docentes da área (mestres e doutores) isentos de participação nos trabalhos envolvidos.
7º e 8º PRÊMIO MILTON VARGAS
Esse evento tem como objetivo estimular a criatividade e a originalidade dos profissionais do setor, bem como a divulgação dos trabalhos e inovação no meio, mediante a publicação de trabalhos e projetos que gerem tendências, livres de preconceitos, cópias e propiciando oportunidades, inclusive, de implantação consecutiva no segmento da engenharia civil.
Conheça as 6 categorias Categoria Inovação
Categoria Obra de Fundações
Categoria Profissional do Ano
Será premiado o melhor trabalho, equipamento, técnica, meio de desenvolvimento ou estudo inovador que tenha sido publicado na seção “O que há de novo” entre as edições 72 e 83 da revista Fundações & Obras Geotécnicas.
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Será premiado como o “melhor do ano” o profissional retratado por meio de um perfil ou entrevista, cuja trajetória tenha representado rele- vância para o segmento de fundações e geotecnia, e que tenha sido publicado na seção “Perfil / Entrevista” entre as edições 72 e 83 da revista Fundações & Obras Geotécnicas.
Informações sobre a premiação, as categorias, ou como concorrer com um trabalho devem ser enviadas para Gléssia Veras glessia@revistafundacoes.com.br
RELAÇÃO DOS CONCORRENTES - 7° PRÊMIO MILTON VARGAS CATEGORIA: AMBIENTAL DATA
ANO REVISTA
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7
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73
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7
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dez/16
7
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7
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7
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7
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jun/17
7
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jul/17
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ago/17
8
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TÍTULO DA MATÉRIA
RESPONSÁVEIS
Pedro Loures, Sócio-fundador da Descarte Legal / João Pedro Procópio, Sócio-fundador da Descarte Legal Otavio Sayão, Eng. sênior de engenharia costeira e draProjeto de molhe é idealizado para a praia de Gravatá gagem / Grupo Portos e Terminais Marítimos da Stantec Eduardo Siegle, professor do Departamento de Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico da USP / Erosão costeira é muito mais que um problema ambiental Paulo Henrique Gomes de Oliveira Sousa, Geógrafo e especialista em Oceanografia Geológica Cartas de suscetibilidade agora podem ser encontradas na internet Ana Candida Cavani, Pesquisadora Carlos Gamba, Geógrafo e pesquisar da Seção de Compartimentação territorial é feita em Lorena Recursos Minerais e Tecnologia Cerâmica do IPT Projeto criado por alunos de Manaus pode recuperar áreas degrada- Bruno Muniz, João Melga e Ivan Miller, estudantes da das em menos tempo Fundação Matias Machline Roberto Roche, biólogo marinho, perito ambiental do Avaliação e gestão de risco ambiental devem estar em consonância Ministério Público, mentor e orientador de carreira em com as atividades empresariais QSMS-RS e sustentabilidade CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) Técnicas de remediação in situ de áreas contaminadas ganham / Erika von Zuben, diretora-técnica na Hera Consultoria cada mais espaço no Brasil / Thiago Gomes, diretor da empresa Doxor Felipe Faria, diretor-executivo da GBC Brasil (Green Programa é criado para apoiar conservação da Amazônia Building Council Brasil), a ONG (Organização Não Governamental) Reutilização de RDC é alternativa sustentável e econômica na Eduardo Portela de Assis, gestor ambiental geotecnia Thelma Kamiji, engenheira e coordenadora de projetos sanitários e ambientais da empresa Fral Consultoria / Fernando Luiz Lavoie, professor-assistente no Instituto Principais funções dos geossintéticos na geotecnia ambiental Mauá de Tecnologia e gerente de soluções da empresa Tecelagem Roma Marcelo Areguy Barbosa, gerente de Meio Ambiente EIA/RIMA do Ferroanel Norte estão abertos para consulta pública da DERSA Startup auxilia empresas no descarte correto de resíduos sólidos
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TÍTULO DO ARTIGO
AUTORES
Douglas Cardoso Engelke, Kethelin Eloisa Klagenberg, Análise dos benefícios das misturas mornas com aditivo surfactante Marlova Grazziotin Johnston, Lélio Antônio Teixeira Brilíquido to, Jorge Augusto Pereira Ceratti, Renan Zocal Ribeiro Reaproveitamento de material fresado em acostamentos de rodovias Fernanda Marder, Rodrigo Malysz influência do fator de qualidade (Match Quality) na análise CAPWAP Francisco Dalla Rosa, Elouise Muller Contribuição ao estudo do forno de micro-ondas na determinação do teor Yashmine Landi, Flavia Nunes Rabelo de umidade dos solos Estimativa da capacidade de carga de sapatas isoladas por meio de Bruno Mingargi, Rodolpho Cunha procedimento estatístico Utilização de agregados reciclados provenientes de corpos de prova de Pâmela Jaíne Silva da Silva, Gislaine Luvizão, Fabiano concreto em substituição ao agregado natural em misturas asfálticas Alexandre Nienov, Lucas Quiona Zampiere Análise de deformações ocorridas em um maciço classe V durante Thiago Pereira Perez a construção de emboque em solo grampeado para túnel duplo Estudo de Caso Marieli Biondo Lopes, Mauro Leandro Menegotto, Tiago Melhoria da parcela de atrito lateral em estacas moldadas in loco Lorenzon
08/01/2018 21:38:56
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DATA ANO
AUTORES
Ana Patrícia Aranha de Castro, Fábio Visnadi Prado Soares, Roger Augusto Rodrigues Maria Esther Soares Marques, Lígia Azevedo Berbert, André do Valle abreu, Guilherme Roberto Slongo Felipe Vianna Amaral de Souza Cruz, Renan Basso, Carlos Eduardo Bottino Celso Felipe Bora, Alessander Christopher Morales Kormann, Sidnei Helder Cardoso Teixeira, Renato Seixas da Rocha Vinícius Rocha Gomes Pereira, José Orlando Avesani Neto, Fagner Alexandre Nunes de França Débora Cristina Ferreira, Thiago Bomjardim Porto, Carlos Roberto da Silva Moisés Valente Pereira, Sandro Eduardo Lima Pinto, Hedmilson Ferreira Bragança, Sérgio Maurício Pimenta Velloso Filho Carlos Antônio Centurión Panta, Marcus Vinicius Weber de Campos Emília Mendonça Andrade, Eduardo Andrade Guanaes, José Carlos Vertematti, Thiago Ordonho Araújo Otávio Coaracy Brasil Gandolfo, Tiago de Jesus Souza, Carlos Alberto Birelli, Vicente Luiz Galli, Paulo Scarano Hemsi, Paulo Cezar Aoki Jean Rodrigo Garcia , Paulo José da Rocha Albuquerque
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Compactação como método de melhoria de solo calapsível
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Qualidade de amostragem de solo compressível
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Análises de recalques em fundações radier
Luiz Fernando Anchar Lopes, Joaquim Teodoro Romão Oliveira
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Metodologia experimental simplificada para dimensionamento de estaca hélice contínua
Bruno Mingargi, Rodolpho Cunha
Aplicação, Análise e Interpretação do Ensaio de Prova de Carga Estática, Realizado Pelo Método Bidirecional Análise de estabilidade de uma encosta da serra do mar paranaense: influências da consideração da poropressão em meio não saturado Reforço com geossintéticos e solo grampeado: uma solução geotécnica eficiente Estruturas ancoradas e suas aplicações na geotecnia Análise de Prova de Carga Bidirecional em Estaca Hélice Contínua na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG) Uso de geocélulas de PEAD para proteção mecânica de geomembrana em barragem de Usina Hidroelétrica em Mato Grosso do Sul Aplicação de fôrmas têxteis lineares para alteamento de célula de disposição de cinzas provenientes de usina termelétrica A utilização da perfilagem magnética para determinação do comprimento de uma estaca Análise de estrutura de contenção aplicada em obra de pequeno porte Acidentalidade ocupacional no setor da construção civil: causas e impactos Detecção de patologias em estacas moldadas in loco com fluido estabilizante através de ensaios de desempenho (bidirecional e ensaio de carregamento dinâmico) e controle de integridade (Crosshole) e avaliação dos tratamentos definidos Tensões admissíveis de um solo estimadas a partir de modelos baseados no Nspt e em parâmetros de resistência
Thiago Abdala Magalhães Carlos Augusto Malachias Filho, Alysson Santos Resende, Wagner Agnelo Porfírio, Jorge William Beim, Sérgio Paulino Mourthé de Araujo Matheus Luis Welter, Leandro Olivio Nervis
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TÍTULO DO ARTIGO
AUTORES
Comparação dos custos construtivos de estruturas de solo reforçado com geossintéticos em relação a técnicas usualmente aplicadas no Rafael Gaspar Pessoa, Vanessa Milena Mendes dos Santos, Fagner Alexandre de Nunes França Município de Natal (RN) Uso de diferentes tipos de geotêxtil no desaguamento de resíduos Amanda Duarte Escobal, Cali Laguna Achon gerados em estações de tratamento de água
Uso de tubos geossintéticos para execução de travessias em aces- Fernando H. M. Portelinha, Marcus Vinicius Weber de Camsos para caminhões “fora de estrada” em mineração pos, Wladimir Caressato Junior
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AUTORES
TÍTULO DO ARTIGO
CATEGORIA: INOVAÇÃO DATA
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RESPONSÁVEIS
TÍTULO DA MATÉRIA
Plataforma informativa abrange controle de normas e regulamentos técnicos WaterGems é alternativa para criar, comparar e melhorar cenários de modelagem hidráulica Eko/Grid é usado para remediar solos e lençóis de água contaminados Novo equipamento da Empretec é utilizado para substituição de tubulação Boart Longyear traz para o Brasil tecnologia de perfuração sônica Fôrma metálica Easy Fast garante organização e limpeza na obra Tecnologia utiliza nitrogênio para acelerar resfriamento do concreto de forma eficaz e sustentável Sonda rotativa hidráulica SSH10 se destaca pela produtividade e baixo custo operacional Maccaferri lança nova linha de gabiões Manta de concreto apresenta versatibilidade e economia Recicladora Wirtgen melhora o solo e processa camadas asfálticas deterioradas Aditivo cristalizante atua como impermeabilizante de concreto em obras de subsolo
Arena Técnica Bentley Systems Aquamec Empretec Boart Longyear Easy Fast Engenharia e Artefatos Air Liquide Sondeq Indústria de Sondas Maccaferri do Brasil Concrete Canvas Brasil Wirtgen Group Penetron
CATEGORIA: OBRA DE FUNDAÇÕES DATA ANO REVISTA
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TÍTULO DA MATÉRIA
RESPONSÁVEIS
Complexo Etileno XXI utilizou técnica de melhoramento rápido de solos moles por meio de drenos a vácuo
Paulo Levita, Diretor de Administração e Finanças da Odebrecht Engenharia e Construção Internacional / Roberto Kochen, Diretor-técnico da Geocompany
Duas décadas marcam a evolução dos Muros Terrae no Brasil
Marcos Barreto de Mendonça, Engenheiro / Paulo José Brugger, Engenheiro / Robson Palhas Saramago, Engenheiro / André Estevão, Diretor de Desenvolvimento de mercado e gerente comercial sudamérica da Huesker
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Metodologia BIM reduz tempo e riscos em megaprojeto
Rodolfo Guilherme, Engenheiro de aplicações para a área de BIM da empresa Bentley Systems / Andres Fatoreto, Gerente de contas corporativas da Bentley Systems
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Tratamento de consolidação em solo grampeado utiliza injeções de fluidos cimentantes
Cairbar Azzi Pitta, Engenheiro e consultor geotécnico / Alberto Casati Zirlis, Engenheiro e diretor da Solotrat
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Trecho Norete do Rodoanel Mário Covas terá sete túneis duplos e mais de 350.000 m² de OAE
Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A)
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Betoneiras exercem papel importante na construção civilÉRIA
Gerente-executivo de marketing e desenvolvimento de mercado da Aperam South America, Roberto Guida
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CATEGORIA: OBRA DE FUNDAÇÕES
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RESPONSÁVEIS
TÍTULO DA MATÉRIA
DATA ANO REVISTA
Walter Iorio, engenheiro e diretor da empresa ENBRAGEO / Raphael Matheus, gerente de contrato da CERTEK / Rogério Obra em Embu das Artes utiliza tecnologia de tirantes autoperfurantes Nakahara, gerente de operações da CERTEK / Ivan Joppert, diretor da empresa Infraestrutura Engenharia / Eduardo Ono, engenheiro da Incotep Sistemas de Ancoragens Roli Pinheiro, diretor comercial da empresa Ferragens Pinheiro / Janine Brito, diretora-executiva da Ferragens Sistema inteligente de construção a seco ganha cada vez mais espaço no mercado Pinheiro / Josafá Oliveira Nunes, responsável pela obra do Colégio Liceu Leonardo Vianna Meirelles, engenheiro da empresa Jacobs Guimar / Thaiane dos Santos Rebêlo, engenheira SEEL recupera edifícios do ESEM-Jacarepaguá da empresa SEEL / Handerson Barreto, engenheiro da empresa SEEL
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Projeto apresenta alternativas para a expansão do sistema de transporte carioca
Pedro Geaquinto, engenheiro do projeto Quero Metrô / Rodrigo Luiz Sampaio, engenheiro do projeto Quero Metrô Sabesp
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Projeto Horizonte II utiliza tanques circulares de concreto construídos a partir de placas pré-moldadas
Edson Rodes, engenheiro de projetos da empresa Veolia Water Technologies / Fabiano Guittis, gerente de projetos da empresa Veolia Water Technologies
CATEGORIA: PROFISSIONAL DO ANO ENTREVISTADO
TÍTULO DA MATÉRIA
ANO
REVISTA
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Roberto Kochen
Dedicação à propagação do conhecimento e à geotecnia
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Mauro Lozano
Desenvolvimento e dedicação
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Eraldo Luporini Pastore
A união da geotecnia e da geologia
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Lázaro Valentin Zuquette
O caminho de rochas à geologia e geotecnia
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Cássia Maria Dinelli de Azevedo
A escolha pela profissão do coração
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Valéria Guimarães Silvestre Rodrigues
Uma carreira de pesquisadora dedicada ao conhecimento e à natureza
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Carlos Medeiros Silva
O encanto pelas aventuras da geotecnia
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Argimiro Alvarez Ferreira
Do mediterrâneo às escavações paulistas
7
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Bernadete Ragoni Danziger
Uma carreira repleta de dedicação e pesquisas para a engenharia
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Maria Eugênia Boscov
Empenho à pesquisa científica
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Luis Edmundo Campos
Comprometimento com a geotecnia
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Apolonio Bechara Santos
Persistência e dedicação que compõem uma carreira
não foi publicado na edição
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Em foco
N
No Brasil, os desastres naturais têm sido tratados de diferentes formas entre os diversos setores da sociedade. Eles se intensificaram, e como consequência têm gerado perdas humanas e prejuízos econômicos e sociais significativos, e um dos grandes motivos é a falta de ações preventivas e adoção de medidas corretas de convivência. Neste sentido, os fenômenos mais catastróficos, causadores de desastres naturais, têm sido os movimentos de massa dos tipos deslizamentos de solos, quedas de blocos e corridas ou fluxos de detritos. Geralmente, são movimentos de difícil previsão e, na maioria dos casos, ocorrem de forma repentina, atingindo elevadas velocidades, grandes volumes e imenso potencial destrutivo, devido às altas energias desenvolvidas durante o movimento. As áreas mais atingidas costumam ser as de topografia acidentada, talvegues naturais ou artificiais, deflagrados por fatores naturais ou, em muitos casos, pela ação do homem, incluindo a ocupação sem planejamento de áreas de riscos. A fim de proteger áreas habitadas, ou áreas classificadas como de risco, e graças à evolução científica das geociências, foram desenvolvidas técnicas capazes de estabilizar taludes com potencial risco de deslizamento e soluções capazes de mitigar a energia causada pelo movimento de massas.
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Fundações e Obras Geotécnicas
Fotos: Divulgação Maccaferri Brasil
OBRAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESASTRES AMBIENTAIS
Córrego Dantas, Nova Friburgo Março, 2011
Estabilização de blocos com tela de alta resistência e chumbadores
OBRAS DE PREVENÇÃO Nas últimas décadas, o número de registros de desastres naturais em várias partes do mundo vem aumentando consideravelmente. Os principais motivos são o aumento da população, a ocupação desordenada e o intenso processo de urbanização e industrialização. Para conviver com os desastres naturais é fundamental entender cada fenômeno, classificando corretamente o mecanismo do movimento e verificando quais medidas preventivas e corretivas devem ser realizadas antes, durante e depois de sua ocorrência. Especificamente para desastres gerados por movimentos de massas Fundações e Obras Geotécnicas
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Em foco
Barreiras em Terramesh Verde para proteção contra queda de blocos em rodovia
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Fundações e Obras Geotécnicas
como deslizamentos, quedas de blocos e corridas de massa, existem técnicas inovadoras e recentemente muito utilizadas, com a função de estabilizar, proteger e mitigar movimentos que possam provocar desastres ambientais. A estabilização por meio do solo grampeado verde, implantação de barreiras dinâmicas ou rígidas em solo reforçado, estabilização com sistema de telas de alta resistência e chumbadores, estão entre as técnicas inovadoras mencionadas. Tais técnicas devem vir acompanhadas de sistemas de drenagem, uma vez que a elevação
do nível d’água costuma ser um dos principais fatores deflagradores de movimentos de massas, e por isso, estes sistemas oferecem individualmente ou em conjunto, proteção para evitar a deflagração de desastres.
ESTUDOS Quando identificada uma área suscetível é necessário executar análises para avaliação e desenvolvimento dos projetos que irão determinar as soluções de contenção ou remediação mais adequadas. Entre os principais estudos e investigações de campo têm-
se: levantamento planialtimétrico ou topográfico, mapeamento geológicogeotécnico, ensaios de caracterização do material e sondagens para investigação do material presente na área.
RELEVÂNCIA Nas áreas que apresentam riscos, a proteção da população representa a maior preocupação dos responsáveis pela gestão. As obras de engenharia representam medidas de conivência que pretendem oferecer à população a construção de um futuro mais seguro nestes locais, que devido à ação do
homem ou por fatores naturais se encontram expostos e vulneráveis.
Barreira Dinâmica 2000 KJ instalada em Val Savaranche, Aoste (Itália)
AÇÕES PÚBLICAS Os órgãos públicos são fundamentais na prevenção e gestão dos riscos de desastres naturais. Tais órgãos funcionam como entidades que devem fomentar, orientar, desenvolver e acompanhar o mapeamento de áreas de riscos, além de adotar medidas estruturais e não estruturais necessárias para prevenir e conviver com potenciais desastres naturais. O gerenciamento e fiscalização de áreas Fundações e Obras Geotécnicas
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Em foco
de risco podem ajudar a promover políticas públicas, com a finalidade de reduzir, prevenir e controlar de forma permanente o risco de acidentes e desastres que afetam a sociedade.
SEGURANÇA Exemplo de proteção contra queda de blocos
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Fundações e Obras Geotécnicas
Na maioria dos casos, a população que se encontra numa área suscetível
a risco, é a de menor poder aquisitivo que busca ocupar zonas que ofereçam e facilitem o seu desenvolvimento pessoal e o suprimento das suas necessidades básicas. A prevenção de desastres naturais depende principalmente do zoneamento das áreas de risco, do planejamento e gerenciamento dos principais fatores causadores de
desastres, assim como da adoção de sistemas de monitoramento e alerta. Este conjunto de ações representam ferramentas fundamentais para prevenir os desastres ambientais ou então reduzir os impactos que estas ocorrências podem causar na população que habita as áreas próximas. Significa que com a adoção das medidas adequadas,
a população poderá desenvolver seu dia a dia com maiores condições de segurança e tranquilidade.
CONCLUSÕES Os desastres naturais geralmente são eventos catastróficos, envolvendo perdas humanas e econômicas significativas. A adoção de medidas de prevenção e gerenciamento de áreas de risco, assim como medidas de mitigação e proteção são ações fundamentais para garantir a segurança da população nestas áreas.
> ANDREA BALBUZANO PELIZONI é engenheira civil pela Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, na Venezuela, e possui mestrado em engenharia civil especializado em geotecnia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atualmente é coordenadora de desenvolvimento de mercado do segmento Mac.Ro para Maccaferri do Brasil, atuando diretamente no desenvolvimento e apoio a consultorias e acompanhamento técnico em obras.
Fundações e Obras Geotécnicas
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Geotecnia Ambiental
PARCERIA ENTRE GEGEO E TETO PROMOVE MELHORIAS GEOTÉCNICAS EM COMUNIDADES CARENTES DO PARANÁ A execução das diversas obras de baixo custo tem como finalidade desenvolver a qualidade de vida e o ambiente social da população beneficiada por Dellana Wolney
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Fundações e Obras Geotécnicas
Fotos: Divulgação GEGEO
Escada de pneus e britas executada para melhorar as rotas de passagem dos moradores da comunidade Portelinha, em Curitiba
O
O GeoProjetos Sociais é um dos projetos de extensão do GEGEO – UFPR (Grupo de Estudos em Geotecnia do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná), que tem como intuito aliar o conhecimento técnico-científico proporcionado pela universidade, com as iniciativas sociais dos alunos membros do grupo. Trata-se de uma extensão beneficente da sala de aula que chega até a sociedade, visando melhorar a qualidade de vida das populações menos favorecidas economicamente.
Com a iniciativa, os alunos buscam solucionar problemas geotécnicos, voluntariamente, de determinadas comunidades carentes na região de Curitiba, no Paraná. O primeiro projeto do GeoProjetos Socais teve início no começo deste ano e contemplou a construção de uma escada de pneus e britas para melhorar as rotas de passagem dos moradores da comunidade Portelinha, em Curitiba. Após o sucesso da iniciativa, foi realizado um projeto em parceria com a Organização Não Governamental TETO (TECHO – Um Fundações e Obras Geotécnicas
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Geotecnia Ambiental
Teto para Meu País) na comunidade Vila Nova, em Colombo (PR). De acordo com a estudante e membro do GEGEO, Carla Vieira, a instituição foi praticamente a porta de entrada para a implantação destas ações na comunidade. Neste local, o GEGEO planeja a execução de diversas obras de baixo custo, cujo objetivo é a melhoria da qualidade de vida e ambiente social da comunidade. “A maior parte do material destas obras tem vindo de doações. Em parceria com a PANGEA Jr., empresa júnior de geologia da Universidade Federal do Paraná, estamos realizando o mapeamento geológico-geotécnico da região, para identificar os locais mais suscetíveis aos riscos geotécnicos que abrangem, por exemplo, deslizamentos e inundações”, enfatiza.
Situação dos locais que receberão as ações do GeoProjetos Sociais
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Fundações e Obras Geotécnicas
ENGAJAMENTO A iniciativa consiste em realizar levantamentos e buscar soluções para os problemas emergentes, que envolvem a falta de engenharia civil e geotecnia em Vila Nova, que está localizada em um vale cortado por córrego pertencente à Bacia do Rio Atuba. Os principais problemas ambientais que acometem o local são: erosão, instabilidade de taludes, falta de drenagem, lixos descartados em lugares inapropriados e lançamento de esgoto a céu aberto. Todos eles envolvem questões de segurança e insalubridade. Para concretizar os subprojetos envolvidos no trabalho GEGEOTETO é necessário que exista o engajamento dos estudantes, bem como
dos moradores de Vila Nova. Algumas fases do trabalho já contaram com o auxílio dos moradores da região e é esse cooperativismo que ajuda o grupo a continuar acreditando na mudança. Até o momento, o GEGEO participou de um edital para concorrer a um auxílio financeiro para a execução de um projeto mais sólido na comunidade. Além disso, Carla Vieira acrescenta que uma cartilha sobre educação socioambiental e sobre os riscos relacionados aos deslizamentos de encostas também está sendo produzida para aplicar nas escolas mais próximas à comunidade. O GeoProjetos Sociais enxerga que desde cedo é necessário envolver as crianças na conscientização dos cuidados sobre o meio ambiente que os cercam e quais iniciativas individuais podem ser feitas para melhorá-lo. “A parceria do GEGEO com o TETO está apenas começando, mas acreditamos ter um longo caminho pela frente. Para os alunos envolvidos, é estimulante poder associar os conceitos passados em aula com a oportunidade de aplicá-los na prática e, ainda, poder contribuir com melhorias geotécnicas e estruturais para as comunidades. Trata-se de uma experiência, acima de tudo humana, extremamente enriquecedora”, conclui Carla Vieira.
Para participar dessas atividades como membro de elaboração de projetos ou patrocinador, entre em contato com o GEGEO pelo e-mail: gegeotecnia@ gmail.com
Notas
por Dellana Wolney
GEOMIN mostra a importância da geotecnia aplicada à mineração
Nos dias 8 a 10 de novembro, a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), juntamente com o NUGEO (Núcleo de Geotecnia) da Escola de Minas da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) promoveram na cidade de Ouro Preto (MG), o GEOMIN 2017. Com uma estrutura organizacional que reuniu 300 participantes de associações, universidade, empresas e instituições que atuam na área, o evento superou as expectativas ao privilegiar debates e discussões sobre temas extremamente relevantes atualmente. As sessões técnicas que foram destaque na programação incluíram conferências especiais ministradas por renomados profissionais e apresentações dos trabalhos técnicos produzidos por pesquisadores brasileiros, que
abordaram a geotecnia aplicada à mineração, a nova regulamentação sobre segurança e monitoramento de barragens de rejeitos, governança e gestão de riscos, legislação e normatização, estruturas de disposição de rejeitos, geomecânica subterrânea e a céu aberto, investigações geológico-geotécnicas, monitoramento, geossintéticos aplicados à mineração, fechamento e descaracterização de estruturas geotécnicas. O presidente do NRMG-ABMS (Núcleo Minas Gerais da ABMS) e membro da comissão organizadora do GeoMIN, Gustavo Vianna explica o porquê de o evento ter tido uma repercussão tão positiva: “o tempo de exposição de cada palestrante foi curto e, em seguida, o tempo que sobrava era aberto para os debates com o público. Outra novidade foi a participação dos participantes pelo WhatsApp, em que foi possível enviar questões que eram colocadas para discussão pelo moderador”, revela. Divulgação GEOMIN
Profissionais brasileiros e estrangeiros tiveram chance de apresentar no evento os seus projetos e pesquisas
Fundações e Obras Geotécnicas
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Notas
Túnel Eurásia, na Turquia, conta com soluções desenvolvidas pela BASF Recursos da Master Builders Solutions compuseram diversas etapas do projeto A BASF foi uma das empresas escolhidas para o fornecimento de soluções construtivas para o Túnel Eurásia. Localizada em Istambul, Turquia, a obra faz parte de um grandioso projeto de infraestrutura, juntamente com as pontes Yavuz Sultan Selim e Osman Gazi, cuja finalidade é aliviar o trânsito na região. O Túnel Eurásia é rodoviário subaquático e possui dois andares, que liga os lados europeu e asiático de Istambul, além disso, a cobertura do seu projeto atinge uma extensão de 14,6 quilômetros.
As soluções fornecidas pela BASF para o Túnel Eurásia foram: MasterGlenium, MasterRoc, MasterFinish e MasterEmaco. Todas forneceram ao projeto de construção, soluções relacionadas ao concreto, que apresentou grandes qualidades como trabalhabilidade, secagem rápida, resistência e durabilidade, características extremamente importantes para esta região que possui atividades tectônicas. A BASF ainda forneceu uma solução eficaz de proteção para as paredes do túnel, com a função de evitar que a tinta se incorpore na superfície da parede, impedindo qualquer alteração visível. De acordo com a empresa, os seus especialistas ainda desenvolveram um método para as juntas de dilatação, um dos componentes mais críticos e delicados das estruturas internas do túnel. “A produção dos suportes necessários para as juntas de dilatação contou com soluções que oferecem alta aderência à estrutura existente e resistência ao efeito vibratório que será causado pelo intenso trânsito de veículos no futuro”, revela.